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DE REVISÃO
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FICA A DICA
CICLOS DE REVISÃO
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DE REVISÃO DPE/PE @CICLOSR3 @CICLOSR3
CPF: 021.806.644-94 ALUNO: Karyn Mourato Almeida e Silva
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FICA A DICA1
Estamos começando os nossos trabalhos, aquecendo os nossos motores e prontos para uma
jornada muito intensa de poucos meses. Sabemos que Direito Tributário não é a matéria mais queridinha
do mundo (risos), mas faremos o possível para expor dicas de conteúdo relevante e numa linguagem
clara e compreensível.
A dica de hoje busca expor algo que foi objeto de recente modificação legislativa, daí a importância
de nos mantermos sempre atualizados. Contudo, antes de chegarmos ao ponto da atualização, vamos
contextualizar os assuntos correlatos.
Execução fiscal é uma modalidade de execução por quantia certa, com base em título extrajudicial
constituído pela certidão de dívida ativa regularmente inscrita (para possibilitar a execução fiscal, é
indispensável que a dívida ativa esteja regularmente inscrita), de caráter expropriatório, que se realiza no
interesse da Fazenda Pública. Até aqui, tudo beleza, mas o que se entende por DÍVIDA ATIVA?
Art. 2º da LEF: Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não
tributária2 na Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas
gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
§ 1º Qualquer valor, cuja cobrança seja atribuída por lei às entidades de que trata o artigo 1º, será
considerado Dívida Ativa da Fazenda Pública.
2 #ATENÇÃO: não caia na pegadinha de relacionar somente com créditos de natureza tributária!
De acordo com as disposições legais, dívida ativa tributária é aquela relativa a tributos e multas
tributárias. Por exclusão, dívida ativa não tributária será aquela não relacionada a tributos e multas
tributárias, tais como foros, laudêmios, aluguéis ou taxas de ocupação, custas processuais, preços de
serviços prestados por estabelecimentos públicos, indenizações, reposições, restituições etc.
Art. 201 (CTN). Constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa natureza, regularmente
inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento,
pela lei ou por decisão final proferida em processo regular.
Parágrafo único. A fluência de juros de mora não exclui, para os efeitos deste artigo, a liquidez do
crédito.
É oportuno destacar que a dívida ativa poderá compreender qualquer valor. As obrigações
contratuais, inclusive, desde que submetidas ao controle de inscrição, podem ser exigidas por via de
execução fiscal.
#CUIDADO! #CASCADEBANANA
§ 3º (do art. 2º da LEF) - A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da legalidade,
será feita pelo órgão competente para apurar a liquidez e certeza do crédito e suspenderá a prescrição,
para todos os efeitos de direito, por 180 dias, ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer
antes de findo aquele prazo.
O prazo de 180 dias previsto no art. 2º, §3º da LEF, acima colacionado, só se aplica para os débitos de
3 Trata-se de presunção relativa, “pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do executado ou de terceiro, a quem
aproveite” (art. 3º, parágrafo único).
natureza não tributária. De acordo com os Tribunais Superiores, os prazos e as hipóteses de interrupção
e suspensão dos prazos de prescrição e decadência em matéria tributária somente podem ser tratados
por lei complementar, na forma do art. 146 da CF/88.
A própria constituição anterior já apontava que a matéria precisava ser tratada por LC. Por isso, tal
regra já nasceu inconstitucional com relação à constituição anteriormente vigente (a LEF é de 1980), de
forma que também não foi recepcionada pela CF/88, posterior.
O protesto das certidões de dívida ativa constitui mecanismo constitucional e legítimo por não
restringir de forma desproporcional quaisquer direitos fundamentais garantidos aos contribuintes e,
assim, não constituir sanção política. STF. Plenário. ADI 5135/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado
em 3 e 9/11/2016 (Info 846).
#OLHAOGANCHO: a contagem em dobro do prazo aos defensores públicos aplica-se aos embargos
à execução fiscal, uma vez que as normas que conferem essa prerrogativa - Lei nº 1.060 e Lei Comple-
mentar nº 80/1994 - não fazem qualquer ressalva a respeito. #SANGUEVERDE #DEFENSORIA
GARANTIA DA EXECUÇÃO
Na execução fiscal, o devedor é citado para, em cinco dias (lembre que na execução comum esse
prazo é de 3 dias), pagar ou oferecer bens à penhora. Caso pague, o juiz dará vista à Fazenda e, com a
concordância desta, a execução será extinta.
Caso o executado não pague, terá as opções elencadas no art. 9º, oferecendo garantia à execução:
Art. 9º Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de mora e encargos indicados na
Certidão de Dívida Ativa, o executado poderá:
I - Efetuar depósito em dinheiro, à ordem do Juízo em estabelecimento oficial de crédito, que assegure
atualização monetária;
IV - Indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela Fazenda Pública.
A Lei 13.043/2014 alterou o inciso II do art. 7º da Lei 6.830/80 (LEF) e previu expressamente mais
uma forma de garantia do juízo: o SEGURO GARANTIA.
A mudança foi importante porque o STJ possuía entendimento pacífico de que o seguro garantia
não servia como garantia da execução fiscal em virtude da ausência de previsão na LEF.
- A Lei 13.043/2014 entrou em vigor em 14/11/2014; é possível aceitar seguro garantia para
uma execução fiscal que tenha se iniciado antes desta data e que ainda esteja tramitando?
Em outras palavras, a alteração promovida pela Lei 13.043/2014 no que tange ao seguro
garantia aplica-se às execuções fiscais que foram instauradas antes de sua vigência e que
ainda estejam em curso?
SIM. O inciso II do art. 9° da Lei 6.830/80 (LEF), alterado pela Lei 13.043/2014, que faculta expressamente
ao executado a possibilidade de oferecer fiança bancária ou seguro garantia nas execuções fiscais,
possui aplicabilidade imediata aos processos em curso.
A norma que permite a garantia do juízo por meio de seguro garantia é de cunho processual, de
modo que possui aplicabilidade imediata aos processos em curso. STJ. 2ª Turma. REsp 1.508.171-SP,
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 17/3/2015 (Info 559).
Caso o executado resolva oferecer bens à penhora (inc. III), deverá observar a ordem5 do art. 11:
I - dinheiro;
II - título da dívida pública, bem como título de crédito, que tenham cotação em bolsa;
IV - imóveis;
4 O Seguro Garantia Judicial é modalidade de caução regulada pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e utilizado
nas execuções cíveis, permitindo que as empresas possam embargar as execuções que lhes são movidas sem que haja
impacto no fluxo de caixa como ocorre no depósito em dinheiro e sem que se tenha que pagar os custos de uma fiança
bancária, modalidade de garantia mais onerosa para o devedor.
5 Caso o executado indique bens sem observar a ordem legal, a Fazenda Pública não é obrigada a aceitar a indicação e o
juiz não poderá deferir o pedido, SALVO SE (#CARADEPROVA) forem apresentados elementos concretos que justifiquem
a incidência do princípio da menor onerosidade #REMEMBERMYNAME (art. 805) (REsp 1.337.790/PR).
V - navios e aeronaves;
VI - veículos;
#CASCADEBANANA #NÃOVALEERRAR
#DECORA: precatório não pode ser considerado dinheiro. É CRÉDITO (inc. VIII). Assim, a Fazenda
Pública pode recusar precatórios dados em garantia quando houver outros bens penhoráveis, na
ordem acima esposada.
Súmula 406 - STJ: A Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado por precatório.
EMBARGOS À EXECUÇÃO
Art. 16. O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias (NA EXECUÇÃO COMUM
TEMOS 15 DIAS), contados:
I - Do depósito;
Quem tem legitimidade para propor embargos à execução é o devedor principal, e não o terceiro
garantidor (vide art. 16 c/c 19 da LEF). Tratando-se de embargos à arrematação ou à adjudicação, todavia,
tanto o devedor principal como o terceiro, têm legitimidade para propô-los.
Ademais, de acordo com o STJ, nos casos em que a garantia à execução fiscal tenha sido totalmente
dispensada de forma expressa pelo juízo competente, bem como não exista qualquer outra forma de
garantia, o prazo para oferecer embargos à execução se iniciará na data da intimação da decisão
que dispensou a apresentação de garantia. Em tal hipótese, não haverá a necessidade de se informar
expressamente o prazo para embargar na intimação dessa dispensa.
Mas aí você, aluno ciclos, pode estar se perguntando: como assim? Não é obrigatória a garantia?
SIM! A lei é clara ao dispor que “não são admissíveis embargos do executado antes de garantida a
execução” (art. 16, § 1º, da Lei nº 6.830/1980). Essa é a regra. Ocorre que o próprio STJ, em tese firmada
em recurso repetitivo, considerou que “a insuficiência de penhora não é causa suficiente para determinar
a extinção dos embargos do devedor” (REsp 1.127.815/SP). Ou seja, a insuficiência patrimonial do devedor
é justificativa plausível à apreciação dos embargos à execução sem que o executado proceda ao reforço
da penhora. O STJ entendeu ser possível aplicar o mesmo entendimento nas hipóteses em que a dispensa
de apresentação de garantia é total.
#EMRESUMO: ainda que não haja oferta de garantia ou que esta seja insuficiente, o juiz poderá
apreciar os embargos do executado.
Em caso de execução fiscal, o STJ entende, com base no princípio da especialidade, que mesmo
o beneficiário da assistência gratuita deve oferecer garantia do juízo como pressuposto de
conhecimento dos embargos. STJ. 2ª Turma. REsp 1.437.078-RS, Info 538.
No entanto, matérias de ordem pública e que não exijam dilação probatória, antigamente
arguidas por meio de exceção de pré-executividade, podem ser arguidas sem garantia, por simples
petição nos autos de execução.
É bem provável que você agora esteja confuso com a possibilidade de dispensa da garantia
mencionada alguns parágrafos acima.
Calma, vamos lá: o simples fato de ser beneficiário de justiça gratuita não muda A REGRA
(palavra-chave para entendermos) da necessidade de garantia da execução fiscal para se ter
direito de defesa (embargos). CONTUDO, há a possibilidade de dispensa dessa garantia (ou de sua
integralidade) caso seja verificado - NO CASO CONCRETO (olhar a “exceção” aí) – que a insuficiência
patrimonial impede que o executado garanta o juízo.
#IMPORTANTE #EFEITOSUSPENSIVO
Os embargos à execução fiscal, segundo entendimento majoritário, não possuem efeito suspensivo.
É que, apesar de não existir disposição expressa na Lei nº 6.830/1980, o STJ, em sede de recurso repetitivo,
reconheceu o caráter especial da Lei nº 6.830/1980 e a aplicação subsidiária do art. 739-A do CPC/1973
– correspondente ao art. 919 do CPC/2015 –, aos embargos à execução fiscal (STJ, REsp 1.272.827/PE,
julgado em 22.05.2013). Aplicando-se esse entendimento ao novo CPC, pode-se concluir o seguinte: para
que seja concedido efeito suspensivo são necessários o oferecimento de garantia e a comprovação dos
requisitos para a concessão da tutela provisória (urgência ou evidência) (art. 919, § 1º).
Na ausência de um dos requisitos, a execução não poderá, a princípio, ser suspensa. Importante
reiterar que a suspensão só poderá ocorrer depois de realizada a penhora, momento no qual o juízo
já se encontra garantido (na execução fiscal, a mera oposição dos embargos já pressupõe garantia ao
juízo, salvo nas hipóteses de dispensa).
O argumento do STJ era o de que não havia previsão legal para isso. Para o STJ, se o legislador
quisesse que o recebimento indevido de benefício previdenciário ensejasse a inscrição em dívida ativa,
teria previsto expressamente na Lei nº 8.212/91 ou na Lei nº 8.213/91 (o que não havia).
#NOVIDADELEGISLATIVA: Art. 115. (...): § 3º Serão inscritos em dívida ativa pela Procuradoria-
Geral Federal os créditos constituídos pelo INSS em razão de benefício previdenciário ou assistencial
pago indevidamente ou além do devido, hipótese em que se aplica o disposto na Lei nº 6.830, de
Por fim, cabe fazer a ressalva destacada pelo Prof. Márcio André (#VALEUMARCINHO): “somente
poderão ser inscritos em dívida ativa os créditos constituídos a partir da vigência da MP 780/2017, que foi
convertida na Lei 13.494/2017. Isso porque a Lei não pode retroagir para alcançar créditos constituídos
antes da sua vigência”.
Espero que a dica seja valiosa para entender um pouquinho melhor a sistemática da execução fiscal
e da possibilidade de que benefícios recebidos indevidamente possam ser inscritos em dívida ativa e por
meio dela cobrados.
Michel de Montaigne
Um abraço do coach,
Angelus Maia