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Volta Redonda
2023
CONTEXTO HISTÓRICO E DETERMINANTES SOCIAIS EM
SAÚDE DOS POVOS INDÍGENAS
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Contexto Histórico dos Povos Indígenas
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imposição cultural do colonizador. A colonização não é um movimento único e linear de
simples extermínio das sociedades nativas encontradas pelos colonizadores, mas sim
como um complexo jogo de relações, negociações e conflitos, desde a chegada dos
primeiros europeus até os dias atuais. Estudos mais recentes, livres do etnocentrismo
que condicionava as informações e referências passadas, revelam a enorme
diversidade e pluralidade dos povos que já habitavam o território anteriormente aos
colonizadores. Tamanha era a complexidade e especificidade dos nativos, seus
projetos políticos, relações decorrentes da colonização, estratégias de resistência etc.
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Foi no início do século XX que se iniciou a mobilização contemporânea pelo
reconhecimento étnico oficial e garantia mínima de terras para sobreviverem diante das
perseguições dos latifundiários, após anos resistindo e sendo considerados “extintos”.
No Nordeste foram reconhecidos os Xukuru-Kariri em Alagoas, e em Pernambuco os
Fulni-ô, os Pankararu, os Xukuru, com a instalação de postos do Serviço de Proteção
ao Índio - SPI, entre os anos de 1920 e 1950, em suas áreas indígenas.
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saúde dos povos indígenas e, também, representantes das organizações indígenas,
com experiência em execução de projetos de saúde, junto à seu povo.
Em 1967, extinto o SPI, foi fundada a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), que,
com base no modelo de atenção do SUSA, criou as Equipes Volantes de Saúde (EVS).
As EVS atuavam prestando assistência médica, aplicando vacinas e supervisionando o
trabalho das equipes locais que, normalmente eram constituídas por enfermeiros ou
auxiliares. Com a crise financeira da década de 1970, A FUNAI teve grandes
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dificuldades em prestar os serviços que lhe eram atribuídos. Com o passar do tempo,
os atendimentos das EVS, que eram esporádicos, tiveram sua frequência diminuída,
até não mais ocorrer. Com isso, as equipes locais, em sua maioria pouco qualificadas,
isoladas, viram-se atendendo dos casos mais simples aos emergenciais sem nenhum
acompanhamento. Os atendimentos, geralmente ignoravam o sistema de saúde
reconhecido pela população, bem como suas práticas relativas ao adoecer.
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No mesmo ano foi criada a Comissão de Saúde do Índio (CISI), cujo objetivo
principal era o de assessorar o Conselho Nacional de Saúde (CNS) na elaboração de
princípios e diretrizes de políticas governamentais à saúde dos povos indígenas. A
princípio não havia representantes da população indígena na CISI, mas com a saída de
4 integrantes, as vagas foram ofertadas a representantes de organizações indígenas.
Em 2002 a população indígena somava cerca de 370 mil pessoas, de 210 povos
diferentes, falando mais de 170 línguas identificadas. Cada um desses povos possuindo
sua própria organização interna e cuja gênese data de diferentes épocas; povos com
mais de 500 anos de existência. Nessa época os povos indígenas estavam presentes
em quase todos os estados brasileiros, exceto os estados do Piauí e Rio Grande do
Norte; em 579 terras indígenas, somando 12% do território nacional, tendo ainda uma
parcela que vive em áreas urbanas. 98,7% das terras indígenas encontram-se nas
regiões Norte e Centro-Oeste do país. No total, representavam 0,2% da população
brasileira. Tendo, no entanto representação significante em alguns territórios, como é o
caso de Roraima (15% da população), Amazonas (4%) e Mato Grosso do Sul (3%), por
exemplo.
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Em 2006 foi realizada a 4ª Conferência Nacional de Saúde dos Povos Indígenas
contou com importantes questionamentos acerca da prestação dos serviços ofertados
e, ainda, sobre a gestão da FUNASA, que recebeu denúncias de corrupção e desvio de
verba. Como consequência, no ano de 2010 foi aprovada a criação da Secretaria
Especial de Saúde Indígena (SESAI), diretamente ligada ao Ministério da Saúde,
primeiro órgão destinado unicamente à questão da saúde indígena; os desafios
encontrados por essa Secretaria eram a sobrecarga causada por ter de lidar com a
gestão e a execução dos serviços prestados.
No ano de 2013, na 5ª Conferência Nacional de Saúde dos Povos Indígenas, a
assistência integral à saúde dos indígenas, bem como o respeito e assimilação da
medicina tradicional (de cada povo) aos serviços ofertados foram reivindicados. Os
investimentos na área obtiveram um crescimento vertiginoso, apresentando o valor de
quase 380 milhões no ano de 2010, três vezes maior que em 2002. Em 2015 os
números chegavam a 1,5 bilhões. Apesar disso, os serviços ofertados não
acompanharam o mesmo progresso, fato comprovado pelas taxas de mortalidade
aferidas entre a população indígena, que têm como causa, a ausência de vacinação,
doenças respiratórias, infecciosas, parasitárias e transmissíveis, além de anemia e
desnutrição. Outra dificuldade apresentada são as informações, que além de restritas
aos profissionais que utilizam o Sistema de Informações da Atenção à Saúde Indígena
(SIASI), não têm sua veracidade afirmada.
A descontinuidade das ações voltadas à população indígena fez com que estes
se mobilizassem, através de organizações jurídicas reconhecidas, por exemplo, desde
os anos 1970, para entender doenças e demais desdobramentos negativos à saúde,
capacitando agentes indígenas de saúde e de valorização da medicina tradicional
indígena. Até o ano de 1999, os agentes indígenas foram contabilizados em 1.400.
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