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Disciplina: Organização Política, Movimentos Sociais, Cidadania e Educação

Autores: M.e Willyans Maciel

Revisão de Conteúdos: Esp. Marcelo Alvino da Silva

Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso

Ano: 2017

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Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em
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Willyans Maciel

Organização Política,
Movimentos Sociais, Cidadania
e Educação
1ª Edição

2017

Curitiba, PR

Editora São Braz

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FICHA CATALOGRÁFICA

MACIEL, Willyans.
Organização Política, Movimentos Sociais, Cidadania e Educação / Willyans
Maciel. – Curitiba, 2017.
40 p.
Revisão de Conteúdos: Marcelo Alvino da Silva.
Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso.
Material didático da disciplina de Organização Política, Movimentos Sociais,
Cidadania e Educação – Faculdade São Braz (FSB), 2017.
ISBN: 978-85-94439-85-7

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Apresentação da disciplina

Nesta disciplina serão abordadas as principais tentativas de definir os


Movimentos Sociais, seu mecanismo de ação, condições de possibilidade de
como esses movimentos influenciam na organização política e na educação. Em
suma, compreenderemos seu papel na formação dos cidadãos e como têm
influenciado na educação no campo.

A compreensão desses elementos nos permitirá visualizar a


complexidade de tais movimentos e como esta complexidade influencia na
atuação educacional e organização política, especialmente nas políticas públicas
educacionais voltadas ao campo.

Concorde com eles ou não, os movimentos sociais têm se tornado cada


vez mais presentes em nossa sociedade, desde o Século XIX e com maior
ênfase no Século XX, foram protagonistas de diversas causas e levantaram
muitas bandeiras, entre as mais relevantes encontramos os direitos civis e o
ambientalismo. No Brasil desde a década de 1980, diversos movimentos se
organizaram e fazem parte da mobilização política atual, especialmente nas
questões do campo.

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Aula 1 – O que são Movimentos Sociais

Apresentação da aula 1

Nesta aula faremos uma introdução conceitual ampla sobre movimentos


sociais e compreendê-los como parte da nossa sociedade de modo geral.
Abordaremos as suas condições de possibilidade, ou seja, o que é necessário
existir para que seja possível a existência e atuação dos movimentos sociais,
considerando como eles se constituíram na história recente e em que países
atuam com mais força, evidenciando as suas influências políticas, tanto na
atuação partidária quanto na criação de políticas públicas, com definições para
tais movimentos.

1. O que são Movimentos Sociais

A dificuldade de se definir o que são movimentos sociais advém da sua


natureza variada e origem informal. Com uma natureza informal em muitos
casos, os Movimentos Sociais podem ser difíceis de definir, possuem estrutura,
formatos e causas as mais variadas, tornando difícil o uso de um único modelo
para explicar a todos. Os movimentos sociais são fenômenos que aparecem, ao
menos a princípio e na maioria dos casos, de modo espontâneo na sociedade,
organizando-se ou formalizando-se na sequência, e a sua explicação se dá pela
observação de tal fenômeno, como acontece com a observação da natureza.
Não são criados por uma teoria, mas apenas explicados por ela, e ainda assim
com alguma dificuldade. Podem ainda adotar teorias para si mesmos, com maior
ou menor rigor.

1.1 O que são Movimentos Sociais

Movimentos Sociais são um tipo de ação de grupo. Na sociedade atual


existem diversos tipos de ações de grupo, entre eles os grupos de pressão, que
atuam exclusivamente com a intenção de forçar a aprovação ou rejeição de
políticas públicas específicas, os grupos de interesse, que atuam na defesa dos
interesses de um determinado tipo de cidadão, por exemplo, aqueles que fazem
parte de uma profissão em particular, entre outros.

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Os Movimentos Sociais podem ser classificados nessa categoria, ação de
grupo, uma vez que reúnem pessoas (grupos), com interesses comuns, mas a
sua atuação, possuindo características próprias, as quais o diferem dos outros
tipos de ações de grupo. São identificados como grandes, em alguns casos
informais, em casos formais desde o princípio e ainda em outros formalizam-se
ao longo do tempo. Congregam indivíduos ou organizações focando em
questões políticas ou sociais. Dessa forma, quando fala-se em “grupo”, não se
refere apenas aos indivíduos que constituem grupos de pessoas (mas também
empresas e organizações podem reunir-se em movimentos sociais).
Naturalmente, a menor unidade de qualquer um desses grupos é o indivíduo,
mas nesse caso são os interesses dos tipos de grupos que importam, não
apenas dos indivíduos em particular.

Pretendem realizar, resistir ou desfazer uma ou mais mudanças sociais


envolvendo a natureza, instituições, comportamentos e relações sociais. Essa
descrição da pretensão dos movimentos sociais nos permite visualizar a sua
amplitude e a grande variação possível dos tipos de movimentos sociais, uma
vez que abrange praticamente toda alteração possível no formato ou
funcionamento da sociedade.

1.1.1 Mudança social

Conforme Kuhn (1962), as pessoas tendem a continuar utilizando um


paradigma que aparentemente não funciona até que um paradigma melhor seja
comumente aceito. Movimentos Sociais são ações de grupo mais complexas do
que os grupos de pressão e interesse. A análise de Kuhn (1962), nos indica que
o ambiente da atuação dos Movimentos Sociais é a mudança social.
Naturalmente, mudanças de paradigmas, como analisa o próprio Kuhn, sempre
existiram, especialmente no âmbito científico, porém no âmbito social, a
presença dos movimentos sociais pode acelerar esse processo, na medida em
que a existência de um novo paradigma aceitável angaria adeptos e permite a
reunião em torno de um algo incomum, algo que causa uma mudança.

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Vocabulario
Paradigma: conceito em ciência que estabelece um modelo ou
exemplo padrão para interpretação de fenômenos,
expressando um padrão a ser seguido na análise de tal
fenômenos, seja um fenômeno natural ou social. Inicialmente
utilizado em gramática e linguagem, o conceito foi expandido
por Thomas Kuhn em sua obra A Estrutura das Revoluções
Científicas, de 1962, passando a figurar como termo usual para
tratar dos padrões e modelos estabelecidos em todas as
ciências.

Quando tem-se um volume suficiente de pessoas aderindo a esta


mudança, ou preocupados com ela, pode-se ter um movimento social que atua
em prol dessa mudança.

Quando, por outro lado tem-se um volume de pessoas suficiente


recusando a mudança, pode-se ter um movimento social que atua contra essa
mudança.

Analisando por esse aspecto, os movimentos sociais são toda reação, que
causa alguma agitação na sociedade, suficiente para ser considerada relevante.
Por "ser considerada relevante” indica algo que precisa ser respondido e não
pode ser ignorado facilmente. Pode-se concordar ou discordar da pauta dos
movimentos sociais, mas uma vez que eles se constituem não os mesmos não
podem ser ignorar dentro da organização da sociedade, uma vez que eles
movimentam um volume razoável de indivíduos, que possuem relações e podem
oferecer influência a outros membros da comunidade.

1.1.2 Dissidência

Os Movimentos Sociais são a expressão da dissidência que muitas


vezes permite o estabelecimento ou desenvolvimento do diálogo, ao levantar
uma abordagem ou posição diferente.

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Vocabulario
Dissidência: Sentimento ou posicionamento de não
concordância (ou não pertencimento), afastamento do
consenso geral. Podendo ser relacionado a uma ideia ou grupo
social, ou mesmo até a toda sociedade.

Antes que angariem um volume grande de indivíduos, os movimentos


sociais são compostos de alguns indivíduos, os quais expressam um sentimento
de não concordância com algum aspecto da sociedade ou com alguma
mudança proposta. Esses indivíduos afastam-se do consenso geral e são os
primeiros a aderir ao novo paradigma ou resistir no paradigma anterior enquanto
a maioria está mudando para o novo paradigma.

Quando há um volume suficiente de indivíduos dissidentes, um


movimento social pode organizar-se em torno dessa dissidência específicas. Os
conceitos de “mudança social” e “dissidência” atuam em conjunto para criar o
ambiente no qual aparecem os movimentos sociais, ajudando a compreender o
seu funcionamento e atuação.

1.2 Condições de possibilidade

A história dos movimentos sociais é relativamente recente. Ao longo da


existência da humanidade e mesmo de nossa organização em sociedade
estivemos tão preocupados com a sobrevivência que não havia tempo para se
organizar socialmente.

Muitas dificuldades se interpunham à existência dos movimentos sociais


e de qualquer organização mais sofisticada para além das instituições, entre
essas, a distância, a necessidade de longas horas de trabalho em todos os dias,
a curta expectativa de vida e diversos outros elementos que só superamos com
o desenvolvimento econômico, tecnológico e organizacional dos séculos
recentes.

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Movimentos sociais se tornaram possíveis a partir da disseminação da
Literatura (Educação) e mobilidade do trabalho (industrialização e urbanização
das sociedades do Século XIX).

A disseminação da literatura permitiu maior comunicação escrita,


popularização dos livros e manuais, oferecendo às pessoas a possibilidade de
atingir a Educação, adquirindo conhecimentos que anteriormente lhes seriam
improváveis. Além do conhecimento, que naturalmente já cria uma maior
possibilidade de dissidência, uma vez que as pessoas adquirem um volume
maior de informações para pensar a respeito, a disseminação da literatura
ampliou radicalmente a comunicação, que como veremos mais adiante na
disciplina, é um dos elementos cruciais para a organização de movimentos
sociais.

A disseminação da literatura é uma das primeiras condições que permitiu


o surgimento e expansão dos Movimentos Sociais. Um aumento significativo das
atividades de movimentos sociais se deu a partir da ampliação da liberdade de
expressão, educação e independência financeira das sociedades modernas.
Esses elementos em conjunto permitem uma maior mobilização e disseminação
de informações entre os indivíduos, sem que haja repressão.

1.2.1 Relação com a democracia

Quando fala-se em repressão, atualmente, a ideia de democracia sempre


vem à mente. Com os movimentos sociais não é diferente, tais movimentos
possuem uma forte conexão com sistemas políticos democráticos, justamente,
pois a repressão atua contra esses movimentos. Seja atuando em países
democráticos ou em processos de democratização ou como resistência ao
totalitarismo, os movimentos sociais sempre aparecem em uma conexão com a
democracia, uma vez que eles mesmos expressam um dos aspectos da
democracia, a possibilidade de que as minorias expressem suas posições e
tenha a oportunidade de convencer a maioria em direção a decisões.

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1.2.2 Impossíveis de ignorar

Nos recentes 200 anos, os movimentos sociais tornaram-se uma parte


impossível de ignorar da nossa civilização e cultura global. Hoje eles se
espalham por todos os ramos da nossa sociedade e, em maior ou menor medida,
influenciam decisões, políticas públicas e direcionamentos na educação.

1.2.3 Relação com a política

Em termos de organização política e políticas públicas, os movimentos


sociais influenciam na formação da agenda política e muitas vezes na tomada
de decisões dos dirigentes de uma nação. Em alguns casos podem atuar como
grupos de pressão, embora não se confundam com esses, para direcionar a
agenda para uma de suas causas.

Entre os muitos exemplos dessa atuação, evidencia-se o movimento


pelos direitos civis nos Estados Unidos da América, na metade do Século XX,
atuando em apelações em tribunais, contratando advogados, realizando
protestos e finalmente conseguindo angariar força suficiente para promover
mudanças na legislação e na forma como a política era direcionada, no que
concerne os direitos civis.

Em termos de política partidária, movimentos sociais são conectados a


formação de novos partidos, objetivando representar as causas desses
movimentos.

1.3 Definições

Não existe consenso acerca de uma definição de movimento social, pois


existem diversas definições operacionais, ou seja, descrições que funcionam
como definições o bastante para que possamos analisar e tipificar a maioria dos
movimentos sociais.

Para se enquadrar nessas definições operacionais um movimento precisa


atender a alguns critérios de possíveis definições operacionais, são eles:

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 Rede de interações informais (indivíduos, grupos ou org.);

 Envolvimento em conflito cultural ou político;

 Identidade coletiva.

1.3.1 Elementos

Existem ainda alguns elementos, os quais são identificados como


aparecendo em todos os movimentos sociais.

 Campanhas: Uma forma de atuação e expansão que chama a


atenção da sociedade e de possíveis novos membros.

 Repertório: Conjuntos de ações que o movimento pode realizar no


sentido de atender às demandas de seus membros.

 Expressão de WUNC: Um critério que incorpora outros quatro


aspectos relevantes de movimentos sociais.

De acordo com Tilly (2004):

 Worthiness – dignidade/valor;

 Unity – unidade;

 Number – números/volume;

 Commitment – comprometimento.

Em resumo, os indivíduos precisam sentir-se valorizados, parte de uma


unidade, precisam exercer algum volume relevante dentro da sociedade que
participam e deve haver comprometimento ao longo do tempo desses indivíduos
de modo geral.

1.3.2 Definições operacionais

Entre as muitas definições operacionais que podemos formular,


algumas se destacam.

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[...] conjunto de opiniões e crenças em uma população que representa
preferências por alterar alguns elementos da estrutura social.
(McCARHY & ZALD, 1977 p. 82)

Vocabulario
Definição Operacional: Quando não se pode estabelecer uma
definição em absoluto optamos por identificar os elementos que
são suficientes para a compreensão do tema abordado ou do
que pretendemos identificar. Essa identificação permite que se
trabalhe o tema métodologi-camente ou pedagogicamente
mesmo sem que uma definição seja encontrada, permitindo
organizar o debate acerca de tal tema.

James e van Seeters (2014), estabeleceram quatro elementos


identificadores, para distinguir movimentos sociais de outros tipos de grupos,
como os grupos de pressão e os grupos de interesse, sendo eles:

 A formação de algum tipo de identidade coletiva;

 O desenvolvimento de uma orientação normativa;

 Compartilhamento de uma preocupação com mudança do status


quo;

 Ocorrência de momentos de ação prática, relacionados com a


preocupação com mudança, que se conectam ao longo do tempo.

Assim, os autores propõem uma nova e mais sofisticada definição


operacional do que são movimentos sociais:

Associação política entre pessoas que se veem conectadas com outras


em um propósito comum e se unindo em uma extensão de tempo para
efetuar mudança social por este propósito. (JAMES; VAN SEETERS,
2014, p. 11).

Os movimentos sociais são amplos, complexos e variados, mas se


conseguimos oferecer uma descrição adequada e procedemos uma observação
empírica de sua atuação, somos capazes de compreender a forma como se

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originam e o seu papel em nossa sociedade, bem como as suas marcas
características.

Resumo da aula 1

Nesta aula procedemos uma investigação conceitual do que são


movimentos sociais, abordamos as suas condições de possibilidade e os
elementos que os constituem de modo a tornar possível a sua identificação
empírica. Também compreendemos as características dos indivíduos que
compõem tais movimentos em sua relação com o próprio movimento.

Atividade de Aprendizagem
Considerando que os movimentos sociais só são possíveis em
uma relação com a democracia e com base em nossos estudos,
discorra à respeito de qual maneira os movimentos sociais se
manifestam em países cuja democracia está ameaçada ou que
estão recuperando a democracia.

Aula 2 – Funcionamento e teorias sobre Movimentos Sociais

Apresentação da aula 2

Nesta aula entenderemos como funcionam, se organizam e se


comunicam os movimentos sociais, de sua origem aos dias atuais. Nesse
processo será possível entender qual a influência da tecnologia (especialmente
da internet) na organização e relação dos indivíduos que compõem esses
movimentos. Serão elucidadas também as principais teorias e paradigmas
explicativos dos movimentos sociais, com objetivo de compreender melhor a sua
complexidade e formular uma teoria geral do funcionamento de tais movimentos,
de modo que a sua identificação seja facilitada.

2. Funcionamento e teorias sobre movimentos sociais

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Para Refletir
O que é necessário para que um movimento social venha a
existir?

Existem algumas condições de possibilidade para a existência dos


movimentos sociais, entre elas a educação, a liberdade de expressão,
desenvolvimento financeiro, possibilidade de comunicação entre os membros,
entre outros.

2.1 Processos-chave

As condições de possibilidade para os movimentos sociais surgiram na


sociedade a partir de processos-chave, desencadeados por necessidades da
própria sociedade e que tiveram como resultado a criação das condições de
possibilidade dos movimentos sociais, dos quais podem-se elencar:

 Urbanização: Permitiu a aproximação dos indivíduos,


possibilitando maior contato, conversas, trocas de ideias e
organização;

 Industrialização: Possibilitou a redução de jornadas de


trabalho e aumento de recursos financeiros, gerando
significativa redução da pobreza extrema e permitindo o foco
em outras atividades;

 Desenvolvimento das Universidades: Ampliou a Educação,


desenvolvimento científico e compreensão da sociedade;

 Tecnologias de comunicação: Aproximou ainda mais as


pessoas, mesmo aqueles que vivem fora dos grandes centros,
possibilitando uma comunicação eficiente e cada vez mais
barata;

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 Expansão da democracia, liberdade de expressão e
direitos políticos: Permitiu a redução das restrições à
expressão e manifestação dos indivíduos dissidentes ou não.

Cada um desses processos teve relevância particular em algum momento


e a sua continuidade é condição para a manutenção das condições de
possibilidade dos movimentos sociais. Cada um dos processos-chave que
compõe a história dos movimentos sociais tem sua participação e seu momento,
acontecendo em uma continuidade, sendo que um possibilita o outro. Ao longo
do tempo esses processos foram se encadeando, a urbanização permitiu a
industrialização ao colocar os indivíduos próximos e facilitar a alocação de
recursos, deslocamento e comunicação direta. A industrialização, por sua vez,
permitiu a redução das jornadas de trabalho, especialmente pelo aumento da
produtividade, permitindo que os indivíduos, principalmente os mais pobres,
tivessem mais tempo e recursos para outras atividades.

Esse tempo, somado à proximidade e ao desenvolvimento de novas


tecnologias foi parte do processo de desenvolvimento das universidades, o que
por sua vez ampliou não apenas o conhecimento disponível na sociedade, mas
também ajudou a criar novas tecnologias, aproximar ainda mais as pessoas,
disseminar a leitura e produzir tecnologias.

As tecnologias da comunicação vêm na esteira dessa produção, com mais


conhecimento em sociedade começam a surgir mais novidades e tecnologias.
Todo esse processo em conjunto com a economia de mercado, que se
desenvolve aceleradamente no Século XX, permite a inserção nas discussões
da sociedade de indivíduos que no passado estariam ocupados demais
sobrevivendo.

As condições de possibilidade para o surgimento dos movimentos sociais


aparecem a partir de processos em sociedade. Esses processos identificam
avanços no sentido da evolução para a forma como a nossa sociedade se
organiza atualmente, com a aceleração dos processos de produção, gerando
mais riqueza em menos tempo, identifica de forma clara a relevância do processo
de industrialização favorecendo assim o surgimento dos Movimentos Sociais.

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Essa ampliação da inserção dos indivíduos e a crescente universalização
do conhecimento e das possibilidades, o que não significa que não tenhamos
problemas a serem enfrentados, permitiu o desenvolvimento de movimentos
pela democracia, república e liberdade de expressão. A conquista desses por
sua vez permitiu que todos pudessem se manifestar sem restrições e serem
ouvidos em sociedade, possibilitando a existência irrestrita de movimentos
sociais.

2.2 Tipos de Movimentos Sociais

Os Movimentos Sociais cujas mudanças se direcionam à indivíduos


específicos podem incluir também grupos e ampliar-se até atingir o escopo total
da sociedade. A classificação não é absoluta e os movimentos sociais podem
ampliar-se e variar dentro das classificações.

Quanto à classificação dos tipos de movimentos sociais, pode-se dizer


que eles variam conforme dois critérios:

 A quem se direciona a mudança social proposta (ou


resistência à mudança);

 Qual a extensão da mudança proposta (ou resistência à


mudança).

Por “mudança”, entende-se a ideia de “mudança social”. Sendo os


movimentos sociais dissidências que pretendem mudar ou resistir à mudanças
na sociedade, fazendo-se importante entender a extensão e direcionamento
dessa mudança.

Quanto a quem se direciona a mudança social ou resistência à mudança


tem-se duas possibilidades:

 Todo o escopo da sociedade: Trata daqueles grupos que


pretendem alterar um aspecto da sociedade em geral, ou da
forma como a sociedade vê algum elemento. Também, quando
a sociedade está mudando, podemos ter grupos
conservadores que pretendem um retorno ao modelo anterior.

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 Indivíduos ou grupos específicos: São os movimentos
direcionados para um segmento da sociedade, por exemplo, as
pessoas que vivem no campo, ou os usuários do transporte
coletivo urbano.

Quanto à extensão da mudança social ou resistência à mudança, tem-se


mais duas possibilidades:

 Limitada: Quando se refere a um aspecto da nossa sociedade,


por exemplo uma lei, uma política pública, a forma como
tratamos um tipo de indivíduo, uma regra religiosa, etc.

 Radical: Quando se refere ao funcionamento de toda a


sociedade, por exemplo, mudanças de sistema de governo,
mudanças estruturais no estado, passagem de um império para
uma república, como ocorreu no Brasil.

A combinação desses quatro elementos, de extensão e direcionamento,


auxilia na compreensão dos diferentes tipos de movimentos, mas não limita seu
direcionamento. Os movimentos podem variar e alterar-se ao longo do tempo,
de modo que uma leitura adequada da relação entre os quatro elementos é uma
leitura em espectro que permite a variação de posicionamento dos movimentos
sociais.

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Tipificação dos Movimentos Sociais
Fonte: Elaborado pelo autor (2017) – adaptado de Abele (1966).

Os movimentos podem ser alocados em uma área do gráfico e deslocados


de acordo com suas mudanças de posicionamento, assim é possível uma
visualização dinâmica para comparar movimentos diferentes e analisar as
intenções e tipos de cada movimento social.

2.2.1 Causas defendidas

Os movimentos sociais variam também de acordo com as causas que


defendem, podendo variando seus focos em:

 Ambientalismo;

 Democratização;

 Questões relativas a propriedade e uso da terra;

 Reformas religiosas;

 Direitos humanos.

Podem existir mais de um movimento atuando por uma mesma causa,


não existe a necessidade de identificação entre os diferentes movimentos, sendo
que podem inclusive defender a mesma causa e ser posicionados de modo
diverso no gráfico apresentado na sessão anterior, dependendo do
direcionamento que pretendem utilizar.

2.3 Teorias sobre Movimentos Sociais

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Diversas teorias foram formuladas ao longo dos anos para explicar a
formação dos movimentos sociais. Entre elas destacamos:

 Teoria da Privação;

 Teoria da Sociedade de Massa;

 Teoria da Mobilização de Recursos;

 Teoria do Processo político.

Ao longo das décadas, diversos autores formularam teorias para explicar


os movimentos sociais. Algumas focam em aspectos dos indivíduos outras em
aspectos da sociedade. Atualmente, a multiplicidade das causas é mais
comumente aceita, ou seja, não há apenas uma teoria que explica os
movimentos sociais, mas algumas teorias explicam alguns movimentos, outras
explicam outros e para alguns precisamos de duas ou mais teorias.

2.3.1 Teoria da Privação

A Teoria da Privação baseia-se na ideia de que a privação de algum bem,


recurso, serviço ou conforto gera uma tendência nos indivíduos para que esses
organizem-se na busca de conquistar esse elemento dos quais sentem-se
privados.

As principais críticas a essa teoria são:

 Considerando que a maioria das pessoas se sente privada de


algo, questiona-se, por que algumas se organizam em
movimentos e outras não? A dificuldade de apresentar uma
resposta a esta questão coloca dúvidas quanto à validade da
teoria da privação;

 Em alguns casos a única evidência da privação é a própria


existência do movimento.

2.3.2 Teoria da Sociedade de Massa

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Segundo a Teoria da Sociedade de Massa, os indivíduos que se sentem
insignificantes, em termos de sua relevância ou participação na sociedade, ou
deslocados socialmente tendem a organizar-se em movimentos sociais,
angariando um senso de pertencimento e poder.

Segundo a Teoria da Sociedade de Massa, os indivíduos precisam de um


senso de pertencimento para sentirem-se significantes na sociedade. A busca
por esse senso de pertencimento levaria os indivíduos a fundarem ou
participarem de movimentos sociais.

Entre as críticas em relação a essa teoria encontramos a verificação


empírica de que muitos movimentos não se identificam com o deslocamento,
mas desenvolvem-se através de indivíduos muito bem colocados socialmente,
como empresários e proprietário de terras, por vezes significantes em seus
ambientes (os membros são bem posicionados socialmente e de grande
influência).

2.3.3 Teoria da Mobilização de Recursos

De acordo com a Teoria da Mobilização de Recursos, sempre há um


descontentamento suficiente em qualquer sociedade para que empreendedores
de movimentos sociais invistam recursos para capitalizar sobre esse
descontentamento. O objetivo dessa capitalização seria a satisfação de seus
próprios anseios em relação à sociedade.

Essa teoria explica alguns movimentos, mas o movimento dos direitos


civis nos Estados Unidos, evidencia a não necessidade de recursos para
efetividade de movimentos sociais.

2.3.4 Teoria do Processo Político

21
Similar à Teoria da Mobilização de Recursos, a Teoria do Processo
Político é mais focada nas oportunidades políticas ao invés de recursos
(capitaliza-se sobre oportunidades de influenciar a política).

As críticas que cabem à mobilização de recursos cabem também à Teoria


do Processo Político.

Críticos alegam que ao formular explicações baseadas nessa teoria não


é explorada a cultura de tais movimentos tanto na teoria do processo político
quanto na teoria da mobilização de recursos.

2.4 Movimentos Sociais e comunicação

Ao longo da história, os movimentos sociais que melhor utilizam


ferramentas de comunicação estiveram mais propensos a expandir e prosperar.
Com o avanço da literatura, os movimentos puderam avançar para além da
comunicação verbal, utilizando os folhetos, cartazes, correspondências e outros
meios escritos para transmitir ideias, convocações e alertas.

Com o avanço da tecnologia pode-se utilizar os telefones, serviços de e-


mail e outras formas mais avançadas de comunicação, que aceleraram e
disseminarão as ideias de movimentos sociais mais organizados.

Movimentos sociais modernos têm utilizado as redes sociais e internet em


geral para mobilizar e organizar atividades. Especialmente o Twitter, por sua
simplicidade e limitação de caracteres tem sido utilizado como uma espécie de
ferramenta panfletária moderna, atingindo rapidamente os indivíduos e
passando a mensagem sem interferir em suas rotinas.

Entre as mobilizações organizadas e divulgadas por redes sociais temos,


por exemplo: 2007 WikiLeaks, 2009 protestos de estudantes na Austria, 2009
Israel-Gaza, 2010 Venezuela, 2011 Egito, 2011 Grécia Aganaktismenoi, 2013 e
2016 Brasil, 2013 Turquia.

2.5 Choque moral e engajamento/adesão

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Um dos elementos que mais promove o engajamento em movimentos
sociais é o choque moral. Esse é um processo pelo qual uma situação cria o
senso de alarme na sociedade, fazendo com que os indivíduos não envolvidos
com o movimento social em questão e que em condições normais não se sentem
afetados pela causa defendida passem a perceber e se importar com a questão.

Trata-se do uso da compaixão e empatia para fazer com que as pessoas


vejam a causa como importante.

A comunicação é um dos elementos que mais garante a organização e


prosperidade dos movimentos sociais. Quando cominada com o choque moral é
uma poderosa ferramenta de angariação de adeptos (o choque moral depende
da comunicação para atingir os indivíduos que se pretende angariar).

A ideia de choque moral reforça o entendimento de que o sentimento de


compaixão e empatia tem grande papel no processo de formação dos
movimentos sociais, mas nenhuma das teorias pode explicar completamente
todos os tipos de movimentos sociais, concluindo-se que os movimentos sociais
têm múltiplas causas.

Resumo da aula 2

Nesta aula buscou-se a compreensão da multiplicidade dos movimentos


sociais, desde suas origens até as teorias que procuram explicar o motivo pelo
qual os indivíduos aderem a eles. Explorou-se também os processos-chave, os
quais criam as condições de possibilidade e os tipos de causas defendidas e a
classificação dos movimentos sociais.

Atividade de Aprendizagem
Considerando os diversos movimentos sociais em existência na
atualidade e com base em nossos estudos, discorra sobre a
origem e causas para os indivíduos aderirem a pelo menos três
desses movimentos sociais.

Aula 3 – Principais Movimentos Sociais no Brasil

Apresentação da aula 3

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Nesta aula serão focados os principais movimentos sociais existentes no
Brasil, suas origens e causas defendidas por tais movimentos. Serão
evidenciadas as suas evoluções ao longo das décadas e como se manifestam
no cenário atual, indicando os principais movimentos sociais ligados ao campo
e a relação dos indivíduos que vivem no campo com movimentos sociais em
geral.

3. Principais Movimentos Sociais no Brasil

Ao explorarmos as origens dos movimentos sociais no Brasil precisamos


lembrar que os movimentos sociais são diversos e muitas vezes não catalogados
como tais. Assim, exploraremos alguns exemplos sem a pretensão de uma
catalogação exaustiva dos movimentos sociais, mas com a visão de
compreender o funcionamento e reconhecimento desses grupos.

3.1 Tipos

É importante compreender os tipos de Movimentos Sociais, uma vez que


em muitos casos no passado podemos não os ter reconhecido, devido a sua
diversidade e variedade. Quanto aos tipos de movimentos sociais mais comuns
no Brasil, evidenciam-se os seguintes:

 Movimentos Populares (mais ou menos organizados):


Incluem a organização formal ou informal de indivíduos em um
objetivo comum, sem a presença de uma organização
específica que não faça parte do movimento, ou seja, o
movimento organiza a si mesmo. É a categoria mais ampla na
qual se incluem a maior parte dos movimentos sociais;

 Movimentos Sindicais: São aqueles organizados em torno


das causas defendidas por sindicatos. Os Movimentos
Sindicais se organizam em torno de causas específicas que
afetam um grupo de trabalhadores ou um tipo de profissão.
Fazendo-se importante o entendimento de que os Movimentos
Sindicais diferem de sindicatos. Desse modo, tem-se uma

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organização externa aos movimentos que direciona suas
atividades, em maior ou menor medida;

 Organizações não Governamentais (ONGs): As ONGs são


voltadas para causas específicas, sem fins lucrativos. São o
tipo mais formal de movimento, uma vez que possuem
registros, organização específica e podem receber recursos do
Estado caso suas atividades sejam identificadas como
condizentes com as Políticas Públicas a serem aplicadas.

3.2 Movimentos do Campo

Movimentos Sociais do Campo, são movimentos sociais, os quais


possuem todas as suas características identificadoras, agrupando indivíduos
que vivem no campo, como os trabalhadores rurais, proprietário de terras,
mineiros, entre outros, em uma sensação/identificação coletiva, em nome de
causas comuns.

Nesse caso, aspectos como urbanização e industrialização tem efeito


secundário na formação das condições de possibilidade desses movimentos,
uma vez que a distância e o trabalho manual são parte da realidade dos
indivíduos do campo. Não obstante, a tecnologia permite uma organização tão
eficiente quanto a dos grupos das regiões urbanas.

3.2.1 Bandeiras comuns

Entre as bandeiras mais comuns encontramos reforma agrária, seja em


defesa ou contra a mesma, melhores condições de trabalho para indivíduos de
atividades específicas, criação ou manutenção da previdência para
trabalhadores do campo e a antimecanização, bandeira cada vez menos comum
entre os indivíduos do campo, devido aos efeitos da educação e
profissionalização, que permitem aos indivíduos adaptar-se e usufruir do
resultado da mecanização.

3.2.2 Constituição

25
Os movimentos do campo mais conhecidos no Brasil constituíram-se a
partir de duas siglas principais:

 Ligas Camponesas, que existiram entre 1940 à 1960.

 Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), criado


na década de 1980 e ainda existente.

Os Movimentos Sociais se tornaram protagonistas de diversas bandeiras


e causas aos longo do Século XX. A partir da década de 1980 intensificaram-se
as atuações dos movimentos sociais no Brasil.

Os movimentos mais conhecidos no campo brasileiro iniciaram-se a partir


de duas frentes principais, as Ligas Camponesas e o MST. Entre o fim das Ligas
Camponesas e o início do MST (na década de 1980), marcando assim o
desenvolvimento da maior parte dos Movimentos Sociais no Brasil.

A partir da constituição do MST o desenvolveu-se também um movimento


social baseado na reação dos proprietários de terra, especialmente em relação
à atuação do MST, identificando-o como antidemocrático e antirrepublicano, por
infringir direitos estabelecidos na constituição em alguns de suas ações.

A União Democrática Ruralista (UDR), fundada em 1985, é o principal


movimento de proprietários de terras. Baseada no direito à propriedade e
respeito às leis, bem como a manutenção da ordem, constitui-se de
aproximadamente dez mil membros e atua particularmente na pressão por
políticas públicas no Distrito Federal e nas localidades em que residem seus
membros.

3.3 Estatuto da Terra

Criado em 1964, o Estatuto da Terra deixa seus objetivos claros no seu


primeiro artigo:

Art. 1° Esta Lei regula os direitos e obrigações concernentes aos bens


imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e
promoção da Política Agrícola. (BRASIL, 1964).

26
Trata particularmente da instituição de um direito positivo, o direito de
acesso à terra, e da regulamentação do uso das terras dos campos brasileiros,
institucionalizando o conceito de reforma agrária, passando de uma bandeira de
movimento revolucionário para uma questão de política pública.

Vocabulario
Direito positivo: é o direito instituído legalmente, por força da
lei, dependente da atuação ou coação de outros para ser
efetivado, em oposição aos direitos naturais, aqueles que todos
os indivíduos possuem desde seu nascimento e que não
dependem de outros para serem usufruídos, o direito à
liberdade, a propriedade (especialmente do corpo) e a vida.

É visto como uma agressão ao direito de propriedade e inicia a disputa


entre MST e movimentos de proprietários de terras, como UDR, especialmente
os proprietários de áreas menores, que se sentem mais prejudicados pela ideia
de reforma agrária.

3.4 Relevância

O MST é um dos movimentos mais relevantes em termos numéricos e de


influência na zona rural e política. Quando falamos em políticas públicas e
educação no campo é impossível não levá-lo em consideração.

Presente em 24 estados, o movimento estima que cerca de 350 mil


famílias conquistaram módulos rurais ou pequenas áreas por meio de sua
atuação.

Vocabulario
Módulo Rural: Unidade de terra suficiente para o sustento de
uma família e nada além disto. Varia de acordo com a
localização, tipo de solo e tamanho da família. Conforme
Brasil (1964).

27
3.5 Objetivo do MST

Entre os principais objetivos que o MST estipula para si mesmo, vale


reforçar o seguinte:

 Lutar pela terra;

 Lutar pela Reforma Agrária;

 Lutar por uma sociedade mais justa e fraterna.

Uma questão normalmente levantada com relação aos objetivos do MST


é que o conceito de justiça, dar a alguém aquilo que lhe é de direito é
incompatível com o objetivo de luta pela terra e reforma agrária. A única solução
para esse empasse é considerar que o MST entende que a posse da terra é um
direito.

Podemos perceber que os três objetivos incluem a palavra “luta”, o que


está em conformidade com o posicionamento inicial do Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra, que iniciou como um movimento revolucionário, ou
seja, pretendendo criar uma mudança radical em toda a sociedade com relação
à distribuição da posse e uso da terra.

Portanto, um movimento distributivista coletivista, acreditando que o


estado deveria confiscar as terras de seus proprietários e distribuir
igualitariamente entre todos os indivíduos. Críticas a esse pensamento vão
desde outros modelos distributivistas até movimentos liberais, que defendem a
liberdade e propriedade, bem como a não coação do Estado.

Entre as principais críticas conceituais vemos o fato de que o MST conflita


com o estado, mas espera que esse realize o seu objetivo, e quando isso não
acontece, em muitos casos há conflito violento.

Percebendo alguns desses elementos, o movimento tem alterado a


interpretação dos seus objetivos para uma visão de “luta social”, algo mais
reformista do que revolucionário.

28
3.6 Direitos Humanos

Entre as outras causas defendidas, que identificam tipos de movimentos


existentes no Brasil, há o Movimento Nacional dos Direitos Humanos, um
movimento organizado com mais de 400 entidades filiadas.

Fundado em 1982, objetiva a promoção dos direitos humanos, possui


unidades em todos os estados brasileiros e segmentos regionais em muitos
municípios.

Apresenta-se particularmente interessado na questão da violência,


especialmente a violência institucional contra aqueles indivíduos que identificam-
se como mais vulneráveis, como os que estão sob a tutela do estado ou residindo
em área econômica e socialmente vulneráveis.

Entre os movimentos de grande influência no Brasil encontramos o


Movimento Nacional dos Direitos Humanos e o Movimento Ambientalista. Tais
movimentos influenciam tanto habitantes das zonas rurais, quanto das zonas
urbanas. Fazendo-se relevante entender que os indivíduos que residem no
campo podem atuar e ser influenciados por todos os movimentos, pois não estão
isolados da política e da sociedade.

3.7 Movimento Ambientalista

O Ambientalismo é um dos movimentos mais amplos da nossa sociedade,


com adeptos no campo e na cidade, além de simpatizantes em todos os
segmentos da sociedade. Inclui empresas, pessoas, ONGs, partidos políticos e
mesmo entidades governamentais.

Sua história data desde o Século XVII, embora existam registros de


preocupações com os impactos da atividade humana desde os tempos mais
remotos da nossa história. Organiza-se com mais força no Século XX e adentra
o Século XXI como um dos mais amplos e influentes movimentos, comportando
posições variadas e discussões de cunho científico, econômico e social.

Em termos de críticas, o movimento é geralmente acusado de exagerar


em seu posicionamento contra a indústria, especialmente no caso do

29
aquecimento global, cujos resultados investigativos são geralmente utilizados
por antecipação, com interpretações que extrapolam os próprios resultados.

A despeito de todos esses movimentos sociais que existem nos campos


brasileiros, devemos ser cuidadosos com o pensamento de que os indivíduos
que vivem no campo apenas se envolvem com movimentos estritos do campo.
Tais indivíduos não estão isolados da vida na cidade e da política em sentido
amplo, podendo atuar e ser influenciados por todos os movimentos hoje
existentes.

Resumo da aula 3

Nesta aula evidenciaram-se os principais movimentos sociais existentes


no Brasil, suas questão, causas e bandeiras, bem como as disputas em torno
dessas bandeiras. Entendemos também como surgiram e influenciam a
sociedade e como os indivíduos que vivem no campo se envolvem com esses
movimentos.

Atividade de Aprendizagem
Considerando os diferentes tipos de movimentos sociais
existentes no campo e a possibilidade de encontrarmos durante
o processo de educação estudantes envolvidos com os
diferentes movimentos, escreva um texto de dez a quinze linhas
explicando como é possível conciliar a convivência, gerando
diálogo e não conflito.

Aula 4 – Movimentos Sociais, Educação e Cidadania

Apresentação da aula 4

Nesta aula, exploraremos como os movimentos sociais presentes e


surgidos no Brasil evoluíram suas teorias para incorporar e estimular a Educação
e Cidadania como ferramentas de propagação e intervenção político-social. Tais
movimentos, alteraram suas posições de revolucionárias para reformistas,

30
entendendo que embora ainda discordem ou estejam descontentes com
aspectos da sociedade, em grande medida estamos melhor hoje do que
estivemos no passado, e esse progresso não pode ser ignorado, sob risco de
prejudicar as próprias pessoas, as quais se organizam em movimentos sociais.

4. Movimentos Sociais, Educação e Cidadania

As formas de organizar-se politicamente, em especial os movimentos


sociais, não são estáticas e nem devem ser, sob risco de tornarem-se obsoletas
e perderem o apelo para que as pessoas se unam a tais movimentos.

Ao se tornarem estáticos, Movimentos Sociais, e qualquer outra forma de


organização política, tendem a desaparecer. Isso porque a sociedade é dinâmica
e muitas mudanças ocorreram a partir do surgimento de movimentos,
especialmente os mais antigos. Para manter-se em atividades os movimentos
precisam adaptar-se e o processo de revolução democrática adaptou os
movimentos sociais ao escopo atual da sociedade.

Dessa forma, faz-se necessária a compreensão de como esses


movimentos evoluem na atualidade, especialmente com relação à Educação e
Cidadania.

4.1 Ideia de revolução democrática

Em termos de cidadania, descreve-se a atuação dos movimentos sociais


como uma revolução democrática. A democracia é entendida como o governo
da maioria, uma situação na qual a maior parte dos indivíduos decide o que é
melhor para a sociedade e assim, direta ou indiretamente, toma as decisões.

Não obstante, há um aspecto desse processo que é por vezes ignorado e


que os movimentos sociais exploram em sua atuação. A possibilidade de
manifestação da minoria.

Diferente de países que, embora utilizem o termo “democrático” em seus


nomes, são ditaduras, no Brasil a democracia é sustentada por uma forte base
constitucional, que garante o direito à liberdade e os diversos valores a ele
associados, como a liberdade de expressão.

31
O conceito de revolução democrática é uma espécie de evolução das
ideias anteriores, abandonando a adesão a uma revolução em sociedade que
poderia pôr fim a outros elementos que valorizamos, mas aderindo à ideia de
que as mudanças relevantes têm de partir do povo, seja das minorias ou
maiorias.

A manifestação de todos é uma das principais característica da


democracia expressas pelos movimentos sociais. Dessa forma, os movimentos
sociais, em sua atuação, pretendem oferecer a oportunidade de manifestação
de grupos específicos de acordo com as causas de cada movimento, para que
possa haver uma maior participação na democracia. Portanto, ao invés de uma
tentativa de imposição de suas causas à sociedade, os movimentos sociais
passaram por uma revolta democrática, que compreende o papel de todas as
posições e dissidências em relação às suas próprias questões.

Os Movimentos Sociais procuram ampliar a capacidade dos indivíduos de


se fazer representar no ambiente político. De fato, os indivíduos conseguem em
muitas situações exercer o poder diretamente sobre o governo, como no caso
das manifestações políticas contra ou a favor de aprovação de leis específicas.

4.2 Causas e Políticas Públicas

Atualmente, as causas dos movimentos sociais tem se alterado para


aproximar-se de ideias que podem ser implementadas como políticas públicas.
Assim, ao invés de “luta pela terra”, tem-se a ideia de “acesso à terra”. Também
há uma manifestação no sentido de exigir ações afirmativas do governo para os
problemas levantados, ao invés da exigência de que mudanças radicais sejam
realizadas. Entre as causas estão ainda as melhorias de políticas públicas, ou
seja, a melhoria da forma como se desenvolve a agenda política no que diz
respeito às questões do campo, procurando atender às reais necessidades dos
indivíduos, cumprindo o papel do estado como representante e administrador.

Com essa mudança, ao invés de uma radical transformação na


sociedade, que correria o risco de abrir mão dos progressos que obtivemos, os
movimentos sociais do campo têm trabalhado na busca de um projeto para os
indivíduos do campo, que contemple as suas necessidades, as políticas públicas

32
já tentadas, seus sucessos e insucessos e um direcionamento para políticas
futuras.

4.3 Educação no Campo

Nesse processo de transformação, a educação tem papel fundamental.


Porém, parece haver uma desvantagem entre os indivíduos que vivem no campo
e os que vivem nas áreas urbanas, devido a fatores geográficos e o baixo
investimentos.

Assim, uma conceitualização de educação no campo se tornou


necessária, para podermos compreender as necessidades e desafios desses
indivíduos em relação ao processo de educação.

Segundo CNE/MEC (2002), educação no campo é:

[...] uma concepção político pedagógica, voltada para dinamizar a


ligação dos seres humanos com a produção das condições de
existência social, na relação com a terra e o meio ambiente.
(CNE/MEC, 2002).

Um dos termos-chave desse ponto é a concepção “político pedagógica”.


Primeira pedagógica por tratar-se de educação, essa concepção de educação
para o campo precisa de ajustes, devido às necessidades e condições dos
indivíduos que ali residem e trabalham. Com objetivo de atender os indivíduos
que vivem no campo e superar a desvantagem educacional a qual entende-se
que estão sujeitos, formulou-se conceito de Educação no Campo, a qual possui
uma abordagem político pedagógica.

Toda educação precisa ser adaptada à comunidade local, para atender


os anseios dessa comunidade, e no caso da educação no campo não poderia
ser diferente.

O termo “político” entra na concepção, pois trata de forma direta da


necessidade de políticas públicas específicas, as quais deverão atender as
demandas dos indivíduos do campo, em suas formas de organização e
convivência.

Para formular uma educação no campo eficaz e viável é preciso


compreender como esses indivíduos se relacionam com a terra, como é sua

33
forma de interagir socialmente e como se envolvem com as questões ambientais,
já que existem políticas públicas nesse âmbito também.

Quanto aos indivíduos, os quais essa educação pretenda atender tem-se:

[...] incorporando os povos e o espaço da floresta, da pecuária, das


minas, da agricultura, os pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos,
quilombolas, indígenas e extrativistas. (CNE/MEC, 2002).

Na Educação no Campo, adapta-se o modelo educacional para a


comunidade local de modo a atender os anseios dos indivíduos membros
daquela comunidade, bem como suas necessidades específicas. Nesse
contexto enfatiza-se que a Educação no Campo necessita de políticas públicas
específicas.

Assim, todos os diferentes tipos de indivíduos do campo são


contemplados por essa legislação. Naturalmente, cada comunidade tem suas
particularidades e o desenvolvimento do modelo educacional terá de levar em
consideração essas particularidades, especialmente nas escolas itinerantes e
afastadas dos grandes centros.

4.3.1 Desvantagem na Educação

Os indivíduos no campo sofrem de uma desvantagem educacional. Essa


desvantagem trata da sua dificuldade de acesso à educação formal,
especialmente a Educação Básica, essa desvantagem é identificada como
injustiça por diversos movimentos sociais. Entende-se que essa população
encontra-se em desvantagem em termos de acesso à Educação Básica, devido
às condições geográficas e o baixo investimento nessas regiões. Trata-se
particularmente do baixo investimento nas escolas do campo estatais, que ao
longo do tempo foram fechadas por ser consideradas inviáveis. Ainda, para que
esses indivíduos possam deslocar-se até escolas afastadas precisam ficar longe
de suas residências e locais de trabalho, de modo que muitas vezes é impossível
participar das aulas.

4.3.2 Movimentos Sociais e Educação

34
Muitos movimentos sociais voltaram-se para a educação, percebendo que
essa desvantagem estava no cerne do que eles percebiam como injustiça.

De fato, se considerarmos que a educação é estabelecida na constituição


como um direito dos cidadãos e uma obrigação do Estado, esse estaria em falta
com os indivíduos do campo ao não lhes fornecer a devida educação. Não sendo
um direito natural no entanto, entende-se que só seria possível com a devida
organização, não é um direito que foi tomado ou coagido, mas a ausência de
satisfação de uma promessa legal.

A compreensão da educação como ferramenta de melhora da vida das


populações do campo e a desvantagem educacional como um problema permitiu
que os movimentos sociais evoluíssem para uma valorização da educação tanto
quanto suas outras bandeiras, tendo assim as pautas alinhadas com as políticas
públicas.

Com o desenvolvimento da sociedade, do próprio campo e dos métodos


de educação, surge um novo movimento social, um movimento focado
exclusivamente na educação no campo, sem outras pautas associadas. A
educação no campo como movimento pretende oferecer ferramentas de atuação
política e social. Essa compreensão levou os movimentos sociais a mudar seu
foco de atuação para a promoção da educação, compreendendo que ao eliminar
esta desvantagem poderiam promover o desenvolvimento dos indivíduos e
mesmo de suas pautas políticas e sociais.

4.4 Limites da Educação no Campo

A despeito dos melhores esforços que possam ser empreendidos, a


educação no campo, assim como a educação nas áreas urbanas, não soluciona
os problemas ou promove a inclusão dos indivíduos. Apenas a atuação dos
próprios indivíduos o faz.

É preciso que os indivíduos passem pelo processo de educação com a


compreensão de que mesmo se organizando em movimentos coletivos e
recebendo apoio de políticas públicas, apenas o trabalho e atuação de cada

35
indivíduo pode mudar as condições de vida daquele indivíduo e em última
instância da sociedade como um todo.

O objetivo dos movimentos sociais e da educação no campo não é o


crescimento desses mesmos, mas dos indivíduos aos quais eles atendem.

4.5 Movimento Social da Educação no Campo

Não apenas os movimentos sociais já existentes começaram a se voltar


para a educação, mas a própria educação no campo passou a gerar um
movimento social.

Como movimento social, a educação no campo pretende dar aos


indivíduos e a suas comunidades as ferramentas para que possam atuar na
política e sociedade sem as desvantagens geradas pela falta de educação.

Atualmente, com a experiência do trabalho coletivo e combate ao


analfabetismo, mesmo movimentos antigos como o MST passaram a adotar a
educação como prioridade. Os movimentos sociais do campo identificam a
educação como tão prioritária quanto suas outras bandeiras, como a reforma
agrária. Isso gerou a movimentação própria em relação à Educação no Campo.
Não se trata, portanto, de defender a educação para que se possa atender outras
metas, mas de defender a educação para dar ao indivíduo o potencial para atingir
suas próprias metas, sejam elas quais forem.

4.6 De revolucionários à reformistas

Os movimentos tradicionalmente conhecidos como revolucionários


passaram por uma remodelação, tornando-se mais reformistas e atuando em
prol da educação, alterando sua teoria de base e relacionando-se com os
avanços da sociedade, em termos de direitos civis e a percepção dos indivíduos
em relação a forma como interagem e suas possibilidades em sociedade.
Percebe-se os benefícios da sociedade atual, mesmo existindo um
descontentamento em relação a alguns aspectos.

36
A evolução dos movimentos de educação no campo também contribuiu
para esse processo, na medida em que mostra os resultados que a educação
pode trazer ao mesmo tempo em que oferece uma bandeira que efetivamente
pode ser defendida na esfera pública e gerar resultados.

A mudança na postura desses movimentos levou a alterações nas


políticas públicas, gerando a destinação de mais recursos para as escolas do
campo e criação de novas escolas.

4.7 Educação específica

Quando pensamos na educação no campo, a primeira imagem que nos


vem à mente é a de indivíduos que trabalham em fazendo, na agricultura e
agropecuária, aqueles pequenos proprietários de terras cujos filhos auxiliam no
trabalho ao mesmo tempo que estudam, entre outros.

Mas inclui-se também na Educação do Campo a Educação de


Quilombolas e Indígenas, as quais vivem em comunidades afastadas, mas
coesas. Com uma cultura própria, uma forte conexão com a terra e por vezes
com o meio ambiente. Independente de onde ocorra o processo de educação, a
escola deve pensar as particularidades de cada indivíduo e de cada comunidade.
No campo, no entanto, essas particularidades aparecem de modo mais evidente
e devem ser direcionadas por um modelo de educação preocupado com esses
aspectos.

Para quilombolas e indígenas a educação foca nos aspectos culturais,


práticas socioculturais, acesso aos serviços de saúde e continuação da
educação para o ensino superior.

Seja no campo ou na cidade, a escola deve pensar no indivíduo em suas


particularidades e adaptar-se às comunidades as quais está inserida,
proporcionando o melhor desenvolvimento possível para aqueles indivíduos.
Nesse contexto os movimentos de educação no campo baseiam-se nessa visão
para influenciar a agendar política a fornecer mais recursos para o processo de
educação dos indivíduos que vivem no campo.

37
Resumo da aula 4

Nesta aula explorou-se a forma como os movimentos sociais do campo


brasileiro têm evoluído para colocar a educação como uma de suas bandeiras
principais. Evidenciando também o conceito de educação no campo, suas
dificuldades e relação com o desenvolvimento desses indivíduos que ali residem
enquanto cidadãos, abordando o movimentos social pela educação no campo, o
qual começa a se formar através dos indivíduos preocupados com essa questão
(sejam eles parte ou não de outros movimentos).

Atividade de Aprendizagem
Com base nos estudos desta disciplina e considerando as
particularidades de cada comunidade, como os movimentos
sociais podem atuar para amenizar a desvantagem que existe
no acesso à Educação Básica e por quê? Discorra sobre as
suas particularidades e desvantagens.

Resumo da disciplina

Nesta disciplina exploraram-se todos os aspectos dos movimentos sociais


e das formas como os indivíduos se organizam. A influência da educação e do
processo de formação da cidadania também foi destacada para trazendo a
compreensão do motivo pelo qual os indivíduos se organizam em movimentos
sociais.

Nesse processo, compreende-se que os movimentos sociais são


relevantes para levantar questões e nos fazer perceber os pontos de tensão da
sociedade atual. Possibilitando ouvir a todos de maneira democrática,

38
oportunizando que as dissidências se manifestaram e apresentarem suas
razões.

Foram evidenciadas também que as características identificadoras de


movimentos sociais estão presentes em todos os movimentos do campo, desde
a identificação coletiva até a mobilização por causas ao longo do tempo, das
quais, a característica que distingue os movimentos do campo dos movimentos
sociais em geral são os agrupamentos dos indivíduos que vivem no campo. Os
Movimentos Sociais do campo levantam causas e bandeiras específicas, entre
essas encontramos as questões referentes à reforma agrária, posse das terras
e uso da força de trabalho enfatizando a causa da reforma agrária comporta
posições favoráveis e contrários.

Finalizando, explorou-se a ideia de educação no campo e os movimentos


sociais, os quais se formam em torno dessa, bem como dos desafios próprios
desse modelo de educação em termos acesso e desenvolvimento de políticas
públicas.

Referências

ABERLE, David. The Peyote Religion among the Navaho. Chicago: Aldine,
1966.

BRASIL. LEI Nº 4.504, Estatuto da Terra, de 30 de Novembro de 1964.


Presidência da República, 1964.

CNE/MEC. RESOLUÇÃO CNE/CP 2, de 19 de Fevereiro de 2002. Conselho


Nacional de Educação, 2002.

James, Paul; van Seeters, Paul. Globalization and Politics, Vol. 2: Global
Social Movements and Global Civil Society. London: Sage Publications, 2014.

KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas, 1962.

39
McCARTHY, John; ZALD, Mayer N. Resource Mobilization and Social
Movements: A Partial Theory. The American Journal of Sociology, 1977.

TILLY, C. Social Movements, 1768–2004. 2004.

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