Você está na página 1de 6

UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DE FEIRA DE SANTANA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

MATHEUS HENRIQUE DIAS DE SOUZA

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA POVOS INDÍGENAS

FEIRA DE SANTANA
2023
MATHEUS HENRIQUE DIAS DE SOUZA

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA POVOS INDÍGENAS

Trabalho discente efetivo do curso de Engenharia


Civil da Unidade de Ensino Superior de Feira de
Santana, com objetivo de obtenção de nota para
disciplina de Debates Contemporâneos.

FEIRA DE SANTANA
2023
INTRODUÇÃO

A população indígena no Brasil é composta por cerca de 900 mil pessoas,


distribuídas em 305 etnias e falantes de 274 línguas diferentes. Esses povos
possuem uma diversidade cultural, histórica e territorial que deve ser respeitada e
valorizada. No entanto, ao longo da história, eles foram alvo de violências,
discriminações e violações de seus direitos por parte dos colonizadores, do Estado
e de outros segmentos da sociedade.
A Constituição Federal de 1988 reconheceu os direitos originários dos povos
indígenas sobre as terras que tradicionalmente ocupam, bem como o seu direito
à diferença, à autodeterminação e à organização social. Além disso, a Constituição
determinou que cabe ao Estado proteger e promover os direitos indígenas,
respeitando a sua identidade, cultura e interesses.
Nesse sentido, foram criadas diversas políticas públicas voltadas para a população
indígena, que abrangem áreas como saúde, educação, assistência social, meio
ambiente, cultura e desenvolvimento. Essas políticas têm como princípios a
interculturalidade, a participação social e o respeito à autonomia dos povos
indígenas.

DESENVOLVIMENTO

Uma das principais políticas públicas voltadas para a população indígena é a


Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI), criada em
2002. Essa política visa garantir o acesso universal e diferenciado dos povos
indígenas ao Sistema Único de Saúde (SUS), respeitando as suas especificidades
culturais e epidemiológicas. Para isso, a PNASPI prevê a criação de um
subsistema de saúde indígena, composto por 34 Distritos Sanitários Especiais
Indígenas (DSEIs), que são unidades administrativas responsáveis pela gestão e
execução das ações de saúde nas terras indígenas.
A PNASPI também estabelece que as ações de saúde devem ser realizadas por
equipes multidisciplinares de saúde indígena (EMSI), formadas por profissionais
de diferentes áreas, incluindo agentes indígenas de saúde (AIS) e agentes
indígenas de saneamento (AISAN), que são membros das comunidades
capacitados para atuar na promoção e prevenção da saúde. Além disso, a PNASPI
reconhece o valor das práticas tradicionais de saúde dos povos indígenas, como
o uso de plantas medicinais e os saberes dos pajés e parteiras, e incentiva o seu
diálogo com os conhecimentos científicos.
Outra política pública importante para a população indígena é a Política Nacional
de Educação Escolar Indígena (PNEEI), criada em 1999. Essa política visa
garantir o direito à educação escolar específica, diferenciada e intercultural aos
povos indígenas, respeitando as suas línguas maternas, os seus processos
próprios de aprendizagem e os seus projetos societários. Para isso, a PNEEI prevê
a criação de escolas indígenas, que são instituições educacionais vinculadas às
comunidades indígenas e geridas por elas.
A PNEEI também estabelece que os currículos escolares devem ser construídos
coletivamente pelos povos indígenas, com base em seus conhecimentos
tradicionais e em diálogo com os conhecimentos universais. Além disso, a PNEEI
reconhece o papel dos professores indígenas, que são membros das
comunidades capacitados para atuar na educação escolar indígena. A PNEEI
também prevê a formação continuada dos professores indígenas e não indígenas
que atuam nas escolas indígenas.
Uma terceira política pública relevante para a população indígena é a Política
Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI), criada
em 2012. Essa política visa garantir o direito dos povos indígenas à gestão
territorial e ambiental das terras que ocupam, bem como à conservação da
biodiversidade e ao uso sustentável dos recursos naturais. Para isso, a PNGATI
prevê a elaboração e implementação de planos de gestão territorial e ambiental
(PGTAs), que são instrumentos participativos que definem as diretrizes e as ações
para o manejo das terras indígenas.
A PNGATI também estabelece que as terras indígenas devem ser reconhecidas,
demarcadas, regularizadas e protegidas pelo Estado contra invasões e danos
ambientais. Além disso, a PNGATI reconhece o papel dos povos indígenas como
protagonistas na gestão territorial e ambiental das terras que ocupam, bem como
na promoção do desenvolvimento sustentável local e regional.
CONCLUSÃO

As políticas públicas voltadas para a população indígena no Brasil são


fundamentais para garantir os direitos constitucionais desses povos, bem como
para valorizar a sua diversidade cultural e territorial. No entanto, essas políticas
ainda enfrentam diversos desafios e limitações para serem efetivadas na prática.
Entre eles estão: a falta de recursos financeiros e humanos; a burocracia e a
morosidade do Estado; a resistência e o preconceito de alguns setores da
sociedade; as pressões econômicas e políticas sobre as terras indígenas; e as
ameaças à integridade física e cultural dos povos indígenas.
Portanto, é necessário fortalecer as políticas públicas voltadas para a população
indígena no Brasil, ampliando o seu alcance e qualidade; garantir a participação
efetiva dos povos indígenas na formulação, implementação e avaliação dessas
políticas; promover o diálogo intercultural entre os diferentes saberes e atores
envolvidos; assegurar o cumprimento da legislação vigente sobre os direitos
indígenas; e combater as violências e discriminações contra esses povos.
REFERÊNCIAS

FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO. Participação Indígena na construção de


políticas públicas. Disponível em: https://www.gov.br/funai/pt-br/atuacao/povos-
indigenas/cidadania/participacao-indigena-na-construcao-de-politicas-publicas.
Acesso em: 27 maio 2023.
ALBERT, Bruce. O ouro canibal e a queda do céu: uma crítica xamânica da
economia política da natureza (Yanomami). Mana [online], v. 2, n. 1, p. 39-79,
1996. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/mana/a/hVm5xVQM7MZSvXBNdXrfdXD/. Acesso em: 27
maio 2023.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Política Nacional de
Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. 2ª edição. Brasília: Ministério da Saúde,
2002. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_saude_indigena.pdf. Acesso
em: 27 maio 2023.

Você também pode gostar