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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

INSTITUTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DANIELA GOMES SILVA

A MANUFATURA ADITIVA NO CENÁRIO DA INDÚSTRIA 4.0

São José dos Campos


2022
DANIELA GOMES SILVA

A MANUFATURA ADITIVA NO CENÁRIO DA INDÚSTRIA 4.0

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Federal de São Paulo como requisito
parcial do Trabalho de Conclusão de Curso do curso
de Bacharelado em Engenharia de Materiais.

Orientador: Profa. Dra. Mariana Motisuke

São José dos Campos


2022
DANIELA GOMES SILVA

A MANUFATURA ADITIVA NO CENÁRIO DA INDÚSTRIA 4.0

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Federal de São Paulo como requisito
parcial para obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia de Materiais.

BANCA EXAMINADORA:

Profa. Dra. Mariana Motisuke

Universidade Federal de São Paulo

Orientador

Prof. Dra. Marina Oliveira de Souza Dias

Universidade Federal de São Paulo


Na qualidade de titular dos direitos autorais, em consonância com a Lei de direitos autorais nº
9610/98, autorizo a publicação livre e gratuita desse trabalho no Repositório Institucional da
UNIFESP ou em outro meio eletrônico da instituição, sem qualquer ressarcimento dos direitos
autorais para leitura, impressão e/ou download em meio eletrônico para fins de divulgação
intelectual, desde que citada a fonte.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da UNIFESP São José dos Campos com os dados
fornecidos pelo(a) autor(a)

Silva, Daniela Gomes.

A MANUFATURA ADITIVA NO CONTEXTO DA INDÚSTRIA 4.0 / Daniela Gomes Silva.


2022. 44 f.

Trabalho de conclusão de Engenharia de Materiais – Universidade Federal de São


Paulo, Instituto de Ciência e Tecnologia, 2022.

Orientador: Mariana Motisuke

Título em outra língua: Additive Manufacturing in the Industry 4.0 Scenario.

1. Indústria 4.0. 2. Manufatura Aditiva. 3. Inovação. 4. Sustentabilidade. I. Mariana


Motisuke. II. Trabalho de conclusão de Engenharia de Materiais – Universidade Federal de
São Paulo, Instituto de Ciência e Tecnologia. III. A MANUFATURA ADITIVA NO CONTEXTO
DA INDÚSTRIA 4.0.
Agradecimentos
Primeiramente, à minha mãe e minha irmã, Elizabeth Gomes e Rafaela Gomes, que
sempre me apoiaram e foram minha base.

Aos meus amigos, especialmente Adrielle Silva e Amanda Correia, que estiveram
comigo e foram companheiras desde o início da jornada universitária. Aos amigos desde a época
da escola que sempre me apoiaram em todas as minhas decisões.

À minha querida orientadora, a Profa Dra. Mariana Motisuke, que sem toda paciência e
carinho dela, este trabalho não seria possível.

À Universidade e aos docentes por todo conhecimento e experiência compartilhados ao


longo dos anos.
Resumo

Motivadas pelo aumento da busca por inovações e produtividade, surgiram as Revoluções


Industriais que culminaram na 4° Revolução, conhecida como Indústria 4.0. Esse novo tipo de
indústria é caracterizado por não haver barreiras entre o mundo físico e o digital, possibilitando o
controle da fábrica em tempo real. A Indústria 4.0 é constituída por quatro componentes, seis
princípios e nove pilares que são relacionados entre si e garantem maior eficiência em seu
funcionamento. Na busca por técnicas de processamento que acompanhasse a evolução das
tecnologias nas indústrias surgiu a manufatura aditiva. Conhecida também como Impressão 3D é
uma forma de processamento, na qual se cria um objeto tridimensional e a produção é feita em
etapas, adicionando material camada por camada até formar a peça final. Este trabalho teve por
objetivo justificar, através da revisão narrativa da literatura, as vantagens da utilização da
manufatura aditiva como impulsionadora da Indústria 4.0 e discutir os benefícios e as
controvérsias no quesito sustentabilidade. Como resultado pode-se perceber que a impressão 3D
pode levar ao aumento da receita, da empregabilidade e redução de desperdício de matéria-prima
e mesmo com alguns pontos desfavoráveis, é possível contorná-los com os avanços educacionais
e tecnológicos na área. Em relação a indústria 4.0 percebe-se que faltam estudos sobre sua
implantação em países que estão em desenvolvimento e em indústrias de micro e pequeno porte,
além de não ter certeza do impacto na sociedade e na questão empregatícia decorrente dessas
transformações tecnológicas. Para que a manufatura aditiva e a indústria 4.0 corroborem para o
desenvolvimento sustentável é essencial que a sustentabilidade e o desenvolvimento social sejam
parte das metas e diretrizes da empresa, caso contrário, elas podem disparar a desigualdade
social.

Palavras-chaves: Indústria 4.0. Manufatura Aditiva. Inovação. Sustentabilidade.


Abstract

Driven by the increased pursuit of innovation and productivity, the Industrial Revolutions
emerged that culminated in the 4° revolution, known as Industry 4.0. This new type of industry is
characterized by the lack of barriers between the physical and digital world, making it possible to
control the factory in real time. Industry 4.0 consists of four components, six principles and nine
pillars that are related to each other and ensure greater efficiency in their operation. Industry 4.0
consists of four components, six principles and nine pillars that are related to each other and
ensure greater efficiency in their operation. In the search for processing techniques that
accompanied the evolution of technologies in the industries, additive manufacturing emerged.
Also known as 3D printing is a form of processing, in which a three-dimensional object is created
and production is done in stages, adding material layer by layer to form the final part. This work
aimed to justify, through the narrative review of the literature, the advantages of the use of
additive manufacturing as a driver of Industry 4.0 and to discuss the benefits and controversies in
the issue of sustainability. As a result it can be noticed that 3D printing can lead to increased
revenue, employability and reduction of raw material waste and even with some unfavorable
points, it is possible to circumvent them with educational and technological advances in this field.
With regard to Industry 4.0, we can see that there is a lack of studies on its implementation in
developing countries and in micro and small industries, as well as being unsure of the impact on
society and the employment issue resulting from these technological transformations. For
additive manufacturing and Industry 4.0 to support sustainable development, it is essential that
sustainability and social development are part of the company’s goals and guidelines, otherwise
they can trigger social disparity.

Keyworks: Industry 4.0. Additive Manufacturing. Innovation. Sustainability


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Evolução da Indústria …………………………………………………...…… 14

Figura 2: Pilares da Indústria 4.0 ……………………………………………………...…. 17

Figura 3: Representação do processo de impressão 3D ….…………………………….. 19

Figura 4: Fluxograma de escolha dos materiais ………………………………………... 23

Figura 5: Utilização dos 6 R 's ………………………………………………………….. 33

Figura 6: Economia circular e criação de valor ………………………………………………... 34


LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Organização de materiais sobre manufatura aditiva na indústria 4.0 ………………... 23

Tabela 2: Organização de materiais sobre manufatura aditiva, indústria 4.0 e sustentabilidade.. 29

Tabela 3: Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU ……………………….... 38


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CAD - Computer Aided Design
CPS - Cyber Physical Systems
ERP - Enterprise Resource Planning
EUA - Estados Unidos da América
I4.0 - Indústria 4.0
IIoT - Industrial Internet of Things
IoS - Internet of Services
IoT - Internet of Things
MA - Manufatura Aditiva
ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
RFID - Radio Frequency Identification
RP - Rapid Prototyping
SLT/STL - Stereolithography
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO …………………………………………………………………...…… 12
2. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS ……………………………………………………. 13
3. REVISÃO DA LITERATURA ……………………………………………………….... 13
3.1 Indústria 4.0: Histórico e Definições ………………………………………. 13
3.2 Indústria 4.0: Panorama Nacional e Mundial ……………………………… 17
3.3 Manufatura Aditiva ……………………………………………………..….. 18
3.4 Indústria 4.0, Manufatura Aditiva, Meio Ambiente e Sustentabilidade …… 20
4. MATERIAIS E MÉTODOS …………………………………………………………… 22
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ……………………………………………….………. 23
5.1 Manufatura Aditiva na Indústria 4.0 …………………………….…………. 23
5.2. Manufatura Aditiva, Indústria 4.0 e Sustentabilidade …………………….. 29
6. CONCLUSÕES ……………………………...………………………………………… 39
7. REFERÊNCIAS ……………………………………………………………………..… 40
12

1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, visando o aumento do lucro, foi possível observar no mercado mundial
uma crescente busca pelo aumento da competitividade, produtividade, eficiência e qualidade e,
principalmente, a redução dos custos [1]. Consequentemente, embasado nas modificações que a
indústria vêm sofrendo desde a Primeira Revolução Industrial, aumentaram-se os esforços para
encontrar soluções que pudessem trazer um novo meio de produção e gerenciamento da mesma
[2]. Nesse cenário nasceu a terminologia Indústria 4.0, a qual foi primeiramente usada na
Alemanha, em 2011. Este termo se refere à quarta revolução industrial que tem como ideal a
fábrica inteligente, ou seja, aquela que a partir de tecnologias voltadas para automatização
funciona de forma interligada e é capaz de se comunicar internamente em tempo real [3].
Ao passo que essa nova forma de industrialização foi sendo implementada, houve a
necessidade de mudanças nas formas de gerenciamento da produção e técnicas de processamento,
aspirando acompanhar a modernização das indústrias, o que levou à procura por técnicas que
permitissem economia de tempo e de custos, além de possuir tecnologias inovadoras. Nessa
conjuntura, o processamento via manufatura aditiva, conhecido como impressão 3D, ganhou
espaço e é destaque entre os outros métodos de processamento de materiais. Além dos requisitos
necessários para amparar a indústria 4.0, a notoriedade dessa técnica se deve à possibilidade de
fabricar objetos e peças com uma maior precisão dimensional, com geometrias diversas e
complexas e design único [4]. Esse método de confecção se caracteriza pela adição de material
em camadas que foram impressas a partir de um protótipo digital desenhado em um software de
modelagem tridimensional [3].
Inovação e tecnologia, caso não sejam aplicadas de maneira assertiva, podem levar à
intensificação da desigualdade social e causar impactos negativos no meio ambiente. Entretanto,
quando ambas trabalham em conjunto, gera o desenvolvimento da sociedade como um todo.
Além do mais, por meio de mudanças na fábrica e na cadeia de suprimentos, esse progresso
social pode ocorrer de maneira sustentável e leva à implementação da economia circular [5].
13

2. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS

Frente ao cenário atual, em que a tecnologia, inovação, buscas por melhorias e redução
de custos são fundamentais para o avanço do setor industrial, o presente trabalho tem como
objetivo discutir e elucidar o papel e a importância da manufatura aditiva no auxílio do
crescimento da Indústria 4.0, que pode trazer um aumento da produtividade, redução de
desperdícios e custos, fomentando a sustentabilidade e a economia circular.

3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Indústria 4.0: Histórico e Definições

Visto que a indústria é um dos principais componentes para o crescimento econômico e


desenvolvimento do país, ao longo da história da humanidade foi perceptível que todas as
grandes revoluções industriais surgiram da necessidade de mudanças e melhorias, e os avanços
tecnológicos foram fundamentais para manter esse progresso contínuo da indústria [6].
Até o final do século XVIII a produção era feita de forma artesanal, o que tornava a
produção lenta, gerando poucas peças produzidas. Como esse modelo de produção não estava
compatível com os princípios do capitalismo, se fez necessário o desenvolvimento de tecnologias
que aumentassem a produtividade [6]. Nesse cenário, durante o período de 1760 a 1840, na
Inglaterra, teve início a Primeira Revolução Industrial, a qual foi marcada como o início do
desenvolvimento industrial [7]. Suas principais características e inovações foram a utilização da
máquina a vapor e o tear mecânico [8].
Como o foco das revoluções sempre foi o aumento da produtividade, as tecnologias
trazidas pela Primeira Revolução foram suficientes até certo momento para suprir a demanda da
época. Entretanto, conforme a sociedade foi evoluindo e se modernizando, surgiram novas
exigências tecnológicas, que levaram à Segunda Revolução Industrial a partir 1870. Essa
revolução foi marcada pela facilidade de produção devido ao uso da energia elétrica, divisão do
trabalho, uso da metalurgia, modernização dos meios de transportes e de comunicação, além de
ter dado início a um dos sistemas de produção mais utilizados, o Fordismo, conhecido também
como produção em massa [6].
14

Cem anos após a Segunda Revolução Industrial, a modernização das indústrias deu um
novo passo rumo à inovação. Denominada como Revolução Digital, a Terceira Revolução
Industrial surgiu em 1970 e foi fruto da necessidade por melhorias de cunho tecnológico e
digital. Ela se caracterizou pelo uso de componentes eletrônicos, nanotecnologia,
semicondutores, tecnologia da informação e automação das linhas de produção [1]. Além disso,
ocorreram mudanças na forma de trabalho e em processos, o que alterou a estrutura
organizacional das empresas, revolucionou os planos de negócios e visões estratégicas,
incentivou a globalização, aumentou as relações internacionais e a competitividade a nível
mundial [1].
Dando continuidade ao avanço tecnológico dentro das fábricas, a Quarta Revolução
Industrial trouxe o conceito de Indústria 4.0 e foi resultado da busca por inovação de todas as
Revoluções Industriais existentes. Nesse novo tipo de indústria, não existem barreiras entre o
mundo físico e o digital, e sim o resultado da fusão entre eles [9]. Uma figura com um quadro
resumo de cada Revolução Industrial pode ser observado na Figura 1.

Figura 1 - Evolução da Indústria

Fonte: AIRES, ROSA, GYORI, REIS, BUTTIGNON, 2019


15

Além do mais, trouxe termos como Smart Factory (Fábrica Inteligente) e Factory of The
Future (Fábrica do Futuro), os quais se referem ao funcionamento da indústria e estilo de
produção: sistemas integrados que controlam a fábrica em tempo real, por meios digitais e de
maneira muito mais eficiente [10].
A Indústria 4.0 é constituída por componentes, princípios e pilares que são relacionados
entre si. Seus quatro componentes necessários para seu funcionamento são: CPS, IoT, IoS e
Smart Factory. Os CPS (Cyber Physical Systems - Sistemas Ciberfísicos) são responsáveis por
armazenar os dados e informações dos processos e operações que acontecem no mundo físico e
integram estes ao mundo virtual, o que o permite tomar decisões em tempo real, descentralizadas
e de forma autônoma. A IoT (Internet of Things - Internet das Coisas) é a conexão dos objetos
físicos com a internet, o que permite uma maior conexão entre pessoas, objetos e dispositivos,
aumentando a onipresença da internet. Entretanto, no ambiente industrial é comum o termo IIoT
(Industrial Internet of Things - Internet Industrial das Coisas) [10]. O IoS (Internet of Services -
Internet dos Serviços) é a oferta de serviços na internet que utiliza duas tecnologias, o Big Data e
Cloud (Computação na Nuvem) [11]. Smart Factory, conhecida como Fábrica Inteligente, é a
integração de todos os componentes citados anteriormente para um funcionamento inteligente e
automatizado da fábrica. Em outras palavras, utiliza-se do IoT e do IoS para administrar as
operações através do CPS [12].
A Indústria 4.0 possui ao todo seis princípios que estão relacionados aos seus
componentes. O primeiro deles é a capacidade de operação em tempo real (Real Time
Capability), que representa a capacidade do sistema em obter a informação do processo e
analisar os dados, permitindo uma tomada de decisão instantânea e inteligente. O segundo
princípio é o de virtualização e representa o processo de monitorar remotamente as operações
que ocorrem na fábrica. Isso é possível devido à instalação de sensores ao longo da planta e eles
estão conectados a um software que possui a cópia da planta em versão digital. O terceiro
princípio é o de descentralização, ou seja, o CPS consegue tomar decisões, de modo autônomo,
baseadas nos dados coletados, descentralizando a tomada de decisão e garantindo que as
necessidades da operação sejam atendidas de prontidão [13]. O princípio de orientação a serviços
utiliza conceitos de IoS para customizar os processos de acordo com as exigências do cliente. O
quinto princípio é o de modularidade e ele corresponde à capacidade de de uma máquina ser
flexível a mudanças, seja por demanda do cliente, mudança no produto ou qualquer outra
16

eventualidade [10]. O último princípio e um dos mais importantes é o de interoperabilidade. Ele


representa a capacidade de conexão da Smart Factory, dos CPS’s e dos operadores humanos com
a IoT e IoS, ou seja, interligando-os e permitindo a comunicação eficiente e imediata entre eles
[6].
Partindo para os pilares, tem-se nove ferramentas e conceitos que são fundamentais para
garantir a implementação e a performance da Indústria 4.0. O Big Data Analytics é utilizado para
analisar a grande quantidade de dados que são enviados dos processos, permitindo uma tomada
de decisão mais rápida e assertiva [12]. A Robótica já é utilizada nas fábricas atualmente,
entretanto, quando se fala de Indústria 4.0 a expectativa é que os robôs sejam mais autônomos,
capazes de desempenhar atividades de alto risco e aumentem a produtividade. A Simulação
auxilia na tomada de decisões baseando-se em testes de otimização que utilizam dados obtidos
em tempo real, gerando processos mais eficientes e reduzindo custos. A Integração de Sistemas é
um sistema que integra diversos setores, sistemas da mesma empresa e até com clientes,
facilitando o acesso às informações, por exemplo os sistemas ERP (Enterprise Resource
Planning - Sistema Integrado de Gestão Empresarial). A IIot (Industrial Internet of Things)
auxilia em obter respostas de imediato devido à interação com dispositivos e equipamentos,
recebendo informações a todo momento [13]. Tendo em vista que todos os sistemas e
dispositivos estão conectados com a internet, a Cybersecurity (Segurança Cibernética) é
fundamental para que nenhum dado seja vazado e que todo sistema seja protegido contra ataques
cibernéticos [12]. A Cloud (Computação na Nuvem) permite o armazenamento de dados e acesso
a eles de qualquer dispositivo, desde que tenham acesso à internet. A Realidade Aumentada é a
junção do ambiente online e offline, o que permite a integração de muito mais sistemas e auxilia
no desenvolvimento de processos [13]. E por fim, a Manufatura Aditiva é a forma de produção
de um material conhecido como Impressão 3D e, devido a utilização de um software para a
idealização do protótipo, possibilita a criação de peças personalizadas e reduz desperdícios [12].
Na Figura 2 pode-se observar todos os nove pilares da Indústria 4.0.
17

Figura 2: Pilares da Indústria 4.0

Fonte: Fonte: ENYOGHASI, BADURDEEN, 2021

3.2 Indústria 4.0: Panorama Nacional e Mundial

Diante do cenário de inovação e tecnologia que a Indústria 4.0 proporciona é natural


questionar a situação que o Brasil se encontra perante a outros países. De um lado temos a
Alemanha, que em 2011 já falava sobre a Quarta Revolução Industrial, e do outro lado tem-se as
indústrias que possuem instalações no Brasil, que atualmente se encontram ainda na transição das
Indústrias 2.0 para a Indústria 3.0, apresentando um ritmo muito lento de desenvolvimento [6].
Apesar disso, algumas empresas, principalmente as multinacionais e startups, buscam
inovar e já iniciaram o processo de automatização e aplicação dos conceitos da Indústria 4.0.
Nesse quesito, o setor automobilístico é um dos mais avançados, pois os profissionais da área
devem estar de acordo com o nível de competitividade existente no mercado [12]. Alguns
exemplos de empresas que já iniciaram o processo de utilização de tecnologias avançadas em
suas plantas brasileiras, independente do setor de atuação, são: Volkswagen, Basf, Ford,
Electrolux, Fiat Chrysler Automobiles (FCA), Hyundai, Vale e Mercedes-Benz . Essas empresas
inovaram através do uso de aplicativos baseado em data analysis, prototipação digital, impressão
3D, realidade virtual, utilização de sensores RFID (Radio Frequency Identification) e inteligência
artificial [9].
O atraso na implementação da Indústria 4.0 no Brasil se deve a escassez de conhecimento,
estudos e financiamento [6]. Para que o país consiga desenvolver essa área é necessário:
desenvolver políticas estratégicas; investir em tecnologia e digitalização; criar programas de
fomento à educação, pesquisa e capacitação profissional; busca por parcerias com países mestres
na área; e incentivos financeiros e governamentais para o mercado [12]. A evolução para
Indústria 4.0 é fundamental para garantir que o Brasil se mantenha competitivo, aumente seu
18

potencial econômico e sua presença no mercado internacional [2].


Em âmbito mundial, os países que sempre estiveram à frente do desenvolvimento da
Indústria 4.0 estruturaram um projeto para a implementação assertiva dessa tecnologia,
levantando os desafios que deveriam ser enfrentados e as metas a serem alcançadas. Entre esses
países estão a Alemanha, Estados Unidos e China [14]. A Alemanha se destaca por ter sido a
primeira a usar o termo Indústria 4.0, investir e possuir tecnologias inovadoras, gerencia
processos industriais complexos, um grande know-how e excelentes habilidades na área de
Tecnologia da Informação. Já os EUA é conhecido por ter um conhecimento prático muito vasto,
investimento em inovação e por produzir e fornecer bens e equipamentos essenciais para o
próprio país e para outros. A China, para atingir a grande revolução tecnológica, diminuiu a
produção de produtos de baixo custo e começou a investir em inovação, inclusive criou
programas para atrair trabalhadores estrangeiros para auxiliar no desenvolvimento do país [14].

3.3 Manufatura Aditiva

A primeira aparição da Manufatura Aditiva (MA), também conhecida como Impressão


3D, se deu em 1980 e foi chamada de Prototipagem Rápida (RP - Rapid Prototyping), entretanto,
apenas em 1986 foi criada a primeira impressora 3D. Desenvolvida por Charles Hull, ela
baseava-se na técnica estereolitografia (SLT/STL - Stereolithography - SLA), ou seja, curar
resina líquida com laser UV e essa cura era feita em etapas, construindo camada por camada da
peça desejada [15].
Em outras palavras, a manufatura aditiva é uma forma de processamento, na qual se cria
um objeto tridimensional e a produção é feita em etapas, adicionando material camada por
camada até formar a peça final. Inicialmente a prototipagem do material é feita em um software
do tipo CAD (Computer-Aided Design - Design Assistido por Computador) [15]. Em seguida o
protótipo é convertido em um arquivo do tipo estereolitografia e enviado a um software (Slicer)
que tem a função de triangular e fatiar o desenho. Através de parâmetros estabelecidos, cada fatia
do modelo conterá informações das camadas que deverão ser impressas para compor o objeto
final [16]. Por fim, o arquivo é enviado em formato G-Code do slicer para a impressora 3D [15].
Para a produção, existem, em média, cinco diferentes tipos de softwares: o software paramétrico
é o CAD, cuja função é a modelagem de peças mais simples; o software orgânico é utilizado para
peças amórficas ou peças complexas que não podem ser modeladas pelo CAD; o software de
19

renderização é responsável pelas renderizações e mostra uma previsão do produto final; o


software reparador cuja função é procurar por defeitos no código e consertá-los, visando a
impressão de uma peça sem defeitos; e por fim, o slicer [16].
A MA pode ocorrer por cristalização, solidificação ou por junção de um material, líquido
ou em pó, com o material que já está sendo impresso [15]. Existem diversas técnicas que podem
ser utilizadas na impressão 3D, como por exemplo: FDM (Fused Deposition Modelling), SLA
(Stereolithography), SLM (Selective Laser Melting), SLS (Selective Laser Sintering), EBM
(Electron Beam Melting), sendo as três primeiras mais utilizadas, além de existirem outras
técnicas [3]. No Brasil, a impressora mais utilizada é a FDM, pois é uma das impressoras com o
menor custo de uma maneira geral, tanto em questão de equipamento quanto na questão de custo
do material que pode ser utilizado nela. Isso acontece devido à existência de um grande número
de produtores de matérias-primas. Consequentemente, a FDM é a impressora que mais possui
informações sobre ela e seu funcionamento disponíveis na internet, além de ter uma maior
facilidade de suporte técnico, caso necessário [16]. Na Figura 3 pode-se observar um esquema
resumo de como funciona o processo da impressão 3D.
Figura 3: Representação do processo de impressão 3D

Fonte: Barbosa, 2019


20

Devido a sua capacidade de produzir peças complexas, a manufatura aditiva pode ser
utilizada em diversas áreas e para a fabricação de produtos variados, dentre eles parte para o setor
automotivo, setor aeroespacial, itens médicos e hospitalares, produção de biomateriais, implantes
ortopédicos, arquitetura e outros. Um exemplo bem interessante é o da Airbus, empresa que
fabrica aeronaves de diversos modelos, que utiliza da impressão 3D para produzir as peças que
une as asas aos motores. Isso faz com que os novos projetos de aviação tenham um custo menor,
pois minimiza o desperdício de matéria-prima e é ainda mais vantajoso por reduzir o peso do
avião [16]. Algumas peças podem necessitar de acabamento final, como remoção de alguma
parte, limpeza, processo de cura, pintura, tratamentos térmicos e outros [15].
A MA possui vantagens e desvantagens como qualquer outro tipo de processamento.
Dentre suas vantagens estão: produção de peças únicas, customizadas, com design diferenciado e
complexo; não precisa de molde para ser produzida; produção de peças mais leves; menor
desperdício do material na produção; processo mais sustentável; muitas vezes já é obtida a peça
final; e produção em curto espaço de tempo [16]. Entre suas desvantagens se encontram: custo
inicial elevado do equipamento e do material, apenas diminuindo o valor quando utilizados a
longo prazo e com um maior uso dessa técnica; custo elevado para produzir uma grande
quantidade de peças simples ou objetos grandes; quantidade limitada de tipos de materiais que
conseguem ser processadas por essa técnica; limitação na estrutura dimensional (tamanho); e
resistência e precisão superficial podem ser baixas e limitadas, visto que durante o processamento
pode ocorrer alguma falha e as camadas não se unirem umas às outras de maneira eficiente [15].
Neste contexto, a manufatura aditiva pode colaborar com a Indústria 4.0 em alguns
aspectos, sendo que ela representa a parte física das smart factories. O primeiro é a produção de
peças customizadas e com diferentes formatos. Em segundo e o principal motivo relacionado
com a Indústria 4.0 .0 é a redução de custos, de tempo e de material, permitindo uma produção
flexível, auxiliando na eficiência e eficácia do processo [3].

3.4 Indústria 4.0, Manufatura Aditiva, Meio Ambiente e Sustentabilidade

Atualmente cada vez mais é noticiado o aumento da desigualdade social e da devastação


do meio ambiente. Com isso, a questão da sustentabilidade vem ganhando espaço e sendo objeto
de estudos e investimentos. Quando estudado o contexto da Indústria 4.0, percebe-se que a
21

sustentabilidade já está inserida de forma indireta nesse cenário [17].


Iniciando pela emissão de gases, principalmente o gás carbônico, sabe-se que as indústrias
são responsáveis por grande parte dos gases causadores do efeito estufa que são lançados no
ambiente, sejam eles gasosos, líquidos e sólidos. Entretanto, com as tecnologias provenientes da
Indústria 4.0, é possível diminuir a emissão de gases na atmosfera, pois os sistemas integrados, a
IIoT, e os CPS’s são capazes de aumentar a eficiência da produção, permitem melhor
gerenciamento de recursos, diminuindo riscos de trabalho, reduzem desperdícios, têm a
capacidade de produzir sob demanda, e permitem uma maior flexibilidade da linha de produção,
o que consequentemente contribui para a diminuição da pegada de carbono e favorece a parte
social e sustentável [18]. Com a digitalização e uma produção mais eficiente que a Indústria 4.0
proporciona, abre-se um leque de possibilidades de transformações nos recursos que são
necessários para manter a fábrica e a sociedade. Ela permite um melhor proveito dos recursos
existentes, incentiva a procura e a utilização de energias renováveis e mais sustentáveis [18].
Além disso, a utilização da manufatura aditiva na Indústria 4.0 contribui para uma maior
eficiência do material, diminui o desperdício e incentiva a pesquisa de novos materiais que não
sejam agressivos ao ambiente [18]. Entretanto, para considerar que a manufatura do produto se
deu de maneira sustentável, é preciso garantir que todas as etapas do ciclo de vida do produto
ocorram de maneiras sustentáveis. Nesse tipo de produção, a manufatura sustentável fala sobre a
implementação dos 6R’s: reduzir o uso de recursos e desperdícios; reutilizar produtos em
produções futuras; reciclar os materiais utilizados; recuperar os materiais que já estão no final do
seu ciclo de uso; redesenhar os materiais recuperados para criação de novos produtos; e
remanufatura é o reprocessamento dos materiais que já foram utilizados para a criação de um
novo produto e o objetivo é reutilizar o maior número de peças possíveis [19].
Em termos socioeconômicos, como a Indústria 4.0 é totalmente focada em tecnologia e
inovação, sua implementação auxiliará no aumento da geração de empregos relacionados com
essas atividades, sendo possível trabalhar em diversos níveis da empresa e em diversas áreas.
Além disso, ela contribui para o desenvolvimento da economia circular, visto que sua
necessidade de inovação envolve muitos departamentos, desde Supply Chain até as áreas que
estão em maior contato com clientes, ou seja, abre espaço para a inserção de um processo mais
sustentável em todas as etapas da cadeia produtiva [18]. A economia circular é um modelo de
negócio com foco em toda a cadeia de produção e consumo e pode ser aplicada em todos os
22

segmentos. Ela se baseia no princípio de primeiramente reduzir e posteriormente eliminar os


desperdícios e em conjunto com buscas para melhor utilização dos recursos existentes,
otimizando o uso dos recursos disponíveis atualmente e o ciclo de vida dos materiais [19].

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho foi realizado por meio de uma revisão de literatura narrativa que é ideal para
fundamentar de forma teórica os materiais selecionados, além de permitir a contextualização e
arguição do tema. Para embasar a discussão acerca da área de estudo escolhida foram utilizados
artigos científicos, artigos de literatura, livros, revistas científicas, monografias e outros materiais
condizentes com o nível deste trabalho. Estes recursos foram buscados em bases de dados de
divulgação científica, entre elas o Science Direct, Scielo, Google Acadêmico e bibliotecas de
universidades e instituições de ensino superior.
Para um melhor embasamento do conteúdo, visando uma maior acuracidade dos dados
que serão apresentados e discutidos, e levando em consideração que o campo de estudo é um
tema atual repleto de inovações e que sempre passa por novas descobertas e atualizações, foram
utilizados dois critérios de busca: materiais recentes, a partir de 2017; e palavras-chaves:
indústria 4.0; fábricas inteligentes; impressão 3D; manufatura aditiva; inovação; sustentabilidade
e; economia circular.
Após aplicar os critérios de busca de artigos, foram selecionados os materiais que melhor
se enquadraram e houve uma análise e tratamento dos dados obtidos para definir quais seriam
utilizados como base para a discussão deste Trabalho de Conclusão de Curso. Na Figura 4
pode-se observar um fluxograma do resumo do processo de escolha dos artigos.
23

Figura 4: Fluxograma de escolha dos materiais

Fonte: Autoria própria

Para iniciar a discussão sobre o tema foram utilizados alguns dos materiais selecionados e
os textos foram organizados e separados em tipo de texto, título e ano de publicação.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A discussão foi dividida em duas partes. A primeira se refere a como a manufatura aditiva
pode ser vantajosa para a disseminação e crescimento da indústria 4.0; e para discuti-la foram
utilizados dois artigos publicados em revistas e uma monografia. A segunda seção de discussão
tem como base justificar a manufatura aditiva como impulsionadora da sustentabilidade e
economia circular.

5.1. Manufatura Aditiva na Indústria 4.0


Inicialmente, visando justificar a utilização da manufatura aditiva (impressão 3D) como
impulsionadora do crescimento da Indústria 4.0, foram utilizados os trabalhos dispostos na
Tabela 1.
Tabela 1: Organização de materiais sobre manufatura aditiva na indústria 4.0.

Tipo Título Ano de Publicação Referência

Artigo de A importância da manufatura aditiva 2020 3


revista como tecnologia digital para a indústria
4.0: uma revisão sistemática
24

Monografia Desafios das pequenas empresas para a 2019 16


inclusão da manufatura aditiva no
contexto da indústria 4.0.

Artigo de Industry 4.0, digitization, and 2020 18


revista opportunities for sustainability

Artigo de Indústria 4.0: a manufatura aditiva como 2019 20


revista ferramenta de inovação e otimização
Fonte: Autoria própria

Como visto anteriormente, a indústria 4.0 trouxe muita digitalização e virtualização de


todos os ambientes possíveis. Por outro lado, a manufatura aditiva, por ser um tipo de
processamento de materiais, representa justamente a parte física deste tipo de indústria. Com base
no pressuposto de que a Indústria 4.0 tem foco na produção de forma inteligente, utilizando
sistemas digitais integrados que visam a economia de recursos e uma maior flexibilidade no
sistema produtivo, a manufatura aditiva entra nesse contexto, pois ela é uma nova maneira de
produzir peças que atendam a todos estes princípios [3].
A manufatura aditiva é um processo que corrobora para o desenvolvimento da indústria
4.0, visto que permite a produção de peças complexas, sem restrições geométricas, existe a
possibilidade de adaptabilidade de acordo com a necessidade do cliente, ou seja, é possibilitada a
criação de peças exclusivas e com design único, o que atenderia as demandas desse novo tipo de
mercado. O segundo ponto em questão é a otimização da matéria-prima. Como a produção é feita
sob medida em um software e a peça é construída em camadas, o desperdício de material
utilizado na confecção da peça é muito baixo, pois o produto já é fabricado nas medidas exatas
que o cliente necessita, gerando redução nos custos de produção quando comparado com outros
métodos de processamento [20]. Consequentemente, há uma economia de energia durante esse
processo, pois como é produzido sob medida e na grande maioria das vezes não necessita de pós
processamento, toda energia consumida durante o processamento é utilizada exclusivamente para
a produção do objeto. Além disso, por se tratar de uma fábrica otimizada, as próprias tecnologias
da Indústria 4.0, como o CPS, conseguem coletar os dados do processo de fabricação, incluindo
dados sobre consumo energético, o que permite identificar os momentos de alto consumo e
estudar, em tempo real, uma possibilidade para mitigar os desperdícios. Processos mais rápidos e
eficientes são objetivos da indústria 4.0 e a manufatura aditiva colabora com este ponto, visto que
25

por produzir a peça final, a cadeia de produtiva é mais curta, reduzindo o lead time de produção,
ou seja, o tempo que este produto leva para chegar ao consumidor é ainda menor. Em adição, essa
tecnologia poderia facilitar pedidos em caráter de urgência. Caso um cliente necessite de um
produto, mas a empresa não possa atendê-lo, a empresa poderia enviar o desenho via IoT para o
cliente e ele mesmo imprimiria o produto, caso tenha acesso a uma impressora 3D. Isso faz com
que a indústria fique cada vez mais próxima do consumidor final [20].
Outro fator relevante a ser considerado é que as impressoras 3D são acessíveis no sentido
de produção para pequenas empresas. Desde que a manufatura aditiva se tornou um tema de
interesse, o know how sobre esse tipo de processamento e suas vantagens foram disseminados, e
consequentemente a busca e o consumo por essa tecnologia aumentou, principalmente em micro
e pequenas empresas, visto que é uma tecnologia que não requer grandes espaços físicos e nem
grande quantidade de funcionários para operá-las. Então qualquer pessoa ou empresa que tenha
os recursos financeiros para obter uma impressora 3D, poderá começar a produzir com esse tipo
de tecnologia [16]. Isso torna a manufatura aditiva ainda mais atrativa na indústria 4.0, pois é
algo que está cada vez mais atual e pode abranger grande parte dos possíveis clientes, o que
diverge da premissa de que apenas indústrias de grande porte detêm capacidade suficiente para
conseguir implementar essa nova tecnologia em sua totalidade e que pequenas empresas possuem
no máximo um sistema híbrido de tecnologia, ou seja, possui tanto processos manuais quanto
tecnológicos.
Nesse contexto também é importante relembrar o cenário no qual o Brasil se encontra em
relação à evolução para a Indústria 4.0. O país tem uma defasagem de conhecimento e aplicações
referentes ao quesito tecnológico, sendo que grande parte das fábricas existentes ainda estão na
transição da segunda para a terceira revolução industrial. Com a inserção da manufatura aditiva
em todos os níveis de organizações, é possível iniciar uma corrida para alcançar outros patamares
na economia nacional e mundial e mudar as perspectivas em relação à educação e
empregabilidade. Para a inserção da manufatura aditiva, o investimento inicial é de 25 bilhões de
euros por ano. Em contrapartida trará benefícios: em termos financeiros, a capacidade produtiva
do setor de manufatura aumentará em 15 bilhões de euros por ano, variando de 5 a 25%
dependendo da empresa; a receita crescerá em até 30 bilhões de euros por ano e; aumentará em
até 10% a taxa de empregabilidade [16].
Assim como qualquer processamento a manufatura aditiva na Indústria 4.0 tem suas
26

controvérsias. O primeiro ponto levantado é o alto custo das impressoras 3D. A grande maioria
desses equipamentos de manufatura aditiva (impressoras) são importados, o que torna o produto
final ainda mais caro. Entretanto, conforme a utilização desses materiais for aumentando, maior a
necessidade de produção desse equipamento nacionalmente, além do aumento da concorrência
entre as empresas, o que consequentemente fará com que o custo final seja reduzido, pois não
haverá mais a necessidade de importação.
O segundo ponto levantado é a grande falta de conhecimento sobre o tema. Porém, por ser
a tendência do mercado, cada vez mais são produzidos conteúdos sobre a área, além de que os
códigos de programação dos softwares utilizados no processo de fabricação do objeto (softwares
de renderização, reparação e slicer) poderiam ser abertos e disponíveis na internet, o que
facilitaria o acesso às informações. Todos esses pontos, somados com o fato de ser um mercado
promissor, funcionariam como incentivo para mais pessoas entrarem para essa área [20].
O terceiro questionamento levantado é o da turbulência que pode gerar no mercado de
trabalho. Ao mesmo tempo que a manufatura aditiva e a indústria 4.0 geram diversos empregos
na área de tecnologia, elas podem originar a eliminação de empregos considerados de baixa
qualificação profissional. Embora tenha sido falado que a manufatura aditiva na indústria 4.0
possa gerar até 10% de aumento na taxa de empregabilidade, isso se refere apenas às áreas de
tecnologia. Como a impressão 3D não precisa de muitas pessoas para manuseá-la, para realizar a
etapa do processamento e nem requer as etapas tradicionais do pós-processamento, muitos
empregos relacionados à manufatura serão cortados. Consequentemente abre-se a discussão sobre
como capacitar essas pessoas para que elas possam ser inseridas e atuar na indústria 4.0 e quem
será responsável por essa capacitação [18].
A quarta questão que deve ser levada em consideração é a de produzir peças simples,
peças grandes ou grandes lotes dos produtos. Atualmente, produzir peças simples em uma
impressora 3D não é vantajoso, pois o custo elevado da produção não consegue ser diluído em
um objeto com baixo valor agregado. O problema com as peças de grandes dimensões também
representa um desafio financeiro e de produção, pois o maquinário deve ser muito maior do que o
habitualmente utilizado, o que encareceria o processo. Entretanto, já existem casos de produção
de peças grandes de até 1 metro de comprimento e casos em que obras da engenharia civil são
construídas por impressão 3D via braço mecânico. Além disso, em termos econômicos, a
produção em grande escala com a manufatura aditiva só é vantajosa caso a demanda também seja
27

muito alta. Como seria necessário mais de uma impressora para atender essa escala de produção,
o custo para instalar grande quantidade de equipamentos seria elevado, o qual se justificaria com
uma alta demanda e possibilitando que o custo de produção seja diluído no custo final [16].
Um outro problema advindo da utilização da manufatura aditiva é o erro de
processamento. Como o material é fabricado em camadas, caso elas não tenham aderência entre
umas às outras, o produto pode apresentar falhas, comprometendo a integridade estrutural da
peça, diminuindo a resistência mecânica, a resistência à tensão e prejudicando sua
funcionalidade. Isso pode ser contornado com o envolvimento de engenheiros e projetistas que
são capazes de prever possíveis erros durante a produção e o que fazer em cada situação.
Pesquisas também apontam outra dificuldade: não são todos os materiais que conseguem ser
utilizados neste processamento, o que acaba restringindo o uso dessa técnica. Dentre os materiais
que podem ser utilizados na impressora 3D estão: materiais poliméricos, como ABS (acrilonitrila
butadieno estireno), PLA (poli ácido lático), Nylon 6 (poliamida 6); resinas poliméricas, como a
resina epóxi; materiais cerâmicos, por exemplo a alumina e; materiais metálicos, como alumínio,
cobre, aço inoxidável, ligas de titânio e tungstênio [16].
Uma questão que entra em pauta quando se trata da impressão 3D e o fácil acesso a ela, é
a ética. Por requerer apenas um desenho em um software e logo já ter a peça final pronta,
inicia-se o debate sobre quais objetos poderão ser impressos e por quem poderão ser impressos,
pois se qualquer pessoa pode imprimir algo via manufatura aditiva; as chances de se produzir
peças com alto índice de periculosidade são elevadas, e como não há regulamentação para o uso
dessa técnica, fica mais difícil controlar a finalidade para a qual a impressora 3D será utilizada
[16].
Por fim, para garantir que a impressão 3D terá o seu melhor aproveitamento na indústria
4.0, devem ser adotadas diretrizes, que em alguns pontos são parecidas com métodos tradicionais.
Ao todo são onze diretrizes [16]:
➔ Impressora 3D: inicialmente deve-se definir o tipo de impressora que será utilizado na
linha de produção, pois cada tipo de peça produzida requer um tipo de impressora
diferente, com características e requisitos distintos. Outro ponto a ser definido é a
quantidade de impressoras que deverão ter na fábrica para atender a demanda. É
recomendado escolher impressoras que tenham produção nacional, pois caso necessite de
reparo técnico, o tempo de espera não será tão demorado [16].
28

➔ Material: são necessários a escolha e o planejamento da matéria-prima que será utilizada


na produção das peças, o que inclui pesquisa de melhores fornecedores, análise da
qualidade da matéria-prima, custo e outros quesitos que julgar fundamentais [16].
➔ Conhecimento (know how): é necessário conhecer e estudar a técnica para entender o
funcionamento da impressora e também prever possíveis erros de processamento. Além
do mais, é necessário estudar as tendências do mercado, como inovações na área e
demanda do cliente [16].
➔ Softwares: como citado anteriormente, na seção 3.3, existem diferentes tipos de software,
cada um com sua função, e dentre cada tipo, existem várias opções para escolha. Por isso
se faz necessária a escolha dos melhores softwares para cada uma das etapas requeridas
[16].
➔ Hardware: a função dos hardwares é processar os dados que chegam no software. Devido
ao fato de utilizar programas com uma alta quantidade de dados e que devem ser
processados de maneira correta, é preciso ter um hardware de grande capacidade de
processamento. Tanto o software quanto o hardware de boa qualidade podem elevar o
custo da produção, porém caso dê erro durante o processamento devido a um desses dois
componentes, o prejuízo financeiro é ainda maior, visto que soma-se a matéria-prima, a
energia gasta para produzir um objeto que contém erros, a impressora foi utilizada
desnecessariamente e também pode ter atraso na produção [16].
➔ Assistência técnica: eventualmente pode ser que alguma impressora apresente uma falha
no funcionamento. É imprescindível a existência do suporte técnico relativamente perto
da fábrica, pois caso haja a necessidade de parar a produção em uma máquina, não
demande muito tempo para consertá-la [16].
➔ Espaço físico: desde o projeto da planta da fábrica, deve ser considerado o espaço físico
para a impressora 3D, tal como a movimentação das mesmas, espaço para os funcionários
e entre outros aspectos que devem ser considerados para dimensionar o espaço necessário
[16].
➔ Alinhamentos com o cliente: por permitir uma flexibilidade na produção, deve ser
estabelecida uma relação entre cliente e empresa para evitar possíveis retrabalhos e pré
definir limites contratuais do que é ou não permitido, principalmente na questão de
customização. Como esse tipo de processamento e indústria permite a criação de peças
29

exclusivas, é preciso definir o grau de customização que a empresa pode realizar [16].
➔ Inovação: visto que é um mercado muito recente, ainda há muitas revoluções e
transformações para ocorrer. Para a empresa se manter competitiva, é necessário observar
as tendências do mercado e conhecer as inovações que estão surgindo [16].
➔ Pós processamento: é necessário definir se precisará de tratamento final ou não, e caso
tenha, o que deve ser realizado e como. Essas definições são importantes, pois impactam
diretamente no espaço necessário para a produção e no custo final do projeto [16].
➔ Gerenciamento: deve-se otimizar as horas de funcionamento das impressoras 3D’s, pois
isso garantirá uma maior vida útil, um melhor aproveitamento das horas trabalhadas e um
melhor funcionamento da mesma [16].

5.2. Manufatura Aditiva, Indústria 4.0 e Sustentabilidade


Nesta seção será abordada a importância da manufatura aditiva como fomentadora da
sustentabilidade e foram utilizados os trabalhos disponibilizados na Tabela 2.

Tabela 2: Organização de materiais sobre manufatura aditiva, indústria 4.0 e sustentabilidade

Tipo Título Ano de Publicação Referência

Artigo de revista Industry 4.0 and sustainable 2021 5


development: A systematic mapping of
triple bottom line, Circular Economy
and Sustainable Business Models
perspectives

Artigo de revista Indústria 4.0: Conceitos e Perspectivas 2018 12


para o Brasil

Monografia Desafios das pequenas empresas para a 2019 16


inclusão da manufatura aditiva no
contexto da indústria 4.0.

Artigo de revista Industry 4.0, digitization, and 2020 18


opportunities for sustainability

Artigo de revista Industry 4.0 for sustainable 2021 19


manufacturing: Opportunities at the
product, process, and system levels

Artigo de revista Role of additive manufacturing 2021 21


30

applications towards environmental


sustainability.

Artigo de revista Industry 4.0: How it is defined from a 2020 22


sociotechnical perspective and how
much sustainability it includes - A
literature review

Artigo de revista How the combination of Circular 2021 24


Economy and Industry 4.0 can
contribute towards achieving the
Sustainable Development Goals
Fonte: Autoria própria

Quando se trata da Indústria 4.0, um termo que entra em destaque é o desenvolvimento


sustentável, que caracteriza-se pela interação entre progresso humano, desenvolvimento das
relações comerciais (economia) e ambiente, satisfazendo as necessidades atuais, porém sem
prejudicar as demandas das gerações futuras e perpetuando os recursos naturais. Atualmente
percebe-se uma limitação em nossos recursos ambientais e na capacidade da biosfera para
absorver os efeitos das atividades humanas devido a estrutura atual da sociedade e os impactos
causados pelo uso indevido das tecnologias existentes [5]. Com a inserção da Indústria 4.0 se
discute muito sobre como a sustentabilidade já está inserida nesse cenário de forma indireta, visto
que este tipo de indústria visa a otimização de recursos, gerando impactos positivos
socioambientais e econômicos [5].
O conceito de sustentabilidade no contexto da indústria 4.0 desafia abordagens
tradicionais para a resolução de problemas e exige formas mais sistêmicas de abordar as
mudanças que ocorrem devido a esse novo cenário. Em adição, é afirmado que a sustentabilidade
na indústria 4.0 é definida por três pontos: sustentabilidade econômica; sustentabilidade
ambiental; e sustentabilidade social [5]. A sustentabilidade ambiental representa o consumo
consciente de recursos naturais e não naturais, e a manutenção do equilíbrio ecológico, visando
preservá-lo para as gerações futuras. A sustentabilidade econômica visa garantir o lucro de forma
sustentável, ou seja, se preocupa com a economia a longo prazo ao mesmo tempo que que existe
a preservação ambiental e dos recursos sociais. A sustentabilidade social garante o
desenvolvimento do capital humano e social, reconhecendo e lidando com os impactos que os
negócios e a economia têm na população como um todo, visando ainda a criação de uma
31

sociedade que tenha os direitos humanos garantidos e acesso a itens básicos, como saúde, higiene
e educação [18].
Em resumo, o desenvolvimento sustentável da indústria 4.0 só terá resultados positivos
caso haja interação entre economia, sociedade e ambiente, e isso se dará com mudanças
sistêmicas, inovação em produtos, mudanças no estilo de vida cultural, processos e estruturas das
empresas, desenvolvimento de modelos de negócios sustentáveis e economia circular [5].
A indústria 4.0 pode contribuir para um desenvolvimento sustentável, pois como utiliza
tecnologias inteligentes que permitem o compartilhamento de dados em tempo real, uma maior
interação e integração entre os processos e operações que ocorrem, levando à rastreabilidade e
monitoramento do processo, o que facilita a tomada de decisões, que acontece também em tempo
real, proporcionando um melhor aproveitamento dos recursos durante o processo até a etapa do
pós-consumo. Diferentemente dos modelos tradicionais, os quais possuem premissas de agregar
valor financeiro mas que não são sustentáveis, a indústria 4.0 é capaz de fornecer alto retorno
financeiro, garantia de estabilidade no mercado, eficiência na produção, redução de custos,
agrega valor social e é mais sustentável. A manufatura na nuvem (cloud manufacturing)
corrobora para a sustentabilidade em quatro aspectos: design colaborativo; maior automação;
melhora o processo e prevê possíveis erros; e aumenta a reutilização dos produtos e a redução do
desperdício [5].
Um exemplo de como a tecnologia utilizada pode ajudar no desenvolvimento sustentável
é relacionada à emissão de gases. Um dos gases com maior parcela de responsabilidade sobre o
efeito estufa e, consequentemente, as mudanças climáticas, é o dióxido de carbono (gás
carbônico) e nas indústrias, ele é o gás mais liberado no ambiente. Com a utilização dos sistemas
integrados, a IIoT e os CPS’s é possível aumentar a eficiência da produção, otimização do uso
dos recursos disponíveis, reduzir o consumo de energia e reduzir desperdícios, o que
consequentemente contribui para a diminuição da pegada de carbono e favorece a parte social e
sustentável [18]. Os recursos do Big Data Analytics são fundamentais, pois trazem transparência
em relação ao consumo de recursos. Ele auxilia na observação e decisão em tempo real,
reduzindo, assim, o custo do processamento de componentes no fim do seu ciclo de vida útil para
otimizar e melhorar o ciclo de vida do produto, o que permite menores gastos com a manufatura e
pode impactar positivamente as emissões de poluentes e gases causadores do efeito estufa. Além
disso, observar o produto em tempo real através da realidade aumentada, amplifica a quantidade
32

de dados sobre o ciclo de vida do produto, detecta imperfeições, auxilia na melhoria da


performance funcional e descobre as necessidades de conformidade do produto. Essa capacidade
permite que os possíveis problemas sejam identificados de maneira mais rápida e eficiente, e é
capaz de prover soluções em tempo real, resultando em um maior tempo de vida para o material,
além de melhorar a qualidade do mesmo. Já a simulação e otimização também auxiliam,
juntamente com a modelagem preditiva, no desempenho funcional do produto, oferecendo
previsões sobre possíveis diagnósticos em casos de falha e simulações de ciclo de vida. Além do
mais, otimiza a utilização dos componentes de manufatura, resultando na redução do consumo de
energia e impacto ambiental. O cloud, tecnologia remota digital, permite um maior controle sobre
o produto, o que traz benefícios para o fabricante e para o consumidor final, pois garante o
desempenho funcional do produto e com impactos ambientais e sociais reduzidos [19].
Por outro lado, a manufatura aditiva contribui para o desenvolvimento sustentável, visto
que a produção em camadas reduz o desperdício de matéria-prima, contribui para uma maior
eficiência do material e incentiva a pesquisa de novos materiais que não sejam agressivos ao
ambiente [18]. Somados a esses pontos positivos, tem-se ainda: redução no tempo de chegada do
produto ao mercado e redução da necessidade de montagem de produtos e componentes. Todos
esses aspectos possuem impacto direto no uso e na eficiência dos recursos disponíveis, deixando
o investimento inicial no produto ainda menor [19]. Além do mais, os objetos impressos,
dependendo do material que for utilizado em sua confecção, podem ser reciclados após seu uso.
A reciclagem de materiais impressos ocorre através do trituramento do material utilizado, seja ele
um material metálico, polimérico ou cerâmico, e em seguida ele pode ser utilizado no
processamento juntamente com material novo, em todos os processos. Entretanto, com essa
utilização de materiais reciclados no processamento dos novos, pode ser que as propriedades
mecânicas do produto acabado sejam inferiores quando comparadas a um material feito com
matéria-prima pura. Caso isso aconteça, se faz necessário a inserção de algumas etapas de
pós-processamento [16].
Como citado anteriormente, a manufatura sustentável descreve a utilização de 6 R's, como
pode ser observado na Figura 5 [19].
33

Figura 5 : Utilização dos 6R’s

Fonte: Autoria própria

Pode-se encontrar alguns exemplos de como a manufatura aditiva pode ter impactos
positivos no ambiente e no quesito sustentabilidade. O primeiro deles é na indústria da moda, que
utiliza essa técnica para fabricar sapatos novos com o design necessário, além de conseguir
reciclá-los posteriormente e retorná-los ao processo. Outro exemplo é na indústria de plástico.
Esse material libera gases de efeito estufa durante seu ciclo de vida, contribuindo para o
aquecimento global, enquanto os microplásticos contêm substâncias químicas nocivas que
34

contaminam a água e a atmosfera. A manufatura aditiva pode ser utilizada para reciclar plásticos
de uso único, ou seja, descartáveis, após o seu uso pós-consumo, por exemplo garrafas de água, e
são utilizadas como matéria-prima para um uso futuro. Além do mais, ela é uma forte aliada para
produtores de polímero para a redução da pegada de carbono. Um exemplo grandioso é que a
impressão 3D pode ser utilizada para construir objetos sólidos e duradouros, tanto na engenharia
civil quanto na arquitetura, por exemplo em pontes, casas e edifícios. Para tal feito é utilizado um
braço robótico que faz a impressão em 3D [21].
A manufatura aditiva oferece revoluções extremamente significativas nos processos
através dos quais os produtos são produzidos de forma inovadora. Ela auxilia nas resoluções de
problemas de forma rápida e eficiente, traz maior rentabilidade e produtividade. Atualmente as
indústrias aeroespacial e médica são as que mais se beneficiam desse tipo de processamento.
Outro benefício da impressão 3D é que durante seu funcionamento, ela libera pouquíssima ou
nenhuma substância tóxica [21].
A manufatura sustentável representa uma parte da economia circular, visto que ela
representa exclusivamente a parte do processo referente à manufatura. Por outro lado, a economia
circular é um modelo de negócio que foca na economia como um todo, podendo ser aplicada em
diversos segmentos da indústria. Na Figura 6 é mostrado como a economia circular é incluída na
manufatura com a aplicação dos 6 R's [19].
Figura 6: Economia circular e criação de valor

Fonte: ENYOGHASI, BADURDEEN, 2021


35

O resultado dessa aplicação é o desenvolvimento da inovação e tecnologia (innovation


and technology) em processos, produtos e sistemas (products, process and systems) e são
motivados por ideias visionárias (visionary thinking), educação (education) e treinamento
(training), gerando a criação do valor sustentável (sustainable value creation). Além do mais, a
manufatura só pode ser considerada sustentável se todo o ciclo produtivo for sustentável. Isso
significa que desde a produção da matéria-prima que será utilizada na impressão 3D deve ser
sustentável e é algo extremamente relevante, pois esses materiais são provenientes do petróleo,
no caso de materiais poliméricos, ou de metalurgia extrativa, no caso de cerâmicos e metálicos,
que são atividades que causam um grande impacto ambiental. Então é necessário que existam
ações para reduzir os danos ambientais desde a etapa de extração da matéria-prima até o pós-uso
dos materiais feitos a partir da utilização dessas mesmas matérias-primas [19].
Quando se fala de sustentabilidade, toda cadeia de produção pode ter alguma melhoria, a
ponto de mitigar os impactos ambientais, desde a reutilização da água proveniente da produção
até a cadeia logística da empresa. Inclusive já existe a proposta de um modelo de decisões em
tempo real para processos de logística reversa sustentáveis [5]. Entretanto, vale ressaltar que
nacionalmente não temos o hábito de perpetuar a logística reversa, mesmo quando essa opção é
oferecida pela empresa. Por inúmeros motivos, muitas vezes as pessoas acabam negligenciando a
questão da sustentabilidade, o que prejudica a ação das empresas para conseguir retornar esses
materiais utilizados à fábrica. Com isso se faz necessária a mudança de cultura da sociedade
perante este assunto e também a implementação de políticas de incentivos à logística reversa. Na
cadeia de suprimentos (supply chain), a impressão 3D tem a capacidade de reduzir os custos, pois
o produto é entregue diretamente ao cliente, além de ser feito com materiais mais leves e não
precisar de montagem, o que encurta a cadeia de produção e a de suprimentos. Uma cadeia menor
resulta em um uso efetivo e eficiente da energia, gerando uma menor pegada ambiental [21].
Em relação à implementação da indústria 4.0 existem algumas preocupações. A primeira
delas é quem irá tomar as decisões em tempo real. Como o CPS é responsável por coletar os
dados e tomar uma decisão de forma autônoma com base nesses dados coletados, alguém precisa
programá-lo para que ele esteja apto a conseguir tomar essa decisão. O questionamento é com
base em quais valores a pessoa irá programar esse sistema (CPS) para que ele tome as decisões
necessárias. Essa questão é relevante do ponto de vista social e ético, mas ainda permanece sem
respostas concretas [22].
36

Outro problema levantado e observado durante as pesquisas nas bases de dados é que a
grande maioria dos artigos encontrados são voltados para indústrias de grande porte e de países
desenvolvidos, gerando o questionamento sobre até que ponto a indústria 4.0 é inclusiva e
sustentável. Foi encontrada uma monografia nacional que discute a inserção da Indústria 4.0 em
micro e pequenas empresas, sendo a conclusão positiva e trará benefícios, mas ainda assim são
poucos os dados fornecidos; e em escala mundial, é ainda mais difícil encontrar dados sobre
empresas de pequeno porte. Além do mais, como já foi falado anteriormente, a maior parte dos
artigos só inclui resultados positivos considerando apenas países desenvolvidos, ou seja, países
que possuem recursos e incentivo para a implementação da indústria 4.0 ou que já estão nesse
caminho. Por outro lado, em se tratando de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, as
dificuldades são muito grandes e cada país teria que ter um plano de implementação e
desenvolvimento condizentes com sua realidade. Em resumo, grande parte das pesquisas focam
apenas na parte norte do globo terrestre, onde encontra-se a Europa e a América do Norte [16].
O Brasil apresenta dificuldades para essas transições tecnológicas por não possuir
investimentos na área de educação e fomento industrial, gerando uma certa escassez de
conhecimento. Para contornar a situação é necessário que haja ações tanto da empresa como,
principalmente, do governo, pois caso dependa somente da empresa, pode ser que essa
implementação não seja efetiva. Referente à empresa, espera-se que haja: políticas estratégicas;
mudança de valores; investimento em inovação; investimento em tecnologia e digitalização e;
capacitação para os funcionários da empresa. Por parte do governo espera-se: políticas públicas;
investimento em educação de todos os níveis de escolaridade; incentivos financeiros e fiscais;
incentivo à inovação e; incentivo à industrialização tecnológica [12].
Em relação ao trabalho na indústria 4.0 são levantados três pontos. O primeiro é a
eliminação de empregos considerados de baixa qualificação, que são aqueles empregos que
possuem atividades com baixo grau de complexidade, não precisam de mão de obra tão
especializada e não requerem conhecimentos técnicos específicos. Isso é preocupante, pois teria
que dar as condições e conhecimento para essas pessoas se recolocarem no mercado, além de ter
um certo abuso de poder para definir qual trabalho é qualificado ou não. Em escala global, é
estimado que cerca de 8,5% dos trabalhos relacionados à manufatura serão cortados. Isso reforça
o quão fundamental é a necessidade de promover os recursos necessários para uma melhor
aprendizagem e adaptação quando a transição para a indústria 4.0 ocorrer [24]. O segundo ponto
37

é como será a qualidade e as condições de trabalho nesse novo tipo de indústria. Muito se discute
sobre o quanto essas novas tecnologias podem influenciar e modificar a rotina e as condições de
trabalho futuramente. Por se tratar de uma indústria que permite monitoramento remoto, um dos
questionamentos que surge é se a jornada de trabalho poderá se estender além do permitido por
lei. O terceiro ponto novamente é a questão da inclusão. Atualmente sabe-se que as
oportunidades empregatícias não são iguais para todas as pessoas e o que é debatido é se na
indústria 4.0 as oportunidades de trabalho serão iguais para todas as pessoas [22].
Por muitas vezes, em todos os artigos pesquisados, a sustentabilidade não é considerada
como parte da indústria 4.0, mas apenas como uma consequência positiva da mesma. A
consequência disso é que a sustentabilidade pode acabar sendo deixada de lado, se tornando não
tão abrangente e os potenciais advindos dessa inclusão não são aproveitados. A questão principal
não deve ser a influência positiva que a Indústria 4.0 terá no desenvolvimento sustentável, mas
sim a forma como a digitalização sustentável da indústria pode atuar em nossas vidas [22]. Um
termo utilizado para descrever essa falsa sustentabilidade é o greenwashing. Esse termo descreve
a prática das empresas de divulgarem um produto que possua responsabilidade socioambiental,
porém verdadeiramente ela não é uma empresa sustentável ou ela possui uma pequena parcela
sustentável, mas que tem finalidade de somente encobrir todo o impacto gerado por suas
atividades produtivas [25]. Para que o desenvolvimento sustentável ocorra de maneira assertiva,
as empresas devem assumir um compromisso com as questões de inovação e sustentabilidade,
sendo que as mesmas devem fazer parte da estratégia e metas das empresas,alinhando as metas da
alta gestão com as unidades de negócios operacionais, resultando em modelos de negócio
orientado à solução de problemas [5].
No cenário socioeconômico atual, se a indústria 4.0 fosse implementada, ela aumentaria a
disparidade social. Para que isso não ocorra, o governo deve tomar as mesmas ações citadas
acima, como investimento em educação, e deve-se garantir acesso a itens básicos de saúde e
saneamento, e os direitos humanos devem ser respeitados. Por outro lado, a empresa também
pode contribuir para o desenvolvimento da sociedade [18]. Atualmente, utiliza-se muito o termo
ESG - Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança) para definir e
medir as práticas das empresas relacionadas ao meio ambiente, à sociedade e à governança. Em
outras palavras, o termo é bastante utilizado para mensurar e reduzir os impactos da atividade da
empresa no meio ambiente; contribuir para melhorar a questão social, seja investindo em projetos
38

de educação, ONG’s (organizações não governamentais), na população ao redor da fábrica, entre


outros; e manter processos administrativos melhores e mais justos. Em adição, é utilizado como
índice de investimento [23].
Um ponto importante a ser ressaltado é que a tecnologia da indústria 4.0 somada com a
economia circular podem auxiliar os países a atingirem os 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) da ONU. Os dezessete objetivos podem ser encontrados na Tabela 3.

Tabela 3: Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU

N° Objetivo N° Objetivo

1 Erradicação da pobreza 10 Redução da desigualdade

2 Fome zero e agricultura sustentável 11 Cidades e comunidades sustentáveis

3 Saúde e bem-estar 12 Consumo e produção responsáveis

4 Educação de qualidade 13 Ação contra a mudança global o clima

5 Igualdade de gênero 14 Vida na água

6 Água potável e saneamento 15 Vida terrestre

7 Energia limpa e acessível 16 Paz, justiça e instituições eficazes

8 Trabalho decente e crescimento econômico 17 Parcerias e meios de implementação

9 Indústria, inovação e infraestrutura


Fonte: Tabela de autoria própria com conteúdo de artigo utilizado [24]

O uso de tecnologias permite grandes transformações desde um indivíduo, passando por


cadeias de abastecimento (supply chain) até chegar em comunidades inteiras. Devido a esse fato,
é notório que as tecnologias revolucionárias e inovadoras trazidas pela indústria 4.0 são capazes
de auxiliar em atingir as metas estipuladas pela ONU na conferência de 2015. Em adição, quando
combinada com a economia circular, essas tecnologias podem acelerar ainda mais a execução dos
17 ODS determinados. Os objetivos que mais podem ser beneficiados com a implementação da
indústria 4.0 são: 7 - energia limpa e acessível; 8 - trabalho decente e crescimento econômico; 9 -
indústria, inovação e infraestrutura; 11 - cidades e comunidades sustentáveis; 12 - consumo e
produção responsáveis; 13 - ação contra a mudança global do clima [24].
39

Como já citado anteriormente, a utilização das tecnologias como IIoT, big data e os CPS’s
são capazes de aumentar a eficiência energética e consequentemente reduzir o consumo de
energia. Quando essas tecnologias são combinadas com a economia circular, é possível coletar
uma grande quantidade de dados sobre toda a cadeia produtiva, permitindo o rastreamento e
análise do consumo da indústria e também da população, e isso pode ser revertido em ações
voltadas para o setor de energia e recursos, possibilitando, além dos benefícios já citados, o
aumento dos estudos sobre energia limpa, assim como a capacidade de utilização e produção da
mesma, inclusive dentro da própria indústria. Com a criação dos ODS 's é possível que os
governos políticos e a alta gestão das empresas possam criar leis e incentivos voltados para esse
setor, assim como para qualquer outro objetivo. Na questão específica de energia, o cumprimento
da meta da ONU reduziria o consumo de combustíveis fósseis e acarretaria na geração de novos
empregos, o que facilitaria a transição para a indústria 4.0 e resolveria parte do problema
empregatício [24].
Em estudos gerais, é possível observar que o 9° ODS é um dos mais fortemente ligados à
indústria 4.0, pois o mesmo tem por metas a construção de estruturas essenciais para viabilizar a
industrialização inclusiva e sustentável, além de ser ligado a avanços tecnológicos, que é o foco
principal da indústria 4.0 [24].
Como a indústria 4.0 permite uma maior flexibilização da cadeia produtiva, visa a
otimização de recursos e tem por consequência um impacto positivo no ambiente, esse tipo de
indústria abre possibilidades para novos modelos de negócios, principalmente a economia
circular, pois ambas aspiram a redução de desperdícios. E em termos econômicos, estima-se que
a combinação da indústria 4.0 com a economia circular pode gerar uma economia de
aproximadamente US $4,5 trilhões, o que aumentaria a independência nacional de recursos
escassos [24].

6. CONCLUSÕES

Este Trabalho de Conclusão de Curso teve como objetivo discutir as vantagens da


inclusão da manufatura aditiva como impulsionador da indústria 4.0 e também as possibilidades
de ambas no quesito sustentabilidade. A metodologia utilizada foi a revisão narrativa da literatura
40

e baseando-se em teses e artigos foi possível observar que a implementação da manufatura


aditiva no contexto da indústria 4.0 tem muito mais pontos favoráveis, como aumento da receita,
da empregabilidade e redução de desperdício de matéria-prima. Apesar de existirem
controvérsias, com o avanço tecnológico e o fomento de estudos na área, esses problemas podem
ser resolvidos. Em termos de sustentabilidade, a manufatura aditiva só traz ganhos, pois além de
economizar em materiais, ela permite um melhor aproveitamento de toda a cadeia produtiva.
Em relação a indústria 4.0 é possível perceber grandes disparidades entre os artigos
analisados. Há muitos materiais que falam sobre o quão positiva será a implementação da
indústria 4.0, porém esse é um tema que precisa ser muito bem discutido e analisado antes de ser
implementado. Caso contrário, ela será apenas um agravante da desigualdade social.
Também é perceptível na literatura que ainda há lacunas de informações, principalmente
quando se trata de cenários diferentes dos considerados “tradicionais”. Além do mais, a falta de
certeza sobre como essas transformações tecnológicas irão impactar a vida dos funcionários é
algo que pode trazer algumas consequências e deve ser considerada antes de qualquer tomada de
decisão, sobretudo porque, embora extremamente digitalizada, indústria 4.0 necessita do ser
humano como fator decisivo de operacionalização do desenvolvimento econômico, social e
ambiental (sustentável).
Para a implementação da manufatura aditiva na indústria 4.0 e que possuam foco em
sustentabilidade, é imprescindível que as metas das empresas estejam alinhadas com a realidade
na qual estão inseridas, projetando melhorias para desenvolver um futuro sustentável para todos.

7. REFERÊNCIAS

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