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PROJETO INTEGRADOR
BACHARELADO EM DIREITO
CARATINGA – MG 2023
Adriana Ramos Silveira
Almério Pereira de Matos Filho
Bianka Ricard Thomes Ribeiro
Débora Barbosa Marques
Irys Glayce Rosa Correa de Faria Valente de Paula
Jessica Thereza Faria Siqueira
Julimar Martins
Júlya Victoria Paterno Ramos Silveira
Letícia Ferreira dos Santos
Luciano Magela Campos
Márjore Leite Dutra
PROJETO INTEGRADOR
CARATINGA - MG 2023
1 INTRODUÇÃO
A história dos povos indígenas no Brasil é uma narrativa que se estende por
milênios, muito antes da chegada dos europeus ao continente americano. Diversas
culturas e comunidades indígenas já habitavam as vastas terras do Brasil, cada uma
com suas línguas, tradições e modos de vida distintos. Antes da colonização europeia,
esses povos indígenas eram caçadores, coletores e agricultores, com sociedades
frequentemente organizadas de maneira complexa, envolvendo sistemas políticos,
sociais e religiosos com notável diversidade cultural e riqueza (VARONESE;
ALMEIDA, 2021).
No entanto, com a chegada dos europeus no século XVI, em especial os
portugueses, a história dos povos indígenas mudou. Os colonizadores estabeleceram
colônias e buscaram explorar as riquezas naturais do país. Esse período foi marcado
pela escravização, violência e expulsão dos indígenas de suas terras. A colonização
resultou em conflitos violentos e na disseminação de doenças, que tiveram um
impacto devastador sobre as populações indígenas (LUCIANO; et al., 2006).
O modelo econômico colonial, baseado na exploração de recursos como o pau-
brasil e posteriormente a cana-de-açúcar e o ouro, exigia uma mão de obra que fosse
facilmente explorada e substituível. Isso levou ao tratamento desumano e à
escravização de povos indígenas, muitos dos quais sucumbiram a condições de
trabalho brutais e doenças trazidas pelos colonizadores (RODRIGUES; SANTANA,
2020).
Com o tempo, essa política de morte evoluiu à medida que o Brasil se
transformou em uma nação independente. A expansão territorial e a busca por
riquezas naturais continuaram a ser prioridades, resultando em conflitos violentos,
deslocamento forçado de comunidades indígenas e apropriação de terras.
A penetração do capitalismo predatório no Brasil, especialmente a partir do
século XIX, intensificou a exploração de recursos naturais e a destruição do meio
ambiente. As comunidades indígenas, que há séculos já eram marginalizadas e
despojadas de seus territórios, continuaram a sofrer as consequências dessa política
predatória, à medida que grandes empreendimentos agropecuários, madeireiros e
mineradoras avançavam sobre suas terras (RODRIGUES; SANTANA, 2020).
Durante os séculos coloniais e imperiais, os povos indígenas enfrentaram
ameaças contínuas à sua existência. Muitos grupos foram empurrados para regiões
remotas e isoladas do Brasil. Apesar das adversidades, muitos conseguiram preservar
suas línguas, culturas e tradições. O século XX marcou um período de crescente
reconhecimento da importância da preservação das culturas indígenas e da proteção
de seus direitos.
As concepções eurocêntricas foram incorporadas ao aparato jurídico-
institucional brasileiro ao longo de séculos, contribuindo para a perpetuação de um
imaginário social discriminatório. No contexto da história constitucional brasileira,
somente em 1934 os direitos indígenas adquiriram status constitucional. A primeira
Constituição do Brasil Império, promulgada em 1824, sequer mencionava os
indígenas. Mais tarde, a Lei n° 601, de 1850, determinou que o governo reservasse
terras devolutas para a "colonização" dos indígenas, uma medida que gerou
confusões, já que levou à ideia equivocada de que todas as terras indígenas haviam
passado para o domínio dos estados (TOMPOROSKI; BUENO, 2021).
Em 1910, foi criado o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), marcando a transição
do órgão imperial para o governo republicano e o início de uma política indigenista
que se desvinculou da igreja, mas ainda mantinha a ideia de integração dos povos
indígenas. Essa política buscava, em essência, acabar com as culturas indígenas para
assimilá-las à cultura nacional (GARNELO; et al., 2012).
Posteriormente, como mencionado, a Constituição de 1934 foi a primeira a
resguardar direitos indígenas. O Art. 129 dessa Constituição estabelecia o respeito à
posse de terras onde os indígenas estivessem permanentemente localizados,
proibindo, no entanto, sua alienação (venda ou transferência) (CASTILHO; 2022).
Um marco jurídico relevante nesse processo foi a Constituição de 1988, que
representou um avanço significativo ao reconhecer os direitos territoriais e culturais
dos povos indígenas. A Constituição estabeleceu o direito à posse permanente de
suas terras tradicionais, reconhecendo-as como um patrimônio cultural e de uso
exclusivo dessas comunidades. Além disso, a Carta Magna estabeleceu a obrigação
do Estado de demarcar e proteger essas terras, garantindo aos povos indígenas a
preservação de suas culturas e modos de vida (VARONESE; ALMEIDA, 2021).
No entanto, a luta indígena também é marcada por desafios contínuos e
ameaças à sua integridade cultural e territorial. A demarcação de terras tem sido um
processo complexo e muitas vezes conflituoso, com resistência de setores
econômicos e políticos que buscam explorar os recursos naturais das terras indígenas
(SILVA, 2018).
A luta dos povos indígenas por seus direitos não se limita apenas ao âmbito
jurídico, mas abrange também a mobilização social e a conscientização pública.
Organizações indígenas, líderes e defensores de direitos têm trabalhado
incansavelmente para sensibilizar a opinião pública e pressionar o Estado a cumprir
suas obrigações legais e constitucionais.
A imagem dos indígenas passou por uma série de construções simbólicas
negativas, sendo estigmatizados como povos bárbaros, irracionais, sem cultura e
desprovidos de religião. Essas narrativas permeiam o imaginário social até os dias
atuais, contribuindo para a persistência de discriminação, preconceito e exclusão
(LUCIANO; et al., 2006).
A história da luta dos povos indígenas por seus direitos no Brasil é um
testemunho de resiliência, perseverança e busca por justiça. Embora tenham
conquistado avanços significativos, os desafios persistem, e a sociedade brasileira e
o sistema jurídico continuam a ser chamados a garantir a proteção dos direitos
fundamentais das comunidades indígenas e a preservação de sua rica herança
cultural.
5 COSIDERAÇÕES FINAIS
6 REFERÊNCIAS
LUCIANO, G. S; et al. O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos
indígenas no Brasil de hoje. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional, 2006.