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FICHA TÉCNICA

Título | Manual de sustentabilidade


Autoras | Mariana Santos, Helena Marques e Jéssica Canto
Copyright © 2015 by Universidade de Trás os Montes e Alto Douro, Vila Real.
Todos os direitos reservados
Ilustrações | Mariana Santos, Helena Marques e Jéssica Canto
Textos | Universidade de Trás os Montes e Alto Douro

infomdesustentabilidade@gmail.com
www.manualdesustentabilidade.pt

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UTILIZAÇÃO RACIONAL DE ENERGIA

Às que constam da etiqueta: classe de eficiência energética (escolher as de


classe mais A Utilização Racional de Energia (URE) consiste num conjunto de
ações e medidas, que têm como objetivo a melhor utilização da energia.

A URE é cada vez mais um fator importante de economia energética e redução


de custos, tanto no sector doméstico como no sector de serviços e industrial.

Tendo em conta uma série de recomendações e conselhos úteis, é possível


reduzir os consumos energéticos mantendo o conforto e a produtividade das
atividades dependentes de energia.

O QUE É EFICIÊNCIA ENERGÉTICA?

Eficiência energética pode ser definida como a otimização que podemos fazer
no consumo de energia.

Antes de se transformar em calor, frio, movimento ou luz, a energia sofre um


percurso mais ou menos longo de transformação, durante o qual uma parte é
desperdiçada e a outra, que chega ao consumidor, nem sempre é devidamente
aproveitada. A eficiência energética pressupõe a implementação de estratégias
e medidas para combater o desperdício de energia ao longo do processo de
transformação: desde que a energia é transformada e, mais tarde, quando é
utilizada.

A eficiência energética acompanha todo o processo de produção, distribuição e


utilização da energia, que pode ser dividido em duas grandes fases:

Transformação; 
Utilização.
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NA TRANSFORMAÇÃO: 

A energia existe na Natureza em diferentes formas e, para ser utilizada, necessita de


ser transformada. Durante essa transformação, parte da energia perde-se, gerando
desperdícios prejudiciais para o ambiente. Parte destas perdas é inevitável e deve-
se a questões físicas, mas outra parte é perdida por mau aproveitamento e falta de
O S!
otimização dos sistemas. S MÃ
DO N A S TUA
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Este desperdício tem vindo a merecer a crescente atenção das empresas que pro- EST
cessam e vendem energia. Por outro lado, sendo a energia um bem vital às econo-
mias, este tema faz parte da agenda política de vários países e tem vindo a suscitar
uma crescente inquietação da comunidade internacional.

Neste contexto, têm-se multiplicado as iniciativas para a promoção da eficiência


energética. Empresas, governos e ONG por todo o mundo têm investido fortemente
na melhoria dos processos e na pesquisa de novas tecnologias energéticas, mais
eficientes e amigas do ambiente, bem como no aproveitamento das energias ren-
ováveis.

NA UTILIZAÇÃO:

 desperdício de energia não se esgota na fase de transformação ou conversão,


O
ocorrendo também durante o consumo.

Nesta fase, a eficiência energética é frequentemente associada ao termo “Utilização


Racional da Energia” (URE), que pressupõe a adoção de medidas que permitem
uma melhor utilização da energia, tanto no sector doméstico, como no sector de
serviços e industrial. Através da escolha, aquisição e utilização adequada dos eq-
uipamentos, é possível alcançar significativas poupanças de energia, manter o
conforto e aumentar a produtividade das atividades dependentes de energia, com
vantagens do ponto de vista económico e ambiental.

Enquanto que a eficiência energética durante a transformação da energia depende


5 apenas de um número restrito de atores, nesta fase, depende de todos nós.
O QUE SE PASSA NO MUNDO ?

A energia, nas suas mais variadas formas, é indispensável a todas as atividades do


homem e constitui um fator crítico para o desenvolvimento económico e social.

Atualmente, a satisfação das necessidades energéticas do mundo assenta sobretudo


na exploração dos combustíveis fósseis. O problema é que estas necessidades têm
vindo a aumentar, ao passo que as reservas se esgotam a um ritmo acelerado.

Até 2050, a procura de energia pode duplicar ou triplicar, à medida que a população
aumenta e os países desenvolvidos expandem a sua atividade.

A energia e a sua utilização mais eficiente assume, por isso, uma importância indis-
cutível na operacionalização do desenvolvimento sustentável, sendo essencial que se
criem estratégias e iniciativas de longo prazo, que possibilitem o melhor aproveita-
mento dos recursos energéticos.

Embora a energia seja associada a um maior conforto e qualidade de vida, o seu con-
sumo em excesso começa a ser questionado, já que pode representar sérios danos
para o ambiente. Como efeito, pode ter repercussões locais e regionais (tal como a
poluição do ar e da água ou a modificação do ecossistema), assim como pode ter
impactes ao nível do ambiente global, tal como as emissões dos Gases com Efeito
de Estufa (GEE) oriundos dos combustíveis fósseis, ou as consequentes alterações
climáticas que se começam a fazer sentir.

IMPACTO DA ENERGIA NO AMBIENTE 

AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Desde que a Terra se formou, há mais de 4600 milhões de anos, o clima tem conhe-
cido ligeiras alterações. No entanto, ao longo do último século, essas variações multi-
plicaram-se, ultrapassando a fronteira do que é natural.
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O mundo está a aquecer. Nos últimos 140 anos a temperatura da terra aumen-
tou cerca de 0,2 a 0,6ºC e prevê-se que continue a aumentar entre 1,4ºC a 5,8ºC
até 2100.

À medida que as temperaturas aumentam, vão-se tornando evidentes algumas


mudanças, tal como o aumento do nível do mar, que ameaça as comunidades
e ecossistemas do litoral, a ocorrência de catástrofes naturais, a desertificação,
entre outras.

S egundo um relatório do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC)


de 1995, as alterações climáticas são, nada mais, nada menos, que a conse-
quência da intervenção humana no meio natural. Com efeito, desde a revolução
industrial, a atividade do homem aumentou em cerca de 25% a quantidade
de dióxido de carbono (CO2) presente na atmosfera, sendo a combustão de
energias fósseis (carvão, petróleo, gás natural) e a destruição de florestas, os
principais suspeitos por este aumento.

Se não forem tomadas as medidas necessárias para reduzir as emissões de


gases que contribuem para o efeito de estufa, o clima pode tornar-se cada vez
mais imprevisível, o que terá impactos diretos negativos sobre os ecossistemas
terrestres, nos diversos sectores socioeconómicos mundiais, na saúde pública e
na qualidade de vida das pessoas em geral.

GRANDES MARCOS DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS 

As alterações do clima que temos vindo a testemunhar são um reflexo do uso


ineficiente de energia e, por natureza, um desafio internacional, que a todos diz
respeito. Para dissipar os seus efeitos, a Comunidade Internacional tem vindo a
reunir forças e são vários os exemplos nacionais e internacionais que permitem
concretizar a eficiência energética.

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CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO, 1972

Esta foi a primeira reunião ambiental global, onde 113 países se reuniram para
refletir sobre a relação entre a proteção do ambiente e o desenvolvimento hu-
mano.

Resultou na Declaração sobre o Ambiente Humano e na criação do Programa


das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA.

COMISSÃO BRUNDTLAND, 1983

As Nações Unidas criaram a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desen-


volvimento, conhecida como Comissão Brundtland. Publicação do relatório
“Nosso Futuro Comum“, que se tornou um marco por alertar para a importância
do desenvolvimento sustentável.

CIMEIRA DO RIO, OU CIMEIRA DA TERRA , 1992

As preocupações com o clima e a necessidade de definir uma estratégia con-


junta para o proteger, levaram 170 países a adotar a Agenda 21, um plano de
ação global, para ser posto em prática por todos os governos, assim como três
convenções: a convenção para as alterações climáticas, a convenção para a di-
versidade biológica e a convenção sobre a desertificação.

PROTOCOLO DE QUIOTO, 1997


ELE ES TÁ A
FUGI R .
Dos 160 participantes, 39 países industrializados comprometeram-se a limitar NÃO ES TÁ S A
as suas emissões de GEE na atmosfera entre 2008 e 2012 em 5% em relação aos VE R ?
valores de 1990 e, no caso da UE, em 8%, o que pressupõe negociações com-
plexas, já que a economia mundial está fortemente dependente do consumo de
combustíveis fósseis. Entre os 39 países envolvidos, não se encontravam os EUA
e a Austrália, embora estivessem presentes alguns dos maiores poluidores do
mundo, tal como a China, a Rússia ou a Índia.
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…PROTOCOLO DE QUIOTO, 1997…

O Protocolo foi estabelecido em 1997, tendo por base os princípios estabeleci-


dos e assinados em 1992. A 16 de Fevereiro de 2005 tornou-se oficial do ponto
de vista legal.

CIMEIRA DE JOANESBURGO, 2002

A Cimeira de Joanesburgo assinalou o 10º aniversário da Cimeira da Terra, ten-


do como objetivo final reafirmar um compromisso global com vista ao desen-
volvimento sustentável. Neste evento, foi acordado o tratamento equilibrado e
integrado dos três pilares do Desenvolvimento Sustentável: económico, social
e ambiental - e foi definido um plano de ação para o combate à pobreza e para
a gestão dos recursos naturais.

O QUE SE PASSA NA EUROPA ?

PROGRAMA EUROPEU PARA AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Em Março de 2000, a Comissão Europeia lançou o Programa Europeu para as


Alterações Climáticas (ECCP), com o intuito de identificar as políticas e medidas
mais promissoras e mais eficazes, em termos de custos e benefícios, a adotar à
escala europeia.

Deste trabalho resultaram cerca de trinta e cinco iniciativas legislativas ou de


outro tipo, a maior parte das quais se encontra em vias de aplicação. A mais im-
portante e mais inovadora é, provavelmente, a criação de um sistema europeu
de comércio de licenças de emissão de gases com efeito de estufa, que entrou
em vigor em 1 de Janeiro de 2005.

Outras iniciativas que estão a ser aplicadas no âmbito deste programa procur-
am, por exemplo, aumentar a parte de mercado das energias renováveis, mel-
horar o rendimento energético de novas construções ou reduzir o consumo de
9 combustível dos novos automóveis.
COMÉRCIO EUROPEU DE EMISSÕES 

O comércio Europeu é um mecanismo de mercado introduzido na Europa para


facilitar os Estados Membros a cumprirem os seus compromissos de Quioto. Este
mecanismo entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2005 e compreende 2 fases: A fase I
- Janeiro de 2005 a Dezembro de 2007. A fase II de 2008 a 2012. Em cada período
cada Estado Membro tem um objetivo de emissões que tem de cumprir sob pena
de não se conseguir mitigar, como pretendido, os efeitos de Quioto.

LIVRO BRANCO SOBRE A POLÍTICA ENERGÉTICA DA UNIÃO EUROPEIA, 1996

Apresentação das orientações da política energética para os próximos anos. São


consideradas preocupações cada vez mais atuais: emergência das preocupações
ambientais, desenvolvimento das novas tecnologias.
Reveladas as responsabilidades institucionais da Comissão Europeia em matéria
de energia.
Apresentado o programa de ação da Comissão Europeia para os próximos cinco
anos, devidamente articulado com as políticas energéticas nacionais.

DIRETIVA DA EFICIÊNCIA NOS EDIFÍCIOS

A diretiva comunitária de 16 de Dezembro de 2002 foi criada com o objetivo de


aumentar a Eficiência Energética nos Edifícios, potenciar a melhoria da qualidade
dos edifícios (quer novos, quer existentes), informar a população, minimizar a de-
pendência externa de energia, reduzir a emissão de Gases com Efeito de Estufa
(GEE) e, por conseguinte, contribuir para o cumprimento do Protocolo de Quioto.

Os edifícios, responsáveis por 40% dos consumos ao nível Europeu e por 22%
em Portugal, passarão obrigatoriamente a ter um Certificado Energético, baseado
na revisão do Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos
Edifícios (RCCTE) e do Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização dos
Edifícios (RSECE).
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DIRETIVAS COMUNITÁRIAS

DIRETIVA COMUNITÁRIA 92/75/CEE - ETIQUETAGEM ENERGÉTICA

Estabelece o quadro legal da etiquetagem energética no espaço europeu, tendo


sido transposta para a legislação nacional: DL 41/94, 11 de Março, DL 214/98 de16
de Julho e DL 18/2000 de 28 de Fevereiro.

DIRETIVA COMUNITÁRIA 2001/77/CE - ELETRICIDADE

Neste caso, o país compromete-se, até 2010, a conseguir um mínimo de 39% de


produção de eletricidade a partir de FER. Em 2004, a percentagem de energia pro-
duzida a partir de FER atingiu os 35%, o que foi justificado tendo em conta o fator
de correção que a UE aceita para anos de seca.

DIRETIVA COMUNITÁRIA 2003/96/CE - BIOCOMBUSTÍVEIS 


Para a promoção da utilização do biocombustível, que estabelece como meta a
substituição até 2010, de 5,75% dos combustíveis rodoviários (gasóleo e gasoli-
na) por biocombustíveis. Esta diretiva foi transposta para o DL 62/2006 de 21 de
Março, tendo sido concedido aos biocombustíveis a isenção (total ou parcial) do
imposto sobre os produtos Petrolíferos (ISP).

UTILIZAÇÃO RACIONAL DE ENERGIA (URE) EM EDIFÍCIOS

A Eficiência Energética nos Edifícios, esta relacionada diretamente com a Utilização


Racional da Energia (URE).

É possível distinguir dois sectores de análise: 


Sector doméstico;
Sector de serviços.

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SECTOR RESIDENCIAL

No sector residencial doméstico, o aumento do conforto e da taxa de posse de equipamen-


tos consumidores de energia, situou o crescimento médio anual dos consumos energéti-
cos em edifícios de habitação em 3,7% (dados do início da década 2000). Os 13% em
energia final deste sector, representam no entanto 27% dos consumos de eletricidade em
Portugal, evidenciando a importância desta fonte de energia no sector doméstico.

Análise global da distribuição dos consumos energéticos:


50% são consumos na confeção de alimentos e nos aquecimentos das águas sanitárias
(AQS);
25% em iluminação e eletrodomésticos;
25% aquecimento e arrefecimento.

E stes números evidenciam o peso significativo dos consumos no aquecimento das AQS,
assim como os consumos com base em energia eléctrica, traduzindo a necessidade de
actuar nestas duas vertentes com medidas de URE. O vector da climatização representa
apenas 25%, mas com uma taxa de crescimento elevada, devido a maior exigência no
conforto térmico.

O aquecimento e arrefecimento representam uma terceira vertente de intervenção, a qual


deverá ser acautelada através da implementação de regulamentos que visem o aumento
da eficiência energética nos edifícios (em Portugal, RCCTE, por exemplo).

SECTOR SERVIÇOS

Na última década o sector dos edifícios de serviços foi um dos que mais cresceu em con-
sumos energéticos, cerca de 7,1%. É um dos principais responsáveis pelo acentuado cresci-
mento do consumo em energia elétrica: entre 1980 e 1999 aumentou de 19% para 31%.

Maior consumo especifico em energia é do “restaurante”, com valores perto dos 800 kWh/
m2 (fonte DGE 2002). Piscinas e Hipermercados, com perto de 460 kWh/m2 e 320 kWh/
12 m2 respetivamente.
COMO INVERTER? O QUE JÁ FOI FEITO…

T rês diplomas que transpõem parcialmente para a ordem jurídica nacional a Di-
retiva 2002/91/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de Dezembro,
relativa ao desempenho energético dos edifícios.

Contemplam importantes alterações legislativas e dos hábitos de projecto no sec-


tor dos edifícios:

Aprovação da criação do Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qual-


idade do Ar Interior nos Edifícios (DL 78/2006), que se responsabiliza pela apli-
cação dos regulamentos térmicos para edifícios;
Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização dos Edifícios (RSECE)
(DL 79/2006);
Regulamento das Características do Comportamento Térmico de Edifícios (RCCTE)
(DL 80/2006.

ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS E SISTEMAS PASSIVOS

Existem estratégias de conceção e construção dos edifícios através das quais po-
demos melhorar o comportamento e a eficiência energética dos mesmos.

As estratégias que têm em atenção as condições climáticas do local e da sua inter-


ação com o clima, proporcionando a adequação do edifício ao clima, designam-se
geralmente por Estratégias Bioclimáticas. São no fundo regras gerais que se des-
tinam a orientar a conceção do edifício tirando partido das condições climáticas
de cada local.

Os dispositivos construtivos integrados nos edifícios, cujo objetivo é o de con-


tribuir para o seu aquecimento ou arrefecimento natural, são referidos como
Sistema Passivos.

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ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS

Incidência Solar

 o Inverno: promover os ganhos de radiação: abertura de vãos envidraçados no quadrante Sul.


N
No Verão: restringir os ganhos solares: vãos dotados de dispositivos sombreadores eficazes. Principal-
mente nos vãos a Poente e Nascente. Fachadas a Norte, Nascente e Poente: abertura de vãos de menores
dimensões.

PERDAS DE CALOR

Restringir a Condução é uma Estratégia Bioclimática que se deve promover nos edifícios para conseguir
obter conforto no seu interior, tanto de Inverno como de Verão. No Inverno interessa restringir perdas de
calor para o exterior através da envolvente. No Verão interessa restringir os ganhos excessivos de calor
exterior.

VENTILAÇÃO NATURAL

No Inverno, quando a temperatura exterior apresenta praticamente sempre valores abaixo das condições
de conforto, interessa limitar as infiltrações. No entanto, a renovação do ar interior é necessária à ma-
nutenção das condições de salubridade.
No Verão, a ventilação natural assume um papel de relevo no arrefecimento noturno dos edifícios.

Existem uma série de fatores que influenciam o conforto térmico:


1. Fatores Pessoais:
Atividade metabólica;
Vestuário.
2. Fatores ambientais:
Temperatura do ar;
Temperatura média radiante;
Velocidade do ar;
Humidade relativa.
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ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS

ESTRATÉGIAS DE AQUECIMENTO:

Restringir perdas por condução: aplicação de materiais isolantes nos elementos con-
strutivos.
Restringir perdas por infiltração e restringir o efeito da ação do vento no exterior
do edifício: caixilharias de janelas com uma vedação eficiente, proteção dos ventos
dominantes com vegetação.
Promover os Ganhos Solares: sistemas solares passivos para aquecimento.

ESTRATÉGIAS DE ARREFECIMENTO:

Promover ventilação natural: casa de inércia leve típica da arquitetura das regiões
tropicais, sistemas de arrefecimento por ventilação.
Restringir ganhos solares: redução de envidraçados mais expostos à radiação solar.
Promover o arrefecimento por evaporação: arquitetura do médio oriente.
Promover o arrefecimento por radiação: arquitetura do médio oriente e também no
Sul da Europa particularmente em Portugal (Alentejo e Algarve) e Espanha (Anda-
luzia).

SISTEMAS PASSIVOS

SISTEMAS DE AQUECIMENTO PASSIVO

Ganho Direto: o espaço a aquecer dispõe de vãos envidraçados bem orientados por
forma a possibilitar a incidência da radiação no espaço e nas massas térmicas envol-
ventes (paredes e pavimentos).


Ganho Indireto ou desfasado: a massa térmica dos sistemas é interposta entre a su-
perfície de ganho e o espaço a aquecer. A massa térmica absorve a energia solar nela
incidente, sendo posteriormente transferida para o espaço. Esta transferência pode
ser imediata ou desfasada, conforme a estratégia de circulação (ou não) do ar que for
15 adotada: Parede de Trombe, Parede Massiva, Colunas de água;
Ganho Isolado (Espaço Estufa): a captação dos ganhos solares e o arma-
zenamento da energia captada não se encontram nas áreas ocupadas dos
edifícios, pelo que operam independentemente do edifício. Os espaços
estufa são exemplos deste sistema e utilizam a combinação dos efeitos de
ganho direto e indireto.

SISTEMAS DE ARREFECIMENTO PASSIVO

Ventilação Natural: A circulação de ar contribui para a diminuição da tem-


peratura interior e ainda para a remoção do calor sensível armazenado na
massa térmica. Implicações ao nível do conforto térmico: perdas de calor
por convecção e evaporação nos ocupantes.

Arrefecimento pelo Solo: O solo, no Verão, apresenta temperaturas inferi-


ores à temperatura exterior. Constitui uma importante fonte fria e poderá
intervir como uma fonte de dissipação de calor.

Arrefecimento Evaporativo: Baseia-se na diminuição de temperatura asso-


ciada à mudança de fase da água do estado líquido ao estado de vapor. O
ar exterior é arrefecido por evaporação da água, antes de entrar no edifício.

Arrefecimento Radiativo: A emissão de radiação por parte dos elementos


da envolvente exterior de um edifício poderá ser utilizada no arrefecimen-
to do mesmo. As perdas por radiação ocorrem durante os períodos diurnos
e noturnos. É durante o período noturno que os seus efeitos se fazem mais
sentir em virtude da ausência de radiação solar direta.

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ISOLAMENTO

COBERTURAS: O correto isolamento das superfícies pode reduzir até 30% do consumo de en-
ergia. Podem ser usadas placas de poliestireno extrudido (“roofmate”), lã de rocha, etc., para
isolar a laje ou telhados da habitação.

PAREDES EXTERIORES: na construção de uma casa aplicar sempre isolamento continuo, no in-
terior da parede dupla ou no exterior da parede, de poliestireno expandido, poliestireno ex-
trudido ou outro material isolante. A aplicação exterior é recomendada nas remodelações dos
edifícios.

PONTES TÉRMICAS (VIGAS, PILARES, INTERSECÇÃO COM LAJES, OMBREIRAS DE PORTAS E


JANELAS): Quando o isolamento é efetuado em parede dupla, é necessário isolar as pontes
térmicas de modo a evitar o aparecimento de humidade e manchas de bolores localizadas,
devido às condensações. Se o isolamento for contínuo pelo exterior, já não há necessidade de
isolamento adicional para as pontes térmicas.

CALAFETAGEM: cerca de 15% da energia que se utiliza no aquecimento e arrefecimento da


casa perde-se através das frinchas, neste caso isole as frinchas com fita adesiva de espuma,
preparada para o efeito.

ENVIDRAÇADOS

JANELAS: A utilização de vidros duplos (preferencialmente de baixa emissividade), com caixilh-


arias de baixa transmissão térmica (por exemplo PVC), pode reduzir até 50% das perdas térmi-
cas pelas janelas, assim como o ruído do exterior.

PROTEÇÃO SOLAR (SOMBREAMENTO): os envidraçados com grande exposição solar (em espe-
cial as orientas a Sul), deve se ter elementos de proteção, como persianas exteriores ou palas
por forma a minimizar os ganhos solares no Verão e maximizar os ganhos solares no Inverno.
Recorrendo a técnicas passivas usar sombreamento exterior. Uma simples árvore de folha ca-
duca permite a obtenção de sombra nas estações quentes. Fachadas envidraçadas e claraboias,
deverão ser criadas condições (aberturas e proteções reguláveis) para aproveitar a ventilação
18 natural, com entradas ao nível inferior e saídas ao nível superior.
CLIMATIZAÇÃO

Uma casa mal isolada termicamente irá prejudicar a eficiência de qualquer sistema de climatização
assim como aumentar os custos energéticos, pelo que o primeiro passo será garantir o bom isola-
mento de paredes, tetos e envidraçados.

Recurso a soluções renováveis com caldeiras a biomassa ou lareiras com recuperador de calor.

Seleção do sistema que melhor se adapta às necessidades, tendo em conta a eficiência energética
e o consumo total de energia de cada opção.

Evitar aquecer ou arrefecer zonas da casa que não estão habitadas, ou em caso de não ocupação.
São necessários apenas alguns minutos para climatizar uma habitação. De preferência devem ser
usados termóstatos programáveis.

Regulação do termóstato para uma temperatura interior de 21 a 23ºC de Verão e de Inverno 20-
18ºC). Evitar portas e janelas abertas quando o ar condicionado estiver em funcionamento.
Os sistemas do tipo evaporativos poderão ser uma boa escolha.

Recurso a soluções solares passivas na construção de uma casa nova.

Para aquecer a casa no Inverno devem ser aproveitados os dias de sol, abrindo os estores e persi-
anas e para evitar perdas de calor fechando-os durante a noite.

Limpeza dos filtros de ar dos equipamentos de climatização regularmente, de preferência de 15


em 15 dias.

Uma vez por ano, manutenção solicitada à empresa instaladora para revisão do sistema.

O chão radiante, apesar de ter um custo de instalação superior, pode ser uma boa alternativa aos
convencionais radiadores (em situações de casas novas), uma vez que permitem a utilização de
temperaturas muito mais baixas (cerca de 25ºC), e consequentemente menores custos energéticos.

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O equipamento de aquecimento que tenho em casa (acumuladores de calor)


nãotêm termóstato no exterior. Como posso regular a temperatura para a
indicada(20 a 22ºC)?
Não pode regular mas pode controlar. A melhor solução será a de comprar um
termómetro. Estes termómetros são muito baratos e fiáveis. Coloque o termómet-
ro longe de fontes de calor ou de frio e use-o para controlar a temperatura. Se
não tiver condições de regular os seus equipamentos consulte o técnico que fez a
instalação para que proceda à regulação desejada.

O que é o COP de um aparelho de ar condicionado ? Bomba de calor?


 COP (“Coefficient Of Performance” ou Coeficiente de Desempenho), representa
O
o rácio (quociente), entre a energia térmica (calor ou frio), fornecida por uma bom-
ba de calor (ou um equipamento de refrigeração) e a energia elétrica consumida
pelo sistema. Quanto maior for o COP, mais eficiente será o sistema.

Quais os equipamentos considerados mais eficientes?


No que diz respeito à climatização os equipamentos mais eficientes são as bom-
bas de calor, com um COP da ordem de 3 já que a reversibilidade lhe dá uma
flexibilidade de utilização sazonal com elevado rendimento . Dentro deste tipo de
equipamentos, escolha sempre o que tiver um COP mais elevado, já que quanto
maior for o COP, mais eficiente será o sistema.

 A ventilação das casas é fundamental. A abertura das janelas não conduz à


redução de eficiência dos aparelhos?
Sim. A utilização dos equipamentos de climatização obriga a que se fechem as
janelas e portas, de forma a maximizar a eficiência do aquecimento/ arrefecimen-
to pretendido.De manhã, ao acordar, para arejar o quarto bastam 10 a 15 minutos.
Não é necessário deixar a janela aberta mais tempo.

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A casa onde moro tem alguns problemas de isolamento.


De que modo atuar para conseguir poupar os valores que indicam?
Alguns conselhos úteis:

Isolamento: Verifique e vigie os sótãos e as caves. Verifique se o seu isolamento se


encontra seco e bem distribuído. Os encaixes das portas e das janelas podem ser
isolados com fita adesiva de espuma, preparada para o efeito.

Janelas: Se tiver que substituir as velhas janelas opte por vidros duplos. No caso
de não ser possível, saiba que os cortinados podem dar uma ajuda. Em termos
médios, um cortinado normal pode reduzir em um terço o calor perdido através
de uma janela. No Verão a utilização de estores de lâminas colocados no lado ex-
terior da janela que não permitam a entrada direta da luz solar, em substituição
dos estores normais, pode reduzir substancialmente o calor que entra através das
janelas.

No verão, promova a ventilação natural noturna para arrefecer o interior das casas.
Quais as potências adequadas para climatizar? Que relação existe entre a
área a aquecere a potência dos equipamentos?
A potência dos aparelhos de climatização é expressa em Watts ou Btu/hora (sa-
bendo que 1 Btu/hora = 1 Watt x 3,413) e exprime a capacidade de “fazer frio
ou calor”. Dependendo do tipo de aparelho, a potência pode variar entre 2,5kW
e 3,5kW.

A relação entre área a climatizar e potência de pode ser encontrada a partir das
seguintes relações:

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Que cuidados ter quando pretendo avaliar os aparelhos a comprar para cli-
matização?
Alguns conselhos úteis:

Este aspeto é fundamental para ter um aparelho eficaz, pelo que deve ter em con-
sideração a área da divisão a climatizar, o seu isolamento, a sua exposição (sol/
sombra), o número de pessoas que geralmente o utilizam e as necessidades de
conforto que são de cada um de nós. Em climatização, grande não é necessaria-
mente melhor. Uma unidade mal dimensionada desperdiçará energia elétrica e
poderá requerer manutenção mais frequente.

As bombas de calor são mais eficientes do que o acumulador de calor?


Estes equipamentos só são comparáveis na situação de Inverno, com a mesma
tarifa.

Que fatores podem influenciar as necessidades de climatização de


uma habitação?
Para ter uma climatização eficaz deve ter em consideração o tamanho da divisão,
o seu isolamento, a sua exposição (sol/sombra), o número de pessoas que geral-
mente o utilizam e as necessidades de conforto que são de cada um de nós. Valide
junto do representante ou do ponto de venda as características do equipamento
que será mais adequado para a sua casa e que melhor cumprirá as suas necessi-
dades.

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Das soluções de aquecimento existentes, quais as vantagens dos siste-
mas elétricos face aos sistemas alimentados a gás?
Os sistemas elétricos têm um rendimento de quase 100%. O seu impacte direto
no ambiente é muito reduzido (embora “seque” o ar, não consome oxigénio), mas
têm impacte indireto pelo facto de parte da eletricidade que chega às nossas casas
ser produzida a partir da queima de combustíveis fósseis. Os sistemas a gás têm
menor rendimento e têm impacto direto no ambiente: queimam um combustível
fóssil e, como tal, libertam gases com efeito de estufa (CO2) e consomem oxigénio
do ar ambiente na combustão.

Que impactos têm os aparelhos de ar condicionado as bombas de calor


no ambiente?

Os impactes que estes aparelhos causam são aqueles que derivam da utilização
da eletricidade que utilizam. Assim os impactos diretos destes aparelhos são nu-
los mas indiretamente, como a produção da eletricidade que eles utilizam vem
também de fontes de energia poluentes (carvão, gás natural, fuelóleo), os impac-
tos são causados pelas centrais de produção.

Como posso otimizar a utilização do meu aparelho de ar condicionado?


Antes de comprar um equipamento, não se esqueça de analisar a etiqueta en-
ergética e de dimensionar adequadamente o aparelho para o tamanho do ambi-
ente em questão. Informe-se junto de um especialista.
Para manter a temperatura pretendida, mantenha as portas e as janelas de sua
casa fechadas e evite o calor do Sol, fechando cortinas e persianas. Não se esqueça
também de proteger o equipamento do Sol, sem bloquear as grades de venti-
lação, para que este possa funcionar em pleno.
Limpe ou substitua os filtros periodicamente.
Desligue o aparelho quando o ambiente ficar desocupado
23
FONTES DE ENERGIA RENOVÁVEL?

Coletores solares térmicos - Este é um dos sistemas mais acessíveis para


aquecer água. Captam a energia do Sol e transformam-na em calor.

Painéis solares fotovoltaicos - São uma das mais promissoras formas de


aproveitamento de energia solar. A energia contida na luz do Sol, pode
ser convertida diretamente em energia elétrica.

Mini-turbinas eólicas - A energia do vento aciona estes sistemas para


produzir eletricidade. Estes sistemas podem ser uma boa opção de in-
vestimento, podendo reduzir o consumo de eletricidade de 50 a 90%.

Sistemas de aquecimento a biomassa - A biomassa pressupõe o aproveit-


amento da matéria orgânica (resíduos das florestas, agricultura e com-
bustíveis). Em casa, este tipo de matéria pode ser utilizada, por exemplo,
em sistemas de aquecimento, representando importantes vantagens
económicas e ambientais.

Bombas de calor geotérmicas - Estes sistemas aproveitam o calor do in-


terior da Terra para o aquecimento ambiente.

ETIQUETA ENERGÉTICA

OBRIGATÓRIA EM DIVERSOS EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E EM EDIFÍCIOS;

Informação sobre a eficiência energética desses equipamentos, con-


sumos, rendimentos, capacidade, ruído, etc.

Ajudam na hora de decidir entre um modelo ou outro;

24
O preço de um equipamento pode não ser tão importante como os
consumos que realizará durante a sua vida útil, já que o baixo consumo
pode compensar, em pouco tempo, o acréscimo de preço que normal-
mente está associado a equipamentos mais eficientes;

Nos equipamentos, podem ser distinguidas 7 classes de eficiência sen-


do a mais elevada a A;

Nas etiquetas de frio, existem duas classes suplementares (A++ e A+),


que são ainda mais eficientes;

Nestes equipamentos (frio) foram eliminadas as classes abaixo de D.

ETIQUETA ENERGÉTICA – EQUIPAMENTOS

A União Europeia (e um pouco por todo o mundo) tem vindo a pub-


licar Diretivas sobre rotulagem energética de eletrodomésticos que
obrigam a essa atribuição nos diferentes Estados Membro, de forma
progressiva e com o objetivo de informar os consumidores das perfor-
mances dos equipamentos e orientar para as melhores escolhas.

Os dados existentes na etiqueta são da responsabilidade dos fabri-


cantes.
No ponto de venda é obrigatório que a etiqueta esteja em local visível
e aplicada aos equipamentos.

Portugal já transpôs as diretivas relativas a:

Frigoríficos e combinados;
Fornos elétricos, aparelhos de ar condicionado, iluminação;
Máquinas de lavar louça;
Máquinas de lavar e secar roupa.
25
UTILIZAÇÃO RACIONAL DE ENERGIA

O consumo de energia no sector doméstico representa uma fatia muito relevante


do consumo energético total em qualquer país (14% em Portugal, 25% média
Europeia). Este valor, relacionado com a taxa de posse de equipamentos consum-
idores, tem um aumento anual mais expressivo nos países desenvolvidos e em
vias de desenvolvimento (em Portugal, cresceu 3% na última década).

A redução dos custos associados aos consumo de energia é um objetivo individual


e coletivo que é resultado de uma utilização mais racional e inteligente dos equi-
pamentos consumidores de energia.

Para tal é necessário implementar medidas e ações, que apesar de simples, po-
dem traduzir-se em significativas poupanças energéticas e económicas.

26
27


Que diferença de consumo existe quando se usa a máquina em


carga máxima ou em meia carga?
Não possuindo a maioria das máquinas sensor de carga, a energia utilizada no
mesmo programa para os dois tipos de carga é semelhante. A diferença é que com
a carga plena se rentabilizou o processo de lavagem. Para o mesmo consumo de
energia duplicou-se a quantidade de roupa lavada.

A dureza da água tem alguma influência no consumo? Que


implicações pode ter o calcário para o consumo da máquina?
A presença de calcário na água (consequência da dureza da água) pode danificar a
resistência elétrica. Esta resistência é responsável pelo aquecimento da água. Um
mau funcionamento da resistência elétrica, por acumulação de calcário, poderá
aumentar o consumo elétrico.

Qual a temperatura de lavagem ideal?

A temperatura de lavagem depende, necessariamente, do grau de sujidade da


roupa. Só em situações muito excecionais é que se deverá lavar a roupa a 90ºC.
Para roupa muito suja, utilize a temperatura máxima de 60ºC. Nas outras circun-
stâncias, lave a roupa a 30 ou 40ºC.

Que cuidados de limpeza podemos ter para contribuir para


consumos mais reduzidos?
A limpeza do filtro é essencial para se garantir um consumo energético adequado.

Como posso verificar que se pode reduzir o custo de energia ao lavar


a temperatura mais baixas?
Se lavar a 60ºC, a máquina consome 1,3 kWh por ciclo, mas se lavar a 40ºC, o
consumo é de apenas 0,6 kWh/ciclo, ou seja, 46% do consumo a 60ºC (1,3 kWh)

Recomendada classe A ou B.
28


Estou a pensar comprar uma máquina de secar roupa, que critérios


ponderar na escolha?
Embora este tipo de equipamentos possa ser dispensável, graças ao nosso clima
ameno, caso opte pela sua compra, prefira máquinas que efetuem a evacuação
do ar húmido para o exterior, já que apresentam menores níveis de consumo en-
ergético.
Tal como nas máquinas de lavar roupa, a maior parte da energia é consumida no
processo de aquecimento, neste caso o ar, através de resistência elétrica.

Como posso otimizar a eficiência energética na sua utilização?


Coloque a máquina num local seco e bem ventilado.
Caso tenha uma máquina de secar roupa por evacuação, confira se o tubo que a
liga ao exterior é o mais curto possível, para que possa aumentar o rendimento
de secagem.
Utilize sempre a máquina na sua capacidade de carga máxima e, caso esta tenha
um dispositivo de medição da humidade, use-o, pois este desligará a máquina
quando as roupas estiverem secas.

Recomendada classe A ou B.

29


Que diferença de consumo existe quando se usa a máquina em


carga máxima ou em meia carga?
Não possuindo a maioria das máquinas sensor de carga, a energia utilizada no
mesmo programa para os dois tipos de carga é semelhante. A diferença é que com
a carga plena se rentabilizou o processo de lavagem. Para o mesmo consumo de
energia duplicou-se a quantidade de roupa lavada.

Quais os programas de lavagem mais aconselháveis?


Depende da máquina e do grau de sujidade da louça. Em regra, só deverá fazer
pré-lavagem quando a louça estiver muito suja. Sempre que a louça não estiver
muito suja, utilize o programa económico, que limita a temperatura lavagem/
secagem a 50-55ºC. Assim diminui a quantidade de água necessária e poupa
energia.

A dureza da água tem alguma influência no consumo? Que implicações


pode ter o calcário para o consumo da máquina?
A presença de calcário na água (consequência da dureza da água) pode danificar a
resistência elétrica. Esta resistência é responsável pelo aquecimento da água. Um
mau funcionamento da resistência elétrica, por acumulação de calcário, aumenta
o consumo.

-Qual a temperatura de lavagem ideal?


O maior consumo elétrico das máquinas de lavar loiça é devido ao aquecimento
da água de lavagem. Lave sempre à mais baixa temperatura possível (50-55ºC,
no programa económico). Para tal é importante que não deixe acumular muitos
restos de comida nos pratos.

Que cuidados de limpeza podemos ter para contribuir para consumos


mais reduzidos?
A limpeza do filtro é essencial para e garantir um consumo energético adequado.
30 Recomendada classe A ou B.


Na compra de um combinado é aconselhável optar pelos modelos


com 2 motores (compressores) ou apenas 1?
Os modelos com dois motores permitem a independência de funcionamento da
secção de refrigeração e congelação. Em consequência é possível desligar uma
das funcionalidades (para descongelação, por exemplo). Em termos de consumo,
não se verificam grandes disparidades entre os dois modelos.

Que implicações têm os motores (compressores) ao nível do consumo?


Praticamente todo o consumo elétrico dos equipamentos domésticos de frio é
devido ao compressor. O funcionamento do compressor é função das condições
de utilização: temperatura exterior (da cozinha), posição do termóstato, abertura
de portas, proximidade de fontes de calor, circulação de ar na parte traseira, etc.

Entre manter o frigorífico aberto por um período maior (~2 min) ou


abri-lo 2 ou 3 vezes, qual a solução mais económica?
É difícil dizer já que depende dos tempos de abertura. Aqui o bom senso deve im-
perar. A regra a ser cumprida é: reduzir o número de aberturas ao indispensável, e
o tempo de abertura ser reduzido tanto quanto possível.

Qual a temperatura ideal a que regular o termóstato do frigorífico? E


do congelador?
A conservação dos alimentos no compartimento frigorífico faz-se a uma tempera-
tura de aproximadamente 5ºC. Deve-se ter em conta a temperatura ambiente. A
temperatura no compartimento de congelação depende da categoria do aparelho
(nº de estrelas). Por exemplo: 1 estrela congela os alimentos a cerca de -6ºC; 3 ou
4 estrelas já atinge temperaturas de -18ºC

31


Por ano, quantas descongelações totais devem ser feitas?


Não existe uma regra para determinar o nº exato de descongelações anuais. Deverá desconge-
lar sempre que a camada de gelo acumulada seja significativa (cerca de 5 mm).
A parte traseira do frigorífico deve ficar afastada da parede? Porquê?
Quantos cm?
Sim, deve ficar afastada cerca de 10 cm da parede para facilitar a circulação de ar pela grelha
(condensador) colocada na parte traseira.
Tenho um frigorífico de 280 litros da marca xpto. Qual é o consumo
que este representa?
O consumo de um frigorífico, independentemente da sua capacidade, está indicado na ficha
técnica (Manual de Utilização) fornecida pelo fabricante. A etiqueta energética indica igual-
mente o consumo anual, com base em ensaio normalizado de 24h.
O anúncio relativo aos combinados refere que se os abrirmos menos
 vezes podemos reduzir o consumo até 15%. Como foi obtido este valor?
A abertura da porta é responsável por cerca de 20% do consumo, logo, ao abrir menos vezes e
durante menos tempo já está a poupar. É importante, para que a redução de consumo seja atin-
gida, que se alterem alguns hábitos de utilização dos equipamentos de frio reduzindo o tempo
e o número de aberturas ao máximo.

Recomendada classe A ou B.

Um frigorífico maior e mais eficiente pode não gastar menos do que um frigorífico adequado
ás necessidades mas classificado como menos eficiente. A instalação do aparelho deve ser feita
em local bem ventilado, evitando a proximidade do fogão e de aquecedores ou áreas expostas
ao sol, deixando espaço entre as paredes e o eletrodoméstico (entre 5 a 10 cm). Deve evitar-se
abrir desnecessariamente a porta, uma vez que a abertura das portas pode representar até 20%
do consumo global do eletrodoméstico.
32
FERRO DE ENGOMAR

P rocurar utilizá-lo o menor número de vezes possível.


O ferro de engomar deve ser ligado, de preferência, quando houver uma grande
quantidade de roupa para passar.

Deve ser utilizada a temperatura correta para cada tipo de tecido.


As roupas mais delicadas devem ser passadas primeiro.

O ferro de engomar deve ser desligado um pouco antes de terminar.


Evitar ligar o ferro elétrico quando outros equipamentos estejam ligados, pois so-
brecarrega a rede elétrica.

FOGÕES, FORNOS E MICRO-ONDAS

Deve ter-se em conta os consumos energéticos do equipamento (preferencialmente


classe A). Nos fogões a gás deve ser utilizada uma intensidade da chama adequada e,
sempre que possível e adequado, utilizar a panela de pressão. A panela deve ser man-
tida tapada enquanto cozinha e a chama deve ser regulada ao mínimo necessário.

Ao cozinhar quando a água estiver a ferver, a chama ou potência do forno deve ser
reduzida, uma vez que a temperatura máxima foi atingida (cerca de 100ºC), e apenas
se necessita de energia para manter essa temperatura.
Não abrir desnecessariamente a porta do forno uma vez que desperdiça energia.

O uso de recipientes de cerâmica ou vidro permite baixar cerca de 25ºC a temperatura


necessária ao cozinhado, pois estes materiais retêm melhor o calor. Manter o forno
limpo, pois assim o calor será melhor refletido. Verificar os vedantes.

O Micro-ondas é uma boa solução para refeições pequenas, já que pode ajudar a redu-
zir cerca de 2/3 da energia necessária

Sector doméstico;
33 Sector de serviços.


Na compra de lâmpadas, a que características estar atento para efetuar a melhor


escolha?
Às que constam da etiqueta: classe de eficiência energética (escolher as de classe
mais elevada ? A ou B), fluxo luminoso (ou luminosidade), potência e tempo de
vida. 

Qual a diferença entre lâmpadas fluorescentes e lâmpadas economizadoras?


Em rigor, ambas são fluorescentes e ? Economizadoras?, em contraste com as lâmpadas
incandescentes. No entanto, é frequente chamar-se lâmpada fluorescente à tubular, e
lâmpada economizadora à fluorescente compacta. A lâmpada fluorescente tubular (TL)
tem, em geral, maior potência, eficiência luminosa e tempo de vida que a lâmpada
fluorescente compacta (CFL). A TL necessita de uma luminária (armadura) própria e de
um balastro.
Que correspondência existe entre uma lâmpada incandescente de 100 W e uma
fluorescente compacta, em termos de luminosidade?
P ara obter a mesma luminância de uma lâmpada incandescente de 100 W qual a
potência aconselhável para uma lâmpada fluorescente compacta?
Uma lâmpada fluorescente compacta de 20 W é equivalente, em termos de fluxo lumi-
noso, a uma lâmpada incandescente de 100 W. 

As lâmpadas de halogéneo dão uma luz? melhor?; podemos obter poupançaidên-
tica com a sua substituição?

A luz das lâmpadas incandescentes de halogéneo é mais próxima da luz natural do


que a luz das lâmpadas fluorescentes. Contudo, para a mesma eficiência luminosa, as
lâmpadas de halogéneo consumem 3 a 4 vezes mais energia do que as CFL. Assim, a
sua substituição é muito vantajosa.

34


As lâmpadas de halogéneo são perigosas?


P elo facto de dissiparem muito calor (aquecem muito, podendo atingir temperatura na QUE CA LO R !
AL GUÉM QUE
ordem dos 600ºC), há que ter o cuidado de não lhes tocar quando estiverem acesas pois DESLIGUE
podem provocar queimaduras. A LÂMP AD A!

Qual o preço médio de aquisição?


O custo das CFL depende do tempo de vida das lâmpadas. Em termos médio uma CFL de
6000 horas ronda os 4 a 6 Euros; uma lâmpada de 10000 horas rondará os 8 a 12 Euros
(R$ 20 a 30) enquanto que as lâmpadas topo de gama (15000 horas) poderão atingir
entre 15-20 Euros (R$ 38 a 50).
O elevado custo de aquisição não compromete a poupança que
pretendo obter?
Não. Embora sejam mais caras do que as lâmpadas incandescentes, as CFL duram muito
mais (6 a 15 vezes) e consomem muito menos (cerca de 80% menos), pelo que rapida-
mente, ao fim de algum tempo, já está a poupar.Para tempos de utilização prolongados
uma CFL permite uma rápida recuperação do investimento (geralmente inferior a 2 anos).
Como posso confirmar que a utilização de lâmpadas fluorescentes
compactas reduz o consumo até 80%.
Basta constatar que, por exemplo, uma lâmpada incandescente de 100 W equivale a uma
CFL de 20 W. Assim, após trocar de lâmpada, de cada vez que liga a CFL está a poupar 80
Watts em cada 100, ou seja, 80% [(100-20)/100] no consumo de eletricidade.

A poupança pode ser maior com as lâmpadas LED?


Sim. A poupança, seguindo o raciocínio anterior, pode ser de 85%. Acresce que as lâm-
padas LED têm uma duração estimada em 60000 horas e possuem melhor restituição
cromática. Os preços são idênticos aos praticados para as CFL. É a evolução óbvia.
35
36
AQUECIMENTO DE ÁGUA

Na construção de uma casa as tubagens de água quente devem ser bem isoladas (pelo
menos com 10mm de espessura) para reduzir as perdas de calor e os consumos de
energia.

O termoacumulador deve ser escolhido de acordo com as necessidades de água


quente (cerca de 60 litros por pessoa).

Nos casos de termoacumulador a temperatura do termostato não deverá estar acima


dos 60ºC. Nestes casos a utilização de uma válvula misturadora termostática aumenta
a comodidade e reduz os consumos.

O fluxo de gás e o caudal de água no esquentador (ou temperatura do termoacumu-


lador), devem ser ajustados para evitar a necessidade de temperar a água, reduzindo
assim consumos de gás e água.

Recorrer a alternativas renováveis como coletores solares térmicos permite reduções


de até 80% da energia necessária para o aquecimento das AQS.

O termoacumulador deve ser desligado quando não for necessário água quente. Po-
dem ser utilizados relógios programados para desligar, por exemplo, durante a noite.

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O que significa exatamente stand-by?


A expressão stand-by diz respeito à situação em que o equipamento não executa
a função para a qual está destinada mas está pronto a desempenhá-la assim que
solicitado. Normalmente, os aparelhos têm uma pequena lâmpada vermelha que
permanece acesa em situação de stand-by. Assim, está a consumir energia.

Qual a potência de stand-by considerada “normal” para um aparelho


hi-fi? E para uma TV? E para um Vídeo?
A potência de stand-by de uma aparelhagem hi-fi pode variar entre 0 e 18W; de
uma TV entre 1 e 13 W; de um vídeo entre 5 e 19 W. Se estes aparelhos estivessem
permanentemente em stand-by, os consumos e correspondentes despesas anuais
poderiam ir até:

HI-FI: 18WX24HX365=158 KWH E 158X0,1211=19,1 €;


TV: 13WX24X365=114 KWH E 114X0,1211=13,8 €;
VÍDEO: 19X24X365=166 KWH E 166X0,1211=20,1 €.

Posso avaliar os equipamentos a comprar através do consumo em


stand-by?
Sim. A indicação do consumo ou da potência em stand-by deve constar da ficha
técnica no Manual do Utilizador.

Qual é o potência (consumo) de stand-by de um carregador de


telemóvel?
2 a 4 W. Se estiver sempre ligado sem estar a carregar o telemóvel, pode represen-
tar um consumo anual de 35 kWh ou seja, uma despesa de 4,20 € .

38


Tenho forno elétrico, que só funciona com o relógio ligado. Manter


o relógio em funcionamento consome energia?
Naturalmente que sim. Se o relógio estiver permanentemente ligado, o consumo
anual pode atingir 35 kWh a que corresponde uma despesa de 4,20 € (R$ 10,44).

Tenho um micro-ondas com um relógio digital permanentemente ligado.


Qual o consumo de energia elétrica anual e a respetiva despesa?
Um micro-ondas nessas condições, em stand-by, representa uma potência de 2 a 6
W. Anualmente, o consumo poderá variar entre 18 e 53 kWh, uma despesa entre
2,2 e 6,4 € (R$ 5,37 e R$ 15,80).

20:00

39
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DIRETIVA 2002/91/CE DE 16 DE DEZEMBRO (EPBD)

Objetivo: Promover a melhoria do desempenho energético


dos edifícios na Comunidade, tendo em conta:
As condições climáticas externas e as condições locais;
Exigências em termos de clima interior;
Rentabilidade económica.

Estabeleceu requisitos em matéria de:


Metodologia de cálculo do desempenho energético integrado;
Aplicação de requisitos mínimos para o desempenho energéti-
co dos novos edifícios e edifícios sujeitos a grandes obras de
renovação;
Inspeção regular de caldeiras e instalações de ar condicionado;
Certificação energética dos edifícios

CERTIFICADO ENERGÉTICO

Identificação da fracção

Etiqueta de Desempenho Energético


9 classes (de A+ a G)

Emissões de CO2 da fracção

Desagregação necessidades de energia


aquecimento, arrefecimento e águas quentes
necessidades energia em kWh/m2.ano

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