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Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil

Lendas urbanas, no que tange à área da linguagem e seus códigos, são patrimônios
nacionais, os quais, ao serem transmitidos oralmente, permanecem na herança cultural do país.
Entre a sociedade brasileira, estabeleceram-se figuras emblemáticas – tais quais o Curupira, a
Mula sem Cabeça e o Boto cor-de-rosa – como forma de denúncia à exploração existente nas
regiões mais vulneráveis, onde residem as chamadas populações tradicionais. Nessa lógica,
essas comunidades não são valorizadas no Brasil, o que é causado pela fiscalização estatal
ausente e pela marginalização de tais povos.
De início, a ameaça aos limites das terras das comunidades tradicionais é provocada
pela atenção insuficiente dada pelas agências governamentais. Essas populações, de acordo
com pesquisadora da Universidade nacional de Brasília, tratam a natureza com respeito e zelo,
de forma que não haja carência de nenhum de seus recursos. No entanto, existe um avanço
sobre tais territórios por parte de empresas privadas, as quais, com a facilidade criada pelos
agentes estatais, desrespeitam as delimitações das áreas pertencentes aos povos tradicionais; e
fazem isso em busca de reservas naturais que possam conceder aos comerciantes lucro. A título
de exemplo, foi noticiado pelo G1, no primeiro semestre de 2022, a exploração destrutiva em
terras de posse ribeirinhas; entretanto, a investida em tais locais não foi barrada pelos órgãos
de fiscalização. Assim, a promoção das comunidades em questão é um entrave devido ao
descaso dado pelo Estado.
Ademais, a ausência de programas sociais às populações tradicionais impossibilita sua
valorização. O recenseamento é iniciado a cada década e facilita a implementação de políticas
públicas e no Brasil, esse processo ocorre com tamanha eficiência a ponto de a Organização das
Nações Unidas considerar o sistema brasileiro como base e referência global. Todavia, a
cobertura não foi completa nos últimos censos demográficos, pois houve povos que declaram
que não tenham sido contabilizados, uma vez que a eles não eram garantidos direitos básicos,
como o saneamento básico, cuidado médico e a educação. Para atenuar essa invisibilidade, o
recenseamento de 2022 contou com cidadãos próprios das populações em questão, conforme
veiculado pelo Nexo Jornal. Dessa maneira, a promoção dos povos é agravada pela falta de
políticas públicas.
Portanto, a possibilidade de valorização das comunidades tradicionais no Brasil é um
desafio. Essa problemática pode ser superada a partir do Ministério da Cidadania, que deve
promover a punição dos infratores, os quais exploram áreas que são proibidas para utilização,
por meio da ampliação de órgão fiscalizadores, a fim de diminuir a apropriação de terras
preservadas, de modo a permitir que as populações permaneçam com seus territórios intactos.
Ainda, é imperativo que o Governo Federal aumente o total de recenseadores pertencentes aos
povos tradicionais, mediante o redirecionamento de verbas recolhidas com os impostos fiscais,
com o intuito de que haja um panorama mais realista quanto à distribuição e a quantidade das
comunidades no país e, com isso, garantir a eles seus direitos básicos como cidadãos. Somente
assim, as lendas urbanas deixarão de refletir a realidade da sociedade brasileira e serão apenas
antigas manifestações.

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