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BÁRBARA LIMA ARAÚJO

O ASSISTENTE SOCIAL NA GARANTIA DOS DIREITOS SOCIAIS DE


FAMILIAS INDIGENAS NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA NO
MUNICIPIO DE BARRA DO CORDA - MA

Artigo apresentado à Faculdade do Centro


Maranhense (FCMA) como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

Orientador: Prof.ª Esp. Maika Rodrigues Amorim

Barra do Corda/MA
2023
2

FACULDADE DO CENTRO MARANHENSE – FCMA


Credenciada pelo Ministério da Educação - MEC Portaria no. 135, de 02 de fevereiro de 2017

O ASSISTENTE SOCIAL NA GARANTIA DOS DIREITOS SOCIAIS DE FAMILIAS


INDIGENAS NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA NO MUNICIPIO DE BARRA DO
CORDA - MA1

THE SOCIAL WORKER IN GUARANTEEING THE SOCIAL RIGHTS OF


INDIGENOUS FAMILIES IN BASIC SOCIAL PROTECTION IN THE MUNICIPALITY
OF BARRA DO CORDA – MA

Bárbara Lima Araújo 2


Maika Rodrigues Amorim3

RESUMO

Introdução: A atuação do assistente social desempenha um papel fundamental na


produção e garantia dos direitos sociais de grupos historicamente marginalizados,
como as famílias indígenas. No contexto da proteção social básica, o assistente
social tem a responsabilidade de assegurar que essas famílias tenham acesso aos
serviços e benefícios necessários para garantir seu bem-estar e desenvolvimento.
Justificativa: o estudo surgiu da necessidade da verificação de existência de programas
governamentais voltados diretamente para a área indígena e de profissionais qualificados
na área para a devida prestação de medidas (protetiva, preventiva e proativa.) e serviços.
A importância da articulação CFESS-CRESS no fortalecimento da política de
assistência social pela análise e atenção às especifidades dos povos indígenas, que
também são usuários dos serviços sociais. Objetivo geral: o estudo tem como
objetivo compreender o papel do assistente social na garantia dos direitos sociais de
famílias indígenas na proteção social básica. Metodologia: A metodologia do
trabalho alicerçou-se no levantamento e revisão de literatura, a partir da qual
buscamos abordar brevemente a história da população indígena brasileira A
metodologia do trabalho alicerçou-se no levantamento e revisão de literatura, a partir
da qual buscamos abordar brevemente a história da população indígena brasileira.

1
Artigo apresentado à Faculdade do Centro Maranhense (FCMA), como parte dos requisitos para
obtenção do Título de Bacharel em Serviço Social, em 2023.
2
Graduando em Serviço Social pela Faculdade do Centro Maranhense (FCMA) – E-mail:
barbaralima0202@gmail.com
3
Professora-Orientadora. Especialista em Administração. Bibliotecária na Faculdade do Centro
Maranhense (FCMA) – E-mail: orientador@facma.br
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Palavras-chave: Serviço Social. Direitos sociais. Famílias Indígenas.

ABSTRACT

Introduction: Social workers play a fundamental role in producing and guaranteeing the
social rights of historically marginalized groups, such as indigenous families. In the context
of basic social protection, the social worker is responsible for ensuring that these families
have access to the services and benefits necessary to guarantee their well-being and
development. Justification: the study arose from the need to verify the existence of
government programs aimed directly at the indigenous area and of qualified professionals
in the area for the proper provision of measures (protective, preventive and proactive) and
services. The importance of CFESS-CRESS coordination in strengthening social
assistance policy by analyzing and paying attention to the specificities of indigenous
peoples, who are also users of social services. General objective: the study aims to
understand the role of the social worker in guaranteeing the social rights of indigenous
families in basic social protection. Methodology: The methodology of the work was based
on a survey and review of the literature, from which we sought to briefly approach the
history of the Brazilian indigenous population.

Keywords: Social service. Social rights. Indigenous Families.

1 INTRODUÇÃO

A presente pesquisa tem como principal objetivo abordar o tema: “O


ASSISTENTE SOCIAL NA GARANTIA DOS DIREITOS SOCIAIS DE FAMÍLIAS
INDIGENAS: proteção social básica no município de Barra do Corda – MA.”
O estudo surgiu da necessidade da verificação de existência de programas
governamentais voltados diretamente para a área indígena e de profissionais qualificados
na área para a devida prestação de medidas (protetiva, preventiva e proativa.) e serviços.
A importância da articulação CFESS-CRESS no fortalecimento da política de
assistência social pela análise e atenção às especifidades dos povos indígenas, que
também são usuários dos serviços sociais. Ocorre em meio ao aumento do pré-
conceito e descaso vivenciados pelo município de Barra do Corda, diretamente com
as famílias indígenas, tornando-os invisíveis aos olhos do Estado.
Hoje, os povos indígenas de Barra do Corda representam uma grande
diversidade étnica e linguística: são dois povos diferentes, com organizações
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sociais, parentesco, costumes, crenças e histórias distintas, falando dois dialetos


diferentes. Mas o grande desafio das políticas públicas é sua oposição: cada povo
tem sua própria história e formas únicas de constituir famílias e grupos, cuidar de
crianças e idosos, viver e transitar por territórios, conhecer e relacionar-se com a
natureza e uma forma de se relacionar com outras pessoas, grupos sociais,
espiritualidade, etc. Igualmente importante. Historicamente, a presença de povos
indígenas em áreas urbanas tem sido associada tanto a processos de despejo de
suas terras tradicionais, quanto à migração voluntária para as cidades para acesso a
serviços como: saúde e educação, ou em busca de uma melhoria (ou um novo
estilo) de vida.
A atuação do assistente social desempenha um papel fundamental na
produção e garantia dos direitos sociais de grupos historicamente marginalizados,
como as famílias indígenas. No contexto da proteção social básica, o assistente
social tem a responsabilidade de assegurar que essas famílias tenham acesso aos
serviços e benefícios necessários para garantir seu bem-estar e desenvolvimento.
A ideia do Estado durante esse longo período era de que deveriam ser
integrados à sociedade nacional, ignorando sua diversidade étnica e cultural.
Apenas a partir da promulgação da Constituição Federal (CF) de 1988, esses povos
tiveram a chance de verem consagrados direitos e de se considerada legítima sua
condição de cidadãos diferenciados. Cabe ao assistente social, além do
conhecimento técnico de sua profissão, levar em consideração que embora as
necessidades humanas por vezes sejam iguais, a forma de se assegurar o direito
assistencial será diferente em relação aos povos indígenas por sua particularidade
cultural e costumes ancestrais.
A hipótese inicial é que pôr em prática o que consagra a CF e
documentos internacionais em relação ao atendimento sócio assistencial aos povos
indígenas não é uma tarefa fácil, dada a sua complexidade. Ao mesmo tempo em
que se tem a convicção da necessidade, sabe-se que mesmo para os não indígenas
a questão da garantia dos direitos sociais está longe do ideal.
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A legislação o respaldo necessário para esse entendimento, e, além disso,


verificar como a legislação em vigor está sendo aplicada a esses povos e qual a sua
importância, já que trata-se de povos culturalmente diversos.
O Serviço Social se constituiu historicamente e se realiza de maneira
cotidiana como requisição do movimento da realidade, ou seja, a possibilidade
histórica da profissão está relacionada ao movimento da totalidade concreta, ao
desenvolvimento do modo de produção capitalista, generalizando-se na passagem
do capitalismo de livre concorrência para o capitalismo monopolista (Behring, 2012);
(Boschetti, 2016).
Portanto, os oitenta anos do Serviço Social brasileiro se forjam na sua
relação histórica com o enfrentamento às expressões da questão social, seja por
meio das políticas sociais e materialização de direitos, seja na articulação com
movimentos sociais da classe trabalhadora em sua luta pela conquista de direitos e
de melhores condições de vida. Significa dizer que não se pode entender a história
do Serviço Social de forma endógena, a partir de si mesma.
Sendo indissociável do processo de desenvolvimento da sociabilidade
capitalista, não podemos negligenciar os processos que determinam sua
possibilidade histórica: 1) a condição geral do trabalho assalariado, subsumido ao
capital, que para se valorizar precisa extrair mais-valor, já que este é a base para o
processo de acumulação; 2) a pauperização da classe trabalhadora e daqueles que
não se inserem no assalariamento e conformam um exército de reserva ou
superpopulação relativa; 3) as lutas sociais da classe trabalhadora que colocam na
cena pública a questão social em suas mais diversas expressões.
Este artigo abordara o papel do assistente social na garantia dos direitos
sociais de famílias indígenas na proteção social básica, considerando suas
características culturais, desafios específicos e a importância da interculturalidade.
Política de Assistência Social como ‘’direito de todos e dever do Estado’’ definindo e
apresentando aos órgãos, compromissos que são estabelecidos, diretrizes e
financiamento; em suma:

Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política


de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais,
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realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e


da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas
(Brasil,1993).

Pode-se afirmar que é a partir desse momento que a Política de


Assistência Social tem as ferramentas de inserção necessárias para a consolidação
dos direitos dos povos Originários, é a partir da criação dos Centros de Referência
de Assistência Social que a atuação do Serviço Social no contexto familiar e
territorial indígena é viabilizada.

2 ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NOS DIREITOS SOCIAIS DOS


INDIGENAS

A proteção social básica é um componente essencial para garantir o bem-


estar e a dignidade de todos os indivíduos, independente de sua origem étnica ou
cultural. No entanto, as famílias indígenas muitas vezes enfrentam desafios
específicos que podem dificultar o acesso a esses direitos fundamentais. Nesse
contexto, a atuação do assistente social se torna crucial para assegurar que as
famílias possam usufruir plenamente dos benefícios da proteção social básica. Todo
este contexto de exclusão e negligência por parte do Município de Barra do Corda,
como vimos, é histórico e vem se intensificando nos últimos anos.
Historicamente, a relação dos povos indígenas com o Município tem sido
conflituosa no que diz respeito à violação de direitos dos mesmos, pois, estes
indivíduos foram e ainda são alvo de preconceitos que perpassam desde o direito a
terra, aos direitos individuais e sociais garantidos constitucionalmente.
As conquistas legais de políticas públicas que pautam direitos indígenas
na atualidade são fruto do processo de luta e reinvindicações que estes povos
firmaram no decorrer da história. Apesar do forte genocídio étnico racial, ocorrido
durante décadas, e ainda presente no país, os indígenas constituíram-se sujeitos
históricos protagonistas dos contextos de transformações políticas, econômicas e
sociais, defendendo seus interesses desde o período colonial, até os dias atuais. O
objeto de intervenção do profissional Assistente Social é a chamada ‘’Questão
Social’’, que para Iamamoto (1998, p.27) é definida como:
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A Questão Social é apreendida como um conjunto das expressões das


desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum:
a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais
amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se
privada, monopolizada por uma parte da sociedade.

A questão indígena no Serviço Social, como uma profissão que engloba


as diversidades, o Assistente Social pode estar inserido em diversas políticas de
enfrentamento às desigualdades sociais causadas pelo capitalismo, como nas
políticas de saúde, educação, moradia, assistência social, dentre outros. A
população originária está, sem dúvidas, imersa na diversidade de questões que
compõem a Questão Social, pois é vítima de uma série de expropriações e
ofensivas da capital.

2.1 Mediação cultural e interculturalidade

As famílias indígenas têm sistemas de valores, crenças e práticas


culturais únicas que devem ser respeitados e considerados ao se implementar
programas de proteção social. O assistente social atua como um mediador cultural,
facilitando a comunicação entre as instituições de proteção social e as famílias
indígenas. Eles garantem que as informações sejam transmitidas de maneira
compreensível e relevante, levando em consideração as diferentes línguas e
contextos culturais. O pensador e filósofo Confúcio, afirma-nos que a cultura está
acima da diferença de condições sociais por isso deve ser respeitada e considerada
em toda e qualquer circunstância.
Além disso, a promoção da interculturalidade é fundamental para o
sucesso da proteção social básica para famílias indígenas. O assistente social
desafia estereótipos e preconceitos, levando o entendimento mútuo entre as
comunidades indígenas e a sociedade em geral. Isso contribui para a construção de
relações mais harmoniosas e para a criação de políticas mais eficazes e
culturalmente sensíveis para com esses usuários.

2.1.1 Acesso equitativo aos serviços.


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As barreiras estruturais, geográficas e linguísticas podem dificultar o acesso


das famílias indígenas aos serviços de proteção social básica. O assistente social
desempenha um papel ativo na identificação e superação dessas barreiras. Eles
trabalham para garantir que os serviços estejam disponíveis de maneira equitativa,
inclusive nas áreas rurais e remotas onde muitas comunidades indígenas residem.
O assistente social também auxilia na orientação das famílias indígenas
sobre os serviços disponíveis, seus direitos e como acessá-los. Isso inclui ajudar a
preencher formulários, explicar processos burocráticos e fornecer informações claras
sobre os benefícios disponíveis. Dessa forma, o assistente social contribui para que
as famílias indígenas não fiquem à margem dos serviços vitais de proteção social.
Segundo Netto (2011, p.)

Através da proteção social básica, o serviço social contribui para a


construção de uma sociedade mais inclusiva, onde os direitos sociais são
efetivamente assegurados e onde as desigualdades são combatidas.

O serviço social desempenha um papel essencial na construção de uma


sociedade inclusiva, atuando como um agente de transformação que promove a
equidade de oportunidades, combate as desigualdades estruturais e empodera os
grupos marginalizados, contribuindo para a construção de um tecido social mais
coeso e justo.
Essa afirmação destaca como o serviço social, por meio de suas práticas
e intervenções, trabalha para criar condições que permitam a participação ativa e
plena de todas as pessoas na vida social, econômica e política da sociedade,
independentemente de sua origem, gênero, raça, idade ou condição
socioeconômica.
O serviço social atua tanto na esfera individual, auxiliando indivíduos e
famílias a superar obstáculos, quanto na esfera macro, advogando por políticas
sociais mais inclusivas e equitativas.
O ministério de desenvolvimento social brasileiro ressalta (Brasil, 2017, p.
46)

“Oferta adequada do serviço as famílias indígenas pressupõe: ouvir a


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comunidade; conhecer a realidade local; promover participação indígena;


respeitar a autonomia familiar e comunitária; fortalecer a cultura e
identidade; defender seus direitos.”

2.1.2 Fortalecimento da participação e autonomia

O empoderamento das famílias indígenas é um objetivo central do


trabalho do assistente social na proteção social básica. Eles trabalham para
fortalecer a participação ativa das comunidades indígenas na elaboração e
implementação de políticas sociais. Isso envolve capacitar as famílias a expressar
suas necessidades, demandas e opiniões, garantindo que suas vozes sejam ouvidas
nas decisões que afetam suas vidas.
Ao promover a participação das famílias indígenas, o assistente social
contribui para o desenvolvimento de soluções mais eficazes e sustentáveis. Eles
ajudam as comunidades a identificar seus próprios recursos e potencialidades,
incentivando a autossuficiência e a autonomia na busca por melhores condições de
vida. De acordo com Midgley e Livermore (2008) "A participação ativa e a autonomia
das pessoas são pilares para a efetividade dos serviços sociais e para a construção
de uma sociedade mais democrática e inclusiva."
Ao promover a autonomia nas famílias indígenas, o serviço social
reconhece e respeita a rica herança cultural e os conhecimentos tradicionais dessas
comunidades. Isso significa integrar abordagens tradicionais e contemporâneas,
criando uma ponte entre as práticas culturais e as demandas da vida moderna. Essa
interação entre culturas é fundamental para desenvolver estratégias eficazes que
permitam que as famílias indígenas alcancem seus objetivos enquanto mantêm sua
identidade cultural e valores.
Portanto, o serviço social desempenha um papel vital na promoção da
autonomia em famílias indígenas, reconhecendo que a capacidade de tomar
decisões informadas e moldar seu próprio futuro é um direito fundamental que deve
ser respeitado e fortalecido. Por meio de abordagens colaborativas, sensíveis à
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cultura e empoderadoras, o serviço social contribui para que as famílias indígenas


se tornem agentes de mudança em suas próprias vidas e nas suas comunidades.

No processo de surgimento do homem vamos constatar seu início no


momento em que determinado ser natural se destaca na natureza e é
obrigado, para existir, a produzir sua própria vida. Assim, diferentemente
dos animais, que se adaptam à natureza, os homens têm de adaptar a
natureza a si. Agindo sobre ela e transformando-a, os homens ajustam a
natureza às suas necessidades (Saviani, 2007, p.15).

Por meio do trabalho, os sujeitos não apenas constroem materialmente a


sociedade, mas também lançam as bases para que se construam como indivíduos.
A partir do trabalho, o ser humano se faz diferente da natureza, um autêntico ser
social, pelo fato da capacidade de idear (isto é, de criar ideias) antes de objetivar
(isto é, de construir objetiva ou materialmente) que fundamenta para Marx, a
diferença entre o homem e a natureza, isto é, a evolução humana (Lessa, Tonet,
2008).
O resultado dessa objetivação é sempre a transformação tanto da
realidade quanto do indivíduo, que já não é mais o mesmo, certamente uma vez que
aprendeu algo novo. Segundo Marx. (apud de Lessa, Tonet, 2008), isso significa
que, ao construir o mundo objetivo, o indivíduo também se constrói.

2.1.3 Sensibilização e promoção de equidade

O assistente social desempenha um papel fundamental na sensibilização da


sociedade em geral sobre as questões enfrentadas pelas famílias indígenas na
proteção social. Eles trabalham para eliminar estigmas e preconceitos, promovendo
uma compreensão mais profunda das necessidades e direitos dessas famílias. Isso
ajuda a construir uma sociedade mais justa e inclusiva, onde as famílias indígenas
sejam respeitadas e valorizadas.
Além disso, o assistente social é um defensor da equidade, buscando garantir
que as políticas e programas de proteção social sejam sensíveis às desigualdades
históricas enfrentadas pelas comunidades indígenas. Eles trabalham para que as
políticas sejam adaptadas de forma a atender às necessidades específicas dessas
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famílias, contribuindo para a redução das disparidades sociais e para a promoção de


uma distribuição mais justa dos recursos. O pensamento de Lamamoto (2013) conclui
que:

A promoção da equidade é uma busca constante do serviço social, que se


empenha em combater as desigualdades estruturais e criar condições para
que todas as pessoas tenham acesso igualitário a oportunidades e
recursos.

A promoção da equidade envolve não apenas a identificação e atenuação das


desigualdades, mas também o fortalecimento das capacidades internas das famílias
indígenas. O assistente social trabalha para capacitar as famílias, fornecendo
informações sobre seus direitos, os serviços disponíveis e as oportunidades de
desenvolvimento. Isso permite que as famílias tomem decisões informadas e ativas
em relação às suas vidas e ao futuro de suas comunidades.
Para esse fim, a compreensão das diversas expressões que a questão social
assume na vida dos indivíduos, as formas de organização da sociedade na luta
pelos seus direitos e as respostas dadas através das políticas sociais têm, a cada
dia, maior pertinência para o agir profissional do Assistente Social. Ela, a questão
social, não deve ser entendida apenas pelo viés das desigualdades sociais, mas
também como uma expressão das

[…] desigualdades econômicas, políticas e culturais das classes sociais,


mediatizadas por disparidades nas relações de gênero, características
etílico-raciais e formações religiosas, colocando em causa amplos
segmentos da sociedade civil ao acesso aos bens da civilização […] Esse
processo é a luta pelo reconhecimento dos direitos de cada um e de todos
nós indivíduos sociais (Iamamoto, 2007, p. 160).

Observa-se nesse sentido, o preconceito estrutural que se articula com as


diversas manifestações da questão social na sociedade capitalista e, no estudo em
particular, nos remete à uma necessidade de compreensão do lugar historicamente
ocupado pelos indígenas na sociedade de classes vivente. Na análise, a questão
social adquire uma implicação das desigualdades, principalmente na que percebida
através de seus múltiplos fragmentos, e é associada, como no caso, a eventos
correspondentes à sua formação sócio histórica. E, na sociedade vigente existem
implicações diretas com os direitos e as suas lutas, Iamamoto destaca (2007, p.
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125): [...] a questão social [...] condensa a banalização do ser humano, que atesta a
radicalidade da alienação e a invisibilidade do trabalho social - e dos sujeitos que a
realizam.
Respeitar esses tratados históricos não é uma questão de direitos sociais,
mas sim uma questão de conveniência e acomodação. A nossa civilização é
totalmente responsável por todos os acontecimentos catastróficos que ocorrem
simultaneamente para com essas pessoas, que, por total descaso de informações,
acabam carecendo por comodismo. Mário Sérgio Cotela é bastante claro quando
fala “Muita gente acha que política é uma coisa e cidadania é outra, como garfo e faca, e
não é. Política e cidadania significam a mesma coisa.” A essência central dos direitos
humanos é direito a ter direitos.
A assistência como prática, direcionada a ações voltadas a classe
subalterna, é uma atividade muito antiga na humanidade, baseada historicamente
em ideais do humanismo cristão, ela é voltada a caridade e ao altruísmo, como uma
busca constante por sanar as diversas sequelas das desigualdades sociais
causadas ao longo da história. Só após muito tempo e diversas reivindicações
sociais, podemos perceber uma Assistência Social como política pública,
reconhecendo a pobreza e a exclusão social como uma sequela da exploração
humana, que só pode ser combatida a partir da compreensão de que a pobreza e
condições para manutenção do sistema econômico no momento atual, o capitalismo.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em conclusão, o papel do assistente social na garantia dos direitos


sociais de famílias indígenas na proteção social básica é de extrema relevância para
a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e equitativa. Ao longo deste
artigo, exploramos o impacto positivo e transformador que o trabalho desses
profissionais tem sobre as vidas das famílias indígenas, respeitando suas
identidades culturais e contribuindo para a promoção do desenvolvimento humano
sustentável.
Através de uma abordagem intercultural e sensível, os assistentes sociais
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desempenham um papel de mediadores e facilitadores, criando pontes de


comunicação entre as instituições de proteção social e as famílias indígenas. Eles
trabalham para garantir que as informações sejam transmitidas de maneira acessível
e relevante, respeitando as línguas, tradições e valores dessas comunidades.
Além disso, o fortalecimento da participação e autonomia das famílias
indígenas é uma pedra angular do trabalho do assistente social. Empoderando as
famílias para que se tornem agentes ativos em suas próprias vidas e na defesa de
seus direitos, esses profissionais promovem uma transformação social significativa.
Através do engajamento ativo das famílias nas decisões que afetam suas vidas, o
assistente social contribui para a construção de políticas mais eficazes e adequadas
às necessidades reais dessas comunidades.
Ademais, a promoção da equidade é um princípio fundamental que
orienta o trabalho do assistente social. Através de suas intervenções, esses
profissionais buscam eliminar as desigualdades históricas e sociais enfrentadas
pelas famílias indígenas, garantindo que todos tenham igualdade de oportunidades e
acesso aos benefícios da proteção social básica.
Em um mundo em constante evolução, o papel do assistente social na
garantia dos direitos sociais de famílias indígenas na proteção social básica é mais
relevante do que nunca. Através de uma atuação comprometida, empática e
baseada em valores éticos, esses profissionais se tornam agentes de mudança,
contribuindo para a construção de uma sociedade onde as famílias indígenas
possam desfrutar plenamente de seus direitos, preservar suas culturas e alcançar
um patamar mais elevado de bem-estar e dignidade. O caminho para uma
sociedade verdadeiramente inclusiva e respeitadora da diversidade passa pelo
trabalho incansável e comprometido dos assistentes sociais na proteção dos direitos
das famílias indígenas na esfera da proteção social básica.
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