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São Carlos
Novembro, 2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
São Carlos
Novembro, 2010
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Aos meus pais, irmãos e amigos pela confiança, respeito, carinho e apoio.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais Léo e Lúcia pelo exemplo, carinho e apoio nas horas certas e
incertas.
Agradeço aos meus irmãos, Rafael e Mariana, por me mostrarem a existência do
companheirismo na distância.
A todos os professores que fizeram parte de minha graduação e, especialmente, ao meu
orientador Flavio Caetano da Silva pela paciência e auxílios.
Aos meus grandes amigos formados durante minha graduação Mariana de Sousa,
Veridiana, Enzo, Maria Rita e tantos outros que me fizeram enxergar o mundo de outra
maneira e, principalmente, que deixaram meus dias mais alegres.
Ao meu namorado Bruno, pela força e companheirismo.
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Sumário
Introdução....................................................................................................................p. 6
Considerações finais...................................................................................................p.29
Referências bibliográficas..........................................................................................p.32
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Introdução
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Já no terceiro capítulo, através da constatação de dados, busca-se analisar
empiricamente os levantamentos realizados a fim de refletir sobre o modo como a
escola abordada concebe o PDDE e como as discussões, no âmbito da Unidade
Executora, se realizam nas reuniões que deliberam sobre o uso da verba.
Por fim, nas Considerações Finais, os principais aspectos destacados na análise
dos dados são categorizados buscando ressaltar a importância destes para a
democratização das decisões na escola para que ela assuma seu caráter, de fato, público
para todos.
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1. O financiamento da Educação na letra da lei
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Em 1932, houve a publicação do “Manifesto dos Pioneiros”, formado pela elite
intelectual da sociedade que almejava a reconstrução de nosso sistema educacional.
Somente em 1934, pôde-se assistir à inserção, em âmbito legal, do modo pelo qual a
Educação brasileira seria financiada na Constituição daquele ano. Atendendo às
manifestações políticas e sociais, pode-se dizer que esse momento histórico representa o
início do financiamento da Educação brasileira.
Oscilando entre aparições, vinculações e extinções, as despesas com a Educação
brasileira variaram muito em relação a sua quantidade, amplitude e, até mesmo, em sua
existência. Concretizando seu ideal de sociedade e de cidadão, o Estado sempre
estabeleceu sua intervenção nas políticas educacionais para que seus ideais de inserção e
comportamento do homem na sociedade fossem atingidos. Cury (2007) nos mostra
como a Educação liga-se diretamente ao conceito de cidadania, já que a escola visa
formar cidadãos capazes de serem pessoas autônomas para viver na sociedade, seguindo
os padrões ideológicos prestados.
Descrevendo, então, seu ideal de cidadão e delineando que a Educação é fator
extremamente importante para a passagem dos ideais vigentes, a partir de 1934, a
Educação e a forma pela qual a mesma seria financiada ocuparam espaço nas
Constituições.
A atual Constituição brasileira, promulgada em 1988, aborda nos artigos 212 e
213, algumas determinações acerca do financiamento da educação e fixa diretrizes, que
se podem denominar como sendo básicas em relação ao uso da verba pública:
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de maneira mais detalhada que à Constituição Federal, os gastos brasileiros com a
Educação. Em seu Capítulo VII, denominado “Dos Recursos Financeiros”, através dos
Artigos 68 a 77, podemos apontar diversas disposições, dentre elas, a fonte, vinculação,
padrão de qualidade e transferência de recursos públicos às escolas privadas.
O Artigo 68 da LDBEN destaca:
Partindo do que fora prescrito item I do Art. 68, podemos visualizar a Tabela 1
elaborada por Oliveira (2001), a qual mostra quais impostos são utilizados atualmente
no financiamento da Educação:
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Como se pode observar na Tabela 1, todos, de forma direta e/ou indireta
contribuem para cobrir os gastos com a Educação brasileira, pois todos os impostos
utilizados fazem parte de nosso cotidiano.
Toda verba arrecadada é recolhida através dos impostos e vai para os Tesouros
federal, estadual e/ou municipal. Libâneo et al. (2003) mostra o caminho percorrido
pela verba: após o Tesouro ter posse do que fora arrecadado, o valor é distribuído em
quotas trimestrais para que as despesas sejam feitas de maneira equilibrada, isto é,
busca-se estabilidade e equidade entre o que foi recebido com o que precisa ser gasto.
Cada Estado, por sua vez, só pode ter gastos com o que está previsto na lei e, no caso de
haver acúmulo de maior ou menor volume de recursos, são permitidas ações de créditos
adicionais ou corte de despesas. O orçamento, em relação ao que será gasto anualmente,
é feito através de aproximações do que poderá ser arrecadado no ano seguinte
comparando-o com os anos anteriores na forma de previsão.
Todavia, os impostos mostrados na Tabela 1 serão aplicados somente em
manutenção e desenvolvimento do ensino, conforme discriminam os Art. 70 e 71 da
LDB. Consideram-se gastos com manutenção e desenvolvimento do ensino despesas
como remuneração docente; aquisição e/ou conservação de equipamentos necessários
ao ensino; estudos e pesquisas que visem o aprimoramento do ensino; concessão de
bolsas de estudo; aquisição de material didático; entre outros. Em contrapartida, não são
consideradas despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino gastos com
pesquisas que não se vinculem ao ensino; programas suplementares de assistência
social; obras de infra-estrutura; entre outros.
Vale destacar também a obrigatoriedade de se tornar público todos os gastos
realizados com a verba adquirida. Libâneo et al. (2003) aponta as duas formas de
fiscalização dos gastos existentes: a interna e a externa. A interna corresponde ao Poder
Executivo que é encarregado pelo controle dos gastos, elaborando balanços e os
publicando a cada bimestre. Esta ação é regulamentada no 3º parágrafo do art. 165 da
Constituição Federal e também no art. 72 da LDBEN.
Já a fiscalização externa ocorre nos Tribunais de Contas estaduais e municipais,
representando o conhecimento técnico-contábil das finanças públicas, e pelo Poder
Legislativo, cabendo a eles aprovar os relatórios enviados e representar a sociedade civil
na vigilância. No entanto, Libâneo et al. (2003) destaca que os Tribunais de Contas têm
assumido atitudes mais políticas na fiscalização, pois seus conselhos são nomeados
pelos próprios membros do Poder Executivo e formados por profissionais de áreas
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distintas. Esse fato pode permitir atrasos na publicação dos dados e, até mesmo, a
priorização de aspectos políticos e pessoais.
Diante do que fora ressaltado até aqui, podemos perceber que a pouca, ou quase
nenhuma, participação da sociedade na prestação de contas dá margem para manobras
políticas que abrem espaço para corrupção da função dos órgãos de fiscalização. Cabe,
então, destacar a importância do controle direto da sociedade diante dos gastos
realizados com seu próprio dinheiro para que se garanta rigor na utilização dos recursos.
A distribuição da verba arrecadada através dos impostos, por sua vez, acontece
de diversas formas sendo que, dentre elas, pode-se citar o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação-
FUNDEB que, segundo Callegari (2009), é uma forma peculiar de concentrar a
distribuir os recursos destinados à educação básica pública e, talvez, seja uma das
principais formas de financiamento.
Criado através da Emenda nº 53, de 2006 e, em substituição ao FUNDEF
(Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do
Magistério), o FUNDEB abrange toda a educação básica: Educação infantil, ensino
fundamental, ensino médio e Educação de Jovens e Adultos- EJA. Cada Estado,
reunindo os governos estaduais e municipais, possui um FUNDEB singular, ou seja, são
27 fundos (Estados mais Distrito Federal) que não se correlacionam ou interagem entre
si.
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Contudo, o autor mostra que, por conta do ideário neoliberal, a regulação
política do sistema de financiamento da Educação básica pauta-se em ganhos de
eficiência e eficácia, expandindo o atendimento com restrições orçamentárias. Desse
modo, como aumentar os índices educacionais brasileiros sem aumento dos
investimentos?
Além da receita de impostos destinados ao financiamento da Educação,
conforme observado na Tabela 1, conta-se também com outros recursos como, por
exemplo, o fixado no item III do Art. 68 da LDB o qual aponta como fonte de recursos
as contribuições sociais e o salário-educação (SE).
Conforme mostra Oliveira (2001), as contribuições sociais são exclusivas da
União, e constituem-se como uma contraprestação referente à seguridade social e outros
benefícios existentes na mesma área abrangendo a previdência social, a saúde e a
assistência social.
A contribuição social que, ao que parece, seja a que exerça papel mais
expressivo na educação é o salário-educação (SE). Esta contribuição social é recolhida
pelas empresas e o valor arrecadado destinava-se, inicialmente, à educação fundamental
e podia ser usada para a Educação de seus funcionários (e aos filhos destes) ou
recolhida aos cofres públicos para a aplicação no referido nível de ensino.
Assim como mostra Libâneo et al. (2003) o SE foi criado por meio da Lei 4.462
de 1964 e corresponde à responsabilidade das empresas para com a Educação brasileira.
O Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) exerce papel de intermediário e, após
inúmeras modificações, investe-se 2,5% do total da remuneração paga aos empregados.
Oliveira (2001, p. 95) mostra o “caminho” percorrido pelo SE:
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O autor também traz, em valores, cuja fonte é o FNDE, que em 2008, por
exemplo, arrecadou-se R$ 8,864 bilhões por meio do SE e que o Estado de São Paulo,
somando as quotas estaduais e mensais, arrecadou R$ 2,225 bilhões.
Valores como R$8 bilhões representam, para nós cidadãos, muito dinheiro
investido na e para a Educação. Porém, conforme mostra Duarte (2005), o salário-
educação representa pouco mais de 5% do total de receitas vinculadas. Nesse sentindo,
podemos refletir sobre a quantidade de recursos totais que financiam a Educação
brasileira como também indagar o modo pelo qual a verba é investida e administrada
para que os índices educacionais brasileiros sejam tão baixos como apontados pela
grande mídia e apresentados através dos índices nacionais de performance da educação,
como o IDEB.
Merece destaque também, por conta de sua grande expressividade nacional e por
representar a mantenedora do objeto de estudo do presente trabalho, o Fundo Nacional
de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Criado em 1968 e vinculado ao Ministério
da Educação (MEC), destaca Libâneo et al. (2003), possui como finalidade acumular
recursos para financiamento de projetos educacionais e de assistência estudantil.
A parte mais expressiva que mantém o fundo possui origem na Contribuição
Social do Salário-Educação. Informações extraídas no sítio do Ministério da Educação
(Brasil, 2010c) caracterizam o Fundo como uma autarquia na qual são acumulados
recursos e os mesmos são aplicados no desenvolvimento da Educação garantindo
qualidade para todos os alunos. Destacam-se, segundo os discursos oficiais, aspectos
como a transparência, cidadania e controle social que representam, assim, eficiência na
gestão dos recursos provenientes do salário-educação.
Atualmente, o FNDE financia projetos e programas como, por exemplo,
Formação de Profissionais ProJovem Urbano; Programas Nacionais de Alimentação
Escolar para Creche, Pré-Escola e Ensino Fundamental; Programa Nacional de
Transporte Escolar; Programa Dinheiro Direto na Escola; entre outros.
Podemos observar que, desde a criação do FUNDEF, posteriormente do
FUNDEB e pela descrição feita dos programas financiados pelo FNDE que estes se
caracterizam como fomentadores da autonomia e, então, proporcionam maior poder de
decisão para o Estado e, conseqüentemente, para as escolas.
Conforme mostra Duarte (2005), a instauração de políticas iniciadas,
principalmente, na década de 90 mostraram-se como indutoras de um processo maciço
de municipalização gerando, possivelmente, desresponsabilização da União perante a
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Educação básica. O autor destaca as estratégias utilizadas pelas políticas as quais
articulam ações que não mudam o que existe, mas o discurso aponta apara a existência
de espaço para autonomia política dos sistemas de ensino, gestão participativa, entre
outros.
Mantendo a ordem desejada e propagando a idéia ilusória de possibilidade da
construção da escola que queremos, várias políticas criadas e recriadas através de
programas transferem atribuições importantes para os gestores. No entanto, a decisão
final ou, até mesmo, a ligação política entre os representantes públicos transformam a
escola em palco e alvo da manifestação de interesses pessoais.
Em contrapartida, a propagada maior autonomia dada às escolas pauta-se em
mecanismos rígidos de fiscalização e, principalmente, em resultados. Dessa forma, se
torna fácil responsabilizar e culpabilizar os gestores e/ou professores pelos baixos
índices noticiados pela mídia em relação à escolarização oferecida no Brasil. No
entanto, devemos refletir sobre até que ponto os profissionais da Educação devem
responder a todos os aspectos negativos existentes.
Pensemos nos baixos salários dos professores, nos escassos materiais
disponibilizados, na infra-estrutura, no apoio, etc. Fatores como estes fazem pensar de
que forma os recursos são investidos, se eles são suficientes e quem determina o destino
da verba pública.
Não se pode desqualificar ou não reconhecer a importância de um trabalho com
empenho que deve ser realizado pelos profissionais da Educação, mas devemos
descartar a grande influência da União nas questões educacionais, pois, além de elaborar
as políticas públicas, ela acumula e distribui recursos pagos pelos cidadãos.
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2. PDDE: ANÁLISE e REFLEXÃO.
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ênfase nos aspectos quantitativos que constituem o elo entre os dirigentes e o poder
central.
Desse modo, são implantadas na Educação medidas no plano administrativo
cabendo, então, aos responsáveis pelas instituições educativas delinear e
instrumentalizar, pautando em seus objetivos, as ações da comunidade escolar e de seus
clientes/alunos.
Seguindo a lógica instaurada e as medidas iniciadas a partir do referido período
delegou-se para as escolas responsabilidades que antes eram do Estado. Contudo e,
apesar do discurso, tais práticas apenas dão aos gestores a função de realizar tarefas,
muitas vezes, burocráticas que não proporcionam espaço para reflexão. O Estado, por
sua vez, não se mantém apático, muito pelo contrário, articula-se de modo que sejam
realizadas ações que correspondam ao que se espera dando “ares” de democracia.
Atendendo, então, aos anseios das novas formas de políticas de financiamento
da Educação, encontramos o PDDE. Destacando a importância e relevância da
participação da comunidade escolar no processo decisório, o programa, criado em 1995
“atendia” as pressões sociais dando recursos e verbas à comunidade escolar.
Denominado de Programa de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental (PMDE) até 1998, o Programa Dinheiro Direto na Escola, segundo o sítio
da internet do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), presta
assistência financeira de forma suplementar a todas as escolas públicas de Educação
básica (estaduais, municipais e do Distrito Federal) e às escolas privadas de Educação
especial mantidos por entidades sem fins lucrativos.
Segundo, ainda, o sítio do FNDE, o objetivo do programa consiste na melhoria
da estrutura física e pedagógica das escolas e reforçar a auto-gestão escolar nos âmbitos
financeiro, administrativo e didático.
Para efeito de análise referente à concepção e funcionamento serão utilizados
dois manuais elaborados visando auxiliar às escolas e às Unidades Executoras na
administração da verba. Os manuais, Florianópolis (2010) e Curitiba (2009), além de
destacarem as funções do programa e da Unidade Executora (UEx), destacam, passo a
passo, os procedimentos necessários para a operacionalidade e aplicação do programa
em cada Unidade Escolar. Justifica-se o uso desses manuais pela sua extensa e
detalhada exposição dos procedimentos, formas, limites e possibilidades de uso das
verbas do PDDE.
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Constituindo parte de ações governamentais e criado pelo Governo Federal,
através do FNDE, mostra-se que o PDDE repassa anualmente determinada quantia
financeira como uma forma de complementação objetivando elevar os índices da
qualidade da Educação oferecida pelas escolas atendidas como também promover a
universalização do ensino. Vale destacar também que o programa, e todos os outros
financiados pelo FNDE, possuem como principal objetivo a diminuição das
desigualdades sociais, segundo o discurso oficial.
O PDDE configura-se, então, apontam os manuais, como uma espécie de
“auxílio” às escolas no qual se estimula a participação da comunidade escolar no
processo decisório em relação ao destino da verba com vistas a elevar os índices de
qualidade da Educação oferecida.
Conforme já destacado acima, todas as escolas públicas da Educação básica têm
direito de receber o valor referente ao programa tomando como base os dados extraídos
do censo escolar do ano anterior.
Os recursos enviados reforçam, conforme destacam os manuais, a autonomia
gerencial, pois o dinheiro é depositado diretamente, na conta das UEx . Esta ação, além
de estimular a participação da comunidade escolar, consolida os ideais da escola
democrática (CURITIBA, 2009). Podemos citar também, por exemplo, o manual
Florianópolis (2010), na qual se ressalta a parceria existente entre a UEx (no caso, as
APPs –Associação de Pais e Professores), a comunidade escolar e a Secretaria
Municipal de Educação [grifo nosso].
Para que cada escola receba a verba referente ao PDDE, deve existir uma
Unidade Executora constituída por membros da própria comunidade escolar. Cada UEx
pode ser formada através de votação, pela Associação de Pais e Mestres (APM), pelo
Conselho Escolar, entre outros.
Os recursos transferidos destinam-se às despesas de manutenção/consumo ou
materiais permanentes. As despesas com manutenção/consumo referem-se à aquisição
de materiais de consumo e a contratação de serviços para manutenção e/ou
funcionamento da escola. Já os materiais permanentes referem-se àqueles bens que
possuem durabilidade maior do que dois anos como, por exemplo, mobiliário e
máquinas.
A quantia recebida anualmente por cada escola e o número de alunos
matriculados na mesma são disponibilizados através do sítio do FNDE o que permite
analisar a variação existente entre os anos como também entre as próprias escolas
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localizadas no mesmo município e refletir sobre como os índices do de IDEB
influenciam positiva e/ou negativamente nos valores recebidos.
Curitiba (2009), destaca que, em determinadas regiões do Brasil, escolas com
menos de 20 alunos matriculados, que não possuem UEx, que caracterizam-se como
rurais e escolas que cumprirem metas intermediárias no Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (IDEB), sofrerão modificações em relação ao recebimento da verba,
respectivamente: receberão determinada quantia por aluno matriculado, no caso de
escolas com menos de 20 alunos matriculados; a Secretaria da Educação intervirá no
sentido de efetuar as compras necessárias para a escola; será acrescida parcela de 50%
do total de recursos transferidos a título de incentivo; e também será acrescido 50% nos
recursos transferidos por conta do desempenho no IDEB.
Para a definição das prioridades e do que será feito com a verba recebida através
do programa, cada UEx deve elaborar um ‘Plano de Ação’ contendo as ações previstas,
devendo registrá-lo e aprová-lo em ata por todos os membros da UEx.
Após a determinação dos gastos com a verba do programa, é necessária também
a realização de uma pesquisa de preço na qual se garanta a qualidade com o menor
preço [grifo nosso]. Curitiba (2009) destaca que deve ser realizada uma pesquisa com,
no mínimo, três empresas e/ou estabelecimentos fornecedoras dos produtos ou que
prestem o serviço desejado sendo que todos os passos devem ser registrados em ata para
facilitar aos membros da UEx a elaboração da prestação de contas.
O talão de cheques, utilizado pela UEx, é retirado em banco específico, os
pagamentos são feitos de maneira nominal ao fornecedor ou prestador de serviços e
assinado pelo representante da UEx. É estritamente importante também que se guardem
todos os documentos fiscais e que eles não contenham nenhuma rasura.
Ao final do exercício ou do ano letivo, a UEx deverá prestar contas
encaminhando para a Secretaria de Educação determinados documentos: o ofício de
encaminhamento, cópia das atas das reuniões, plano de aplicação dos recursos, projetos,
aviso de crédito, extratos bancários, notas fiscais, recibos, quadro demonstrativo,
relação dos bens adquiridos, termo de cumprimento dos objetivos, parecer contábil e
termo de doação.
A ausência de qualquer documento destaca Curitiba (2009), caracterizará a
prestação de contas como irregular e pode acarretar problemas futuros para a UEx e,
conseqüentemente, para a unidade escolar bem como para o município.
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Ainda que tratem do mesmo programa, podemos perceber que cada
Estado/município aborda e concebe o PDDE de maneira distinta o que comprova as
peculiaridades de cada manual e especificidades de cada local. No entanto, a maior
semelhança vista entre Curitiba (2009) e Florianópolis (2010) refere-se à ênfase dada
aos aspectos necessários que vão desde a implantação até a prestação de contas.
Conforme destaca Adrião e Peroni (2007) os valores passados para cada UEx e
que, consequentemente, são aplicados na escola, são extremamente relevantes, pois
constituem mais uma fonte e forma de financiamento da Educação e o fato de receber
diretamente a verba apresenta-se como um fator positivo e, porque não, um relativo
avanço. No entanto, não podemos ter uma visão simplista do programa e acreditar que
este instaura, definitivamente, na escola, um modelo de gestão democrática através da
participação da comunidade escolar, já que se percebe uma estreita relação travada entre
os aspectos público/privado na Educação na concepção e, conseqüente, aplicação do
PDDE.
A descentralização financeira, anseio de muitos, aparece nas regulamentações do
programa e a Unidade Executora torna-se o meio pelo qual se dá a parceria entre a
esfera pública e a esfera privada, pois ela, além de fortalecer a antiga APM de muitas
escolas, é elemento necessário para o recebimento da verba referente ao PDDE.
A existência da UEx em cada escola, conforme mostra Adrião e Peroni (2007),
dependendo do nível de democratização existente em cada rede, pode significar a
abertura para disputa política e/ou induzir a criação de um órgão representativo na
unidade escolar. Já a constituição de cada UEx, nem sempre, é feita por educadores e/ou
pessoas que trabalham diretamente na escola. Dessa forma, são permitidas articulações
que podem priorizar aspirações individuais nas quais o PDDE é utilizado em beneficio
individual/específico o que, então, pode tornar a escola palco de interesses privados.
O que mais se destaca nos estudos acadêmicos realizados na área e como pôde
ser visto nos apontamentos feitos dos manuais é dada grande ênfase apenas aos aspectos
burocráticos e operacionais presentes no PDDE e, então, a reflexão referente à formação
política e discussão sobre questões pedagógicas de cada Unidade Escolar ficam em
segundo plano. As reuniões de cada UEx, então, podem caracterizar-se como de cunho
administrativo nas quais deve-se apenas deliberar sobre a forma pela qual a verba será
investida.
A grande relevância dada ao que há de procedimental no programa reforçada
pela grande responsabilidade da UEx em prestar, corretamente, esclarecimentos e
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relatórios ao Tribunal de Contas da União faz com que não ocorra discussões referentes
aos aspectos pedagógicos e, então, não há um processo de democratização das relações
estabelecidas dentro da escola pública. Desse modo, as pressões sociais que almejavam
o aumento da participação social nas decisões ocorridas com a verba pública na escola
são atendidas, mas, ao mesmo tempo, a estruturação, pautada em relatórios e decisões
rápidas, atende aos preceitos da lógica gerencialista. As discussões de natureza
econômica tomam o lugar das discussões de natureza pedagógica e mesmo as grandes
necessidades e demandas estabelecidas no âmbito do Projeto Político Pedagógico da
escola ficam secundarizadas, dada a urgência de se deliberar sobre as verbas do PDDE e
suas exigências rigorosas de cumprimento de normas.
Além do mais, cabe destacar as “parcerias” realizadas entre as UEx e as
Secretarias de Educação, pois, em alguns casos, a decisão referente ao destino da verba
não fica a cargo na escola. Podemos observar em Florianópolis (2010) no qual se aponta
a intervenção da Secretaria de Educação no gerenciamento da verba. Se a verba é
depositada diretamente na conta das UEx no sentido de atingir diretamente as
necessidades de cada Unidade Escolar, devemos indagar sobre os reais motivos que
impulsionam a interferência de uma esfera do município na execução do programa.
Outro aspecto que merece destaque em relação do PDDE, está na discussão
referente à qualidade dos produtos adquiridos com a verba disponibilizada como
também à melhoria da qualidade da Educação oferecida. Em relação ao primeiro ponto,
é possível perceber que os dois manuais apontam que a pesquisa de preço das
aquisições deve ser feita buscando o menor preço, e, ao mesmo tempo, garantindo a
qualidade do produto.
Hoje, temos consciência da grande quantidade de transações comerciais
presentes em nosso cotidiano o que permite diferenciar a qualidade da marca “X” em
relação à marca “Y”. Sabemos também que, na maioria das vezes, a maior qualidade de
determinados produtos refletem em seu valor, no caso, mais alto. Nesse sentido, como
garantir a qualidade dos materiais que a escola receberá sendo que estes devem ser
pesquisados levando em conta o menor preço cotado?
Vale destacar também, mas que pouco é discutido nos manuais, que a verba
recebida através do PDDE também pode ser utilizada na “Capacitação e
Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação” (CURITIBA, 2009, p.7). Não se trata,
porém, de descartar a importância que os materiais exercem no processo de ensino e
aprendizagem, mas não podemos desconsiderar a extrema relevância para o aluno de
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que a aula seja ministrada por um profissional capacitado e preparado para dar uma aula
com qualidade utilizando os materiais pedagógicos necessários.
As reflexões surgidas através da análise da constituição do PDDE e,
consequentemente, da UEx proporcionam sua inserção da lógica neoliberal, dos
aspectos gerencialistas no âmbito educacional e, principalmente, no incentivo à
privatização das esferas públicas. A existência de uma UEx dentro da cada escola
pública, sendo esta uma entidade privada, proporciona autonomia frente às
determinações legais, públicas, de cada escola e, então, frente às deliberações do
Estado. No caso de possível erro, quem responderá: a diretora, o responsável pela UEx,
o Estado?
Ao mesmo tempo em que se indague sobre a aparente não intervenção do Estado
frente ao programa e, consequentemente, à Educação do país, devemos atentar ao fato
de que é o Estado que envia a verba e no fim, cobra os resultados e sobre os usos da
mesma. Esta manobra pode ser vista nas determinações e concepção do PDDE, pois se
delega aos indivíduos a função de “zelar” pela Educação, mas, ao mesmo tempo, a
elaboração de relatórios faz com que se mantenha a ordem desejada. Pensemos nos
inúmeros documentos necessários na prestação de contas que cada UEx deve enviar,
nos relatórios, pautas de reuniões, notas fiscais, entre outros.
Não se trata, porém, de almejar a extinção da participação da comunidade
escolar do processo decisório (mesmo sendo nos parâmetros estabelecidos pelo PDDE),
de deixar as situações ao sabor das circunstâncias ou extinguir a prestação de contas,
mas sim de fomentar discussões políticas e pedagógicas para que se tenha uma escola,
de fato, democrática.
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3. O PDDE no município de Nova Odessa
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em que se inserem a cidade e cada escola. Além do mais, a análise terá como foco os
programas iniciados pela União por intermédio do FNDE tendo em vista seus aspectos
referentes à inserção da gestão gerencialista na Educação.
Foram disponibilizados os seguintes documentos: o Plano Anual da APM de
2010 (Nova Odessa, 2010b), as atas de reunião do Conselho de Escola e APM de 2009
(Nova Odessa, 2009a) e 2010 (Nova Odesssa, 2010c) e os relatórios de prestação de
contas de 2009 (Nova Odessa, 2009b). Vale destacar que se criou, também, um PDDE
em âmbito municipal, sendo que a escola analisada recebe, além da verba federal, outra
municipal. No entanto, a discussão será realizada levando-se em conta os valores
destinados à escola pelo PDDE federal, assim como os apontamentos gerais ressaltados
sobre as necessidades da escola destacados nas atas.
O envio do Plano Anual da APM da escola justifica-se porque, ao que parece, a
Associação de Pais e Mestres (APM) representa o papel de Unidade Executora,
conforme as determinações no PDDE. No plano de trabalho elaborado pela entidade,
dentre seus objetivos, destacam-se a mobilização de recursos humanos, materiais e
financeiros da comunidade para auxiliar à escolha na melhoria do ensino. Já em relação
às principais ações elencadas no Plano, estão à organização de gincanas, festas, rifas,
excursões e aplicação dos recursos obtidos através do PDDE federal e municipal.
Os recursos podem ser adquiridos através de contribuição espontânea dos
associados, convênios, doações, promoções e subversões diversas. Já a aplicação dos
mesmos pode contemplar a melhoria no ensino, conservação e manutenção do prédio,
contratação de profissionais para ministras palestras/cursos e outros, programação de
atividades culturais e de lazer, compra de materiais permanentes e de consumo e
realização de atividades que visem à assistência escolar nas áreas sócio-econômicas e da
saúde.
Um aspecto relevante de se ressaltar em relação à prestação de contas que deve
ser realizado pela APM refere-se à divulgação, em assembléia, para a comunidade
escola acerca dos destinos dados às verbas do PDDE federal e municipal como também
dos demais recursos próprios adquiridos (Nova Odessa, 2010b).
A primeira ata de reunião (Nova Odessa,2009a), refere-se ao dia vinte de agosto
de 2009 na qual se realizou uma reunião na própria escola e que contava com os
membros da APM e do Conselho de Escolar sob a presidência da diretora da escola.
Dentre as pautas da reunião, está a divulgação dos valores recebidos pelo PDDE federal;
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eleição das prioridades de aplicação da verba; volta as aula e sua relação com a gripe
H1N1; e abertura da escola para os pais assistirem a um dia de aula.
Em relação ao PDDE, divulgou-se que a escola, através do PDDE federal,
receberá R$ 4.339,80 sendo que, R$ 3.471,84 deve ser utilizado com despesas de
custeio e, R$ 867,96 deve ser utilizado com despesas de capital.
Na ata, ressalta-se que a diretora apresentou a proposta da equipe pedagógica
para o destino da verba: os recursos de capital e custeio deveriam ser investidos,
prioritariamente, na aquisição relacionada à literatura infantil e jogos pedagógicos
visando incentivar a leitura. Unanimemente, após uma referida discussão, houve a
aprovação da proposta. Em seguida, aponta-se que a diretora informou o valor referente
ao PDDE municipal, R$ 3.577,08, e conclui-se que a verba deveria ser utilizada na
manutenção escolar e na aquisição de materiais de secretaria e pedagógicos. Cita-se,
também, a compra de um desumidificador de papel, uma multifuncional ou scanner e
bebedouros para os alunos.
Nos relatórios de prestação de contas (Nova Odessa, 2009b), podemos verificar
que foram adquiridos livros paradidáticos, revistas, jogos, estantes de livros, materiais
escolares, material pedagógico, material de lazer, material de secretaria e material de
limpeza.
Já na segunda ata de reuniões (Nova Odessa 2010c), datada de vinte e dois de
abril de 2010, o “modelo” de reunião pouco muda: APM, Conselho de Escola e diretora
reunidos novamente. As pautas eram: análise dos documentos, pois se iniciava uma
nova gestão da APM; dia das mães; festa junina; PDDE municipal/gastos 2010.
Destacou-se que a primeira parcela (R$ 3.468,00) de um total de R$ 6.936,00
referentes ao PDDE municipal havia chegado e, então, após discussão dos conselheiros,
foi reforçado a compra de materiais de consumo, compra de um scanner, pintura das
salas de aula, aquisição de um computador, entre outros. Na ata, é ressaltada a
constatação de que o dinheiro recebido pelos PDDE federal (cerca de R$4.500,00) e
municipal serão insuficientes para comprar todos os materiais que se desejam e, então,
decidiu-se que será enviado um documento para a Coordenadoria de Educação
solicitando mais recursos.
Considerando os aspectos referentes à cultura e modo de organização dessa
instituição, alguns apontamentos podem ser realizados constatando, ou não,
teoricamente os levantamentos teóricos realizados nos capítulos anteriores. Para efeito
de análise, as reflexões a seguir irão se organizar através de dois eixos norteadores: o
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papel da União frente à escola pública através da criação de programas e as formas de
organização e condução da Unidade Executora.
Através da análise das atas de reuniões e, principalmente, do Plano Anual da
APM, podemos perceber que é dada importância ao fomento na melhoria na qualidade
do ensino oferecida naquela escola. Desse modo, assim como destacado no capítulo 1, é
extremamente importante que se criem maneiras de articulações sociais que, além de
estabelecer discussões, caracterizem-se como um meio de participação na fiscalização
do que é feito com a verba pública.
No caso do PDDE, e o FNDE, enquanto seu mantenedor que utiliza recursos do
salário-educação para manter programas, de fato, proporciona diversos movimentos no
interior da escola pública que vão desde a criação de modos peculiares de organização
até a manutenção/criação de padrões estabelecidos, ou não. Devemos estar atentos a
diversas questões como: a quem o programa beneficia? A origem dos recursos é segura?
Quem determina o que será enviado para cada escola? Quais critérios são estabelecidos?
O IDEB mede, realmente, a qualidade da Educação? A quantidade de alunos
matriculados é um referencial que justifica a maior ou menor quantidade de recursos?
Os recursos são suficientes?
Conforme mostrado no Capítulo 1, apenas um terço de 2.5% descontados da
folha de pagamentos dos empregados são utilizados para o FNDE manter todos os seus
programas. Desse modo, pensemos no papel que este fundo exerce na Educação e,
principalmente, se os recursos disponibilizados garantem, de fato, a melhoria da
qualidade da Educação oferecida. Vejamos, por exemplo, nas atas onde se frisa que os
recursos a serem enviados não serão suficientes para atender todas as necessidades da
unidade escolar.
Através da reflexão referente aos principais aspectos definidos nas
determinações legais acerca do financiamento da Educação percebemos que os
caminhos traçados para a escola, nem sempre, priorizam melhorar, efetivamente, o
ensino, mas sim a manutenção da ordem que encontra na Educação terreno propício
para a difusão e adequação de interesses particulares.
Na escola estudada, a APM, já existente, assumiu papel da Unidade Executora
cabendo a ela, então, conforme mostrado em seus objetivos, além de promover eventos
diversos, administrar a verba referente ao PDDE federal e municipal.
Levando em conta as especificidades da Unidade Escolar em questão, constata-
se que, no caso estudado, as reuniões referentes ao destino da verba do programa não se
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restringem apenas à APM/UEx: nela se reúnem, além destes, os membros do Conselho
Escolar e a diretora da instituição. Desse modo, podemos considerar que, no modo de
organização envolvendo mais indivíduos a decisão tende a se tornar mais abrangente,
pois conta com mais pessoas e cada uma delas possui opiniões distintas.
No entanto, conforme os apontamentos realizados no Capítulo 2, o próprio modo
de organização, funcionamento e execução do programa deve ser realizado de forma
muito acelerada, isto é, com prazos muito curtos para tomada de decisões que
necessitaram de uma discussão e reflexão mais ampla.
Percebeu-se nas duas atas de reuniões analisadas que elas foram feitas muito
rapidamente, que as decisões para o uso da verba já vieram pré-estabelecidas e foi
realizada apenas uma única reunião para se deliberar sobre os recursos do programa.
Notou-se, então, como, ao mesmo tempo em que atende algumas das muitas
necessidades da escola, o programa “força” a escola tomar decisões rápidas, sendo que
tempo para a realização da pesquisa de preços e efetiva compra do que for necessário
deve ser feita de forma aligeirada, pois senão a escola corre o risco perder a verba.
Dessa forma, é possível indagar sobre a referida autonomia que é dada aos
membros da UEx e aos demais participantes das deliberações através da definição no
programa, já que, ao nosso ver, a autonomia é proporcionada através de uma
participação que condiz com um comportamento esperado.
Os aspectos presentes no modelo de gestão gerencial, conforme apontados no
capítulo anterior, instauram no interior da escola um modo de administração no qual se
dá ênfase apenas aos aspectos procedimentais e burocráticos; é possível perceber como
não são destacadas nas atas quais discussões foram realizadas para se tomar
determinadas decisões sobre o destino da verba, sendo que apontam apenas sugestões
para o destino da verba que já vêm estabelecidas por pautas previamente elaboradas.
Ao que parece, não existe espaço, por conta do pouco tempo, para que ocorra
um maior envolvimento, de fato, de toda a comunidade escolar no que tange as
discussões sobre os reais objetivos do programa como também sobre o uso dos recursos.
Conforme analisado no Plano Anual da APM, destaca-se que será divulgado em
assembléia para toda a comunidade o que foi feito com a verba do programa. No
entanto, cabe indagar primeiramente se realmente a comunidade participa efetivamente
dessas discussões e, principalmente, se as assembléias são realizadas em horários
compatíveis com os da comunidade escolar que, geralmente, trabalha o dia todo e
realiza diversas atividades.
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Para refletir sobre um modelo ideal, em nossa visão, acreditamos que deveriam
ocorrer quantas reuniões fossem necessárias para esclarecer desde o funcionamento do
PDDE até sobre o modo de administrar a verba para, então, realizarem discussões
acerca do que será feito com os recursos do PDDE. No entanto, percebe-se que, além de
se discutirem assuntos referentes a festas, visitas, etc., o programa é apenas citado de
modo que já se traz uma proposta e todos já concordam sem refletir ou discutir sobre se
essas são as reais necessidades daquela instituição ou, até mesmo, quais são os reais
objetos da inserção desse tipo de programa dentro da escola pública.
Através dos apontamentos proporcionados pelos documentos fornecidos à luz do
que fora discutido nos capítulos anteriores percebemos que as relações estabelecidas na
APM/UEx em alguns pontos, por conta de suas especificidades locais e culturais,
manifestam-se contrariamente ao que foi pontuado no capítulo anterior. No entanto, em
muitos outros aspectos, percebemos que esta organização traz consigo traços do modelo
de gestão gerencial.
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Considerações finais
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rapidamente por conta do pouco tempo disponibilizado para administração da verba e de
como as pessoas acreditam, cada vez mais, que a situação dada é cômoda a partir do
momento em que se distribuem os recursos diretamente para a conta da Unidade
Executora, sem a referida interferência de outras instâncias.
O segundo movimento citado transcende todos os aspectos levantados
academicamente e somente pôde ser visto por meio da análise dos dados, pois se refere
às especificidades e peculiaridades de cada Unidade Escolar e de cada Unidade
Executora. Cada escola possui características que lhe são próprias sejam por traços
cultuais, políticos e econômicos.
Desse modo e apesar de todos os movimentos citados, o modo de gerir os
recursos deve ocorrer de modo que se realizem discussões que vão desde o movimento
que impulsionou a criação do PDDE e sobre quais caminhos a verba percorre até chegar
às escolas. Logo, as características culturais de cada Unidade Escolar irão interferir
muito no modo de conceber a forma de realizar o programa. No entanto, este
movimento foi pouco visto na análise dos dados como também nas reflexões
acadêmicas, não por apatia dos gestores ou participantes da comunidade escolar, mas
sim pelo seu formato atual no qual há poucas chances de reflexões profundas sobre as
transformações que o programa está produzindo nas escolas, sobretudo na gestão.
O estudo realizado durante o desenvolvimento deste trabalho, além da formação
como Pedagoga, proporcionou a compreensão de alguns dos inúmeros e distintos
aspectos acerca do processo no qual se criam e se fundamentam as políticas públicas no
âmbito no Financiamento da Educação. Todos os levantamentos realizados de maneira
acadêmica, seja na leitura de textos, sejam nas discussões realizadas no interior do
grupo de estudo e pesquisa, foram extremamente relevantes para que este trabalho tenha
logrado êxito.
É inegável a importância que a inserção de recursos diretos na escola representa
quando refletimos sobre a trajetória histórica do Financiamento da Educação no Brasil.
No entanto, não se podemos acreditar e aceitar que esta seja a medida final para se
alcançar a democracia dentro da escola pública e sim o primeiro passo de muitos que
devem ser dados.
Programas como o PDDE, além de sua enorme carga condizente com o sistema
no qual estamos inseridos, trazem dentro de si avanços significativos no que tange o
aumento das discussões nos espaços públicos, pois, a nosso ver, as inúmeras
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repercussões do programa em cada Unidade Escolar justificam o estudo e reflexão sobre
a importância da efetiva democratização.
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Referências bibliográficas
AZEVEDO, Maria Lins. Implicações da nova lógica de ação do estado para a educação
municipal. Educ. Soc. v.23 n.80. Campinas set. 2002.
LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira; TOSCHI, Mirza Seabra (Org.).
Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003.
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NOVA ODESSA, Prefeitura Municipal de Nova Odessa. Ata da Reunião
Extraordinária dos Membros do Conselho de Escola e da APM da EMEF Jardim São
Manuel. 2009a
NOVA ODESSA, Prefeitura Municipal de Nova Odessa. Plano Anual da APM- 2010.
2010b.
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