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DESIGN SOCIOAMBIENTAL – INOVAÇÃO E ARQUITETURA

Jessica dos Santos¹, Karine Heichuk¹, Lucas Ronan Gonçalves¹, Ricardo Horewicz¹

¹ Acadêmicos do curso Arquitetura e Urbanismo, Campus Ponta Grossa/PR, Cesumar- Unicesumar

RESUMO

Este artigo tem o objetivo de reportar o conceito e a aplicabilidade de temas não tão novos, mas
ainda não tão difundidos como a Sustentabilidade e a Economia Circular, trazendo concepções de
alguns autores e soluções práticas por parte de renomados arquitetos. Neste sentido, buscaram-se
ideias dentro da área da arquitetura, trazendo um eco produto fruto de materiais caraterísticos dessa
economia, para uso, principalmente, da população que carece de itens básicos para a existência,
com baixo custo, responsabilidade ambiental e de fácil manuseio.
PALAVRAS- CHAVE: Sustentabilidade; Reciclagem; Economia circular; Ecoproduto.

1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa busca de forma teórica explanar e compreender como


funciona a sustentabilidade juntamente com a utilização da economia circular.
Também visa a criação de um produto de baixo custo, com o reuso de materiais ou
eco materiais. Dito isso foi pensado em um produto de fácil manuseio, com projeto
de montagem autoexplicável (onde qualquer pessoal de qualquer lugar do mundo
possa montar) e de baixo custo, utilizando um material que anteriormente era refugo
em gráficas: o tubo de papelão.
Baseado em pesquisas bibliográficas e projetos arquitetônicos de
consagrados arquitetos como Shigeru Ban e Kengo Kuma, buscou-se desenvolver
um projeto em escala micro, mas com a utilização dos mesmos materiais daquele e
com nuances arquitetônicas deste.
O objetivo esperado ao final deste projeto é que outras pessoas possam
refletir a respeito do uso demasiado de produtos e a finitude dos materiais, que
ideias como essas possam surgir cada vez mais e que a economia circular possa se
tornar uma realidade na sociedade.

2 RECICLAGEM
A reciclagem, é uma ação importante no mundo, conhecida como o
processo de reaproveitamento de materiais descartados, sendo importante tanto
para o Meio Ambiente, quanto para as pessoas. Reciclar permite a redução e
produção de lixo, aumentando a preservação dos recursos naturais e melhorando a
qualidade de vida. Uma forma de reciclar é destinar os resíduos, que podem ser
reaproveitados a serem transformados em novos produtos.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, instituída no dia 2 de
agosto de 2010 sob a Lei nº 12.305 em seu artigo 3º traz a definição de reciclagem:
Processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a
alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas,
com vista a transformação em insumos ou novos produtos,
observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos
competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa. (Lei nº
12.305, artigo Art. 3o, capítulo XIV).

Assim, para acontecer à reciclagem é preciso inicialmente que os resíduos


sólidos gerados diariamente sejam separados de resíduos orgânicos, químicos, ou
que não podem ser reutilizados, como hospitalares, passando a serem lavados e
secados, para serem entregues aos coletores de material reciclado ou para o
caminhão de coleta seletiva.
Considerando esta questão, ao pensar na reciclagem e na produção de um
eco produto proposto nesta pesquisa, fez-se necessário em um primeiro momento a
investigação de materiais com potencial de reuso, presentes no campo da
arquitetura e construção civil.
Desta forma, surge através das vivencias de um dos autores, que atua na
impressão de projetos, a indagação do reuso de tubos de papelão, descartados
para reciclagem após o uso de 100 metros de papel sulfite. Diariamente, são
impressos diversos projetos arquitetônicos, gerando desta forma uma alta produção
de resíduos de tubo de papelão, que são descartados pela empresa e
disponibilizados para coletores de material reciclado (Figura 01).

Figura 01 – Local de descarte do material.


Fonte: Arquivo pessoal.
Diante disso, onde um material de reciclagem está exposto de maneira
inadequada, podemos verificar em muitos casos que a reciclagem ainda não é
levada em consideração como fator de importância, considerando o descarte sem
conhecimento do que um resíduo pode se transformar.
Pensando nisso, que esta pesquisa avança para o entendimento do reuso
de materiais a frente da economia circular, compreendendo como esta funciona e
como podemos adiante transformar o tubo de papelão em um novo produto,
partindo de estudos de caso, onde arquitetos já usam este material no campo da
arquitetura.

3 ECONOMIA CIRCULAR

A Revolução Industrial foi o marco do aumento do consumo, desde então


esse crescimento tem sido exponencial, e na maioria das vezes sem qualquer filtro
do quanto aquilo que está sendo consumido é necessário, podendo ser assim
elencado dentro da Economia Linear. Para Denise Carvalho em seu livro “Economia
Circular”, 2021, o modelo linear baseia-se na visão de curto prazo, na redução de
custos, e não gera valores diferenciais no mercado, com produtos duráveis e de
melhor qualidade.
Em contraposição a Economia Linear, a Economia Circular visa o produto, o
quão durável, sustentável e necessário ele é. Para bem definir esse modelo
Carvalho diz:
... a Economia Circular (EC) é restaurativa e regenerativa desde o
princípio. Ela tem como objetivo a manutenção do uso e valor dos
produtos, componentes e materiais durante todo o tempo. É um modelo
que otimiza o fluxo de bens e produtos e, com isso, maximiza o
aproveitamento dos recursos a Economia Circular (EC) naturais e
minimiza a geração de resíduos. D.M.C (2021).

Esse novo olhar sob o consumo proporciona ao planeta uma forma de


“respiro”, pensando em formas sustentáveis, utilizando de forma mais eficaz os
recursos naturais. Neste sentido Joao Neto (2021) em seu livro “Economia Circular”
escreve:

...a Economia Circular fundamenta-se no princípio de que o


funcionamento do sistema econômico, considerado nas escalas
temporal e espacial mais amplas, deve ser compreendido tendo-se em
vista as condições do mundo biofísico sobre o qual este se realiza, uma
vez que é deste que derivam a energia e matérias-primas para o próprio
funcionamento da economia. (J.N.2021).
Ainda sob a finitude do planeta e um olhar sustentável com o uso da
economia circular, Neto (2021) fala:

Na perspectiva da economia circular, o sistema econômico deve ser


compreendido como um subsistema de um maior, o qual impõe uma
restrição absoluta à expansão da economia. Sob tal visão o nosso
planeta possui uma capacidade de carga que não é conhecida com
precisão pela ciência, o que torna necessário adotar uma postura
precavida em relação à produção material da sociedade. (J.N.2021).
Uma boa notícia é que cada vez mais a postura empresarial tem mudado e o
comportamento tem sido mais pensado em relação aos impactos do consumo pelo
consumo. Medidas tem sido tomada, empresas tem se interessado por pautas e
uma mudança de paradigma, mesmo que lenta, pode ser vista. Reforçando isso
Neto, (2021) diz:

Ao longo das últimas décadas as empresas têm evoluído para um


comportamento mais proativo em relação aos impactos ambientais da
produção, uma vez que os danos causados pelas atividades produtivas
deixaram de ser vistos apenas como uma questão de custos (Princípio
do Poluidor Pagador) para se tornarem os principais alvos das práticas
ambientalistas de toda a sociedade, representada institucionalmente
pela composição dos stakeholders (Neto, 2021, apud VINHA, 2003).

Como ilustração e modelo de uso Neto (2021) traz o Parque Industrial de


Burnside, localizado no Canadá, que inicialmente não foi projetado com um modelo
de ecossistema industrial, mas posteriormente entrou como piloto para tal, contando
assim que inúmeras ações, tais como:
- reciclagem de papelão ondulado que é recolhido por uma empresa
localizada no parque e enviada para fora do parque a fim de ser
reprocessado em painel de revestimento;
- a reutilização do excesso de poliestireno da empresa de computadores
por uma empresa de embalagens.
- uma variedade de empresas de reciclagem e reutilização que lidam
com cartuchos de toner, recoloração de fitas, recauchutagem de pneus
e remodelação de móveis.
- potencial para um programa de recuperação de prata para a indústria
gráfica (25 empresas de impressão estão localizadas no parque),
combinando recursos para comprar sistemas de recuperação de prata.
- potencial para uma troca de tinta entre as 21 empresas que usam tinta
em seus processos ou distribuem tinta para clientes. Aproximadamente
5038 litros de tinta são atualmente desperdiçados a cada ano com um
valor total de $ 52.000. Estabelecer um programa de “troca de tinta”
poderia reduzir esse desperdício.
- potencial para troca entre as 19 empresas que fabricam, distribuem ou
comercializam produtos químicos. (J.N.2021).

Isso posto, o conceito e utilização da Economia Circular como um modelo


econômico reorganizado focado na coordenação dos sistemas de produção é
apresentado como um conceito operacional no caminho para a mudança de
paradigma, tendo em vista enfrentar os problemas ambientais e sociais decorrentes
da globalização dos mercados e do atual modelo econômico baseado numa
economia linear de “extração, produção e eliminação”
(https://eco.nomia.pt/pt/economia-circular/estrategias, acesso em 04/09/2022).

4 SUSTENTABILIDADE

Partindo do tópico anterior, a consciência industrial em relação ao consumo,


ao uso dos recursos e o futuro do planeta tem direta ligação ao termo
sustentabilidade. Para tanto é necessário trazer algumas definições para esse
termo. Adriana Pereira em seu livro “Sustentabilidade, responsabilidade social e
meio ambiente” de 2011 diz:

Sustentabilidade pode ser definida como a característica de um


processo ou sistema que permite que ele exista por certo tempo ou por
tempo indeterminado. Nas últimas décadas, o termo tornou-se um
princípio segundo o qual o uso dos recursos naturais para a satisfação
das necessidades presentes não deve comprometer a satisfação das
necessidades das gerações futuras. (PEREIRA, 2011).

A sustentabilidade envolve atender às necessidades do presente sem


comprometer a possibilidade de as futuras gerações também satisfazerem suas
necessidades. É a busca pelo equilíbrio entre o suprimento das necessidades
humanas e preservação dos recursos naturais, não comprometendo as próximas
gerações.

Para Pereira (2011) “uma sociedade sustentável é aquela que não coloca
em risco os recursos naturais – água, solo, vida vegetal, ar – dos quais depende.
Sendo, sustentabilidade um conceito relacionado à conservação ou à manutenção
de um cenário no longo prazo, de modo a lidar bem com possíveis ameaças.
Todas as definições de sustentabilidade trazem a conscientização, ou
melhor, a busca pela conscientização do uso dos recursos naturais, mostram a
importância de se olhar ambiente como um todo e não como um fim, alongando seu
uso de forma saudável.
Para que essa conscientização fosse e continuasse mantida, muitas
Organizações não governamentais entraram no circuito e cada vez mais tentam
regulamentar o desenvolvimento sustentável. Um exemplo disso é a Comissão de
Brundtland, a qual visa estabelecer uma relação harmônica do homem com a
natureza. A despeito desta comissão e seus desdobramentos Reinaldo Dias em seu
livro Gestão Ambiental – Responsabilidade Social e Sustentabilidade (2017) diz:

Procura estabelecer uma relação harmônica do homem com a natureza,


como centro de um processo de desenvolvimento que deve satisfazer às
necessidades e às aspirações humanas. Enfatiza que a pobreza é
incompatível com o desenvolvimento sustentável e indica a necessidade
de que a política ambiental deve ser parte integrante do processo de
desenvolvimento e não mais uma responsabilidade setorial
fragmentada. (DIAS, 2017).

Ainda:

O relatório define as premissas do que seria o Desenvolvimento


Sustentável, o qual contém dois conceitos-chave: primeiro, o conceito de
“necessidades”, particularmente aquelas que são essenciais à
sobrevivência dos pobres e que devem ser prioridade na agenda de
todos os países; segundo, o de que o estágio atingido pela tecnologia e
pela organização social impõe limitações ao meio ambiente, que o
impedem consequentemente de atender às necessidades presentes e
futuras. (DIAS, 2017).

Desses relatórios, ainda segundo Dias, “resultam daí os principais objetivos


das políticas ambientais e desenvolvimentistas, que em síntese são:
a) retomar o crescimento;
b) alterar a qualidade do desenvolvimento;
c) atender às necessidades essenciais de emprego, alimentação,
energia, água e saneamento;
d) manter um nível populacional sustentável;
e) conservar e melhorar a base de recursos;
f) reorientar a tecnologia e administrar o risco;
g) incluir o meio ambiente e a economia no processo de tomada de
decisões.”

Assim sendo, com afinco das empresas e supervisão das leis e


organizações, um novo cenário se desenha, uma nova consciência toma corpo e
uma nova cultura pode estar sendo criada, onde todos são um todo, uma única
direção para a “salvar” o planeta.

5 DESIGN DE PRODUTOS

Os temas abordados anteriormente vêm diretamente ao encontro da criação


de novos produtos, pensar um novo produto não pode, a partir do explanado acima,
ser criado apenas ao bel prazer do usuário, há de ser ter uma consciência em sua
utilização, qual o papel que ele irá desenvolver no planeta. Para tanto é importante
entender todo o processo.
Segundo Robert G. Cooper, no livro Produtos que dão certo: como criar valor
e desenvolver produtos inovadores (2013, p.7):

Desenvolver e lançar novos produtos verdadeiramente diferenciados é


coisa rara nos dias de hoje para a maioria das empresas. Pesquisas
mostram que um dos fundamentos da rentabilidade do desenvolvimento
de novos produtos é desenvolver e lançar um produto único e superior
com uma proposta de valor atraente. Porém, isso é mais fácil de dizer
do que de fazer, tendo em vista que os mercados estão maduros e cada
vez mais “comoditizados”, o que dificulta a criação desse novo produto
“revolucionário” ou “transformador”. (COOPER, 2013).

Para Mike Baxter em seu livro Projeto de Produtos, 2011 o desenvolvimento


de novos produtos é uma atividade importante e arriscada. Diversos fatores devem
ser levados em consideração sendo eles a orientação para o mercado,
planejamento e especificação e fatores internos a empresa.

A criação de um novo produto não segue uma receita, ou molde, porém


estudos sugerem métodos de concepção. Aida Franco Lima em seu livro Design de
produto (2021 p.19) descreve os métodos funil e cascata. Como segue o método
funil:

...o Funil, ou denominado Funil de Decisões, é usado para analisar as


probabilidades de risco e as incertezas durante o desenvolvimento de
um produto em busca da melhor alternativa que se adeque ao resultado
almejado. Para tanto, há uma série de etapas que devem ser seguidas.
(LIMA,2021).

Ainda por Lima método cascata:


...denominado Cascata, ou Waterfall, em inglês, enquadra-se na
denominada abordagem preditiva ou tradicional, muito adotada pelas
organizações de modo geral. Como se fosse uma cascata, cada etapa
só tem início quando a anterior é encerrada, com a aprovação das
partes interessadas. (LIMA,2021).

As definições e conceitos de criação de produtos supracitados mostram que


não há uma forma única para criar, porém existem metodologias a seguir para um
fim de sucesso, utilizando essas metodologias e tantas outras que a literatura
sugere o design poderá além de apenas atualizar produtos já existente, utilizar-se
de técnicas em que o produto final ficará mais tecnológico, durável e ecológico.

6 CORRELATOS DE PROJETOS

Nos dias atuais existe uma vasta variedade de materiais que podem ser
utilizados na construção civil e na arquitetura, as formas como esses materiais são
utilizados diferenciam-se de acordo com a sua finalidade.
Dentre estes materiais estão os tubos de papelão, para poder nortear esse
trabalho, foram selecionadas aduas obras de Shigeru Ban ganhador do prêmio
Pritzker ArchDaily (2014).
Toda via, a primeira vez que esse material foi utilizado para construção civil,
data de 1970 nos estados unidos, onde o engenheiro estrutural Led Zetlin construiu
uma ponte para a International Paper Company figuras 01 e 02. (MINKE, 1980 apud
de Cássia Salado, G., & Sichieri, E. P. 63).

Figuras 02 e 03 - Ponte de tubos de papelão, EUA.


Fonte: Minke, 1980, p.52.
Em 1976, no Rensselaer Polytechnic Institute, Nova Iorque, Martin Pawley
utilizou a mesma técnica para a construção de uma residência de 60 m² utilizando
tubos de papelão de 10 cm de diâmetro, preenchidos internamente com latas e
garrafas – figura 03. (MINKE, 1980). Figura 03 – Experimento de Martin Pawley com
tubos de papelão, EUA. Fonte: Minke, 1980, p.56 apud de Cássia Salado, G., &
Sichieri, E. P. 63).

Figura 04 – Experimento de Martin Pawley com tubos de papelão, EUA.


Fonte: Minke, 1980, p.56.
Desta forma, nota-se que os tubos de papelão são materiais versáteis e
podem ser utilizados de várias maneiras e uma das primeiras obras de Shigeru Ban
em que aparece o tubo de papelão como protagonista na arquitetura do edifício foi o
Pavilhão de Odawara, no Japão, construído em 1990 onde o arquiteto utilizou o
material para uma vedação metálica. Nesta obra foi utilizado uma estrutura metálica
e os tubos de papelão serviram para criar a vedação do espaço protegendo contra
os ventos fortes e a chuva, conforme a imagem a seguir.

Figura 05 – Vista externa do Pavilhão de Odawara.


Fonte: The Japan Architect, summer 1998, p.104.

Nesta edificação temporária foram utilizados tubos transparentes de vinil


de pequenos diâmetros entre os tubos de papelão, permitindo assim a entrada de
luz natural. Tubos de 123cm de diâmetro foram utilizados para os sanitários (THE
JAPAN ARCHITECT, summer 1998).
Conforme demonstrados nas plantas baixas Figuras 05 e 06 mostra o
sistema construtivo de ligações dentre os tubos e por esse detalhe é possível ver
como foram fixados em uma madeira em formato de diafragma (de Cássia Salado,
G., & Sichieri, E. P. 63).

Figura 06 – Planta baixa do Pavilhão de Odawara / Figura 07 – Detalhe construtivo.


Fonte: The Japan Architect, summer 1998, p.104 e 105.
Desta forma, nota-se que além de apenas um complemento arquitetônico a
edificação, este fez-se parte estrutural do projeto, além desse instrumento de
pesquisa para elaboração de um produto proveniente deste mesmo material. Além
desta obra o arquiteto Shigeru Ban é reconhecido por outras obras utilizando este
mesmo material, como exemplo temos a icônica Catedral de Papelão na Nova
Zelândia. Dois anos após o terremoto de 6.3 pontos de magnitude que atingiu a
cidade de Christchurch na nova Zelândia, Shigeru Ban projetou esta edificação com
uma vida útil de 50 anos até a catedral Anglicana de 1864 seja reconstruída

Figura 08 – Catedral de Papelão.


Fonte: The Japan Architect, summer 1998, p.104.
Construída em uma estrutura em formato de “A”, foram utilizados 98 tubos de
com o mesmo tamanho e 8 contêineres de aço, garante ser segura a terremotos,
para garantir a integridade foi utilizado também poliuretano à prova d'água e
retardantes contra incêndio e recoberto por uma cobertura translúcida de
policarbonato.
Shigeru Ban, que vem trabalhando com tubos reciclados como material
construtivo desde 1986, declarou que "a força do edifício não tem nada
a ver com a força do material." E acrescentou: "mesmo edifícios de
concreto podem ser facilmente destruídos por terremotos, mas edifícios
de papel não." (ROSENFIELD, Karissa, 2014).

A primeira missa foi celebrada em 11 de agosto de 2014, recebeu 700


fiéis e foram recepcionados com um vitral colorido gravado com imagens da fachada
da catedral original.
Figura 09– vitrais da Catedral de Papelão.
Fonte: The Japan Architect, summer 1998, p.104.
7 DESIGN ECO PRODUTO – CORTINA/ PERSIANA

Levando em consideração a pesquisa realizada e os materiais disponíveis


para criação de um eco produto, foi possível juntar o belo ao útil, de forma simples,
onde todos possam executar o projeto. A principal motivação para a criação deste
produto, foi de poder oportunizar qualquer pessoa de adquirir um produto com baixo
custo, o qual na maioria das vezes é encontrado no mercado com um alto custo,
impossibilitando sua aquisição.
Desta forma, o produto a ser criado é uma cortina persiana, utilizando-se
de tubos de papelão descartados por gráficas e papelarias. A matéria prima
primordial usada, chegará em designs diferentes, na sua forma, tamanho e direção,
porém mantendo sempre o conceito inicial. A confecção e montagem é simples,
porém com um resultado estético e prático surpreendente, trazendo vedação
lumínica e sensações estéticas de luz e sombra. O design contará com cortes no
tubo formando encaixe para que o processo de abertura e fechamento sejam
possíveis.
A montagem em detalhes, com passo a passo, será elaborado em uma
próxima etapa desta pesquisa.
Para apreciação inicial as figuras e o link abaixo demonstram o futuro
resultado:
Figura 10 – Arquivo pessoal – Croqui inicial Figura 11 – Arquivo pessoal – Renderização

Figuras 12 e 13 – Arquivo pessoal – Renderização.


https://twinmotion.unrealengine.com/presentation/Ch6TzMBOqccEqd09

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um produto não é apenas um produto, se as máximas reciclagem e


economia circular caminharem juntas. Entendido esses conceitos um produto é,
após o final de sua vida útil, uma matéria prima, pode ser transformado e reutilizado
para outros fins. Essa demanda é tão importante para o mundo que deve ser
inserida no início da formação de um profissional (em especial aqui um arquiteto),
tornando-o eco consciente.
Considerando que o descarte mensal deste material é elevado, baseado
nas coletas realizadas para confecção do projeto, percebe-se a facilidade de o
encontrar, o que torna ainda mais viável a reprodução deste produto como "Open
Source". Ainda, pode-se perceber que este material poderá ajudar muitas pessoas
que buscam por materiais e maneiras de personalizar o ambiente, por meio do “DIY"
(abreviação do termo em inglês (Do-it-yourself), ou Faça você mesmo.
REFERÊNCIAS

___________, O QUE É A ECONOMIA CIRCULAR? Um modelo económico


reorganizado focado na coordenação dos sistemas de produção e consumo em
circuitos fechados. Eco.nomia. Disponível em: <https://eco.nomia.pt/pt/economia-
circular/estrategias> Acesso em: 04/09/2022
BAXTER, Mike. São Paulo: Edgard Blücher, 2011. 342 p.: il.; 26 cm. Language:
Portuguese, Base de dados: Sistemas de Bibliotecas UNICESUMAR
BAXTER, Mike. Projeto de produto: guia prático para o design de novos
produtos. Disponível em: Minha Biblioteca, Editora Blucher, 2011.
CARVALHO, Denise da S. M. Economia Circular. São Paulo. 1ª Ed. Editora
Saraiva.2021
COOPPER, Robert G. Produtos que dão certo: como criar valor e desenvolver
produtos inovadores. Disponível em: Minha Biblioteca, Editora Saraiva, 2013.
DE CÁSSIA SALADO, Gerusa; SICHIERI, Eduvaldo Paulo. 63-Sistemas
Construtivos Compostos por Tubos De papelão.
Decreto Lei nº 12.305, artigo Art. 3o, capítulo XIV, 2010. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso: 04
set. 2022.
DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental - Responsabilidade Social e Sustentabilidade.
Disponível em: Minha Biblioteca, (3rd edição). Grupo GEN, 2017
FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. "O que é sustentabilidade?"; Brasil Escola.
Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/quimica/o-que-e-
sustentabilidade.htm>. Acesso em 15 de setembro de 2022.
LIMA, Aida Franco D. Design de produto. Disponível em: Minha Biblioteca, Editora
Saraiva, 2021.
NETO, João, A. et al. Economia Circular, Sistemas Locais de Produção e
Ecoparques Industriais. Disponível em: Minha Biblioteca, Editora Blucher, 2021.
PEREIRA, Adriana, C. et al. Sustentabilidade, responsabilidade social e meio
ambiente. Disponível em: Minha Biblioteca, Editora Saraiva, 2011.
ROSENFIELD, Karissa. "Prêmio Pritzker 2014: Novas fotos da Catedral de
Papelão de Shigeru Ban na Nova Zelândia" [Newly Released Photos of Shigeru
Ban's Cardboard Cathedral in New Zealand] 25 Mar 2014.
TEIXEIRA, Julio Cesar. Sustentabilidade: o que é, como funciona, benefícios e
exemplos. FIA. Disponível em: <https://fia.com.br/blog/sustentabilidade/>. Acesso
em 15 de setembro de 2022.

Link apresentação:

https://photos.app.goo.gl/dFeSFdWPiuSdBfR66
Material de divulgação do produto:

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