Você está na página 1de 11

Saúde Coletiva

(Revisão)

Introdução à Saúde Pública


A Saúde Pública é uma arte que trata da relação de cuidado entre os seres humanos. Nesse
cuidado está em foco a nossa relação com a vida, à saúde e o ambiente.

Assim, assumimos que saúde pode abranger diversos significados que muda com o tempo, o local e
com quem realiza esta arte. Assim, ao pensarmos em saúde, devemos considerar: o A evolução da
humanidade; o Os efeitos produzidos por essa evolução; o As teorias implantadas ao longo do
tempo; o Como se faz saúde.

A Segunda Guerra Mundial foi um conflito que envolveu direta ou indiretamente todos os países do
mundo, com perdas tanto materiais quanto em número de vidas incalculáveis (HOBSBAWM, 2011,
p. 56). Após seu término, foi fundada, em 1948, a Organização Mundial da Saúde (OMS), organismo
internacional iria criar uma definição.

De saúde que, ao tomá-la não só como ausência de doença, mas um completo bem-estar físico,
psíquico e social, buscava superar a concepção biomédica utilizada até então.

Dessa forma, consideramos que a Saúde Coletiva é, hoje em dia, o espaço social em que se
concentram as abordagens e pesquisas críticas sobre a questão. Julgamos, portanto, que se trata
do espaço mais desenvolvido na discussão, contendo o mais elaborado até então sobre o assunto.
É o espaço que abarca as análises críticas em relação à construção biomédica da Medicina e busca
tecer outras relações entre saúde e sociedade. Em saúde coletiva, conheceremos a fundo, o
trabalho das unidades básicas de saúde no cuidado a população.

Objetivo da saúde pública: Promover a melhoria e bem estar da saúde de todos os cidadãos.

Segundo a lei 8.080 de 19 de setembro de 1990, art.2 “Saúde é um direito de todos e qualquer ser
humano, devendo o estado proverem as condições necessárias.”.

1989 - BRASIL REPÚBLICA


A saúde pública desde a época do Brasil colônia sofre mudanças devido às políticas implantadas.
No início quando o Brasil ainda era colônia havia o conflito das culturas: os pajés com suas ervas e
cantos para os índios, os jesuítas e os boticários para os brancos e os negros com a força da sua fé
em suas crenças. Não havia saneamento básico nem infraestrutura hospitalar, apenas casas
cuidadas pelos jesuítas que funcionavam como enfermarias. Inexistência de um modelo de saúde.

As Santas Casas são no Brasil e no mundo uma instituição que marcou a história da assistência à
saúde. No Brasil, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia surgiu ainda no período colonial,
instalando-se em Santos desde 1543, seguido pela Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Olinda e
São Paulo, sendo a primeira instituição hospitalar do país, destinada a atender aos enfermos dos
navios dos portos e moradores das cidades. Nesse período, entretanto, não se pode destacar
nenhuma prática como científica, por que esses saberes só emergiram no país a partir da vinda da
Corte portuguesa e da criação das faculdades de Medicina e de Direito.

No século XIX, com a chegada da família real ao Brasil em (1808), houve a necessidade de evoluir a
forma como a saúde era tratada no país. Houve uma organização de uma estrutura sanitária
mínima, mas a saúde ainda estava arraigada a interesse econômicos, a assistência médica ainda
era formada por boticários. Houve a necessidade da criação da inspetoria sanitária dos portos,
encarregada da direção e da prestação de socorros médicos aos homens de mar, da polícia
sanitária dos navios e dos ancoradouros, do serviço de profilaxia internacional, da fiscalização do
cumprimento dos tratados sanitários com outras nações. Surgiu então, a primeira faculdade de
medicina do país: o Colégio Médico-Cirúrgico cinco no Real Hospital Militar em Salvador e a Escola
de Cirurgia do Rio de Janeiro. 1889- Brasil república Organização jurídico política era voltada para a
burguesia e o Coronelismo imperava diante dos interesses da população inclusive sobre os
interesses com a saúde da população. Doenças como, varíola, malária, febre amarela exerciam
impactos na saúde coletiva e consequentemente ao comércio exterior, originando a fama de “Costas
pestilentas”.

De 1902 a 1906 no governo de Rodrigo Alves, houve a primeira medida sanitarista no país. Iniciava-
se assim a Era Oswaldo Cruz, que foi nomeado o médico sanitarista para dar um jeito nas doenças
que assolavam o país devido à falta de saneamento básico. E tomando medidas condenadas pela
população o sanitarista convocou em torno de 1.500 pessoas que invadiam as casas, queimavam
roupas e colchões para combater doenças como: febre amarela, varíola, peste bubônica e malária
que se espalhavam facilmente. O estopim de tudo isso ocorreu com a obrigatoriedade de se tomar a
vacina antivaríola, a população foi às ruas (Revolta da Vacina) e Oswaldo foi afastado.

1930 – ERA VARGAS


Pouco foi feito após esse período. A política de saúde só começou a mudar a partir da Revolução de
1930, quando Getulio Vargas assumiu o poder. Assim, na Era Vargas ocorreram os seguintes fatos:
a Saúde pública foi institucionalizada pelo Ministério da Educação e Saúde Pública; a Previdência
social e saúde ocupacional institucionalizada pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio;
criaram-se os Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAP) que estendem a previdência social à maior
parte dos trabalhadores urbanos (1933-38).

A lei nº 378, de 1937, que deu organização nova ao Ministério da Educação e Saúde, instituiu a
Conferência Nacional de Educação e a Conferência Nacional de Saúde, como órgãos destinados a
promover o permanente entendimento destes Ministérios com os governos estaduais no terreno da
administração dos negócios de sua competência, um marco na saúde do Brasil. Sendo assim, em
1941 a 1ª Conferência Nacional de Saúde aconteceu com o objetivo de discutir, situação da saúde
do país e de organização de diretrizes para seis as políticas públicas no setor, incluído estado e
municípios nas políticas de saúde que até então eram de domínio apenas federal, reunindo cidadãos
pela defesa da garantia de direitos, em atenção às necessidades da população, além de um plano
nacional de proteção à infância e juventude que até ficavam desagregados dos serviços de saúde.

Muito embora a história da Saúde Pública Brasileira tenha início em 1808, o Ministério da Saúde só
veio a ser instituído no dia 25 de julho de 1953, com a Lei nº 1.920, que desdobrou o então
Ministério da Educação e Saúde em dois ministérios: Saúde e Educação e Cultura. A partir da sua
criação, o Ministério passou a encarregar-se, especificamente, das atividades até então de
responsabilidade do Departamento Nacional de Saúde (DNS), mantendo a mesma estrutura que, na
época, não era suficiente para dar ao órgão governamental o perfil de Secretaria de Estado,
apropriado para atender aos importantes problemas da saúde pública existentes.

Em 1964, os militares assumem o governo e Raymundo de Brito firma-se como ministro da saúde e
reitera o propósito de incorporar ao MS a assistência médica da Previdência Social, dentro da
proposta de fixar um Plano Nacional de Saúde segundo as diretrizes da III Conferência Nacional de
Saúde. As políticas de previdência social ainda se encontravam plenamente arraigadas e
descentralizadas entre as classes trabalhadoras.
E em 1967 foi criado o INPS – INSTITUTO NACIONAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, que prestava
assistência médica, mas houve mais procura pelos serviços do que podia ser ofertado e o governo
então resolveu pagar a rede privada pelos serviços prestados a população. A estrutura precisou ser
modificada e foi criado em 1978, o INAMPS - INSTITUTO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA MÉDICA
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, que foi o intermediário dos repasses para a iniciativa privada.

1986- 8ª Conferência Nacional de Saúde


A oitava Conferência Nacional de Saúde: quando o SUS ganhou forma, foram lançadas as diretrizes
para a construção de um sistema descentralizado e único. Saúde é vista como dever do Estado.
Mais de quatro mil participantes, 135 grupos de trabalho e objetivos muito claros: contribuir para a
formulação de um novo sistema de saúde e subsidiar as discussões sobre o setor na futura
Constituinte. Foi um dos momentos mais importantes na definição do Sistema Único de Saúde
(SUS) e debateu três temas principais: ‘A saúde como dever do Estado e direito do cidadão’, ‘A
reformulação do Sistema Nacional de Saúde’ e ‘O financiamento setorial’.

A partir da promulgação da Constituição, em 1988, a saúde ganhou rumos diferentes com a


consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), através da lei 8080. A Constituição Federal de
1988 definiu, em seu artigo 196, que a SAÚDE É DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO.
Consolidando os objetivos do Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com as diretrizes de
descentralização, atendimento integral e participação popular, respeitando os princípios de
universalidade, integralidade e igualdade firmados na própria Constituição.

O SUS representa uma conquista da sociedade brasileira porque promove a justiça social, com
atendimento a todos os indivíduos. Além disso, é o maior sistema público de saúde do mundo,
atendendo a cerca de 190 milhões de pessoas, sendo que 80% delas dependem exclusivamente do
sistema para tratar da saúde. Ao longo de quase 30 anos de existência, o SUS avançou
historicamente com medidas como a descentralização e a municipalização de ações e serviços, o
fortalecimento da atenção básica; a ampliação de ações de prevenção a doenças; o investimento em
pesquisa e desenvolvimento científico-tecnológico de equipamentos e insumos estratégicos, como
vacinas e medicamentos; o desenvolvimento de sistemas de informação e de gestão para monitorar
resultados; a ampliação no número de trabalhadores em saúde, e a maior participação e controle
social por meio da atuação efetiva dos Conselhos Municipais e Estaduais de Saúde. E tudo mais
que você aprenderá aqui em Saúde Coletiva, nas próximas páginas, conheceremos acerca da
assistência a saúde da população no âmbito do SUS das diretrizes do Ministério da Saúde.

O SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

Para entender e valorizar o SUS basta olhar para o sistema de saúde de outros países, por
exemplo, em países ricos como EUA, não há um sistema único e para todos de assistência
gratuita, apenas pessoas “abaixo” da linha de pobreza e idosos são os únicos beneficiados
por serviços gratuitos como que prestam apenas atendimentos mais “simples e de
emergência”. Para os demais cidadãos a única forma de receber atendimento é pagando um
convênio particular, que todo cidadão precisa ter, os cuidados médicos nos Estados Unidos
custam caro. O sistema de saúde dos Estados Unidos é polêmico e vem sofrendo alterações
desde 2010, quando o então presidente Barack Obama instituiu uma lei prevê que todos os
cidadãos devem ter um convênio particular. No Brasil, quando um cidadão é atendido no
SUS, o atendimento em nada é cobrado do cidadão, o atendimento é 100% custeado através
do dinheiro público, assim como medicamentos de distribuição gratuita, vacinas, exames e
cirurgias, de menos a maior complexidade, a adesão ao um plano particular de saúde, é
opcional ao cidadão, que mesmo tendo, ainda sim poderá usufruir do SUS. A despeito de
qualquer crítica que possamos fazer a proposta do SUS de ser acessível e direito de todos é
muito válida. Evidentemente não somos os únicos a investir nesta forma de sistema universal.
Em nações como Canadá, França e Suíça o conceito também é aplicado, resultando inclusive
em um serviço de altíssima qualidade. O SUS é um dos maiores sistemas públicos de saúde
do mundo, pois abrange desde o sistema de atendimento ambulatorial até o transplante de
órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. É bem
verdade que o SUS, ainda não é perfeito, e como não poderia deixar de ser, está em
constante processo de aperfeiçoamento. De todos os países que possuem um sistema de
saúde semelhante ao SUS, de todos eles o brasileiro é o que possui um menor orçamento
dedicado ao setor. Em 2014, a União investiu 6,7% do orçamento em saúde. Enquanto em
outros países se gastam entre 14,9% e 27,9% do orçamento do governo na área. O
investimento brasileiro em saúde é pequeno, o que faz com que o serviço fique
comprometido: atendimento de baixa qualidade falta de leitos e um tempo de espera muito
longo para realizar procedimentos. Por um lado, a promoção da saúde à população nunca
deixará de sofrer transformações, pois, como as sociedades são dinâmicas, a cada dia
surgem novas tecnologias que devem ser incorpora- das para a melhoria dos serviços e das
ações de saúde. Da mesma forma, é constante o surgimento de novos agravos à saúde que
carecem de novas profilaxias e de novos cuidados. Sob outro aspecto, não obstante todo o
caminho já percorrido até aqui, o SUS ainda está em estruturação. Desse modo, trabalha-se
arduamente pela consolidação de seus princípios doutrinários.

Objetivos do e Princípios do SUS


O SUS tem os seguintes objetivos: – Identificar e divulgar os fatores condicionantes e
determinantes da saúde; – Formular a política de saúde nos campos econômicos e
sociais para reduzir riscos de doenças e outros agravos; – Oferecer assistência à
população por meio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a
execução de ações assistenciais e preventivas de modo a garantir às pessoas a
assistência integral à sua saúde.

Princípios gerais do SUS: está fundamentado no acesso universal, na assistência


Integral e igualitária e isso representa um grande avanço por permitir a inclusão social
de milhões de brasileiros às ações de saúde. A lei 8080, também estabelece princípios
doutrinários e organizativos do SUS, esta é uma parte muito importante do seu
aprendizado, no entanto... Quando falamos de SUS logo surgem pensamentos do tipo:
serviço da saúde de má qualidade falta tudo, o SUS é uma piada, esse sistema não
presta, não funciona... É geralmente ouvimos.

O SUS está dividido segundo os seus princípios em doutrinários – expressam ideias


filosóficas, e princípios organizativos – orientam o funcionamento do sistema. Os princípios
doutrinários são três: 1- UNIVERSALIDADE, 2- EQUIDADE e a 3- INTEGRALIDADE. Os
organizativos são: 1- DESCENTRALIZAÇÃO, 2- REGIONALIZAÇÃO, 3- HIERARQUIZAÇÃO,
4- PARTICIPAÇÃO e 5- CONTROLE SOCIAL.

UNIVERSALIDADE – esse princípio está baseado no direito constitucional de que saúde é


um direito fundamental de todo ser humano, garantido pelo Estado. De acordo com a Lei
8.080/90. Esse direito vai além do acesso aos serviços de saúde ele engloba o conjunto de
políticas públicas que visam à melhoria das condições de vida da população.

EQUIDADE – princípio em que o SUS deve assegurar ações e serviços de todos os níveis de
acordo com a complexidade, sem privilégios e sem barreiras. Ou seja, igualdade no acesso
aos serviços e ações de saúde de acordo com o artigo 196 da Constituição Federal.
INTEGRALIDADE – compreendida a partir da Lei 8.080/90 como a integração entre a
prevenção, promoção e a recuperação no cuidado prestado a todo cidadão que utiliza o
serviço do SUS individualmente ou coletivamente. Este princípio considera as pessoas como
um todo, atendendo a todas as suas necessidades. Para isso, é importante a integração de
ações, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a
reabilitação.

DESCENTRALIZAÇÃO – A descentralização caracteriza-se quando um poder antes


absoluto, passa a ser repartido. No SUS esta redistribuição das responsabilidades quanto às
ações e serviços de saúde é entre os três níveis do governo – federal estadual e municipal. A
descentralização para a municipalização significa reconhecer o município como principal
responsável pela saúde da população.

HIERARQUIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO – Regionalização e Hierarquização são os


serviços devem ser organizados em níveis crescentes de complexidade, circunscritos a uma
determinada área geográfica, planejados a partir de critérios epidemiológicos, e com definição
e conhecimento da população a ser atendida. A Regionalização é a forma de organização do
sistema de saúde com base territorial e populacional, visando uma adequada distribuição dos
serviços para a promoção da equidade de acesso, otimização dos recursos e racionalidade de
gastos. A hierarquização afirma que o sistema deve se organizar por níveis de atenção de
complexidade de modo a garantir assistência integral e resolutiva à população.

PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL – Garantia constitucional de que a população, por


meio de suas entidades representativas, participe do processo de formulação, do controle e
da execução das políticas pública de saúde o país. A população verifica, assim, se o poder
público está, de fato, atendendo às demandas da sociedade. Em resumo: a participação
social visa ao diálogo entre a sociedade e o governo no processo decisório das políticas
públicas, e o controle social permite que a sociedade fiscalize as ações do governo.

AS COMPETÊNCIAS DAS ESFERAS


COMPETÊNCIA FEDERAL: O Ministério da Saúde, Gestão Nacional do SUS, tem a função
de elaborar políticas e diretrizes nacionais, bem como colaborar com os sistemas de saúde
estaduais e municipais, repassar os recursos previstos em orçamento e regulá-los. Atenção
Básica Média Complexidade Alta Complexidade 12 As competências da União estão ainda
vinculadas à participação na formulação de políticas nacionais de nutrição, meio ambiente,
saneamento básico e saúde do trabalhador, bem como definir e coordenar os sistemas de
redes integradas de assistência de alta complexidade, de rede de laboratórios de saúde
pública, de Vigilância Epidemiológica e Vigilância Sanitária. A União, através do MS, também
deve promover articulação com os órgãos educacionais (como ocorre no Programa Mais
Médicos) e de fiscalização do exercício profissional, com entidades representativas de
formação de recursos humanos na área de saúde e se articular também com outros órgãos
governamentais para formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução da política
nacional e produção de insumos e equipamentos para a saúde.

COMPETÊNCIA ESTADUAL: À direção estadual do Sistema Único de Saúde compete – para


o bem da estrutura do Sistema e dos princípios da Descentralização e Regionalização –
promover a descentralização para os municípios dos serviços e das ações de saúde,
acompanhando, controlando e avaliando as redes hierarquizadas do SUS, estabelecendo
normas, em caráter suplementar, para o controle e avaliação das ações e serviços de saúde e
também no caso da Vigilância Sanitária. Os estados também devem prestar apoio técnico e
financeiro aos municípios e executar supletivamente ações e serviços de saúde, inclusive no
que diz respeito à Vigilância Epidemiológica, Vigilância Sanitária, alimentação e nutrição e
saúde do trabalhador, sem esquecer-se de falar da participação no controle dos agravos do
meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana. Em caráter suplementar, as
secretarias de Saúde dos estados devem formular executar, acompanhar e avaliar a política
de insumos e equipamentos para a saúde, identificar estabelecimentos hospitalares de
referência e gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência estadual e regional,
bem como coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública e hemocentros e gerir
as unidades que permaneçam em sua organização administrativa.

COMPETÊNCIA MUNICIPAL: À direção municipal do Sistema Único de Saúde compete o


planejamento, organização, controle e avaliação das ações e os serviços de saúde, gerindo e
prestando os serviços públicos de saúde à população. Quando necessário, pode celebrar
contratos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de saúde, bem como
controlar, fiscalizar e avaliar sua execução. O gestor municipal deve ser ativo no
planejamento, programação e organização da rede regionalizada e hierarquizada do SUS, em
articulação com a gestão estadual, e normatizar complementarmente as ações e serviços
públicos de saúde no seu âmbito de atuação. Outras atribuições são: participar da execução,
controle e avaliação das ações referentes às condições e aos ambientes de trabalho, executar
serviços de Vigilância Epidemiológica, Sanitária, de alimentação e nutrição, além do
saneamento básico, claro.

Uma recente alteração na lei nº 8.080/90 altera o art. 7º da Lei, e garante o atendimento
público específico e especializado para mulheres e vítimas de violência doméstica em
geral. A lei 13.427, de 30 de março de 2017, assegura, entre outros, atendimento,
acompanhamento psicológico e cirurgias plásticas reparadoras.

PACTO PELA SAÚDE


O Pacto pela Saúde é um instrumento que veio produzir mudanças significativas nas
normativas do Sistema Único de Saúde (SUS) e comportam três dimensões - Pacto pela Vida,
- Pacto em Defesa do SUS e - Pacto de Gestão. Tem como “finalidade a qualificação da
gestão pública do SUS, buscando maior efetividade, eficiência e qualidade de suas
respostas”. O Sistema Único de Saúde é uma política pública com mais de 20 anos de
existência. Nesse período, como você tem aprendido, houve muitos avanços e também
desafios.

O Pacto pela Saúde 2006, anualmente revisado tem como ênfase as necessidades de saúde
da população, o compromisso público, que os gestores do SUS assumem, de enfrentar
desafios e consolidar avanços no fortalecimento do sistema de saúde. O Pacto é resultado de
muitas discussões desde 2003, quando o CONASS, solicitou ao Ministério da Saúde revisão
dos processos normativos do SUS.

Os gestores compreendiam que as normativas do SUS deveriam contemplar a diversidade do


Brasil e novas normativas teriam que contemplar os princípios do SUS, sob a égide da
responsabilidade sanitária, adequada à realidade de cada Estado e região do país, integrando
ações de promoção à saúde, atenção primária, assistência de média e alta complexidade,
epidemiologia e controle de doenças, vigilância sanitária e ambiental. As ações consideradas
prioritárias para os secretários foram: compromisso com o SUS e seus princípios;
fortalecimento da Atenção Primária; a valorização da saúde; a articulação intersetorial; o
fortalecimento do papel dos Estados; a luta pela regulamentação da Emenda Constitucional
29 (que regulamenta os recursos mínimos para o financiamento das ações e serviços públicos
de saúde) e por mais recursos financeiros para a área da saúde.
Depois de mais de dois anos de discussão, em 22 de fevereiro de 2006 o Ministério da
Saúde pública a Portaria GM/MS 399 que divulga o Pacto pela Saúde 2006 – Consolidação
do SUS e aprova as diretrizes operacionais do referido pacto. Prioridades são estabelecidas
por meio de metas nacionais, estaduais, regionais ou municipais. Em 2009 pactos pela vida já
possuíam 11 componentes:

Atenção à saúde do idoso: OBJETIVOS: - Promover a formação e educação permanente


dos profissionais de saúde do SUS na área de saúde da pessoa idosa.

Controle do câncer de colo de útero e de mama: OBJETIVOS: - Ampliar a oferta do exame


preventivo do câncer do colo do útero visando alcançar uma cobertura de 80% da população
alvo. - Tratar/seguir as lesões precursoras do câncer do colo do útero no nível ambulatorial. -
E ampliar a oferta de mamografia visando alcançar uma cobertura de 60% da população alvo

Redução da mortalidade infantil e materna: OBJETIVOS: - Reduzir a mortalidade infantil.


Reduzir a mortalidade materna

Fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emergentes e endemias, com


ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária, influenza, hepatite, AIDS:
OBJETIVOS: - Reduzir a letalidade dos casos graves de dengue. - Aumentar o percentual de
cura nas coortes de casos novos de hanseníase a cada ano para atingir 90% de cura em
2011. - Ampliar a cura de casos novos de tuberculose pulmonar bacilífera diagnosticados a
cada ano. Reduzir a incidência de malária na região da Amazônia Legal. - Aumentar a
proporção de coleta de amostras clínicas para o diagnóstico do vírus influenza de acordo com
o preconizado. - Fortalecer a vigilância epidemiológica da doença para ampliar a detecção de
casos de hepatite B, e a qualidade do encerramento dos casos por critério laboratorial. -
Reduzir a transmissão vertical do HIV.

Promoção da saúde: OBJETIVOS: - Reduzir os níveis de sedentarismo na população. -


Reduzir a prevalência do tabagismo no país.

Fortalecimento da atenção básica: OBJETIVOS: - Ampliar a cobertura populacional da


Atenção Básica por meio da Estratégia Saúde da Família. - Ampliar o acesso à consulta pré-
natal. 16 - Reduzir a internação hospitalar por diabetes mellitus no âmbito do SUS. - Reduzir a
internação hospitalar por acidente vascular cerebral (AVC) no âmbito do SUS. - Reduzir e
monitorar a prevalência de baixo peso em crianças menores de cinco anos.

Saúde do trabalhador: OBJETIVOS: Aumentar a identificação e a notificação dos agravos à


Saúde do Trabalhador a partir da rede de serviços sentinela em Saúde do Trabalhador,
buscando atingir toda a rede de serviços do SUS.

Saúde mental: OBJETIVOS: Ampliar o acesso ao tratamento ambulatorial em saúde mental.

Fortalecimento da capacidade de resposta do sistema de saúde às pessoas com deficiência:


OBJETIVOS: Ampliar as Redes estaduais de Serviços de Reabilitação para Pessoas com
Deficiência.

Atenção integral às pessoas em situação ou risco de violência: OBJETIVOS: Ampliar a


rede de prevenção de violência e promoção à saúde nos estados e municípios.

Saúde do homem: OBJETIVOS: - Inserir estratégias e ações voltadas para a Saúde do


Homem nos Planos de Saúde Estaduais e Municipais - Ampliar o acesso a cirurgias de
patologias e cânceres do trato genital masculino.
PROGRAMA NACIONAL DE ATENÇAÃO BÁSICA, SUAS AÇÔES E PROGRAMAS.

A atenção básica ou atenção primária em saúde é conhecida como a "porta de entrada" dos
usuários nos sistemas de saúde. Ou seja, é o atendimento inicial. Seu objetivo é orientar
sobre a prevenção de doenças, solucionar os possíveis casos de agravos e direcionar os
mais graves para níveis de atendimento superiores em complexidade. A atenção básica
funciona, portanto, como um filtro capaz de organizar o fluxo dos serviços nas redes de
saúde, dos mais simples aos mais complexos. Aprenderás mais a frente mais detalhes sobre
os três níveis de atenção (primária secundária e terciária). No Brasil, há diversos programas
governamentais relacionados à atenção básica, sendo um dos principais deles a Estratégia de
Saúde da Família (ESF), que leva serviços multidisciplinares às comunidades por meio das
Unidades Básicas de Saúde (UBSs), por exemplo. Consultas, exames, vacinas, radiografias e
outros procedimentos são disponibilizados aos usuários nas UBSs.

SAÚDE DA FAMÍLIA

A Estratégia de Saúde da Família (ESF) foi criada em 1994 e tem se fortalecido como
uma porta de entrada no Sistema Único de Saúde. No entanto, inicialmente, não era uma
estratégia, mas sim um “programa” do Ministério da Saúde (chamado de Programa Saúde
da Família – PSF – e regularizado em 1994). Devido ao seu impacto positivo na saúde
brasileira, teve sua abrangência aumentada, bem como caráter estendido ao nível de
estratégia. Desta forma, passa a ser entendido como estratégia a partir do ano de 20038.
Hoje, a ESF é baseada na proximidade das equipes médicas com a família e a
comunidade. O envolvimento com a família permite que o profissional da saúde entenda
melhor a sua realidade e também contribui para que haja maior adesão aos tratamentos8

Conhecer a comunidade é fundamental nessa estratégia, pois cada cidade, região ou


bairro tem características específicas e, portanto, necessidades diferentes no que diz
respeito à saúde. A Equipe de Saúde da Família está ligada à Unidade Básica de Saúde e
é composta por:

• Médico generalista ou especialista em saúde da família ou médico de família e


comunidade;
• Enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família, auxiliar ou técnico de
enfermagem;
• Agentes comunitários de saúde;
• Cirurgião-dentista generalista ou especialista em saúde da família e auxiliar ou técnico
em saúde bucal (opcional).
Cabe a essas equipes, além dos atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde: entender
a realidade das famílias, os riscos aos qual a população está exposta e problemas de
saúde mais comuns; promover na comunidade discussões relacionadas à cidadania e
direitos de saúde e incentivar a participação da comunidade nos conselhos locais e no
Conselho Municipal de Saúde8.
Outro programa de extrema importância na atenção básica e reconhecido pelo seu valor é
o PNI.

PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO: O Programa Nacional de Imunização do Brasil


é um caso de sucesso reconhecido internacionalmente. Através desse programa algumas
doenças, como a varíola e a poliomielite (paralisia infantil), foram erradicadas. Somado a
isso, foram reduzidos casos de morte em decorrência de doenças como sarampo,
rubéola, tétano, difteria e coqueluche8. Outro destaque nacional é o fato de o Brasil
oferecer gratuitamente todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial da
Saúde. São mais de 300 milhões de doses anuais aplicadas na população. O programa
ainda tem como um de seus princípios a inclusão social, por isso as vacinas são
oferecidas a toda a população, sem qualquer tipo de distinção8. As aplicações são
realizadas conforme calendário de imunização, situação epidemiológica e diferem para
cada etapa da vida que você conhecerá bem ao final desta matéria. Além daquelas que
devem ser tomadas por toda a população, há vacinas específicas para gestantes, povos
indígenas e pessoas que tem como destino de viagem lugares onde há risco de alguma
doença8. Para que as doenças sejam de fato erradicadas e não haja novos surtos
epidêmicos, é fundamental que a população tenha consciência e esteja em dia com suas
vacinações.

PROGRAMA FARMÁCIA POPULAR DO BRASIL: Esse programa foi criado em 2004


com o objetivo de fornecer à população medicamentos considerados essenciais e hoje
funciona com farmácias comerciais que se credenciam ao programa. Os medicamentos
oferecidos gratuitamente são para as seguintes doenças: hipertensão; diabetes; asma8.
Para outros remédios são oferecidos descontos. É o caso do colesterol alto, rinite,
Parkinson, osteoporose e glaucoma. Também há a possibilidade de copagamento para
anticoncepcionais e fraldas geriátricas8. Além dos remédios que são disponibilizados pelo
Programa Farmácia Populares, há diversos outros medicamentos oferecidos pelo SUS
em suas unidades de atendimento, que podem sofrer alguma variação de município para
município. Atualmente são quase 900 remédios fornecidos sem custo pelo SUS e que
estão descritos na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais – RENAME .
Desta forma, o atendimento pelo SUS acontece em três níveis de atenção:
1- No primeiro, está as Unidades Básicas ou Postos de Saúde, a “porta de entrada”
ao SUS, onde são marcadas consultas e exames e realizados procedimentos
menos complexos, como vacinação e curativos.
2- No segundo, entendido como de média complexidade, estão as Clínicas, Unidades
de Pronto Atendimento e Hospitais Escolas, que dão conta de alguns
procedimentos de intervenção, bem como tratamentos a casos crônicos e agudos
de doenças.
3- E no terceiro, de alta complexidade, estão os Hospitais de Grande Porte, onde são
realizadas manobras mais invasivas e de maior risco à vida.

UBS X USF X UPAS


A orientação começa pela Atenção Básica, a porta de entrada preferencial do SUS.
As Unidades Básicas de Saúde (UBS), popularmente conhecidas como postos de
saúde são locais onde o cidadão pode receber os atendimentos gratuitos
essenciais em saúde da criança, da mulher, do adulto e do idoso, além de
odontologia, requisições de exames por equipes multiprofissionais e acesso a
medicamentos.
Na UBS, o clínico geral também pode marcar consultas para procedimentos
eletivos e exames mais específicos com especialistas da rede pública ou em
clínicas credenciadas à Prefeitura por meio de licitação.
A USF tem perfil semelhante, também voltada a atendimentos primários e o
mesmo acompanhamento de pessoas com doenças crônicas, como diabetes e
hipertensão. A diferença, no caso de uma USF, está na promoção da prevenção de
doenças com grupos de moradores de cada território, por meio de agentes
comunitários e assistentes sociais. Juntas, ambas as unidades resolvem grande
parte dos problemas de saúde da população do zoneamento que está sob sua
responsabilidade. É importante observar que UBS e USF atuam diretamente nos
bairros onde as pessoas vivem.
Já as UPAs 24h reorganizam a urgência e a emergência dos hospitais do SUS.
Essas 22 unidades são responsáveis por prestar atendimento de média
complexidade, como em casos de vítimas de acidentes e problemas cardíacos. As
UPAs dão conta de atender, sem a necessidade de encaminhamento ao
pronto socorro hospitalar, uma grande parcela dos pacientes que as procura.
Nessas unidades, o usuário é avaliado de acordo com a classificação de risco,
podendo ser liberado ou permanecer em observação por até 24 horas ou, se
preciso, ser removido ao hospital de referência.
Diferentemente da promoção da saúde, a prevenção de enfermidades tem como
objetivo a redução do risco de se adquirir uma doença específica por reduzir a
probabilidade de que uma doença ou desordem venha a afetar um indivíduo
(CZERESNIA, 2003)
A) PREVENÇÃO PRIMÁRIA: é a ação tomada para remover causas e fatores de
risco de um problema de saúde individual ou populacional antes do
desenvolvimento de uma condição clínica11. Inclui promoção da saúde e proteção
específica (ex.: imunização, orientação de atividade física para diminuir chance de
desenvolvimento de obesidade).
B) PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: é a ação realizada para detectar um problema de
saúde em estágio inicial, muitas vezes em estágio subclínico, no indivíduo ou na
população, facilitando o diagnóstico definitivo, o tratamento e reduzindo ou
prevenindo sua disseminação e os efeitos de longo prazo. (ex.: rastreamento,
diagnóstico precoce).
C) PREVENÇÃO TERCIÁRIA: é a ação implementada para reduzir em um
indivíduo ou população os prejuízos funcionais consequentes de um problema
agudo ou crônico, incluindo reabilitação. (ex.: prevenir complicações do diabetes,
reabilitar paciente pós-infarto – IAM ou acidente vascular cerebral). D)
PREVENÇÃO QUATERNÁRIA: de acordo com o dicionário da WONCA3 é a
detecção de indivíduos em risco de intervenções, diagnósticas e/ou terapêuticas,
excessivas para protegê-los de novas intervenções médicas inapropriadas e
sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis.

A prevenção de doenças compreende três categorias: manutenção de baixo risco,


redução de risco e detecção precoce.
a) Manutenção de baixo risco tem por objetivo assegurar que as pessoas de
baixo risco para problemas de saúde permaneçam com essa condição e
encontrem meios de evitar doenças.
b) Redução de risco foca nas características que implicam risco de moderado a
alto, entre os indivíduos ou segmentos da população, e busca maneiras de
controlar ou diminuir a prevalência da doença.
c) Detecção precoce visa estimular a conscientização dos sinais precoces de
problemas de saúde – tanto entre usuários leigos como em profissionais – e
rastrear pessoas sob-risco de modo a detectar um problema de saúde em sua fase
inicial, se essa identificação precoce traz mais benefícios que prejuízos aos
indivíduos. Ela baseia-se na premissa de que algumas doenças têm maiores
chances de cura, sobrevida e/ou qualidade de vida do indivíduo quando
diagnosticadas o mais cedo possível. Alguns tipos de câncer, as doenças
cardiovasculares, o diabetes e a osteoporose são alguns exemplos.
1 - Diagnóstico precoce são ações destinadas a identificar a doença em estágio
inicial a partir de sintomas e/ou sinais clínicas
2 - Rastreamentos é a realização de testes ou exames diagnósticos em
populações ou pessoas assintomáticas, com a finalidade de diagnóstico precoce
(prevenção secundária) ou de identificação e controle de riscos, tendo como
objetivo final reduzir a morbidade e mortalidade da doença, agravo ou risco
rastreado (GATES, 2001). O rastreamento viabiliza a identificação de indivíduos
que têm a doença, mas que ainda não apresentam sintomas.

Você também pode gostar