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POVOS ORIGINÁRIOS/TRADICIONAIS, EXPROPRIAÇÃO E

DESTITUIÇÃO DE DIREITOS HUMANOS E SOCIAIS

Introdução

O presente resumo, elaborado a partir dos debates realizados na disciplina: “Questão social e Serviço Social”,
ministrada no 1º semestre de 2023, tem como objetivo conhecer quem são os povos originários e tradicionais. Além de
compreender o que é expropriação e problematizar como ela está relacionada com esses povos buscamos entender como
essa problematiza se configura em uma das expressões da “Questão Social”. Primeiramente, os povos originários são
aqueles grupos cujo ancestrais foram os primeiros habitantes no território, em se tratando do Brasil, são os indígenas
(SINGUE, 2023). Já os povos tradicionais são aqueles que, de acordo com o Inciso no 3º Decreto 6.040/2007, são
comunidades que se reconhecem como grupos culturalmente diferenciados, com sua própria organização social.
Ocupam e utilizam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa,
ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição (BRASIL,
2007). Atualmente, existem aproximadamente 32 povos tradicionais no Brasil.
Outrossim, a expropriação pode ser definida como o ato ou efeito de expropriar, ou seja, é a retirada de bens e
terras de outrem. Posto isso, ocorre o ato de expropriação quando os povos originários e tradicionais têm suas terras
retiradas à forca por alguns órgãos e instituições, que o fazem com o intuito de utilizar essas terras para a construção de
empresas ou desmatamento e retirada de bens para fins da exportação. Sendo assim, pode-se perceber que a
expropriação e violação de direitos dos povos originários/tradicionais e uma expressão da “Questão (que surge na
contradição entre capital e trabalho), pois temos os capitalistas apropriando terras para expandir seu controle e capital,
além da exploração dos trabalhadores que sofrem sem as terras.

Método

A metodologia adotada para o estudo consistiu em fontes escritas como, por exemplo, artigos científicos e sites
que corroboraram para o entendimento das diferenças entre os povos originários e tradicionais. Nessa perspectiva, essa
é uma pesquisa qualitativa, com recorte bibliográfico e documental. Por meio dela foi possível estudar populações como
Quilombolas, Caatingueiros e Ribeirinhos percebendo a expropriação e sua conexão com as expressões da “Questão
Social”.

Resultados e discussão

Ao realizar a pesquisa através de artigos científicos foi possível analisar a cultura dos povos tradicionais,
destacando-se os Quilombolas, Ribeirinhos e Caatingueiros. Sendo assim, os Quilombolas são considerados um povo
rico, com muitas diversidades culturais, costumes, saberes, musicalidade e religiosidade. No quesito da musicalidade é
muito comum a capoeira e uso do tambor Ka`apor, eles fazem muita cerâmica, entre outros. Ademais, há os Ribeirinhos
que são encontrados principalmente na Amazônia, vivem perto dos rios e, por causa disso, vivem em casas de palafitas
locomovendo-se de canoas e barcos. Se alimentam principalmente de frutas como o Açaí, Cacau, Pupunha e, também,
de peixes como o Tucunaré e o Surubim. Já os Caatingueiros vivem predominantemente no Nordeste brasileiro, numa
região de clima semiárido e se alimentam de verduras, legumes, frutas nativas e produtos derivados do leite, como,
queijo, requeijão, ricota e doces.
Todas essas diversidades culturais devem ser respeitadas, todavia, são vítimas da expropriação realizadas por
capitalistas e empresas públicas e/ou privadas que realizam essa atividade visando a retirada das terras desses povos
para aproveitá-las para uso próprio. Objetivam apropria e utiliza dos bens retirado para vender para outros lugares,
lucrando em cima desses produtos. Realizam, ainda, atividades/construções que não foram desenvolvidas de maneira
consensuais para ambos, com o intuito de legitimar tais práticas de exploração – acumulação..
Situação exemplar é o caso dos Ribeirinhos na Amazonia, no território doado pelo Estado ao Centro de
Instrução de Guerra na Selva (CIGS), em 1964. Os Ribeirinhos já viviam neste território, contudo, a partir dos anos
2000 o Exército brasileiro ultrapassou o limite imposto realizando treinamentos com artilharia pesada apenas a 500
metros de distância das comunidades, além de haverem explosões de bombas nos rios e balas perdidas. Diante disso, os
Ribeirinhos começaram um processo jurídico. Depois de anos de luta para permanecerem no território, apenas, através
da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, em Brasília, houve uma solução consensual que beneficiasse
ambos. Anteriormente a proposta seria realizar a regulamentação fundiária, viabilizando a Concessão de Direito Real de
Uso (CDRU) que claramente não atendia a Convençao Nº 169/OIT,

Artigo 7. I. Os povos interessados deverão ter o direito de escolher suas próprias


prioridades no que diz respeito ao processo de desenvolvimento, na medida em que ele
afeta as suas vidas, crenças, instituições e bem- estar espiritual, bem como as terras que
ocupam ou utilizam de alguma forma, e de controlar, na medida do possível, o seu próprio
desenvolvimento econômico, social e cultural. Além disso, esses povos deverão participar
da formulação, aplicação e avaliação dos planos e programas de desenvolvimento nacional
e regional suscetíveis de afetá-los diretamente. (BRASIL, 2019)

porque os descendentes Ribeirinhos não poderiam permanecer no território.

Outro exemplo é o que aconteceu com os Caatingueiros entre 1950 a 1990, na região conhecida como Vale do
Rio São Francisco, que abrange os estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, onde se encontrava
povos conhecidos como Caatingueiros, beradeiros e brejeiros moradores em terras seculares, sobrevivendo da sua
agricultura e recursos da natureza, como do rio. Este período foi marcado pela concentração fundiária e pelas relações
de posse agrária, onde se vivenciou o processo de “Fome de terra” ou a expropriação do campesinato. Os Caatingueiros
e demais povos que viviam ali, em terras seculares, tinha uma relação estreita com os fazendeiros da região, que se a
caçambaram em terras devolutas, fazendo (impondo) a migrarem para a cidade ou passaram a depender somente do rio
para a sua sobrevivência. Os povos se sentiam desrespeitados com essa destruição das terras e exigiam uma resolução
por meio de legislações.

Considerações finais

Posto isto, através desse resumo podemos notar que os povos retratados tem uma diversidade cultural imensa
que é muito importante para a construção da variedade de expressões que tem no Brasil e , por isso, essa diferença
cultural deve ser preservada, disseminada e respeitada e para isso não deve ocorrer a expropriação que destrói as terras,
cultura e modo de vida dos povos. Para que a cultura dos povos não seja violada devem ser realizadas políticas socia is e
públicas mais efetivas que atendem as necessidades desses grupos em questão.
Por meio da disciplina citada, foi possível compreender que, apesar da origem sócio-histórica desses povos, e
da sua rica cultura e modos de vida, as determinações do capital são determinantes ao ponto de modificar tradições,
hábitos, cultura e até a sua condição de vida. O conceito de expropriação estudado viabilizou o entendimento de que
algo foi e ainda é retirado desses grupos, podendo ser caracterizada como uma nítida violação de direitos humanos.

Agradecimentos

Agradecemos a equipe do curso de Serviço Social da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) pelo apoio
para o desenvolvimento do trabalho.

Referências
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. DECRETO Nº 6.040, DE 07 DE FEVEREIRO DE 2007. FAQs - Desenvolvimento Rural - Povos e Comunidades Tradicionais.
Disponível em: <https://antigo.mma.gov.br/perguntasfrequentes.html?view=faq&catid=16#:~:text=De%20acordo%20com%20o%20estabelecido,para%20sua%20reprodu
%C3%A7%C3%A3o%20cultural%2C%20social%2C> Acesso em: 26/05/2023.
BRASIL. Presidência da República Secretária-geral Subchefia para Assuntos Jurídicos. CONVENÇÃO nº 169 da OIT - Povos Indígenas e Tribais. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D10088.htm#anexo72 Acesso em: 25/05/2023.
CEPOLINI, Gustavo. Os povos e comunidades tradicionais do Brasil. 1ª ed. Editora Canastra, 2021. p. 1-32.ESTRELA, Ely Souza. Expropriação do campesinato e
resistência no Médio São Francisco Baiano (1970-2000). p. 1-9. Fortaleza, 2009. Disponível em: <https://anpuh.org.br/uploads/anais-simposios/pdf/2019-
01/1548772004_0489631e61f09e61a5c508667e1e14da.pdf> Acesso em: 25/05/2023
FRANÇA, B. L. F. de C. Por que devemos falar sobre a valorização de Comunidades e Povos tradicionais no Brasil?. Fundação Getúlio Vargas. 2022. Disponível
em: <https://portal.fgv.br/artigos/devemos-falar-sobre-valorizacao-comunidades-e-povos-tradicionais-brasil> Acesso em: 08/06/2023.
JUNIOR, Julio José Araujo.A luta de ribeirinhos em meio a guerras na selva: Ação e reflexão pela transformação social e pelo reconhecimento . In: Temas atuais do
Ministério Público Federal. Consórcio BDJUR, 4. ed., p. 01-41, Salvador, 2016. Disponível em: https://www.mpf.mp.br/atuacao-tematica/ccr6/documentos-e-publicacoes/
artigos/docs_artigos/artigo-a-luta-de-ribeirinhos-em-meio-a-guerras-na-selva-final.pdf/view. Acesso em: 25 de maio de 2023.
QUEM são os povos originários do Brasil e por que preservar sua identidade. Singue. 2023. Disponível em:
<https://singue.com.br/povos-originarios-do-brasil/#:~:text=S%C3%A3o%20chamados%20de%20povos%20origin%C3%A1rios,pelo%20menos%2030%20mil%20anos.
Acesso em: 26/05/2023.

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