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Ano: 2017
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Henry Willian Van Der Laan
Gestão de Recursos na
Educação do Campo
1ª Edição
2017
Curitiba, PR
Editora São Braz
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FICHA CATALOGRÁFICA
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PALAVRA DA INSTITUIÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz!
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Apresentação da Disciplina
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AULA 1 – Desafios Políticos, Pedagógicos e Financeiros da Educação do
Campo
Apresentação da Aula 01
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da qualidade da educação e dos objetivos da mesma, esta deve ser pautada na
realidade vivida por essas pessoas em seu ambiente e fica ainda mais claro
quando se observa as diferenças entre os indicadores educacionais das
populações que vivem no campo e das populações que vivem na cidade,
evidenciando a desvantagem existente entre elas, onde a primeira sofre com o
diminuto interesse das esferas governamentais (BRASIL, 2008).
Antes de mais nada é necessário entender o histórico da Educação do
Campo no Brasil, e para isso serão analisados os primeiros modelos sociais
impostos ao país pelos portugueses, onde durante a colonização se aplicava o
modelo escravocrata para extrair riquezas sem gastar com mão de obra. Esse
modelo mais tarde foi adotado pelos brasileiros nos altos níveis econômicos e
perdura, muito reduzido, até os dias atuais nas regiões interioranas. Nesse
modelo, apenas os brancos e ricos recebiam educação e outros benefícios,
surgindo então o preconceito com os povos do interior (campo) (BRASIL, 2008).
Importante
A Educação do Campo deve ser estudada pelo fato de ter sido
por muito tempo negligenciada, sem ter sua real importância a
mostra, assim como a manutenção da sua cultura e costumes,
assim esses que devem ser os objetivos desse estudo,
desacelerar e desencorajar o êxodo rural, buscando a
valorização do homem do campo, dessa forma os professores
desse ensino deverão buscar novas metodologias, incentivando
a manutenção do homem do campo no campo.
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Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394 é direta e mais clara,
indicando aos diferentes órgãos do governo a necessidade de atenção especial
dedicada à educação rural, reforçada por diversos acordos internacionais
firmados pelo Brasil, posteriormente. “Art. 28. Na oferta de educação básica para
a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações
necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada
região…”.
Vocabulario
Ethos – Substantivo masculino de origem grego que
significa conjunto de hábitos, valores e princípios que
orientam escolhas, projetos de vida, concepção de espaço,
bem-estar, qualidade de vida relacionadas a um determinado
fim União de características encontradas em uma
determinada comunidade.
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Sendo assim, pode-se então, a partir da concepção do artigo supracitado,
que a escola do campo deve ser concebida a partir de uma identidade própria
formada com base nos princípios da comunidade envolvida e da região onde a
mesma se encontra. Deve-se considerar como princípios, questões como:
identidade folclórica, religiosa, geográfica e de qualquer outra forma cultural
intrínseca a ela.
Não menos importante, contrário a isso, o artigo 1º da Resolução número
2 de 2008 do CNE/CEB, cita, em relação a essa visão generalizada da Educação
do Campo, que:
Para Refletir
Reflita sobre o comentário: “Ainda tenho esperança. Com a
Educação do Campo que conheci aqui neste encontro, não
preciso mais ir embora para a cidade” (Camponês de Anita
Garibaldi, SC apud Munarim e Locks, 2012).
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O Decreto nº 8.752 de 9 de maio de 2016 que revoga o decreto nº 6.755,
de 29 de janeiro de 2009, dispõe sobre a Política Nacional de Formação de
Profissionais da Educação Básica. No seu Art.1º:
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Quando se fala da parte financeira, compreende-se que há três fatores
que devem ser levados em consideração:
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Vocabulario
Educação Universal – É tido na literatura como o modelo
padrão de ensino dividido por disciplinas e séries adotado em
todos os países.
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a empréstimos utilizados no estímulo a instalação das indústrias e consequente
desenvolvimento econômico (KORITIAKE, 2010).
Saiba Mais
Deve-se investir na formação profissional, no ensino voltado
para o campo (indústrias, e na tecnificação da produção
rural.
Koritiake (2010), ressalta que o BM entende que para que haja aumento
na qualidade educacional é necessário que se aumente a atenção para os
seguintes pontos: bibliotecas; tempo de instrução; tarefas de casa; livros
didáticos; conhecimentos e experiência do professor; laboratórios; salários do
professor; e tamanho da classe. O mesmo ainda cita que o BM recomenda o
investimento por prioridades, iniciando no aumento no tempo de instrução, oferta
de livros didáticos e no melhoramento do conhecimento do professor.
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Ao contrário do que possa parecer, o BM não tem a intenção de financiar
totalmente a educação, mas sim, auxiliar a União e os Estados que por si só,
argumentam carência de recursos financeiros e por tal motivo incapacidade,
minimamente parcial, de gerir a educação em seu território. Com tal argumento
o BM atua na melhoria da destinação de recursos e com contrapartidas
envolvendo tais melhorias já citadas anteriormente.
Surge então a descentralização da gestão educacional, onde agora o
Banco Mundial estimula o setor privado e organismos não governamentais de
cunho educativo a investir e participar efetivamente na tomada de decisões.
De certa forma, com os direcionamentos dados pelo Banco Mundial em
seu documento, mesmo deixando claro que “a educação é um direito universal”,
trata agora a mesma educação como uma ferramenta de melhoria nos resultados
de produtividade de forma mais eficiente e barata, tornando a educação uma
máquina mercantilista (KORIATIAKE, 2010).
Além do BM, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe
(CEPAL) de 1948, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) de
1946, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO) de 1945 surgem com propostas de universalização da educação
como fonte de desenvolvimento socioeconômico e principalmente de formação
humana.
Saiba Mais
O trabalho apresentado pelo professor Luiz Antonio Koritiake
no XIX Simpósio Brasileiro e I Congresso Luso-Brasileiro em
2010, retrata as diferentes propostas de instituições
financeiras e internacionais para a melhoria na educação de
países, principalmente, emergentes.
Recomendo que faça a leitura desse artigo intitulado
Atuação dos organismos internacionais na educação, ao
qual destaca-se a facilidade da linguagem e a fluência entre
diferentes tempos da história recente da educação e seus
financiadores externos.
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tecnológicos, uma vez que com base no conhecimento adquirido no meio em
que se vive o aluno pode transformar o seu cotidiano. Além disso, percebe-se a
gama de fontes de investimento externas que as escolas recebem e quais as
principais fontes de recursos. É obvio que ainda hoje, pode-se perceber o
Governo Federal, os Estados e os Municípios como carro chefe de recursos
distribuídos para a educação, no entanto, pode-se perceber que mesmo com a
infinidade de impostos recolhidos, diversos países não são capazes de manter
seu sistema educacional em perfeita sincronia sem ajuda externa.
Resumo da Aula 01
Atividade de Aprendizagem
Elabore um quadro com as instituições citadas nesta aula e
suas principais propostas para a educação nos países
emergentes. Lembre-se de destacar o tempo e a ideia principal
da instituição, bem como se ela é nacional, internacional,
privada ou pública.
Apresentação da Aula 02
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Na aula será visto sobre o surgimento e o desenvolvimento das diferentes
formas de financiamento da Educação do Campo no Brasil. Conhecer-se-á
melhor os atores envolvidos nessa temática, dentre eles, quais são os principais
problemas enfrentados pelas esferas governamentais como localização
geográfica das Escolas do Campo, baixa densidade populacional na região das
escolas e etc.
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internet acabam encarecendo o processo de funcionamento da unidade escolar.
Somado a isso, a baixa densidade populacional traz ainda mais desvantagem
quando se estende o olhar para o panorama financeiro, uma vez que em função
da distância geográfica e do alto custo de manutenção da unidade escolar, a
mesma deveria receber um número alto de alunos, o que não ocorre em função
natural da densidade geográfica e da indisposição de alunos para percorrer
grandes distâncias entre a casa e a escola (BRASIL, 2006).
Culturalmente, o Brasil sofre ainda hoje com os resquícios da implantação
dos modelos de desenvolvimento na época colonial, onde eram privilegiadas as
classes urbanas, de pele branca e financeiramente favorecida. Restavam então
aos povos de cor negra e homens do campo a quase inacessível menor fatia da
educação imposta pelos colonizadores, uma vez que não se fazia necessário
educar escravos e suas proles. (CHAVES e FOSCHIERA, 2014). Somente eram
passados conhecimentos instrumental, para sua devida função, e não
conhecimentos universais.
Vídeo
Assista ao documentário da prefeitura do Ceará, Vida Maria, o
qual mostra como era a vida das pessoas no campo.
Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=UBfEGXmpWiY
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Saiba Mais
Indico a leitura do Artigo Política e Financiamento da
Educação do Campo no Governo Dilma Roussef: Balanço do
Programa Nacional de Educação do Campo -
PRONACAMPO escrito por Ailton Cotrim Prates e publicado
em 2014, que cita as principais barreiras enfrentadas pela
União e as falhas na implantação da Educação do Campo
através do PRONACAMPO.
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mais pobres não exibem condições mínimas para tornar-se um local de
aprendizado, aumentando a dívida que o país tem com as populações marginais
(PINHEIRO, 2007)
Fato é que as influências da forma de poder, durante anos, alteraram a
concepção de educação para todos, ou “educação universal”, que só foi
reconhecida com as reações vindas dos manifestos de 1932 – Manifesto
Pioneiros da Educação, que buscava o nascimento de políticas públicas voltadas
a Educação do Campo de forma democrática, e em 1942 pelas Leis Orgânicas
da Educação Nacional que tornou possível o ensino secundário e profissional
(De QUEIROZ, 2012).
A fixação da Educação do Campo como vertente importante da educação
urbana, deu-se com a consolidação da Constituição Federal de 1988, que
determinou o compromisso do Estado e da Sociedade Brasileira com a
promoção da educação a todos, garantindo assim o respeito e a adequação
cultural e regional de cada lugar, que mais tarde foi reforçada pela Lei de
diretrizes e bases de 1996, que prega a base comum da educação independente
da região onde a escola está inserida, e ressaltou a importância de que essa
base comum seja adequada a realidade regional local como o calendário escolar
de acordo com a dinâmica da rotina rural.
Saiba Mais
O “BOOM” da década de 60
LDB da Educação Nacional de 1961 – Art. nº 105
“…os poderes públicos instituirão e ampararão serviços e
entidades que mantenham na zona rural escolas
capazes de favorecer a adaptação do homem ao meio e
o estímulo de vocações profissionais”.
Meados da década:
o Escola-Fazenda (Enfoque tecnicista);
o Militarismo - Movimento Brasileiro de Alfabetização
(MOBRAL)
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Um marco importante na Educação do Campo foi em 1980, com a
resistência à Ditadura Militar, em que houve a inclusão da Educação do Campo
para se ter a redemocratização do País. Após esse fato, teve-se alguns
movimentos e programas que fizeram com que fosse repensada a sua forma:
Saiba Mais
Leia o artigo Pedagogia de Alternância na Educação Rural,
o qual mostra como esta pedagogia funciona. Artigo de
Cinthia Rodrigues.
Disponível em:
https://novaescola.org.br/conteudo/2924/pedagogia-de-
alternancia-na-educacao-rural
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• Terra e Trabalho
Lei de terras (1850): Posse através da compra; Realidade da terra no
Brasil; Características agrárias da região; Propriedade da terra; Como se dá a
Reforma Agrária no Brasil e na sua região.
Entender a dimensão do trabalho; Análise da atividades desenvolvidas no
campo e na cidade e suas potencialidades positivas ou negativas; Trabalho
individual, coletivo, cooperativismo no campo e na cidade.
• Desenvolvimento sustentável
• Construção da cidadania
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fortalecia e legitimava a sociedade contraditória e dividida. No mundo
moderno a compreensão de cidadania apresenta-a a partir de três
níveis, ou três direitos: civis, políticos e sociais. Os direitos civis são
aqueles necessários à vida, à liberdade, à propriedade e à igualdade.
É comum restringir a cidadania à conquista de direitos civis. Como,
fundamentalmente, os direitos civis estão ligados a “liberdade
individual”, é comum, principalmente na sociedade capitalista, insistir e
enfatizar, a conquista destes direitos e, muitas vezes, justificá-la pela
prática dos mesmos. Mas é preciso entender que os direitos civis não
são suficientes para realizar a cidadania plena. (REVISTA NERA,
2014, página 44)
Vocabulario
Eugênica – Faz referência aos estudos que buscam melhorar
as gerações humanas. Neste caso, o termo “eugênica” é
utilizado para referir-se a educação como uma forma de
melhorar a concepção humana mediante o ensino e a
formação de indivíduos com instrução diferenciada.
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A União e os Municípios aplicarão nunca menos de dez por cento, e os
Estados e o Distrito Federal nunca menos de vinte por cento, da renda
resultante dos impostos na manutenção e no desenvolvimento dos
sistemas educativos.
Parágrafo único - Para a realização do ensino nas zonas rurais, a União
reservará no mínimo, vinte por cento das cotas destinadas à educação
no respectivo orçamento anual (grifo nosso).
Para Refletir
Em 1946, mesmo com o governo pregando igualdade e
gratuidade de ensino para todos, era assim que acontecia?
Os povos rurais recebiam a mesma atenção dada aos povos
dos centros urbanos? Reflita sobre isso.
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que na verdade se distanciava da realidade. Na Carta, a intenção da União era
descentralizar também as fontes de investimento da Educação do Campo, no
entanto, transferia à iniciativa privada, apenas a responsabilidade sobre os
incrementos do ensino na zona rural, ou seja, na formação profissionalizante dos
alunos, e deixava de fora as empresas agrícolas apenas de financiar a educação,
quando esta fosse voltada para a aprendizagem para o trabalho (BRASIL, 2008).
Anos depois, a Constituição Federal de 1988, estabeleceu nos artigos 205
e 208 que “A educação é direito de todos e obrigação do Estado e da Familia”,
e que, “O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia
de: Ensino Fundamental Obrigatório e Gratuito, assegurada inclusive, a sua
oferta gratuita para todos os que não tiveram acesso a ela na idade apropriada”
(BRASIL, 2010). Com isso percebe-se a evolução na legislação garantindo a
educação para todos e também acesso aos jovens e adultos que não tiveram
oportunidade de estudar na idade correta (LIMA e SILVA, 2015).
Mais especificamente sobre o financiamento da Educação do Campo,
pode-se, de forma resumida, seguir os pressupostos de Prates (2014), em que
o autor cita que as primeiras preocupações do governo com o financiamento da
Educação do Campo surgiram na CF de 1934 que assegurava, mesmo que
fragilmente, recursos para o atendimento da escola do campo como
responsabilidade do poder público. Na CF de 1946 o governo transfere mesmo
que de forma parcial, a responsabilidade de financiamento da Educação do
Campo para o setor privado, o que na CF de 1967 e na Emenda Constitucional
de 1969, assegura a educação primária como obrigatória aos empregados e
trabalhadores e seus filhos com idade entre 7 e 14 anos, sendo proporcionado
pelas empresas agrícolas e industriais. Por fim, fica então reconhecido pela CF
de 1988 e pela Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/96, as particularidades da
realidade do campo considerando-o como parte integrante da sociedade e alvo
de financiamento do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental (FUNDEF) e de Valorização do Magistério, instituído pela Lei nº
9.424/96.
Com a CF de 88 se teve um aumento de 13% para 18% de contrapartida
pela União (Paralelo ao aumento tributário), porém com a Emenda Constitucional
nº 27/2000, se teve a desvinculação de impostos e se reduziu de 18% para
14,4%.
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A lei acima referida, mais conhecida como Lei do FUNDEF, revogada mais
tarde pela Lei nº 11.494 de 2007, e a Emenda Constitucional 53/06 que cria o
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
dos Profissionais da Educação Básica (FUNDEB), assegura que mesmo com a
criação de tal fundo, os Estados, o DF e os Municípios não ficam isentos da
manutenção e no desenvolvimento do ensino, e ainda fixa as seguintes
porcentagens de investimento:
Saiba Mais
Sobre os valores pré-fixados de repasse para a educação,
leia a Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007, que
regulamenta o FUNDEB em continuidade/substituição ao
FUNDEF.
Pode-se então dizer que mesmo com a diversa base legal de políticas
voltadas para a desenvoltura da Educação do Campo e as diferentes fontes de
financiamento, muito ainda se tem que caminhar para atingir um nível aceitável
de equidade entre escola do campo e escola urbana.
Apesar de ter visto que as porcentagens repassadas à educação parecem
ser suficientes, ao olhar mais profundamente vê-se que por ser um país de
proporções continentais e consideravelmente populoso, esses valores
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precisariam no mínimo ser triplicados para que as necessidades das escolas
chegassem próximas a serem atendidas.
Mesmo assim, nota-se uma evolução na legislação, mesmo que de forma
apagada, e resta lutar pelos direitos das futuras gerações alimentando-os com a
educação merecida para que o país siga rumo ao desenvolvimento sustentável.
Resumo da Aula 02
Atividade de Aprendizagem
Com base no conhecimento expressado e através de pesquisas
bibliográficas, elabore um texto contendo as principais
legislações de incentivo FINANCEIRO a Educação do Campo.
NesSe texto, faça um breve resumo de cada legislação e ao
final encerre-o dando sua opinião sobre o assunto.
Apresentação da Aula 03
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Será revisto o conteúdo das aulas anteriores, sempre buscando maior
entendimento da legislação vigente e das legislações passadas que regem as
instituições escolares do campo e seus financiamentos.
Então, será passado para as bases legais necessárias para os o
desenvolvimento suas atividades da disciplina e no seu ambiente de trabalho.
3 Gestão de Recursos
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Constituição Federal de 1967: na Carta, o governo transfere a
responsabilidade às empresas e indústrias ofertarem o ensino primário
gratuito aos empregados e seus filhos, no entanto, excluía as empresas
agrícolas de, em cooperação com o governo, ofertar educação primária
aos seus trabalhadores menores de idade.
Emenda constitucional nº 1 de 1969: As empresas agrícola ou não e as
industrias ficam então responsáveis pela promoção da educação primária
obrigatória aos empregados em qualquer idade e seus filhos com idade
entre 7 e 14 anos. Além disso, a EC, reestabeleceu que 20% das receitas
tributárias dos municípios deveriam ser destinadas ao ensino primário.
Constituição Federal de 1988: Reconhecendo a Educação do Campo
como de igual importância à educação da zona urbana, levando-se em
consideração suas particularidades culturais, regionais e geográficas,
mantendo-se a base curricular comum agora adequada a essa nova
realidade (aumento de 13% para 18%).
Emenda Constitucional nº 27/2000: Desvincula os impostos, se tendo uma
queda de 18% para 14,4%.
Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996: Reforça
o reconhecimento da Educação do Campo e suas particularidades e
indica a necessidade de atenção específica do governo à Educação do
Campo.
Lei nº 9.424/96: Cria e regulamenta o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério
(FUNDEF), com o objetivo de estabelecer os valores que deveriam ser
repassados as contas escolares agora contabilizado por aluno
frequentador das escolas rurais.
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e outras, apenas reafirmaram a anterior, pouco se evoluiu, principalmente
quando o assunto é a Educação do Campo.
Ainda deve-se considerar a pequena evolução que pode se notar no que
diz respeito a Educação do Campo, só pode ser descrito em função das lutas
encabeçadas por movimentos rurais. Então, pode-se dizer que muito ainda se
tem de avançar para atingir um patamar aceitável na Educação do Campo.
Saiba Mais
A cartilha “Educação do Campo: Rompendo cercas,
construindo caminhos…” produzida pela FETAEMG, em sua
2ª ed. Publicada em 2011, retrata a realidade dos
movimentos rurais e a luta que os mesmos travam em prol
da Educação do Campo de qualidade. Sugiro essa leitura
como parte do material exposto nesta aula para que suas
ideias sejam confrontadas com a realidade atual da
Educação do Campo.
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O Fundo foi criado com o objetivo de diminuir a inequidade que existia na
distribuição das receitas arrecadadas através dos tributos cobrados pelos
Estados e Municípios, justamente por que esses valores destinados à educação
eram variáveis de acordo com critérios extrínsecos a realidade educacional,
como renda per capita e número de habitantes, sem prejuízo em seu repasse
(MEC).
A importância desse fundo vem com a nova maneira de se estruturar o
financiamento do Ensino Fundamental vinculando os recursos recebidos pelas
escolas exclusivamente para esse nível escolar, e vincula a distribuição dos
valores ao número de alunos matriculados na rede de ensino.
A composição de recursos do FUNDEF, recebida pelos Estados e
Municípios e parte da União e eram constituídas de 15% dos seguintes Fundos:
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Amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao
disposto nos itens acima;
Aquisição de material didático – escolar e manutenção de transporte
escolar.
Vocabulario
Precipuamente – De maneira ou de modo precípuo; principal;
essencial; principalmente. Utilizado para indicar preferência
por algo.
31
Imposto dobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações
(IPIexp);
Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e doações de quaisquer bens
ou direitos (ITCMD);
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA);
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (cota-parte dos Municípios)
(ITRm);
Recursos relativos à desoneração de exportações de que trata a LC nº
87/96;
Arrecadação de imposto que a União eventualmente instituir no exercício
de sua competência (cotas-partes dos Estados, Distrito Federal e
Municípios);
Receita da dívida ativa tributária, juros e multas relativas aos impostos
acima relacionados. (BRASIL, 2008).
A utilização dos recursos por parte das unidades gestoras são divididos
da mesma forma que os recursos do então extinto FUNDEF, onde 60% do
recurso total é destinado ao pagamento de professores e até 40% do fundo
destinado à:
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Como o FUNDEB ainda está dentro do seu prazo de vigência, os dados
divulgados alcançados até agora são parciais, mas pode-se perceber que o seu
aumento em 5% no montante total de recursos arrecadados em comparação aos
15% do FUNDEF, proporciona um crescimento gradual no aporte destinado a
Educação básica. Além disso, a então firmada parceria entre estados,
municípios e União, aumentou o repasse da mais alta para as demais esferas
governamentais, e em consequência disso, pode-se notar, segundo Pinto
(2007), uma redução da desigualdade entre os Estados da Federação.
33
realização de atividades educativas e pedagógicas voltadas à melhoria
da qualidade do ensino e à elevação do desempenho escolar.
(Resolução nº 32 de 2 de agosto de 2013)
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Saiba Mais
A cartilha do Programa Nacional de Formação Continuada a
Distância nas Ações do FNDE – Módulo PDDE, traz
informações essenciais a sua formação profissional, pois
relata os principais fatos que permeiam o PDDE, desde a sua
concepção até sua gestão anual. Leia a cartilha que é de
didática suave e descontraída.
O programa visava:
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Estimular o exercício do controle social;
Propiciar à comunidade escolar informações para que possam exercer
controle sobre sua saúde;
Dinamizar a economia local, contribuindo para geração de emprego e
renda;
Respeitar os hábitos alimentares e vocação agrícola locais.
Resumo da Aula 03
Atividade de Aprendizagem
Elenque as principais características de cada programa
apresentado na aula e sua aplicabilidade em uma unidade
escolar. Imagine-se coordenador de uma unidade escolar de
Escola do Campo, agora que você terminou de conhecer todos
os programas citados durante a aula, elenque-os em ordem de
qualidade e aplicabilidade em sua escola.
Apresentação da Aula 04
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Através da Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica
(04/2010/CEB/CNE) a União reconheceu a Educação do Campo como uma
modalidade de ensino diferenciada que deveria utilizar a base do ensino
universal ao passo que tinha total liberdade para adequar-se à realidade local,
religiosa, cultural, geográfica etc.
Assim, serão vistos os programas governamentais que foram pensados e
vem sendo executados para que o reconhecimento da Educação do Campo não
seja deixado de lado em meio a educação urbana.
O Decreto 7.352 de 2010 veio para instituir a Política de Educação do
Campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA),
que é um apoio técnico-financeiro do MEC aos Estados, Distrito Federal e
Municípios (Educação Básica e Superior aos povos do campo).
4.1 PRONACAMPO
38
Fonte: Brasil, 2012
Saiba Mais
O documento orientador do Programa Nacional de Educação
do Campo – PRONACAMPO é pontual ao trazer todas as
informações específicas necessárias para que qualquer
pessoa, profissional da educação ou não, possa entendê-lo,
desde sua concepção até sua gestão adminis-trativa. É
recomendado este manual não só como leitura, mas como
guia para sanar suas dúvidas durante o curso todo.
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Sobre os eixos e seus programas destinados a melhorias na Educação do
Campo, pode-se destacar:
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Educação de jovens e adultos Saberes da terra, com o objetivo de elevar
a escolaridade de jovens e adultos paralelo ao desenvolvimento
sustentável do campo, ofertados nos anos iniciais e finais do ensino
fundamental integrado a qualificação profissional e ensino médio.
Saiba Mais
O Programa Saberes da Terra é um programa nacional de
educação integrada com qualificação social e profissional
para agricultores e suas famílias, que tem objetivo de
respeitar o direito dos povos do campo à Educação, bem
como suas características, necessidades e pluralidade
(gênero, étnico-racial, cultural, geracional, política,
econômica, territorial, etc), que iniciou em dezembro de 2005
em várias regiões (BA, PB, PE, MA, PI, RO, TO, PA, MG,
MS, PR e SC) e formou 5 mil educandos (nível fundamental
e qualificação profissional), ajudou na formação continuada
de 600 profissionais da educação, se teve uma construção
de uma metodologia de EJA + ensino profissionalizante e
elaboração de material didático diversificado com adaptação
para as diversas regiões.
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Apoio técnico e financeiro para construções de unidades escolares,
através do fornecimento de projetos contendo salas de aula, quadra
coberta, módulo de terra, módulo administrativo, módulo de serviço,
módulo de educação infantil e alojamentos.
Educação digital na escola, disponibilizando laboratórios de informática,
projetor, laptop com conteúdo educacional para o aluno e ampliação do
acesso à internet.
Programa Dinheiro Direto na Escola, disponibiliza recursos financeiros
para manutenção, conservação, aquisição e pequenos serviços de
instalação e equipamentos, além de promover o acesso melhorado a
energia elétrica para as escolas.
Transporte Escolar, dando apoio aos sistemas de ensino através do
fornecimento de ônibus rural escolar, lancha escolar, bicicletas e
capacetes para o deslocamento dos alunos (BRASIL, 2008.
Saiba Mais
Há também o PROJOVEM CAMPO – SABERES DA TERRA,
o qual promove a reintegração de jovens ao processo
educacional, sua qualificação profissional e seu
desenvolvimento humano e cidadão, sendo as modalidades
do programa:
• Projovem Adolescente;
• Projovem Urbano;
• Projovem Trabalhador;
• Projovem Campo – Saberes da Terra.
Destinação: Escolarização (acesso e permanência) de
jovens agricultores/as (18 a 29 anos) em nível fundamental
na modalidade EJA, integrada à qualificação social e
profissional.
Desenvolvido por: Organismos Estaduais, Federais ou
municipais.
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O Programa Escola Ativa (PEA), criado em 1997 e implementado no
mesmo ano no Brasil, teve sua vigência inicial limitada a 10 anos, no entanto,
em 2007, ele teve sua continuidade vinculada à Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização e Diversidade, sendo então gerido agora pela
Coordenação-Geral de Educação do Campo, em 2009 passou por uma
reformulação pelo Ministério da Educação, sendo disponibilizado em seguida
para todos os Estados e Municípios (MELLO, 2013).
43
participativa nas rotinas e por fim, valorizar o avanço em suas etapas (BRASIL,
2001).
O foco do programa, de acordo com Mello (2013), é a formação de
professores, melhoria da infraestrutura escolar, fornecimento e orientação de
uso de kits pedagógicos para classes multisseriadas. Além disso, e associado a
essa distribuição de materiais pedagógicos, foram distribuídos computadores e
impressoras, bem como valores em dinheiro para a melhoria na infraestrutura
escolar (BRASIL, 2006)
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O sistema promove um processo de aprendizagem ativo, centrado no
aluno, um currículo pertinente e intensamente relacionado com a vida
da criança, calendários e sistemas de aprovação e avaliação flexíveis,
uma relação mais estreita entre as escolas e a comunidade e a
formação de valores democráticos e participativos por meio de
estratégias vivenciais. Fornece, também, módulos de aprendizagem às
escolas, dotando-as de bibliotecas, e promove a capacitação do
professor para melhorar suas práticas pedagógicas. (BRASIL/ME,
1999, p.23).
45
Fonte: Brasil, 2004
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Os efetivação do PRONERA frente aos avanços da Escola do Campo são
baseados na Inclusão, Participação, Interação e Multiplicação sempre
associando a educação e o desenvolvimento local.
Por fim, sobre o olhar pedagógico o PRONERA se insere no contexto
educacional como uma nova fonte de recursos/ferramentas, principalmente
administrativas, para a melhoria da gestão da Educação do Campo.
Pode-se concluir então que ao longo da história a Educação do Campo,
mesmo tendo sido marginalizada perante a legislação brasileira, vem sendo
contemplada com diferentes programas. Tais programas, buscando somar ao
conceito da Educação do Campo, sempre visarão melhorias pontuais, sejam
elas em sala de aula ou fora dela (administrativamente).
Para se ter uma real ideia do patamar em que a Educação do Campo está
atualmente no Brasil, é necessário que se conheça as legislações vigentes e
principalmente os avanços que podem ser contabilizados com a inserção desses
programas. No montante, a Educação do Campo hoje tem crescido frente os
olhos da sociedade, principalmente pelas lutas das diferentes organizações
sociorurais que defendem a luta pelos direitos do povo do campo.
Resumo da Aula 04
Atividade de Aprendizagem
Você é o diretor de uma unidade escolar “Escola do campo” e
precisa melhorar a mesma em todos os sentidos.
Crie então um Programa ideal para suprir as necessidades
administrativas e educacionais. Além de gestor da unidade,
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você deverá confeccionar um projeto que seja aprovado
(hipoteticamente) pelos governantes.
Resumo da Disciplina
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REFERÊNCIAS
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sector review. Washington, D.C., 1995. Disponível em :
http://siteresources.worldbank.org/EDUCATION/Resources/278200-
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______. Ministério da Educação (MEC). Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação. Secretaria de Educação a Distância – 2.ed.,
atual. – Brasília : MEC, FNDE, SEED, 2008a. 112 p.
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PINTO, J M de R. A política recente de fundos para o financiamento da
Educação e seus efeitos no Pacto Federativo. In: Educação & Sociedade,
Campinas, v. 28, n. 100, p. 877-897, out. 2007.
http://www.reformaagrariaemdados.org.br/sites/default/files/1347-3845-1-
PB.pdf
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