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Prof. Dr. Alex Verdério (UFRB), Prof. Dr. Fábio Josué Souza dos Santos (UFRB); Dra.
Terciana Vidal Moura
1. Após a leitura dos textos indicados, faça um resumo sobre o histórico da Educação do
Campo no Brasil.
A escolarização dos sujeitos do campo sempre foi tratada com descaso, de forma improvisada
e inadequada. O resultado das investidas e políticas alienígenas e urbanocêntricas só conseguiram
reproduzir historicamente as mazelas que vitima secularmente as populações campesinas e, na
área educacional, contribuíram para reproduzir as desigualdades educacionais entre o campo e
cidade. O diagnóstico da Educação do Campo revela questões importantes para se pensar a
qualidade da educação ofertada aos sujeitos do campo, além dos indicadores que apontam para as
carências na infra estrutura escolar e nas condições de oferta os indicadores evidenciam também a
grande desvantagem quanto ao acesso à educação entre as populações urbanas e rurais. Por isso,
mudar o panorama da Educação no Campo é um dos maiores desafios encampados pelo
Movimento da Educação do Campo no Brasil. Sua emergência como movimento político-
pedagógico situa-se no enfrentamento ao descaso histórico dispensado pelo Estado aos sujeitos do
campo.
Portanto, a Educação do Campo tem na Pedagogia da Alternância (PA) o seu pilar para pensar
a organização curricular e os tempos educativos. A PA objetiva uma educação da práxis e pela
práxis, na qual o trabalho produtivo é um dos seus fundamentos: o processo educativo deve
conjugar as aprendizagens práticas agrícolas e a formação escolar e científica. Busca-se assim
aproximar o mundo da vida e o mundo escolar.
A Educação do Campo constitui-se num projeto de luta política que tem como premissa
fundamental a construção de um projeto de desenvolvimento para o campo brasileiro, nutrindo se
de concepções pedagógicas críticas e políticas específicas do campo. A Educação do Campo
necessita de uma política especifica que possibilite a universalização do acesso dos povos que
vivem e trabalham no/ do campo a uma educação que conduza a emancipação deste segmento da
população, num diálogo permanente com os movimentos sociais. O foco das ações está no
enfrentamento de dificuldades educacionais históricas, no processo de reconhecimento da
identidade das escolas e na construção de um currículo que atenda as especificidades dos povos.
Portanto, é preciso oferecer uma educação escolar específica associada à produção da vida, do
conhecimento e da cultura do campo e desenvolver ações coletivas com a comunidade escolar
numa perspectiva de qualificar o processo de ensino e aprendizagem.
Educação do Campo se origina dos movimentos sociais, das lutas dos trabalhadores do campo.
A educação do campo, enquanto direito histórico dos camponeses, possibilita as condições de
superação da realidade de injustiças que marcam o campo brasileiro. Representa o acúmulo de
experiências políticas dos movimentos sociais populares, por uma educação que respeite a
diversidade dos sujeitos, individuais e coletivos, do campo, assim como, as condições materiais e
subjetivas de vida, por meio da luta por reforma agrária popular. Por outro lado, a educação do
campo, enquanto política pública foi duramente atacada nos últimos anos, reflexo do avanço do
discurso ultraconservador que ameaça o conjunto dos povos tradicionais que lutam, trabalham e
produzem conhecimento no campo. Educação Rural é um projeto do sistema capitalista, para
manter a hegemonia da Educação numa perspectiva dualista, que é de classe do campo que se
reverbera por meio do agronegócio, inadequada ao meio, planejada a partir da escola urbana com
isso é uma escola alienada. Porque são realidade totalmente diferente, a educação rural exclui, é
alienada, não trabalham a valorização do homem do/no campo, a escola está dentro de um
contexto que não condiz com a realidade do campo, não contempla as necessidades das
comunidades com isso acontece o êxodo rural gerando aglomerações nas grandes cidades e
vivendo em situação de vulnerabilidade social.
Os movimentos sociais no seu contexto acontecem quando diversas organizações camponesas vão
contribuindo para alargar o conceito de educação compreendendo-a como uma prática social
capaz de contribuir, direta e intencionalmente, no processo de construção histórica das pessoas. As
sementes destas iniciativas vão emergindo os movimentos como: a fundação das Escolas Famílias
Agrícolas, o surgimento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), escolas de
acampamento, assentamento, a Escola Itinerante e as diferentes organizações camponesas. Os
movimentos sociais, como práticas sócio-políticas e culturais constitutivas de sujeitos coletivos,
empreendem uma dimensão educativa, à medida que constroem um repertório de ações coletivas,
que demarcam interesses, identidades sociais e coletivas que visam à realização de seus projetos
por uma vida melhor e da humanização do ser humano.
Para a garantia do direito a uma educação que respeite às especificidades do modo de vida,
da cultura e das necessidades dos camponeses há as ações como o Programa Nacional de
Educação na Reforma Agrária (Pronera), executado pelo Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (INCRA), desde 1998; e a criação da Coordenação Geral de Educação do Campo
na estrutura da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão
(SECAD) 18 no Ministério da Educação (MEC), em 2004, que vai se constituir em importante
espaço de interlocução com os movimentos sociais do campo gerando a formulação de diversos
programas tais como: o Programa Saberes da Terra, criado em 2005; o Programa de Apoio à
Formação Superior em Licenciatura em Educação no Campo (PRONACAMPO), criado em 2006;
e o Programa Nacional de Educação do Campo (PRONACAMPO), instituído em 2013.
Os elementos para construção do PPP da educação do campo têm como grande desafio
para sua consolidação tarefas combinado como manter viva a memória da educação do campo,
dinamizada e reconstruída pelos próprios sujeitos; identificar as dimensões fundamentais da luta
política no momento atual; seguir na construção do PPP – Projeto Político Pedagógico da
educação do campo. Alguns traços fundamentais na elaboração do PPP são: 1) Formação humana
vinculada a uma concepção de campo; 2) Luta por políticas públicas que garantam o acesso
universal à educação; 3) Projeto de educação dos e não para os camponeses; 4) Movimentos
sociais como sujeitos da educação do campo; 5) Vínculo com a matriz pedagógica do trabalho e
da cultura; 6) Valorização e formação dos educadores; 7) Escola como um dos objetos principais
da educação do campo. Na construção do PPP das escolas do campo não se trata de propor algum
modelo pedagógico para as escolas do campo, mas sim de construir coletivamente algumas
referências para processos pedagógicos a serem desenvolvidos pela escola e que permitam que ela
seja obra e identidade dos sujeitos que ajuda a formar, com traços que a identifiquem com o
projeto político e pedagógico da Educação do Campo.
Com a eleição de Jair Messias Bolsonaro nesse período o governo editou dois Decretos que
representaram uma importante derrota para promoção da política de educação do campo. O
Decreto n° 9.645, de 2 de janeiro de 2019, substituiu a então Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI). A exclusão da SECADI acompanha os
retrocessos verificados já no governo de Michel Temer (2016-2018), quando por meio da Lei
n°13.266, de 5 de abril de 2016, extinguiu a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial (SEPPIR), atualmente vinculada ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos (MDH). Importante ressaltar a não dissociação entre SECADI e SEPPIR. Afinal, o
encaminhamento de lutas antirracistas fortalecem as políticas de ações afirmativas e educação do
campo, fundamental nas comunidades quilombolas e grande parcela de camponeses/as negros/as
que compõem o campesinato brasileiro. Outro importante desmonte ocorreu por meio do Decreto
n°10.252, de 20 de fevereiro de 2020, que inviabiliza o PRONERA e a condução das políticas de
educação do campo nos Estados. Tal ato fragiliza as políticas de reforma agrária. Ele permite o
avanço da fronteira agrícola, ampliação dos desmatamentos e concentração de terras, gerando
mais conflitos e mortes no campo. No Decreto n°9.660, de 1° de janeiro de 2019, o Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) está vinculado ao Ministério da
Agricultura, órgão que historicamente representa os interesses das classes patronais e ruralistas.
Nessa conjuntura, projetos de reforma agrária, titulação e demarcação de territórios quilombolas e
indígenas tornam-se praticamente inviáveis. Com tantos retrocessos, nega-se aos sujeitos do
campo não só a educação, enquanto direito público e universal, mas também suas memórias, seus
saberes, a diversidade étnico-cultural e identitária, além das formas produtivas e de organização do
trabalho coletivo, enfim, seu modo de vida.
No município de Feira da Mata há apenas uma escola do campo que ainda resiste para o
não fechamento, já os alunos das localidades que não tem escolas para atendê-los são levados para
a sede, onde muitos encontram-se dificuldades quanto aos objetos de conhecimentos, dificuldades
no percurso até à escola, principalmente no período chuvoso,devido a falta de manutenção das
vicinais e dificilmente participam de eventos escolares, pois o transporte escolar no turno
específico do evento, geralmente (noturno) não os buscam, o alunado do campo estudam no turno
vespertino.