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HISTÓRIA DA SAÚDE

PÚBLICA NO BRASIL

Laís Caroline Rodrigues


Economista Residente – Gestão Hospitalar
residecoadm.hu@ufjf.edu.br
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE

Sugestões:

Documentário – Políticas de Saúde no Brasil: Um século de luta pelo direito à saúde


https://www.youtube.com/watch?v=YmUsYSpi-GQ

Vídeo – A história da saúde pública no Brasil: 500 anos na busca de soluções


https://www.youtube.com/watch?v=7ouSg6oNMe8
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE

1500 a 1889 – Colônia/Império


• A vinda da família real para o Brasil possibilitou a chegada de médicos e preocupação
com as condições de vida nas cidades, surgindo assim, as primeiras ações de saúde
no Brasil.

• Não existia política de saúde, porém, eram tomadas medidas que visavam minimizar
os problemas de saúde pública que afetavam os interesses políticos e econômicos do
Estado de garantir sua sustentabilidade e a produção de riquezas.

• O quadro sanitário caracterizava-se pela existência de diversas doenças


transmissíveis, portanto, as medidas eram saneamento dos portos e campanhas para
conter as epidemias frequentes e prejudiciais à produção.
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1889-1930 - Do final do império a República Velha

• 1902: conjunto de reformas urbanas e de saneamento que deram fim ao ciclo de


epidemias

• 1904: decretada a Lei da Vacinação Obrigatória em virtude de um novo surto de


varíola.

• Revolta da Vacina: Saúde como caso de polícia.

• 1910: Departamento Nacional de Saúde Pública


• Movimento pelo saneamento rural;
• Ampliação das atribuições do Estado na saúde.
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1889-1930 - Do final do império a República Velha


• 1920: saúde pública cresce como questão social e passa a ser considerada como
atribuição do Estado.

• 1923: Lei Eloy Chargas → regulamentava as Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAP’s)


• Organizações de direitos privado
• Criadas para grupos específicos de servidores
• Princípios de seguridade social
• Organizadas pelas empresas
• Administradas e financiadas pelas empresas e trabalhadores
• Estado era responsável pela legalização e controle a distancia do funcionamento.

O primeiro sistema de proteção social no Brasil foi constituído com base nas CAP’s.
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1930-1945: Governo Vargas

• 1933: CAP’s transformadas em Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP’s).


• Benefícios da previdência foram estendidos a todas as categorias profissionais do
operário urbano.
• Os trabalhadores organizados por categoria profissional e não mais por empresa.
• Os benefícios oferecidos eram compatíveis com a capacidade de organização de
cada categoria
• IAPs: inicio de um sistema público de previdência social.

O desenvolvimento dos sistemas de proteção (Previdência Social) no Brasil foi


criado nos moldes da cidadania regulada.
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1930-1945: Governo Vargas

• Separação entre saúde pública e assistência médica previdenciária.

• Saúde pública era destinada a controlar e erradicar doenças infectocontagiosas, a


assistência individual não estava sob o controle do Ministério da Educação e Saúde
Pública – MES

• As pessoas que não estavam inseridas na medicina previdenciária contavam com a


caridade e do assistencialismo dos hospitais e de profissionais de saúde.

• Período marcado por ações verticalizadas, centralizadas e emergenciais, que


permaneceram por longos anos.
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1945-1963: Redemocratização
• 1953: Ministério da Saúde é criado de forma independente da área da educação.

• Transferência do centro dinâmico


• Expansão progressiva e acelerada dos serviços de saúde
• Surgem os grandes hospitais
• A assistência se torna mais cara
• Hospital como principal ponto de referencia em atenção a saúde.

• Ideologia desenvolvimentista: nível de saúde de uma população depende do


desenvolvimento de um país.

• Período caracterizado pelo investimento na assistência médica hospitalar em detrimento


da atenção básica, instaurando a tendência hopitalocêntrica.
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1964 -1974: Regime Militar

• Crescimento do setor privado via financiamento público

• Ênfase na assistência médica, medicamentosa e especializada.

• 1967: unificação dos IAPs → Instituto Nacional da Previdência Social (INPS), com
uniformização dos institutos.

• Devido ao estreito financiamento e a incapacidade do sistema previdenciário de


responder a crescente demanda, optou-se pela privatização da assistência médica
previdenciária.

• O INPS passou a ser o maior comprador de serviços privados de saúde, estimulando a


prática médica orientada pelo lucro.
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1964 -1974: Regime Militar

• A interferência estatal culminou no surgimento das organizações privadas de saúde.

• Inclusão de novas categorias: empregados rurais, empregadas domésticas e


trabalhadores autônomos.

• Os que não integravam a previdência social contavam co programas específicos ou com


serviços filantrópicos.

• Cidadania invertida: assistência pelo fracasso social


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1974 -1988: A crise do modelo de saúde vigente e as


proposições iniciais de reforma sanitária
• Movimento pró descentralização divido a insatisfação, as classes dominantes e
dominadas.

• 1975: primeiro modelo político de saúde de âmbito nacional, o Sistema Nacional de Saúde
(SNS)

• 1977: Ministério da Previdência e Ação Social (MPAS), tinha como objetivo tornar o sistema
mais eficiente e racionalizado.
• Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) - assistência
médica hospitalar curativa
• INPS - direcionado aos benefícios; e
• Instituto de Administração da Assistência Social (IAPAS), função de controlar o
financeiro.
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1974 -1988: A crise do modelo de saúde vigente e as


proposições iniciais de reforma sanitária

• Segunda metade da década de 1970: começa uma discussão sobre o modo de pensar
saúde.

• O movimento sanitário criticava a mercantilização da medicina e a concessão de


privilégios ao setor privado.

• A agenda da reforma no setor de saúde buscava instituir um sistema com as seguintes


características: regionalização, descentralização, universalização, integração das ações,
hierarquização e participação social, a fim de assegurar o controle social.

• O objetivo do Movimento da Reforma Sanitária (MRS) era impulsionar ampla reforma no


setor de saúde
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1974 -1988: A crise do modelo de saúde vigente e as


proposições iniciais de reforma sanitária

1986: VIII Conferência Nacional de Saúde. Cria espaço para o debate dos problemas do
sistema de saúde e de propostas de reorientação da assistência médica e de saúde pública.

Essa conferência foi base para a elaboração do capítulo de saúde da Constituição e para
criação do SUS.

1988: Promulgação da Constituição Federal → Aprovado o Sistema Único de Saúde


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Modelos de atenção à Saúde:

•Modelo Sanitarista Campanhista - vigente até meados doa anos 1960

•Modelo biomédico/hospitalocêntrico - ápice nas décadas de 1960, 1970 e 1980

•Modelo de Produção Social da Saúde


ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE

SISTEMA ÚNICO DE
SAÚDE
ECONOMIA E GESTÃO DA SAÚDE

CONCEPÇÃO DO SUS
O Movimento da Reforma Sanitária teve por objetivo impulsionar ampla reforma no setor de
saúde e deu origem às propostas para a criação do SUS.

A Reforma Sanitária emergiu da sociedade e conta com o apoio de universitários, intelectuais


da área de Saúde Coletiva, profissionais de saúde, entre outros.

Eram propostas do movimento:


•Reformulação política – saúde como direito de todos
•Reformulação do setor de saúde – serviços de saúde em todos os níveis assistenciais além
da mudança do paradigma sanitário
•Ideológica – reforma sob os pressupostos de Medicina Preventiva e Social e conceito de
saúde
•Reformulação social – saúde como direito social
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O ponto forte do MRS culminou com a 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), realizada
em 1986, que serviu para incorporação dos princípios e diretrizes do SUS na Constituição
Federal de 1988.

Os temas da conferência eram: saúde como direito, reformulação do Sistema Nacional de


Saúde e financiamento do setor.

Os principais pontos discutidos foram:

• Saúde como direito de todos e dever do Estado;


• Equidade e integralidade das ações de saúde;
• Separação da Saúde da Previdência;
• Sistema público com comando único;
• Conceito abrangente de saúde;
• Política de financiamento do setor saúde.
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Referências
AGUIAR, Zenaide Neto. SUS: Sistema Único de Saúde: antecedentes, percurso, perspectivas e
desafios. São Paulo: Martinari, 2011.
COTTA, R. M. M. et al. Prática sanitária, processo saúde-doença-adecimento e paradigmas de
saúde. In: Políticas de Saúde: desenhos, modelos e paradigmas. Viçosa: Editora UFV, 2013. p.
15-42.
COTTA, R. M. M. et al. Políticas de Saúde no Brasil e o desenho do sistema nacional de saúde.
In: Políticas de Saúde: desenhos, modelos e paradigmas. Viçosa: Editora UFV, 2013. p. 87-119.
COTTA, R. M. M. et al. Sistema Único de Saúde: Antecedentes históriicos, princípios, diretrizes,
legislação estruturante, arcabouço jurídico institucional e organização operacional. In: Políticas
de Saúde: desenhos, modelos e paradigmas. Viçosa: Editora UFV, 2013. p. 87-119.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. 8ª Conferência Nacional de Saúde: relatório final. 1986.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. ABC do SUS: doutrinas e princípios. Brasília. 1990.
PAIM, J. et al. O sistema de saúde brasileiro: historia avanços e desafios. 2011. Série Saúde no
Brasil, v. 1, 2012.
PAIVA, Carlos Henrique Assunção; TEIXEIRA, Luiz Antonio. Reforma sanitária e a criação do
Sistema Único de Saúde: notas sobre contextos e autores. História, Ciências, Saúde-
Manguinhos, v. 21, n. 1, p. 15-36, 2014.
TEIXEIRA, Carmen. Os princípios do sistema único de saúde. Texto de apoio elaborado para
subsidiar o debate nas Conferências Municipal e Estadual de Saúde. Salvador, Bahia, 2011.

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