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FACULDADE FACI

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

KEZIA TEIXEIRA GRIPP

COMPARATIVO ENTRE OS SISTEMAS LEED E EDGE:


CERTIFICAÇÕES DE SUSTENTABILIDADE NA
CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL

BELÉM

2021
KEZIA TEIXEIRA GRIPP

COMPARATIVO ENTRE OS SISTEMAS LEED E EDGE:


CERTIFICAÇÕES DE SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL
NO BRASIL

Monografia apresentada ao curso de


Engenharia Civil, da Faculdade Faci,
como requisito parcial para a
obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia Civil.

Orientadora: Profa. MSc. Tatiane


Torres de Madeiro.

BELÉM

2021
KEZIA TEIXEIRA GRIPP

COMPARATIVO ENTRE OS SISTEMAS LEED E EDGE: CERTIFICAÇÕES DE


SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL

Monografia apresentada ao curso de


Engenharia Civil, da Faculdade Faci,
como requisito parcial para a
obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia Civil.

Aprovado em: _____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________
Profa. MSc. Tatiane Torres de Madeiro (Orientadora)
Faculdade Faci

__________________________________________________
Prof. MSc. Rafael Luis Lobato Lima (Examinador)
Faculdade Faci

__________________________________________________
Prof. MSc. Evaristo Rezende dos Santos Júnior (Examinador)
A meus pais, por seu amor e apoio
constante em minha vida e meu irmão
que tanto se espelha em mim.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por estar ao meu lado ao longo dessa caminhada e ter
me dado força e perseverança para continuar superando as dificuldades.
Aos meus pais, que não me permitiram desistir mesmo nos momentos mais
difíceis, que acreditaram e confiaram em minha capacidade. Eles foram, junto de meu
irmão, os pilares de sustentação não apenas de minha caminhada acadêmica e
profissional, mas também de minha vida.
Agradeço à Faci, que proporciona um ambiente de educação de excelente
qualidade. À professora orientadora Tatiane por todos os ensinamentos ao longo do
período da graduação, e paciência durante as orientações do trabalho de conclusão
de curso.
Aos meus professores, que não mediram esforços em apresentar o
conhecimento necessário para dar início a minha jornada profissional.
Aos meus amigos, que sempre estiveram presentes e deram tanto apoio para
seguir em frente.
“...Ebenézer: até aqui o Senhor nos ajudou e por isso estamos
alegres”.
1 Samuel 7:12
RESUMO

Desde a revolução industrial com o início da migração em massa da população para


as cidades, houve um aumento das construções de edificações no meio urbano,
porém sem a devida preocupação com o meio ambiente, o que causou diversos
impactos negativos ao longo dos anos. Com o tempo percebeu-se a necessidade de
buscar novas práticas para o desenvolvimento da construção civil de forma que não
viesse trazer consequências futuras irreversíveis. Nesse contexto, surgiu a vertente
da construção sustentável e como forma de auxiliar e maximizar os processos de
sustentabilidade nas construções, foram criadas as certificações, compreender o
tópico é importante para haver uma maior disseminação do conhecimento e a correta
aplicação dos sistemas. Este trabalho, portanto, teve como objetivo realizar um
comparativo das certificações LEED e EDGE, que são sistemas internacionais
presentes no Brasil, buscando compreender o funcionamento de ambos bem como as
realidades ao qual são possíveis de adequação, características comuns e trazendo
também informações sobre vantagens e desvantagens ao aplicar um dos sistemas.

Palavras-chave: Certificações; Desenvolvimento Ambiental; Sustentabilidade.


ABSTRACT

Since the industrial revolution, with the beginning of the mass migration of the
population to the cities, there has been an increase in the construction of buildings in
urban areas, however, without the proper concern for the environment, which has
caused several negative impacts over the years. Over time, the need was felt to seek
new practices for the development of civil construction in a way that would not bring
irreversible future consequences. In this context, sustainable construction emerged
and, as a way to help and maximize the sustainability processes in the constructions,
the certifications were created; understanding the topic is important for a greater
dissemination of knowledge and the correct application of the systems. This work,
therefore, aimed to make a comparison of LEED and EDGE certifications, which are
international systems present in Brazil, seeking to understand the operation of both as
well as the realities to which they are possible of adequation, common characteristics
and also bringing information about advantages and disadvantages when applying one
of the systems.

Keywords: Rating systems; Environmental Development; Sustainability.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Variáveis intervenientes no processo de ventilação do ar interior...............23


Figura 2 – Centro Corporativo Portinari.......................................................................36
Figura 3 – Bosque da Serra........................................................................................39
Figura 4 – Equipe de projeto integrado........................................................................41
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Abordagens gerais de uso do solo...........................................................24


Quadro 2 – Os 10 passos envolvidos no projeto de sistemas energéticos com pegadas
de baixo consumo de energia e baixo teor de carbono.........:....................................27
Quadro 3 – Os benefícios das edificações sustentáveis.............................................44
Quadro 4 – Níveis de certificação LEED.....................................................................46
Quadro 5 – Visão geral das categorias avaliadas pelo LEED s benefícios das
edificações sustentáveis.............................................................................................47
Quadro 6 – Níveis de certificação EDGE e seus requisitos.........................................51
Quadro 7 – Processo das certificações LEED e EDGE...............................................53
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Geração de RSU no Brasil.......................................................................30


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos


Especiais
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ASHRAE American Society of Heating, Refrigerating and Air-conditioning Engineers
CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção
CFC Clorofluorcarboneto
CFTV Circuito Fechado de Televisão
DGNB Deutsche Gesellschaft für Nachhaltiges Bauen
DF Distrito Federal
EDGE Excellence in Design for Greater Efficiencies
EPA Environmental Protection Agency
GBCB Green Building Council Brasil
HCFC Hidroclorofluorcarboneto
HQE Haute Qualité Environnementale
IFC International Finance Corporation
ISO International Organization for Standardization
LEED Leaderschip in Energy and Environmental Desing
QAI Qualidade do ambiente interno
RSU Resíduos sólidos urbanos
SGS Société Générale de Surveillance
SP São Paulo
USGBC United States Green Building Council
USP Universidade de São Paulo
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 17
3.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 17
3.2 Objetivos Específicos .......................................................................................... 17
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 17
4 AS CERTIFICAÇÕES DE SUSTENTABILIDADE ................................................. 18
4.1 PARTICULARIDADES DAS CERTIFICAÇÕES DE SUSTENTABILIDADE ........ 18
4.1.1 O que são as certificações de sustentabilidade .......................................... 18
4.1.2 As Categorias de influência .......................................................................... 18
4.1.3 Implementação ............................................................................................... 30
4.2 ANÁLISE DAS PRINCIPAIS CERTIFICAÇÕES DE SUSTENTABILIDADE NO
MERCADO BRASILEIRO .......................................................................................... 31
4.2.1 Haute Qualité Environnementale (HQE) ....................................................... 31
4.2.2 Selo Casa Azul ................................................................................................ 33
4.2.3 Excellence in Design for Greater Efficiencies (EDGE) ................................ 34
4.2.4 Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) .......................... 34
4.2.5 PROCEL Edificações...................................................................................... 35
4.3 ESTUDOS DE CASO .......................................................................................... 36
4.3.1 Centro Corporativo Portinari – Brasília (DF) ................................................ 36
4.3.2 Bosque da Serra – São Paulo (SP)................................................................ 39
5 OS IMPACTOS DA SUSTENTABILIDADE NAS EDIFICAÇÕES ......................... 40
5.1 PLANEJAMENTO DE PROJETO PARA EDIFICAÇÕES VERDE ...................... 40
5.1.1 O projeto integrado ........................................................................................ 40
5.1.2 O custo-benefício ........................................................................................... 42
5.2 TECNOLOGIA BIM.............................................................................................. 44
6 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS SISTEMAS.............................................. 45
6.1 CERTIFICAÇÃO LEED ....................................................................................... 45
6.1.1 Requisitos para certificação .......................................................................... 48
6.2 CERTIFICAÇÃO EDGE....................................................................................... 51
6.2.1 Requisitos para certificação .......................................................................... 52
6.3 LEED X EDGE .................................................................................................... 52
6.3.1 Vantagens e desvantagens ........................................................................... 54
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 56
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 58
16

1 INTRODUÇÃO

Ao se tratar de qualquer assunto ligado ao meio ambiente, como Keeler e


Vaidya (2016) colocam, não há como não se referir à revolução industrial em sua
totalidade. De forma particular, foi um evento de grandes proporções que levou à uma
transição da sociedade agrícola, baseada na terra e de autossustentação para uma
de base industrial, o que impactou diretamente no ambiente. Quando se trata do
desenvolvimento das cidades como conhecemos hoje, o impacto gerado foi de
extrema importância já que foi o pontapé inicial para um maior êxodo do campo para
as cidades, que levou ao aumento de edificações presentes no meio urbano.
Porém, o impacto negativo gerado por essas mesmas construções foi ainda
maior já que não havia nenhuma preocupação quanto à maneira onde os recursos
disponíveis eram utilizados. Montoya (2011) define a sustentabilidade como a
capacidade de prolongar uma prática ou situação pelo máximo período possível,
aproximando-se da perpetuidade. Ao se introduzir o conceito ao ambiente construído,
observa-se a prática em projetos e construções “verdes” ou sensíveis de maneira
ambiental, ou seja, que consideram os efeitos que elas causam a longo prazo sobre
o meio ambiente, prática que até poucas décadas não se havia tanta preocupação.
Nas últimas décadas a população mundial cresceu significativamente, afetando
diretamente nas construções, devido à necessidade do aumento de moradia, que,
pelo grande uso dos recursos torna o efeito ao meio ambiente cada vez mais visível.
A Construção Sustentável ou "verde" é considerada por Kibert (2002, p 2, tradução
nossa) como a “gestão responsável por edificar um ambiente construído, levando em
consideração os princípios básicos de proteção ao meio ambiente, e ecológicos
evitando a degradação do solo e a utilização eficiente dos recursos”.
Desta forma, as certificações de sustentabilidade surgem como uma maneira
de se pensar em construções mais eficientes, que entregam o conforto necessário a
seus usuários, mas também são ambientalmente sustentáveis, reduzindo a carga
sobre o meio ambiente. O estudo em relação às certificações se faz necessário para
gerar maior compreensão sobre o porquê é importante utilizá-las nas construções, sua
influência desde o planejamento até o gerenciamento da obra, bem como buscar
entender os pontos que ainda são importantes de se desenvolverem.
17

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Comparar bibliograficamente os sistemas de certificação Leed e Edge no Brasil,


a partir de suas aplicações nas construções, seus critérios para uso e suas
metodologias, objetivando compreender a melhor aplicação para cada certificação.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Verificar as aplicações, critérios e metodologias necessárias para cada sistema;


b) Identificar qual certificação melhor se enquadra para cada tipologia de
construção;
c) Analisar as vantagens e desvantagens na implantação de cada um dos sistemas.

3 METODOLOGIA
O presente trabalho foi desenvolvido utilizando-se métodos de pesquisa exploratória
e qualitativa de revisão da literatura, tendo o objetivo de proporcionar maior
entendimento do tema; buscou-se então realizar uma comparação dos métodos
aplicados por duas das certificações existentes no Brasil, as certificações LEED e
EDGE, para isso, os primeiros capítulos do trabalho levantam questões pertinentes
ao que é uma certificação, características encontradas, alguns dos sistemas
presentes no país, além de algumas das atuais inovações que podem ser aliadas às
construções sustentáveis. Por fim, foi feito um breve estudo de ambos os sistemas,
de modo a compreender melhor o funcionamento de cada um de forma separada,
para, então, realizar uma análise comparativa onde foi possível verificar as
semelhanças e diferenças entre si, além das principais vantagens e desvantagens.
18

4 AS CERTIFICAÇÕES DE SUSTENTABILIDADE

4.1 PARTICULARIDADES DE UMA CERTIFICAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE

4.1.1 O que são as certificações de sustentabilidade

No livro “Ecological Design” (1996), Ryn e Cowan definiram projeto ecológico


como uma maneira de executar um projeto de forma a minimizar os impactos
ambientais negativos através da integração com os processos vivos. Apesar do
entendimento de se basear na natureza para a elaboração de um projeto sustentável,
ainda se observa a necessidade de os projetistas muitas das vezes recorrerem ao
bom senso ao realizar as tomadas de decisões, isso ocorre, pois, apesar de a
construção sustentável ser uma realidade a mais de 20 anos, está em constante
evolução e sem padrões específicos.
Dentre as soluções existentes para a execução de um projeto de edificações
sustentáveis estão os sistemas de certificação, que, conforme Kibert (2016), são
sistemas que apresentam critérios pré determinados de ações ou medidas
necessárias para haver a implantação de edificações sustentáveis, ao menos no ponto
de vista daquele sistema. Como resultado, tem-se a possibilidade de a execução de
um projeto sustentável sem necessariamente haver um estudo profundo por parte da
equipe de projeto — que demanda um longo tempo — dos impactos gerados ao meio
ambiente e ainda de como construir uma edificação de baixo impacto ambiental.
Kibert (2016) também deixa claro que apenas utilizar uma certificação não é
suficiente, é necessário buscar aquelas que possuem estratégias baseadas no
comportamento do ecossistema e na preocupação da conservação de recursos para
ser gerado como o resultado de tais esforços, uma edificação de alto desempenho.

4.1.2 As categorias de influência

De maneira geral, as categorias adotadas mais comumente ao se tratar das


certificações de sustentabilidade são: qualidade do ambiente interno, local
sustentável, eficiência da energia, eficiência no uso da água, uso dos materiais e
resíduos, e poluição. Que servem como base para compreender melhor os pontos
19

abrangidos, possuindo subcritérios anexados a cada um dos citados acima, que serão
compreendidos conforme as demandas avaliadas em cada sistema.

Qualidade do ambiente interno (QAI)

Em seu artigo Datta et al. (2017) explica que sejam em escritórios, escolas,
universidades, edifícios comerciais, edifícios industriais ou residências privadas, mais
de 90% da vida diária pessoal é passada dentro de ambientes internos. Mesmo assim,
foi apenas nos últimos anos, que as preocupações sobre a qualidade do ar interno
começaram a surgir. A má qualidade do ar interno é particularmente insegura para
crianças, idosos e pessoas com infecções cardiovasculares e respiratórias
persistentes (como asma). Além de ter um impacto negativo no bem-estar, a poluição
do ar interno também pode reduzir o conforto e a eficiência dos moradores do prédio.
Nos edifícios de escritórios, o conforto dos ocupantes está relacionado à
qualidade do ambiente construído (térmica, visual, auditiva e qualidade do ar), assim
como o espaço de trabalho e elementos de construção como tamanho, aparência
estética, móveis e limpeza. (Frontczak et al., 2012).
Consoli, Andrade e Tabalipa (2019) classificaram em 9 critérios inseridos nessa
categoria, que variam apenas em terminologia dependendo do sistema em questão,
sendo úteis para avaliar de forma holística os edifícios, em relação a saúde, conforto,
satisfação e os aspectos essenciais de funcionalidade interna, são eles:

1. Acessibilidade

Acessibilidade é prover a possibilidade e condições de utilização do espaço,


mobiliário, equipamentos urbanos e edificações, com segurança e autonomia [...] de
uso público ou privados de uso coletivo, seja na zona urbana ou rural, por pessoa com
deficiência ou com mobilidade reduzida, conforme o art. 3º da lei nº 13.146, de 06 de
julho de 2015 (Brasil, 2015), ou seja, garantir um espaço acessível para qualquer
pessoa independente de sua condição física, de maneira que possibilite seu uso da
melhor maneira possível.
20

2. Automação dos sistemas

De acordo com o Going Green Brasil (2018), dentre as principais


características dos sistemas de automação predial disponíveis, alguns aspectos
podem ser destacados: a integração de áreas e equipamentos para facilitar a
comunicação entre eles, uma interface intuitiva que pode ser facilmente visualizada e
comandada por qualquer dispositivo móvel, dados de coleta e análise para fornecer
informações sobre como melhorar a produtividade e segurança do edifício, entre
outras opções.

3. Conforto olfativo

Pinheiro (2020) define conforto olfativo como a relação entre os cheiros e


odores que estão presentes e a sensação de contentamento. Segundo, Schmid
(2005), o olfato é o sentido mais primitivo, a razão para dizer isso é que não é apenas
uma sensação preservada durante a evolução das criaturas mais antigas ao homem,
mas também uma sensação desenvolvida nas primeiras semanas de vida. Ele marca
fatos vitais, como a proximidade dos alimentos.
Em busca de redirecionar os odores provenientes de ambientes externos e
internos dos edifícios como cozinhas, centrais de lixo ou outras fontes, o conforto
olfativo envolve a utilização de sistemas que possam controlar ou redirecionar os
odores, como, por exemplo, planos de ventilação e exaustão que devem adaptar-se
aos ambientes causadores de mau cheiro. (Consoli, Andrade e Tabalipa, 2019).

4. Desempenho acústico

Em seu livro Kibert (2016) mostra que os sistemas de construção costumam


provocar uma variedade de sons que geralmente causam desconforto aos usuários,
como por exemplo os sistemas de ventilação, que produzem uma série de altos ruídos.
Para ele, controlar a transmissão de ruídos é um imenso problema, pois os ruídos
podem causar desconforto e até mesmo problemas de saúde. A base para a criação
de um ambiente interior acusticamente aceitável é garantir que os níveis de ruído em
determinadas áreas de um edifício sejam compatíveis ou estejam abaixo de uma faixa
aceitável em relação à aplicação específica, como por exemplo, tomar cuidado para
21

não locar uma sala de conferência ao lado da unidade de resfriamento ou eliminar o


máximo possível os ruídos de fundo sutis que, embora não tão aparentes aos
ocupantes do edifício, podem ser irritantes e com o tempo, diminuir a produtividade.

5. Desempenho térmico

Conforme afirma a Câmara Brasileira da Industria da Construção (CBIC) (2013)


a sensação de conforto térmico está ligada comumente às condições de ventilação do
ambiente, o que tem grande influência na posição e tamanho das aberturas das
janelas. O desempenho térmico depende das várias características do local de
trabalho (topografia, temperatura e umidade do ar, direção e velocidade do vento, etc.)
e habitações (materiais constituídos, número de pisos, tamanho da sala, altura do teto,
direção da parede externa, etc.).
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) (2013) ainda esclarece
que o nível de satisfação ou insatisfação irá variar, a depender das atividades que
serão executadas no imóvel, da quantidade de mobília, os trajes usados, número de
ocupantes, idade, sexo, além das condições fisiológicas e psicológicas dos usuários.
Por conseguinte, ao se tratar de conforto térmico, está referenciando a uma condição
média, que possa atender o maior número de ocupantes sujeitos
às situações estipuladas.

6. Desempenho visual e luminoso

A luz exerce influência sobre o bem-estar, segurança no trabalho,


produtividade, saúde e comunicação social, ela possui efeitos que estão totais ou
parcialmente separados dos seus efeitos biológicos (também conhecidos como não
visuais) e do sistema visual. (Kralikova e Wessely, 2016).
Assim, Kibert (2016) apresenta que o ambiente ideal de iluminação interior
saudável é aquele que permite que a luz natural entre ou cujo sistema de iluminação
a replica seja o mais próximo possível, pois, a luz do sol tem uma distribuição espectral
igual das frequências de luz visível. Em contraste, as fontes de luz artificial estão
ligadas pelas leis da física; portanto, elas são limitadas nas frequências emitidas que
são visíveis.
22

De acordo com Consoli, Andrade e Tabalipa (2019) o nível de iluminação ideal


para um edifício deve levar em conta as atividades que serão realizadas em cada
área, se a luz natural não for suficiente para fornecer a iluminação necessária para a
atividade, a luz artificial deve ser utilizada, portanto, é necessário fornecimento
suficiente e ininterrupto de luz seja natural ou artificial em todas as áreas.
Algumas das estratégias indicadas pelas ferramentas de certificação para
garantir desempenho visual são: incentivo à iluminação natural nos ambientes
internos, contato visual com o exterior, controle da luz solar direta, planejamento e
controle da iluminação artificial evitando a inserção de pontos desnecessários, que
contribui para o desperdício de energia. (Consoli, Andrade e Tabalipa, 2019).

7. Qualidade dos espaços internos e externos

Nos ambientes internos torna-se indispensável o dimensionamento dos


espaços para se adequar às atividades que serão realizadas, bem como os elementos
de decoração. Além disso, também é necessário prever-se regulamentos de limpezas
recorrentes. (IBEC, 2014).
Em vista de aumentar a sustentabilidade e o conforto do produto, pode-se
fornecer aos utilizadores uma extensa multiplicidade de usos recreativos e funcionais,
aumentar a sustentabilidade do produto e o conforto de todos, sendo necessário
serem previstos sempre que possível espaços internos para convívio e comunicação,
além de áreas externas de lazer, como varandas e jardins. (DGNB, 2018).

8. Qualidade interna do ar

Segundo Pinheiro (2020, p. 126-127):

As edificações estão constantemente sujeitas à ventilação natural, como a


ventilação que ocorre por meio das frestas de portas ou janelas. Como a
maioria das pessoas passa muitas horas em espaços fechados, como nos
locais de trabalho ou nas residências, foram desenvolvidos alguns métodos
que permitissem ventilação natural mais eficaz, bem como possíveis
alternativas a ela, na intenção de aumentar o grau de conforto térmico. Essas
alternativas consistem no desenvolvimento de dispositivos de ventilação
mecânica. A junção desses dois sistemas de ventilação, sistemas mistos,
permite uma renovação do ar interior mais eficaz e, consequentemente,
melhoria do bem-estar do ser humano. O processo de ventilação deve ainda
levar em conta o local, a exposição solar, os ventos predominantes, os
materiais construtivos e a implantação do edifício.
23

Na figura 1 são exemplificadas as variáveis que irão influenciar no processo.

Figura 1 - Variáveis intervenientes no processo de ventilação do ar interior

Fonte: Pinheiro, 2020

Como Kibert (2016) afirma, a saúde e a produtividade dos colaboradores ou


inquilinos são largamente afetadas pela qualidade do ambiente interior, as pesquisas
continuam a fortalecer a correlação entre a melhoria do QAI, à saúde e bem-estar dos
ocupantes. A baixa qualidade do ar e os níveis de iluminação, o crescimento de fungos
e bactérias, e a liberação de gases químicos em materiais de construção podem ter
efeitos adversos significativos sobre os ocupantes do edifício. Uma das principais
características do design sustentável é assegurar o conforto dos ocupantes do
edifício, reduzindo a poluição do ar interno. Isso pode ser melhor alcançado
selecionando materiais com baixo potencial de gás de exaustão, estratégias de
ventilação adequadas, fornecendo luz do dia e visibilidade adequados e controlando
os níveis de iluminação, temperatura e umidade para fornecer conforto ideal.

9. Segurança dos ocupantes

Conforme o critério segurança e proteção, do sistema de certificação DGNB


(2016), a sensação de estar seguro é uma contribuição fundamental para o conforto
das pessoas, sendo essas medidas responsáveis geralmente por reduzir o perigo de
ataque por outras pessoas. A percepção de segurança e proteção envolvem, o nível
de visibilidade das áreas em geral (áreas de entrada, avenidas principais, pátio interno
24

e etc.), nível de iluminação (caminhos bem iluminados), a quantidade de instalações


técnicas de segurança (telefones de emergência, Circuito Fechado de Televisão
(CFTV), sistemas de alarme por voz ou instalações comparáveis, etc.) e as medidas
preventivas de segurança (persianas de enrolar em andares inferiores, sistema de
alarme, etc.). Além disso, também se faz necessário considerar os riscos de perigos
naturais como terremotos, inundações ou outros, e buscar medidas para reduzir esses
danos, e ainda, a fim de evitar falhas deve-se realizar manutenções nos sistemas.

Local sustentável

Segundo Pinheiro (2020) O conforto ambiental e o desempenho térmico de um


edifício resultam da relação entre o material vedante e os fatores ambientais onde o
edifício se encontra, o que implica numa escala considerada satisfatória uma
sensação de bem-estar.
A consideração do local de construção e seu uso são pontos importantes para
o desenvolvimento de um projeto sustentável, devendo se preocupar desde a seleção
do local, aos impactos ecológicos (biodiversidade, qualidade do ar e da água, fauna,
flora, etc.) e as características da bacia hidrográfica local.

Quadro 1 – Abordagens gerais de uso do solo


Construção em terreno previamente utilizado ao invéz de em terreno considerado valioso do ponto de vista
ecológico
Proteção e preservação de áreas úmidas e outras características que são elementos-chave dos ecossistemas
existentes
Paisagismo com o uso de plantas nativas e adaptadas, tolerantes à seca, árvores e grama
Reutilização de edifícios existentes em vez de construção de novos edifícios
Proteção das principais características naturais e sua integração ao projeto de construção tanto para para
comodidade como para funcionalidade
Redução dos impactos da construção no local, minimizando a pegada do edifício e planejando cuidadosamente
as operações de construção
Uso de tecnologias alternativas de gerenciamento de águas pluviais, como telhados verdes, pavimento
permeável, bioretenção, jardins de água da chuva, entre outros, que ajudam recarga no local ou regional de
águas subterrâneas e aquíferos
Eliminação da poluição luminosa através do projeto cuidadoso dos sistemas de iluminação externa
Fonte: Kibert, 2016

No quadro 1 observa-se algumas das estratégias que influenciam no momento


de escolha e uso do solo ao se tratar de edificações sustentáveis. De acordo com
Kibert (2016) elas são variadas, possuindo o principal propósito de realizar a
25

integração da natureza às edificações e a reutilização de locais já impactados por


outras ações humanas.
O desenvolvimento de um projeto em uma área nunca utilizada segundo
Montoya (2011) altera o ecossistema ao remover a flora nativa e o habitat animal. À
vista disso, a fim de reduzir esses danos, deve-se preservar ao máximo os elementos
naturais do local, buscar incorporar ao paisagismo plantas nativas, reduzir a
construção de áreas de difícil acesso (como estacionamentos) e dedicar espaços
abertos que viabilizem a biodiversidade natural. Já em relação aos distúrbios
provocados pelas obras alguns cuidados podem ser tomados, como cercar as áreas
que não receberam nenhum tipo de tratamento, a fim de diminuir as chances de danos
às árvores, o sistema de água e a outros elementos naturais.
Quanto à redução dos efeitos das ilhas de calor, Montoya (2011) explica que
os elementos do local como a pavimentação e a cobertura das construções podem
absorver e irradiar calor. Esse processo afeta significativamente as plantas, os
animais e os seres humanos, assim, alguns métodos podem ser utilizados, como o
sombreamento de superfícies construídas com elementos paisagísticos como árvores,
uso de materiais de alto reflexo (que são capazes de absorver melhor o calor) e a
substituição de superfícies como coberturas e calçadas por superfícies com vegetação
como é o caso dos telhados verdes.

Eficiência energética

De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) (2008) o


consumo de energia é um dos principais indicadores de qualquer desenvolvimento
socioeconômico e de qualidade de vida. Ele reflete não apenas a velocidade da
atividade nos setores industrial, comercial e de serviços, mas também a capacidade
das pessoas de obter bens e serviços mais avançados tecnologicamente, como
automóveis (que requerem combustível), eletrodomésticos e produtos eletrônicos
(que requerem uso da rede elétrica para carregar eletricidade. Pressão de chegada).
Segundo Lamberts (2014) a eficiência energética de um edifício pode ser
entendida como as características inerentes à capacidade do edifício de proporcionar
aos utilizadores confortos térmico, visual e acústico com baixo consumo de energia.
Portanto, quando um edifício oferece as mesmas condições ambientais com menos
26

consumo de energia, é mais eficiente do ponto de vista energético do que outro


edifício.

Lamberts (2014, p. 7) complementa afirmando que:

(...) um bom projeto arquitetônico deveria incluir análises sobre seu


desempenho energético, pois cada decisão tomada durante o processo de
projeto influencia no desempenho térmico e luminoso do edifício. Para que o
projeto tenha um bom desempenho, é importante que estas decisões sejam
baseadas no conhecimento das variáveis e conceitos que envolvem a
eficiência energética e o conforto ambiental e nas análises (...) das diversas
alternativas de projeto em todas as etapas do processo

Conforme Kibert (2016) informa, uma melhor qualidade no desenvolvimento do


projeto é capaz de reduzir o consumo de energia na construção apoiado por normas
e códigos energéticos nacionais e estaduais mais rígidos. Usando uma estratégia de
energia passiva que leva em consideração a direção e a qualidade do edifício para
maximizar a luz do dia e minimizar o ganho de calor, pode efetivamente garantir
edifícios com baixo consumo energético.
Em relação a eficiência energética em edifícios sustentáveis Kibert (2016, p.
273, tradução nossa) afirma:

Um edifício verde idealmente utilizaria bem pouca energia, e a energia


renovável seria a fonte da maior parte da energia necessária para aquecê-lo,
resfriá-lo e ventilá-lo. Os edifícios verdes de hoje incluem uma ampla gama
de inovações que estão começando a mudar o perfil energético de edifícios
típicos.

No quadro 2 Kibert (2016) apresenta passos que deverão seguir não apenas
a ordem exibida, mas deverão fazer parte de todo o processo do projeto energético.
27

Quadro 2 - Os 10 passos envolvidos no projeto de sistemas energéticos com


pegadas de baixo consumo de energia e baixo teor de carbono:
1. Utilizar ferramentas de simulação de energia de construção durante todo o processo de projeto.
2. Otimizar o projeto solar passivo do edifício.
3. Maximizar o desempenho térmico do invólucro do edifício.
4. Minimizar as cargas internas do edifício.
5. Maximizar a iluminação natural e integrar-se com um sistema de iluminação de alta eficiência.
6. Projetar um sistema de aquecimento, ventilação e ar condicionado hipereficiente que minimize o
uso de energia.
7. Selecionar aparelhos e motores de alta eficiência.
8. Maximizar o uso de sistemas de energia renovável.
9. Captar e usar a energia desperdiçada.
10. Incorporar estratégias inovadoras emergentes, tais como o acoplamento ao solo e resfriamento
radiante.
Fonte: Kibert, 2016

Eficiência hídrica

Kibert (2016) alega que a redução do consumo de água ao repensar as


estratégias empregadas para águas residuais pode ampliar drasticamente a
disponibilidade de água e melhorar a saúde dos ocupantes. O ciclo hidrológico do
ambiente construído envolve o tratamento e aproveitamento da água dentro e fora da
edificação. A água da chuva que cai em um canteiro de obras pode ter vários destinos,
em locais verdes ou não urbanizados, a maior parte da água da chuva penetra no solo
e o restante flui para riachos ou outros corpos d'água, enquanto que em caso de áreas
desenvolvidas, onde pouca água penetra no solo, como em edifícios e paisagens
difíceis (calçadas e estradas) que impermeabilizam o solo e evitam que a água da
chuva se infiltre e direcione o fluxo para estacionamentos e estradas deve-se
desenvolver mecanismos para realizar a coleta e transporte ao sistema municipal de
águas pluviais, que recebe e processa, ou então armazenar no local a partir de
tanques de retenção e detenção.
Quanto ao uso da água nos edifícios Montoya (2011, p. 53, tradução nossa)
afirma:

A água limpa é um recurso natural, crítico para os seres humanos, plantas e


animais e que está se esgotando rapidamente devido à poluição e ao
crescimento da população humana. O paisagismo de um edifício pode usar
uma quantidade significativa de água, mas existem estratégias para reduzir a
quantidade de água que ele necessita. Por exemplo, a realização de uma
análise de solo e clima nas etapas de planejamento de um projeto pode ajudar
28

a selecionar espécies vegetais que reduzirão ou eliminarão a necessidade de


irrigação.

Além disso, Montoya (2011) ainda acrescenta que quando bem projetados os
edifícios conseguem reduzir o desperdício ao utilizar a água de maneira eficiente,
através de sistemas de fornecimento que utilizam ferramentas para reduzir a
quantidade de água utilizada mantendo um alto padrão de desempenho. Um exemplo
disso são as torneiras de baixo fluxo, que conseguem utilizar menos água que uma
torneira comum, mas permanece fornecendo pressão de água suficiente para lavar as
mãos.
Têm-se também as águas que podem ser reutilizadas para fins que não sejam
de consumo, como a água da chuva que normalmente se perde, ou mesmo
proveniente dos chuveiros ou outras instalações sem resíduos alimentares ou fezes
(conhecida como água cinza) e proveniente de banheiros (águas negras) que já
podem conter resíduos como fezes, que como ele pontua podem servir para outros
fins como irrigação ou dentro dos edifícios para descargas de banheiros com os
tratamentos adequados.

Uso dos materiais

O consumo de bens e serviços leva a um fluxo de materiais que propicia efeitos


ambientais, desde a extração dos materiais até efeitos como a erosão e a respectiva
deposição final, quando não são utilizados.
Conforme explica Roaf (2014, p.56, tradução nossa):

Os materiais de construção precisam ser processados antes de serem


incorporados a uma edificação; isso inevitavelmente exige o uso de energia
e gera resíduos. A escolha dos materiais de construção afeta o impacto
ambiental de uma casa. Todos eles são processados de alguma maneira
antes que sejam incorporados à edificação, e tal processamento pode ser
mínimo, como no caso da cabana tradicional construída com materiais
encontrados na região, ou pode ser enorme, como no caso da construção
pré́ -fabricada.

Kibert (2016, p. 368, tradução nossa) então complementa afirmando:

A seleção de materiais e produtos para a construção verde de alto


desempenho projetos é um grande desafio para as equipes de projeto. Os
atributos que tornam os materiais e produtos aceitáveis para aplicação em
29

edifícios de alto desempenho incluem alto conteúdo reciclado, materiais de


construção reutilizados, materiais disponíveis local e regionalmente, produtos
de madeira certificada e produtos de madeira feitos de recursos rapidamente
renováveis.

De acordo com Kubba (2017) o homem tem usado materiais naturais para
construir seu habitat por milhares de anos, mas também os desenvolveu e
complementou com produtos feitos pelo homem. O reparo e a reutilização de um
edifício em vez de demoli-lo e construir uma nova estrutura é uma estratégia eficaz
para minimizar o impacto ambiental. A reforma e a reabilitação dos componentes
existentes ajudam a minimizar qualquer risco de impacto negativo sobre o meio
ambiente e economizam recursos naturais.
Os materiais podem ser considerados como sustentáveis ou “verdes” quando
produzem pouco ou nenhum impacto ao meio ambiente podendo algumas vezes gerar
impactos positivos. Para Kubba (2017) é necessário compreender que nenhum
material sustentável é perfeito, mesmo que na prática haja no mercado um número
crescente de materiais capazes de reduzir ou eliminar os impactos negativos sobre as
pessoas e o meio ambiente, para tanto, muitos dos insumos utilizados na construção
sustentável são produzidos a partir de materiais reciclados (isso influencia no meio
ambiente e apresenta uma nova função ao lixo), outra característica é a sua
durabilidade, podendo ser considerado como sustentável por ser muito durável.
Partindo disso, há os benefícios adicionais que são alcançados quando um produto
durável é produzido de materiais ecologicamente corretos, como resíduos reciclados.

Resíduos e poluição

Resíduo sólido é definido, conforme o art. 3º da lei 12.305, como: qualquer


material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em
sociedade, que em seu destino final, encontra-se nos estados sólido ou semissólido,
assim como gases comprimidos em recipientes e líquidos a qual suas características
impossibilitem seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou
que exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis quanto à
tecnologia disponível.
De acordo com os dados apresentados no Panorama dos resíduos sólidos pela
Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
30

(ABRELPE) (2020), apenas no Brasil entre os anos de 2010 e 2019, a geração de


resíduos sólidos urbanos (RSU) no Brasil registrou considerável acréscimo, passando
de 67 milhões para 79 milhões de tonelada por ano, enquanto a geração per capita
aumentou de 348 kg/ano para 379 kg/ano conforme o gráfico 1.

Gráfico 1 – Geração de RSU no Brasil

Fonte: ABRELPE, 2020

As informações deixam claro o quão danosa a geração de resíduos tem sido


para a sociedade, gerando diversos impactos negativos, principalmente no que tange
à saúde da população. Dentre as várias maneiras de encarar os resíduos e evitar a
poluição Keeler e Vaidya (2016) apresentam o conceito de gestão integrada de
resíduos, que se refere à combinação de diversas técnicas de realizar o
gerenciamento de resíduos, que inclui a redução da fonte (prevenção de resíduos),
compostagem, incineração, reciclagem e aterros sanitários.

4.1.3 Implementação

As edificações causam diversos impactos sobre o meio ambiente, desde a sua


construção, usam os recursos naturais, geram resíduos e emitem gases na atmosfera
potencialmente nocivos. Tais fatos levaram à criação de modelos de construção
ecológica, certificações e sistemas de classificação que se propõe a aliviar o impacto
dos edifícios sobre o meio ambiente através de um projeto sustentável.
Conforme a definição da “International Organization for Standardization”
(ISO) (c2021) uma certificação nada mais é do que o oferecimento de uma
confirmação escrita (um certificado) por um órgão, independentemente do produto,
serviço ou sistema ser apto para determinada função. Procura-se receber uma
31

comprovação de que o mesmo cumpre com critérios mais sustentáveis tanto ao meio
ambiente quanto para os usuários.
É valido verificar que uma edificação para ser sustentável não necessariamente
exige uma certificação. Compreender os impactos causados ao meio ambiente e
então buscar soluções para reverter ou ao menos minimizar seus efeitos é o primeiro
passo para uma construção mais sustentável. Por isso, esses sistemas possibilitam
que não apenas soluções sejam propostas, mas que ao longo de todo seu ciclo de
vida hajam planejamentos integrados para maximizar a eficiência dos materiais,
energia e água, reduzindo desperdícios e garantindo que o processo seja interligado
para beneficiar o meio ambiente.
Porém, o que vem tornando as certificações um fator importante para as
construções sustentáveis são seus diversos benefícios, fazendo com que arquitetos,
‘designers’, engenheiros e evidentemente o público em geral, começasse uma alta
demanda por esses produtos. Dentre alguns desses benefícios conforme afirma
Kubba (2017), estão a redução do consumo de energia, redução da poluição do
ecossistema, melhora no conforto e saúde dos usuários e a diminuição de resíduos
de aterros sanitários.
Independente dos sistemas de certificação utilizado, desde que forneça uma
verificação mais sustentável do projeto, torna-se uma valiosa ferramenta educacional
e de ‘marketing’ tanto para o proprietário quanto para as equipes de projeto e
construção, o que torna uma edificação inclusive mais valorizada no mercado
imobiliário. (Vierra, 2019)

4.2 ANÁLISE DAS PRINCIPAIS CERTIFICAÇÕES DE SUSTENTABILIDADE NO


MERCADO BRASILEIRO

4.2.1 Haute Qualité Environnementale (HQE)

A certificação internacional HQE para as edificações de alta qualidade


ambiental foi desenvolvida a partir da certificação francesa 'Démarche HQE', aplicada
no Brasil exclusivamente pela Fundação Vanzolini. No ano de 2007 suas
documentações foram adaptadas pela Fundação em pareceria com a Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), buscando considerar todas as
32

normas e regulamentações brasileiras, sendo inclusive referencial técnico a nível


internacional, que considera as experiências brasileiras. (Fundação Vanzolini, 2021).
Até julho de 2021, de acordo com a Fundação Vanzolini (2021) os processos
de certificação estavam espalhados em uma área construída de mais de 14 milhões
de m² em todo o Brasil, abrangendo:

1. 717 edifícios, sendo 430 edifícios residenciais, 231 edifícios não residenciais
em construção e 56 edifícios não residenciais em operação;
2. 5 Empreendedores AQUA;
3. 10 bairros e loteamentos;
4. 1 infraestrutura portuária;
5. 1 projeto de interiores.

Segundo a Fundação Vanzolini (2021) o processo de certificação compõe-se


de auditorias realizadas periodicamente, avaliando as conformidades e as possíveis
inconformidades conforme as solicitações dos referenciais técnicos, sendo 3
auditorias (pré-projeto, projeto e execução) para os edifícios em construção, enquanto
nos edifícios em operação podem existir 3 auditorias em um ciclo de 3 anos ou 4
auditorias em um ciclo de 5 anos e para cada uma das auditorias também será emitido
dois certificados — um de valor nacional (AQUA) e um de valor internacional (HQE),
onde em cada auditoria será emitido dois certificados — um certificado de valor
nacional (AQUA) e um de valor internacional (HQE) — para os edifícios em
construção, enquanto nos edifícios em operação podem existir 3 auditorias em um
ciclo de 3 anos ou 4 auditorias em um ciclo de 5 anos e para cada uma das auditorias
também será emitido dois certificados — um de valor nacional (AQUA) e um de valor
internacional (HQE).

Pode-se buscar uma certificação para os seguintes tipos de construção:

1. Edifícios em construção;
2. Edifícios em operação;
3. Bairros e Loteamentos;
4. Infraestruturas;
5. Condomínios Residenciais em Operação.
33

Conforme a Fundação Vanzolini (2016) as exigências se dão a partir de 4 temas


gerais (meio ambiente, energia e economias, conforto e saúde e segurança) onde
cada tema está divido em critérios, em um total de 14 critérios.

4.2.2 Selo Casa Azul

“Criado pela CAIXA em 2009, o Selo Casa Azul foi o primeiro sistema de
classificação do índice de sustentabilidade de projetos habitacionais desenvolvido
para a realidade da construção habitacional brasileira.” (CAIXA, 2021, p. 1).
A CAIXA (2010) considera o Selo Casa Azul CAIXA como uma ferramenta de
classificação socioambiental de empreendimentos habitacionais que visa reconhecer
a utilização das soluções mais eficazes para construção, uso, ocupação e execução
de manutenção da edificação, com o objetivo de incentivar o uso razoável de recursos
naturais e moradia de qualidade e envolvente.
Pode-se aplicar o selo a todo e qualquer tipo de empreendimento habitacional
que sejam apresentados à CAIXA para financiamento ou programas de repasse,
podendo ser candidatas empresas construtoras, o poder público, empresas públicas
de habitação, cooperativas, associações e entidades representantes de movimentos
sociais.
“O Selo Casa Azul possui 53 critérios de avaliação, distribuídos em seis
categorias que orientam a classificação de projeto”. (CAIXA, 2010, p. 22).
De acordo com a Caixa (2021) as seguintes categorias são avaliadas:

1. Qualidade Urbana e bem estar;


2. Eficiência energética e conforto ambiental;
3. Gestão eficiente da água;
4. Produção sustentável;
5. Desenvolvimento sustentável;
6. Inovação.
34

4.2.3 Excellence in Design for Greater Efficiencies (EDGE)

A certificação EDGE foi criada em 2014 pela Corporação Financeira


Internacional (IFC) que é membro do grupo do Banco Internacional. O objetivo da
EDGE é democratizar o mercado de construção verde, que antes era dedicado a
edifícios de alto padrão e relativamente isolados nos principais países industrializados
(EDGE, 2021a).
Conforme o guia do usuário EDGE (2021b, p. 11, tradução nossa):
EDGE é uma plataforma de construção verde que inclui um padrão global de
construção verde, um aplicativo de software e um programa de certificação.
A plataforma é destinada a qualquer pessoa interessada no projeto de um
edifício verde, seja arquiteto, engenheiro, desenvolvedor ou proprietário do
edifício.

O conjunto de tipologias de edifícios EDGE inclui residências, apartamentos,


hotéis, comércios, industrias, escritórios, instituições de saúde, edifícios educacionais
e de uso misto. EDGE pode ser usado para certificar em qualquer estágio do ciclo de
vida de um edifício, que inclui edifícios em fase de projeto ou projeto, novos edifícios,
construções existentes e reformas. (EDGE, 2021b).
Para a obtenção da certificação EDGE é necessário alcançar uma eficiência
mínima de 20% nas seguintes categorias: Energia, Água e Materiais. Como critério é
utilizado um sistema onde indica se o projeto apresentou a economia mínima quando
comparado ao modelo base apresentado. (EDGE, 2021b).

4.2.4 Leadership in Energy and Environmental Design (LEED)

A ferramenta LEED foi desenvolvida pelo Conselho de Construção Verde dos


Estados Unidos (USGBC), que coordena a entrada de dados de cada um dos
diferentes programas. Os primeiros membros do conselho defendiam o
desenvolvimento de um sistema para definir edifícios verdes. Depois de uma busca
pelos programas existentes e as normas, decidiu-se desenvolver um sistema
personalizado para edifícios nos Estados Unidos. E então em 1998, foi lançado o
programa piloto LEED 1.0. (Scheuer e Keoleian, 2002).
Levando em consideração as necessidades das diferentes edificações é
possível buscar uma certificação paras as seguintes tipologias:
35

1. Novas construções;
2. Design de interiores;
3. Edifícios existentes;
4. Bairros.

De forma holística cada parte do projeto é analisada conforme as seguintes


categorias: processo integrado, localização e transporte, terrenos sustentáveis,
eficiência hídrica, energia e atmosfera, materiais e recursos, qualidade do ambiente
interno, inovação, e prioridade regional. Para cada umas das categorias avaliadas os
critérios irão variar dependendo da tipologia em que o edifício está inserido. (USGBC,
2021). Em 2007 o Green Building Council Brasil começou a atuar, apresentando o
sistema ao país, desde então 1644 projetos já foram registrados e mais 700 foram
certificados. (GBC Brasil, 2021).

4.2.5 Procel Edificações

O selo Procel Edificações, estabelecido em 2014, é um programa voluntário


com o principal intuito de identificar os edifícios que apresentam os melhores índices
de eficiência energética, estimulando o mercado a adquirir e utilizar edifícios mais
eficientes. (Eletrobrás e Procel, 2020).
De acordo com o Portal Procel (2015) para obter o Selo é importante que o
edifício seja projetado para ser eficiente desde a fase de projeto, quando é possível
obter resultados mais satisfatórios e com menores investimentos, obtendo uma
economia de até 50%. Para edifícios comerciais, de serviço e públicos, a obtenção do
selo, é avaliada por três critérios, envoltória, iluminação e condicionamento de ar, já
para os residenciais, avalia-se a envoltória e o sistema de aquecimento de água.
Eletrobras e Procel (2020) explicam que o selo pode ser concedido na etapa
de projeto e na etapa de edificação construída, sendo o de fase de projeto válido por
cinco anos ou até o fim da obra, ou reforma (o que vir primeiro). No caso da etapa da
edificação construída não há prazo de validade.
36

4.3 ESTUDOS DE CASO

4.3.1 Centro Corporativo Portinari – Brasília (DF)

Figura 2 – Centro Corporativo Portinari

Fonte: Centro Corporativo Portinari, 2018

Localizado em Brasília, o Centro Corporativo Portinari, conforme a figura 2, foi


o primeiro empreendimento do Centro Oeste a receber a certificação LEED Platinum,
seguindo como diretrizes no desenvolvimento dos projetos as categorias: terreno
sustentável, água, energia, materiais e recursos e qualidade do ambiente interno.
(Centro Corporativo Portinari, 2018).
De acordo com o GBC Brasil (2018) na categoria do terreno sustentável,
buscando minimizar os impactos em decorrência da construção, algumas das
medidas adotadas foram:

a) Para a prevenção da saída de sedimentos e os impactos da obra: Construção


de sistema de lava rodas na entrada de acesso à obra; proteção de taludes e
encostas (mesmo temporários); retirada de sólidos suspensos antes do
descarte das águas na rede de água pluvial; proteção das espécies vegetais
existentes, entre outras;
37

b) Escolha do terreno para construção em área urbana consolidada com pleno


aproveitamento da infraestrutura local: fácil acesso ao transporte público bem
como a presença de serviços básicos diferenciados em suas proximidades
(bancos, restaurantes, academias, entre outros);
c) Disponibilização de bicicletário e vestiários para os usuários do edifício;
d) Presença de vagas preferenciais para veículos com baixa emissão e baixo
consumo;
e) O projeto paisagístico privilegiou áreas livres de construção no terreno,
promovendo o aumento da biodiversidade;
No intuito de tornar o consumo de água potável mais eficiente, segundo o GBC
Brasil (2018) foram adotadas algumas das seguintes medidas:
a) Emprego de espécies vegetais de baixo consumo e/ou adaptadas para o
paisagismo, que demandam menor quantidade de água;
b) Captação e aproveitamento das águas pluviais para irrigação;
c) O consumo de água é monitorado e controlado através de um sistema de
automação predial.

De acordo com GBC Brasil (2018) o principal foco do empreendimento era o


desempenho energético e para isso algumas das diversas estratégias utilizadas
foram:

a) Comissionamento dos sistemas que demandam energia, afim de assegurar


que os sistemas especificados no projeto foram instalados e calibrados
corretamente e que as equipes que irão operar o empreendimento possuam
informações sobre os sistemas e que foram treinadas corretamente;
b) Fachada projetada para diminuição da carga térmica do edifício;
c) Elevadores de alta performance com sistema de antecipação de chamada,
que proporciona menor tempo de espera e maior economia no consumo de
energia;
d) O consumo de energia é monitorado e controlado através de um sistema de
automação predial;
e) Geração de energia renovável por meio da instalação de placas fotovoltaicas
na cobertura do edifício.
38

Na categoria de materiais e recursos segundo o GBC Brasil (2018) foram


inseridas algumas das seguintes medidas:

a) Previsão de um Depósito Central de Resíduos (recicláveis e não recicláveis)


para facilitar a gestão de resíduos durante o uso e a operação do edifício;
b) Utilização de material com conteúdo reciclado presente nos principais
insumos da curva ABC do empreendimento;
c) Priorização pela aquisição de materiais regionais, extraídos, beneficiados e
manufaturados em um raio inferior a 800 km do empreendimento;
d) Utilização de madeira com a certificação Forest Stewardship Council (FSC),
sendo 54% da madeira incorporada ao empreendimento certificada FSC.

Já na categoria QAI, de acordo com o GBC Brasil (2018), o projeto contou com
diversas estratégias, dentre elas:

a) Sistema de exaustão com controle de CO nos subsolos;


b) Comunicação visual através de placas de sinalização em pontos estratégicos
informando da proibição do fumo nas áreas internas e externas (a uma
distância mínima de 8 metros de qualquer tomada de ar e entradas do edifício)
do empreendimento;
c) Redução dos impactos gerados pelas atividades geradoras de poeira e outras
emissões, implementando um Plano de Gestão da Qualidade Interna do Ar,
priorizando atividades como: limpeza periódica do canteiro com aspersão de
água, utilização de exaustores para ventilação de ambientes internos,
utilização de lixadeiras com coletor de pó integrado nos serviços de pintura,
utilização de disco de corte com dispositivo que libera água para redução da
poeira gerada durante o corte de cerâmicas, porcelanatos e blocos, etc;
d) Promoção da conexão com o exterior aos ocupantes do edifício, por meio de
um projeto que privilegiou o acesso visual às áreas externas do
empreendimento.

Com base no praticado ao logo do processo de projeto e execução do


empreendimento foi possível alcançar uma redução de cerca de 49% no consumo de
água, 36% no consumo de energia e ainda 77% dos resíduos que foram gerados no
39

período de construção foram encaminhados para reciclagem ou então reaproveitados.


(Centro Corporativo Portinari, 2018).

4.3.2 Bosque da Serra – São Paulo (SP)

Figura 3 – Bosque da Serra

Fonte: EDGE, 2019.

Bosque da Serra, como observado na figura 3, é um complexo habitacional que


conta com 180 apartamentos, está localizado em São Paulo, sendo um
empreendimento eficiente em termos de energia e água que foi desenvolvido para
moradores de baixa renda. Foram seguidos os critérios avaliados pela certificação
Edge nas categorias de energia, água e materiais, utilizando o mais viável conforme
cada uma. (EDGE, 2019).
Na categoria energia, de acordo com EDGE (2019), para um uso mais eficiente
e com menor desperdício algumas das estratégias adotadas foram:

a) Redução do coeficiente janela-parede;


b) Pintura refletiva/ladrilhos para o telhado;
c) Iluminação de baixo consumo.

Já quanto ao uso eficiente da água, segundo EDGE (2019) foram adotadas:

a) Chuveiros e pias dos banheiros com baixo fluxo;


40

b) Vasos sanitários com descarga dupla.

E em relação aos materiais na construção, conforme EDGE (2019) utilizou-se:


a) Uso controlado de concreto para as lajes e construção do telhado;
b) Blocos de concreto oco de peso médio para as paredes internas e externas;
c) Esquadrias de alumínio para as janelas.

Adotando-se todas as medidas acima foi possível prever através do software


EDGE uma economia de energia de 21%, economia de água de 26% e 71% menos
de energia incorporada aos materiais. (EDGE, 2019).

5 OS IMPACTOS DA SUSTENTABILIDADE NAS EDIFICAÇÕES

5.1 PLANEJAMENTO DE PROJETO PARA EDIFICAÇÕES VERDE

5.1.1 O projeto integrado

Wu e Low (2010) consideram o gerenciamento de projetos como um conjunto


de ferramentas que podem ajudar a atender aos requisitos do sistema, como
gerenciamento de resíduos, materiais, de sites, etc. A simples falta de observação do
gerenciamento de projetos como parte integrante desses sistemas pode levar a
problemas que vão desde a perda de eficiência até o fracasso do projeto, já que
podem ser definidos por um grupo, planejados por outro e até executados por outro.
Portanto, esse processo, que pode garantir o bom andamento da prática, não pode
ser ignorado.
Para Kruger e Seville (2016, p. 74) “O conceito de projeto integrado baseia-se
na colaboração, desde os estágios iniciais, de todos os envolvidos (arquiteto,
construtor, proprietário e empreiteiros contratados).” Além disso, eles ainda
apresentam que em um projeto integrado, os profissionais envolvidos precisam
desenvolver uma visão holísticas das construções baseada em algumas diretrizes
como conhecer as tendências do desenvolvimento das construções, conhecer a
construção como um todo, identificar as variáveis presentes e integrar todo o processo
junto à equipe para que sejam tomadas as melhores decisões.
Essa integração concebida desde o pré-projeto até o pós-construção é
41

essencial para o sucesso de um projeto sustentável e inicia-se examinando cada


aspecto do processo que só pode ocorrer se houver uma abordagem mais holística.
Por exemplo, a seleção do local do proprietário, configuração do edifício, elementos
arquitetônicos, construção e operação eficientes. Atingir objetivos de projeto
sustentável requer uma abordagem diferente da que tem sido normalmente aplicada,
já que se acredita que reduções significativas no uso de energia e nas emissões de
gases de efeito estufa nunca ocorrerão simplesmente ajustando a prática atual, em
outras palavras, simplesmente instalar sistemas ou equipamentos de alta eficiência
não irá reduzir suficientemente o uso de energia. É necessário olhar para os impactos
ambientais a longo prazo que serão gerados. (ASHRAE, 2018)
Segundo Yudelson (2009) há quatro participantes indispensáveis no processo,
são eles: o proprietário do edifício ou projeto, o arquiteto, o engenheiro mecânico e o
empreiteiro, entretanto, em grandes projetos, há uma variedade de outros
participantes inclusos, conforme observa-se na figura 4.
Figura 4 – Equipe de projeto integrado

Fonte: Yudelson, 2009

Em meados dos anos 1990 foi criado a entrega de projeto integrada, mas foi
apenas em 2007 que uma equipe formada por diferentes profissionais como
arquitetos, engenheiros, construtores, advogados, entre outros, se reuniu para de fato
42

definir o que viria a ser um sistema de entregas integrada, absorvendo práticas de


ideias como o projeto integrado, a construção enxuta (lean construction) e outras
tecnologias para potencializar a colaboração em projetos de construção. O processo
aponta para prazos mais curtos que os de outros sistemas como o de projeto,
orçamento e construção isoladamente. No caso dos de entrega de edificações
sustentáveis, ele é semelhante a outros, como os contratos de risco e os contratos
únicos de projeto e construção, incluindo, no entanto, algumas responsabilidades
adicionais, como uma melhor comunicação entre os membros participantes do projeto.
Em decorrência disso, a formação da equipe precisa garantir que todos os envolvidos
compreendam os objetivos e especificações do projeto, o conceito de construção
sustentável, e em caso de certificação do projeto é necessário estar familiarizado com
os sistemas de avaliação e suas exigências. (Kibert, 2016).
Em relação às informações quanto às boas práticas e medidas sustentáveis,
para Wu e Low (2010) apesar dos sistemas de certificação não serem 100% confiáveis
na avaliação de quão sustentáveis os edifícios são, ainda podem ser extremamente
úteis para ajudar os gerentes de projeto a encontrar um equilíbrio entre o processo e
a prática fornecendo um pacote de gerenciamento de projeto que seja eficaz e atenda
aos requisitos de edificações sustentáveis que deve incluir:
1. Processo de gerenciamento de projeto ao longo do ciclo de vida do projeto
para se alcançar uma construção sustentável;
2. Entrega de relevantes expectativas a diferentes partes do projeto sem o
bastão da sustentabilidade, chamado "bastão verde" sendo depositado em
momentos-chave do processo;
3. Feedback e registro do ciclo de vida do projeto para melhoria contínua.

5.1.2 O custo-benefício

Segundo Montoya (2011, p 7, tradução nossa):


Historicamente, as pessoas assumiram que a construção de edifícios
altamente eficientes com menor impacto ambiental é significativamente mais
cara do que a construção baseada em métodos tradicionais. O projeto
sustentável e o movimento construtivo ganharam significativa popularidade
entre proprietários de edifícios, empreiteiros, projetistas e agências
governamentais nos últimos anos. A popularidade deste movimento está
tornando a tecnologia para edifícios de alta eficiência mais acessível.
Estamos começando a reconhecer que isto não é apenas um modismo
passageiro e que existe um imperativo econômico para projetar e construir
edifícios altamente eficientes. Os projetistas e empreiteiros que não adotarem
43

este conceito em seus modelos de negócios logo serão deixados para trás.

Quando se trata de custo é necessário compreender que nas edificações


sustentáveis a possibilidade de haver custos elevados na execução é maior que em
uma edificação tradicional já que os materiais tendem a ser mais caros. Chang e
Shapiro (2017) explicam que “Os custos dessas estratégias variam conforme a
localização geográfica, as condições econômicas locais e o passar do tempo”. Para
melhor exemplificar eles ainda apresentam algumas possibilidades de melhorias a
seus respectivos impactos nos custos finais. Eliminar sistemas de climatização em
espaços nos quais não são necessários é um exemplo de estratégia que irá reduzir o
custo final. O uso de árvores e de outros tipos de vegetação para o sombreamento
quase não afetará nos custos enquanto utilizar brises, beirais, toldos e marquises para
sombreamento irão elevar esse custo de forma considerável.
No entanto, Chang e Shapiro (2017) deixam claro que, em sua maioria, as
possibilidades sustentáveis acabarão aumentando o custo de execução, mas ainda é
possível equilibrar os custos adotando algumas medidas como as apresentadas
acima.
As vantagens econômicas de negócios sustentáveis são baseadas em muitos
benefícios: econômicos, financeiros, de produtividade, gestão de risco, relações
públicas e marketing e financiamento. Muitas pessoas também usam o "resultado
financeiro triplo" para descrever esses benefícios, usando expressões como "pessoas,
planeta e lucro". A questão principal aqui é que os retornos variam dependendo do
tipo de propriedade, tipo de uso, nível de investimento e incentivos semelhantes.
(YUDELSON, 2009).
No quadro 3, pode-se observar alguns benefícios que podem ser obtidos nas
edificações sustentáveis.
44

Quadro 3 - Os benefícios das edificações sustentáveis


1. Economias nas contas de energia e água, em geral de 30 a 50%, além de redução da
“pegada de carbono” a partir das economias com energia.
2. Redução dos custos com manutenção por meio dos serviços terceirizados de especialistas
em testes (comissionamento), treinamento de operadores e outras medidas capazes de
melhorar e assegurar a integração adequada dos sistemas e o monitoramento contínuo do
desempenho
3. Maior valor resultante da renda operacional líquida mais elevada e de relações públicas
melhores no caso de edificações comerciais.
4. Aumento da produtividade para proprietários de edificações no longo prazo, em geral de
3% a 5%.
5. Benefícios para a saúde, incluindo redução do absenteísmo, em geral de 5% ou mais.
6. Demonstração de comprometimento com a sustentabilidade e proteção ambiental; valores
compartilhados com os principais atores.
Fonte: Yudelson, 2009

Segundo Yudelson (2009), assim como acontece nos outros tipos de projeto,
compreender os aspectos econômicos da situação e incluí-los no processo de tomada
de decisão tem importância crucial. Desenvolvedores e proprietários descobriram que,
por meio do uso de métodos de projetos integrados e outras medidas "não
tradicionais", a economia de custos pode ser alcançada no projeto e construção de
edifícios. Além do mais, pode-se incluir a introdução de empreiteiros gerais e
subempreiteiros principais no início do processo para ajudar com abordagens
alternativas de preço para atingir o nível de conforto exigido do edifício.

5.2 TECNOLOGIA BIM

De acordo com Chuck Eastman (Eastman, 2008 apud Gonçalves, 2018):


BIM é uma filosofia de trabalho que integra arquitetos, engenheiros e
construtores na elaboração de um modelo virtual preciso, que gera uma base
de dados que contém tanto informações topológicas como os subsídios
necessários para orçamento, calculo energético e previsão de insumos e
ações em todas as fases da construção.

Um dos processos que mais desperdiça no mundo hoje é provavelmente o


processo de desenho, como evoluiu nas últimas décadas - desenhos evolutivos
completamente ineficientes que transformam vistas tridimensionais (o projeto) por
meio de abstrações bidimensionais (coleções) em uma realidade tridimensional
resultante (os desenhos). Atualmente, a maior parte do tempo do arquiteto é gasta
cada vez mais na coordenação de informações, ao invés de ser gasto na exploração
e na qualidade do projeto. Embora esse enorme salto em capacidade seja, ele próprio,
45

qualificado para inovação transformadora, o verdadeiro poder da capacidade do BIM


de se integrar a um mundo sustentável esteve em primeiro plano durante o projeto.
(Krygiel e Nies, 2008).
O BIM permite abranger o ciclo de vida dos edifícios como um todo, baseando-
se em um modelo 3D com objetos paramétricos integrados que permitem identificar e
realizar correções de colisões, interferências ou erros na fase de projeto além de obter
imediatamente quantidades, cortes, vistas, características dos materiais entre outros
aspectos. (Martins, 2018)
Portanto, ao se tratar de construções sustentáveis o BIM torna-se um aliado
importante especialmente no projeto integrado já que todas as informações estão
compiladas em um só lugar facilitando a análise de toda a equipe simultaneamente.
Além disso, para Sousa, Campos e Samaniego (2018) a tecnologia é uma alternativa
para quantificar e orçar materiais, analisar a posição do sol para atingir o desempenho
energético do edifício, reaproveitamento de resíduos de construção entre outras
soluções possíveis para o desenvolvimento e concretização de projetos sustentáveis.

6 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS SISTEMAS

6.1 CERTIFICAÇÃO LEED

O sistema é um programa de aderência voluntária desenvolvido para avaliar o


desempenho ambiental das construções, que considera o ciclo de vida de toda a
edificação. Pode ser aplicado a qualquer tipo de projeto e tem a função de confirmar
que os padrões de desempenho em energia, água, redução de emissões de dióxido
de carbono, qualidade ambiental interna, uso de recursos naturais e impacto
ambiental foram atendidos de forma satisfatória e de acordo com o proposto em
projeto.
Para dar início ao processo é necessário realizar o registro do projeto junto ao
USGBC. Feito isso, deve-se documentar todo o processo contendo as informações
de pré-requisitos e créditos, cálculos e evidências conforme os modelos
disponibilizados, e após revisão deve-se submeter toda a documentação para análise.
Posteriormente à análise final o projeto irá receber o nível de certificação conforme a
pontuação atingida. O processo ainda se estende ao longo de toda a obra havendo
46

verificações do cumprimento dos processos conforme o proposto anteriormente para


então ao final da obra o empreendimento ser certificado.
Sendo de acordo com o quadro 4 os seguintes níveis de certificação,
independente da tipologia da edificação:

Quadro 4 – Níveis de certificação LEED


Níveis de certificação
Nível Pontos
Certified 40 - 49
Silver 50 - 59
Gold 60 - 79
Platinum 80 - 110
Fonte: GBC Brasil, 2021

Como apresentado anteriormente, a análise do projeto é realizada observando


as medidas adotadas conforme as categorias observadas na Figura 4.
Figura 4 – Categorias de avaliação para certificação LEED.

Fonte: GBC Brasil, 2021


47

Quadro 5 – Visão geral das categorias avaliadas pelo LEED


Categoria Estratégias
Busca incentivar a conexão entre diferentes sistemas e processos
Processo
construtivos, através do alinhamento da equipe de projeto quanto às metas
Integrado (PI)
e conceitos sustentáveis de modo a poupar tempos e recursos.
Recompensa decisões quanto a localização dos edifícios, incentivando o
uso de transporte alternativo e proximidade às comodidades como
Localização e restaurantes e parques. A categoria considera a infra-estrutura ao redor e
Transporte (LT) como afeta os ocupante e o desempenho ambiental, se bem localizado, o
edifício contribui de maneira inclusive financeira para a área ao redor,
criando um modelo de desenvolvimento.
Prioriza as decisões sobre o meio ambiente que envolvem o edifício,
enfatizando na relação entre o ecossistema e a edificação. Se
Terrenos concentrando em restaurar os elementos locais e integrar ao ambiente,
Sustentáveis (TS) busca minimizar os efeitos da poluição da construção, reduzir as ilhas de
calor e poluição luminosa, além de imitar os padrões naturais de fluxo de
água para um melhor escoamento da água da chuva.
Aborda a água holisticamente, olhando para seu uso interno, externo,
especializados e medições. É baseada em uma abordagem de "eficiência
Eficiência Hídrica em primeiro lugar" para a conservação da água. A categoria EH
(EH) compreende três componentes principais: água interna (utilizada por
equipamentos, aparelhos e processos, como resfriamento), água de
irrigação e dosagem de água.
A categoria aborda a energia a partir de uma perspectiva integrada,
Energia e abordando sua redução, estratégias de projeto energeticamente eficientes
Atmosfera (EA) e fontes renováveis. Priorizando as fontes renováveis que influenciam na
redução das emissões de gases de efeito estufa.
Se concentra na minimização da energia incorporada e outros impactos
Materiais e associados ao processo dos materiais desde sua extração até o descarte,
Recursos (MR) devendo ser projetados para apoiar uma abordagem de ciclo de vida que
melhora o desempenho e promove a eficiência dos recursos.

Recompensa as decisões sobre qualidade do ar interior e conforto térmico,


Qualidade do visual e acústico. Um Edifício verde com boa qualidade ambiental interior
Ambiente Interno protege a saúde e o conforto dos ocupantes, aumentam a produtividade e
(QAI) melhoram o valor do edifício. Ou seja, aborda estratégias que influenciam a
maneira como as pessoas aprendem, trabalham e vivem.

Novas tecnologias são continuamente introduzidas no mercado, e a


pesquisa científica atualizada influencia as estratégias de projeto de
construção. O objetivo desta categoria LEED é reconhecer projetos para
Inovação (IN)
características inovadoras, práticas e estratégias de construção
sustentável, mesmo quando não abordada em alguma das categorias, mas
que trazem benefícios sustentáveis.
Essa categoria encoraja as equipes de projeto a se concentrarem em suas
Prioridade
prioridades ambientais locais. O objetivo é aumentar a capacidade das
Regional (PR)
equipes de projeto LEED de abordar questões ambientais críticas locais.
Fonte: USGBC, 2021

No quadro 5 pode-se compreender melhor os conceitos utilizados em cada


categoria para definir as estratégias que poderão ser aplicadas nas edificações para
48

que se garanta um melhor desempenho ambiental. É importante entender que essas


são características gerais referentes às categorias. Há alguns critérios obrigatórios,
além de créditos opcionais, variando por tipologia, que conferem uma dada
pontuação, que dependendo do objetivo pretendido e das opções utilizadas, irão
garantir o nível alcançado.

6.1.1 Requisitos para certificação

Os requisitos são estratégias que devem ser inseridas obrigatoriamente na


apresentação do projeto para que possa conceder o selo à edificação.

Prevenção da poluição durante a obra

De modo a reduzir a poluição causada pela construção, o critério deve ser


atendido, reduzindo a contaminação gerada pela atividade de obra através do controle
da erosão do solo, evitando sedimentação de curso d`água e geração de poeira, além
de criar e implementar um plano de controle de erosão e sedimentação para todas as
atividades associadas ao projeto. No Brasil, o requisito deve ser atendido conforme
as diretrizes de erosão e sedimentação da Agência de Proteção Ambiental dos
Estados Unidos (EPA), já que não há órgão regulador no país.

Redução do uso de água externamente

Visa reduzir o consumo de água potável nas áreas internas e preservar o


recurso, podendo ser atendido a partir de duas opções: recorrer a um paisagismo em
que não se faça necessário um sistema de irrigação permanente ou então reduzir em
pelo menos 30% da base de cálculo as necessidades de água do paisagismo para os
meses mais frequentes de irrigação.

Redução do uso de água internamente

No intuito de reduzir o consumo de água nas áreas internas, deve-se adotar


equipamentos e acessórios como chuveiros, vasos sanitários, torneiras, entre outros,
que viabilizem uma redução mínima de 20% de água. Os equipamentos elegíveis
49

devem contar com sensores capazes de interromper o fluxo após o afastamento do


usuário, como, por exemplo, o sistema "WaterSense".

Medição do uso de água

Esse requisito procura a conservação da água e um gerenciamento mais


eficiente que busque identificar possíveis economias através do rastreamento do
consumo. Como solução, deve-se instalar medidores permanentes para o uso total da
água da edificação, sendo necessário a compilação dos dados e compartilhamento
dos mesmos com o USGBC por pelo menos 5 anos a partir da certificação ou
ocupação, o que ocorrer primeiro.

Comissionamento e Verificação Fundamental

Tem como objetivo dar suporte ao processo de projeto, construção e operação,


garantindo os requisitos de energia, água, qualidade ambiental interna e sua
durabilidade. Assim, é necessário seguir o processo de comissionamento de sistemas
e montagens de energia mecânica, elétrica, hidráulica e renovável, conforme as
diretrizes ASHRAE 0-2013 e ASHRAE 1.1-2007, que se relacionam com os critérios
citados.

Desempenho Mínimo de Energia

Em busca de promover resiliência e redução dos danos ambientais e


econômicos pelo consumo excessivo, há disponível três medidas para conquistar a
eficiência energética mínima: a primeira opção é a simulação, demonstrando
melhorias com base nos parâmetros ASHRAE 90.1.2010, Apêndice G, em segundo,
pode-se optar por obedecer aos requisitos AVAC e aquecimento de água, que inclui a
eficiência dos equipamentos, economizadores, ventilações, dutos e dampers
conforme o Guia Avançado de Projeto Energético (Advanced Energy Design Guide)
ASHRAE 50%, e por último, ainda optar pela conformidade com as disposições
obrigatórias e prescritivas da Norma ASHRAE 90.1– 2010, seguindo as seções 1, 2 e
3, que só poderá ser elegível para projetos com mais de 9.290 metros quadrados.
50

Medição de Nível de Energia da Edificação

Este requisito busca identificar as possibilidades e energia adicional através do


seu rastreio. Para isso, é necessário o uso de medidores para fornecer os dados do
consumo total todos os meses. Essas informações, então, devem ser compartilhadas
por um mínimo de 5 anos com o USGBC.

Gerenciamento Fundamental de Refrigeração

Visando reduzir a destruição da camada de ozônio, não se deve utilizar gases


Clorofluorcarboneto (CFC) ou Hidroclorofluorcarboneto (HCFC) nos novos sistemas
de refrigeração e em casos de reutilização de equipamentos é necessário planejar
uma redução por fases antes da conclusão do projeto.

Armazenagem e Coleta de recicláveis

Seu objetivo é reduzir a quantidade de aterros sanitários e incineradores por


serviços de redução, reutilização e reciclagem e educação. Para isso, é o obrigatório
a disponibilidade de espaços para coleta seletiva, além de medidas para o descarte
apropriado de baterias, lâmpadas contendo mercúrio e lixo eletrônico.

Desempenho mínimo da qualidade do ar interior

Para contribuir com o conforto e bem-estar dos usuários do edifício, alguns


padrões mínimos devem ser adotados tanto para ventilação quanto para o
monitoramento. Em ambientes mecanicamente ventilados deve-se seguir a normativa
da ASHRAE 62.1-2010 ou então a CEN STANDARDS EN 15251-2007 e EN 13779-
2007, já para os ambientes naturalmente ventilados precisa ser determinado aberturas
mínimas de ar externo e requisitos de configuração do espaço por ventilação natural.
Quanto ao monitoramento para sistemas de volumes de ar variáveis, utilizam-se
dispositivos medidores de vazão direta de ar externo que consigam medir a vazão
mínima, e para sistemas de volumes constantes é necessário equilibrar a vazão
externa com a taxa mínima de ar externo segundo a norma ASHRAE 62.1-2010, ou
51

maior. Para os últimos, é necessário um medidor de vazão direta de ar externo capaz


de medir a vazão mínima.

Controle ambiental da fumaça de tabaco

No intuito de reduzir a exposição à fumaça do tabaco, deve-se adotar a


proibição do fumo na edificação, exceto em lugares designados para fumantes, que
deverão estar localizados a pelo menos 7,5 metros de todas as entradas, entradas de
ar externas e janelas operáveis. Em caso de residências é permitido se adotar a
medida anterior ou ainda, compartimentalizar para se evitar o vazamento excessivo
da fumaça, sendo necessário proteção para evitar sua ocorrência.

6.2 CERTIFICAÇÃO EDGE

Atualmente presente em mais de 170 países, a certificação visa alcançar


aqueles de economia emergente onde as regulações nacionais de construção
sustentável são cumpridas raramente devido aos altos padrões internacionais. Por
tanto, busca-se medidas mais práticas e simples para reduzir o consumo de água e
energia, além das emissões de gases de efeito estufa.
Diferente de outras, o sistema não se utiliza de créditos, mas é baseado em
aprovação/não aprovação, sendo necessário alcançar um percentual mínimo de 20%
em cada uma das categorias: energia, água e energia incorporada aos materiais. Há
possibilidade de obter três níveis sendo, certificado quando se alcançar 20%,
avançado ao alcançar 40% na energia dos materiais e por último zero carbono quando
a edificação utilizar 100% de energias renováveis, conforme o quadro 6.

Quadro 6 – Níveis de certificação EDGE e seus requisitos


Nivel Requisitos
20% ou mais de economia
EDGE Certified
em energia, água e energia
(Certificado)
incorporada em materiais.
EDGE Advanced 40% ou mais de economia de
(Avançado) energia no local.
100% de energias renováveis
no local ou fora do local, ou
EDGE Zero Carbon
compensações de carbono
(Zero carbono)
compradas para
complementar os 100%.
Fonte: EDGE, 2021
52

Como informado anteriormente, a avaliação do projeto é realizada a partir de


um modelo base. Esse modelo irá variar conforme a tipologia da edificação e também
segundo sua localização, tendo em vista que as taxas de energia e água mudam
conforme o tempo e a localidade. Mesmo disponibilizando valores padrões, o sistema
permite ao usuário atualizar os valores para o projeto desde que seja justificado em
forma de documentação de apoio. Vale informar que alguns dos dados são
bloqueados para usuários gerais, estando disponível apenas aos administrativos,
como, por exemplo, o valor base para a eficiência do sistema de aquecimento.
Quanto ao processo de certificação, o primeiro passo é realizar o registro do
processo no software EDGE, em seguida, através do próprio sistema, adicionar
todas as informações pertinentes ao projeto e as medidas que serão adotadas. Feito
isso, um auditor EDGE irá analisar junto à equipe de projeto todas as informações
para enviar imediatamente as devidas documentações. O próximo passo, então, é
realizar uma revisão detalhada que se aprovada garante uma certificação preliminar
até que o projeto seja concluído.

6.2.1 Requisitos para certificação

Não há requisitos obrigatórios para aprovação da certificação. Faz-se


necessário apenas inserir quais medidas serão utilizadas e os seus desempenhos nos
casos em que seu uso terá efeitos maléficos ao meio ambiente. Portanto, deve-se
apresentar como esse efeito será reduzido. Se não estiver presente no projeto, então,
esse requisito não se aplica.

6.3 LEED X EDGE

Os dois sistemas são enquadrados como certificações de sustentabilidade.


Sendo assim, há preocupações ambientais no que diz respeito às edificações comum
a ambos, como a eficiência dos sistemas de energia e água, os materiais utilizados e
a redução da emissão dos gases estufa. Portanto, apesar de muitas diferenças entre
os sistemas, ambos buscam garantir que as melhores medidas serão tomadas de
modo que os empreendimentos sejam de fato mais ecológicos quanto aos padrões
estabelecidos pelo sistema.
53

Como citado, os dois sistemas divergem em vários pontos dentro de sua


metodologia e aplicação. Compreender as semelhanças e diferenças entre os
sistemas e verificar a opção que melhor possibilitará o desempenho mais adequado é
uma parte importante do processo de decisão de qual o melhor sistema aplicar no
empreendimento.
O sistema LEED é de origem americana, criado pelo USGBC, e aplicado no
Brasil pelo Green Building Council Brasil (GBCB), enquanto o EDGE foi criado pelo
IFC e sua aplicação no país é feita pela empresa Société Générale de Surveillance
(SGS). No quadro 7 é possível visualizar o funcionamento do processo de cada uma.

Quadro 7 – Processo das certificações LEED e EDGE


. LEED EDGE

Consideração de critérios obrigatórios Baseado em aprovação ou não


e opcionais através de um sistema de aprovação, devendo o projeto alcançar
Metodologia créditos, pontuando cada medida um percentual mínimo de 20% em
adotada para determinação do nivel cada uma das categorias para
alcançado. determinação do nível alcançado.
Processo Integrado, localização e
transporte, terrenos sustentáveis,
Categorias de eficiência hídrica, energia e atmosfera, Energia, água e energia incorporada
avaliação materiais e recursos, qualidade do aos materiais
ambiente interno, prioridade regional e
inovação
Niveis de
Certified, silver, gold e platinum Certified, advanced e zero carbon
certificação
Novas construções e grandes Residências, apartamentos, hotéis,
Tipologias de reformas, escritórios comerciais e lojas comércios, industrias, escritórios,
edificações de varejo, empreendimentos existentes instituições de saúde, edifícios
e bairros educacionais e de uso misto
Fonte: USGBC, 2021 e EDGE, 2021

É possível perceber que além da diferença na maneira em que as certificações


avaliam os empreendimentos, há uma grande diferença nas categorias. O LEED é um
sistema extremamente complexo e exigente, que busca abranger todo o
empreendimento e seu entorno com diversas áreas, onde possibilita aplicar as mais
variadas estratégias para se alcançar um nível satisfatório de desempenho ambiental,
se preocupando com o todo. Enquanto o EDGE foi elaborado exatamente para ser o
oposto, focando em países emergentes, que ainda não possuem tanto foco na
sustentabilidade e pouco incentivo por parte dos governos. Portanto, seus objetivos
54

chaves são soluções mais práticas voltadas para as áreas mais necessárias e onde
há mais desperdício nesses locais.
O primeiro, pouco se adequa à realidade de outros países tendo como base a
normatização americana (que deve ser considerada a do país em questão apenas se
for mais rigorosa), já o segundo busca tomar como base toda a realidade local,
considerando na avaliação o ambiente, clima e outros fatores que possam interferir
no projeto. Por exemplo, um projeto no Brasil terá como modelo um referencial
adaptado com valores que se adequem à realidade do local.

6.3.1 Vantagens e desvantagens

De maneira geral, possuir uma certificação de sustentabilidade trás diversas


vantagens para as empresas e as edificações, por exemplo, garante um padrão mais
elevado de qualidade frente à outras opções, que consequentemente tornará mais
competitivo no mercado. Outro ponto a ser citado é que se torna possível captar um
público maior, principalmente com uma alta exigência ambiental. Além disso, para os
responsáveis representa um custo reduzido de recursos naturais e consumo de água
e energia, já que o propósito da certificação é trabalhá-los de forma mais eficiente.
Em relação às vantagens da certificação LEED, além do apresentado acima,
verifica-se:

a) Melhorias e priorização na segurança e saúde de colaboradores e visitantes;


b) Aumento da produtividade dos serviços prestados pela empresa e seus
funcionários;
c) Utilização mais racional de todos os recursos disponíveis o que ocasiona em
economia de produtos naturais;

Porém, também é possível observar algumas desvantagens:

a) O tempo de retornos dos investimentos que pode ser longo


b) Há uma falta de acompanhamento dos processos pós-construção, ou seja,
aqueles materiais adquiridos dentro das diretrizes impostas pela certificação,
mas não utilizados não fazem com que percam a certificação.
55

c) Não há possibilidade de adaptação às características presentes em outros


países, como por exemplo, o Brasil, já que o modelo foi adaptado para ser
aplicado nos Estados Unidos.

Quanto à certificação EDGE, algumas das vantagens proporcionadas por sua


aplicação que se pode observar são:
a) É uma ferramenta online e gratuita, de fácil interface, sendo necessário arcar
apenas com os custos de auditoria se assim desejar;
b) Possui indicadores que consideram o ciclo de vida dos materiais (energia
incorporada);
c) As medidas que podem ser tomadas são adaptadas às diferentes realidades
de cada país que será adotada avaliando todos os aspectos da região.

No que diz respeito as desvantagens, é sua limitação sobre questões, apenas,


do consumo de energia e água, em relação a outras certificações e quanto à
simulação do caso base que não permite selecionar os materiais que serão
empregados.
56

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o trabalho desenvolvido foi possível compreender a função de uma
certificação de sustentabilidade, seus requisitos e metodologias aplicadas. Observou-
se também que nos últimos anos a relevância de haver uma maior preocupação
ambiental na área da construção civil é alta e deve ser um ato conjunto de todos os
envolvidos no processo, para que haja uma redução significativa de desperdícios, que
muitas vezes poderiam ser evitados através de práticas simples como o controle dos
materiais.
Apesar disso, na última década houve uma crescente preocupação de
arquitetos e engenheiros para aumentar e melhorar essas ações na busca de
edificações mais sustentáveis, o que levou a uma mudança no mercado imobiliário,
gerando até mesmo no consumido final maior interesse por empreendimentos mais
ecológicos.
Dessa forma, o que antes era visto apenas pelo olhar econômico, que se fazia
acreditar ser pouco vantajoso, já que muitas das estratégias eram e ainda são mais
caras que as tradicionalmente utilizadas, passou a ser visto com uma nova
perspectiva, mostrando que mesmo possuindo inicialmente custos mais onerosos, os
investimentos futuros que essas práticas irão proporcionar são muito mais
significativos. Por exemplo, um dos principais pontos avaliados são as escolhas de
materiais que devem ser de alta qualidade para que pouca manutenção seja
necessária em um curto espaço de tempo, o que representa para o usuário final uma
economia significativa.
Além disso, o surgimento de novas ferramentas tecnológicas, como é o caso
do BIM, foram expressivamente úteis para um melhor desenvolvimento da
sustentabilidade. Tendo em vista que, ao integrar os sistemas, as informações e as
equipes tornando as atividades mais dinâmicas e acessíveis para as diferentes áreas
envolvidas no processo, é possível poupar um ativo precioso, o tempo.
Considerando o exposto, as certificações surgiram a fim de medir os impactos
causados pelas construções ao meio ambiente, aplicando metodologias que buscam
minimizar os mesmos e tornar as edificações mais eficientes e sustentáveis. Apesar
disso, não necessariamente é possível prática sustentável somente ao se aplicar uma
certificação, mas ela serve para maximizar as medidas que serão aplicadas, além de
trazer mais valorização ao imóvel principalmente em caso de venda.
57

No trabalho, foram abordados os pontos teóricos referente às certificações e


alguns conceitos referentes a construção sustentável, além disso, foi realizado uma
análise comparativa de duas certificações atualmente implantadas no Brasil, LEED e
EDGE.
O LEED é uma ferramenta mais antiga que surgiu como modelo para a
realidade americana e com o passar dos anos se espalhou ao redor do mundo, sendo
reconhecida internacionalmente. Porém, como observado, não se adapta às
características de outros lugares, dando mais foco para a eficiência energética, um
problema enfrentado nos Estados Unidos.
No caso da certificação EDGE, seu propósito de criação é o foco em países em
desenvolvimento, buscando trazer medidas eficientes de maneiras mais práticas e
simples, se adaptando as características dos países em que serão aplicados através
de modelos correspondentes aos próprios países em que serão adotados.
Assim sendo, no Brasil mesmo havendo a possibilidade de aplicar e
desenvolver uma edificação sustentável dentro dos padrões LEED outros pontos, que
são deficiências no Brasil, ficam de lado, sendo pouco explorados e
consequentemente trazendo poucos benefícios para a comunidade local nesses
quesitos. O EDGE, ao contrário, se ajusta com mais facilidade e se torna interessante
quando se deseja adotar práticas sustentáveis mais flexíveis, preocupando-se apenas
com a eficiência da energia, da água e dos materiais, além de buscar reduções mais
significativas em relação as emissões de gases de efeito estufa.
Portanto, no presente trabalho conclui-se que ambas as certificações podem
ser bem aplicadas no Brasil, mas irão diferir entre si em seu foco. Podendo ser
aplicadas praticamente nas mesmas tipologias de edificações, mas variando na
metodologia e características avaliadas. Cabe, então, ao proprietário definir o padrão
que deseja seguir. Ele pode optar pelo LEED, se o interesse for adotar o maior número
de medidas visando a edificação e o seu entorno, ou optar pelo EDGE se a
preocupação for apenas quanto à redução e a eficiência do uso de energia e da água,
bem como as emissões de poluentes na atmosfera.
58

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