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Centro Universitário Jorge Amado, Av. Luís Viana Filho, 6775, 41.745-130,
Paralela,Salvador - BA
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
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Bacharelando em Engenheira Elétrica pelo Centro Universitário Jorge Amado, E-mail: esdrass@outlook.com
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Bacharelando em Engenheira Elétrica pelo Centro Universitário Jorge Amado, E-mail: daniloeet@gmail.com
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Bacharelando em Engenheira Elétrica pelo Centro Universitário Jorge Amado, E-mail: lucassouzalds@gmail.com
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Bacharelando em Engenheira Elétrica pelo Centro Universitário Jorge Amado, E-mail: matheus-garaujo@hotmail.com
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Orientadora Professora Mestra em Regulação da Industria de Energia, Professora Titular do Centro Universitário Jorge Amado, E-
mail:antonia.cruz@unifacs.br
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da sociedade moderna. Assim, a procura por um modelo mais sustentável aumenta o interesse
em formas de energia limpas e renováveis, que resolvem o problema da demanda energética
minimizando os impactos ambientais gerados pela poluição. A energia solar fotovoltaica tem
um importante papel nesse cenário, com um crescimento exponencial nas matrizes elétricas
nos últimos anos e desempenhando um papel de protagonismo no desenvolvimento
sustentável.
No ano de 2013 uma nova tecnologia foi desenvolvida na indústria dos painéis solares
monocristalinos e policristalinos, tendo potencial de se tornar uma das maiores revoluções no
ramo da energia solar. Denominada de half-cell (meia-célula), consiste na construção de
módulos mais eficientes, reduzindo o tamanho da célula fotovoltaica pela metade para melhor
aproveitamento na transformação dos raios solares em energia elétrica. O maior desafio
atualmente da indústria de energia solar é a diminuição ao máximo das perdas de geração de
energia, através da fabricação de painéis solares mais potentes e eficientes e utilizando novas
tecnologias.
Alguns estudos fazem comparações entre os módulos convencionais e módulos de meia-
célula para avaliar os benefícios, as diferenças estruturais de ambos e as desvantagens
financeiras, sendo um exemplo os resultados apresentados na 31ª Conferência e Exibição
Europeia de Energia Solar Fotovoltaica, que aponta grandes perdas de potência causadas pelas
resistências em série dos conectores dos módulos convencionais, tendo uma redução
significativa quando utilizada a tecnologia half-cell nos módulos fotovoltaicos (Hamed Hanifi,
2015).
Este artigo tem como objetivo apresentar os ganhos de eficiência e redução das perdas de
potência dos módulos construídos utilizando a tecnologia Half-cell, abordando detalhes das
características dos módulos de meia-célula, como seu desempenho térmico, redução de
hotspots e a tolerância a sombreamentos, além das vantagens econômicas e comercias no uso
do Half-cell em relação ao módulo convencional, o qual é o principal produto disponível no
atual mercado de energia solar.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No Brasil, até meados de 2011, a energia solar ainda era considerada um sonho. A partir
do final de 2012, a energia solar se tornou uma alternativa mais que eficaz para consumidores
que desejam gerar sua própria energia, que teve um impulso significativo graças às resoluções
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FONTE: http://www.cresesb.cepel.br/download/tutorial/tutorial_solar_2006
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O efeito fotovoltaico irá ocorrer quando fótons de luz solar incidirem sobre a junção P-
N acelerando as cargas do campo elétrico dessa região, gerando assim uma diferença de
potencial (CRESESB, 2006).
FONTE: NeoSolar
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FONTE: SEBRAE
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3 TECNOLOGIA HALF-CELL
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FONTE: https://www.ise.fraunhofer.de/content/dam/ise/de/documents/publications/conference-paper/36-eupvsec-
2019/Mittag_4AV120
As mudanças na estrutura dos módulos fotovoltaicos com Half-cell afetam não somente
a disposição das células no módulo como também o desempenho térmico do sistema. Os
módulos com células inteiras possuem uma única caixa de junção, a qual aloja três diodos by-
pass, diferente dos módulos de meia-células que possuem mais de uma caixa de junção na sua
estrutura, podendo adotar diferentes topologias na distribuição dos diodos by-pass e dos
interconectores como mostra a Figura 6. Em azul temos a célula solar, em cinza os
interconectores e laranja os diodos by-pass. Da esquerda pra direita, temos as células em série
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(A), células em paralelo (B) e por fim, os blocos em paralelo com seis string em série cada
(C). interconectores como mostra a Figura 6.
Figura 6: Diferentes topologias dos módulos de meia-célula. Azul = célula solar, cinza = interconectores, laranja = diodo
by-pass.
FONTE: https://www.ise.fraunhofer.de/content/dam/ise/de/documents/publications/conference-paper/36-eupvsec-
2019/Mittag_4AV120
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Diante de uma situação de sombreamento, a célula fotovoltaica perde sua fonte de tensão,
ocasionando a passagem da corrente elétrica pelo diodo, gerando uma polarização reversa na
junção P-N presente nas células devido a sua característica semicondutora.
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Encapsuladas entre o vidro na frente e atrás, as células solares são protegidas de forma
ideal contra fatores ambientais, como a intrusão de água. As células também são menos
suscetíveis ao estresse de cisalhamento, reduzindo assim a quebra celular. Seu desempenho
pode chegar a 80% de sua capacidade nominal após 30 anos de operação, garantindo uma boa
durabilidade.
A disposição dos componentes também permite uma maior tolerância a sombras, por
conta da divisão das células em números de grupos maiores. Isso permite o sistema um
desacoplamento do efeito das sombras quando incidem em algumas partes dos módulos, a
formação das chamadas sombras parciais, que são menos impactantes nos módulos que
utilizam a tecnologia.
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FONTE: PV-Manufacturing
Por outro lado, o encapsulamento também introduz alguns ganhos ópticos. O fato de os
índices de refração dos encapsulantes serem maiores que os do ar leva a uma redução
significativa na reflexão da superfície frontal. Isso fornece ganho de acoplamento óptico direto
e além disso, pode haver um ganho célula-a-módulo adicional por dispersão de luz que cai
dentro dos espaços entre as células (atinge a folha traseira).
Quando o ângulo da luz espalhada excede o ângulo de reflexão interno total para a
interface vidro-ar, ela é redirecionada de volta para as células onde pode ser absorvida. Por
conta disso, as perdas CTM são reduzidas pela melhoria na qualidade do material e inclusão
de novas tecnologias como a half-cell.
Um estudo científico publicado em 2019 por Max Mittag faz uma análise cell-to-module
completa de quatro modelos dos módulos full cell e half cell, apresentando resultados que
demonstram a maior eficiência dos módulos de meia célula, feitos através do software
SmartCalc.CTM.
Para os cálculos, foram escolhidas duas rotas diferentes para considerar essas possíveis
perdas do processo de separação celular. Em primeiro lugar, assumiu-se uma célula solar que
apresenta perdas significativas de recombinação de borda na simulação. Os resultados são
mostrados na Tabela 1, as células que sofreram as perdas de borda diminuíram o rendimento
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e, portanto, exibiram uma potência de saída menor que a metade da célula cheia. Os fatores
CTM e a potência do módulo serão afetados pela mudança, o que complica a discussão dos
resultados.
Tabela 1: Parâmetros das células
Fator de preenchimento
81.78 80.94 81.78
(%)
Área (mm²) 888 444 444
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Medidas a b c d
Células (quantidade) 6x10 6x19 6x20
Comprimento (mm) 1713.5 1753.5
Largura (mm) 1030.5
Espaçamento da célula (mm) 4 1.89 4
Espaçamento em série (mm) 4
Frame de cima/baixo (mm) 30 52.4 30
Frame da esquerda/direita (mm) 20
Área do módulo (m²) 1.766 1.807
Área da célula (m²) 1.57 1.49 1.57
Área de ativação (%) 88.9 84.5 88.9 86.9
Na primeira simulação, a célula e a temperatura da célula são ajustadas para 25 °C. Para
o segundo cálculo, definiu-se temperatura ambiente e temperatura do solo até 25 °C, para
calcular as temperaturas da célula em cada nível de irradiância, assumindo uma inclinação de
45° na montagem e uma velocidade do vento de 1 m/s (Mittag, 2019).
As perdas CTM da célula inteira são superiores aos outros modelos, dado que o modelo
full cell tem uma potência CTM inferior a 1, logo, conclui-se que a potência total do módulo
é menor que a potência total gerada pelas células. As tabelas 3 e 4 mostram os resultados das
simulações para células com combinação de borda e sem combinação de borda,
respectivamente.
Tabela 3: Configuração dos quatro modelos com recombinação de borda
Setup a b c d
Potência das células (Wp) 350.6 328.6 346
Potência das células (Wp) 341.6 332.3 346.4 349.2
Potência CTM 0.97 1.01 1 1.01
Eficiência da célula (%) 22.3 22.04
Eficiência do módulo (%) 19.35 18.82 19.61 19.32
Eficiência CTM 0.87 0.85 0.89 0.88
FONTE: Mittag (2019)
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Setup a b c d
Potência das células (Wp) 350.6 333 350.6
Potência do módulo (Wp) 341.6 336.9 351.1 354
Potência CTM 0.97 1.01 1 1.01
Eficiência da célula (%) 22.33
Eficiência do módulo (%) 19.35 19.08 19.88 19.59
Eficiência CTM 0.87 0.85 0.89 0.88
FONTE: Mittag (2019)
3.5 Resultados
Neste experimento, calculou-se a potência do módulo em diferentes irradiâncias
(temperatura da célula = 25°C) para encontrar a potência que aumenta com a irradiância.
Também foi calculada a eficiência de módulo normalizada para cada configuração e
irradiância para comparar os diferentes projetos de módulos, mostrada na Figura 10 e
descobriu-se que um aumento na irradiância não se traduz linearmente em um ganho de
potência.
Figura 10: Eficiência normalizada dos módulos por faixa de irradiância
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devido à área de atuação dos raios solares do modelo half cell ser menor em relação ao modelo
full cell.
Foi feita a comparação da saída de cada configuração de meia célula com o módulo de
célula completa e encontrada a proporção para ser claramente dependente da irradiância,
conforme mostrado na Figura 11, que relaciona a potência de ambas as células, evidenciando
que a tecnologia half cell, representada por (d), gera mais energia em comparação ao da célula
inteira em qualquer nível de irradiância.
É possível perceber a vantagem do módulo half cell com um módulo superior de potência
STC (c, d no gráfico), que aumenta com a irradiância. A desvantagem do módulo half cell é
que com uma menor potência nominal (b) decresce com a irradiância. Também é válido citar
como desvantagem que, como o número de células é duplicado, o mesmo acontece com o
número de soldas durante o processo de fabricação, e isso reforça a importância de recorrer a
painéis fotovoltaicos de qualidade.
As perdas no módulo full cell são comparativamente altas devido às correntes mais altas
e à resistência em série mais alta da interligação. Isso leva a um aumento das perdas resistivas
de energia CTM. Este aumento limita a produção de energia do módulo full cell em
irradiâncias mais altas e leva a uma vantagem clara do half cell em níveis mais altos de
irradiância.
Figura 11: Relação entre a potência por faixa de irradiância
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4 CONCLUSÕES
Neste trabalho foi mostrado um panorama geral da tecnologia half cell, análise célula-a-
módulo (CTM) comparando com os módulos convencionais full cell, além de ganhos e perdas
em diferentes cenários. O aumento no tamanho do módulo pode ser favorável em termos de
potência, e os módulos half cell possuem uma ligeira vantagem em termos de eficiência e perdas,
bem como na variação na irradiância. É uma tecnologia com um futuro promissor no mercado e
deve se expandir cada vez mais nos próximos anos.
Apesar dos módulos de meia célula ainda possuírem um maior custo absoluto maior em
comparação com os equivalentes, a tecnologia se mostrou muito mais vantajosa em termos de
custos específicos po Wp, sendo um investimento bastante viável, principalmente para os
pequenos consumidores finais, que poderão ter uma maior economia devido à eficiência dos
módulos, além da durabilidade, visto que o desempenho das meia células pode chegar a 80% da
capacidade nominal após 30 anos de operação, garantindo a economia por períodos mais longos
sem a necessidade de outros investimentos.
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Além das vantagens já citadas, é importante finalizar reforçando que a tecnologia pode
funcionar com uma menor quantidade de painéis instalados para uma mesma potência, maior
desenvolvimento térmico e maior tolerância às sombras, dado que quando temos esse efeito em
cima dos painéis fotovoltaicos, afeta apenas a metade do módulo que está exposta à sombra,
gerando assim uma maior eficiência energética.
5 REFERÊNCIAS
MITTAG, M.; PFREUNDT, A.; SHAHID, J.; WÖHRLE, N.; NEUHAUS, D.H.
“Techno-Economic Analysis of Half-Cell Modules - the Impact of Half-Cells on Module
Power andCosts”, Marseille, 2019. Disponível em:
http://publica.fraunhofer.de/documents/N-565478.html Acesso em: 05 out. 2022
VINTURINI, MATEUS. Diodos de bypass e hot spots dos módulos fotovoltaicos. Brasil,
2019. Disponível em: https://canalsolar.com.br/diodos-de-bypass-e-hot-spots-dos-modulos-
fotovoltaicos/. Acesso em: 10 out. 2022
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