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ESCRAVIDÃO, ESCRAVIZADAS E A FAMÍLIA ESCRAVA: MULHER NEGRA NA

FORMAÇÃO DA FAMÍLIA ESCRAVA. 1

Kathiusy Gomes da Silva2

RESUMO: Este ensaio visa analisar a presença das negras e negros escravizados no período
Colonial no Brasil, não apenas como “força de trabalho”, mas como sujeitos ativos nas diversas
esferas sociais. Nesse recorte inicial, a pesquisa volta-se para o papel da escravizada como um
sujeito histórico resistente e importante, e o seu papel na formação da família escrava. Os
referenciais teóricos, em conjunto com as três aquarelas, tentam expor as possibilidades de
trabalhos, formas de resistência e as dificuldades vividas no cotidiano escravo, especialmente
da mulher. A última análise volta-se ao estudo do livro “Na senzala, uma flor”, de Robert W.
Slenes a fim de complementar as observações e acrescer aos questionamentos que se fazem
uteis para a confecção de uma historiografia mais ampla que valoriza as vivências das mulheres
negras e sua história.

PALAVRAS CHAVES: Período Colonial, mulher escravizada, família escrava.

INTRODUÇÃO

Neste ensaio será explanado acerca do contexto histórico do Brasil Colonial, destacando
as africanas escravizadas, entendendo-as não como um objeto de troca dos traficantes negreiros,
ou uma mão-de-obra desclassificada, mas como sujeitos que construíram sua própria história,
desenvolveram laços afetivos no novo mundo, formaram famílias – em muitos casos em
oposição aos senhores, ou obrigados por eles –, constituíram formas de resistência e meios de
manter pequenos detalhes da sua cultura ancestral, mesmo em um contexto tão brutal como
foram os anos que perduraram do século XVI ao XVIII, estendendo-se aos fins do século XIX,
quando se dá a abolição oficial da escravidão.
Incialmente será colocado em destaque os sujeitos que, por muito tempo, foram
excluídos da historiografia ou, simplesmente, vistos como seres submissos e dóceis que, por
séculos, aceitaram a escravidão de bom grado. Neste sentido, pretende-se fazer um recorte neste
universo de excluídos, destacando um grupo de indivíduos que são omitidos em uma camada
já considerada minoritária: as mulheres escravas. Dentro dessa macro-história, a qual seja, o

1
Trabalho realizado como exigência da disciplina: “História da América Portuguesa II”, ministrada pela Professora
Dr. Marica Celma Borges do curso de licenciatura em História, UFMS-CPTL.
2
Graduanda do curso licenciatura em História, UFMS-CPTL, bolsista no Programa de Educação Tutorial (PET)
– Conexões de Saberes. E-mail: kathiusy@gmail.com
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período colonial, a pesquisa volta-se para a micro-história, ao propor estudar a formação da


família escrava, indagando qual é o papel da mulher negra escravizada nesse contexto.
Os escravizados que viviam na zona rural – plantation – viviam e trabalhavam sob as
condições mais adversas. Trabalhavam constantemente para cultivar a terra para a produção de
cana-de-açúcar e produtos de gêneros alimentícios (como mandioca, leguminosas, frutas –
variedades tropicais), além de cuidar da criação de animais, entre outras economias. Sofriam de
castigos cruéis e conviviam com outros negros vindos de diversas partes do continente africano.
Assim, o cotidiano era marcado por: trabalho árduo; maus tratos advindos das práticas violentas
dos senhores e feitores, fome, sede, conflitos dentro das senzalas – devido a misturas de diversas
etnias –, adaptação a nova cultura que estava se formando, entre outras dificuldades.
Para um debate em torno das mulheres escravizadas e da família escrava, o fundamento
bibliográfico desse texto se inicia com autores que vão retratar o período colonial de forma mais
ampla como, Silvia H. Lara, Maria Fernanda Bicalho, Laura de Mello e Souza, Sueli R. Reis
de Queiroz; em um segundo momento as autoras June E. Habner, Maria Odila Leite Silva Dias,
Margareth Rago vão direcionar a discussão para o papel da mulher negra no período colonial
e, por fim, o livro “Na Senzala, uma flor” de Robert W. Slenes, que discute desde o sistema
escravista às formas de trabalho escravo e, principalmente, a possibilidade de existência da
família escrava no Sudeste do Brasil.

1 NEGRAS E NEGROS COMO SUJEITOS HISTÓRICOS

A exploração Colonial no Brasil não se resumiu a uma forma econômica de gerar lucro,
pois se enraizou nas demais esferas sociais, tornando-se, conforme Prado Jr. (1942) e Novais
(1997), um “sistema colonial”. Essa estrutura era sustentada por três pilares: escravidão,
monocultura e o latifúndio. Com o início da adoção do trabalho escravo africano, o colono
europeu tomou a posse de dirigente e grande proprietário rural (PRADO JR., 1942, p. 24),
modificando as formas de sociabilidade que existia até então no Novo Mundo.
Os primeiros escravos foram trazidos a força para a colônia com o fim de realizar
atividades específicas, como a mão-de-obra especializada. É apenas quando o tráfico negreiro
se estabelece como uma atividade lucrativa, que o contingente migratório se ampliou. Os
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escravos eram responsáveis pelas mais diversas atividades, tanto no meio urbano, quanto no
meio rural. Dentro dos engenhos, a vivência dos africanos era permeada por insegurança e
inicialmente solidão. Além disso, essas pessoas tinham que lidar com formas de perda de
identidade cultural e individual, já que eram forçadas a abandonar sua terra, e assim sua cultura,
costumes e hábitos para serem inseridas em um modo de produção exploratório, perdendo não
só a liberdade, mas seu nome natural (africano), os laços com sua família (deixada no continente
africano) para ter que lidar com a atrocidades da escravidão.
A viagem da África as Américas era incerta, já que as condições precárias vividas no
interior dos navios possibilitavam que poucos africanos chegassem vivos, quando chegavam,
eram em situações difíceis, de doença e desnutrição, sendo assim, muitos viviam apenas alguns
dias após a chegada. Depois de um tempo se recuperando da viagem, essas pessoas tinham que
lidar com uma nova realidade, em que, não eram mais tratados como seres humanos portadores
de liberdade, mas como mercadoria. Muitos perdiam o direito de manter seus nomes, pois estes
possibilitavam a sobrevivência de resquícios da cultura e “honra” a esses indivíduos.
A população escrava era maior que a população livre e branca em diversos momentos
do desenvolvimento da colônia. Negras e negros escravizados passaram a compor todas as
esferas sociais, sendo o apoio dos senhores, as companheiras e cozinheiras das “sinhás”, as
amas de leite das crianças fruto da elite, entregadores, vendedores, dentre outras atividades,
como retrata Jancsó:

O escravismo perpassava de tal forma o cotidiano que, de tão generalizado e


onipresente, transformava-se, na Colônia, na limitação maior à privacidade dos
senhores. Nas Minas Gerais, e em especial nas cidades, os escravos não eram apenas
as mãos e os pés dos senhores como queria Antonil no início do século XVIII, mas
eram quase sua sombra, olhos e ouvidos aos quais nada escapava. (JANCSÓ, 1997
p.433)

Faziam parte da vida privada, guardavam segredos – até mesmo de movimentos


revolucionários como Jancsó, bem destaca em seu texto, onde salienta os movimentos de
Inconfidência desenvolvidos no decorrer do século XVIII. As formas que as negras e negros
compunham os espaços de convivência social como a casa-grande, pode ser observada na
pintura:
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Imagem 1: O jantar, Debret, c. 18203

Esta obra do artista francês Jean Baptiste Debret (1768 a 1848), compõe o livro “Viagem
pitoresca e história do Brasil”, que esse renomado pintor realizou durante sua viagem ao Brasil,
como colaborador da Missão Artística Francesa. Essa iniciativa se deu posteriormente a
chegada da família real ao Brasil, em 1808, resultando na fundação da Academia Imperial de
Belas-Artes do Rio de Janeiro em 1826. (TREVISAN, 2007, p. 9). A missão tinha por objetivo
representar o cotidiano da Colônia.
Com essa obra, Debret tinha o objetivo de organizar um documentário social, histórico
e paisagístico da sua vivência no Brasil, e apesar de suas fontes terem sido produzidas no início
do século XIX, é possível fazer uso destas pinturas para compreender parte do cotidiano das
pessoas que viviam no século XVIII, já que muitos hábitos perduram durante grande parte do
período colonial e início da república.
Na obra “O jantar”, de 1820, pode-se observar como os escravizados compunham a vida
privada dos senhores. Nesta, é possível analisar três esferas distintas dos escravos: a escravizada
que por compor o ambiente doméstico está com uma aparência ajustada as “vistas” dos senhores
(nota-se o uso de acessórios e o vestido em bom estado); o escravizado ao canto direito da tela,
esperando os senhores indicarem alguma tarefa. Diante desse cenário é possível supor que o
comportamento dos escravizados são fruto da circularidade de culturas das terras brasileiras,
bem como por um processo de aproximação cultural. A terceira esfera é formada pelas crianças

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Ester Domingues. Último acesso: 11/11/2017
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que compõem a cena e podem ser vistas como forma de “entretenimento” da sinhá, além de
possibilitarem diversas hipóteses de relacionamentos entre os dois polos representados na
imagem: senhores e os escravizados, como sendo filhos bastardos, ou filhos de escravizados
bem vistos pelos senhores (com certos privilégios).
Um questionamento que pode ser levantado por meio da citação e da pintura é: como
pessoas que integram as esferas sociais – se considerarmos as formas indiretas – foram
excluídas por tanto tempo da historiografia nacional? Uma das explicações pode ser o fato de
que a história tradicional reproduzia os valores estabelecidos na sociedade em que era gerada.
Assim, ao longo da história brasileira permaneceu, por certo tempo, a reprodução de uma ideia
de que os negros não tinham formas de resistência durante o período colonial e posteriormente
a ideia da existência da democracia racial, surgida entre os anos 60, e que é uma questão
polêmica até a atualidade.
As formas de resistência negra eram das mais variadas, aquilombamento, fugas,
reprodução da cultura ancestral, resistência por meio da conformação (em que o escravo era
capaz de se adaptar as realidades do cotidiano). Já no século XIX, era comum os escravizados
recorrerem a leis para lutarem por direitos (REIS, 1989, p.13-21). Os escravizados não
“aceitaram” a escravização, como sujeitos submissos. Em um trecho do seu texto Reis analisa
algumas ideias de Stuart B. Schwartz e relata:

Muito tem sido revelado, recentemente, graças ao exame de questões técnicas


relativas à especialização do trabalho. Uma das tecnologias mais complexas da época,
a fabricação de açúcar não seria simplesmente viável sem uma negociação, um acordo
sistêmico qualquer, entre senhores e escravos. O problema foi muito bem colocado
por Schwartz, em dois pontos: o risco de sabotagem, que era enorme, e a necessidade
de conhecimentos técnicos específicos. "Na produção de açúcar", escreve ele, "a
sabotagem era um perigo constante. Fagulhas nos canaviais, limão nas tachas, dentes
quebrados na moenda - tudo podia arruinar a safra." Na verdade, a produção
açucareira exigia destreza e arte: "O problema nunca se limitava simplesmente a
quantidade ou a produtividade dos trabalhadores, mas dependia também de suas
qualidades e de sua cooperação. (REIS, 1989, p.18)

Esse trecho afirma que existia uma luta diária dos escravos para permanecerem vivos,
melhorarem as condições de trabalho – mesmo que em algumas situações isso significasse
“cooperar” com os senhores. Diferente das ideias difundidas que colocam os escravos como
submissos, essas pessoas tinham, no modo possível de cada dia, meios para barganhar com os
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senhores, pois eles que realizavam as atividades relativas ao funcionamento do engenho, a


produção de alimentos, as atividades da manutenção da casa grande, entre outras. O trecho
anterior, demonstra que uma simples atitude de um escravizado poderia prejudicar toda a
produção do engenho, dessa forma se estabelecia uma relação de permuta entre esses dois
sujeitos. Esse exemplo demonstra a realidade dos escravos, não como sujeitos totalmente
independentes, mas como possuidores dos artifícios de negociação.
Talvez a referência à participação reduzida dos escravos na historiografia possa ser
atribuída ao número reduzido de fontes produzidas por esses sujeitos – a maior gama de
documentos existentes, relativos ao período do Brasil Colonial, foi formulada pela classe
dominante da época sendo documentos carregados de preconceito contra os escravos. Outro
motivo é a pouca importância dada as atividades efetuadas pelos escravos (REIS, 1989, p.14-
15).
Por volta dos anos 1970, os historiadores começaram a se preocupar com os vestígios
deixados pelos escravos e a visão destes da escravidão. Nessa época, representantes dos
movimentos negros se preocupavam em demostrar as relações de luta estruturadas pelos
escravos durante o período colonial, bem como a formação multicultural e racial da população
brasileira. Esse repentino interesse por demonstrar a formação diversificada e principalmente a
miscigenação da população brasileira desvela o interesse político da elite em silenciar sobre as
lutas das negras e negros ao longo da história do Brasil. O Estado estava tentando “vender uma
falsa ideia de democracia racial” que, aliada a construção de símbolos nacionais, visava criar a
ideia de uma cultura nacional, destacando aspectos culturais que são associados a herança
africana como capoeira, samba, alimentos como feijoada, dentre outros (SCHWARCZ, 1998,
p.196). Por outro lado, os movimentos sociais e os intelectuais buscavam destacar a importância
de analisarmos o processo de colonização a partir de diversos campos, não só da realidade da
plantation ou da população escrava urbana, mas da escravidão como uma instituição que se
perpetuou por séculos e marcou de forma definitiva a história e a historiografia brasileira. Para
tanto, outros temas foram abordados, como: perspectiva da produção de alimentos para o
autoconsumo; as formas de resistência negra; o papel social das escravas; a possibilidade da
formação da família escrava, dentre outros. É por meio das concepções dessa nova
historiografia que, as próximas análises do ensaio vão se desenvolver.
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2 A MULHER ESCRAVIZADA E AS RELAÇÕES SOCIAIS

A história das mulheres foi excluída da historiografia tradicional por muito tempo.
Recentemente que estudiosas começaram a lutar pelo direito de escrever e se verem
representadas na história como sujeitos ativos. Essa luta por direitos, por postos de trabalho e
pela atuação na vida acadêmica, se iniciou em meados da década de 1960. Enfrentando um
sistema patriarcal, as mulheres lutavam pelo alargamento das temáticas e novas produções
intelectuais que demonstrassem que, as contribuições femininas para a história são importantes
para compreensão dos acontecimentos que envolvem a história em todas as esferas. Em seu
texto M. Rago critica:

Esta reflexão se faz tanto mais necessária, quanto mais nos damos conta de que a
História não narra o passado, mas constrói um discurso sobre este, trazendo tanto o
olhar quanto a própria subjetividade daquele que recorta e narra, à sua maneira, a
matéria da história. Além do mais, vale dizer que se esta produção não se caracteriza
como feminista, nem significou um questionamento prático das relações de poder
entre os sexos na academia, ela carrega traços evidentes de uma vontade feminina de
emancipação. (RAGO, 1995, p.81)

Neste trecho, Rago analisa que a história é uma construção, um discurso do passado
realizado pelos historiadores. Se voltarmos a atenção para a representação do Brasil Colonial,
sob o olhar da historiografia tradicional, a perspectiva da participação da mulher negra
escravizada é ínfima se comparada as grandes obras referentes a temas mais explorados dentro
deste recorte. Em decorrência disso é importante destacar algumas esferas do cotidiano das
mulheres escravizadas.
Conforme esta autora na organização patriarcal do Brasil colonial, as mulheres – tanto
brancas, como negras – eram vistas, nas diversas esferas da vida, como seres subordinados a
figura masculina. De início a paterna (do parente masculino mais próximo no caso da falta do
pai), e posteriormente do marido. As mulheres da elite ainda tinham privilégios dentro do
sistema colonial, por conta de sua condição econômica privilegiada e por sua “raça”. Em alguns
casos, já no final do século XVIII, algumas mulheres que moravam em regiões mais isoladas
chegaram a administrar propriedades com independência. Essa situação era comum em casos
de viuvez. Neste contexto, algumas restrições legais impostas pelo Estado não eram mais
válidas para as mulheres. As viúvas eram “chefes de família” (HABNER, 2012, p.47).
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As mulheres negras não tinham tanta sorte. Ainda no continente africano – onde as
mulheres escravizadas tinham mais valor, pois eram vistas como “procriadoras” e mão de obra
para a produção agrícola –, eram capturadas de suas aldeais e levadas para cativeiros. Muitas
vezes esses locais eram invadidos por saqueadores que tinham o objetivo de capturar essas
mulheres para transportá-las até a costa do Atlântico, onde eram vendidas para traficantes
intercontinentais e embarcadas em navios negreiros.
Os sofrimentos da viagem eram constantes. As negras que conseguiam chegar no Brasil
tinham baixas perspectiva de vida. Muitas morreriam em pouco tempo, decorrente da
exploração colonial ou por complicações na gravidez, ou no parto. No resumo de seu texto,
Dias (2012, p.360) salienta que as escravas afastadas de suas redes familiares naturais tiveram
que se adaptar as condições de vida precária, maus-tratos, submissão, entre outras violências,
durante o sistema escravista. Para estas mulheres era fundamental: força, inteligência e rebeldia.
As escravas sofriam em diversos âmbitos, pois eram os seres omitidos dentro de uma
classe já considerada minoritária, a dos escravizados. As formas de trabalho variavam de acordo
com a zona em que viviam. Na zona urbana, além dos cuidados com a casa, eram induzidas a
vender alimentos e outros gêneros comerciais para gerar lucros para a família a que servia. Já
no meio rural, trabalhavam nas roças de autoconsumo no cuidado com os alimentos, cuidavam
dos animais, dos afazeres da casa-grande, e em alguns casos, se tornavam amas de leite, dentre
outras atividades.
No meio da exploração do cotidiano ainda tinham que lidar com os assédios dos homens
da elite (senhores), que defendiam a honra de suas aparentadas, mas abordavam as escravas que
não tinham quem as protegesse. Essas relações entre senhores e escravas geravam desconfortos
sociais e até acomodação de ideias em relação a sexualidade das africanas. É comum, por
exemplo, relacionar as mulheres negras a sensualidade, cobiça e até mesmo a certo “toque
místico” das culturas africanas, como a feitura de poções, que ajudavam essas mulheres a
“seduzir” os senhores, fato que os levavam a cometerem atos inadequados perante a igreja e a
sociedade. Em relação a este assunto, Schwartz salienta:

Benci, em sua Economia Cristã (1705), argumentou com intencional ironia que se o
fato de os escravos deixarem suas esposas para manterem relações ilícitas era uma
razão para desincentiva-los a casar logo de início, então o fato de muitos senhores
abandonarem suas virtuosas e honradas esposas pelos braços de suas próprias escravas
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deveria ser um argumento contra o casamento dos brancos. Os cativos, achava o


jesuíta, deveriam ter plenas oportunidades de casamento. (BENCI, 1705, citado por
SCHWARTZ, 1988, p.314)

Este trecho possibilita diversos caminhos de argumentação e nos faz entender algumas
das situações derivadas das atitudes dos senhores, como, por exemplo, ciúmes das senhoras
(sinhás), união entre escravizados, geração de filhos ilegítimos, relacionamento entre esses
filhos ilegítimos e os senhores, dentre outras.
Seguindo a primeira linha de argumento de Benci em relação aos “casos” de senhores
com escravas, é possível pressupor que as mulheres da elite não tinham controle sobre os casos
extraconjugais de seus maridos, fosse com escravas ou com outras mulheres da elite. Porém,
em sua maioria, tinham o conhecimento desses casos e dos filhos “bastardos” frutos desses
relacionamentos. Em casos de os maridos exagerarem nos gastos com essas escravas as
senhoras poderiam pedir o divórcio legalmente, contudo a atitude mais comum era a vingança
– maltrato das escravas ou morte (HABNER, 2012, p.52). Essas atitudes se deviam, dentro
outros fatos, a proximidade das senhoras com as escravas, como podemos notar na tela:

Imagem 2: “Uma senhora de algumas posses em sua casa”, aquarela sobre papel, 16,2 x 23 cm, Jean-
Baptiste Debret, Rio de Janeiro, 1823.4

A partir desta figura é possível notar como a vida das senhoras era dependente da
presença de escravizadas (os) como: acompanhantes, serviçais, distrações, outras. Esta pintura

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exemplifica diversas “realidades” do cotidiano colonial: imposição da hierarquia social


decorrente das posições tomadas pelos personagens (a sinhá e a criança branca sentadas em
móveis – posicionais acima dos escravos), a proximidade das senhoras e das escravas dividindo
os mesmos espaços e, em algumas situações, os mesmos afazeres (no caso trabalhos de costura),
e a representação da vara de castigo na cesta ao lado da senhora, indicando o castigo como algo
costumeiro. Havia, desse modo, um sentimento de desconfiança, principalmente das senhoras
em relação as escravizadas, decorrente de várias situações, como: do desaparecimento de algum
alimento, a insubordinação, o destrato, ciúmes, outros. Isto gerava ambientes hostis.
O cotidiano das escravizadas se estabelece a partir das formas de resistências que essas
mulheres estabeleciam para viver e sobreviver, como relata Dias (2012), e que fora ressaltado
anteriormente: era importante força, inteligência e rebeldia. Dentre as formas de rebeldia das
escravizadas, podemos destacar a resistência linguística – uso de diversos dialetos
característicos de regiões da África, utilizados para insultar os senhores – fato que explica as
muitas acusações de injuria e a raiva dos senhores; entoação de canções ancestrais durante as
horas de trabalho, a afim de amenizar o serviço pesado, entre outras formas. Algumas dessas
mulheres procuravam aprimorar-se nas atividades – algo como especialização do serviço – de
forma a se tornarem valiosas dentro da organização das famílias coloniais, assim era mais fácil
conquistar alguns “privilégios”, como: atuar somente no serviço em que se destacava, amenizar
os castigos, entre outros. O apego a religião ancestral também era utilizado como forma de
resistir a exploração, como relata Dias:

Entre as inúmeras formas encontradas pelas escravas para enfrentar as adversidades,


estava o recurso à religião e à magia. O acesso das escravas ao mundo espiritual era
feito através de plantas, folhas e raízes, colhidas segundo costumes oriundos da
África. Além de exercerem importante papel como agregadoras da vida comunitária,
mantenedoras e divulgadoras de costumes culturais advindos da África, as escravas
mais velhas atuavam também como feiticeiras e curandeiras. Lançavam mão de ervas
para diversos fins, entre eles o de invocar os deuses. Eram elas também que
distribuíram entre as demais escravas os obi, os “trabalhos” a serem feitos para agradar
os deuses e garantir sua intervenção contra a violência dos capatazes, impedir os
estrupo, fornecer alimentos para os filhos pequenos e preservar sua saúde. Algumas
acolhiam as mais jovens como afilhadas e as iniciavam no culto aos deuses, com
promessas, amuletos, intermediando todo tipo de proteção sobrenatural (DIAS, 2012,
p.369-370).
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A cultura ancestral também era utilizada para infringir medo nos capatazes que tentavam
investir contra as mulheres escravizadas. Estas ameaçavam com feitiços e formulas de veneno.
Apesar de tentar manter a cultura africana em suas origens, com o tempo ocorriam
aproximações culturais entre a cultura ancestral e a cultura “nacional” em ascensão.

2.1 Possibilidade da família escrava e os interesses dos senhores

As mulheres escravizadas, ao chegarem no Novo Mundo, se viam distantes de seus


grupos de referência e, tentavam estabelecer relações com os sujeitos que conheciam no
engenhos, fazendas e arredores. Essas relações vão desde o compadrio até uniões conjugais. As
uniões eram vistas como formas de proteção contra os assédios de outros escravizados, ou dos
próprios senhores, ou imposições da vontade dos senhores que vislumbravam nos casamentos
escravos possibilidades de expandir sua dominação. Essas relações, principalmente nas
primeiras etapas de adaptação, tanto ao trabalho quanto a ideia de “viver em plantation” eram
pensadas como formas de viver ou sobreviver. As uniões com escravizados mais velhos
(possuidores da confiança dos senhores) criavam a ilusão de segurança e desenvolvimento de
certo status. Mas, em questão de “proteção”, os companheiros mais velhos não poderiam fazer
muito, principalmente contra as vontades dos senhores. Quando as uniões se davam por desejos
dos escravizados, essas se tornavam formas de desequilíbrio dentro dos latifúndios, como
destaca Dias:

O quadro de concentração de população masculina nas grandes propriedades refletia


diretamente nas relações entre os indivíduos. Nos locais em que era possível
estabelecer uniões conjugais, com a permissão dos senhores, os casais eram uma
pequena minoria diante do número de solteiros, promovendo instabilidade nas
relações afetivas. A situação das mulheres ficava ainda mais difícil quando eram
observados os sentimentos de posse e de ciúme cultivados pelos homens; elas sofriam
violências, e muitas chegavam a ser assassinadas pelos próprios companheiros de
escravidão. (DIAS, 2012, p.363).

Para compreender as relações estabelecidas entre os escravizados é necessário analisar


que as relações não eram “estáveis”, pois, por mais que possuíssem formas de negociação com
os senhores, os escravizados ainda eram submetidos a algumas de suas escolhas.
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Por conta das religiões africanas, algumas mulheres eram adaptadas a conformação da
poliandria5, fato considerado “normal” em algumas regiões da África. As formas de união
estabelecidas não eram organizadas como as famílias atuais, por vezes a união não era
“afirmada”, em nenhuma religião – tanto a ancestral quanto a Católica -, e poderiam ocorrer
mesmo contra a vontade dos senhores, como destacada:

(...) devemos ter em mente desde já que a formação de unidades conjugais e, em última
análise, de famílias, não dependia do casamento consagrado pela Igreja, quer para os
escravos, quer para os livres. Dizer que o casal não era casado e que seus filhos eram
ilegítimos não significa que eles não formavam uma unidade familiar, ainda que
ilegalmente pudessem ser incapacitados sob certos aspectos. (SCHWARTZ, 1988,
p.310)

Essas relações por não serem realizadas em cartório, com registros, muitas vezes
deixaram de serem contabilizados, dificultando, atualmente, muitas pesquisas. Esse caráter de
“informalidade” entre as uniões levava muitas escravas a terem muitos parceiros ao longo da
vida e um grande números de filhos de pais distintos. Em relação aos estudos da formação da
família escrava, Slenes (2011) discute as possibilidades de constituição da família escrava, além
de destacar o foco de sua análise para a região Sudeste do país, com ênfase na região de
Campinas. O autor não enfatiza o papel da mulher negra como cerne de estudo, mas a própria
constituição da família escrava as suas possibilidades e dificuldades. No prefácio da primeira
edição discorre:

Nesse estudo, de cunho demográfico, havia concluído que a família conjugal escrava,
apesar de sua vulnerabilidade diante das condições da escravidão, “havia emergido
como uma instituição social viável” nas regiões da plantation do Sudeste. Como
consequência, “[a família] provavelmente ajudou muitos escravos a reterem sua
identidade e lidarem efetivamente com as pressões psicológicas da escravidão”. Ao
mesmo tempo, no entanto, “ao dar aos escravos um maior interesse na sociedade de
plantation [isto é, algo significativo a perder] (...), a família também forneceu ao
senhor um instrumento efetivo de controle social. (SLENES, 2011, p. 28).

Slenes (2011) defende a ideia de que a família escrava é algo viável, mesmo contra as
vontades dos senhores, pois para tanto usavam as negociações e mesmo tramas bem
desenvolvidas. Slenes explica no decorrer do livro que a família escrava no período colonial é
distinta da ideia de família que a sociedade contemporânea instituiu (constituída por pai, mãe e

5
Situação em que uma mulher, possuía mais de um parceiro.
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filhos). Na época existia uma maior aproximação entre mãe e filhos, como pode-se observar na
tela:

Imagem 3: Casa de negros, Rugendas, 1822-18256

A pintura de Johann Moritz Rugendas 7 retrata o cotidiano e os costumes de mulheres e


homens escravizados. Nesta imagem podemos observar uma casa de uma família escrava, muito
simples e pequena, já que, se a vida não se restringisse às senzalas, era costume voltar a este
espaço apenas para dormir. Observa-se um número elevado de mulheres e crianças,
característica considerada comum nas representações das famílias escravas, pois mesmo que
existisse uma constituição estável, o escravizado (marido e pai), por vezes, ficava afastado de
sua família por um grande período em vista dos trabalhos, especialmente os escravos
especializados. Aos escravos de ofício era comum o afastamento para trabalhar em outras
propriedades do senhor. A distância da família também se dava por tratar de um escravizado de
propriedade de outro senhor, já que algumas uniões superavam até a condição de objetificação
e distância. Essa última forma de constituição da família escrava deriva de uniões mais raras,
pois os senhores tinham medo dessa separação incentivar as fugas.
Nesta mesma imagem ainda é possível analisar outra forma considerada de resistência
e, ao mesmo tempo, de conservação do poder dos senhores sobre os escravos: a brecha

6
Disponível: http://www.ensinarhistoriajoelza.com.br/familia-no-brasil-colonial/ Último acesso: 11/11/2017
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Pintor alemão que veio ao Brasil como espião de uma missão cientifica do barão de Georg Heinrich von
Langsdorff),
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camponesa8. Em posse de terras e de uma família, já que dificultava a fuga, pois os escravos
tinham muito o que perder e deixar. Reis (1989) destaca que as brechas não podem ser
analisadas como forma de “paternalismo” dos senhores, pois ambos os lados (senhores e
escravizados) tinham interesses nessa conformação. Outro contexto a se destacar é que muitas
vezes a união que era vista como um ponto de esperança poderia se tornar também um pesadelo,
quando os companheiros das mulheres escravizadas começavam a sentir ciúmes. Esses casos
poderiam culminar, muitas vezes, em brigas e até mortes, principalmente das mulheres.
Existe um debate historiográfico que indaga sobre a existência da formação da família
escrava estável. Autores como Queiroz, Kátia Mattoso e Kenneth Stampp, frisam as
dificuldades para manter a estrutura da família. Para esses três autores, o poder dos senhores
sobre seus escravizados era superior a qualquer artimanha ou negociação dos cativos. Assim,
as famílias escravas eram vulneráveis em várias situações, como: nos momentos de divisão de
bens entre aos filhos dos senhores; a estrupo das mulheres; a tentativa de aculturação e
distanciamento de suas raízes, e para Queiroz ao repudio ao cativeiro – ampliados pelas práticas
dos senhores:

Kátia Mattoso é enfática na questão: os escravos não se casavam e, se o faziam,


evitavam ter filhos. Com parceiros geralmente escolhidos pelo dono, as uniões eram
múltiplas, passageiras e não visavam à procriação. Se esta acontecia, os filhos nasciam
de “mãe certa e pai incerto”. Assim, a família da criança passava a ser o conjunto da
comunidade e a vida social do grupo, “mais importante que a vida familiar
propriamente dita, praticamente inexistente (QUEIROZ, 2007, p.114)

Queiroz (2007), utilizando as ideias de Mattoso salienta as diversas dificuldades vividas


por mulheres e homens escravizados para a formação da família escrava e, no fim do trecho
afirma que a “organização” escrava era constituída basicamente entre as escravizadas (mães) e
seus filhos, caso existissem. Em contrapartida, Slenes (2011) analisa de forma crítica essa ideia
de “patologias” dos escravos, como por exemplo: a sexualidade aflorada ou mesmo a visão
dúbia do senhor, pai e, ao mesmo tempo, agressor para os filhos bastardos. O autor desta ainda
compara com o processo de escravidão da América do Norte e o equívoco dos viajantes

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Esta se identifica como uma pequena área de terra que pode ser cultivável pelos escravizados para seu
autoconsumo e para, se possível, a comercialização do excedente da produção. Parte da produção era voltada para
abastecer a propriedade (Casa-grande)
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“brancos” europeus que retratavam os escravizados com olhares repletos de subjetividade


europeia, ou seja, por meio de seus costumes e cultura seculares.
Logo no início de seu livro, Slenes (2011) analisa o depoimento do viajante francês
Charles Ribeyrolles que não enxerga no meio de tanta pobreza e sofrimento a possibilidade de
existência da esperança do “lar”, da formação de uma família e de uma “flor” nas senzalas. Para
analisar esse depoimento, o autor destaca na primeira parte do livro, a historiografia tradicional
e as diversas formas de representatividade da tradicional família da elite na época da colonial
em comparação com a família escrava. As fontes de pesquisa são principalmente, os dados
demográficos da escravidão no século XIX, contando com novos olhares para a análise dos
dados quantitativos. Slenes (2011) volta seu olhar para as organizações do cotidiano, como a
influência da idade dos filhos, – que se relaciona diretamente as oportunidades e características
dos país –, assim como a capacidade dos escravizados planejarem as uniões e desenvolverem
planos e objetivos, ou até mesmo se organizarem para através dos casamentos conseguirem
acumular dinheiro para comprar a liberdade de seus entes queridos.
Slenes (2011) amplia seus estudos para outras áreas, como Rio de Janeiro. Nesta região
observa como a organização escrava se forma e se reestrutura de acordo com o tamanho das
fazendas. O autor em todo o livro tenta não desviar suas análises para a ideia de “abrandamento
da escravidão por meio das famílias”, mantendo sempre as contraposições entre ideias positivas
e negativas. Ao final do livro estabelece uma visão de esperança e apresenta memórias dos
cativos por meio da família.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No desenvolvimento do ensaio notamos como as mulheres, mas principalmente as


escravizadas, são colocadas como seres “a parte” da historiografia brasileira, sendo necessário
estabelecer recortes na historiografia, como a “História das Mulheres” para que esses sujeitos
sejam valorizados ao longo da História.
É possível depreender que a visão tradicional do período colonial que destaca os
escravizados como sujeitos submissos e a plantation como ponto central da historiografia do
período, está perdendo a oportunidade de vislumbrar novos contextos por meio das fontes que
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já são estudadas. De certa forma, parece um “medo” de desvencilhar-se do patriarcalismo já


intrínseco a época e enraizado na contemporaneidade.
Os escravizados e em uma análise apurada, as mulheres escravizadas, compunham e
articulavam o desenvolvimento da colônia tanto quanto os outros sujeitos. Elas tiveram um
papel ativo na formação da família escrava, inclusive nos métodos de acumulação de dinheiro
para comprar a alforria de seus familiares, Slenes (2011) destaca como a união familiar
possibilitava uma forma de economia doméstica em meio à escravidão e à luta pela liberdade.
Este fato demonstra que os escravizados tinham projetos, sonhos e objetivos pautados por suas
ações.
As relações de amenidade interpretadas por autores como Gilberto Freyre restringem
tais possibilidades de análises. A historiografia atual, com suas novas demandas e inquietações,
está adentrando novos territórios, onde a história da escravidão brasileira comparada com a
norte americana, já não é mais coerente, pois a formação desses dois países ocorreu de forma
distinta desde a colonização.
A família escrava, como outros elementos que compunham a sociedade da época, era
organizada visando a mediação dos interesses dos escravos e senhores, sendo esta interpretação
uma forma válida de análise. Essa pesquisa se estruturou em relação ao estudo da família
escrava, partindo da análise do livro de Slenes, que se centra mais na região Sudeste.
As fontes desse período, mesmo sendo escassas, possibilitam muitas pesquisas em
diversas áreas. Por isso a importância dos novos olhares, partindo da premissa de movimentos
atuais que tentam assegurar a importância das negras e negros na história do Brasil, assim como
a necessidade da historiografia continuar a revisar alguns movimentos historiográficos,
especialmente com o olhar voltado para as mulheres nesse universo de escravidão e luta pela
liberdade.

REFERÊNCIAL
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