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Primeiramente, a Educação do Campo constitui-se como luta social pelo acesso dos
trabalhadores do campo à educação – e não apenas qualquer educação, mas uma pautada e
voltada aos quesitos da população camponesa. Pode parecer confuso essa nomenclatura de
início, mas a Educação não é “para” nem apenas “com” ou “no”, mas sim “dos” camponeses.
É por essa razão que o “do” no meio de “educação” e “campo”. Combina a luta pela educação
com luta pela terra, pela Reforma Agrária, pelo direito ao trabalho, à cultura, entre outros. E é
por isso que uma política pela Educação do Campo nunca será de si mesma e nem da escola,
embora se organize em torno dela, mas de todo o povo camponês.
Além de falar sobre a formação dos professores do campo, é interessante comentar sobre a
prática pedagógica. A pedagogia do movimento é entendida como um processo pedagógico
mais amplo, que não acaba nos muros da escola. Essa pedagogia proporciona um
conhecimento da realidade em uma perspectiva histórica que induza uma participação social
cítica e criativa. Trata-se, também, de concentrar os cuidados pedagógicos com as crianças.
Refere-se em desenvolver na criança uma pedagogia adequada às suas necessidades e
características sociais no Movimento, tal como: permitir vivenciar o processo educativo no
movimento, compreender o porquê do movimento existir. Estende-se para além da escola.
Além disso, temos a pedagogia da alternância, que visa a formação de jovens e adultos do
campo com pedagogia e metodologia capaz de atender e consolidar o trabalhado e os estudos.
Nessa perspectiva, tal pedagogia visa atender a realidade dos trabalhadores que tem o campo
como espaço de vida, trabalho e produção cultural.
E, para finalizar, gostaria de falar sobre a classe multisseriada, pela qual abarca os tópicos já
citados. As classes multisseriadas são uma forma de organização na qual o professor trabalha
em várias séries simultaneamente, na mesma sala, tendo de atender vários alunos de níveis e
idades diferentes. É interessante destacar que esse tipo de organização das turmas do ensino
fundamental é mais adequado e seguro, tem o propósito de melhorar as qualidades de ensino
nas escolas, que eleva os índices de desempenho dos alunos. Faz parte da política educacional
voltada à realidade diferenciada do campo, que não é genérica, nem presa a uma grade
curricular e excludente. Essa modalidade é aprovada justamente por atender as
particularidades de cada comunidade camponesa. “Eu quero uma escola do campo que tenha
haver com a vida com a gente. Querida e organizada e conduzida coletivamente”, queremos
uma escola do campo, pois ela olha pela gente.
Assim, senhor Francisco, termino minha carta com a certeza de cumprir em informar sobre a
disciplina Educação do Campo, que não se ocupa somente no âmbito educativo, mas trata-se
de uma luta incessável pela reivindicação dos direitos da população camponesa, valorização
educacional, reconhecimento cultural, social, econômico, que toda a extensão “Educação do
Campo” aborda. Ressalto que esta carta é o resumo de um conteúdo que ainda está em
andamento, pois possui muito a se conquistar. O que faço é um convite a conhecer mais sobre
a Educação do Campo, pois não termina aqui.