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Cultura Documentos
Ano: 2017
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Jezuina Kohls Schwanz
2017
Curitiba, PR
Editora São Braz
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FICHA CATALOGRÁFICA
ISBN: 978-85-5475-111-1
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PALAVRA DA INSTITUIÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz!
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Apresentação da disciplina
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Aula 1 - Conceitos fundamentais em didática da Educação do Campo
Apresentação da aula
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Para Refletir
Qual a diferença entre os termos rural e campo? Ou você
acha que é tudo a mesma coisa?
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comunidade. Pensar no campo, valorizar a terra e conhecimentos extremamente
ricos que devem ser valorizados pela escola e pelo governo.
Fonte: http://fundacaotelefonica.org.br/noticias/escola-campo-e-sociedade-as-
relacoes-e-os-desafios-que-envolvem-a-educacao-do-campo-hoje/
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chegar a resultados práticos previamente determinados. Sendo assim, a didática
pode ser considerada a arte de orientar a aprendizagem.
Na antiguidade, os gregos criaram a maiêutica, que foi um dos
principais recursos didáticos da época. Nessa época, ela era um componente da
Filosofia, vindo a separa-se somente em meados do século XVII.
Comênio, cientista e astrônomo foi considerado o pai da didática, e no
ano de 1627, escreveu Didáctica Checa, que posteriormente foi traduzida para
o latim com o título Didacta Magna. Em sua obra, o autor resumiu a prática
pedagógica que ele via como didática, e para ele é:
Vocabulario
Maiêutica: A palavra maiêutica significa parto e engloba o
conceito socrático de transmissão de conhecimento.
Fazendo alusão ao trabalho de parto, a demora o processo
dolorido e complicado. Esse trabalho de parto, tal como a
maiêutica necessita de ajuda externa, seja de uma parteira,
ou no caso do professor.
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Esse movimento traria uma nova maneira de pensarmos a educação,
em que o professor deixa de ser o centro do processo didático passando a ser
um facilitador. Foi nesse cenário que surge a preocupação com a parte
psicológica do aluno e seus processos cognitivos.
No século XX, temos uma nova ruptura com o surgimento de uma
didática mais tecnicista, apoiada em modelos como o Taylorismo e o Fordismo.
Esses modelos dominaram as escolas brasileiras com a supervalorização da
tecnologia como principal meio de transmissão de conhecimento.
Atualmente, a pedagogia é considerada uma ciência autônoma, pois
tem como finalidade as estratégias de ensino, ocupando-se também de questões
relativas às metodologias utilizadas nas práticas de sala de aula. Na didática,
temos a relevância dos conteúdos, desde a sua escolha, o material didático que
será empregado bem como as relações entre professores e alunos. Ou seja, a
Didática enquanto disciplina, caracteriza-se pelo seu cunho teórico prático que
serve como subsídio ao professor dentro de toda uma dinâmica escolar.
Para Melo e Urbanetz (2008, p.52):
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Que tipo de sujeito pretendemos formar?
Quais as correntes ideológicas que me norteiam?
Dito isso é importante salientar que todos somos seres políticos e que
quando escolhemos um determinado autor para utilizarmos em nossas aulas,
estamos deixando outros tantos de lado. Essa escolha do professor não está
relacionada à posição partidária, são coisas distintas.
Mais do que nunca, o professor do campo necessita ter um
posicionamento político bastante claro, compreendendo os mecanismos da
vivência e do trabalho no campo, os anseios do povo com relação à qualidade
de vida, a lida da terra, questões políticas e econômicas na qual esses alunos
estão envolvidos.
Como pode-se perceber isso não é uma tarefa simples, para ensinar é
preciso conhecer. E além de conhecer e “dominar” a técnica a ser empregada,
temos que trazer uma aprendizagem significativa que abarque esse amplo
universo que é a Educação do Campo.
Importante
DIDÁTICA - atividade mediadora entre a teoria educacional e a
prática em sala de aula.
Didática é bem mais que a sala de aula, e começa antes mesmo que o
professor chegue à classe. A aula é onde todo o processo educativo se
manifesta, a bagagem cultural do professor, seu aporte teórico, o seu domínio
da técnica, o estudo da realidade do educando e muito mais.
Nesse sentido, a escola do campo (sujeito educativo) deve buscar
interpretar a realidade dos educandos (homem do campo), considerando as
relações mediadas pelo trabalho no campo, como produção material e cultural
do povo do campo. E a partir daí construir novos conhecimentos que promovam
novas relações de trabalho e vivência para os sujeitos.
De acordo com Caldart (2004, p. 156):
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saberes, sabedoria; que enraíze sem necessariamente fixar as
pessoas em sua cultura, seu lugar, seu modo de pensar, de agir, de
produzir; uma educação que projete movimento, relações,
transformações [...].
Para Refletir
Qual deve ser o principal foco da didática na Educação do
Campo?
Resumo da Aula 1
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Atividade de Aprendizagem
Fonte: http://denshare29.rssing.com/chan-15318808/all_p80.html
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Os movimentos sociais e a luta por condições mais dignas de trabalho,
educação e moradia, bem como a luta pela terra, acabaram por redefinir o
espaço educacional. Baseado a partir de uma concepção de campo que tem
como princípios básicos as relações sociais, ambientais, econômicas e culturais.
De acordo com José Martins, em seu livro O poder do atraso (1994):
“Na verdade a questão agrária engole a todos e a tudo, quem sabe e quem não
sabe, quem vê e quem não vê, quem quer e quem não quer”.
Para que isso ocorra é preciso que se parta de uma ampla investigação
do universo desses educandos (nesse caso o homem do campo), para
posteriormente organizar e pensar os conteúdos escolares, a didática de ensino
e a metodologia de trabalho. Buscando assim a valorização das singularidades
regionais e nacionais, as identidades sociais e políticas do povo do campo.
Importante
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produção e venda de produtos, a criação e manutenção de cooperativas. Bem
como na urgência de iniciativas para a área de agroecologia, na produção e
comercialização de orgânicos.
Dito isso, a escola deve tentar interpretar essa realidade levando em
consideração as relações mediadas no trabalho do campo, baseados na cultura
e identidade própria do campesinato.
Retomando a importância de conhecer o nosso educando e o universo
em que vive, Poli (1995), assim caracteriza o camponês, foco da nossa educação
do campo:
Trabalhador que lida com o cultivo de uma pequena porção de terra
(uso de ferramentas rudimentares e pequenas máquinas);
Mão de obra familiar;
Sujeito inserido e reproduzido no interior do modo de produção
capitalista sem se caracterizar como um capitalista;
Família como unidade básica de posse, consumo e produção;
Tem a “função” de oferecer produtos agropecuários a preços
inferiores ao de grandes latifundiários;
Forte ligação com a família, a comunidade, o bairro rural, o grupo
de vizinhança;
Contato frequente com o meio urbano, numa relação subordinada
a ele, de inferioridade, social, política e econômica;
Frequente contato com o mercado com caráter parcial e
incompleto; vende seus produtos excedentes e adquire
mercadorias complementares para satisfazer as suas
necessidades básicas;
Objetivo de produzir valores de uso e não valores de troca com
uma agricultura voltada para a manutenção de um modo de vida
e não de um negócio.
Como pôde observar até aqui, o povo do campo nada tem a ver com os
grandes proprietários de terra, pois sua relação com o mundo do trabalho, com
a terra e com os demais homens do campo constituem-se numa cultura própria.
15
2.2 Metodologias da educação na formação do aluno cidadão
16
Saiba Mais
Mas afinal, o que é universo cultural?
O termo “universo cultural” surgiu com um velho conhecido
de nós educadores, o Paulo Freire. Para ele, universo
cultural seria tudo aquilo que nos conecta com a realidade e
como nos relacionamos com o mundo a nossa volta. Seja em
nossa comunidade mais próxima, como no nosso bairro, ou
numa realidade mais longínqua, como o nosso país e o
mundo.
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Aulas expositivas dialogadas baseadas em temas geradores de
conhecimento.
Trabalhos em grupo, com vistas à construção do diálogo e da
participação coletiva;
As metodologias acima citadas devem ser realizadas mediante projetos
didáticos, esse destinam-se a gerar ações de intervenção na realidade a partir
de intenções educativas claras e diferenciadas ao longo do processo. Eles
favorecem aprendizagens que propiciam o desenvolvimento de capacidades,
compreensão da realidade e de transpor obstáculos. Para Nery (2007, p. 119):
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Para que isso ocorra, é necessário que exista uma estreita relação entre
educador/pesquisador e educando/participante, é só através da reciprocidade
entre ensinar e aprender que pode-se chegar a resolução de problemas. A
pesquisa-ação é considerada como um método que engloba distintas técnicas
de pesquisa social. Ela é sempre qualitativa, com foco nas especificidades dos
fenômenos sociais e não apenas em números e comparações como é de se
esperar de uma pesquisa quantitativa.
Principais passos a seguir:
A primeira técnica utilizada deve estar relacionada à coleta de
dados, seguindo da interpretação dos mesmos. É nessa etapa que
o pesquisador procura familiarizar-se com a realidade do
educando, sujeito de sua pesquisa.
Logo em seguida o pesquisador, junto com os sujeitos de sua
pesquisa parte para a organização das ações a serem realizadas
durante o processo.
O passo seguinte é a busca e a solução do problema levantado no
início da pesquisa.
Avaliação seguida da reflexão. É nela que os participantes avaliam
cada processo da mesma, a fim de aprender com os mesmos e
não repeti-los num próximo processo.
Conforme Freire (2005), para a educação ser libertadora, deve levar a
transformação radical da sociedade; para tanto, educando, educadores e
comunidade devem estar engajados com vistas a esse fim. Quando o educador
decide fazer parte do universo do educando e inseri-lo no processo educativo,
está dando um grande passo rumo à transformação social.
Por sua característica investigativa, a pesquisa-ação busca conhecer a
realidade com o intuito de transformá-la. A forma de pesquisar a realidade
envolve a população nesse processo, gerando conhecimentos indispensáveis
para que se resolvam os problemas propostos.
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Vocabulario
Participação: atividade em cujo processo estão envolvidos
os pesquisadores e os pesquisados, sujeitos da ação que
contribuem no conhecer e no transformar a realidade na qual
estão inseridos.
Pesquisa: caracteriza-se como um processo reflexivo,
sistemático e crítico, cuja finalidade é estudar determinados
aspectos da realidade tento como objetivo a ação prática
(investigação).
Para Refletir
Como conclusão de nossa segunda aula gostaria que você
refletisse acerca da importância do homem do campo para
as nossas vidas. É através do seu esforço e trabalho que
colocamos comida na nossa mesa. Dito isso agora você
pense como um educador crítico e amoroso, como diria
nosso eterno mestre Paulo Freire. E agora? Sua didática e
metodologia de trabalho serão de inclusão ou excludente?
Você pode fazer a diferença para que o povo do campo deixe
de estar à margem das políticas educacionais.
Resumo da Aula 2
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povo do campo. A pesquisa participante ou pesquisa-ação é um instrumento
bastante usado quando se quer promover a participação coletiva com vistas a
solução de problemas, portanto encaixa-se perfeitamente no trabalho com a
Educação do Campo.
Atividade de Aprendizagem
De acordo com o que você viu na nessa aula, explique em que
caracteriza-se a pesquisa-ação educacional.
Apresentação da aula
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Partindo da frase acima “Para aprender é preciso conhecer”,
conheceremos um pouco mais da vida do povo do campo e dos caminhos
metodológicos que podemos utilizar para que a aprendizagem seja significativa.
Ao propormos em nossas aulas as aprendizagens significativas, estamos
colaborando para que o educando construa significados, além de estabelecer
relações entre o que aprende e aquilo que ele já conhece.
A educação do sujeito do campo voltada para aprendizagens que
resultem na sua emancipação pressupõe atitudes alicerçadas na melhoria das
políticas voltadas para o homem do campo, levando em conta ações educativas
que realmente incluam esses sujeitos no debate, para assim deixarem de ser
meros expectadores de sua realidade, passando a atuar de forma efetiva em prol
da melhoria da sua qualidade de vida.
“Mas para que o sujeito do campo sinta-se realmente inserido no processo
de ensino e aprendizagem, o que o educador precisa saber?”
De acordo com Freire, temos que ter em mente três dimensões
educativas:
A dimensão política da educação,
A cultura popular enquanto aspecto emancipatório
Os vínculos afetivos como princípios que unem os trabalhadores
camponeses organizados em seus movimentos sociais.
Vocabulario
Emancipação: significa o ato de tornar alguém livre ou
independente, portanto uma educação emancipatória de
acordo com Paulo Freire é aquela ligada a autonomia do
sujeito através de uma educação pautada em princípios
significativos e conscientes, de uma educação que não exclui
e que liberta pelo conhecimento e pelo posiciona-mento crítico
e político.
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em que nos engajamos a serviço da humanidade entendida como uma
abstração, é o ponto de partida para compreendermos as diferenças
fundamentais entre uma prática ingênua, uma prática "astuta” e outra
crítica.
“Mas afinal de contas, que é essa tão falada leitura crítica do mundo?”
Resumidamente, é a capacidade de ler e interpretar a realidade a nossa volta e
conseguir posicionar-se criticamente a partir de nossos referenciais.
Para que se possa fazer essa leitura crítica do mundo, faz-se necessário
alguns questionamentos:
Quais os conteúdos culturais dos povos do campo devem ser
abordados nas disciplinas para que instrumentalizem os educandos
a fim de que possam compreender o mundo a sua volta?
Quais são os saberes dos povos do campo que precisam integrar os
currículos das disciplinas?
Para responder a esses questionamentos retorno a frase inicial de nossa
aula: ‘para aprender é preciso conhecer!’. Para que você selecione os saberes e
conteúdos a serem abordados, deve conhecer a realidade de seu educando.
Não de todo homem do campo, mas do “seu” homem do campo, pois conforme
abordamos na aula passada existem diferentes realidades em diferentes regiões
do campo espalhadas pelo nosso país.
Conforme Freire (1987, p. 101):
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O que os gestores da educação precisam entender é que não se pode
considerar o sujeito do campo como uma tábula rasa, desprovido de cultura. Mas
sim, através de uma educação dialógica, buscar trazer para sala de aula a
imensa bagagem cultural que esse povo possui, para a partir daí construir junto
o conhecimento que se almeja.
Para Freire (1981, p.26):
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Os saberes da experiência trazidos pelos educadores, somados aos
específicos de cada área do conhecimento e aos gerais.
Para que se possa incluir e valorizar a cultura do camponês na escola,
faz-se necessário repensar a organização dos saberes escolares; isto é, os
conteúdos específicos a serem trabalhados em cada etapa da escolarização.
De acordo com Freitas (2006), uma das formas de se efetivar a inclusão
dos saberes do homem do campo no currículo escolar, está na articulação de
conteúdos sistematizados com a realidade do campo nas disciplinas da Base
Nacional Comum, quais sejam: Língua Portuguesa, Artes, Educação Física,
Matemática, Ciências, História, Geografia, Ensino Religioso, Língua Estrangeira
Moderna, Biologia, Física, Química, Sociologia e Filosofia.
Ainda de acordo com Freitas (2006, p.45), também devemos estar
atentos com a Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental, a fim
de que se possa “inserir a especificidade da vida das crianças do campo nas
suas práticas pedagógicas, as brincadeiras criadas pelas crianças, à
sociabilidade entre elas, a participação nas atividades domésticas e da lavoura
etc.”.
Essa preocupação com as primeiras etapas da educação é importante
no sentido de que a criança do campo vive o campo junto com seus pais,
acompanhando as atividades desenvolvidas pelos pais e irmãos mais velhos.
Para Freitas (2006, p.46)
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tenha que se ater só a isso. A educação transformadora deve abrir portas para
o conhecimento de novas realidades e novas possibilidades, ampliando assim
os horizontes de nossos educandos.
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vista distintos. De acordo com Freire, aprendizagem dialógica é um dos
princípios da educação.
As metodologias baseadas na resolução de problemas levam os
educandos a questionarem-se o tempo todo, seu modo de ser e estar no mundo.
De um problema simples ao mais complexo, educando e educadores buscam
dar respostas aos problemas, mesmo que essas sejam provisórias.
Para Refletir
A educação emancipatória, de acordo com Freire, visa a
emancipação dos sujeitos oprimidos pelo sistema. De que
forma o educador pode contribuir para esse processo de
emancipação?
Resumo da Aula 3
Atividade de Aprendizagem
Em que consiste a leitura crítica do mundo e porque ela é tão
importante para o processo educativo?
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Aula 4 - Planejamento de disciplinas destinadas a escolas do campo e
itinerantes
Apresentação da aula
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Para Refletir
Mas como organizar e planejar um currículo voltado para o
homem do campo?
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Fonte: https://gestaoescolar.org.br/conteudo/777/ensino-com-a-cara-do-campo
Vocabulario
Planejamento: significa o ato ou efeito de planejar, criar um
plano para otimizar o alcance de um determinado objetivo.
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Recapitulando o que vimos nas aulas passadas, o currículo deve levar
em conta os saberes e conhecimentos trazidos pelo povo do campo,
redimensionando-os. Esse novo currículo deve visar o desenvolvimento de
competências e habilidades que sejam voltadas para o desenvolvimento
sociocultural desses sujeitos.
De acordo com Santos (2009, p. 14):
Pimentel (2007, p.20), salienta que o currículo deve ser “[...] uma
configuração dos modos de vida de habitar o mundo, por isso mesmo não pode
ser pensado fora dos limites e possibilidades de sentir, agir e pensar a
humanidade [...]”.
Integrando conhecimentos científicos com os saberes populares a
educação do campo, a construção de um novo currículo requer uma ampla
participação coletiva, não só no que diz respeito ao planejamento curricular, mas
também aos elementos didáticos e metodológicos envolvidos no processo.
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diferentes níveis de compreensão, suas visões, seus valores, para que no ensino
ocorra a análise e reflexão da prática social a ser melhor compreendida e
transformada.
Conforme Freire (1987, p. 102), “[...] toda investigação temática, na
concepção problematizadora da educação, se torna momento de um mesmo
processo [...]”, nesse processo o educador precisa estar consciente do tipo de
educação que quer ofertar aos seus educandos.
Nesse sentido, a organização curricular a partir dos temas geradores,
propõe uma aprendizagem significativa e diferenciada, visando a transformação
social do educando, e tendo como foco principal as populações do campo, sejam
elas de quilombolas, indígenas ou campesinato.
Saiba Mais
Os temas geradores estão presentes em toda
pedagogia de Freire e consistem em assuntos retirados do
próprio universo dos educandos escolhidos a partir dos
círculos de cultura. Esses círculos de cultura eram o ponto de
partida para a conscientização dos sujeitos educativos e
eram compostos por educadores, educandos, re-
presentantes políticos e membros da comunidade em geral.
Esse grupo girava em torno de um objetivo comum: acabar
com a alienação e a falta de protagonismo que estava
oprimindo cada vez mais o trabalhador brasileiro. Nesses
círculos primeiramente eram apresentados os problemas,
sonhos e desafios a serem transpostos pelo grupo, a
chamada leitura de mundo. Era a partir dessa leitura crítica
de mundo que nasciam os temas geradores.
A leitura do mundo caracteriza-se por um estudo
sistemático do universo social e cultural da comunidade na
qual os sujeitos estão inseridos. Nessa leitura, detalhes como
a história de vida dos educandos, por exemplo, torna-se
fundamental. O diálogo e a escuta são o ponto de partida
para o educando que deseja utilizar o método com seus
educandos.
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Desenvolvimento sustentável;
Cooperativismo;
Agronegócio;
Plantações orgânicas.
Deve-se inserir esses temas nas matérias de Matemática, História,
Português, Geografia e assim por diante. Além dos temas recolhidos nas rodas
de conversa, alguns temas são fundamentais para aprofundar os conhecimentos
do povo do campo como:
Meio Ambiente;
Trabalho na terra;
Alimentação;
Saúde.
Esses e tantos outros temas podem ser abordados interdisciplinarmente, a
partir da articulação a ser feita entre as áreas do conhecimento. O envolvimento
de educadores, educandos, comunidade e equipe escolar na prática pedagógica
é um caminho para o desenvolvimento da participação social. O envolvimento
dos educadores das diferentes áreas do conhecimento garantirá a qualidade de
aproximação disciplinar, num primeiro momento, e depois a interdisciplinaridade.
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de concursos diferenciados? Políticas de formação diferenciadas?
Políticas de contratação diferenciadas? Não podemos continuar com
essa configuração de educadores do campo desvinculados do
campo.
Sendo assim, não existe uma continuidade nos projetos criados por
esses educadores que muitas vezes estão apenas de passagem pelo campo.
“Como trabalhar com eixos geradores de conhecimento, com projetos
interdisciplinares, se os educadores do campo estão sempre mudando e não
conseguem estabelecer vínculos com a comunidade?”
De acordo com o exposto até aqui é possível observar que muito ainda
tem que ser feito para que tenhamos uma escola do campo de qualidade e isso
não depende apenas dos educadores.
Não se pode carregar essa culpa de ter tido uma formação voltada para
as escolas da área urbana, mas sim buscar alternativas de suprir a carência de
conhecimentos específicos nessa área. Uma escola não existe sem contexto,
não podemos falar como meros espectadores, é preciso conhecer para
aprender, é preciso conhecer para educar.
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Resumo da aula 4
Atividade de Aprendizagem
O que são temas geradores e como devem ser trabalhados?
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Resumo da disciplina
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Referências
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