Relatório:"O Racismo Estrutural na Formação Econômica do Brasil."
Discente:Maria Eucileide de Albuquerque Marialva
Professora: Elen Pessôa
2023 A fim de iniciarmos a discussão, assistimos à apresentação da Dra. Lilian Braga que, de acordo com seu histórico profissional, é Promotora de Justiça do Ministério Público do Pará, e possui o título de Doutora em Ciências Jurídicas e Sociais pelo programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense é Mestra em Sociologia e Direito pela UFF/RJ em 2022 e especialista em direito municipal pela UFPA em 2003. Formou-se em Direito pela Universidade Federal do Pará em 1993. A Doutora inaugurou sua apresentação com a seguinte indagação: "Quem eu sou?". Uma pergunta simples, porém grandiosa, que conduz a uma jornada de reflexão, autoconhecimento e exploração de nossa origem. No momento em que questionamos a respeito de quem somos, inevitavelmente nos deparamos com a questões referentes à natalidade, como, por exemplo, o lugar onde nascemos, crescemos, desenvolvemos e criamos raízes nos mais variados aspectos, sejam eles materiais ou imateriais. Tudo isso implica na imensa diversidade que nos cerca e que, consistentemente, reflete nos mais variados aspectos da coletividade. Discorrer sobre a economia do País e sua abrangente relação com a diversidade étnica e cultural que não somente moldou, mas transformou as dinâmicas políticas e sociais da Nação é complexo. Trazendo como destaque os diferentes grupos - sejam aqueles que vieram voluntariamente, àqueles que foram trazidos à força como escravos, ou mesmo os povos originários que já faziam do território nacional, uma habitação - os quais foram cruciais para a formação do País durante o processo de colonização, ainda que com preços altíssimos que se pagam por esses povos até o atual período. Ao trazer esse debate à tona da realidade hodierna, especialmente para as regiões Amazônicas, a professora Dra. Lilian aponta para a importância de compreender-se o legado da colonização europeia na região, mas sem deixar de levar em conta a situação de ocupação já existente nesses territórios. A Amazônia, conhecida por sua vasta riqueza natural, mineral e biológica não apenas reflete a história de exploração econômica, mas também é palco de conflitos relacionados à ocupação de terras e seus impactos nas comunidades locais pois, ao longo dos anos, a região foi trabalhada como uma localidade que não tem habitação ou que possui suas terras tomadas, de acordo com a professora, "um espaço vazio". Em seguida, a Doutora então nos conduz a uma reflexão profunda sobre o racismo estrutural, evidenciando como ele está enraizado em diferentes aspectos de nossa sociedade, incluindo, principalmente, o sistema jurídico, que rege sua justiça pela seletividade baseada em cor, classe e etnia. A análise dos artigos do Código Criminal de 1830 revela como as leis foram utilizadas para perpetuar a marginalização e criminalização de determinados grupos sociais, especialmente negros e indígenas. Este é um comportamento fortemente enraizado não somente pelas estruturas legais, mas pela própria população. Isto, por sua vez, implica no desfavorecimento destes povos, já que suas entradas nos meios econômicos são vetados pela enorme descriminaçao e seletividade. São povos naturalmente impedidos de ingressar em espaços sociais e políticos. Essa análise nos leva a questionar as noções de justiça e poder dentro do sistema legal e a reconhecer as formas pelas quais o racismo se manifesta em nossas instituições e suas problemáticas. Além disso, somos confrontados com a ideia de racismo ambiental, tema atual que revela como as políticas econômicas sacrificam, das mais diversas maneiras, as comunidades marginalizadas, em prol do “desenvolvimento”, resultando na degradação do meio ambiente e na violação do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e dos Direitos e Garantias Fundamentais, previstos legalmente na CF de 1988, e prejudicando o crescimento e equilíbrio das populações locais, além de provocar diversos problemas na saúde pública. Comunidades Indígenas, Quilombolas, Ribeirinhas e outras minorias étnicas são particularmente afetadas, estes enfrentam deslocamentos forçados e perda de acesso a recursos essenciais devido à exploração desenfreada de terras e recursos naturais, o que torna a luta pela posse de suas Terras algo que sempre existiu, pois há muito sangue derramado ali. Além disso, o racismo ambiental se manifesta na desigualdade de acesso a espaços verdes e na localização de indústrias poluentes em áreas habitadas por pessoas de baixa renda e minorias étnicas, ferindo, novamente, a garantia feita pela ONU, que reconhece que todos são dignos de um ambiente puro, equilibrado e sustentável. Diante de todas essas reflexões, somos induzidos pela palestrante a questionar o porquê de o racismo afetar e atrasar tanto o progresso social, político, econômico e o porquê de tantas burocracias que impedem e desconsideram o ingresso dessas minorias. Essas são as questões levantadas que nos desafiam a repensar nossas próprias perspectivas, atitudes e a considerar formas pelas quais podemos contribuir para a construção de uma sociedade mais inclusiva e menos seletiva. Em Suma, essa primeira parte da aula proporcionou uma análise profunda e multifacetada das questões relacionadas à identidade, ocupação territorial, desproporcionalidades econômicas, políticas sociais e racismo, trazendo nossos privilégios á vista, para que possamos rever preconceitos e responsabilidades que cercam a todos em relação às injustiças sociais e ambientais que permeiam nossa realidade. Em seguida temos a mestre Luana Kumaruara: Doutoranda em Sociologia e Antropologia - PPGSA/UFPA, com sua Mestre no Programa de Pós-Graduação em Antropologia - PPGA/UFPA, que possui sua apresentação voltada para o racismo dos povos indígenas. O racismo é um problema profundamente enraizado que permeia diversas sociedades ao redor do mundo, e os povos indígenas frequentemente são alvos desse tipo de discriminação. A mestre cita diversos casos de discriminação, um dos principais foi algo recorrente na própria universidade, onde ela afirma que a UFOPA
é uma universidade racista. Nos países onde os povos indígenas constituem
minorias, eles enfrentam uma série de desafios, incluindo a falta de acesso a
serviços básicos, oportunidades econômicas limitadas e representação política
inadequada. Essas disparidades muitas vezes resultam de um sistema social que favorece a maioria dominante em detrimento das comunidades indígenas. Além disso, os povos indígenas também enfrentam estereótipos prejudiciais e uma representação negativa na mídia e na cultura popular, o que contribui para a perpetuação do racismo. São frequentemente retratados de maneira simplificada e exótica, o que reforça ideias falsas e prejudiciais sobre suas culturas e modos de vida, um exemplo citado pela professora Luana Kumaruara, onde na UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ, a mesma foi perguntada se era indígena de verdade. Houve durante a sua apresentação a ligação do racismo ambiental e a contestação da existência de povos indígenas em suas terras, que são questões interligadas que exacerbam a injustiça e a marginalização enfrentadas por essas comunidades. O racismo ambiental se manifesta quando as comunidades indígenas são desproporcionalmente afetadas por danos ambientais, como poluição, desmatamento e contaminação de recursos naturais, muitas vezes causados por atividades industriais e projetos de desenvolvimento que ignoram seus direitos e necessidades. Além disso, a contestação da existência de povos indígenas em suas terras é uma forma de negação de sua identidade, cultura e direitos históricos sobre o território que ocupam há séculos. Muitas vezes, governos e empresas buscam deslegitimar a presença indígena em suas terras ancestrais, visando a exploração de recursos naturais ou a expansão de projetos de infraestrutura, ignorando os direitos territoriais consagrados em leis nacionais e tratados internacionais. Essas formas de racismo e negação da existência indígena não apenas violam os direitos humanos fundamentais dessas comunidades, mas também contribuem para a degradação ambiental e a perda de biodiversidade. Os povos indígenas desempenham um papel crucial na proteção e conservação dos ecossistemas, graças ao seu profundo conhecimento tradicional e sua relação sustentável com a natureza. Para concluir esse relatório, na minha visão, a palestra é profundamente reflexiva e traz à tona questões essenciais sobre identidade, racismo, ocupação territorial e desigualdades sociais e ambientais. Primeiramente, a apresentação da Dra. Lilian Braga nos leva a uma jornada de autoconhecimento ao nos perguntar "Quem eu sou?". Essa indagação simples, porém poderosa, nos convida a refletir não apenas sobre nossa origem e identidade, mas também sobre as influências históricas e sociais que moldaram quem somos. Essa introspecção é fundamental para compreendermos melhor não só a nós mesmos, mas também as dinâmicas sociais e econômicas que nos cercam. A análise da relação entre a economia do país e a diversidade étnica e cultural é crucial. O reconhecimento de como diferentes grupos contribuíram para a formação da nação, seja voluntariamente, como escravos trazidos à força ou como povos originários, nos confronta com a complexidade e a riqueza da história brasileira. Isso nos leva a questionar as narrativas tradicionais e a reconhecer a importância de valorizar e respeitar todas as contribuições culturais. O debate sobre o racismo estrutural nos leva a uma profunda reflexão sobre as injustiças arraigadas em nossas instituições e na sociedade como um todo. Ao examinar como o sistema jurídico perpetua a marginalização de determinados grupos, especialmente negros e indígenas, somos desafiados a questionar noções de justiça e poder, bem como a reconhecer nossos próprios privilégios e responsabilidades na luta contra o racismo. A noção de racismo ambiental adiciona uma camada adicional de complexidade, destacando como as políticas econômicas muitas vezes sacrificam comunidades marginalizadas em nome do desenvolvimento. O reconhecimento das disparidades no acesso a recursos naturais e na exposição a danos ambientais nos leva a repensar nossas práticas e políticas em relação ao meio ambiente e às comunidades locais. Por fim, a apresentação da mestre Luana Kumaruara enfatiza a interseccionalidade entre o racismo e a negação da existência indígena em suas terras ancestrais. Isso nos leva a reconhecer não apenas a importância de proteger os direitos dessas comunidades, mas também a valorizar seu profundo conhecimento tradicional e seu papel vital na conservação ambiental. Em suma, as apresentações nos desafiam a repensar nossas próprias perspectivas, atitudes e privilégios, enquanto nos instiga a buscar formas de contribuir para uma sociedade mais inclusiva, justa e sustentável. Essa é uma oportunidade valiosa de aprendizado e crescimento, que nos convida a agir em prol da equidade e da justiça social.
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