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Podemos considerar o tema, de certa forma, como assunto fundamental da

psicologia Social, é um assunto que tem seus estudos datados desde o final do século 19
pela então denominada Psicologia das massas ou das multidões. A pergunta central
desses estudos era o que levaria ou o que seria capaz e mobilizar um contingente
humano, o que levaria uma multidão a seguir um líder, ainda que para isso essas pessoas
colocassem em risco suas vidas?! Para responder essa pergunta pesquisadores deram
início a vários estudos, centralizados pincipalmente nos Estados unidos da América e
financiado pela indústria, atras de venda e expansão e as forças armadas para que
pudessem entender como esses grupos funcionavam. Dentre vários estudiosos destacou-
se o professor alemão refugiado do nazismo Kurt Lewin que desenvolveu por exemplo a
teoria dos grupos.

A subjetividade humana aparece do contato entre os homens e dos homens com


a natureza, isto é, esse mundo interno que possuímos e suas expressões são construídas
nas relações sociais. Assim, a Psicologia social como área de conhecimento passa a
estudar o psiquismo humano, objeto da Psicologia, buscando compreender como se dá a
construção desse mundo interno a partir das relações sociais vividas pelo homem. O
mundo objetivo passa a ser visto não como fator de influência para o desenvolvimento
da subjetividade, mas como fator constitutivo. A subjetividade do ser humano é um
tema complexo e fascinante, que se relaciona intimamente com a forma como nos
inserimos em grupos sociais, enfrentamos as dinâmicas de massas e multidões e
expressamos nossas atitudes. Nossa subjetividade, entendida como a construção
individual de nossa identidade, influencia e é influenciada por esses aspectos sociais,
desempenhando um papel crucial em nossas interações coletivas.

Ao falarmos de massas e multidões, estamos nos referindo a fenômenos


sociológicos que envolvem a união de indivíduos em torno de um objetivo comum.
Essas aglomerações podem assumir diferentes formas, como manifestações políticas,
eventos esportivos ou até mesmo tumultos. Nas massas e multidões, a subjetividade
individual muitas vezes se dilui em favor de uma identidade coletiva, uma sensação de
pertencimento e identificação com os demais membros do grupo.

Nesse contexto, as atitudes individuais ganham um novo significado. Enquanto a


subjetividade nos permite moldar nossas crenças, valores e comportamentos de acordo
com nossa percepção individual do mundo, as massas e multidões podem influenciar e
modificar essas atitudes. Quando estamos inseridos em um grupo, somos suscetíveis à
influência social, podendo adotar comportamentos e posições que não teríamos de
forma isolada. Esse fenômeno é conhecido como contágio emocional, no qual as
emoções e atitudes de um indivíduo são compartilhadas e amplificadas pelo grupo.

No entanto, é importante ressaltar que nem sempre as atitudes individuais se


dissolvem por completo nas massas e multidões. A subjetividade de cada pessoa
continua a exercer sua influência, mesmo que de maneira sutil. Indivíduos podem adotar
comportamentos de conformidade, seguindo as normas e expectativas do grupo, mas
também podem se destacar e expressar atitudes e opiniões divergentes. A forma como
cada indivíduo lida com a dinâmica de grupo é um reflexo de sua subjetividade, que
pode ser moldada por fatores como valores pessoais, experiências de vida e influências
culturais.
Os grupos sociais, por sua vez, são estruturas que se formam a partir da
interação de indivíduos que compartilham interesses, valores e objetivos semelhantes.
Esses grupos podem variar desde pequenas comunidades locais até grandes
organizações internacionais. A subjetividade individual desempenha um papel crucial
na formação e manutenção desses grupos, uma vez que é a partir da identificação com
determinadas ideias e princípios que os indivíduos se agrupam.

Ao mesmo tempo, os grupos sociais também exercem influência sobre a


subjetividade dos indivíduos. As normas, valores e expectativas do grupo podem moldar
as atitudes e comportamentos de seus membros, gerando uma dinâmica de influência
mútua entre a subjetividade individual e a identidade coletiva, no entanto, é importante
destacar que os grupos sociais também podem proporcionar um ambiente de apoio e
aceitação, onde a subjetividade individual é valorizada e incentivada. Em grupos que
promovem a liberdade de expressão e o respeito à diversidade, os indivíduos têm espaço para
manifestar suas opiniões e atitudes de forma autêntica. Esses grupos podem ser fontes de
fortalecimento da subjetividade e empoderamento dos indivíduos.

Além disso, os grupos sociais desempenham um papel fundamental na


construção da identidade individual. A partir da interação com outros membros do
grupo, os indivíduos desenvolvem uma compreensão mais profunda de si mesmos,
moldando suas atitudes e comportamentos de acordo com a dinâmica social
estabelecida. Por exemplo, em grupos profissionais, os indivíduos podem adotar uma
postura mais profissional e assertiva para se adequarem às expectativas do grupo e
obterem sucesso em suas carreiras.

Em síntese, a subjetividade do ser humano é um fator fundamental para


entendermos a relação entre massas, multidões, atitudes e grupos sociais. A forma como
cada indivíduo constrói sua identidade e percebe o mundo influencia tanto sua
participação em aglomerações coletivas quanto sua interação com os grupos sociais aos
quais pertence. Ao mesmo tempo, esses contextos sociais também têm o poder de
influenciar e moldar as atitudes individuais, criando uma relação de interdependência
entre subjetividade e coletividade. Compreender essas inter-relações nos permite refletir
sobre como a nossa individualidade se relaciona com a dinâmica social e como
podemos desenvolver uma consciência crítica diante das influências que nos cercam.

Portanto, compreender a inter-relação entre subjetividade, massas e multidões,


atitudes e grupos sociais nos permite refletir sobre as complexas dinâmicas sociais e
como elas influenciam a construção da identidade individual. É fundamental que cada
indivíduo desenvolva uma consciência crítica de suas próprias subjetividades, buscando
equilibrar a participação nos grupos sociais com a preservação de sua autenticidade e
valores pessoais. Somente assim será possível construir sociedades mais justas,
inclusivas e respeitosas com a diversidade humana.

Bibliografia:

* LANE, S. e SAWAIA, B. (Orgs.) Novas veredas em psicologia


social. São Paulo: Brasiliense, 1995.
* LANE, S. T. M e CODO, W. (orgs). Psicologia social: o homem em
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* McDAVID, J. W. e HARARI, H. Psicologia e comportamento social.


Rio de Janeiro: Interciência, 1980

* FURTADO, O.; BOCK, A.M. e TEIXEIRA, M.L. Psicologias : uma


introdução ao estudo da psicologia. São Paulo, Saraiva, 2002.

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