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A RELEVÂNCIA DO MULTICULTURALISMO NO ÂMBITO

EDUCACIONAL

Alan Farias Sales1


Raimundo Erundino dos Santos Diniz 2

INTRODUÇÃO

A atual relação entre educação e cultura criou a necessidade de pensar o


multiculturalismo em nível global. Levando em consideração a riqueza da diversidade
cultural brasileira, que se traduz na multiplicidade de povos e comunidades tradicionais,
grupos que são culturalmente diversos e que carregam consigo a capacidade de produzir
saberes/fazeres responsáveis pela preservação de suas identidades, constituindo-se em
instrumentos poderosíssimos de resistência e luta por reconhecimento e direitos,
percebemos que tal diversidade não é valorizada nas mais variadas relações que se
estabelecem em nossa sociedade, o que torna o Brasil um país extremamente
excludente, resultado de nossa origem histórica colonial.
É importante que a educação seja interdisciplinar relacionada às questões
culturais, ou melhor, interculturais, porque educação também é cultura. E, sem dúvida, é
muito importante formar valores éticos e sociais como a tolerância, a cidadania crítica, a
alta valorização da diversidade cultural, conceitos e valores cada vez mais raros na
sociedade atual e que devem ser sempre estimuladas como balizas para construção de
práticas sociais verdadeiramente transformadoras.
O multiculturalismo passou despercebido pelas sociedades, mas seus traços
deixaram uma posição muito positiva nas páginas da história brasileira. Como a nação
brasileira é notavelmente miscigenada, ela deve admitir a fusão de conhecimentos
outros, adquiridos no seu processo de formação. Não se pode negar que os diversos
grupos sociais que existem em nosso país, deixaram como legado histórico um

1
Mestrando do Programa de Pós-graduação Mestrado Profissional em Ensino de História
PROFHISTÓRIA/UNIFAP, Professor da Rede Pública estadual de ensino. E-mail: alan.sales79@gmail.com
2
Doutor em Ciências Sócio-ambientais, Mestre em Planejamento do Desenvolvimento, Professor
Adjunto da Universidade Federal do Amapá, Professor Permanente do Programa de Mestrado
Profissional em Ensino de História (PROFHISTÓRIA/UNIFAP), Professor Permanente do Programa de
Mestrado em História da Universidade Federal do Amapá (PPGH/UNIFAP). E-mail:
historiadiniz@gmail.com
complexo patrimônio de saberes, que mesmo tendo sofrido com processos de
esvaziamento de sentidos, de apagamento e silenciamento, guardam relevância
indiscutível na formação da identidade sóciocultural desses povos.
O principal motivo da escolha deste tema foi construir uma visão abrangente do
multiculturalismo no currículo da escola e seu funcionamento, bem como um novo
aprendizado baseado no respeito mútuo e na valorização das diversas matizes culturais.
O desrespeito e a desvalorização são apresentados como um problema neste
estudo, que tem como foco as diferentes culturas presentes na escola, seguidas da
desinformação sobre o funcionamento e a criação de uma matriz curricular que inclua
aspectos do multiculturalismo. E também enfatizar que a educação só é completa
quando há respeito mútuo por todos os sujeitos históricos que compõem a nossa
sociedade. Os métodos de tratamento deste artigo são a leitura e a pesquisa, seguida de
um levantamento bibliográfico de autores relacionados.
O referencial teórico desta pesquisa é baseado em pesquisas que destacam esse
importante debate sobre currículos e culturas nas quais eles têm contribuído para uma
aprendizagem muito mais efetiva. Os dados foram coletados por meio da análise
bibliográfica onde esse tema foi transcrito nas ideias aqui desenvolvidas.

As Culturas no Ambiente Escolar

A escola é o sistema aberto mais adequado depois da família, que faz parte da
superestrutura social, da qual fazem parte crianças e jovens que pertencem a classes
sociais com hábitos, características étnicas e culturais diversas. Atende aos padrões de
graus cada vez mais elevados, o que significa que é um espaço que garante a prevenção
e mitigação efetiva de preconceitos. Por meio de seu projeto político-pedagógico, a
escola deve apresentar ações que mostrem a importância do multiculturalismo na
sociedade (MAGALHÃES, MARTINS, RESENDE, 2017).
As instituições de ensino devem responsabilizar-se por disseminar ferramentas
que promovam a redução do preconceito ou da discriminação em todas as suas
dimensões. Não basta, ao falar do negro no Brasil, ressaltar exclusivamente seu papel na
economia escravocrata do período colonial, mas considerar o valor do legado cultural
herdado da ação transformadora desses povos. O preconceito em nosso país é uma
relíquia secular, uma relíquia da colonização portuguesa e da escravidão de negros e
índios (SILVA, 2019).
A exclusão social é um fenômeno que se inicia na infância, na família e na
escola, pois as diferenças físicas e a diversidade de costumes, valores e práticas não são
consideradas nas normas sociais e não são amparadas por uma única lei. A
discriminação e o preconceito excluem as pessoas da sociedade, privam-nas dos seus
direitos e afastam-nas das atividades intelectuais e profissionais. São atos anti-humanos
que desencadeiam estímulos terríveis, privam o sujeito do reconhecimento e
reconhecimento do mérito, despersonalizam-no enquanto cidadão (RAIMUNDO,
2019).
Observa-se que as diferenças estabelecidas entre o que se ensina na escola e o
que os alunos aprendem são bastante acentuadas, pois a realidade fora da escola é bem
diferente. A maioria dos alunos pertence a grupos considerados inferiores e por isso são,
desde muito cedo, privados das oportunidades necessárias de obterem protagonismo
social. Por isso é importante estimular a reflexão e a pesquisa em relação ao cruzamento
de culturas entre grupos, onde ocorre a construção mútua do conhecimento.
Muitas vezes encontramos histórias que reescrevem a discriminação, que as
crianças negras querem ser brancas, adotam suas atitudes e modos simplesmente porque
se sentem excluídas dos aspectos culturais, políticos, econômicos e sociais da sociedade.
Alguns estudos relataram esse achado porque os colegas, principalmente os da sala de
aula, têm preconceito contra essas crianças. Eles podem até ter acesso à matrícula e à
sala de aula, mas o sucesso na sociedade fica aquém de suas expectativas, levando a
ressentimentos (REIS, 2018).
No entanto, identificou-se a necessidade de uma cultura educacional que atenda
às realidades de cada sociedade e proporcione aos educadores a possibilidade de dar
protagonismo, em sala de aula, aos sujeitos portadores das mais diversas histórias de
vida, valorizando suas experiências cotidianas, suas identidades construídas nos
ambientes em que vivem. A escola não pode, no dizer Cordeiro (2022) atuar numa
perspectiva monocultural, cujo reflexo principal é subsunção, no ambiente escolar, dos
conhecimentos relacionados aos modelos civilizatórios alternativos existentes nas mais
variadas culturas. Segue o autor, ao analisar a obra de Candau (2013) afirma que a
escola mão pode ser mera reprodutora de uma cultura escolar padronizada,
pedagogicamente inflexível, pautada na transmissão rasa de conteúdos que refletem a
realidade cultural de determinados grupos sociais.
Segundo Lamego e Santos (2019):
A escola é um ambiente que muitas vezes busca homogeneizar e padronizar
os indivíduos, justificando, assim, a igualdade entre os sujeitos envolvidos no
processo educativo. Ações assimilacionistas na escola não valorizam vozes
subalternizadas e têm negado a diversidade cultural neste espaço, tendendo a
silenciar ou neutralizar as diferenças pela dificuldade de lidar com a
diversidade ali existente. (LAMEGO e SANTOS, 2019, p.10)

A reversão dessa imagem sombria e antissocial só é possível se a escola e a


sociedade investirem na criação de métodos que atendam às demandas sociais históricas
de alunos pertencentes a grupos socialmente excluídos.
Educação e multiculturalismo são duas categorias indissociáveis, haja vista que,
embora a escola trabalhe com hibridações culturais, ela dá uma compreensão da norma
aceita de que as pessoas precisam para alcançar a igualdade social. (TEXEIRA FILHO,
2022). Alguns estudos com foco no multiculturalismo têm demonstrado grande
preocupação com a presença contínua do preconceito, da exclusão social e da
discriminação racial, o que exige comprometimento do governo e das instituições de
ensino para minimizar as diferenças existentes.

A Formação dos Professores e o Multiculturalismo

Inúmeros estudos3 realizados enfatizaram a importância de se discutir aspectos


atinentes a diversidade cultural e presença nos currículos das instituições de ensino
responsáveis pela formação de professores. Segundo Alves (2021), a educação
multicultural deve estar no currículo pedagógico de todas as instituições de ensino,
incluindo universidades públicas ou privadas, pois se torna importante na vida
profissional de um professor.
A formação balizada por estudos com foco na cultura é de extrema importância
para a compreensão das dinâmicas que constituem sujeitos socioculturais. O olhar
atento para aspectos relevantes do multiculturalismo – identidade, diferenças e
tolerância – são fundamentais para a construção de práticas pedagógicas que levem em
consideração o diálogo entre as distintas formações culturais dos sujeitos envolvidos no
processo educativo. Diante das necessidades que sem impõem, relacionada aos conflitos

3
Podemos citar: CANEN, Ana. Universos culturais e representações docentes: Subsídios para a formação
docente e diversidade cultural. Educação & Sociedade. Ano XXII, nº. 77, dezembro, 2001.; CANEN, Ana.
CANEN, Gilberto G.. Rompendo fronteiras curriculares: O multiculturalismo na educação e outros
campos do saber. Currículo sem Fronteiras, v.5, n.2, pp.40-49, Jul/Dez 2005.; MOREIRA, Antônio Flávio
Barbosa. A recente produção científica sobre currículo e multiculturalismo no Brasil (1995-2000):
avanços, desafios e tensões. Revista Brasileira de Educação. nº. 18, Set/Out/Nov/Dez. 2001.
existentes no âmbito da escola, é indispensável discutir a formação de professores e os
desafios diante das complexas relações que se estabelecem no espaço escolar.
Que professores são formados com base nos currículos atuais, tanto na educação
básica quanto na educação continuada? Quais professores devem ser formados?
Professores que cumprem as normas vigentes ou que estão abertos à pluralidade cultural
da sociedade mais ampla, bem como às identidades presentes no contexto específico do
desenvolvimento da prática pedagógica? Professores comprometidos com a ordem
social existente ou professores questionadores e críticos? Professores que aceitam o
neoliberalismo como única saída, ou que estão prontos para criticá-lo e também oferecer
alternativas? Professores capazes de atividades pedagógicas multiculturais?
Muito embora seja extremamente necessário que professores enfrentem os
desafios históricos da cultura escolar excludente e monocultural existentes no Brasil,
ainda existem muitos entraves a serem superados no que diz respeito a questão de sua
formação inicial.
O que se observa na realidade educacional brasileira é um enorme
distanciamento entre a formação teórica dos licenciados e a realidade objetiva das
escolas de ensino básico. Os currículos das instituições de ensino superior ainda são
fortemente influenciados por modelos eurocentrados, que valorizam o conhecimento
acadêmico cartesiano em detrimento dos aspectos culturais relativos aos
estabelecimentos de ensino e o público por eles atendidos. Neste contesto, para Lamego
e Santos (2022):
Muitos licenciados vivenciam de forma superficial a realidade escolar, sendo
este contato limitado às disciplinas de estágio supervisionado, previstas como
requisito básico para o cumprimento da carga horária necessária para a
conclusão do curso. O modelo de formação docente ainda se configura pelo
distanciamento entre as instituições formadoras e a educação básica, quando
há predominância de estudos teóricos sem articulação com a prática docente
(LAMEGO e SANTOS, 2022, p.12).

Existe um consenso entre estudiosos do campo de pesquisa sobre a formação de


professores, os quais podemos citar: Cavalcante (2021); COELHO, M. (2021),
COELHO, W. (2019) e Formiga (2023) referente a necessidade de maior articulação entre a
formação acadêmica e os conhecimentos atinentes a realidade do ambiente escolar,
principalmente relacionados a grande diversidade de grupos e indivíduos atendidos pelas
unidades educacionais.
Para COELHO, M. e COELHO, W. (2019) as licenciaturas em história padecem dos
mesmos problemas identificados há muitos anos, partem do pressuposto de que o domínio dos
conhecimentos historiográficos são suficientemente necessários para dar conta dos desafios e
demandas da história como disciplina escolar”. Assim sendo, as licenciaturas desconsideram 3
fatores muito importantes segundo os autores: as especificidades do saber histórico escolar; o
contexto da educação brasileira e o público por ela atendido.
Para Formiga (2023) as licenciaturas precisam formar professores conscientes de seu
papel social frente a diversidade existente em nossa sociedade. De acordo com a autora, a
função social dos professores está pautada no respeito a diversidade e no espírito democrático,
capazes de oferecer aos alunos a condições necessárias para que estes atuem no papel de
protagonistas da construção de uma nova cultura escolar que reconheça e valorizes as diversas
identidades culturais existentes no ambiente escolar.
Neste sentido, a educação com enfoque intercultural oferece ao professor o
melhor desempenho em sua tarefa pedagógica, avaliando o ponto de vista do aluno e
possibilitando a construção dos conhecimentos mais pertinentes e totalmente conectados
a sua realidade, pois a educação multicultural dá um resultado que satisfaz as
necessidades da sociedade. (GAETA & MASETTO, 2019).
Um professor deve ser atencioso para compreender a natureza da realidade
social, política e cultural de seus alunos e criar oportunidades que favoreçam uma
mudança real para relações que se estabelecem entre os diversos indivíduos.
Reconhece-se que a tarefa do professor é mediar a cultura e os saberes
hibridizados4 do aluno dentro do espaço escolar. A educação multicultural, por outro
lado, auxilia o professor na implementação de estratégias pedagógicas com o objetivo
de enriquecer o aprendizado dos alunos e deixar claro que sua tarefa é mais do que
apenas transmitir conteúdo. Reconhecer e valorizar a existência do pluralismo cultural
como suporte adicional ao conhecimento é o que enriquece o contexto social.
É preciso, para além do verdadeiro reconhecimento da existência de diversas
culturas em nossa sociedade, apresentar aos professores referenciais epistemológicos
outros que lhes permitam compreender a importância de construir uma realidade
ideológica que se contraponha a todas as formas de preconceitos e discriminação que
excluem do processo educativo aqueles considerados não sujeitos deste processo.
A educação multicultural torna-se, assim, objeto de reflexão, cujo objetivo é
buscar ideias entre os saberes necessários a uma sociedade plural, que fortaleçam a
legitimidade das culturas nela existentes. (SOUSA, 2020).
As diferenças entre os indivíduos mostram que ser diferente significa pertencer
ao normal e que deve ser levado em conta em sua emancipação política, social e
4
O termo faz referência ao conceito de culturas hibridas extraído de CANCLINI, Nestor García. Culturas
híbridas: Estratégias para entrar e sair da Modernidade. São Paulo: Edusp, 2003.
cultural. O multiculturalismo favorece mudanças nas relações interpessoais vivenciadas
pelos indivíduos ao agregar contexto, por exemplo, identidade, diferenças de classe,
gênero e etnia.

Multiculturalismo e Educação

O multiculturalismo surgiu nos Estados Unidos no final do século XIX, com o


objetivo principal de combater a discriminação, inclusive contra os negros no país,
organizando lutas por seus direitos civis. Portanto, o multiculturalismo não nasceu nas
universidades, ele resultou da articulação das mobilizações por demandas dos
movimentos, sobretudo dos movimentos relativos a questões étnicas. Em um segundo
momento, passou a ser relacionado diretamente com professores e doutores afro-
americanos que trouxeram para suas áreas de estudo questões sociais, culturais e
políticas de interesse exclusivo dos descendentes de afro-americanos (SILVA, 2019).
Nas décadas de 1980 e 1990, algumas universidades do país aderiram ao
movimento multicultural, que se fortaleceu pela pressão popular, conquistou espaço e
criou políticas públicas em todas as áreas do poder público. Mas nos tempos modernos,
esse movimento é influenciado pela globalização, considerando a necessidade de
intercâmbio cultural. (SOUSA, 2021).
O multiculturalismo crítico levanta a bandeira da multiplicidade, da
heterogeneidade da identidade cultural como característica de cada grupo e se opõe à
padronização e à uniformidade definidas pelos grupos dominantes. A celebração do
direito à diferença nas relações sociais como forma de convivência pacífica e tolerante
dos indivíduos é característica de um compromisso com a democracia e a justiça social
em meio às relações de poder nas quais tais diferenças são construídas. (ANJOS, 2022).
A hibridação cultural é um fenômeno que vem sendo discutido nos Estados
Unidos, Portugal e Canadá e, com a influência dos estudos culturais, o termo foi
recentemente incluído em pesquisas no Brasil. Apesar de sua importância, o conceito de
multiculturalismo ainda está se desenvolvendo em nosso país. É um termo muito amplo
que inclui muitas perspectivas opostas (WILLIAM, 2019).
No cenário educacional, muito se discute sobre a diversidade cultural no
contexto escolar, referindo-se à educação multicultural, onde ela se tornou muito mais
forte nos últimos anos e cuja importância pode ser vista na forma de uma educação
muito mais ampla e integral. Para melhor compreensão Santos (2020) define o
multiculturalismo como o reconhecimento efetivo e respeitoso de outras culturas. E
todo sucesso começa com respeito, que é um princípio importante na construção do
processo escolar.
Assim, é preciso entender a origem do multiculturalismo, que segundo Santos &
Casagrande (2021) O multiculturalismo é uma extensa área a ser pesquisada e
pesquisada no ambiente escolar, onde cientistas de diversos campos do conhecimento:
sociólogos, antropólogos e pedagogos têm se interessado pelo fato do multiculturalismo
oferecer referenciais importantes para a construção de um currículo emancipatório e
independente. Este deve ser o objetivo que a educação deve atingir, principalmente se
for uma educação construtiva onde tais princípios sejam valorizados.
A escola de hoje necessita de várias transformações, das mais simples às mais
complexas, principalmente no que diz respeito à multiculturalidade das escolas.
Valorizar a cultura e suas práticas relacionadas à diversidade da vida cotidiana, que
podem incluir um conjunto de valores, como a igualdade, a solidariedade e respeito
mútuo. Essas prioridades exigem cada vez mais trabalho e pesquisa (LIRA, 2011).
Estabelecer uma educação multicultural significa impor fraturas aos modelos
criados pela educação tradicional, cujos pilares são marcados fortemente por valores
eurocêntricos, mudando o atual currículo escolar antigo e desgastado. Nesse sentido,
abre-se espaço para a implantação de um novo currículo muito mais amplo, de fato,
para a transformação do conhecimento em significados úteis da vida social fora da
escola, o que tornaria a aprendizagem muito mais significativa.

Considerações Finais

Torna-se necessária a urgência de uma educação que valorize e inclua a


diversidade cultural para o efetivo convívio entre as sociedades, valorizando o
diálogo, o respeito e os valores contidos em cada indivíduo. O sistema educacional
deve propiciar mudanças eficazes no desenvolvimento de atitudes e concepções, com
a implementação de projetos curriculares que resultem na sensibilidade essencial do
interculturalismo. Reformas pedagógicas devem acontecer com o intuito de
transparecer aos nossos alunos a importância do respeito e da compreensão, da
aceitação, do inter-relacionamento de culturas entre indivíduos.
A escola é uma instituição social, com grande riqueza de multiplicidades e
diferenças culturais, sociais, econômicas, étnicas e religiosas, que devem ser trabalhadas
dentro desse currículo escolar, no qual se encontra tão deficiente, onde requer sérias
reformulações.
A valorização das multiplas identidades culturais, deve ser almejada,
principalmente no que se refere a construção dos valores e princípios da cidadania. O
papel fundamental da arte do educar é propiciar equidade, mesmo em meio a tantas
diferenças, conflitos e desigualdades.
Educar de forma intercultural contribui para a formação de sujeitos cada vez
mais humanos e sensíveis a eles mesmos e aos outros. Já que, certos princípios foram se
perdendo ao longo dos tempos, ou não se tem dado a real importância para eles na
sociedade contemporânea. Quando é desenvolvido desde muito cedo determinados
princípios e valores, as crianças aprendem a ser mais tolerantes culturalmente, e no
futuro teremos um adolescente, um jovem e um adulto muito mais comprometido e
consciente do seu papel, enquanto cidadão e cidadã.
Essa adaptação de uma nova educação, que valorize as várias identidades
culturais deve ser processual, respeitando o tempo necessário para aderir a tantas
mudanças. Esse tipo de educação deve propiciar fortes mudanças, e para isso o currículo
escolar, deve ser flexível a essas mudanças. E isso requer, tempo, comprometimento,
amadurecimento e ações interventoras e emergenciais de todos que constroem e fazem a
educação de fato fluir e acontecer.
As políticas públicas educacionais devem combater os diferentes tipos de
preconceitos, existente na sociedade atual, um grave problema que, serve de obstáculo
para o êxito da educação multicultural em muitos aspectos.
O currículo escolar, só terá um novo sentido e um novo significado quando, o
mesmo for de fato produtivo, e reformulado visando não apenas um pequeno grupo e
sim a coletividade. O que se nota, que a educação de qualidade é privilégio para poucos,
e existe um número significativo de pessoas as margens da exclusão social
Deste modo a educação deve ser a primeira prioridade e a primeira preocupação
para todas as esferas administrativas de uma sociedade. Quando ocorrer tais mudanças,
haverá novos efeitos. E estes efeitos ajudaram de forma significativa a construir seres
humanos conscientes e capazes de estabelecer relações sociais equânimes.
Por último, em resposta ao objetivo inicial e a situação problema aqui proposta,
conclui-se que o objetivo foi atingido, pois a partir dessa discussão foi possível refletir
sobre a temática, desconstruindo visões preconceituosas, acerca das demais culturas
existentes, reconhecendo que é necessário estabelecer diálogos interdisciplinares em
prol de uma educação mais inclusiva e menos exclusivista. Como sugestão, indica-se
que novos estudos, sejam realizados dentro desse campo de pesquisa, para que sejam
aprofundados outros aspectos que estão contextualizados com a temática.

REFERÊNCIAS

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