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ISADORA MARCELA BORGES DOS SANTOS

RAQUEL CICERO DE SOUZA

A POLÍTICA DE SEGURIDADE SOCIAL:


POLÍTICA DE SAÚDE

Londrina
2023
ISADORA MARCELA BORGES DOS SANTOS
RAQUEL CICERO DE SOUZA

A POLÍTICA DE SEGURIDADE SOCIAL:


POLÍTICA DE SAÚDE

Atividade referente ao 2º bimestre da disciplina:


A Política de Seguridade Social: Política de
Saúde, do curso de Serviço Social .
Docente: Profª. Liria Maria Bettiol Lanza.
Discentes: Isadora Marcela Borges dos
Santos e Raquel Cicero de Souza.

Londrina
2023
1) O Sistema Único de Saúde comemora 33 anos em 2023. Embora tenhamos
uma geração de jovens e adultos que nasceu neste contexto, poucos
compreendem quais foram os seus antecedentes a partir de um processo
histórico que mudou radicalmente a oferta das ações públicas de saúde em
nosso país. Neste sentido, a partir das referências bases (documentário
acima indicado e texto de Jairnilson Paim), recupere a historicidade do SUS
e procure explicar as relações entre o Estado, o Mercado e a Sociedade a
partir do contexto nacional.

Embora o Sistema Único de Saúde (SUS) seja o maior sistema de


saúde pública do mundo, inclusive a maior política pública de inclusão social,
este passou por processos bem complexos para alcançar a abrangência que
tem atualmente. Pois, anteriormente à sua existência, houveram questões de
extrema importância, como por exemplo as organizações sanitaristas para que
essa conquista viesse a ser alcançada.
Entretanto, essa pauta inicia-se no Brasil Colônia e no Império, onde
havia uma grande desigualdade social entre os atendimentos prestados à
população que depende do trabalho e a classe dominante, impactando
diretamente no processo saúde-doença das comunidades.
Na primeira metade do século XVI, foi criada a primeira Santa Casa em
Santos - SP, logo em seguida em outros estados brasileiros, onde as damas de
caridade prestavam assistência a classe que depende do trabalho, aos
indigentes, viajantes e doentes, por outro lado a classe dominante tinha a
assistência necessária prestada por cirurgiões-militares em Hospitais de
Irmandades das Santas Casas por meio do pagamento de taxas anuais.
A partir do exposto, é notória tamanha desigualdade social no processo
saúde-doença aos mais necessitados, tendo em vista que quem prestava
assistência à população em vulnerabilidade eram as mulheres católicas
(esposas e filhas) dos homens burgueses ou políticos, que designavam parte
do seu tempo para fazer caridade como por exemplo, cuidar dos doentes,
doação de vestimentas e alimentos, a educação de crianças necessitadas.
Entretanto, é imprescindível pontuar que as damas de caridade foram as
primeiras pessoas a prestarem ajuda a população mais necessitada, porém,
sem o conhecimento necessário para prestarem a assistência essencial.
Durante os séculos XIX e XX, é possível discorrer sobre o processo de
organização da saúde no Brasil, iniciando com imigração da família real
portuguesa para a nação brasileira no início do século XIX foram restituídos
cargos importantes relacionados à saúde sendo eles físico-mor do reino e
cirurgião-mor dos exércitos, conforme estabelecidos nas províncias
portuguesas.
Sendo assim, segundo Paim o Serviço de Inspeção de Saúde dos
Portos foi transferido à esfera do Ministério do Império, indicando uma
mudança na organização administrativa do Império Brasil. Contudo, é
fundamental pontuar que em 1828 as questões voltadas para a saúde pública
ficaram sob a responsabilidade dos municípios, e com a epidemia da febre
amarela no Rio de Janeiro em 1850, foi criada a Junta de Higiene Pública.
A reforma dos serviços sanitários foi realizada durante o Império, a partir
da efetivação da Inspetoria Geral de Higiene, da Inspetoria Geral de Saúde dos
Portos e de um Conselho Superior de Saúde Pública. No entanto, esses
serviços eram destinados à higiene das escolas e a proteção de crianças e
adolescentes em fábricas. Portanto, entende-se que esse foi o momento em
que as autoridades locais, por meio de suas ações, tinham como finalidade
proteger as crianças e adolescentes que frequentavam a escola e prestavam
serviços em fábricas.
Com as epidemias e seus respectivos surtos, a ação comunitária local
se organizava por meio de mobilizações, com intuito de levar a complexidade
das questões de saúde à câmara de vereadores, porém os assuntos de alta
complexidade eram levados ao governo central. Ao término do período
imperial, a estrutura sanitária brasileira mostrava-se incipiente e centralizada,
com a capacidade limitada diante as epidemias e da capacidade de prestar
assistência àqueles que encontrava-se enfermos, sem nenhuma forma de
distinção.
No entanto, a população financeiramente mais estabilizada procurava
os médicos particulares para prestar os serviços que estavam necessitando a
qualquer momento, por outro lado os mais necessitados de cuidados eram
atendidos por instituições filantrópicas e de caridade, diante disso é notória
tamanha desigualdade no acesso aos serviços de saúde.
Com a Proclamação da República, as ações de saúde foram
descentralizadas, passando a ficar sob responsabilidade do Estado. No âmbito
federal, os serviços de saúde terrestres e marítimos foram unificados na
Diretoria Geral de Saúde Pública em 1897, cujo propósito era atuar em áreas
onde a intervenção dos governos estaduais não fosse suficiente, como por
exemplo na vigilância sanitária nos portos.
Portanto, a transição dos séculos XIX e XX foi marcada pelo início da
industrialização no Brasil, fazendo com que a saúde começasse a ser
entendida como uma questão social, esse período foi marcado pelo
reconhecimento de que a saúde não se restringe aos aspectos pessoais, mas
envolve questões sociais e públicas.
Em meados do século XX, houveram epidemias mais graves fazendo
com que as autoridades locais ficassem preocupadas em como o Brasil seria
visto em outros países, pois tinham receio dos imigrantes não advirem até os
país. A partir disso, o governador contava com que os imigrantes emigrassem
até o Brasil, para fazê-los de empregados em fábricas e colheitas de café.
Contudo, neste contexto surge o capitalismo, onde os capitalistas ressaltaram
que a vinda dos imigrantes para o Brasil seria necessária para prestar os
serviços em expansão de café.
Desta forma, foi fundado o Instituto Soroterápico de Manguinhos, o
responsável pela produção de vacinas da época, logo, as campanhas
organizativas pontuaram que aqueles que não comparecessem para
vacinar-se, seriam postos como inimigos da saúde pública. Assim, a população
mostrava-se insatisfeita com a as campanhas de vacinação obrigatória contra
varíola, no RJ este contexto ficou conhecido como a Revolta da Vacina (1904),
pois começaram a tratar a saúde como uma questão da polícia.
Após a repressão da revolta, o saneamento básico surgiu como uma
alternativa de prevenção para futuras epidemias, além da necessidade de
desenvolverem abordagens mais educativas e informativas voltadas para a
comunidade em relação às questões de saúde pública.
No ano de 1918 a Gripe Espanhola chegou ao Brasil, impactando
diretamente a vida da população e causando muitas mortes, diante disso a
população tinha consciência de que o governo não estava fazendo nada em
relação à população no que diz respeito à saúde pública. A partir disso, os
operários entraram em greve para reivindicarem seus direitos enquanto
trabalhadores e empregados abordando questões sobre a valorização do
trabalho. Neste contexto, fica evidente a importância da mobilização
populacional para a organização de movimentos sociais, com a finalidade de
reivindicar condições mais justas e equitativas nos ambientes de trabalho.
Em 1923, foi criada a primeira lei da Previdência Social, a Lei Eloy
Chaves que regulamenta as Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAP), esta
lei era financiada pelas empresas e destinada aos trabalhadores. A lei tinha
como objetivo diminuir as tensões sociais, logo, os movimentos sociais, além
disso os trabalhadores passariam a ter direito a assistência médica e
aposentadoria. Portanto, a instituição da Lei Eloy Chaves, reflete a crescente
consciência sobre a importância de garantir proteção social aos trabalhadores
e evidencia a resposta às demandas dos movimentos sociais da época.
Com a posse de Getúlio Vargas em 1930, a exportação cafeeira perdeu
o poder para as indústrias, porém nesse contexto começaram a ser
implantadas as políticas sociais. Vargas ficou conhecido como o Pai dos
Pobres, por ter um pensamento voltado aos mais pobres, desprotegidos e
trabalhadores, com isso criou um decreto que centralizava e uniformizava as
estruturas de saúde voltada aos marítimos, que passaram a ter direito a
assistência médica e a aposentadoria, após 30 anos de contribuição.
Sendo assim, com a falta de investimento nas políticas sociais e com o
crescimento de indústrias na qual a mídia mostrava, a população começou a
perceber que o dinheiro descontado na folha de pagamento, estava sendo
investido em indústrias.
Em 1942 foi criado o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), este
serviço teve um papel fundamental no combate às epidemias, permitindo com
que os profissionais da saúde chegassem em lugares de difícil acesso, com o
objetivo de proporcionar os serviços médicos, vacinas e ações de prevenção, é
notório que o SESP contribuiu de forma significativa para o avanço da saúde
pública no Brasil.
Já em 1945 com a posse de Eurico Gaspar Dutra (General Dutra),
houve um significativo avanço da saúde no Brasil, com a implantação de
grandes hospitais com diversas especialidades. O Ministério da Saúde tinha
como finalidade fortalecer as ações em saúde pública como uma forma de
prevenção de doenças e epidemias além da aproximação com as condições
sociais. Contudo, devido ao sucateamento da saúde pública, a população
mostrava-se insatisfeita com os serviços já prestados, onde foi posta em pauta
a medicina de grupo.
Na segunda metade do século XX, com a industrialização do país
iniciou-se o êxodo rural, ou seja, a migração da população rural para a zona
urbana em busca de trabalho no momento da criação de novas indústrias no
Brasil. Diante disso, houve um significativo crescimento populacional sem a
estrutura necessária para abarcar toda a população, com isso, houve um
importante aumento na taxa de mortalidade infantil. No entanto, foi nesse
período que iniciou-se a construção das favelas em morros e assentamentos.
No ano de 1978, foi o ano em que houve o movimento social nas
periferias sobre o direito à saúde, onde abordava a questão da saúde como
uma conquista pública alcançada por meio de muita luta. Em 1986 houve a 8ª
Conferência Nacional da Saúde, sendo composta pelos trabalhadores da
saúde e pela organização dos movimentos sociais. Nesse momento
começaram a pôr em pauta um possível Sistema Único de Saúde - SUS,
gratuito e de qualidade.
A partir da Constituição Federal de 1988 foi criado e organizado pelo
movimento da reforma sanitária, o Sistema Único de Saúde - SUS, com isso
passou a ser uma política pública de direito de todos e dever do Estado, sendo
um dos eixos que compõem a seguridade social, junto com a previdência e
assistência social. A compreensão de que a saúde é direito de todos e dever
do Estado é um princípio básico desta política social, além de desenvolver
uma concepção ampliada de saúde pública, com a finalidade de garantir a
melhoria das condições de vida e trabalho da população e a defesa da
universalização das políticas sociais e garantia de direitos.
O conceito de saúde passou a incorporar, em seu significado, além da
concepção de que saúde não é somente a ausência de doença, além de ser
uma dimensão social e coletiva. Com a ampliação do conceito de saúde, foram
atribuídas ao Estado maiores responsabilidades e o dever de garanti-la a
todos, sem discriminação de qualquer natureza com a finalidade de reduzir
riscos, doenças e outros agravos, o SUS foi regulamentado pelas Leis 8.080/90
(BRASIL, 1990a) e Lei 8.142/90 (BRASIL, 1990b).
Apesar das fragilidades e baixo financiamento, o SUS, ainda é
considerado uma das maiores políticas públicas de saúde do mundo, isso ficou
notável com a recente pandemia do COVID-19, com a propagação de
informações visando a prevenção do vírus. Mesmo que, o governo anterior
elaborava fake news para que a sociedade não quisesse vacinar-se, deixando
de lado muitas famílias brasileiras pobres, que passaram por diversas
dificuldades, além de luto.
Concomitante a isto, o presidente anterior dava gargalhadas alegando
que tal vírus era frescura. Muitos alegam que faz falta uma boa gestão do
sistema público, e sim, é possível afirmar que a ausência ou a má gestão,
impacta a população de forma negativa, desta forma enfatiza a importância de
um bom planejamento e comprometimento para tornar ainda melhor tal política
pública.
Deste modo, vale ressaltar a importância do SUS para a população
brasileira por ser um sistema público de qualidade, que após muitas lutas e
muitos movimentos em prol de sua existência, vem se aperfeiçoando ao longo
de 30 anos de existência, sendo ainda mais reconhecido pelos brasileiros(as).
Porém, com a existência de muitos hospitais de rede privada, uma parte da
população tem as condições necessárias para pagar pelos serviços privados
que foram valorizados no final do século passado, em contraponto, a maior
parte da população não tem tais condições, fazendo com que a única opção
seja o SUS.
Sendo assim, o SUS é direito de todos independente da classe
econômica e social. Posto isso, Paim em sua obra “O que é SUS?” disserta de
maneira explícita que o sistema é da sociedade brasileira por direito diante de
muitas lutas sociais enfrentadas pela antiga população do Brasil dito isso, o
SUS busca proporcionar um atendimento integral, abrangendo desde ações
preventivas até tratamentos mais complexos, e sua importância é ainda mais
evidente para aqueles que não têm acesso aos serviços de saúde privados.
Além disso, o SUS é um importante instrumento de redução das
desigualdades na saúde, uma vez que procura oferecer serviços de forma
equitativa em todo o país.
2) Os sistemas de saúde enquanto um conjunto de “agentes” e “agências” que
tem por “objetivo garantir a saúde das pessoas e das populações” (PAIM,
2009, p.13). Para isso, o SUS foi pensando a partir de cinco componentes:
organização (quais princípios; diretrizes; forma de distribuição da oferta de
bens e serviços, dentre outros); infraestrutura (estabelecimentos de saúde,
equipamentos, medicamentos; insumos, dentre outros); gestão (a
administração direta e indireta acerca da tomada de decisão das prioridades
e das estratégias em saúde envolvendo o pacto federativo brasileiro);
financiamento (os recursos que garantirão o direito à saúde da população a
partir do fundo público, mas também das entidades conveniadas e do
mercado) e os recursos humanos (a força de trabalho em saúde a partir do
processo de trabalho em saúde). A partir dos materiais disponibilizados
acima, problematize conforme os autores, cada um dos componentes
indicados, apontando e dissertando sobre cada um deles.

1. Organização

Para abordar a organização do SUS, é importante entender que


princípios são valores que orientam as ações. E diretrizes são orientações
gerais de caráter organizacional ou técnico. Desta forma, a organização do
SUS se dá através da “organização em rede” de forma regionalizada e
hierarquizada, ou seja, possuem uma certa integração/comunicação entre os
serviços, isso permite a garantia do atendimento integral à população, e não
fragmentando as ações em saúde. Sendo assim, os princípios do SUS são:
Regionalização: representa a articulação entre gestores estaduais e
municipais na implementação de políticas públicas, ações e serviços de saúde
qualificados e descentralizados. Organizando os mesmos em todas as regiões.
Hierarquização: é a organização dos serviços de saúde em diferentes níveis de
complexidade, sendo elas de baixa, média e alta complexidade, de acordo com
a magnitude dos problemas de saúde e a capacidade de resolução de cada
ação/serviço.
Universalidade: o acesso à saúde, em todos os níveis, é um direito de
todos e um dever do Estado. Integralidade: o cuidado de saúde deve ser
abrangente, considerando não apenas a doença, mas também fatores sociais,
articulando ações e serviços. Igualdade: o SUS busca reduzir desigualdades,
oferecendo serviços de acordo com as necessidades de cada pessoa, sem
discriminações ou privilégios. E preservação da autonomia: garante a
dignidade humana e a liberdade de escolha, sustentando o princípio da
autonomia dos cidadãos.
Concomitante a isto, as três diretrizes organizacionais presentes na
Constituição Federal de 1988, no que tange às orientações fundamentais do
SUS, são:
Descentralização: com direção única em cada esfera do governo, ou
seja, a decisão não é tomada de forma central (Brasília), e sim nos municípios,
estados e distrito federal, através das secretarias de saúde. Afinal, há a
necessidade de adequar o SUS conforme a realidade econômica, social,
sanitária, e outras especificidades de cada região.
O atendimento integral: no qual envolve a promoção, a proteção e a
recuperação da saúde, de forma integral, priorizando as atividades preventivas,
como exemplo disto, a aplicação de vacinas na população, o controle da
qualidade da água/alimentos e outros. Vale destacar, que essas ações
preventivas e curativas individuais e coletivas são conhecidas como
integralidade da atenção.
E por fim, a participação da comunidade: que possibilita o reforço da
cidadania, por meio de um espaço de democratização dos serviços e decisões
no âmbito da saúde, assegurando o controle social sobre o SUS. Sendo assim,
a população possui o direito de identificar e encaminhar soluções de
problemas, fiscalizar e avaliar as ações e os serviços públicos de saúde.

2. Infraestrutura

Assim como na Lei 8.080/90 da Constituição Federal de 1988, dispõe a


definição do SUS como uma concepção ampliada de saúde e de seus
determinantes “o conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos
e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta
e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema
Único de Saúde (Art. 4°).”
O SUS corresponde a um sistema público de saúde formado por órgãos
e instituições federais, estaduais e municipais. Segundo a Constituição Federal
(1988), as ações e serviços públicos que compõem o SUS são
complementados mediante contratos privados, que devem funcionar como se
fossem públicos. Assim, o SUS é organizado a partir de uma rede
regionalizada e hierarquizada em termos de saúde, com estabelecimentos
públicos e privados contratados.
Em relação à rede regionalizada permite a distribuição dos
estabelecimentos de saúde, dentro de uma determinada área geográfica,
resultando na disseminação e descentralização dos serviços básicos, enquanto
os serviços especializados são centralizados e concentrados. Sua
infraestrutura é multifacetada abrangendo desde a atenção primária até
serviços especializados, estabelecendo uma extensa rede de serviços,
possibilitando a distribuição de estabelecimentos de saúde em um dado
território. Constituindo-se uma ampla rede de serviços de saúde, incluindo
hospitais, clínicas, laboratórios e consultórios. Além disso, há serviços
específicos como os hospitais das forças armadas e a Rede SARAH, mantida
pela Associação das Pioneiras Sociais.
A diversidade de prestadores de serviços é uma característica do
sistema, envolvendo não apenas os serviços públicos do SUS, mas também
planos de saúde integrantes do Sistema de Assistência Médica Supletiva
(SAMS). Também, existem consultórios, clínicas e laboratórios que atendem
pacientes particulares sob o Sistema de Desembolso Direto (SDD).
O SUS realiza uma quantidade expressiva de procedimentos e serviços
de saúde, abrangendo consultas, internações hospitalares, partos, cirurgias,
transplantes, imunizações, exames e ações de vigilância sanitária. Esses
números destacam a importância da oferta de serviços de saúde pelo SUS.
O Programa de Saúde da Família (PSF) emerge como uma estratégia
fundamental para a atenção primária à saúde, com equipes multidisciplinares
atuando diretamente nas comunidades. Apesar dos avanços, consolidar o PSF
em áreas urbanas representa um desafio, exigindo uma reestruturação do
modelo de atenção para garantir equidade, qualidade e integralidade.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) destaca-se como uma
estratégia eficaz para garantir coberturas vacinais elevadas, contribuindo para
a erradicação de doenças. Além disso, a assistência farmacêutica,
implementada desde 1998, assegura o acesso a medicamentos essenciais,
genéricos, farmácia popular e terapias de alto custo.
Na área de saúde mental, o SUS oferece Centros de Atenção
Psicossocial (Caps) e Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), buscando
evitar internações em hospitais psiquiátricos e proporcionar um ambiente de
reintegração social para pessoas com transtornos mentais.

3. Gestão

A gestão do SUS no Brasil envolve uma articulação entre os entes


federativos (União, Estados, Municípios e o Distrito Federal) e se dá por meio
de um pacto federativo. O pacto federativo refere-se à distribuição de
responsabilidades e competências entre os diferentes níveis de governo no que
diz respeito à gestão e execução das ações e políticas de saúde. A
administração direta e indireta, neste contexto, também desempenha papéis
específicos na tomada de decisões, prioridades e estratégias em saúde.
Desta forma, a administração direta é composta pela União: responsável
pela administração direta no âmbito federal, representada pelo Ministério da
Saúde, desempenha um papel central na formulação de políticas, no
estabelecimento de diretrizes nacionais e na alocação de recursos financeiros
para os estados e municípios.
Os Estados: responsável pela administração direta nos estados,
representada pelas Secretarias Estaduais de Saúde, tem a responsabilidade de
implementar as políticas federais, adaptando-as às realidades estaduais e
coordenando ações de saúde em nível regional.
E os Municípios: A administração direta nos municípios, representada
pelas Secretarias Municipais de Saúde, é responsável pela execução das
políticas de saúde, incluindo a gestão de unidades de saúde, programas de
atenção básica, vacinação, entre outros.
Portanto, como discorrido no referido texto, Paim cita as administrações
indiretas, sendo elas:
Autarquias: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A Anvisa normatiza, controla e fiscaliza
produtos, substâncias e serviços de interesse para a saúde. A ANS tem como
finalidade defender o interesse público na assistência suplementar à saúde
(planos de saúde), regulando as operadoras do setor.
Fundações: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Fundação Nacional de
Saúde (Funasa). A Fiocruz desenvolve pesquisas, fabricação de vacinas,
medicamentos, reagentes e kits de diagnóstico. Também presta serviços
hospitalares e ambulatoriais, além de desenvolver atividades de ensino. A
Funasa promove povos indígenas, ações e serviços de saneamento para a
população brasileira, além de ser responsável pela promoção e proteção à
saúde dos povos indígenas.
Empresa pública: Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia
(Hemobrás). Seu objetivo é produzir hemoderivados para tratamento de
pacientes do SUS.
Sociedade de economia mista: Grupo Hospitalar Conceição. É
constituído pelo Hospital Fêmina e Hospital Cristo Redentor. Atende a
população do Rio Grande do Sul.
Deste modo, o pacto federativo, no contexto do SUS, é formalizado por
meio de instrumentos como a Comissão Inter gestores Tripartite (CIT), que
reúne representantes da União, Estados e Municípios. Essa comissão
estabelece diretrizes e normas operacionais para a gestão do SUS, além de
discutir a distribuição de recursos. Desta forma, pode-se dizer que as decisões
e estratégias são:
Negociação tripartite: as decisões sobre prioridades e estratégias são
geralmente resultado de negociações entre os diferentes níveis de governo na
CIT. Conferências de saúde: a participação da sociedade civil, por meio das
Conferências de Saúde, também influencia a definição de prioridades e
estratégias. E planos de saúde: cada ente federativo deve elaborar o seu Plano
de Saúde, alinhado às diretrizes nacionais, onde são estabelecidas metas e
estratégias para um período determinado.
Em resumo, a gestão do SUS envolve uma complexa interação entre a
administração direta e indireta, bem como a articulação entre os diferentes
entes federativos, visando à promoção da saúde e à garantia do acesso
universal, igualitário e integral aos serviços de saúde no Brasil.
4. Financiamento

Como delineado no texto, o Sistema Único de Saúde (SUS) é um pilar


essencial para garantir o direito à saúde da população brasileira, seu
financiamento é uma rede complexa de recursos provenientes dos tributos
destinados ao Estado em diferentes esferas governamentais. A base do
financiamento do SUS reside nos tributos pagos pela sociedade,
compreendendo impostos como o Imposto de Renda de pessoas físicas e
jurídicas, Imposto de Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS), e Imposto Predial e Territorial Urbano
(IPTU), entre outros. Esses recursos, arrecadados nos níveis federal, estadual
e municipal, são essenciais para manter o funcionamento do sistema.
A Emenda Constitucional nº 29 de 2000, uma medida crucial, foi
introduzida para mitigar a instabilidade no financiamento do SUS. Estabelece
que os gastos da União devem ser equiparados ao ano anterior, ajustados pela
variação do Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, os estados têm
obrigações específicas, destinando 12% de suas receitas para o financiamento
à saúde. Já os municípios precisam aplicar pelo menos 15% de suas receitas.
Os recursos dos estados são compostos por uma variedade de fontes, desde
impostos estaduais até transferências da União, enquanto os municípios
contam com impostos municipais e transferências tanto da União quanto do
estado. O cálculo do montante destinado à saúde segue critérios específicos
para cada esfera de governo.
O texto também destaca as transferências "fundo a fundo", realizadas de
maneira direta pelos fundos de saúde, proporcionando uma alocação
transparente e técnica dos recursos, minimizando possibilidades de desvios.
Paralelamente, às transferências voluntárias por meio de convênios entre
esferas de governo representam uma parcela menor, mas não menos
importante, do financiamento. Além do financiamento proveniente dos recursos
públicos, o Sistema Único de Saúde (SUS) também se utiliza da colaboração
de entidades conveniadas e do setor privado, constituindo uma abordagem
integrada para garantir o acesso amplo e efetivo à saúde.
As entidades conveniadas desempenham um papel significativo no
cenário de saúde pública, contribuindo com serviços específicos em parceria
com o SUS. Essas organizações, que podem incluir instituições filantrópicas,
organizações não governamentais (ONGs) e entidades privadas, firmam
convênios com o sistema para oferecer determinados serviços ou
procedimentos. Essa colaboração amplia a capacidade do SUS em atender às
demandas da população, especialmente em áreas específicas ou em situações
de maior complexidade.
No entanto, é fundamental que essas parcerias sejam conduzidas de
maneira transparente e em conformidade com os princípios do SUS. A busca
por eficiência e qualidade na prestação dos serviços deve ser acompanhada
por mecanismos de controle e fiscalização, a fim de garantir que os recursos
públicos destinados a essas entidades sejam utilizadas de maneira adequada e
em benefício da população.
No âmbito do mercado, a participação do setor privado na prestação de
serviços de saúde é uma realidade no Brasil. Clínicas particulares, hospitais
privados e planos de saúde desempenham um papel relevante no sistema de
saúde do país. Embora esses serviços sejam pagos diretamente pelos usuários
ou por meio de planos privados, é importante ressaltar que o acesso universal
à saúde é um princípio do SUS.
A ambiguidade entre o setor público e privado no panorama da saúde
brasileira levanta desafios e discussões sobre equidade e acesso universal. O
financiamento do SUS, nesse contexto, visa não apenas complementar as
lacunas deixadas pelo setor privado, mas principalmente assegurar que a
saúde seja um direito fundamental garantido a todos, independentemente de
sua condição financeira. Em resumo, as entidades conveniadas e a presença
do setor privado representam elementos complementares no complexo do
sistema de saúde brasileiro.
Contudo, apesar dos mecanismos de controle, fiscalização e da
importância dessas iniciativas, o texto também ressalta a necessidade de uma
gestão eficiente e o desafio central do SUS: o financiamento. Os recursos
atuais, embora crescentes em termos absolutos, ainda são insuficientes para
um sistema de saúde universal, colocando em evidência a importância de uma
distribuição adequada entre gastos públicos e privados.
5. Os recursos humanos

Em relação aos recursos humanos e o processo de trabalho em saúde,


é possível dizer que ocorre descontinuidade administrativa. Além disso, o autor
discorre sobre questões político-partidárias que têm como consequência a alta
rotatividade de profissionais e trabalhadores de saúde.
Deste modo, em relação a descontinuidade administrativa sugere que há
mudanças frequentes nas políticas de saúde, gestão e prioridades ao longo do
tempo, o que pode impactar negativamente a continuidade e efetividade das
ações no sistema. Essas mudanças podem estar relacionadas a diferentes
governos e suas abordagens específicas para a área da saúde, levando a
alterações nas equipes, nos programas e nas diretrizes, prejudicando a
implementação integral de políticas de saúde.
Já rotatividade de profissionais, está intimamente ligada à incerteza
associada às mudanças políticas, às condições instáveis de trabalho e à falta
de reconhecimento profissional. A utilização de contratos de trabalho precários,
como contratos temporários ou terceirização, contribui para essa rotatividade,
impactando negativamente na continuidade e a qualidade dos serviços
oferecidos à população.

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