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UC3 – 1º Período @medicinahiperativa

RESUMO GERAL IESC dos imigrantes europeus, houve diversas reformas


Por Bibiana Onuki @medicinahiperativa urbanas e sanitárias nas grandes cidades, como o Rio
de Janeiro, em que houve atenção especial às suas
áreas portuárias.
PROCESSO HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO DO SUS Os sanitaristas comandaram esse período com
Com mais de 500 anos de história brasileira – contados campanhas de saúde, sendo um dos destaques o
a partir da vinda dos portugueses –, as políticas de médico Oswaldo Cruz, que enfrentou revoltas
saúde sofreram diversas mudanças. populares na defesa da vacina obrigatória contra a
varíola – na época, a população revoltou-se com a
Os povos indígenas já tinham enfermidades, mas com medida, pois não foram explicados os objetivos da
a colonização portuguesa tudo piorou, principalmente campanha e do que se tratavam as vacinas.
pela conhecida expressão usada em aulas sobre a
história do Brasil: as “doenças de branco”. Doenças Ainda nos anos de 1920, foram criadas as CAPS: Caixas
comuns na Europa, que não existiam no Brasil, de Aposentadoria e Pensão. Os trabalhadores as
acabaram sendo trazidas. criaram para garantir proteção na velhice e na doença.
Posteriormente e devido à pressão popular, Getúlio
Durante os 389 anos de duração da Colônia e do Vargas ampliou as CAPS para outras categorias
Império, pouco ou nada foi feito com relação à saúde. profissionais, tornando-se o IAPS: Instituto de
Não havia políticas públicas estruturadas, muito menos Aposentadorias e Pensões.
a construção de centros de atendimento à população.
Além disso, o acesso a tratamentos e cuidados médicos Com a presidência de Getúlio Vargas, houve
dependia da classe social: pessoas pobres e escravos reformulações no sistema a fim de criar uma atuação
viviam em condições duras e poucos sobreviviam às mais centralizada, inclusive quanto à saúde pública. O
doenças que tinham, dependiam de “curandeiros”. As foco de seu governo foi o tratamento de epidemias e
pessoas nobres e colonos brancos, que tivessem terras endemias, sem muitos avanços, pois os recursos
e posses, tinham maior facilidade de acesso a médicos destinados à saúde eram desviados a outros setores
e remédios da época. (como nos dias atuais).

Com a chegada da Família Real portuguesa ao Brasil, A Constituição de 1934, promulgada durante o governo
em 1808, e a sua vontade em desenvolver o Brasil para Vargas, concedia novos direitos aos trabalhadores,
que se aproximasse da realidade vivida em Portugal, como assistência médica e “licença-gestante”. Além
uma das primeiras medidas foi a fundação de cursos disso, a Consolidação das Leis Trabalhistas de 1943, a
universitários. Foram criados cursos de Medicina, CLT, determina aos trabalhadores de carteira assinada,
Cirurgia e Química, sendo os pioneiros: a Escola de além do salário mínimo, também benefícios à saúde.
Cirurgia do Rio de Janeiro e o Colégio Médico-Cirúrgico Em 1953, foi criado o Ministério da Saúde. Foi a
no Real Hospital Militar de Salvador. primeira vez em que houve um ministério dedicado
As Santas Casas de Misericórdia foram, durante exclusivamente à criação de políticas de saúde, com
décadas, a única opção de acolhimento e tratamento foco principalmente no atendimento em zonas rurais,
de saúde para quem não tinha dinheiro. Elas eram já que nas cidades a saúde era privilégio de quem tinha
fundadas pelos religiosos e, num primeiro momento, carteira assinada.
conectadas com a ideia de caridade – entre o século A 3ª Conferência Nacional de Saúde ocorreu no final
XVIII e o ano de 1837. (Tratamento canja de galinha e de 1963 e apresentou diversos estudos sobre a criação
oração) de um sistema de saúde. De acordo com o doutor em
Com a declaração do fim da escravidão em 1888, o saúde pública Gilson Carvalho, houve duas bandeiras
país ficou dependente de mão de obra imigrante para principais nessa conferência:
continuar no cultivo de insumos que eram a base da 1. A criação de um sistema de saúde para todos,
economia brasileira, principalmente o café. Entre 1900 o direito à saúde deveria ser universal - SUS;
e 1920, o Brasil ainda era refém dos problemas 2. A organização de um sistema descentralizado,
sanitários e das epidemias. Portanto, para a recepção visando ao protagonismo do município. Além

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disso, afirma que a ditadura militar, iniciada Em 1981 foi criado o CONASP que elaborou um novo
em março de 1964, sepultou a proposta plano de reorientação da Assistência Médica (...) que,
poucos meses depois. em linhas gerais propunha melhorar a qualidade da
assistência fazendo modificações no modelo
A saúde sofreu com o corte de verbas durante o
privatizante (de compra de serviços médicos) tais como
período de regime militar e doenças como dengue,
a descentralização e a utilização prioritária dos serviços
meningite e malária se intensificaram. Houve aumento
públicos federais, estaduais e municipais na cobertura
das epidemias e da mortalidade infantil, até que o
assistencial da clientela.
governo buscou fazer algo. Uma das medidas foi a
criação do INPS, que foi a união de todos os órgãos A partir do plano do CONASP, surgiu o Programa de
previdenciários que funcionavam desde 1930, a fim de Ações Integradas de Saúde, que ficou conhecido como
melhorar o atendimento médico. AIS. Tinha o objetivo de integrar os serviços que
prestavam a assistência à saúde da população de uma
Durante os anos de 1970, mesmo no auge do milagre
região. Os governos estaduais, através de convênios
econômico, as verbas para saúde eram baixas: 1% do
com os Ministérios da Saúde e Previdência, recebiam
orçamento geral da União.
recursos para executar o programa, sendo que as
O Movimento Sanitarista e a 8ª Conferência Nacional prefeituras participavam através de adesão formal ao
de Saúde em 1986. Pela primeira vez na história, foi convênio. Em todos estes planos, havia a idéia de
possível a participação da sociedade civil organizada no integração da saúde pública com a assistência médica
processo de construção do que seria o novo modelo de individual. Era uma aspiração antiga que encontrava
saúde pública brasileiro. interesses contrários à sua concretização nos grupos
médicos privados e na própria burocracia do INAMPS.
A Constituição Federal de 1988 foi o primeiro
documento a colocar o direito à saúde definitivamente No governo da Nova República, a proposta das AIS é
no ordenamento jurídico brasileiro. fortalecida e este fortalecimento passa pela
valorização das instâncias de gestão colegiada, com
O Sistema Único de Saúde foi regulado posteriormente participação de usuários dos serviços de saúde.
pela lei 8.080 de 1990, em que estão distribuídas todas
as suas atribuições e funções como um sistema
público. Você poderá ler sobre o SUS em diversos
RELATÓRIO FINAL DA 8ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE
outros textos na nossa trilha sobre saúde pública.
SAÚDE
(*RESUMO: Tudo continua a mesma coisa desde 1500,
Cinco dias de debates, mais de quatro mil
sempre desviam o dinheiro da saúde pública.*)
participantes, 135 grupos de trabalho e objetivos
muito claros: contribuir para a formulação de um novo
sistema de saúde e subsidiar as discussões sobre o
REFORMA SANITÁRIA setor na futura Constituinte. A 8ª Conferência Nacional
O movimento da Reforma Sanitária nasceu no de Saúde (CNS), realizada entre 17 e 21 de março de
contexto da luta contra a ditadura, final da década de 1986, foi um dos momentos mais importantes na
60 e início da década de 70. A expressão foi usada para definição do Sistema Único de Saúde (SUS) e debateu
se referir ao conjunto de ideias que se tinha em relação três temas principais: ‘A saúde como dever do Estado
às mudanças e transformações necessárias na área da e direito do cidadão’, ‘A reformulação do Sistema
saúde. Nacional de Saúde’ e ‘O financiamento setorial’.

O movimento da reforma sanitária cresceu e formou O relatório final aponta a importante conclusão de que
uma aliança com parlamentares progressistas, as mudanças necessárias para a melhoria do sistema de
gestores da saúde municipal e outros movimentos saúde brasileiro não seriam alcançadas apenas com
sociais. De 1979 em diante foram realizadas reuniões uma reforma administrativa e financeira. Era preciso
de técnicos e gestores municipais, e, em 1980, que se ampliasse o conceito de saúde e se fizesse uma
constituiu-se o Conselho Nacional de Secretários de revisão da legislação.
Saúde (CONASS). Três vertentes de apoio:

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• Movimento estudantil e SEBs – pela Medicina ocupação, ou outras características sociais ou


social; pessoais.
• Residentes e trabalhadores médicos – por • EQUIDADE: o objetivo desse princípio é
melhores condições de trabalho e maiores diminuir desigualdades. Apesar de todas as
salários; pessoas possuírem direito aos serviços, as
• Docência e pesquisa – por ideologias. pessoas não são iguais e, por isso, têm
necessidades distintas. Em outras palavras,
Grupos de médicos e outros profissionais preocupados equidade significa tratar desigualmente os
com a saúde pública desenvolveram teses e integraram desiguais, investindo mais onde a carência é
discussões políticas. Este processo teve como marco maior.
institucional a 8ª Conferência Nacional de Saúde,
• INTEGRALIDADE: este princípio considera as
realizada em 1986, na qual, pela primeira vez, mais de
pessoas como um todo, atendendo a todas as
cinco mil representantes de todos os seguimentos da
suas necessidades. Para isso, é importante a
sociedade civil discutiram um novo modelo de saúde
integração de ações, incluindo a promoção da
para o Brasil.
saúde, a prevenção de doenças, o tratamento
Lema da Reforma Sanitária “Saúde é Democracia” e a reabilitação. Juntamente, o princípio de
integralidade pressupõe a articulação da saúde
A 8ª CNS resultou na implantação do Sistema
com outras políticas públicas, para assegurar
Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), um
convênio entre o INAMPS e os governos estaduais,
uma atuação intersetorial entre as diferentes
mas o mais importante foi ter formado as bases para áreas que tenham repercussão na saúde e
a seção "Da Saúde" da Constituição brasileira de 5 de qualidade de vida dos indivíduos.
outubro de 1988.

*SE LIGA! Pegadinha o SUDS é quase a mesma coisa


que o SUS, só nome mudou.* PRINCÍPIOS ORGANIZACIONAIS DO SUS

• REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO: os
serviços devem ser organizados em níveis
PRINCÍPIOS DO SUS crescentes de complexidade, circunscritos a
Princípios são preceitos, leis ou pressupostos uma determinada área geográfica, planejados
considerados universais que definem as regras pela a partir de critérios epidemiológicos, e com
qual uma sociedade civilizada deve se orientar. Em definição e conhecimento da população a ser
qualquer lugar do mundo, princípios são atendida. A regionalização é um processo de
incontestáveis, pois, quando adotados não oferecem articulação entre os serviços que já existem,
resistência alguma. visando o comando unificado dos mesmos. Já
a hierarquização deve proceder à divisão de
Entende-se por diretrizes o conjunto de normas que níveis de atenção e garantir formas de acesso
devem ser seguidas para a execução de um fim. Seu a serviços que façam parte da complexidade
uso na forma plural é generalizado, pois normalmente requerida pelo caso, nos limites dos recursos
são várias normas a serem aplicadas para alcançar um disponíveis numa dada região.
propósito. • DESCENTRALIZAÇÃO E COMANDO
ÚNICO: descentralizar é redistribuir poder e
responsabilidade entre os três níveis de
PRINCÍPIOS GERAIS DO SUS governo. Com relação à saúde,
descentralização objetiva prestar serviços com
• UNIVERSALIZAÇÃO: a saúde é um direito de
maior qualidade e garantir o controle e a
cidadania de todas as pessoas e cabe ao Estado
fiscalização por parte dos cidadãos. No SUS, a
assegurar este direito, sendo que o acesso às
responsabilidade pela saúde deve ser
ações e serviços deve ser garantido a todas as
descentralizada até o município, ou seja,
pessoas, independentemente de sexo, raça, devem ser fornecidas ao município condições
gerenciais, técnicas, administrativas e

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financeiras para exercer esta função. Para que I - descentralização, com direção única em cada esfera
valha o princípio da descentralização, existe a de governo;
concepção constitucional do mando único,
II - atendimento integral, com prioridade para as
onde cada esfera de governo é autônoma e
atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
soberana nas suas decisões e atividades,
assistenciais;
respeitando os princípios gerais e a
participação da sociedade. III - participação da comunidade.
• PARTICIPAÇÃO POPULAR: a sociedade deve
participar no dia-a-dia do sistema. Para isto, § 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos
devem ser criados os Conselhos e as termos do art. 195, com recursos do orçamento da
Conferências de Saúde, que visam formular seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito
estratégias, controlar e avaliar a execução da Federal e dos Municípios, além de outras fontes.
política de saúde. (responsabilidade de TODOS)

[…]

LEGISLAÇÃO DO SUS E A LEI Nº 8080/90 E Nº 8.142/90 Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa
privada. (Ex.: Santa casa – Cruz vermelha… etc)
O Sistema Único de Saúde brasileiro - SUS, é um dos
maiores sistemas públicos de saúde do mundo, sendo § 1º - As instituições privadas poderão participar de
o Brasil o único país com mais de 100 milhões de forma complementar do sistema único de saúde,
habitantes a garantir assistência integral e segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito
completamente gratuita. Só em 2014 foram realizados público ou convênio, tendo preferência as entidades
mais de 4,1 bilhões de procedimentos ambulatoriais e filantrópicas e as sem fins lucrativos.
1,4 bilhão de consultas médicas através do SUS no país. § 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para
Criando pela Constituição de 88, o SUS encontra-se auxílios ou subvenções às instituições privadas com
instituído nos artigos 196 a 200, tendo como principais fins lucrativos.
destaques: § 3º - É vedada a participação direta ou indireta de
(*Entre parênteses minhas considerações jurídicas*) empresas ou capitais estrangeiros na assistência à
saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.
Art. 196. A saúde é direito de todos (cidadão ou não –
acesso universal) e dever do Estado (E maiúsculo, quer § 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos
dizer de todos os entes – união, estados e municípios), que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e
garantido mediante políticas sociais e econômicas substâncias humanas para fins de transplante,
(Integralidade de assistência) que visem à redução do pesquisa e tratamento, bem como a coleta,
risco de doença e de outros agravos e ao acesso processamento e transfusão de sangue e seus
universal (Equidade) e igualitário às ações e serviços derivados, sendo vedado todo tipo de
para sua promoção, proteção e recuperação. comercialização. (Essa lei demorou muito para ser
criada, é extremamente rígida e técnica)
(Deteminantes e condicionais da SAÚDE, acesso a:
alimentação, moradia, saneamento básico, meio […]
ambiente, trabalho, renda, educação, atividade física, Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de
transporte, laze e aos bens serviços essenciais.) outras atribuições, nos termos da lei: (IMPORTANTE)
[…] I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde substâncias de interesse para a saúde e participar da
integram uma rede regionalizada (melhor noção local) produção de medicamentos, equipamentos,
e hierarquizada (união > estados > municípios) e imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
constituem um sistema único (integralizado), II - executar as ações de vigilância sanitária e
organizado de acordo com as seguintes diretrizes: epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;

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III - ordenar a formação de recursos humanos na área Execução das ações de: saúde do trabalhador,
de saúde; vigilância epidemiológica, vigilância sanitária e
vigilância nutricional.
IV - participar da formulação da política e da execução
das ações de saneamento básico; Trata da gestão dos recursos financeiros,
condicionando a existência de conta específica para os
V - incrementar em sua área de atuação o
recursos da saúde e a fiscalização da movimentação
desenvolvimento científico e tecnológico;
bancária pelo Conselho Municipal de Saúde.
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o
3 objetivos do SUS
controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e
águas para consumo humano; • Identificar e divulgar estes fatores
determinantes;
VII - participar do controle e fiscalização da produção,
• Formular uma política econômica e social;
transporte, guarda e utilização de substâncias e
• Assistir as pessoas por meio de ações de
produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
promoção, proteção e recuperação. Sempre
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele lembrando que deve existir o somatório das
compreendido o do trabalho. ações preventivas e curativas, mas a
prioridade: ações preventivas.

A LEI 8.080/90 TRATA:


A LEI ORGÂNICA 8.142 DE 1990
(a) da organização, da direção e da gestão do SUS;
(b) das competências e atribuições das três Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão
esferas de governo; do Sistema Único de Saúde - SUS e sobre as
(c) do funcionamento e da participação transferências intergovernamentais de recursos
complementar dos serviços privados de financeiros na área da saúde e dá outras providências.
assistência à saúde;
(d) da política de recursos humanos;
(e) dos recursos financeiros, da gestão financeira,
do planejamento e do orçamento.

A Lei 8.080 foi votada em 19 de setembro de 1990. Essa


lei aborda as condições para promover, proteger e
recuperar a saúde, além da organização e o
funcionamento dos serviços também relacionados à
saúde.

A partir desta lei, observamos que algumas das


atribuições do SUS são:

• Assistência terapêutica integral; O controle social é uma diretriz e princípio do SUS. É o


• Assistência farmacêutica; mecanismo de participação da comunidade nas ações
• Controle e fiscalização de alimentos, água e de saúde em todas as esferas de governo. De forma
bebidas para o consumo humano; institucionalizada temos: os conselhos e as
• Formação de Recursos humanos para área da conferências de saúde.
saúde. Art. 1º - O Sistema Único de Saúde - SUS de que trata a
A participação da iniciativa privada no SUS é aceita em Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em
caráter complementar com prioridade das entidades cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do
filantrópicas sobre as privadas lucrativas. Poder Legislativo, com as seguintes instâncias
colegiadas:

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I - A Conferência de Saúde, e A distribuição dos representantes é definida pela


Resolução 453/12, que traz:
II - O Conselho de Saúde.

1º - A Conferência de Saúde reunir-se-á cada 4 anos


com a representação dos vários segmentos sociais,
para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes
para a formulação da política de saúde nos níveis
correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou,
extraordinariamente, por este ou pelo Conselho de
Saúde.

APORTE FINANCEIRO E GERENCIAMENTO DO SUS

O SUS sofria um problema crônico de financiamento:


não havia estabilidade nos recursos disponibilizados
nem pela União, nem por Estados e Municípios. A
quantidade de dinheiro destinado à Saúde variava
Em 2015 aconteceu a 15ª CNS, com o tema: Saúde
muito de acordo com interesses políticos e
Pública de Qualidade. A próxima Conferência,em
circunstâncias econômicas. Por este motivo foi
caráter ordinário, acontecerá em 2019. A Conferência
elaborada a Emenda Constitucional nº 29 (EC 29), que
de Saúde é um espaço de discussão das políticas de
alterou a Constituição Federal em 13 de setembro de
saúde em todas as esferas de governo.
2000, que vinculava as verbas da saúde.
2° - O Conselho de Saúde, em caráter permanente e
SUS delimita os recursos financeiros em que cada nível
deliberativo, órgão colegiado composto por
de esfera de governo recebe para o planejamento das
representantes do governo, prestadores de serviço,
ações de saúde destinado para todos os cidadãos no
profissionais de saúde e usuários, atua na formulação
qual contribui através de impostos. Esses impostos são
de estratégias e no controle da execução da política de
arrecadados para saúde, no mínimo de 7%.
saúde na instância correspondente, inclusive nos
aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões Parte do dinheiro utilizado para financiar o SUS vem de
serão homologadas pelo chefe do poder legalmente contribuições sociais de patrões e empregados, como
constituído em cada esfera do governo. o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Outra
parte vem do pagamento de impostos embutidos no
preço de produtos e serviços (Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Prestação de Serviços – ICMS), IPI
(Imposto de Produtos Industrializados), impostos
sobre o lucro (Cofins), sobre os automóveis (IPVA) e
sobre a moradia (IPTU).

Além dos recursos repassados pela União e pelo seu


estado, as Prefeituras devem destinar (no mínimo)
15% de sua receita para a saúde. O Conselho Municipal
de Saúde é o órgão responsável por fiscalizar se a verba
está sendo realmente aplicada.

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As Secretarias Estaduais de Saúde atuam em questões Territorialização é o processo de se habitar e vivenciar


que ultrapassam as possibilidades do município, em um território, a partir da obtenção e análise de
geral aquelas que envolvem maior complexidade, informações sobre as condições de vida e saúde de
como tratamentos oncológicos, nefrológicos e outros populações.
procedimentos que necessitem de recursos com maior
O processo de territorialização pode ser entendido
tecnologia envolvida para o diagnóstico. Os estados
como um movimento historicamente determinado
devem garantir 12% (no mínimo) de suas receitas para
pela expansão do modo de produção capitalista e seus
o financiamento à saúde.
aspectos culturais. Dessa forma, caracteriza-se como
A aquisição de medicamentos possui regras mais um dos produtos socioespaciais das contradições
específicas. Aqueles considerados básicos (para sociais sob a tríade economia, política e cultura (EPC),
pressão alta, diabetes, dor de cabeça e que determina as diferentes territorialidades no tempo
anticoncepcionais, por exemplo) são adquiridos pelas e no espaço - as desterritorialidades e as re
secretarias estaduais e municipais de Saúde, territorialidades.
dependendo do acordo feito na região. Já os
Encontra-se em jogo um processo de territorialização:
medicamentos excepcionais (de alto custo ou para
construção da integralidade; da humanização e da
tratamento continuado, como aqueles para pós-
qualidade na atenção e na gestão em saúde; um
transplantados, síndromes) são comprados pelas
sistema e serviços capazes de acolher o outro;
secretarias estaduais e o ressarcimento é feito pelo
responsabilidade para com os impactos das práticas
governo federal mediante comprovação de entrega ao
adotadas; efetividade dos projetos terapêuticos e
paciente.
afirmação da vida pelo desenvolvimento da
Os recursos destinados ao SUS também são autodeterminação dos sujeitos (usuários, população e
fiscalizados pelos Tribunais de Contas da União (TCU), profissionais de saúde) para levar a vida com saúde.
dos estados (TCE) e municípios (TCM), pela CGU
A territorialização pode expressar também pactuação
(Controladoria Geral da União), poder legislativo,
no que tange à delimitação de unidades fundamentais
auditorias e outros órgãos de controle interno do
de referência, onde devem se estruturar as funções
executivo.
relacionadas ao conjunto da atenção à saúde. Envolve
a organização e gestão do sistema, a alocação de
recursos e a articulação das bases de oferta de serviços
TERRITORIALIZAÇÃO EM SAÚDE
por meio de fluxos de referência intermunicipais.
Segundo Milton Santos (1994) o território consiste em
A saúde pública recorre a territorialização de
lugar com limites definidos onde as pessoas vivem
informações, há alguns anos, como ferramenta para
trabalham, circulam e se divertem. Dele faz parte
localização de eventos de saúde-doença, de unidades
ambientes construídos e ambientes naturais. Sendo
de saúde e demarcação de áreas de atuação.
sobretudo, um espaço de relações de poder, de
informações e de trocas.

Tipos de divisão: VIGILÂNCIA EM SAÚDE

• Jurídico-política; A Lei Orgânica da Saúde conceitua Vigilância


• Ambiental; Epidemiológica (VE) como um conjunto de ações que
• Social; proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção
• Cultural; de qualquer mudança nos fatores determinantes e
• Econômica. condicionantes da saúde individual ou coletiva, com a
finalidade de recomendar e adotar as medidas de
Pela perspectiva da vigilância o território é o local do prevenção e controle das doenças ou agravos.
evento a partir do qual se organiza as ações de
promoção, prevenção e controle destes eventos. Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica - O
Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE)
compreende o conjunto interarticulado de instituições

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do setor público e privado componentes do Sistema acesso ao sistema é necessário que o usuário esteja
Único de Saúde (SUS) que, direta ou indiretamente, munido de seu cartão SUS.
notificam doenças e agravos, prestam serviços a
Estratégia de Saúde da Família (ESF) tem sido adotada,
grupos populacionais ou orientam a conduta a ser
no país, como política prioritária nas três esferas do
tomada no controle das mesmas.
Sistema Único de Saúde (SUS), com o propósito de
O SNVE está passando por profunda reorganização, priorizar a implementação de intervenções de
que visa adequá-lo aos princípios de descentralização e promoção da saúde e prevenção de agravos e
de integralidade das ações definidas no SUS. transformar as bases do modelo assistencial, definido
como combinações tecnológicas estruturadas em
Sistemas de Informações em Saúde (SIS) - São
função de problemas (danos e riscos) que compõem o
desenvolvidos e implantados - com o objetivo de
perfil epidemiológico de uma dada população e que
facilitar a formulação e avaliação das políticas, planos
expressam necessidades sociais de saúde
e programas de saúde, subsidiando o processo de
historicamente definidas.
tomada de decisões, a fim de contribuir para melhorar
a situação de saúde individual e coletiva. São funções A Estratégia Saúde da Família (ESF) é composta por
dos SIS: planejamento; coordenação; supervisão dos equipe multiprofissional que possui, no mínimo:
processos de seleção, coleta, aquisição, registro,
• Médico generalista ou especialista em saúde
armazenamento, processamento, recuperação, análise
da família ou médico de família e
e difusão de dados e geração de informações.
comunidade;
Outros sistemas de dados em saúde: Sistema de • Enfermeiro generalista ou especialista em
Informação de Agravos de Notificação – SINAN, saúde da família;
Sistema de Informação de Mortalidade – SIM, Sistema • Auxiliar ou técnico de enfermagem;
de Nascidos Vivos – SINASC, Sistema de Informações • Agentes comunitários de saúde (ACS).
Hospitalares - SIH/SUS, Sistema de Informações
Ambulatoriais do SUS - SIA/SUS, Sistema de Também há equipe de Saúde Bucal, extra, composta
Informações de Atenção Básica – SIAB, Sistema de por cirurgião-dentista generalista ou especialista em
Informações de Vigilância Alimentar e Nutricional – saúde da família, auxiliar e/ou técnico em Saúde
SISVAN, Sistema de Informações do Programa Bucal.
Nacional de Imunização - SI-PNI e etc. O número de ACS deve ser suficiente para cobrir 100%
da população cadastrada, com um máximo de 750
pessoas por agente e de NÃO HÁ QUANTIDADE
NUMÉRICA de ACS por equipe de Saúde da Família,
trabalhando 10 horas semanais.

Cada equipe de Saúde da Família deve ser responsável


por, no máximo, 4.000 pessoas de uma determinada
área, que passam a ter corresponsabilidade no cuidado
com a saúde.

COMPOSIÇÃO MÍNIMA DA ESF DECRETO LEI Nº 7.508/11 E PORTARIA 3.992/18

Na UBS, o atendimento é com hora marcada e conta DECRETO LEI Nº 7.508/11


com três tipos de médicos à disposição: clínico geral, O Decreto 7.508/11 regulamenta a Lei Orgânica da
pediatra e ginecologista. O modelo segue a ideia de Saúde – 8.080/90. Conforme já estabelecido na Lei
oferecer atendimento básico, a partir do qual os supracitada, o SUS deve ser organizado de forma
pacientes são encaminhados para especialidades regionalizada e hierarquizada.
conforme a necessidade. Lembrando que para ter

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O Decreto 7508/2011 cria as Regiões de Saúde, que • Região de Saúde - espaço geográfico contínuo
reitera a regionalização com princípio organizativo do constituído por agrupamentos de Municípios
SUS. Cada região deve oferecer serviços de atenção limítrofes, delimitado a partir de identidades
primária, urgência e emergência, atenção psicossocial, culturais, econômicas e sociais.
atenção ambulatorial especializada e hospitalar e, por • Contrato Organizativo da Ação Pública da
fim, vigilância em saúde. Saúde - acordo de colaboração firmado entre
entes federativos com a finalidade de
Em relação à hierarquização, o Decreto estabelece que
organizar e integrar as ações e serviços de
as portas de entrada do SUS, pelas quais os pacientes
saúde na rede regionalizada e hierarquizada.
podem ter acesso aos serviços de saúde, são: de
• Portas de Entrada - serviços de atendimento
atenção primária; de atenção de urgência e
inicial à saúde do usuário no SUS.
emergência; de atenção psicossocial e, ainda, especiais
• Comissões Intergestores - instâncias de
de acesso aberto.
pactuação consensual entre os entes
O Decreto também define quais são os serviços de federativos para definição das regras da gestão
saúde que estão disponíveis no SUS para o compartilhada do SUS.
atendimento integral dos usuários, através da Relação • Mapa da Saúde - descrição geográfica da
Nacional de Ações e Serviços de Saúde – RENASES, distribuição de recursos humanos e de ações e
que deve ser atualizada a cada dois anos. serviços de saúde ofertados pelo SUS e pela
iniciativa privada, considerando-se a
A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais
capacidade instalada existente, os
(RENAME) também é citada no documento, que será
investimentos e o desempenho aferido a partir
acompanhada do Formulário Terapêutico Nacional,
dos indicadores de saúde do sistema.
como forma de subsidiar a prescrição, a dispensação e
• Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações
o uso dos seus medicamentos.
e serviços de saúde articulados em níveis de
A Assistência Farmacêutica também é alvo da complexidade crescente, com a finalidade de
regulamentação, que define sobre o acesso universal e garantir a integralidade da assistência à saúde.
igualitário à Assistência Farmacêutica, pressupondo • Serviços Especiais de Acesso Aberto - serviços
que: de saúde específicos para o atendimento da
pessoa que, em razão de agravo ou de situação
• O usuário deve estar assistido por ações e
laboral, necessita de atendimento especial.
serviços de saúde do SUS;
• Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica -
• O medicamento deve ter sido prescrito por
documento que estabelece: critérios para o
profissional de saúde, no exercício regular de
diagnóstico da doença ou do agravo à saúde; o
suas funções no SUS;
tratamento preconizado, com os
• A prescrição deve estar em conformidade com
medicamentos e demais produtos
a RENAME e os Protocolos Clínicos e Diretrizes
apropriados, quando couber; as posologias
Terapêuticas ou com a relação específica
recomendadas; os mecanismos de controle
complementar estadual, distrital ou municipal
clínico; e o acompanhamento e a verificação
de medicamentos;
dos resultados terapêuticos, a serem seguidos
• A dispensação deve ter ocorrido em unidades pelos gestores do SUS.
indicadas pela direção do SUS.

Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de


1990, para dispor sobre a organização do Sistema PORTARIA 3.992/18
Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a
Considerações sobre a Portaria 3.992, de 28/12/2017,
assistência à saúde e a articulação Interfederativa, e
que trata do financiamento e da transferência dos
dá outras providências.
recursos federais para as ações e os serviços públicos
Conceitos contidos nessa lei: de saúde.

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Essa nova Portaria traz expressivas mudanças, entre O Fundo Nacional de Saúde junto com o Banco do
elas: Brasil e a Caixa Econômica Federal estão trabalhando
para a abertura dessas novas contas correntes nas
• A forma de transferência dos recursos
agências das instituições financeiras de
financeiros para custeio e investimento, uma
relacionamento de cada ente subnacional.
vez que os recursos para custeio serão
transferidos para uma só conta corrente no
bloco de custeio e os recursos para
Alteração de domicílio bancário
investimentos ainda não contemplados com
repasse serão transferidos para uma só conta As solicitações de alterações de domicílio bancário
corrente no bloco de investimento; deverão ser encaminhadas ao Diretor-Executivo do
• A junção dos antigos blocos de financiamento Fundo Nacional de Saúde pelo gestor de saúde, sendo
de custeio em um único bloco, mantendo-se permitida nova alteração somente após 1 ano da
grupos de ações dentro do Bloco de Custeio. solicitação anterior.
Esses grupos de ações deverão refletir a
vinculação, ao final de cada exercício, do que
foi definido em cada programa de trabalho do Saldos financeiros
Orçamento Geral da União e que deu origem
ao repasse do recurso, bem como o Os saldos financeiros das contas correntes vinculadas
estabelecido no Plano de Saúde e na aos recursos federais transferidos em datas anteriores
Programação Anual de Saúde dos entes à vigência da Portaria nº 3.992/2017 e organizados sob
subnacionais. a forma de Blocos de Financiamento de Atenção
Básica; Atenção de Média e Alta Complexidade
As vinculações orçamentárias, como não poderiam Ambulatorial e Hospitalar; Gestão do SUS, Assistência
deixar de ser, continuam exatamente como sempre Farmacêutica e Vigilância em Saúde poderão ser
foram e devem refletir as ações pactuadas de governo. transferidos para a conta corrente única do Bloco de
Custeio das Ações e Serviços Públicos de Saúde,
observando-se sempre:
Despesas
• A vinculação dos recursos, ao final do exercício
As despesas referentes aos recursos federais financeiro, com a finalidade definida em cada
transferidos na modalidade fundo a fundo, bem como Programa de Trabalho do Orçamento Geral da
em qualquer outro tipo de transferência, devem ser União que deu origem aos repasses realizados;
efetuadas segundo as exigências legais requeridas a • O cumprimento do objeto e dos compromissos
quaisquer outras despesas da Administração Pública pactuados e/ou estabelecidos em atos
(processamento, empenho, liquidação e efetivação do normativos específicos que regulamentaram o
pagamento), mantendo a respectiva documentação repasse à época do ingresso dos recursos no
administrativa e fiscal pelo período mínimo legal fundo de saúde do Estado, do Distrito Federal
exigido. ou do Município.

Contas correntes Prestação de contas


As contas correntes serão abertas nos CNPJs dos Sem prejuízo de outras formas de controle realizadas
fundos de saúdes dos estados, municípios e Distrito pelo Ministério da Saúde, a comprovação da aplicação
Federal, nos termos da Lei Complementar nº 141/2012 dos recursos repassados pelo Fundo Nacional de Saúde
e das normas editadas pela Secretaria da Receita aos fundos de saúde dos Estados, do Distrito Federal e
Federal do Brasil, ou seja, natureza jurídica 120.1 – dos Municípios deverá ser encaminhada para o
fundo público, condição existente atualmente em Ministério da Saúde, por meio do Relatório de Gestão,
todos os fundos de saúde do país. que deve ser elaborado anualmente e submetido ao
respectivo Conselho de Saúde para aprovação.

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UC3 – 1º Período @medicinahiperativa

• Coordenar a integralidade em seus vários


aspectos, a saber: integrando as ações
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA – PNAB
programáticas e demanda espontânea;
Criado em 1994, o programa Saúde da Família, hoje articulando as ações de promoção à saúde,
conhecido como Estratégia de Saúde da Família (ESF), prevenção de agravos, vigilância à saúde,
tornou-se a principal estratégia de ampliação e tratamento e reabilitação e manejo das
consolidação da Atenção Básica (AB) no Brasil. diversas tecnologias de cuidado e de gestão
Considerada um avanço em relação ao modelo necessárias a estes fins e à ampliação da
tradicional de atenção básica presente no país até o autonomia dos usuários e coletividades;
início da década de 1990, a ESF alcançou uma trabalhando de forma multiprofissional,
cobertura de 64% da população brasileira. O resultado interdisciplinar e em equipe; realizando a
foi impulsionado, em parte, por seu papel prioritário na gestão do cuidado integral do usuário e
Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), coordenando-o no conjunto da rede de
documento que reúne as diretrizes orientadoras das atenção.
ações dos governos federal, estaduais e municipais • Estimular a participação dos usuários como
nesta área. forma de ampliar sua autonomia e capacidade
na construção do cuidado à sua saúde e das
A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) é
pessoas e coletividades do território, no
resultado da experiência acumulada por conjunto de
enfrentamento dos determinantes e
atores envolvidos historicamente com o
condicionantes de saúde, na organização e
desenvolvimento e a consolidação do Sistema Único de
orientação dos serviços de saúde a partir de
Saúde (SUS), como movimentos sociais, usuários,
lógicas mais centradas no usuário e no
trabalhadores e gestores das três esferas de governo.
exercício do controle social.
A Atenção Básica tem como fundamentos e diretrizes:

• Ter território adstrito sobre o mesmo, de POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO DO SUS –


forma a permitir o planejamento, a PROGRAMA DE ACOLHIMENTO DO MINISTÉRIO DA
programação descentralizada e o SAÚDE
desenvolvimento de ações setoriais e
intersetoriais com impacto na situação, nos Lançada em 2003, a Política Nacional de Humanização
condicionantes e nos determinantes da saúde (PNH) busca pôr em prática os princípios do SUS no
das coletividades que constituem aquele cotidiano dos serviços de saúde, produzindo
território, sempre em consonância com o mudanças nos modos de gerir e cuidar.
princípio da equidade.
A PNH estimula a comunicação entre gestores,
• Possibilitar o acesso universal e contínuo a
trabalhadores e usuários para construir processos
serviços de saúde de qualidade e resolutivos,
coletivos de enfrentamento de relações de poder,
caracterizados como a porta de entrada aberta
trabalho e afeto que muitas vezes produzem atitudes e
e preferencial da rede de atenção, acolhendo
práticas desumanizadoras que inibem a autonomia e a
os usuários e promovendo a vinculação e
corresponsabilidade dos profissionais de saúde em seu
corresponsabilização pela atenção às suas
trabalho e dos usuários no cuidado de si.
necessidades de saúde.
• Adscrever os usuários e desenvolver relações Vinculada à Secretaria de Atenção à Saúde do
de vínculo e responsabilização entre as Ministério da Saúde, a PNH conta com equipes
equipes e a população adscrita, garantindo a regionais de apoiadores que se articulam às secretarias
continuidade das ações de saúde e a estaduais e municipais de saúde. A partir desta
longitudinalidade do cuidado. A adscrição dos articulação se constroem, de forma compartilhada,
usuários é um processo de vinculação de planos de ação para promover e disseminar inovações
pessoas e/ou famílias e grupos a nos modos de fazer saúde.
profissionais/equipes, com o objetivo de ser
referência para o seu cuidado.

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UC3 – 1º Período @medicinahiperativa

O HumanizaSUS, como também é conhecida a Política


Nacional de Humanização, aposta na inclusão de
trabalhadores, usuários e gestores na produção e
gestão do cuidado e dos processos de trabalho.

A comunicação entre esses três atores do SUS provoca


movimentos de perturbação e inquietação que a PNH
considera o “motor” de mudanças e que também
precisam ser incluídos como recursos para a produção
de saúde. Humanizar se traduz, então, como inclusão
das diferenças nos processos de gestão e de cuidado.
Tais mudanças são construídas não por uma pessoa ou
grupo isolado, mas de forma coletiva e compartilhada.
Incluir para estimular a produção de novos modos de
cuidar e novas formas de organizar o trabalho.

Acolhimento é uma diretriz da Política Nacional de


Humanização (PNH), que não tem local nem hora certa
para acontecer, nem um profissional específico para
fazê-lo: faz parte de todos os encontros do serviço de
saúde. O acolhimento é uma postura ética que implica
na escuta do usuário em suas queixas, no
reconhecimento do seu protagonismo no processo de
saúde e adoecimento, e na responsabilização pela
resolução, com ativação de redes de
compartilhamento de saberes. Acolher é um
compromisso de resposta às necessidades dos
cidadãos que procuram os serviços de saúde.

Acolher é reconhecer o que o outro traz como legítima


e singular necessidade de saúde. O acolhimento deve
comparecer e sustentar a relação entre
equipes/serviços e usuários/ populações.

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