Você está na página 1de 11

Programa Especial de Formação Pedagógica R2

Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE

SOFIA SOLEDAD ZEBALLOS

Reflexões sobre a diversidade étnico racial e


cultural nas escolas brasileiras

São Paulo
2019
Programa Especial de Formação Pedagógica R2
Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE

SOFIA SOLEDAD ZEBALLOS

Reflexões sobre a diversidade étnico racial e


cultural nas escolas brasileiras

Trabalho final apresentado à disciplina


Pedagogia como exigência parcial para a
obtenção do curso de Programa Especial
de Formação Pedagógica R2 – Turma 096,
sob a orientação do Professor Alcides
Góes.

Pólo: PAULISTA

São Paulo
2019
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................03

2. ANTROPOLOGIA DA CRIANÇA............................................................................03

3. BRASIL: PLURALIDADE CULTURAL....................................................................04

4. A ESCOLA COMO UM ESPAÇO ETNOGRÁFICO.................................................05

5. MULTICULTURALISMO E AÇÃO PEDAGÓGICA..................................................07


6. CONCLUSÃO.........................................................................................................08
7. REFERÊNCIAS......................................................................................................10
3

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo, a partir da leitura de artigos, livros e revistas
abordar reflexões e críticas a respeito do espeço escolar como um contexto
etnográfico, a pluralidade cultural do brasil, multiculturalismo e a ação pedagógica do
educador, a fim de que o nosso trabalho, é de formar seres humanos históricos que
competem a encarar as diferenças que o meio social exige. O Brasil é um país com o
maior índice de miscigenação, ou seja, a sociedade brasileira constitui-se de diversos
grupos étnicos-raciais, que é caracterizada como uma das mais ricas do mundo. “O
Brasil se destaca como uma das maiores sociedades multirraciais do mundo e abriga
um contingente significativo de descendente de africanos dispersos na diáspora”
(GOMES, 2011, p. 110). A instituição escolar, incumbe a transformação de indivíduos,
é geradora de cultura, através de metodologias e práticas pedagógicas.

Na escola ocorre uma fusão de diversidades, sejam elas, sociais, étnicas,


culturais e raciais, assim sendo, a escola se constitui como um espaço de debate e
reflexão a respeito de como se abordam questões e implicações sociais e culturais no
currículo pedagógico, a fim de contribuir com objetivos de fortalecer e afirmar as ações
humanas (PEREIRA, CORDEIRO, 2014). Valorizar nossas raízes, nossas culturas,
implica em fomentar a mesma e transformá-la em uma via social, um acesso, de
gerações, em que a cultura está disponível para todos; é preciso que se trabalhe a
diversidade cultural, sendo o Brasil, um país tão rico em termos de diversidade
cultural, desde os primeiros anos na escola, do ensino fundamental, as crianças
devem conhecer a cultura social, na qual vivem, e na qual vivem os outros, gerando e
possibilitando ações de enriquecimento e valorização para a formação sócio histórica
(do indivíduo que estaremos a formar.

2. ANTROPOLOGIA DA CRIANÇA

Fazer antropologia é tentar entender um fenômeno em seu


contexto social e cultural. É tentar entende-lo em seus
próprios termos. Desde cedo, os antropólogos têm insistido
na necessidade de abordar as culturas e as sociedades
como sistemas, o que significa dizer que qualquer evento,
fenômeno ou categoria simbólica e social a ser estudado
deve ser compreendido por seu valor no interior do sistema,
no contexto simbólico e social em que é gerado (COHN,
2005, p. 9)
4

Cohn (2005) explica a antropologia como um ramo do conhecimento que se


firma no final do século XIX e no começo do século XX, como uma ciência social, que
se responsabiliza pelo estudo de outras culturas e sociedades. Ao longo do século,
antropólogos passam a ter interesse pelo estudo da própria sociedade; a antropologia
da criança é aquela que analisa o significado de ser criança em outras culturas e
sociedade, sendo assim:

não podemos falar de crianças de um povo indígena sem entender


como esse povo pensa o que é ser criança e sem entender o lugar que
elas ocupam naquela sociedade – e o mesmo vale para as crianças nas
escolas de uma metrópole. E aí está a grande contribuição que a
antropologia pode dar aos estudos das crianças: a de fornecer um
modelo analítico que permite entende-las por si mesmas [...] (COHN,
2005, p. 9).

A partir da etnografia, um estudioso pode observar atentamente o que as


crianças têm a dizer sobre o mundo; e como a criança formula um sentido do mundo
que permeia, a diferença entre adultos é qualitativa, pois a criança não é que sabe
menos, ela sabe outra coisa, de acordo com Cohn (2005). A criança também é
produtora de cultura, assim como sujeito constituinte de uma sociedade.

A escola, portanto, também deve ser abordada em uma pesquisa


antropológica tendo a criança como um ator social importante e
relevante. Afinal, e pelo que vimos até agora as crianças não apenas
se submetem ao ensino, mesmo em suas faces mais disciplinadoras e
normatizadoras, como criam constantemente sentidos e atuam sobre o
que vivenciam (COHN, 2005, p. 41).

Segundo a autora (2005), uma análise antropológica da criança pode ter um


valor propositivo ao elucidar facetas da relação das práticas educativas, bem como as
políticas públicas, auxiliando em sua compreensão de falhas.

3. BRASIL: PLURALIDADE CULTURAL

Em 1980, a partir da redemocratização da sociedade, os negros brasileiros


passaram a atuar de forma ativa pelos movimentos sociais novos, principalmente
aqueles cujo caráter de identidade, a fim de trazer outro conjunto de problematização
e formas de atuação e reinvindicação política. O Movimento Negro, questiona a
“exclusividade do enfoque sobre a classe social presente nas denúncias da luta dos
movimentos sociais da época” (GOMES, 2011, p. 111). Gomes (2011) explica que a
trajetória deste movimento se desenvolve em várias mudanças vividas pela sociedade
5

brasileira e se dá de forma articulada com transformações de ordem internacional,


construção das lutas contra hegemônicas e o acirramento da globalização.

O Brasil é uma das maiores sociedades multirraciais do mundo, e se destaca


por isso, abrigando um contingente bastante significativo de descendentes, neste
contexto histórico, sociopolítico e cultural, brasileiros constroem sua identidade, e
entre elas, a identidade negra, cuja construção é pessoal, social e elaborada de forma
individual e socialmente de forma diversificada, segundo Gomes (2011). É uma
necessidade fundamental, manter viva essas manifestações culturais negras, a fim de
valorizar a sua identidade étnica, a cultura negra é uma cultura formada pela
contribuição de vários grupos, brancos, mestiços, negros e índios (SANTOS, 2012).
As mesmas igualdades e oportunidades devem ser concedidas a todos,
independentemente do grupo social ou etnia, a fim de que de elimine todas as formas
de desigualdades raciais e corrobore para o resgate da contribuição da cultura negra,
afro brasileira e africana, para a sociedade brasileira. (SANTOS, 2008)

De acordo com Santos (2008), para haver a construção de um país


democrático, é fundamental que todos tenham sua identidade valorizada e seus
direitos garantidos, a começar pela escola.

4. A ESCOLA COMO UM ESPAÇO ETNOGRÁFICO

A escola tem o importante papel de transformação da humanidade e


precisa desenvolver seu trabalho de forma democrática,
comprometendo-se com o ser humano em sua totalidade e respeitando-
o em suas diferenças (SANTOS, 2008, p. 30)

Ensinar História e Cultura Afro-Brasileiras e africanas é uma questão curricular


de caráter obrigatório, e não apenas uma questão de vontade ou interesse particular,
pois envolve as diferentes comunidades, escolar, social, familiar (SANTOS, 2012).
Etnia, significa a identidade definida pelo compartilhamento de uma língua, cultura,
tradições e territórios de um grupo social; etnia também pode ser conceituada como
um sentimento de pertencimento, a qual o indivíduo compartilhe destas
características, “a construção de uma etnia é puramente social e baseia-se nas
disposições do grupo e em suas experiências através de sua história”. (OLIVEIRA,
2015). A partir da Lei nº 10.639/03, há no ensino a obrigatoriedade de ensinar a
história e a cultura afro-brasileiras e africanas em escolas públicas e privadas de
ensino fundamental e médio. A partir do momento em que a diversidade étnico-racial
6

e o direito à educação, se coloca no campo da equidade, debates sobre a dimensão


ética da aplicação de tais políticas surgem, questionados pelo Movimento Negro, que
indaga a complementação das políticas públicas de caráter universal; a urgência da
necessidade de políticas de ações afirmativas e programas voltados para a efetivação
da justiça social, que possibilitam a superação efetiva das desigualdades étnico-
raciais, de gênero, educacionais, de saúde, moradia e emprego aos coletivos que
historicamente foram marcados pela discriminação e exclusão (GOMES, 2011)

O desencadeamento desse processo não significa o seu completo


enraizamento na prática das escolas da educação básica, na educação
superior e nos processos de formação inicial e continuada de
professores (as). A lei e as diretrizes entram em confronto com as
práticas e com o imaginário racial presentes na estrutura e no
funcionamento da educação brasileira, tais como o mito da democracia
racial, o racismo ambíguo, a ideologia do branqueamento e a
naturalização das desigualdades raciais (GOMES, 2011, p.116).

Para Pereira e Cordeiro (2014) é necessário que se conheça e se aproprie por


meio da compreensão as matrizes históricas afro-brasileiras e africanas, que
corroboram com a diversidade racial da sociedade brasileira em seus aspectos
econômicos, sociais e culturais. A escola, como espaço social de fusão de
diversidades sociais, culturais, étnicas e raciais, constitui-se de um espaço de reflexão
e debate a respeito das abordagens de implicações culturais e sociais em seu
currículo escolar, a fim de possuir o objetivo de fortalecimento de ações humanas de
afirmação do ser. (PEREIRA, CORDEIRO, 2014), sendo assim, para os autores, a
reflexão acerca da diversidade no currículo escolar e seus debates, possibilitam a
ressignificação da identidade, autoimagem e autoestima, prestígio social e histórico
dos estudantes de diversas culturas e etnias, cabe a escola contribuir para a
realização desta tarefa, através de seu currículo.

A escola é um espaço de: interações sociais; formação de grupos, de trocas e


experiências, manifestação pura das diferenças, um espaço de diversidade social,
racial, étnica e de encontros de diversas culturas; aprendizagens mútuas e formação
de seres sociais, históricos e culturais, portanto, encaminhamentos, no sentido de
tornar a instituição escolar um espaço democrático e investigar como o currículo
aborda tal questão, devem ser traçados juntamente com estudantes e docentes, ao
7

expandir discussão e reflexão acerca da diversidade do Brasil (PEREIRA,


CORDEIRO, 2014).

5. MULTICULTURALISMO E AÇÃO PEDAGÓGICA

Através da escola, é que existe a promoção de metodologias e didáticas para


que se possa auxiliar na compreensão a respeito das diversidade cultural, o educador
deve promover estratégias e recursos didáticos que ofereçam a compreensão da
construção de determinados conhecimento, a fim de promover respeito pelo próximo
e pelas diversidades; o assunto a respeito de multiculturas e de uma sociedade
miscigenada, como a brasileira, produz significação e contribui avidamente para a
construção de identidades (SILVA; TOLEDO, 2018). Trabalhar a proposta de
diversidade, oportunizando a inclusão a todos os alunos não é uma tarefa fácil, já que
se não resume na garantia do direito do acesso, é fundamental que se garanta
condições de permanência e sucesso na escola (SANTOS, 2008).

Para Silva e Brandim (2008), a pluralidade cultural no âmbito escolar, implica


no pensar de formas de reconhecimento, valorização e incorporação às identidades
políticas e plurais em práticas curriculares, além da reflexão sobre discriminações que
silenciam diversas identidades, manifestações e culturas: “As próprias organizações
internacionais de defesa dos direitos humanos firmam o compromisso de promover
uma educação para a cidadania baseada no respeito à diversidade cultural, visando
a superação das discriminação e do preconceito”. As organizações internacionais
como ONU, UNESCO, UNICEF e o Banco Mundial mobilizam os países que são
membros para discutir sobre a educação, tolerância e respeito para com a diversidade
cultural. A escola deve se encarregar de trabalhar a promoção e inclusão, a fim de
promover cidadãos para o mundo, visando eliminar qualquer tipo de injustiça e
discriminação, tendo um olhar para com os educandos, todos, dotados de
capacidades, valorizando como pessoas, que são marcos de uma história triste na
educação e sociedade brasileira, pela discriminação, preconceito e racismo
(SANTOS, 2008).

O papel de uma instituição escolar, não é apenas a garantia dos conteúdos


oficiais; além da obrigação de formar e informar estudantes que sejam críticos,
agentes que se constituem de um processo histórico, desmistificando, inclusive o fato
8

de que o nosso país seja ‘’democracia racial’’, sendo este um mito, responsável pela
forma dissimulada como o racismo e preconceito, é disseminado até os dias atuais
(PEREIRA, CORDEIRO, 2014).

Para Santos (2008), o desafio da escola é possibilitar o acesso à educação e


garantir sucesso no processo de ensino e aprendizagem, fornecendo condições para
que transformem suas vidas e possibilitar então, maior inserção na comunidade, a fim
de que possam atuar como cidadãos, agentes de transformação; o sistema, os
professores, a escola precisam reconhecer estes alunos e suas memórias históricas,
reafirmando sua identidade étnica e valorizar suas línguas e ciências; bem como
povos indígenas, que devem ser respeitados e considerados como portadores de
tradições culturais específicas, a fim de que haja um diálogo tolerante e verdadeiro. A
autora (2008) salienta a importância de reconhecer as diferenças, valorizar as
especificidades e potencialidades de cada um, a fim de reconhecer a importância do
ser humano, e lutar contra estereótipos e atitudes preconceituosas e de discriminação.

Cabe a escola, em parceria com a comunidade escolar, promover ações e


práticas pedagógicas que possam servir como ferramentas para o ensino sobre a
diversidade cultural nas escolas; meios de contação de histórias indígenas,
interdisciplinaridade de matérias como história, geografia e música, podem fornecer
ao profissional da educação milhões de opções para se trabalhar a cultura e a
diversidade étnico-racial.

6. CONCLUSÃO

Através da revisão bibliográfica, foi possível chegar à conclusão de que é


fundamental incluir nos processos de ensino e aprendizagem, nas políticas
educacionais da escola, bem como em seu currículo e planejamento, a abordagem
sobre questões que englobam o multiculturalismo, a diversidade étnico racial na
educação, visando contribuir para uma sociedade a ser formada sem preconceitos,
pautada na inclusão e bem estar do meio social; promovendo assim, práticas
educativas contra qualquer tipo de preconceito, seja étnico, social, racial, relógios ou
cultural, apesar de não ser uma tarefa muito fácil, o educador precisa recorrer a meios
pedagógicos para que o ensino da cultura seja valorizado.
9

Os profissionais da área da educação, são pilares e forças que cedem


exemplos para o respeito a determinados valores culturais, respeitando a diversidade,
é fundamental conviver com as diferenças e as diversidades, pois o papel do educador
é de formar seres humanos históricos que competem a encarar as diferenças que o
meio social exige. É em conjunto com a sociedade, e com os pais, que a escola poderá
e conseguirá desenvolver um belo trabalho de aprofundamento sobre a diversidade
cultural do Brasil, trabalhando a temática com todos as faixas etárias, desde crianças
do primeiro ano do ensino fundamental, até jovens e adultos nos ensinos posteriores,
utilizar a contação de histórias para ensinar diversas culturas do país a fora, até
mesmo no ensino de matérias correlacionadas à geografia, música, história e
português; cabe aos profissionais da educação valorizarem a própria cultura, e o
enriquecimento cultural que este país nos proporciona, a fim de fomentar este espaço
cultural e transformá-lo em uma via social, um acesso, de gerações, em que a cultura
esteja disponível para todos, gerando e possibilitando ações de enriquecimento e
valorização para a formação sócio histórica do indivíduo que estaremos a formar.
10

7. REFERÊNCIAS.
BRASIL. Lei nº 10.639/03. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para assuntos
jurídicos. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm >.
Acesso em: 13 de junho de 19.

COHN, Clarice. Antropologia da criança. Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2005.

GOMES, Nilma Lino. Diversidade étnico-racial, inclusão e equidade na educação


brasileira: desafios, políticas e práticas. RBPAE, v. 27, n.1, p.109-121, jan/abril 2011.

OLIVEIRA, Lucas. Etnia. Brasil Escola. Disponível em: <


https://brasilescola.uool.com.br/sociologia/etnia.htm >. Acesso em: 17 de junho de 19.

PEREIRA, Gilmar Ribeiro; CORDEIRO, Maria José de Jesus Alves. A diversidade das
relações étnico-raciais e o currículo escolar: algumas reflexões. Interfaces da Educação,
v.5, n.14, p.7-22, Paranaíba, 2014

SANTOS, Ivone Aparecida dos. Diversidade na educação: uma prática a ser construída
na educação básica. Conélio Procópio, Paraná, 2008. Disponível em: <
www.diadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2346-6.pdf >. Acesso em: 15 de junho de
19.

SANTOS, Leidiane Oliveira. A história e a cultura afro brasileira e a lei 10639/03. Portal da
Educação. Disponível em: <
htps://www.portaleducacao.com.br/conteúdo/artigos/educação/a-historia-e-cultura-afro-
brasileira-e-a-lei-10639-03/12150 >. Acesso em: 18 de junho de 19.

SILVA, Bianca Gomes da; TOLEDO, Carla Renata de. A Contação de histórias como
caminho para ensinar a cultura étnico racial nas séries iniciais. Faculdade Flamingo,
2018.

SILVA, Maria José Albuquerque da; BRANDIM, Maria Rejane Lima. Multiculturalismo e
educação: em defesa da diversidade cultural. Diversa. Ano I, 2008.

Você também pode gostar