O documento descreve os conceitos básicos da indústria química no Brasil, incluindo: 1) A indústria química transforma matérias-primas naturais em produtos mais úteis através de processos químicos e físicos; 2) A indústria química brasileira é centrada em três pólos petroquímicos que convertem petróleo, gás natural e carvão em produtos básicos; 3) Esses produtos básicos são usados por indústrias de segunda e ter
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Título original
Apostila - Princípios Básicos Da Indústria Química - Mod -I - IfS - FLGL - 2013
O documento descreve os conceitos básicos da indústria química no Brasil, incluindo: 1) A indústria química transforma matérias-primas naturais em produtos mais úteis através de processos químicos e físicos; 2) A indústria química brasileira é centrada em três pólos petroquímicos que convertem petróleo, gás natural e carvão em produtos básicos; 3) Esses produtos básicos são usados por indústrias de segunda e ter
O documento descreve os conceitos básicos da indústria química no Brasil, incluindo: 1) A indústria química transforma matérias-primas naturais em produtos mais úteis através de processos químicos e físicos; 2) A indústria química brasileira é centrada em três pólos petroquímicos que convertem petróleo, gás natural e carvão em produtos básicos; 3) Esses produtos básicos são usados por indústrias de segunda e ter
COQUI/IF-SERGIPE Professor Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes Curso Tcnico de Nvel Mdio em Qumica
2 1. CONCEITOS BSICOS
1.1. INDSTRIA QUMICA A indstria qumica, em geral, converte as matrias-primas no seu estado natural em uma forma mais til. Como exemplo pode-se citar a indstria do petrleo que transforma esta matria bruta, sem aplicao comercial nesta forma, em diversos combustveis. Indstrias que transformam madeira em papel e celulose, enxofre em cido sulfrico, ar e gs natural em amnia e uria, etc. Considerando que as principais fontes de matria-prima para obteno de produtos intermedirios so petrleo, gs natural e carvo mineral, a indstria qumica do Brasil est estruturada de tal forma que a origem encontra-se nos plos petroqumicos. Estes foram implantados, nas dcadas de 70 e 80, como conjuntos de indstrias de primeira gerao (up-stream) e de segunda gerao (down-stream) ao mesmo tempo e com capacidade para atender a toda demanda necessria para alavancar a indstria qumica brasileira atravs do fortalecimento da indstria de base. Esta forma de organizao deu origem a trs plos petroqumicos representantes da totalidade das empresas de primeira e segunda gerao, so eles: So Paulo (Petroqumica Unio - www.pqu.com.br), Bahia (Plo Petroqumico de Camaari - www.coficpolo.com.br) e Rio Grande do Sul (Plo Petroqumico de Triunfo - www.copesul.com.br) e, em fase de implantao, Rio de Janeiro.
Figura 1. Vista area do Plo Petroqumico de Camaari. COQUI/IF-SERGIPE Professor Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes Curso Tcnico de Nvel Mdio em Qumica
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Figura 2. Vista do Plo Petroqumico de Camaari.
So chamados de indstrias de primeira gerao aquelas que utilizam matrias-primas provenientes do petrleo, principalmente nafta, gs natural e carvo mineral e as transformam em produtos petroqumicos bsicos, dos quais os principais so: metano, eteno, propeno, srie dos butenos, petroqumicos cclicos (benzeno, tolueno, xilenos), metanol, etc. So comumente chamadas de Centrais de Matrias-Primas (CPM). O processo produtivo das indstrias de segunda gerao caracterizado pela transformao das diversas matrias-primas bsicas em produtos intermedirios, como por exemplo monmeros para indstria de plsticos e afins, e intermedirios qumicos bsicos. O destino destes produtos so as chamadas indstrias de terceira gerao, tambm conhecidas como indstrias de transformao. Atravs de operaes qumicas e/ou fsicas, processam os produtos intermedirios para manufaturar os bens de consumo que chegam at o consumidor. Assim, alguns destes produtos sero utilizados pelo consumidor final (bens de consumo), enquanto outros ainda sofrero algum processamento antes de serem ofertados ao consumidor final (bens de produo). A indstria qumica abrange a produo de ambos os tipos. COQUI/IF-SERGIPE Professor Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes Curso Tcnico de Nvel Mdio em Qumica
4 A Figura 2.b apresenta o exemplo da BRASKEM, que mostra a integrao entre estes trs tipos de indstrias e a Figura 3 apresenta um diagrama de blocos do Complexo Industrial de Camaari-BA.
A Braskem integra as operaes de primeira e segunda geraes da petroqumica no Brasil, obtendo vantagens competitivas, como escala de produo e eficincia operacional. A primeira gerao produz matrias-primas bsicas como eteno e propeno, fundamentais para a segunda gerao, que envolve a fabricao de resinas termoplsticas (PE, PP e PVC), utilizadas posteriormente pela indstria transformadora para fabricar produtos de consumo. As resinas termoplsticas produzidas pela Braskem tm origem no petrleo (nafta e gs de refinaria), no gs natural e no etanol de cana-de-acar, matria-prima renovvel utilizada na produo de eteno verde. Fonte: http://www.braskem.com.br/site.aspx/Braskem-Perfil
Figura 2b. Perfil da BRASKEM (site http://www.braskem.com.br/site.aspx/Braskem-Perfil).
O Polo Petroqumico de Camaari iniciou suas operaes em 1978. o primeiro complexo petroqumico planejado do Pas e est localizado no municpio de Camaari, a 50 quilmetros de Salvador, capital do Estado da Bahia. Maior complexo industrial integrado do Hemisfrio Sul, o Polo tem mais de 90 empresas qumicas, petroqumicas e de outros ramos de atividade como indstria automotiva, de celulose, metalurgia do cobre, txtil, fertilizantes, energia elica, bebidas e servios. Com a atrao de novos empreendimentos para a Bahia, o Polo Industrial de Camaari experimenta novo ciclo de expanso, gerando mais oportunidades de emprego e renda para o Nordeste. A produo de automveis pela Ford e de pneus pela Continental e Bridgestone, no Polo de Camaari, consolida a trajetria de diversificao no Complexo Industrial e amplia as perspectivas de integrao do segmento petroqumico com a indstria de transformao. As principais linhas de aplicao dos produtos petroqumicos e qumicos so os plsticos, fibras sintticas, borrachas sintticas, resinas e pigmentos. Aps transformados, os produtos qumicos e petroqumicos resultam em embalagens, utilidades domsticas, mobilirio, materiais de construo, vesturio, calados, componentes industriais (indstria eletrnica, de informtica, automobilstica e aeronutica), tintas, produtos COQUI/IF-SERGIPE Professor Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes Curso Tcnico de Nvel Mdio em Qumica
5 de limpeza (detergentes), corantes, medicamentos, defensivos agrcolas e fertilizantes. O Polo Industrial de Camaari fabrica tambm automveis, pneus, celulose solvel, cobre eltroltico, produtos txteis (polister), fertilizantes, equipamentos para gerao de energia elica, bebidas, dentre outros, oferecendo ainda ampla gama de servios especializados s empresas instaladas em sua rea de influncia. Fonte: http://www.coficpolo.com.br/
Figura 3. Complexo Industrial de Camaari-BA.
O processo qumico corresponde transformao de uma dada matria prima em um ou mais bens de consumo, ou bens de produo, de utilidade para o homem, consistindo em um conjunto de etapas que envolvem alteraes na composio qumica e/ou alteraes fsicas no material que est sendo preparado, separado ou purificado. A existncia de um processo industrial implica na necessidade de um produto a ser fabricado. Qualquer que seja a indstria qumica em considerao, existiro etapas semelhantes entre elas que podem ser estudadas dentro dos princpios fsicos e qumicos envolvidos, independente do material que est sendo fabricado. Uma das partes principais de qualquer unidade de produo o reator qumico, onde ocorre a transformao de reagentes em produtos. Antes de entrarem no reator os reagentes passam atravs de vrios equipamentos, onde a presso, a temperatura, a composio e a fase so ajustadas para que sejam alcanadas as condies em que ocorrem as reaes qumicas. COQUI/IF-SERGIPE Professor Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes Curso Tcnico de Nvel Mdio em Qumica
6 Os efluentes do reator so, em geral, uma mistura de produtos contaminantes e reagentes no reagidos que devem ser separados em equipamentos apropriados para se obter o produto na pureza adequada. Em geral, em todos os equipamentos usados antes e aps o reator ocorrem apenas mudanas fsicas no material, tais como: elevao da presso (bombas e compressores), aquecimento ou resfriamento (trocadores de calor), mistura, separao, etc. Estas vrias operaes que envolvem mudanas fsicas no material, independente do material que est sendo processado, so chamadas de operaes unitrias, enquanto que as transformaes qumicas que ocorrem no reator so chamadas de processos unitrios. As Figuras 4-a e 4-b representam dois esquemas de um processamento qumico onde as operaes unitrias ocorrem nos equipamentos de transformao fsica, enquanto os processos unitrios de converso ocorrem no reator qumico.
Figura 4-a. Representao esquemtica de um processo qumico.
Figura 4-b. Representao em diagrama de blocos de um processo qumico. COQUI/IF-SERGIPE Professor Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes Curso Tcnico de Nvel Mdio em Qumica
7 As indstrias qumicas, que fabricam produtos que so usados por muitas outras indstrias, produzem em grandes quantidades porque as instalaes das fbricas so muito caras. Por isso no vale a pena montar fbricas para produzir quantidades pequenas. A Figura 5 mostra a distribuio das indstrias qumicas de grande porte no pas. O local para se instalar uma indstria qumica tem de ser muito bem pensado, porque precisa ficar perto da matria-prima, do consumidor e da fonte de energia. A indstria qumica consome muita energia, tanto na forma de calor como na forma de eletricidade.
Figura 5. Distribuio das indstrias qumicas de grande porte no pas.
2. CONCEITOS BSICOS
Os princpios bsicos que constituem o domnio das atividades tcnicas na indstria qumica envolvem o conhecimento de Operaes Unitrias, Mecnica dos Fluidos, Transferncia de Calor, Balanos de Materiais e Energia. Os principais conceitos fundamentais do ponto de vista das operaes unitrias so: a. Processo industrial a seqncia de operaes unitrias e/ou converses qumicas integradas e coordenadas para obter um produto ou uma etapa de produo (produtos intermedirios) do processo industrial. b. Produto COQUI/IF-SERGIPE Professor Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes Curso Tcnico de Nvel Mdio em Qumica
8 a matria (substncia, composto ou produto qumico) obtida como resultado do processamento industrial. c. Sub-Produto toda e qualquer matria obtida no final do processamento industrial que possui valor comercial inferior ao produto. d. Produto Intermedirio toda matria obtida aps cada etapa de produo. e. Rejeito todo sub-produto ou produto intermedirio sem valor comercial.
Exemplo: Produo de acar a partir da cana-de-acar.
Matria-prima: cana-de-acar Produto: acar. Etapas de produo do processo industrial: (1) Moagem: Sub-produtos:Caldo de cana, bagao e eventuais impurezas na forma de slidos em suspenso. (2 a ) Filtrao (opcional): * Separao do caldo de cana dos demais sub-produtos da moagem * (3) Concentrao: Sub-produtos: Caldo concentrado (melao) e gua na forma de vapor dgua. (4) Cristalizao: Sub-produtos: Acar cristalizado e vinhoto (caldo residual) (5) Centrifugao: * Separao do acar cristal do vinhoto * (6) Armazenamento do acar (7) Transporte do produto final Possveis Rejeitos: Bagao da Cana e Vinhoto COQUI/IF-SERGIPE Professor Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes Curso Tcnico de Nvel Mdio em Qumica
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Figura 5. Esquema da produo de acar.
f. Operaes Unitrias
As operaes unitrias so os blocos individuais que compem um processamento, dando origem a um produto final a partir de uma determinada matria-prima. Cada uma possui tcnicas comuns e est baseada nos mesmos princpios cientficos, independente da matria-prima ou do produto. Assim, os processos podem ser estudados sistematicamente, de forma unificada e simples. As operaes unitrias so aquelas que no envolvem reaes qumicas, mas apenas processos fsicos, como aquecimento, resfriamento, tranferncia de massa, condensao de vapores, etc. As indstrias modernas planejam suas plantas industriais de maneira a aproveitar ao mximo a energia consumida, e para tanto, importante conhecer as operaes unitrias. COQUI/IF-SERGIPE Professor Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes Curso Tcnico de Nvel Mdio em Qumica
10 As operaes unitrias podem ser agrupadas em cinco divises: a. Escoamento e transporte dos fluidos: em toda planta industrial necessrio transportar reagentes e produtos para diferentes pontos da planta. Como na maioria dos casos os materiais so fluidos (gases ou lquidos) necessrio determinar os tamanhos e os tipos de tubulaes, acessrios e bombas ou compressores para moviment-los. b. Transmisso de calor: a maioria das reaes qumicas no ocorre a temperaturas ambientes e, portanto, os reagentes e produtos devem ser aquecidos ou resfriados. Alm disso, deve-se recuperar a energia liberada por um processo ou suprir de energia um determinado processo, visando sempre a otimizao da energia. Assim, os equipamentos de troca trmica e as taxas de calor envolvidas nos processos so importantes na fabricao dos produtos. A Figura 6 exemplifica tipos de transferncia de calor em tanques e reatores.
Figura 6. Trocadores de calor em tanques e reatores. a- Encamisado; b- Serpentina; c- Trocador interno; d- Trocador externo; e- Condensador de refluxo; f- Aquecedor externo.
c. Operaes de agitao e mistura: so operaes que homogenezam a composio da mistura formada por diferentes componentes. So operaes importantes em reatores, partes essenciais em qualquer processo. So utilizados diferentes tipos, sempre levando em considerao o tipo de reao como, por exemplo, processos em fase lquida ou gasosa, tipo de reagente (slido, lquido ou gasoso), etc. Operaes de COQUI/IF-SERGIPE Professor Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes Curso Tcnico de Nvel Mdio em Qumica
11 agitao so importantes em processos qumicos, principalmente quando esto envolvidos reagentes e produtos em fases diferentes (slido, lquido ou gs), lquidos imiscveis, etc. Na Figura 7 so apresentados alguns tipos de agitadores utilizados em processos qumicos. A escolha do tipo de agitador, uso de chicanas, velocidade, e outras caractersticas importantes esto relacionados, principalmente, com a viscosidade e estado fsico de reagentes e produtos.
Figura 7. Tipos de agitadores
d. Operaes de manuseio de slidos: moagem, peneiramento, fluidizao, etc. e. Operaes de separao: inclui processos fsicos em que se permite a separao de duas fases (slido-lquido e lquido-lquido), como a filtrao, a decantao e a centrifugao. Processos em que ocorrem a transferncia de massa de uma fase para a outra, pela afinidade do material para a segunda fase, tais como a absoro (do gs para o lquido), a extrao (de lquido para outro lquido), a adsoro (de uma mistura gasosa ou lquida para um slido), etc. e processos em que ocorre a transferncia de material de uma fase para a outra pela influncia da troca de calor, como evaporao, destilao, cristalizao, etc. Operaes de separao so as que mais envolvem clculos de balano de massa, tambm chamado de balano material. Em alguns casos, alm do balano material necessrio realizar balano de energia. Todas as operaes de separao ocorrem no interior de um equipamento especialmente projetado para se conseguir o efeito desejado. Em resumo, a operao unitria definida como qualquer transformao fsica realizada sobre determinado material. Quando se estuda uma operao unitria, procura-se obter os conhecimentos necessrios ao projeto e operao do equipamento capaz de realizar a operao fsica necessria ao processamento de determinado material. Mediante o conhecimento das COQUI/IF-SERGIPE Professor Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes Curso Tcnico de Nvel Mdio em Qumica
12 operaes unitrias, o estudante adquire a faculdade de as utilizar em novos processos industriais e a capacidade de projetar, construir e explorar instalaes novas, com igual segurana, como se tratasse com processos j ensaiados e aplicados.
g. Linhas de Processo ou de Produo
a seqncia de operaes unitrias e/ou converses qumicas coordenadas e integradas para obter um nico produto do processamento industrial. Quando a Indstria produz apenas um produto, a linha de produo constitui o prprio processo industrial. Considerando ainda o exemplo do processo industrial para produo do acar, teremos a seguinte linha de produo: Linha de Produo Acar: Op1 Op2 Op3 Op4 Op5 Onde: Op1:Moagem Op2:Filtrao Op3:Evaporao Op4:Cristalizao Op5:Centrifugao importante salientar que os subprodutos do processo podem ser comercializados. comum o bagao ser empregado como combustvel, o melao como rao para gado e o vinhoto largamente empregado como adubo natural. A linha de produo de uma planta industrial constituda de equipamentos, mquinas e instrumentos de controle. Assim, um processo industrial uma seqncia de operaes unitrias coordenadas e organizadas para atender um objetivo: produo de um determinado produto. O desenvolvimento de um processo qumico um procedimento longo e complexo; conforme o tipo de sntese o tempo necessrio para a produo plena pode levar at dez anos. Uma forma simples e convencional consiste basicamente de quatro etapas: 1- Desenvolvimento laboratorial do processo; 2- Interface entre o laboratrio e mini-planta; 3- Integrao da planta de testes e planta piloto; 4- Transposio para escala industrial. No desenvolvimento de um processo para obteno de um novo produto, a seleo de um processo unitrio juntamente com as operaes unitrias a serem realizadas deve ser feito COQUI/IF-SERGIPE Professor Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes Curso Tcnico de Nvel Mdio em Qumica
13 sempre levando em considerao produtos relacionados com o rendimento e a economicidade do processo qumico em funo do custo no mercado do produto final. importante considerar sempre os seguintes fatores: - Custo e disponibilidade da matria-prima: possibilidade da aquisio da matria- prima a ser usada em relao ao local de fabricao como tambm o seu custo neste mesmo local e a sua pureza; - Rendimento do processo: importante em todo processo qumico a anlise do seu rendimento. Isto compreende a obteno do produto no seu melhor grau de pureza com a mxima quantidade possvel de ser obtido com o menor consumo de energia no menor tempo. importante aqui se fazer uma escolha cuidadosa de processos e operaes unitrias dentro do menor tempo e com o menor investimento possvel. - Produtos secundrios, co-produtos e resduos: quando se processa uma reao, ocorre sempre que o produto principal encontra-se acompanhado de outros produtos formados durante a reao em quantidades significativas. Da mesma forma, o meio reacional tambm deve ser considerado, aps a separao do produto principal nos resta produtos secundrios, subprodutos e co-produtos que devem ter outro destino. Quando estes subprodutos so considerados resduos, no possuem valor agregado, qual o seu destino e como elimin-los. Isto influi de tal forma na escolha de um processo qumico a ser usado que em certos casos ele poder ser determinante na sua eliminao. Procura-se sempre a mxima valorizao dos co- produtos e subprodutos. O local para se instalar uma indstria qumica tem de ser muito bem pensado, porque precisa ficar perto da matria-prima, do consumidor e da fonte de energia. A indstria qumica consome muita energia, tanto na forma de calor como na forma de eletricidade.
h. Converso Qumica
Envolve a qumica fundamental de cada reao em particular e o equipamento em que ocorre a reao. o processo unitrio que ocorre no reator qumico de um processo industrial. As principais converses qumicas que ocorrem na indstria so: a isomerizao, neutralizao, oxidao, polimerizao, pirlise, reduo, sulfonao, troca inica, desidratao, eletrlise, esterificao, fermentao, halogenao, hidrogenao, hidrlise, alcolise, alquilao, aminao, calcinao, carboxilao, combusto e condensao.
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14 i. Equipamentos So sistemas construdos para realizar produo. So constitudos por um conjunto de mquinas. Exemplo: gerador de vapor, torre de resfriamento, colunas de destilao, absoro, extrao, centrifugadores, etc. j. Mquinas So aparelhos que produzem uma ao mecnica (produo de movimento) quando lhe fornecida a energia adequada. Exemplo: bomba, turbina, compressor, vlvula, etc. l. Instrumentos de Controle So aparelhos instalados linha de produo que tm como finalidade promover a regulagem e o controle dos processos industriais, atravs da monitorao das variveis do processo. As principais variveis de controle dos processos so: temperatura, nvel, presso, vazo e concentrao. As indstrias modernas esto cada vez mais automatizando seus processos promovendo dessa forma, uma melhoria qualitativa e quantitativa dos seus produtos alm da reduo de custos nos seus processos produtivos.
3. FLUXOGRAMAS
Os fluxogramas so parte fundamental em um projeto, estes apresentam a seqncia coordenada das converses qumicas unitrias e das operaes unitrias, expondo assim, os aspectos bsicos do processo. o mais efetivo meio de comunicar informaes sobre um processo industrial. Indicam pontos de entrada das matrias-primas e da energia necessria e tambm os pontos de remoo do produto e dos subprodutos. Na avaliao global do processo, desde sua concepo inicial at o fluxograma detalhado para o projeto e operao da planta, preciso desenhar muitos fluxogramas. Os trs principais tipos de diagramas usados para descrever os fluxos de correntes qumicas atravs de um processo so: a) Fluxogramas de blocos (block flow diagrams BFD) b) Fluxograma do processo (process flow diagram PFD) c) Fluxogramas de tubulao e instrumentao (pipping and instrumentation diagram P&ID):
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15 a. Diagrama de Blocos
uma forma simplificada de representar um processo industrial. Consiste apenas em identificar as operaes unitrias em blocos individualmente e elaborar um fluxograma bsico demonstrando a seqncia das transformaes desde a matria prima at o produto final do processo. So teis na conceitualizao de um processo ou de um nmero de processos em um grande complexo. Pouca informao sobre as correntes fornecida, mas uma clara viso geral do processo apresentada. Considerando ainda o exemplo da produo de acar, teremos o seguinte diagrama de blocos:
Os blocos ou retngulos representam uma operao unitria ou processo unitrio. Os blocos so conectados por linhas retas que representam as correntes de fluxo do processo entre as unidades. Essas correntes de fluxo podem ser misturas de lquidos, gases e slidos fluindo em dutos ou slidos sendo transportados em correias transportadoras. Operaes ou processos unitrios tais como misturadores, separadores, reatores, colunas de destilao e trocadores de calor so usualmente denotados por um bloco simples ou retngulo. Grupos de operaes unitrias podem ser denotados por um bloco simples. Correntes de fluxo do processo entrando e saindo dos blocos so representadas por linhas retas que podem ser horizontais ou verticais. A direo do fluxo deve ser claramente indicada por setas. As correntes de fluxo devem ser numeradas em uma ordem lgica. As operaes unitrias (i.e blocos) devem ser rotulados. Cana de acar
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16 Quando possvel, o diagrama deve ser arrumado de modo que o fluxo material ocorra da esquerda para a direita. Vejamos, agora um outro exemplo: a linha de produo da amnia utilizando como matria prima o ar atmosfrico e o gs natural.
b. Diagrama de Fluxos (Flow Sheets)
uma tcnica de representao grfica dos processos industriais. O diagrama de fluxo ou fluxograma de um processo consiste em representar o processo de forma mais detalhada, onde cada equipamento representado por um smbolo especfico. Contm toda informao necessria para os balanos material e energtico completos no processo. Adicionalmente, informaes importantes tais como a presso das correntes, o tamanho de equipamentos e principais controles so includos.
Gs Natural Ar Atmosfrico 1 Reao Refrigerao Condensao Separao 2 NH 3 99,9% H 2 99% N 2 Depsito 1 2 Compresso 300 atm Compresso e reciclo COQUI/IF-SERGIPE Professor Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes Curso Tcnico de Nvel Mdio em Qumica
17 Um fluxograma de processo inclui a tubulao do sistema; smbolos dos principais equipamentos, nomes e nmeros de identificao; controles e vlvulas que afetam a operao do sistema; interconexes com outros sistemas; principais rotas de by-pass e recirculao; taxas dos sistemas e valores operacionais como temperatura e presso para fluxos mnimo, normal e mximo; composio dos fluidos; etc. Na Figura 8, temos representado o diagrama de fluxo do processo simplificado para produo do cido benzico a partir do tolueno e ar atmosfrico, empregando como catalisadores sais de cobalto.
- Ar - cido benzico bruto, 250 a 300F - Catalisador - cido benzico puro - Tolueno - Inerte 4 - Tolueno, reciclo - Resduo A - Reator C - Coluna de absoro B - Decantador D - Coluna de destilao - Trocador de calor E - Depsito
Figura 8. Diagrama de fluxo do processo para produo do cido benzico a partir do tolueno e ar atmosfrico
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5 6 7 8 COQUI/IF-SERGIPE Professor Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes Curso Tcnico de Nvel Mdio em Qumica
18 As Figuras 9 e 10 mostram alguns smbolos e as operaes unitrias correspondentes em um FlowSheets.
Figura 9.
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Figura 10.
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24 c. Fluxograma de tubulao e instrumentao (Fluxograma de Engenharia)
Contm toda informao do processo necessria para a construo da planta. Estes dados incluem tamanho dos tubos (dimensionamento da tubulao e localizao de toda instrumentao para ambas as correntes de processo e de utilidades). Estes fluxogramas mostram toda a tubulao incluindo a seqncia fsica de ramificaes, redutores, vlvulas, equipamentos, instrumentao e controles intertravados. Estes fluxogramas so usados para operar o processo de produo. Um FTI deve incluir: Instrumentao e designaes; Equipamentos mecnicos com nomes e nmeros; Todas as vlvulas e suas identificaes; Processo de tubulao, tamanhos e identificao; Micelnea: ventilao, drenagem, amostragem, redutores, aumentadores; Direo dos fluxos; Referncias das interconexes; Controles de inputs, outputs e intertravamento ; Nvel de qualidade; Sistemas de controle computadorizados; Identificao dos componentes e subsistemas; etc.
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26 3. CLASSIFICAO DOS PROCESSOS.
O processamento qumico pode ser definido como o processamento industrial de matrias primas qumicas, que leva obteno de produtos com valor industrial realado. A operao de todo o processo deve ser realizada a um custo suficientemente baixo para ser competitivo e eficiente e levar obteno de lucro. Os processos podem ser classificados da seguinte forma:
a. Quanto ao tempo de atuao da transformao.
Operao Contnua
Na operao contnua o tempo no uma varivel na anlise do processo (exceo: parada e partida). As condies operacionais no so constantes ao longo do processo (existem os perfis), porm estas condies devem ser as mesmas em um dado ponto (constantes com o tempo). necessrio o controle do processo para manter as condies operacionais constantes em um dado ponto. chamado de regime permanente ou estacionrio. A Figura 11 exemplifica a variao do comportamento da temperatura no interior de uma serpentina. Observe que a temperatura varia ao longo do comprimento da serpentina, porm, considerando que este processo seja contnuo, este perfil de temperatura se manter constante em qualquer instante, seja hoje, amanh ou daqui a alguns anos.
Figura 11. Perfil de temperatura em um determinado processo contnuo.
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27 Operao Descontnua
No processo descontnuo a massa carregada ao sistema de uma s vez, efetuando-se sobre ela o processo, at que o mesmo se complete totalmente. tambm chamado de regime transiente, no estacionrio ou no permanente (batelada). Considere como exemplo uma dona de casa fazendo um bolo de chocolate. Ela mistura os ingredientes de uma s vez, coloca o bolo para assar e retira o bolo da assadeira. No dia seguinte ela utiliza a mesma assadeira para fazer um bolo de laranja e realiza o mesmo procedimento. Observe que houve necessidade de interrupo do processo para a mistura de novos ingredientes (poderiam at ser os mesmos ingredientes).
b. Quanto varivel que permanece constante durante a transformao.
Isotrmico: temperatura constante. Isobrico: presso constante. Isomtrico: volume constante. Adiabtico: no existe troca trmica entre o sistema e o meio exterior. Isoentlpico: entalpia constante. Isoentrpico: entropia constante.
c. Quanto a orientao do escoamento.
Na indstria de processamento h a necessidade de colocar duas correntes de fluidos em contato. Seja de forma direta, no caso da necessidade da transferncia de massa, ou de forma indireta, no caso da necessidade da transferncia de energia. As Figuras 12 e 13 representam os dois tipos principais de escoamento, o paralelo (ocorre com os fluidos no mesmo sentido) e o contracorrente (ocorre com os fluidos em sentido contrrio). Em geral o escoamento em contracorrente fornece uma maior transferncia de massa e de energia. COQUI/IF-SERGIPE Professor Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes Curso Tcnico de Nvel Mdio em Qumica
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Figura 12. Principais tipos de escoamento na indstria de processamento
Figura 13. Representao do escoamento paralelo e em contracorrente em trocadores de calor.
4. EQUILBRIO
A condio de equilbrio ocorre quando, para qualquer combinao de fases em um sistema, existe uma condio em que a taxa de troca de energia e massa em um processamento qumico igual a zero. Em qualquer situao do sistema em estado de no-equilbrio, as propriedades do sistema tendem a adquirir as condies de maior estabilidade, ou seja, as condies de equilbrio. Esta tendncia de atingir o equilbrio gera uma fora motriz ou uma diferena de potencial no sentido de atingir o equilbrio, conforme a Figura 14. COQUI/IF-SERGIPE Professor Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes Curso Tcnico de Nvel Mdio em Qumica
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Figura 14. Obteno do equilbrio.
Fora Motriz a diferena entre a condio existente e a condio de equilbrio e que provoca uma aproximao no sentido da condio de equilbrio. A Figura 15 representa a obteno do equilbrio trmico entre dois corpos. A situao para a obteno do equilbrio para dois corpos com diferena de potencial eltrico semelhante, sendo que a fora motriz ser a transferncia de energia eltrica.
Figura 15. Obteno do equilbrio trmico entre dois corpos.
Quando duas fases lquidas que no esto em equilbrio so reunidas, ocorrer uma transferncia de massa anloga transferncia de energia trmica e de energia eltrica. Expresses de equilbrio para misturas multicomponentes, entre a fase lquida e a fase vapor, ou entre duas fases lquidas com solubilidade parcial de uma na outra, so mais complicadas. COQUI/IF-SERGIPE Professor Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes Curso Tcnico de Nvel Mdio em Qumica
30 A condio a ser satisfeita a de que o potencial qumico (concentrao) de cada constituinte tem o mesmo valor em todas as fases que esto em equilbrio em um determinado sistema. O potencial (concentrao) de uma substncia ou mistura em um certo estado, comparado com o mesmo potencial no equilbrio, mostra que h uma diferena de potencial que uma fora motriz que impele o sistema a modificar o seu estado at atingir o equilbrio. As foras motrizes pertinentes s operaes unitrias so as diferenas de concentrao, temperatura, presso e densidade.
EXERCCIOS PROPOSTOS
1. Elabore um conceito para Plo Petroqumico e explique como as empresas integrantes de um Plo Petroqumico esto interligadas. 2. O que voc entende sobre as operaes unitrias, as converses qumicas e o processo industrial? 3. Exemplifique um processo qumico industrial qualquer, conceituando e informando o produto principal, sub-produtos e rejeito. 4. Diferencie o processo permanente do processo em batelada. 5. Quais as etapas para o desenvolvimento e implantao de um processo qumico? O que deve ser considerado no desenvolvimento e concepo de um processo industrial qumico para a obteno de um novo produto? 6. Quais os tipos de fluxogramas utilizados para representar os processos industriais? Explique e exemplifique cada um. 7. Quais as principais orientaes de escoamento industrial? Exemplifique. 8. O que voc entende sobre equilbrio de um sistema?