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Pergunta reflexiva – Módulo I:

Nome do aluno: Gabriela Sad Serenato


Este módulo descreve os principais conceitos de saúde pública da sociedade brasileira.
Coloque com suas palavras as principais ações de saúde nos seguintes períodos:

1) Período da Colônia até o final da Primeira República (Século XIX até


1930):

Neste primeiro momento as ações relacionadas a saúde não possuíam uma organização
institucional estabelecida. No período colonial os principais atores eram os pajés,
curandeiros, boticários e posteriormente, alguns profissionais (médicos) vindos da
Europa. Os europeus chegaram trazendo doenças até então inexistentes neste território,
ocasionando epidemias de febre amarela, sífilis, malária, varíola e tuberculose, que
tiveram como consequência a morte de milhares de nativos.

A primeira instituição estabelecida no Brasil, em 1582, logo após seu descobrimento,


foram as Santas Casas de Misericórdia, hospitais criados pelas ordens religiosas que
prestavam atendimento a todos aqueles que não podiam acessar um médico particular
(grande maioria da população).

Após a independência do Brasil começou-se a estruturar as atividades de saúde. Em 30


de agosto de 1828 foi promulgada a lei de Municipalização dos Serviços de Saúde, em
1832 foram criadas as primeiras faculdades de medicina, em seguida iniciaram-se ações
focadas na prevenção de doenças, como a fundação órgãos para fiscalizar a higiene
pública, entre eles a Junta Central de Higiene Pública e a Polícia Sanitária, iniciou-se a
vacinação antirrábica, e instalou-se inspetoria de saúde nos portos. Também nessa época
foi construído o primeiro hospital para o atendimento de “loucos”, o Hospício Pedro II,
que passou a receber os pacientes que anteriormente ficavam internados na enfermaria
da SCM.

Em 1891 é elaborada a primeira Constituição do Brasil República, onde há uma


descentralização do poder, instaurando-se um sistema federalista. Neste longo e
complexo processo de transição das responsabilidades do governo federal para os
estados e municípios, houve a transferência da higiene terrestre aos estados e a
instituição de serviços estaduais de saúde pública. Em 1896 foi criada a Diretoria-Geral
de Saúde Pública, com o objetivo de delimitar as ações em que o governo federal
deveria interferir, como por exemplo, nas grandes epidemias. A situação sanitária era
uma grande preocupação do governo neste momento, onde haviam recorrentes
epidemias de febre amarela, peste bubônica e varíola, com isso uma das ações
implementadas foi a obrigatoriedade da vacinação contra varíola.

Nesse momento, destaca-se a atuação do médico e cientista Oswaldo Cruz (nomeado


Diretor-Geral de Saúde Pública em 1903), no enfrentamento a epidemias através de
estudos científicos e campanhas sanitaristas. Em 1900, o Instituto Soroterápico Federal
(que em 1908 será rebatizado como Instituto Oswaldo Cruz) é inaugurado com o
objetivo de fabricar soros e vacinas contra a peste. Este instituto, que segue em
atividade até os dias de hoje, tem papel fundamental na saúde pública brasileira. Em
1917 quem assume a direção do IOC é Carlos Chagas, sendo este responsável por um
marco importante da evolução sanitária brasileira com a reforma de Carlos Chagas que,
reorganizando os Serviços de Saúde Pública, criou o Departamento Nacional de Saúde
Pública, dando início a nacionalização das políticas de saúde e saneamento no país.
Como parte do início das políticas de saúde, tem-se, em 1923, a criação da Lei Elói
Chaves, com as primeiras Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs), que proviam
assistência médica aos trabalhadores portuários que trabalhavam formalmente. Este é o
início da previdência social no Brasil.

2) Era Vargas (1930 a 1945):

No primeiro governo de Getúlio Vargas nos anos 1930, ele transformou as Caixas de
Aposentadorias e Pensões (CAPs) em Institutos de Aposentadoria e Pensões – IAPs. A
partir dessa mudança, os institutos passam a atender os trabalhadores de determinada
profissão, porém seguem sendo apenas os que possuíam carteira assinada e faziam parte
de um sindicato. Nesta nova ordem política, trabalhadores rurais, domésticos e
informais são considerados pré-cidadãos, ou seja, por não fazerem parte do grupo de
pessoas que atuam em profissões reconhecidas e definidas por lei, não podem ser
considerados cidadãos. Neste momento, o Estado brasileiro passa a interferir
diretamente na esfera da produção e na questão social, o que por um lado significou um
avanço em comparação ao “atraso” institucional anterior, por outro, reforçou o
comportamento de submissão do trabalhador ante o Estado. Pois é na era Vargas onde
ocorre a consolidação das Leis do Trabalho, tendo como direitos garantidos o salário
mínimo, a carteira de trabalho, a jornada de oito horas, as férias remuneradas, a
previdência social e o descanso semanal. A CLT é criada em 1943, regulamentando o
trabalho da mulher e do menor de idade e estabelecendo a obrigatoriedade do Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Além disso, em 1930 a saúde pública foi institucionalizada pelo Ministério da Educação
e Saúde Pública, em 1935 foram retomadas as campanhas sanitárias e em 1941 ocorre a
primeira Conferencia Nacional da Saúde, tendo como objetivos a discussão das
seguintes temáticas: organização sanitária estadual e municipal, ampliação e
sistematização das campanhas nacionais contra da lepra e tuberculose, determinação das
medidas para desenvolvimento dos serviços básicos de saneamento, e criação de um
plano de desenvolvimento da “obra nacional” de proteção à maternidade, à infância e à
adolescência.

3) Período de Redemocratizando Desenvolvimentista (1945 a 1963, incluindo o


retorno de Getúlio Vargas ao poder de 1951 a 1954):
Este período se inicia em 1945 com a deposição de Vargas, e consequentemente a
liberação política. Em 1946 há a instituição da nova Constituição Federal, onde é
fortalecida a relação entre previdência e acesso a serviço de saúde. Neste mesmo ano,
Dutra assume a presidência, e elabora o Plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte
e Energia), que no âmbito da saúde tinha como objetivo elevar o nível sanitário da
população, principalmente rural, porém mesmo este sendo aprovado apenas em 1950,
logo em 1951 foi abandonado por não ter cumprido seus objetivos. Também em 1950
ocorre a 2ª Conferência Nacional de Saúde, onde são trabalhadas temáticas referentes a
higiene e segurança do trabalho, prestação de assistência médica e sanitária preventiva
para trabalhadores e gestantes, e malária.

Getúlio Vargas volta ao poder em 1951, criando e expandindo companhia nacionais de


exploração mineral, hidroelétricas, e químicas, incluindo a criação da Petrobrás em
1953. No campo da saúde pública, emerge o Sanitarismo Desenvolvimentista, o qual
considera que o nível de saúde de uma população depende primeiramente do grau de
desenvolvimento econômico de um país. Em 1953 há a criação do Ministério da Saúde,
independente da área da educação.

Em 1956 Juscelino Kubistchek assume como presidente, e seu mandato é marcado pelo
desenvolvimento e desenvolvimentismo, sendo responsável por grandes transformações
econômicas apoiadas pelo capital estrangeiro. Durante seu governo foi criado o
Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERu) que tinha como objetivo o
combate, controle ou erradicação de doenças específicas. Os serviços voltados para
proteção social também tiveram investimentos, porém novamente, apenas focado nos
trabalhadores da área urbana que possuíam carteira assinada. Em 1963 ocorre a 3 ª
Conferência Nacional de Saúde, onde é proposto a criação de uma lei municipal para todos os
municípios criarem seus serviços de saúde, e neste mesmo ano ocorre a promulgação da Lei
que estendia a previdência social dos trabalhadores rurais, mas o contexto político não
permitiu sua implementação. Desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961, o país vinha
passando por um período tumultuado que culminaria no Golpe Militar de 1964.

4) Ditadura Militar (1964 a 1985):

A ditadura militar é um período marcado pelo autoritarismo e nacionalismo. Houve


grande investimento na estrutura econômica do país, ocorrendo durante a primeira
década de golpe o chamado “milagre econômico”, porém com o fim deste, em 1970
ficou claro a real situação do país. Com relação as políticas sociais, ocorreu a criação do
FGTS, do Programa de Integração Social – PIS e do Programa de Formação do
Patrimônio do Servidor Público – PASEP. Em 1966, há a unificação dos IAPs com a
criação do Instituto Nacional da Previdência Social (INPS), regulando assim os
benefícios de aposentadoria, pensão, assistência médica, e seguro de acidentes de
trabalho. Há também a criação do Fundo de Assistência Rural (Funrural), que incluía os
trabalhadores do campo no plano dos benefícios.
Houve pouco investimento na saúde pública, pois o foco neste período era a
lucratividade, portanto o capital era aplicado na medicina privada, no molde
assistencialista.

Também ocorreram a 5ª, 6ª e 7ª Conferência Nacional de Saúde, onde foram tratados


temas relacionados ao sanitarismo, que contribuíram para o início da reforma sanitária.
Esta representa uma séria de mudanças e transformações necessárias à saúde, sendo
uma mobilização social composta por profissionais da área de saúde, intelectuais,
estudantes e diversas outras entidades da sociedade civil. Além disso, os estudantes
envolvidos organizaram o 1º Encontro Nacional dos Estudantes.

Em 1984 temos o fim do regime militar e consequentemente a crise da previdência


social.

5) Retorno da democracia (1985 até a promulgação do SUS na constituição de


1988 e em suas Leis Orgânicas de 1990):

Em 1984 foram criadas as Ações Integradas de Saúde (AIS), um projeto interministerial


(Previdência-Saúde-Educação), visando um novo modelo assistencial que incorporava o
setor público, no qual ações curativo-preventivas e educativas eram integradas e
estabelecidas como área prioritária para a promoção da saúde.

Em 1986 ocorre a 8ª Conferência Nacional de Saúde, um dos momentos mais


importantes na definição do Sistema Único de Saúde (SUS), onde foram debatidos três
temas principais: ‘A saúde como dever do Estado e direito do cidadão’, ‘A reformulação
do Sistema Nacional de Saúde’ e ‘O financiamento setorial’. Neste momento também
foram discutidos temas relacionados as áreas de atuação específicas, como saúde
mental, bucal, saúde da mulher, da criança e dos indígenas.

O crescimento do movimento sanitário, organizado desde os anos 1970, foi crucial para
o amplo debate dessas questões. Enquanto o país passava pelo processo de
redemocratização, o movimento ganhou consistência e avançou na produção de
conhecimento.

E em 1988, com a Constituição Federal, as propostas da Reforma Sanitária resultam,


finalmente, na universalidade do direito à saúde com a criação do Sistema Único de
Saúde (SUS). Sua criação foi resultado de um processo social marcado por uma luta
política, e seus princípios coincidem com as bandeiras levantadas pelo movimento de
redemocratização do país. Assim, sua implantação reflete fortemente o processo de
descentralização política e a abertura de espaços de participação democrática após 1988.

Em 1990, é elaborada a Lei Orgânica da Saúde – Lei º 8.080, esta regulamenta o SUS,
dispondo sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, e
estabelecendo os princípios e diretrizes norteadores do funcionamento do SUS.

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