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EDUCACIONAL
INTRODUÇÃO
1
Mestrando do Programa de Pós-graduação Mestrado Profissional em Ensino de História
PROFHISTÓRIA/UNIFAP, Professor da Rede Pública estadual de ensino. E-mail: alan.sales79@gmail.com
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Doutor em Ciências Sócio-ambientais, Mestre em Planejamento do Desenvolvimento, Professor
Adjunto da Universidade Federal do Amapá, Professor Permanente do Programa de Mestrado
Profissional em Ensino de História (PROFHISTÓRIA/UNIFAP), Professor Permanente do Programa de
Mestrado em História da Universidade Federal do Amapá (PPGH/UNIFAP). E-mail:
historiadiniz@gmail.com
complexo patrimônio de saberes, que mesmo tendo sofrido com processos de
esvaziamento de sentidos, de apagamento e silenciamento, guardam relevância
indiscutível na formação da identidade sóciocultural desses povos.
O principal motivo da escolha deste tema foi construir uma visão abrangente do
multiculturalismo no currículo da escola e seu funcionamento, bem como um novo
aprendizado baseado no respeito mútuo e na valorização das diversas matizes culturais.
O desrespeito e a desvalorização são apresentados como um problema neste
estudo, que tem como foco as diferentes culturas presentes na escola, seguidas da
desinformação sobre o funcionamento e a criação de uma matriz curricular que inclua
aspectos do multiculturalismo. E também enfatizar que a educação só é completa
quando há respeito mútuo por todos os sujeitos históricos que compõem a nossa
sociedade. Os métodos de tratamento deste artigo são a leitura e a pesquisa, seguida de
um levantamento bibliográfico de autores relacionados.
O referencial teórico desta pesquisa é baseado em pesquisas que destacam esse
importante debate sobre currículos e culturas nas quais eles têm contribuído para uma
aprendizagem muito mais efetiva. Os dados foram coletados por meio da análise
bibliográfica onde esse tema foi transcrito nas ideias aqui desenvolvidas.
A escola é o sistema aberto mais adequado depois da família, que faz parte da
superestrutura social, da qual fazem parte crianças e jovens que pertencem a classes
sociais com hábitos, características étnicas e culturais diversas. Atende aos padrões de
graus cada vez mais elevados, o que significa que é um espaço que garante a prevenção
e mitigação efetiva de preconceitos. Por meio de seu projeto político-pedagógico, a
escola deve apresentar ações que mostrem a importância do multiculturalismo na
sociedade (MAGALHÃES, MARTINS, RESENDE, 2017).
As instituições de ensino devem responsabilizar-se por disseminar ferramentas
que promovam a redução do preconceito ou da discriminação em todas as suas
dimensões. Não basta, ao falar do negro no Brasil, ressaltar exclusivamente seu papel na
economia escravocrata do período colonial, mas considerar o valor do legado cultural
herdado da ação transformadora desses povos. O preconceito em nosso país é uma
relíquia secular, uma relíquia da colonização portuguesa e da escravidão de negros e
índios (SILVA, 2019).
A exclusão social é um fenômeno que se inicia na infância, na família e na
escola, pois as diferenças físicas e a diversidade de costumes, valores e práticas não são
consideradas nas normas sociais e não são amparadas por uma única lei. A
discriminação e o preconceito excluem as pessoas da sociedade, privam-nas dos seus
direitos e afastam-nas das atividades intelectuais e profissionais. São atos anti-humanos
que desencadeiam estímulos terríveis, privam o sujeito do reconhecimento e
reconhecimento do mérito, despersonalizam-no enquanto cidadão (RAIMUNDO,
2019).
Observa-se que as diferenças estabelecidas entre o que se ensina na escola e o
que os alunos aprendem são bastante acentuadas, pois a realidade fora da escola é bem
diferente. A maioria dos alunos pertence a grupos considerados inferiores e por isso são,
desde muito cedo, privados das oportunidades necessárias de obterem protagonismo
social. Por isso é importante estimular a reflexão e a pesquisa em relação ao cruzamento
de culturas entre grupos, onde ocorre a construção mútua do conhecimento.
Muitas vezes encontramos histórias que reescrevem a discriminação, que as
crianças negras querem ser brancas, adotam suas atitudes e modos simplesmente porque
se sentem excluídas dos aspectos culturais, políticos, econômicos e sociais da sociedade.
Alguns estudos relataram esse achado porque os colegas, principalmente os da sala de
aula, têm preconceito contra essas crianças. Eles podem até ter acesso à matrícula e à
sala de aula, mas o sucesso na sociedade fica aquém de suas expectativas, levando a
ressentimentos (REIS, 2018).
No entanto, identificou-se a necessidade de uma cultura educacional que atenda
às realidades de cada sociedade e proporcione aos educadores a possibilidade de dar
protagonismo, em sala de aula, aos sujeitos portadores das mais diversas histórias de
vida, valorizando suas experiências cotidianas, suas identidades construídas nos
ambientes em que vivem. A escola não pode, no dizer Cordeiro (2022) atuar numa
perspectiva monocultural, cujo reflexo principal é subsunção, no ambiente escolar, dos
conhecimentos relacionados aos modelos civilizatórios alternativos existentes nas mais
variadas culturas. Segue o autor, ao analisar a obra de Candau (2013) afirma que a
escola mão pode ser mera reprodutora de uma cultura escolar padronizada,
pedagogicamente inflexível, pautada na transmissão rasa de conteúdos que refletem a
realidade cultural de determinados grupos sociais.
Segundo Lamego e Santos (2019):
A escola é um ambiente que muitas vezes busca homogeneizar e padronizar
os indivíduos, justificando, assim, a igualdade entre os sujeitos envolvidos no
processo educativo. Ações assimilacionistas na escola não valorizam vozes
subalternizadas e têm negado a diversidade cultural neste espaço, tendendo a
silenciar ou neutralizar as diferenças pela dificuldade de lidar com a
diversidade ali existente. (LAMEGO e SANTOS, 2019, p.10)
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Podemos citar: CANEN, Ana. Universos culturais e representações docentes: Subsídios para a formação
docente e diversidade cultural. Educação & Sociedade. Ano XXII, nº. 77, dezembro, 2001.; CANEN, Ana.
CANEN, Gilberto G.. Rompendo fronteiras curriculares: O multiculturalismo na educação e outros
campos do saber. Currículo sem Fronteiras, v.5, n.2, pp.40-49, Jul/Dez 2005.; MOREIRA, Antônio Flávio
Barbosa. A recente produção científica sobre currículo e multiculturalismo no Brasil (1995-2000):
avanços, desafios e tensões. Revista Brasileira de Educação. nº. 18, Set/Out/Nov/Dez. 2001.
existentes no âmbito da escola, é indispensável discutir a formação de professores e os
desafios diante das complexas relações que se estabelecem no espaço escolar.
Que professores são formados com base nos currículos atuais, tanto na educação
básica quanto na educação continuada? Quais professores devem ser formados?
Professores que cumprem as normas vigentes ou que estão abertos à pluralidade cultural
da sociedade mais ampla, bem como às identidades presentes no contexto específico do
desenvolvimento da prática pedagógica? Professores comprometidos com a ordem
social existente ou professores questionadores e críticos? Professores que aceitam o
neoliberalismo como única saída, ou que estão prontos para criticá-lo e também oferecer
alternativas? Professores capazes de atividades pedagógicas multiculturais?
Muito embora seja extremamente necessário que professores enfrentem os
desafios históricos da cultura escolar excludente e monocultural existentes no Brasil,
ainda existem muitos entraves a serem superados no que diz respeito a questão de sua
formação inicial.
O que se observa na realidade educacional brasileira é um enorme
distanciamento entre a formação teórica dos licenciados e a realidade objetiva das
escolas de ensino básico. Os currículos das instituições de ensino superior ainda são
fortemente influenciados por modelos eurocentrados, que valorizam o conhecimento
acadêmico cartesiano em detrimento dos aspectos culturais relativos aos
estabelecimentos de ensino e o público por eles atendidos. Neste contesto, para Lamego
e Santos (2022):
Muitos licenciados vivenciam de forma superficial a realidade escolar, sendo
este contato limitado às disciplinas de estágio supervisionado, previstas como
requisito básico para o cumprimento da carga horária necessária para a
conclusão do curso. O modelo de formação docente ainda se configura pelo
distanciamento entre as instituições formadoras e a educação básica, quando
há predominância de estudos teóricos sem articulação com a prática docente
(LAMEGO e SANTOS, 2022, p.12).
Multiculturalismo e Educação
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
ANJOS, Ana Paula Souza do Prado. Relações étnico-raciais: Das políticas de ações
afirmativas às contribuições da interculturalidade para formação docente. São Paulo:
Pimenta Cultural, 2022.
LAMEGO, Caio Roberto Siqueira. SANTOS, Maria Cristina Ferreira dos. Formação de
professores e educação intercultural: Concepções e práticas de licenciados sobre a
diversidade cultural na escola básica. Contexto & Educação. Editora Injuí, a. 34, n.
108, mai./ago. 2019.
LIRA, Bruno Carneiro. Práticas pedagógicas para o século XXI: A sociointeração
digital e o humanismo ético. São Paulo-SP: Editora Vozes, 2016.
SILVA, Evanda Roza da. O papel social da literatura: Diálogo para a desconstrução
da fronteira do racismo na escola. 2019. 267 f. Dissertação. (Mestrado Profissional
em Ciência, Tecnologia e Educação). Centro Universitário Vale do Cricaré, São
Mateus-ES, 2019
SOUZA, Nelly Mary Oliveira de. Educação e diversidade cultural: prática pedagógica
dos professores do 2º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal São Sebastião
em Tabatinga, AM. 2020. 134 f. Dissertação (Mestrado em Sociedade e Cultura na
Amazônia) - Universidade Federal do Amazonas, Manaus-AM, 2020.