Você está na página 1de 8

Capítulo 10 - DOI:10.55232/1084003.

10

ESTUDO DE FONTES DE ENERGIA RENOVÁVEIS:


ENERGIA SOLAR
Sarah Jennifer Alves Knupp, Adriana Souza Resende

RESUMO: Este trabalho tem por objetivo apresentar os problemas socioeconômicos e


ambientais causados pela geração de energia através das usinas hidrelétricas, e expor as
vantagens da geração de energia partindo de fontes renováveis, mostrando a criação e evolução
dos módulos fotovoltaicos através dos anos e evidenciando que a otimização destes
possibilitam uma produção de energia limpa, renovável e sustentável, visando a redução de
impactos ambientais, sociais e econômicos.
Palavras-chave: Energia Renovável, Sistema Fotovoltaico, Fontes Renováveis.

Página 206
INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, com o alto crescimento populacional, acarretou-se um considerável


aumento do consumo energético, em consonância com o cenário econômico delineado, o
consumo final de energia passou a primeira metade da década de 2000 crescendo a taxas mais
modestas (1,4% a.a.) que se aceleraram no segundo quinquênio 2000 em 2,3% a.a.. Dessa
forma, o consumo cresceu e continuará a crescer à taxa média de 1,9% anuais entre 2016 e
2026, atingindo uma elasticidade-renda de 0,76% (EPE,2020). Atualmente, a matriz energética
brasileira tem como principal fonte as usinas Hidrelétricas (UHEs), fonte essa que causa
alagamento de uma vasta área e provoca profundas alterações no ecossistema como, por
exemplo, a destruição da vegetação natural, o assoreamento do leito dos rios, o
desmoronamento de barreiras, a extinção de certas espécies de peixes. Isso sem falar nos
impactos sociais relacionados ao deslocamento de populações ribeirinhas e a destruição do
habitat natural de espécies nativas, além da decomposição da vegetação submersa, que libera
gases, como o gás carbônico e o metano que poluem a água e causam a morte de peixes
(SOUTO, 2018).

Apesar dos avanços na legislação ambiental brasileira, a construção de UHEs no país


continua contraditória devido aos impactos delas decorrentes. As discussões sobre os impactos
causados pelas UHEs centraram-se essencialmente nos efeitos físicos decorrentes dos processos
de planejamento e implantação, embora recentemente tenham se voltado para questões sociais
muitas vezes esquecidas, uma vez que esses impactos levaram a profundas mudanças nas
condições socioeconômicas e ambientais das populações locais ( CERNEA , 1997 ; CUNHA,
1999 ; RICHTER et al., 2010 ; CAVALCANTE; SANTOS, 2012 ).

Um dos principais motivos para investimento em energia sustentável é a diminuição


de poluição e mitigação do aquecimento global. O secretário-geral da Organização das Nações
Unidas (ONU), pediu que os países deixem de financiar o setor de carvão e se comprometam a
diminuir o uso de combustível fóssil. Segundo o relatório do Sistema de Estimativa de Emissões
de Gases de Efeito Estufa (SEEG), o Brasil diminuiu em 5% a emissão de gases do efeito estufa,
oriundos da geração de energia elétrica. Essa diminuição deve-se, principalmente, aos
investimentos em geração de energia eólica e solar.

Página 207
OBJETIVOS

Este trabalho tem por objetivo apresentar os problemas socioeconômicos e ambientais


causados pela geração de energia através das usinas hidrelétricas, e expor as vantagens da
geração de energia partindo de fontes renováveis, mostrando a criação e evolução dos módulos
fotovoltaicos através dos anos e evidenciando que a otimização destes possibilitam uma
produção de energia limpa, renovável e sustentável, visando a redução de impactos ambientais,
sociais e econômicos

METODOLOGIA

A metodologia é utilizada no projeto de IC da acadêmica Sarah Jennifer Alves Knupp,


orientada por Adriana de Souza Resende, com apoio da FAPEMAT, onde há uma busca por
artigos relacionados ao tema, bem como a elaboração de projetos. A princípio, a pesquisa se
caracterizará como um estudo de caso, e discorrerá sobre a compreensão e elaboração de
projetos, desde o funcionamento do sistema, a planta de localização para a identificação de
viabilidade, para que não haja estruturas ao redor que possam impossibilitar o sistema gerador,
até a escolha dos melhores módulos e inversores. Após a compreensão as pesquisas começam
a se voltar para a otimização do processo gerador, através da aprimoração ou da criação de um
novo protótipo mais eficiente, para maior produção em menos espaço.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O processo de geração de energia elétrica a partir do recebimento de irradiação solar


é decorrente do efeito fotovoltaico, onde há o surgimento de tensão elétrica em um material
semicondutor, que quando exposto a luz visível, recebe fótons da radiação eletromagnética com
frequência dentro do espectro visível, fazendo os elétrons da banda de valência saltar para a
banda de condução, produzindo uma corrente elétrica no interior da estrutura do semicondutor.
Figura 1: O efeito Fotovoltaico

Fonte: CRESESB, 2021.

Página 208
As células fotovoltaicas que são produzidas a partir de silício cristalizado (mono ou
policristalino), que absorvem a radiação solar em uma faixa extremamente estreita no espectro da
radiação, quando a luz na frequência correta é absorvida pelas células fotovoltaicas, os elétrons se
desprendem do semicondutor, causando assim, a geração de eletricidade (PORTAL SOLAR,
2021).
Em 1976, os engenheiros David Carlson e Christopher Wronski, dos laboratórios RCA,
deram origem à primeira célula de silício amorfo, que conta com uma eficiência de 1,1%. Já no
ano de 1992, na Universidade da Flórida do Sul, foi desenvolvida uma célula de filme fino, que
contém 15,89% de eficácia, e por fim no ano de 1994, O National Renewable Energy Laboratory
(NREL), criou a primeira célula que concentra 180 sóis de GaInP/GaAs, ou gálio fosforeto de
índio/arsenieto de gálio, tornando-se a primeira célula solar que superou em 30% a eficiência de
conversão. (PORTAL SOLAR, 2021).
As variadas tecnologias de células disponíveis no mercado têm custos e eficiências
diferentes. No mercado brasileiro, estão homologadas pelo Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia (INMETRO) três tipos de tecnologia: silício monocristalino, silício
policristalino e filmes finos. Segundo a nota técnica do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos,
o Brasil tem excelentes reservas de silício e lítio, principais matérias-primas das células
fotovoltaicas e de baterias, respectivamente (CGEE, 2009).
Figura 2: Células Fotovoltaicas de silício cristalizado

Fonte: GreenPro/Suniva, 2021.


Os módulos fotovoltaicos são painéis utilizados na captação de luz solar para a
conversão em eletricidade, são compostos por 36 a 72 células solares produzidas geralmente
por silício. O desempenho dos módulos é decorrente de vários fatores, como a taxa de
irradiação solar, a posição dos módulos que devem ser de preferência, sempre voltados para o
norte, a quantidade de células fotovoltaicas e o tipo de cristalização do silício.

Página 209
Na década de 1950, os painéis solares convertiam em média apenas 4,5% da energia
solar em energia elétrica, o que correspondia a 13 Wp/m2, a um custo de US $1.785/Wp. Hoje
em dia, a eficiência média mundial triplicou para 15% (143 Wp/m²), a um custo 1.370 vezes
mais barato, de US $1,30/Wp (WOODHOUSE et al., 2019). De acordo com o Center for
Sustainable Systems (CSS), hoje existem no mercado módulos capazes de apresentar uma
eficiência acima de 20%. Mesmo com o aumento considerável em sua capacidade de produção,
os módulos ainda são pouco eficientes, sendo um dos fatores que mais agregam custo nas usinas
de geração fotovoltaicas, pois aumentam consideravelmente o número de módulos necessários,
gerando um custo maior e necessitando de uma grande área para a instalação do sistema.

Figura 3: Componentes do Painel Solar

Fonte: AGROALIMENTANDO,2019
O sistema de geração é a junção dos componentes, os módulos fotovoltaicos que
captam os raios solares e convertem a luz solar em eletricidade, e os inversores, que convertem
a energia produzida em corrente contínua para corrente alternada.
Atualmente, a maioria dos sistemas de geração são ligados a rede elétrica da
concessionária local, esse tipo de sistema é chamado de on-grid, mais utilizados pelo fato de
reduzir custos em relação ao sistema off-grid, onde o sistema é totalmente independente da rede
e a energia produzida é armazenada em baterias de lítio.

Os sistemas podem ser instalados no solo ou em telhados, geralmente os módulos são


posicionados para o norte, onde a incidência de radiação solar é maior. Os módulos existentes
no mercado, dificilmente ultrapassam os 20% de sua capacidade de produção, gerando um dos
únicos pontos negativos da produção de energia fotovoltaica, a necessidade de uma grande área
para produção.

Página 210
Figura 4: Usina em Solo

Fonte: Ascom Governo do Tocantis,2021.


As tecnologias para aproveitamento da energia solar por meio de painéis fotovoltaicos
tiveram grande avanço nas últimas décadas. Comparativamente a outras opções de produção de
energia elétrica, a fotovoltaica foi a que teve o melhor desempenho ao longo dos últimos anos:
uma redução de 86% do custo médio de produção, entre 2009 e 2017, em valores médios LCOE
- Levelized Cost of Energy Analysis - por MWh.10 A secunda maior queda, no mesmo período,
foi a da energia eólica: 67%.

CONCLUSÃO

A luz do Sol é um bem livre, ilimitado e não excludente. Isso significa que além de
estar disponível para todos, o seu uso por uns não impede o acesso ou a disponibilidade para
outros. Diferentemente da água doce, e também dos combustíveis fósseis, a luz solar é uma
fonte inesgotável, tendo-se como base a escala geológica de tempo de nosso planeta. Sequelas
ambientais recentes provocaram furos na camada de ozônio que filtra os raios ultravioleta e
isso causa danos à nossa saúde. Mas a radiação solar, vital ao ciclo das plantas, não está
comprometida. Recentes mudanças antropogênicas na dinâmica do clima têm acarretado
variações na regularidade dos períodos de chuvas e estiagem, além de apontarem para uma
tendência preocupante de aquecimento global (IPCC, 2014).
De acordo com as observações feitas através da leitura das bibliografias citadas acima,
conclui-se que o Brasil é um país com uma grande necessidade de alteração em sua principal
fonte geradora de energia elétrica, as hidrelétricas, principal fonte atual, que causa danos
socioeconômicos praticamente irreversíveis as comunidades que vivem próximas às

Página 211
instalações das usinas, e, com um grande potencial para a geração de energia a partir de fontes
renováveis, em foco, a energia fotovoltaica.
Mostrando dados atuais, que revelam que os módulos existentes não ultrapassam de
20% de sua capacidade de produção, e sugerindo que para que seja eficaz e com eficiência
energética é necessário que a capacidade de produção seja superior a esses 20%. Nesse caso
concreto, o valor do custo e a área destinada para implantação do sistema serão menores, uma
vez que haverá uma grande redução no custo, tornando assim, muito mais viável a implantação
do sistema.
Nessa lógica, o modo de produção de energia proveniente de fontes renováveis, desde
a concepção do projeto, será sustentável, trazendo equilíbrio entre as demandas de energia em
larga escala e os modos de produção, diminuindo os impactos sociais, econômicos e
ambientais.
Mesmo produzindo energia aquém do ideal, os painéis fotovoltaicos ainda são
alternativas bastante atraentes, tanto no quesito sustentabilidade quanto no quesito financeiro
(após o tempo mínimo destinado ao pagamento do investimento inicial).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAGA, Renata. Energia Solar Fotovoltaica: Fundamentos e Aplicações. Rio de Janeiro, 2008.
80 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Elétrica) - Universidade Federal do Rio de
Janeiro
BURSZTYN, Marcel. Energia solar e desenvolvimento sustentável no Semiárido: o desafio da
integração de políticas públicas. Centro de Desenvolvimento Sustentável, Universidade de
Brasília, Distrito Federal, Brasil, 8 de maio de 2020.
CAVALCANTE, M. M. A.; SANTOS, L. C. Hidrelétricas no Rio Madeira-RO: tensões sobre
o uso do território e dos recursos naturais na Amazônia, Confins, 2012
CENTER FOR SUSTAINABLE SYSTEMS (CSS). Photovoltaic energy factsheet. University
of Michigan, ago. 2016.
CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS (CGEE). Estudo Prospectivo em
Energia Fotovoltaica. Ministério de Ciência e Tecnologia, Brasília, 2009. (Nota Técnica), 48p.
CERNEA, M. M. Hydropower Dams and Social Impacts: A Sociological Perspective.
Environment Department Papers Social Assessment Series, Paper No. 16, 1997.
CUNHA, H. F. A. Avaliação da eficácia de medida mitigadora de impactos socio-ambientais
causados por construção de hidrelétricas: o reassentamento populacional da UHE de Taquaruçu
- SP. 1999. 169 f. Tese (Doutorado em Engenharia Ambiental) - Universidade de São Paulo,
1999.
História e origem da Energia Solar. (Portal Solar, 2020).

Página 212
IPCC. Climate Change 2014: Synthesis Report. Geneva: IPCC, 2014. 151p.
NASCIMENTO, Cassio. Princípio de funcionamento da célula fotovoltaica. Lavras, Minas
Gerais, Brasil, 2004.
RICHTER, B. D. et al. Lost in development’s shadow: The downstream human consequences
of dams. Water Alternatives, 3(2), 14-42, 2010.
SOUTO, Ana Lucia. Usinas Hidrelétricas: Impactos socioambientais das usinas hidrelétricas.
Produzindo Energia Elétrica, Khan Academy, 2018.

Página 213

Você também pode gostar