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UERJ – Instituto das Artes

Disciplina: Historia da Arte no Brasil I


Professor: Mauro Trindade
Aluna: Paula R. G. de Lima
Turma: 2

Niterói, 2016
Este presente trabalho tem por objetivo levantar uma discursão sobre a
segregação e a invisibilidade das populações indígenas na atual sociedade brasileira,
fazendo um paralelo desde a sua descoberta pelos autodenominados conquistadores do
território brasileiro até a atualidade, com o objetivo de salientar o agravamento desse
processo nos anos subsequentes. Para tanto, conveio identificar o lugar do índio na
sociedade nacional, na visão do brasileiro, nas ações e omissões de entidades como
escola, mídia, museu, família, igreja, partidos políticos, associações de classe, tribunais,
polícia, monumentos e até nas comemorações que definem o que deve ser lembrado ou
esquecido, para então, discorrer sobre meios de solucionar esse quadro, focando,
sobretudo até onde a valoração dos patrimônios e manifestações culturais indígenas
pelos homens brancos auxiliam a informação e formação de uma nova mentalidade
sobre a cultura indígena brasileira.

Qual é o lugar do índio na sociedade Brasileira?

Não é necessário dizer que os grupos indígenas atuais não são os mesmos de
mais de 500 anos atrás, visto que diante da realidade da colonização essas populações
foram drasticamente modificadas, evoluindo ante a necessidade de sobrevivência.

O ponto é que os índios saíram do isolamento, e passaram a se integrar a


sistemas sociais, econômicos e políticos, que através dos anos foram realizados através
de relações intensamente desiguais, beirando a exclusão.

É necessário pensar que enquanto minoria, ele se vê forçados a negociar


constantemente seus interesses com as mais diversas instâncias de poder.

Em critérios estabelecidos pelos próprios brancos talvez esses, não fossem mais
considerados tão índio ou suas praticas artísticas perdem autencidade. Pode-se tomar
como exemplo, a discursão sobre a arte produzida pelos índios uaurás, um grupo
indigena que vive na região do parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso, que já na
década de 1970 e 1980 demostrava grande prazer em explorar os materiais do homem
branco na feitura de seus Apapaataì e Ierupöhö.

Isso ocorre por que na mentalidade desse homem o índio deve sempre
permanecer como foi. Alguém sem um nome, que não definido em sua identidade.
Alguém sem historia, trajetória ou etnia.

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E foi esse mau direcionamento que acarretou em transformar a figura do índio
em um estereotipo que pouco se relacionam com a atualidade da sociedade brasileira.
Transformou o índio em um incapaz que necessitam da tutela do homem branco. Como
por exemplo, na necessidade de desenvolver um relacionamento com instituições para
que seja possível salvaguardar alguns aspectos de sua arte e cultura.

Apesar dessa inclinação pejorativa ao pensar o indígena é nítido que eles se


codificaram, aprendendo a administrar tanto seus ensinamentos cultuais, ritos, leituras
de sinais do tempo e respeito à natureza com seu posicionamento diante do que lhe
cobrara o desenvolvimento.

Posicionam-se a favor quando lutam por seus direitos aos serviços básicos de
educação e saúde e contra, quando lutam para reaver seus territórios, explicitando e
defendendo e suas diferenças culturais.

Sabe-se que dos Aikaná, de Rondônia aos Zuruahã ², do Amazonas, a população


indígena em território brasileiro compreende atualmente 246 povos, falantes de mais de
150 línguas distintas.³

Entretanto, a pesar de serem os índios a primeira representação, embora inicial,


de uma comunidade, é curioso pensar no desconhecimento de sua diversidade e das
raízes índias na descendência do restante da população brasileira. E é esse
desconhecimento dessa riqueza ancestral, o responsável por desenvolver o aspecto mais
grave, o quadro de apagamento de sua memória histórica, na Historia do País.

É preciso olhar para eles e por eles.

Considera que apesar de terem tido sua rica identidade cultural e econômica
prejudicada, ainda que para alguns esteja no meio do caminho do que significa ser um
índio ou um branco demonstram uma rara resistência de sua identidade, persistindo sem
jamais abrir mão de seus conceitos de bem viver mesmo em meio à violência e
exploração e inúmeras outras dificuldades.

Desde a primeira agressão a sua cultura religiosa por meio da catequização dos
colonizadores ainda hoje os casos de violência sofridos por índios são recorrentes.
Essas vão da falta de assistência escolar, de saúde, de políticas públicas que impeçam a

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disseminação de bebidas alcoólicas e outras drogas e até tentativas de suicídio, como
aquelas que colocam em risco os atentados contra a vida do sujeito indígena.

Diante dessa situação é necessário em sua presença muito anterior à colonização


portuguesa, ou seja, que os índios já ocupavam um território especifico e que foram os
primeiros representantes populacionais brasileiros. Esses que sofreram a implantação de
sistemas paternalistas e precários de assistência social; com o confinamento territorial e
com a exploração dos recursos naturais.

Foram amistosos e como prêmio foi perseguido, escravizado e violado, suas


terras tomadas por enganos e foi-lhes imposto denominações arbitrarias; suas etnias
“batizadas” por escritos não índios- um processo que ainda confunde grafias e
significados, tudo isso em nome da inclusão - ainda assim, mesmo após tamanha
agressão aos seus valores e identidades, sua presença é vista como incomodo por
aqueles que são não índios.

Sendo muitas vezes impedidos de entrar no metrô, nos ônibus, nos órgãos
públicos, trajando suas pinturas, suas vestes, seus instrumentos, como se estas
expressões de sua cultura fossem inadequadas.

Parece se tratar de algo muito maior que isso, pois sua presença não incomoda
apenas ao perambular pela cidade vendendo seu artesanato, ou descansar em uma
rodoviária, ou ainda cobrar seus direitos mais básicos, como todo e qualquer brasileiro.

O papel do Museu

É inegável que a presença de índios, principalmente em meio urbano, é vista


como incomoda por uma população que não compreende a necessidade de reconhecer e
valorizar suas identidades específicas, em compreender suas línguas e suas formas
tradicionais de organização social, na ocupação da terra e uso dos recursos naturais e
respeitar a direitos coletivos especiais.

Esse desconhecimento invariavelmente é o responsável por incitar ódio,


preconceito e violência - muito em parte também por responsabilidade dos poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário, que tramam ao retirar os poucos direitos

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constitucionais dessas populações - que vem ascendendo discursões sobre a necessidade
de uma politica mais inclusiva e de maiores informações da desses indivíduos que
propicie um intercambio saudável com esse cuja existência se relaciona com a historia
de todos os demais brasileiros.

Pensando em uma alternativa para essa politica inclusiva o museu do índio do


rio de janeiro, que é vinculado a um importante órgão de proteção e preservação, a
FUNAI ( Fundação Nacional do Indio) , se destaca pela parceria entre os povos
indígenas e seus pesquisadores com vistas à difusão do conhecimento sobre suas
próprias etnias.

Mantém programas cujos temas tratam de saberes tradicionais, mitos, rituais,


dimensões simbólicas e estéticas, expressões linguísticas e modos de fazer associados a
aspectos específicos de cada cultura, tais como os Projetos de Documentação de
Culturas, desenvolvidos em parceria com 23 povos indígenas. Visando a preservação,
a pesquisa e a difusão do patrimônio cultural dos 270 grupos que compõem as
sociedades indígenas contemporâneas que vivem no Brasil.

Orgulha-se de ser uma instituição pública pautada pelo respeito à diversidade


étnica, à informação e à formação de uma nova mentalidade sobre a cultura indígena.

A arte Indígena

É bem sabido que o assunto arte é bem complexo em relação as representações


artísticas indígenas, muito por conta despeito da inadequação do termo, que é uma
categoria pelo homem branco ocidental.

Apesar de inúmeras obras indígenas gerarem discussões desde a época em que


europeus aportaram nas terras habitadas pelos ameríndios e apesar de despertar a
sensibilidade e/ou a curiosidade do “homem branco” desde o século XVI, Até hoje,
uma certa concepção museológica dos artefatos indígenas continua a vigorar no senso
comum.

Muitos esbarram no preconceito a considera-las apenas uma espécie de


artezania, uma arte menor, onde nada é objeto de inspiração, mas tão somente repete

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uma espécie de tradicionalismo. Esse pensamento desconsidera que a produção não se
relaciona com do tempo e a dinâmica cultural.

Existe uma constante exigência de conhecimentos específicos acerca dos


materiais empregados, das ocasiões adequadas para a produção e etc.

As formas de manusear pigmentos, plumas, fibras vegetais, argila, madeira,


pedra e outros materiais conferem singularidade à produção ameríndia, diferenciando-a
da arte ocidental, tal qual ocorre em outras populações. Contudo, não se trata de uma
“arte indígena”, e sim de “artes indígenas”, é preciso considerar cada povo possui
características no seu modo de se expressar e de conferir sentido às suas produções
artísticas

Os suportes de tais expressões transcendem as peças exibidas nos museus e


feiras (cuias, cestos, cabaças, redes, remos, flechas, bancos, máscaras, esculturas,
mantos, cocares...), uma vez que o corpo humano é pintado, escarificado e perfurado;
assim como o são construções rochosas, árvores e outras formações naturais.

Sem contar a presença crucial da dança e da música, como patrimônios


imateriais.

Em todos esses casos, a ordem estética está vinculada a outros domínios do


pensamento, constituindo meios de comunicação – entre homens e mulheres, entre
povos e entre mundos – e modos de conceber, compreender e refletir a ordem social e
cosmológica.

Além disso, é necessário frisar que o aspecto plástico das obras resulta sim, de
relações até mesmo com outros povos, de concepções e inquietações coletivas e
individuais, apesar se valer muito desse ultimo aspecto, ao ser relacionado com a arte
ocidental.

Pode servir como objetos de trocas, isso ocorre desde que os primeiros
portugueses aportaram em terras brasileiras. Na atualidade o comércio com a sociedade
envolvente tem apontado uma alternativa de geração de renda por meio da valorização e
divulgação de sua produção cultural

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Como jah dito anteriormente, o povo uaruas do parque do
Xingu no mato grosso,

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Notas
1. Aikainã
2. zuruahã

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