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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO DE JANEIRO

TRABALHO DE CONCLUSÃO NO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM


PRÁTICAS DE LETRAMENTO

ALEXANDRA PEREIRA DE ALMEIDA

PRÁTICAS DE LETRAMENTO FREIRIANO NA EJA:


POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO DE LEITURA E ESCRITA NA
ALFABETIZAÇÃO DE ALUNOS DE CLASSES POPULARES

São João de Meriti, RJ


2019
São João de Meriti, RJ
2019
ALEXANDRA PEREIRA DE ALMEIDA

PRÁTICAS DE LETRAMENTO FREIRIANO NA EJA:


POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO DE LEITURA E ESCRITA NA
ALFABETIZAÇÃO DE ALUNOS DE CLASSES POPULARES

Pré-Projeto de Pesquisa apresentado ao colegiado da


Pós-Graduação Lato Sensu em Práticas de Letramento
do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Rio de Janeiro, como requisito à elaboração do
trabalho de conclusão de curso na presente Instituição
de ensino para obtenção de título de especialista.

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São João de Meriti, RJ
2019

SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO.................................................................................................................04

2 - OBJETIVO GERAL.........................................................................................................05
2.1 Objetivos específicos.........................................................................................................05

3 - REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................05

4 - METODOLOGIA.............................................................................................................07

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................08

6 - CRONOGRAMA DE ATIVIDADES..............................................................................09

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1 INTRODUÇÃO

Durante muito tempo, a Educação do Campo tem sido colocada em segundo plano, ou
até mesmo em plano nenhum, pelas entidades governamentais e que as escolas do campo, na sua
maioria, são tratadas como escolas urbanas, tendo em vista os olhares para o campo com um sentido
de inferioridade quando comparadas aos espaços urbanos. E por meio da Resolução CNE/CEB n.1,
de 3 de abril de 2002, em seu artigo 2º, parágrafo único, surge a definição da identidade dessas
escolas: A identidade da escola do campo é definida pela sua vinculação às questões inerentes a sua
realidade, ancorando-se na temporalidade e saberes próprios dos estudantes, na memória coletiva
que sinaliza futuros, na rede de ciência e tecnologia disponível na sociedade e nos movimentos
sociais em defesa de projetos que associem as soluções exigidas por essas questões à qualidade
social da vida coletiva no país.
Já passaram mais de vinte anos do primeiro ENERA – Encontro Nacional das Educadoras e
Educadores da Reforma Agrária onde os participantes concluíram que era necessária uma
articulação entre os trabalhos em desenvolvimento, bem como uma multiplicação, devido a grande
demanda dos movimentos sociais por educação no meio rural e a situação deficitária de oferta
educacional no campo, e que piora por falta de políticas públicas específicas no PNE.
Em 2004, foi dado um passo importante em direção a Educação do Campo, foi criada a
SECAD, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade e, nela, a Coordenação
Geral da Educação do Campo. Este fato fez com que incluísse a Educação do Campo em uma
Estrutura Federal com responsabilidade pelo atendimento as demandas do campo a partir do
reconhecimento de suas necessidades e singularidades.
Em 2011, O município de Japeri, através da SEMEC – Secretaria Municipal de Educação,
implanta o projeto ESCOLA ATIVA com a promessa de que as Escolas do Campo de Japeri
receberiam investimentos e reformas nas estruturas, bem como a capacitação dos docentes e
profissionais da educação que trabalhassem dessas escolas.
Diante deste cenário, faz-se necessário a seguinte questão:As Escolas do Campo no
município de Japeri estão desenvolvendo práticas pedagógicas condizentes com o público do
Campo? Os profissionais destas Escolas estão capacitados para atuarem nesse modelo de
educação? A infraestrutura destas Escolas do Campo Possibilita o desenvolvimento das
práticas pedagógicas necessárias para uma Educação do Campo?
A busca para respostas a esses questionamentos foi o que motivou a inscrição da pesquisa

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no Programa de Mestrado em Educação Agrícola, focando o estudo na área de Gestão no Ensino
Agrícola, que constitui em um espaço para investigar o funcionamento das escolas do campo no
município de Japeri, bem como as práticas docentes nelas realizadas.
O estudo permitirá compreender as desigualdades sofridas pelos camponeses ao longo da
história, tanto no âmbito social, econômico e educacional e acenar para que o Governo Municipal
de Japeri possa implementar políticas públicas voltadas para o fortalecimento do homem do campo.

2 OBJETIVO GERAL

Compreender o funcionamento das escolas do campo no município de Japeri, bem


como, a formação docente, material didático e infraestrutura de funcionamento.

2.1 Objetivos específicos


 Analisar a organização política e social das escolas do campo em Japeri.
 Investigar a formação dos docentes que atuam nas escolas do campo em Japeri.
 Comparar o material didático utilizado pelas escolas do campo com o material
didático utilizado pelas escolas urbanas do município de Japeri.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

A Educação tem histórias. A Educação do Campo tem uma história, e é essa história que nos
faz pensar e refletir sobre o que somos hoje e o que nos tornamos, por isso, se faz necessário
sabermos como chegamos até aqui e fazermos uma projeção no que podemos nos tornar, de acordo
com Caldart:
A Educação do Campo nasceu como mobilização/pressão de movimentos
sociais por uma política educacional para comunidades camponesas; nasceu
da combinação da luta dos Sem Terra pela implantação de escolas públicas
nas áreas de Reforma Agrária com as lutas de resistência de inúmeras
organizações e comunidades camponesas para não perder as suas escolas,
suas experiências de educação, suas comunidades, seu território, sua
identidade. (Caldart, 2012).

Para Caldart, “escola é mais do que escola”, e ele conta:

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Eu nunca me esqueço de uma frase linda do educador, alfabetizador, um
camponês sem terra, de um assentamento enorme no Rio Grande do Sul
aonde eu fui: um dia pela força de nosso trabalho e de nossa luta, coramos
os arames farpados do latifúndio e entramos nele. Mas quando nele
chegamos, descobrimos que existiam outros arames farpados, como o arame
da nossa ignorância, e então ali eu percebi melhor ainda naquele dia, que
quanto mais ignorante, quanto mais inocentes diante do mundo, tanto
melhor para os donos do mundo, e quanto mais sabido, no sentido de
conhecer, tanto mais medrosos ficarão os donos do mundo. (Caldart, 2000)

Conhecer implica um movimento recíproco entre os educadores, educandos e demais


sujeitos envolvidos com o ato de educar-se. Implica também em ir além das demandas da escola
tradicional e conservadora. Pois o conhecimento emancipador não pode ser baseado apena em mera
exposição de conteúdos, lições e exercícios de fixação.
ARROYO e FERNANDES faz uma reflexão sobre as políticas educacionais em âmbito
nacional bem como o termo “educação do campo” e diz:
Há no campo um expressivo movimento pedagógico, com experiências
escolares inovadoras coladas às raízes populares, às matrizes culturais do
povo do campo. A educação escolar ultrapassa a fase “rural”, da educação
escolar “no” campo e passa a ser “do” campo. Está vinculada a um projeto
democrático popular de Brasil e de Campo. Realiza-se uma relação visceral
entre as mudanças na educação e os ideais dos Movimento \Social. Vai – se,
portanto, além da “escolinha de letras” (ler, escrever e contar) para se
trabalhar participativa e criativamente um projeto de Brasil, um projeto de
Campo, resgatando e valorizando os valores culturais típicos do povo do
Campo.
Há uma mobilização local, regional e nacional procurando garantir uma
“educação básica do campo”, portanto, com novos conteúdos, novos
processos pedagógicos, novo enfoque na tarefa dos professores, das
professoras, das famílias, da comunidade e dos próprios educandos.
(ARROYO; FENANDE, 1999, P.6)

Com o nascimento das escolas do campo, surgiu também uma nova forma de fazer
pedagógico, onde vários ajustes tiveram de ser feito para atender de forma qualitativa esse público
do campo. A LDB 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em seu artigo 28, diz:
Na oferta de uma educação básica para a educação rural, os sistemas de
ensino promoverão as adaptações necessárias a sua adequação as
peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I – Conteúdos
curriculares e metodologias apropriadas as reais necessidades e interesses
dos alunos da zona rural; II – Organização escolar própria, incluindo
adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e as condições
climáticas; III – adequação a natureza do trabalho na zona rural. ( Brasil,
1996, art.28).

Surgiu não só a organização curricular e estrutural, houve, ou melhor, há a necessidade de

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profissionais capacitados para desenvolver as atividades desse modelo de educação. Assim relata
Mônica Molina, especialista em Educação do Campo da Universidade de Brasília - UnB, em
entrevista à revista Nova Escola
Além da infraestrutura, do acesso e da formação, há outros pilares que
precisam ser priorizados. Ela defende que o ensino rural englobe não apenas
saberes universalmente padronizados, mas contemple o conhecimento local,
dos meios de produção das comunidades das quais as escolas estão
inseridas.

Mônica Molina vai além,

“A forma de organização curricular destas graduações (LEC –


Licenciaturas em Educação do Campo ) deve intencionalizar atividades e
processos que garantam e exijam sistematicamente a relação prática – teoria
– prática vivenciada no próprio ambiente social e cultural de origem dos
estudantes. (Molina, Sá, 2011, p.363)

Por fim, Miguel Arroyo, brilhantemente define a voz do campo ao dizer “Nós temos que
fazer tudo para que a criança, o jovem e adolescente e o adulto do campo tenham o acesso ao
conhecimento. Isto tem que ficar muito claro. Mas não podemos dizer-lhes que apenas com
habilidades mínimo de leitura e contas é suficiente”.

4 METODOLOGIA

Para a elaboração deste trabalho, serão utilizados pesquisas bibliográficas no âmbito político,
econômico, social e acima de tudo cultural e educacional, explorando a relevância do conteúdo cuja
análise considera conceitos, pragmáticas e o ambiente socioeconômico, tais como suas
conseqüências, procurando exemplificar e ilustrar com materiais extraídos de livros, revistas de
natureza em questão bem como pesquisas de campo.
Pretende-se ainda, desenvolver “estudo exploratório que tem por objetivo aumentar a
compreensão de um fenômeno ainda pouco conhecido, ou de um problema de pesquisa ainda não
perfeitamente delineado”(APPOLINÁRIO, 2004, p. 87). A pesquisa será desenvolvida nas Escolas
do Campo do Município de Japeri – RJ.
Será utilizado o também o método comparativo que, segundo Schneider e Schmitt (s.d., p.1),
neste método “é lançando mão de um tipo de raciocínio comparativo que podemos descobrir
regularidades, perceber deslocamentos e transformações, construir modelos e tipologias,
identificando continuidades e descontinuidades, semelhanças e diferenças, e explicitando as
determinações mais gerais que regem os fenômenos sociais”.

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Logo, o método comparativo irá permitir analisar a forma com que a educação do campo se
desenvolve no município de japeri. O levantamento dos dados será realizado utilizando-se os
seguintes instrumentos: pesquisa de campo na busca de informações sobre a infaestrutura das
Escolas do Campo, também será utilizado dados sobre a formação continuada de professores das
escolas; entrevistas semi-estruturadas para docentes e discentes; entrevistas estruturadas com o
gestor e coordenador de ensino/pedagógico e pela observação participante em sala de aula.
Enfim, Trata-se de uma contribuição com o intuito de não enveredar por caminho teóricos
divergentes. Pauta – se em autores consagrados cujos pensamentos apóiam a mesma linha teórica. A
pesquisa visa explicar e informar, sendo assim, usara cunho descritivo,mas também constituirá no
levantamento de informações a respeito da Educação do Campo no Município de Japeri, mediante
isso, será usado também um estudo qualitativo das informações.

REFERÊNCIAS

ARROYO, Miguel Gonzales e FERNANDES, Bernardo Mançano. A EDUCAÇÃO BÁSICA E O


MOVIMENTO SOCIAL DO CAMPO – Por uma Educação Básica do Campo. Brasília – DF,
Coleção Por uma Educação Básica do Campo, nº 2, 1999.
BRASIL, SEB/MEC, BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR – BNCC. 2016.
CALDART, Roseli Salete. PEDAGOGIA DO MOVIMENTO SEM TERRA: Escola é mais do
que escola. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
FREIRE, Paulo. PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: SABERES NECESSÁRIOS À PRÁTICA
EDUCATIVA / Paulo Freire. São Paulo: Paz e Terra, 56ª ed. 2018.
________. PEDAGOGIA DO OPRIMIDO – 57 ed. rev. Atual. - Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2014.
________. A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER: EM TRÊS ARTIGOS QUE SE
COMPLETAM. 51. Ed. 1ª reimpressão São Paulo: Cortez, 2011.
SOARES, Magda. ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO – 7 ed. - São Paulo: Contexto, 2017.
________. LETRAMENTO UM TEMA DE TRÊS GÊNEROS / Magda Soares. - 3 ed. - Belo
Horizonte, MG: Autêntica editora 2009.

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CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES

ETAPAS 2019 2020


OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN

Levantamento Bibliográfico do tema. X X X X


Revisão, atualização e Adequação do projeto X X

Análise dos dados da pesquisa X X

Redação da versão preliminar do TCC X X

Redação da versão final do TCC X X

Defesa do TCC X

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