No livro "Utopia para realistas", Rutger Bregman argumenta que já alcançamos muitas das utopias do passado, mas precisamos de novas utopias para guiar o progresso social. Ele defende a renda básica universal, jornadas de trabalho menores e fronteiras abertas, apoiado por evidências de que essas políticas melhorariam a qualidade de vida e a produtividade. Bregman convida o leitor a imaginar como esses conceitos interligados poderiam construir um mundo melhor.
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Título original
Resenha Utopia Para Realistas - Luiza Ternes Moresco
No livro "Utopia para realistas", Rutger Bregman argumenta que já alcançamos muitas das utopias do passado, mas precisamos de novas utopias para guiar o progresso social. Ele defende a renda básica universal, jornadas de trabalho menores e fronteiras abertas, apoiado por evidências de que essas políticas melhorariam a qualidade de vida e a produtividade. Bregman convida o leitor a imaginar como esses conceitos interligados poderiam construir um mundo melhor.
No livro "Utopia para realistas", Rutger Bregman argumenta que já alcançamos muitas das utopias do passado, mas precisamos de novas utopias para guiar o progresso social. Ele defende a renda básica universal, jornadas de trabalho menores e fronteiras abertas, apoiado por evidências de que essas políticas melhorariam a qualidade de vida e a produtividade. Bregman convida o leitor a imaginar como esses conceitos interligados poderiam construir um mundo melhor.
Utopia para realistas: Como construir um mundo melhor
Autor: Rutger Bregman
Editora: Sextante (2018) N° de páginas: 256
O livro Utopia para realistas, de Rutger Bregman, nos trás um pouco de
esperança no meio de tanta turbulência e o livro é escrito de forma arrebatadora de forma que destrói nossas crenças e desafia o senso comum. O livro inicia com uma comparação chocante e otimista, dizendo que em 99% da história, 99% da humanidade era pobre, faminta, suja, medrosa, estúpida, doente e feia. Mas nos últimos 200 anos, bilhões de pessoas tornaram-se ricas, bem nutridas, limpas, seguras, espertas, saudáveis e, ocasionalmente, bonitas. Depois Rutger trata diversos parâmetros, como as doenças e a pobreza no mundo, que mostram que ainda é necessário fazer mudanças e que nem todos alcançaram o mesmo padrão de vida. Porém fica claro que se continuarmos nesse ritmo de mudança, logo todos terão um padrão de vida confortável. O autor também comenta que boa parte da população atualmente já vive na utopia imaginada na idade média, na terra da cocanha, onde a comida estaria disponível o tempo todo, o clima seria controlado e sempre agradável, o amor seria livre, haveria salário sem trabalho e cirurgias plásticas estariam ao alcance de todos para preservar a juventude. Mas essa realidade é alcançada com muitos efeitos colaterais, como a poluição, obesidade, ansiedade, etc. Apesar de todos esses avanços, Rutger com sua visão diferenciada consegue enxergar o que poucos enxergam, e aponta um problema em tudo isso: nos faltam utopias novas e motivadoras! Se já alcançamos a utopia anteriormente pensada (a cocanha), qual a utopia que nossa geração deseja conquistar? O livro mostra que estamos tentando corrigir sintomas de problemas como ansiedade e obesidade sem tentar corrigir suas causas. Ele nos instiga a pensar que devemos buscar uma nova utopia onde esse efeitos colaterais não sejam nosso cotidiano, pois na nossa “utopia” atual, os índices de depressão não param de crescer enquanto as mentes mais brilhantes do planeta estão pensando em como fazer as pessoas clicarem em um anúncio. Essa realidade é no mínimo instigante. Bregman diz que sem utopia, estamos perdidos e sem objetivos. Precisamos de desafios e de mudança, precisamos de planos e objetivos. Então o autor começa a tratar sobre possibilidades para essa nova utopia, que na sua concepção pode ser nossa realidade. Ele trata inicialmente da renda mínima universal, da qual eu já conhecia o conceito e sempre acreditei ser uma medida importante para melhorias na condição de vida de uma geração onde a automatização toma conta. Rutger apresenta então com evidências de que esse pode ser um caminho para a transformação social e tecnológica pela qual o mundo está passando, pois dar dinheiro diretamente para as pessoas que precisam, sem exigir nada em troca, produz resultados muito melhores (e a um custo significativamente mais baixo) do que bolar programas sociais sofisticados e cheios de burocracia. Essa ideia quebra um pouco o senso comum de que os pobres são malandros e se receberem dinheiro gratuitamente irão parar de trabalhar. Ele reforça suas ideias com estudos, como um experimento em que um montante relativamente modesto de dinheiro foi dado a moradores de rua sem contrapartida. O resultado foi que todos eles conseguiram mudar de vida em vez de gastarem dinheiro com drogas ou bebidas e passaram a ter uma vida digna. O livro traz então diversas pesquisas sérias e evidências para embasar suas colocações. O autor ainda comenta que nossa maior medida de crescimento atual de uma nação é o PIB, e que esse indicador não avalia nossa qualidade de vida. Será que é o PIB que deveria nos guiar? Uma frase de Rutger pode elucidar essa questão: “Se você fosse o PIB, seu cidadão ideal seria um jogador compulsivo com câncer que está passando por um divórcio complicado, do qual busca consolo tomando várias pílulas de antidepressivo e comprando loucamente na Black Friday” Outro ponto muito importante da obra é a redução da jornada de trabalho, novamente com evidências Rutger conta que a revolução industrial eliminou completamente o conceito de lazer da vida dos trabalhadores, que cumpriam uma jornada média de 70 horas por semana, sem férias nem finais de semana. Porém isso começou a mudar na década de 1920, Henry Ford resolveu apostar e implementou a semana de cinco dias em suas fábricas o que ocasionou em um aumento significativo na produtividade. Essa redução na carga horária estagnou e nós nos últimos 70 anos presenciamos novamente o aumento da jornada de trabalho, o que está ligado a males da sociedade atual como o estresse e a ansiedade. Bregman acredita que trabalhando menos e tendo as condições mínimas para sobreviver, as pessoas produzirão mais arte, conhecimento e cultura, que, em síntese, é o que nos diferencia das máquinas. Para finalizar o livro, somos confrontados com evidências que apontam que abrir as fronteiras entre as nações poderá trazer resultados econômicos e sociais muito importantes. De acordo com Rutger, fronteiras abertas tornariam o mundo inteiro duas vezes mais rico do que é hoje e diminuiria a desigualdade entre as nações. Destaco uma frase que muito me fez pensar sobre estarmos vivendo uma situação muito mais retrógrada que imaginávamos: “Talvez dentro de um século olharemos para todas essas barreiras da mesma forma que hoje pensamos sobre a escravidão e o apartheid. Mas uma coisa é certa: se quisermos criar um mundo melhor, não há como ignorar a importância da migração” Acredito que o mais instigante desse livro não sejam as diversas crenças e sensos comuns que ele contesta separadamente, apesar de essa mudança de pensamento já valha a leitura por si só, mas sim o que esses conceitos de renda básica universal, diminuição da jornada de trabalho e fronteiras abertas podem significar de forma conjunta. Na utopia do amanhã está tudo interligado, por exemplo: menos horas de trabalho em função da automatização de postos, exigem a implementação de renda básica universal para que o poder de compra não despenque. Como diz Rutger, utopias são peças fundamentais na construção de novos paradigmas, então precisamos pensar juntos qual o futuro que queremos. Pois como é apresentado no livro, a sociedade é quem define o que tem valor real ou não e a mudança de paradigma pode começar hoje!