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Editorial
Algumas palavras…
2023 foi um ano intenso: entre outubro e novembro, realizamos 4 encon-
tros em cada núcleo (Dom Pedrito, Piratini e Santana do Livramento).
Foram abordados diversos temas: negação da huma-
nidade, cuidado e autocuidado com gente que
educa gente, questão agrária e os desaos
da Educação do Campo e os povos invisibili-
z a d o s . . . e p a r a o t e m p o e s c o-
la/comunidade, já estamos trabalhando
na Cartograa Socioeducacional, como
forma de conhecer e apreender as
possibilidades educativas do território
da comunidade na qual a escola está
inserida.
Aprendemos que já estamos
fazendo muitas coisas legais nas
escolas e que ninguém pode fazer
melhor do que nós. Mas, aprende-
mos também que podemos fazer
melhor ainda.
Então, esse é o desao do
Curso de Aperfeiçoamento
Escola da Terra: Educação do
Campo em Movimento: ajudar-
mos uns aos outros, para juntos,
nos movimentar para fazer
melhor ainda.
Agora chegou a hora de
um respiro, de uma pausa
para aprender melhor. Para
retomarmos em 2024 com
mais energia e mais vontade
de avançar na Educação do
Campo: Direito Nosso, Dever
do Estado, Compromisso da
Comunidade.
Professor
José Guilherme Franco Gonzaga
Boas Festas. Feliz Natal!
Boletim informativo nº2 - DEZEMBRO/2023 PÁGINA 2
Processo histórico da
negação da humanidade
Estimadas cursistas, o Programa Escola da Terra:
Educação em Movimento tem nos oportunizado
ricos momentos de diálogo e reexão, que apesar
de fundamentais a nossa prática enquanto educa-
doras e educadores também nos trazem alguns
desconfortos. É dolorido reconhecer que nosso
processo de constituição enquanto sociedade está
marcado pela negação de nossas humanidades,
mais ainda, que muitas vezes já internalizamos e
naturalizamos sistemas de hierarquia em que
reproduzimos tais padrões de desigualdades em
que algumas pessoas seriam mais humanas do que
outras e, ao fazer isso, acabamos contribuindo para saberes e modos de vida preservados e presentes em
que nossos estudantes reforcem identidades seu processo formativo; que rearrmam suas
negativas de si. identidades e que realizam todos os dias o ensina-
Essa não é uma prática consciente ou tampouco mento simples e revolucionário da Educação do
intencional, o processo de colonização que enfrenta- Campo: reconhecer os povos do campo, das águas e
mos criou mecanismos que nos (des)educaram a das orestas como humanos.
legitimá-lo, de forma que resistir a sua reprodução O nal do ano, letivo e calendário, marca um
nos coloca muitos desaos, o primeiro deles que é o processo de renovação de ciclos, um momento
próprio reconhecimento desta conjuntura, algo que fundamental de descanso e reexão, aproveitemos!
procuramos provocar em nossos diálogos desta
espiral 1. Mas não paramos por aí, em nossas con- Um forte e fraterno abraço a todas e a todos!
versas conseguimos identicar belas iniciativas
realizadas cotidianamente pelas educadoras e
educadores, no “chão da escola” e na própria relação
Professor
com as comunidades, que procuram romper com
Jonas Anderson Simões das Neves
essa dinâmica, que se enraízam e valorizam seus
territórios; que se preocupam e cuidam do seus
estudantes; que zelam para que tenham sua cultura,
Boletim informativo nº2 - DEZEMBRO/2023 PÁGINA 3
A Cartograa Socioeducacional
do lugar onde vivemos
São muitos os caminhos, são muitos os lugares
... o sentimento de pertença é um longo caminho
que pode ser adquirido de várias formas. Para
adquirir o pertencimento ao lugar onde vivemos
ou trabalhamos é uma tarefa cotidiana. É como
abrir um livro e fazer uma leitura social, ambien-
tal, cultural, histórica, econômica e política do
lugar.
Iniciamos nessa Espiral a produção de uma
cartograa socioeducacional. Um instrumento de
luta pelo uso do território frente às moderniza-
ções caracterizadas por apropriações territoriais e
expulsões de povos e comunidades tradicionais e
muito mais...
Desejamos que durante todo o nosso curso Quais foram suas descobertas?
possamos cartografar o espaço como forma de
representação e leitura de mundo, dando mais Como esse pertencer vem constituindo
evidência e visibilidade para as comunidades e suas práticas?
suas territorialidades. Um mapa multidisciplinar
que propõe entre outras coisas produzir conteúdo Que novas concepções de território foram
de acordo com a realidade de nossos estudantes. possíveis desvendar?
Uma coleção de lugares com suas peculiaridades
e especicidades. Um fazer-fazendo junto a Que em 2024 continuem traçando seus
grupos em que o sujeito do conhecimento pode se mapas, buscando novas fronteiras e formas
tornar sujeito da ação. É nessa cartograa crítica de ver e ser no mundo!
que apostamos na diversidade, na criatividade,
fundamentada na vida coletiva procurando
compreender a desigualdade socioespacial, a
escassez, a precariedade e os constrangimentos à
vida, às ações e aos projetos populares, mas Professora
também, dialogicamente, no mesmo movimento, Carla Valeria Leonini Crivellaro
suas permanências e possibilidades de atualiza-
ção e aprendizados, de outros modos de existên-
cia coletiva e de usos do território.
Boletim informativo nº2 - DEZEMBRO/2023 PÁGINA 5
Cuidado e autocuidado de
gente que educa gente
Prezadas pessoas educadoras, Quais são os conhecimentos que você adquiriu
Hoje venho abraçar vocês e agradecer por em seu tempo de vida que hoje podem ser prati-
termos concluído de modo exitoso nossos encon- cados, fortalecidos e retomados?!
tros, da primeira espiral, na qual realizamos Outro imperativo da dimensão cuidado passa
reexões e discussões sobre o cuidado e o por reetir sobre quais são os grupos sociais
autocuidado de gente que educa gente. A tarefa alijados dos direitos básicos e a relação existente
de pensar o cuidado envolve complexidade, não com o cuidado de si. Quando observamos os
sendo possível realizá-la de modo isolado, tão processos sociais e políticos de produção da
pouco sem pensar nas condições de vida e de pobreza, somos levadas a constatar que grupos
trabalho, nas relações familiares e comunitárias que diferem da classe dominante, de raça e de
que constituem as redes de conança e solidarie- gênero são desumanizados … esses são os coleti-
dade, nas condições socioeconômicas, culturais e vos submetidos à pobreza. Disso indagamos:
ambientais. Como esta tarefa “envolve muitas Como esses processos de produção de pobreza
mãos”, é imprescindível que anemos nosso “desconstroem” nossos entendimentos de que se
discernimento do que é tarefa nossa e/ou nos cuidar é obrigatório e necessário para todos os
envolve, do que é tarefa do outro e que nos cabe seres?! Bom, por hoje… algumas provocações
reinvidicar. Das tarefas que nos cabem cam os para que possamos juntas caminharmos na
questionamentos: Como você vive e o que tem direção a dar luz a novas formas de viver, com
feito por ti (autocuidado) para estar melhor no novos desenhos de vida que sejam possibilidades
mundo?! Este é um caminho que envolve obser- mais desejáveis para todas e todos. Despeço-me
vação de si, constância e carinhos cotidianos. com a estrofe de Drummond: “O presente é tão
grande, não nos afastemos. Não nos afastemos
muito, vamos de mãos dadas”. Que 2024 venha
cheia de busca de fortalecimento e autoconexão.
Sintam-se abraçadas!!!
Professora
Annie Mehes Maldonado Brito
Boletim informativo nº2 - DEZEMBRO/2023 PÁGINA 7
Terra e educação:
direitos do povo brasileiro
um mundo se desfazendo e sem apontar futuros.
Compreendemos que a educação e a questão
agrária andam juntas.
O debate que realizamos, integrando educação
e questão agrária, não se esgota no dia da forma-
ção, ao contrário, agora que estamos avançando
na compreensão de inúmeras questões temos dois
desaos. O primeiro é o do estudo individual e
coletivo: como podemos dar prosseguimento aos
Caríssimas professoras e professores, chegamos
debates que estamos acessando? Gostaríamos de
ao m da nossa primeira espiral do curso Escola da
ter algum livro de apoio? Grupos de estudo? As
Terra. Dentre os variados temas que abordamos
propostas podem ser variadas, mas o importante é
vimos a “Questão Agrária e Educação”, que buscou
continuar. O segundo desao está em como
entrelaçar dois temas tão fundamentais para um
incorporar esse debate no fazer escolar. É possível
país como o Brasil cujo povo sempre batalhou para
pensarmos projetos transversais que discutam a
que a terra e a educação sejam um direito para
questão agrária em nossas áreas do conhecimen-
todas e todos. Abordamos - através da perspectiva
to? Podemos ampliar nossa ação junto da comuni-
histórica – a formação do que chamamos do “cam-
dade para estender o debate que estamos fazendo
po” ou “área rural” brasileira desde antes da
no curso? O que podemos propor para ir alterando
colonização até a atualidade. Percebemos que os
a realidade na qual estamos inseridos/inseridas?
impactos da colonização e sua forma de organizar
Todos esses são desaos que demandam
o território ainda são sentidas hoje quando olha-
diálogo e construção coletiva e acreditamos que a
mos para nossas comunidades e escolas e vemos
formação é fundamental para que possamos atuar
em nosso mundo. Estamos convocadas/os a reetir
sobre estas questões.
Professor
Anderson Barreto Moreira
Boletim informativo nº2 - DEZEMBRO/2023 PÁGINA 8
Povos invisibilizados:
A história da educação
nesse lugar chamado Brasil
Salve! dade. Bem como fui apresentando o historia em uma
Bem, minha missão nessa espiral foi dialogar com perspectiva negra provocando-as a descontruir
as professoras e professores a respeito das questões estereótipos negativos que foram historicamente
raciais fazendo links com a educação ( formal e não atrelados a corpos negros. Nessa fase do curso nos
formal) Sendo assim, convidei as (os ) cursistas a dedicamos a conhecer, reetir e fazer uma análise
percorrer o tempo histórico começando pelo período crítica a respeito da história desse lugar chamado
que antecede a invasão e colonização e percorrendo Brasil. Reconhecer que existe uma questão racial
pelo período colonial, imperial até a atualidade. explícita enraizada na sociedade e que nós educado-
Apresentando fatos e acontecimentos que foram ras e educadores temos um papel importante, urgen-
marcantes do ponto de vista histórico e determinan- te e muito necessário nesse processo de luta antirra-
tes tanto para construção do atual modelo de educa- cista. Mas para isso precisamos trabalhar a educação
cional e de social atual, quanto para manutenção da das relações étnico raciais.
população negra nos estratos mais baixos da socie-
Professora
Juliana Soares
Professora
Adriana Ferreira
EXPEDIENTE
Secretaria
Municipal de
Educação e
Desporto
de Piratini