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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA – UVA

CURSO: ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE DE INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO PREDIAL EM UM


EDIFÍCIO PÚBLICO – UM ESTUDO DE CASO

João Victor de Souza Melo

RIO DE JANEIRO

2018
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA - UVA
CURSO: ENGENHARIA CIVIL

João Victor de Souza Melo

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de


Engenharia Civil da Universidade Veiga de Almeida,
como requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Eliene Flora

ANÁLISE DE INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO PREDIAL EM UM


EDIFÍCIO PÚBLICO – UM ESTUDO DE CASO

Cabo Frio/RJ
2018
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA - UVA
CURSO: ENGENHARIA CIVIL

João Victor de Souza Melo

Análise de Inspeção e manutenção predial em um edifício público – Um


estudo de caso

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito parcial à
conclusão do curso em Bacharel em
Engenharia Civil.

APROVADA EM:

CONCEITO: ________________________

BANCA EXAMINADORA:

________________________________________________
PROF. TÍTULO E NOME DO ORIENTADOR
ORIENTADOR

_________________________________________________________
PROF. TÍTULO E NOME DO PROFESSOR DA BANCA

_________________________________________________________
PROF. TÍTULO E NOME DO PROFESSOR DA BANCA

Coordenação de Engenharia Civil


Cabo Frio
2018
DEDICATÓRIA

Quero prestigiar e honrar a minha família que sempre esteve me apoiando e acreditou que eu
poderia chegar até aqui. A minha mãe Lenicia Marinho e meu pai Wilson Filho que me deram
suporte para eu continuar essa difícil tarefa. E dedico também este trabalho aos meus
professores universitários que me passaram um pouco de conhecimento e de EXTREMA
importância aos meus amigos de curso que em muito me ajudaram e sem eles não chegaria
tão longe. Uma caminhada solitária é mais difícil do que uma jornada em companhia.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço ao meu bom Deus que me iluminou para estar desenvolvendo
este trabalho. Agradeço a minha família por estar me apoiando nesta grande obra e em toda a
trajetória do meu curso, em sol ou chuva estavam comigo me auxiliando, animando e
fortalecendo para que eu chegasse finalmente a etapa conclusiva desta graduação. Agradeço
aos meus amigos que me ajudaram muito em toda essa caminhada através de estudos, pesquisas,
provas, trabalho em equipe etc. Amigos como: Mateus Xavier, Yan Freitas, João Victor, José,
entre outros.
Um abraço a meus pais Wilson Filho e Lenicia Marinho e meu irmão Paulo Vinicius.
Todos foram de grande valia para esta obra.
“Epígrafe: Uma caminhada solitária é mais
difícil do que uma jornada em companhia.
João Victor Melo
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Queda do Edifício Liberdade ..................................................................................................11


Figura 2: Distribuição da incidência dos acidentes prediais por tipo de origem ....................................13
Figura 3: Fluxograma da engenharia diagnostica em edificações .........................................................17
Figura 4: Gráfico do conceito de desempenho requerido .............................................................................19
Figura 5: Custo relativo de intervenção .................................................................................................20
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Cidades Brasileiras com Leis de inspeção ...................................................................................24


Tabela 2: Metodologia de inspeção predial ......................................................................................................... 29
Tabela 3: GUT - Fatores relevantes a considerar....................................................................................31
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


CBM - Committee on Bulding Maintenance
TCC – Trabalho de Conclusão de Curso
LITE - Laudo de Inspeção Técnica de Edificação
EUA – Estados Unidos da América
IBAPE - Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias Técnicas de Engenharia
NBR – Norma Brasileira
GUT – Gravidade x Urgência x Tendência
SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO DO TRABALHO ....................................................................................................... 11

1.1 Introdução....................................................................................................................................11
1.2 Justificativa..................................................................................................................................12
1.3 Objetivo Geral.............................................................................................................................13
1.4 Objetivo Específico......................................................................................................................14
1.5 Metodologia .................................................................................................................................14
1.6 Estrutura do Trabalho...............................................................................................................14

2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................................................... 16

2.1 Inspeção Predial ..........................................................................................................................16


2.2 Manutenção Predial.....................................................................................................................18
2.3 Histórico de leis pertinentes a inspeção......................................................................................20
2.4 Implantação da lei de inspeção predial e suas dificuldades.....................................................25
2.5 Normas referentes a inspeção e manutenção predial................................................................26

3 DIRETRIZES PARA INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO PREDIAL ....................................................... 27

3.1 Critério..........................................................................................................................................27
3.1.1 Grau de risco......................................................................................................................27

3.1.2 Nível de inspeção predial..................................................................................................28

3.2 Metodologia..................................................................................................................................29

3.3 Ferramenta GUT.........................................................................................................................30

4 REFERÊNCIAS.......................................................................................................................................... 32
11

1 APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

Neste capítulo se apresenta uma introdução sobre o trabalho proposto trazendo em foco
problemas envolvendo edifícios e qual ferramenta usar para prevenir ou corrigir erros, além de
conter a justificativa mostrando a sua importância para os dias atuais. Contém também o
objetivo geral e específico do trabalho e a metodologia proposta. Termina o capítulo
descrevendo a estrutura do trabalho.

1.1 INTRODUÇÃO

Acidentes prediais envolvendo colapsos, quedas de marquises, fachadas deterioradas,


mau uso do edifício, incêndios, desabamentos causam mortes e acidentes todos os anos. Surge
em foco a necessidade de atividades preventivas e corretivas através da Inspeção e manutenção
predial.

Segundo a Norma de Inspeção Predial do IBAPE/SP, Inspeção Predial é a “análise


isolada ou combinada das condições técnicas, de uso e de manutenção da edificação”. Segundo
a NBR 15575/13 Inspeção Predial é a: “Verificação, através de metodologia técnica, das
condições de uso e de manutenção preventiva e corretiva da edificação”. Ainda na NBR
15575/13 foi estabelecido normas para vida mínima útil de 50 anos e também estabeleceu
diretrizes para manutenção para as edificações.

No Brasil se fortaleceu a necessidade de leis sobre o assunto a partir de 2012 após o


acidente com o edifício Liberdade no Rio de Janeiro como apresentada na figura 1.

Figura 1 – Queda do Edifício Liberdade – Fonte: www.oglobo.oglobo.com


12

Em 2013 o prefeito do Rio de janeiro lançou o Decreto de nº 37.426/13 e decretada a


Lei 6400/13 que torna obrigatório a realização de vistorias técnicas com intervalo máximo de
5 anos, para analisar fatores como segurança, estabilidade e conservação e a partir disso
estabelecer ações reparadoras.
Silva (2016) cita que mesmo após a implementação da Lei 6400/13 foi constatado nos
dados levantados na Prefeitura do Rio de janeiro que até julho de 2015 só 11,7% dos
aproximadamente 270 mil edifícios na Capital haviam feito a inspeção e manutenção predial.
A inspeção e manutenção predial é normatizada ao contratante em modelo de laudo
baseada em normas como a ABNT NBR 13752/96 e a norma de inspeção predial do IBAPE/SP.
A inspeção e manutenção predial evita futuros problemas, quanto a desempenho da estrutura,
uso inadequado entre outros, prevenindo problemas pois quanto mais breve se identificar os
problemas os resultados serão mais satisfatórios.
Uma manutenção bem-feita pode aumentar o tempo de vida de uma edificação e
melhorar seu uso técnico e funcional.
De acordo com a cartilha do IBAPE-PR a noção de Inspeção e manutenção predial surge
no Brasil pela década de 60 quando já nessa época se pensava em aumentar o desempenho das
edificações. Já se tinha e há hoje preocupação com edifícios antigos, a ausência de segurança
ou manutenção malfeita, tendo a necessidade de impedir que tais problemas se transformassem
em futuros colapsos e sinistros.
Com a preocupação Global com questões ambientais, evidencia-se ainda mais a
necessidade de uma boa gestão e conservação dos prédios existentes, visto que novas
construções vão gerar impactos ao meio ambiente, principalmente em obras de engenharia que
grande parte do seu material vem da natureza.
Neste presente trabalho será feito uma inspeção e manutenção predial no edifício colegial
Escola Municipal Professora Débora Rodrigues Figueiredo Correa localizado no Distrito de
São Vicente, Cidade Araruama-RJ.

1.2 JUSTIFICATIVA
A inspeção e manutenção Predial é de extrema importância para se checar suas
condições de uso, verificar seus sistemas estruturais, hidráulicos, elétricos, arquitetônicos,
principalmente para edifícios com mais de 30 anos de idade, que deve ter-se vistoria todo ano.
A cartilha do IBAPE/SP (2012) cita que 66% das possíveis causas e origens dos
acidentes estão ligados a falta de manutenção e deteriorações elevadas, principalmente em
13

edificações em torno de 50 anos ou mais. Apenas 34% dos colapsos e acidentes estão
relacionados a vícios construtivos ou anomalias endógenas de acordo com a figura 2.

Anomalias
Construtivas
34%

Falhas de
Manutenção e Uso
66%

Falhas de Manutenção e Uso Anomalias Construtivas

Figura 2: Distribuição da incidência dos acidentes prediais por tipo de origem. Fonte: IBAPE/SP
(2012)

Negligenciar as atividades preventivas e também corretivas leva os edifícios a perda de


vida útil, perda de desempenho, surgimento de anomalias e patologias estruturais e até mesmo
acidentes.
Na realidade Brasileira ver-se um atraso em relação a leis e normas sobre inspeções em
relações a alguns Países desenvolvidos como os Estados Unidos (EUA) que já é bem avançado
e em seu cotidiano já estão acostumados com inspeções e manutenções prediais. Segundo dados
da Associação Brasileira de Manutenção - ABRAMAN (2009) no ano de 2016 o Brasil investiu
U$ 25 Bilhões enquanto os EUA U$ 300 bilhões/ano.

Visto que o edifício a ser abordado neste trabalho possui muitas anomalias construtivas,
fazer um levantamento de risco, segurança, conforto e uso é relevante para seu estado atual.
Assim sendo, o trabalho a ser apresentado procura levantar premissas para se fazer uma
inspeção e manutenção adequada e dessa forma analisar as condições de uso, desempenho e
segurança.
14

1.3 OBJETIVOS GERAIS

Analisar importância da inspeção e manutenção predial e elaborar procedimentos para


inspeção e manutenção predial no edifício escolar – Escola Municipal Professora Débora
rodrigues Figueiredo Correa em São Vicente, Araruama- RJ, segundo a norma.

1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


Para se atender ao objetivo geral, este estudo seguirá os seguintes passos:

A) Revisar e verificar métodos relativos a inspeção e manutenção predial apresentando uma


visão geral, sua importância para os dias atuais.
B) Fazer uma visita ao edifício para se realizar uma inspeção e verificar o seu estado e registrar
as anomalias através de fotos.
C) Propor ações de manutenção no edifício se necessário.

1.5 METODOLOGIA
Será realizado uma revisão bibliográfica em artigos, normas, revistas técnicas, teses,
Livros concernente ao conceito de Inspeção e manutenção predial para a devida análise e
desenvolvimento deste trabalho segundo padrões e normas vigentes atualmente.
Com o intuito de aprofundar o conhecimento sobre o prédio, será efetuado visitas
técnicas com registros fotográficos a fim de registrar anomalias, falhas devido ao uso, desgastes
naturais e assim produzir uma classificação quanto a nível de inspeção, grau de risco mínimo,
médio e crítico e caracterizar os problemas in loco.
Ainda, pesquisar e avaliar orçamentos junto a empresas de reforma e manutenção para
se ter o custo da reestruturação do prédio.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

No capítulo 1 será apresentada a introdução do trabalho ao tema proposto, descrevendo


uma visão geral, tal como apresenta a justificativa, os objetivos gerais e específicos,
metodologia e a estrutura do trabalho.
No capítulo 2 será descrito de maneira mais aprofundada baseado em pesquisas
bibliográficas o assunto relativo a inspeção predial e manutenção predial. São descritos leis
pertinentes ao assunto, um histórico de desenvolvimento destas leis bem como sua dificuldade
15

de aplicação nas cidades, apresenta ainda normas regulamentadoras que balizam a inspeção e
manutenção predial.
No capítulo 3 são apresentadas diretrizes para ser feito a inspeção e manutenção predial.
É apresentado critérios como grau de risco, nível de inspeção e metodologia a ser usada, a qual
são exigidos para ser feito o laudo de inspeção técnica da edificação (LITE).
Finalmente no capítulo 4 apresenta as referências bibliográficas que deram base para
estra trabalho.
16

2 REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo se apresenta de maneira mais profunda descrições técnicas sobre
inspeção predial e manutenção predial. Será apresentado como surgiu a preocupação para com
ações preventivas e corretivas devido a colapsos principalmente com marquises, traz também
leis e normas pertinentes ao assunto e mostra a implantação em algumas cidades e também a
dificuldade de sua aplicação devido a contextos geográficos e culturais.

2.1 INSPEÇÃO PREDIAL


Segundo Gomide (2009) inspeção predial é uma ferramenta para vistoria examinada
com recomendação, para examinar avaliar as condições de uso da edificação e assim orientar
para a manutenção preventiva ou corretiva.
De acordo com a NBR 5674/99 inspeção predial é a avaliação do estado atual do edifício
e das suas partes integrantes, feita para orientar a manutenção.
Nos países mais desenvolvidos já é de costume conservar o patrimônio imobiliário em
condições adequadas para uso, e a busca por contratação de empresas de manutenção é vista de
maneira natural, o que revela a forte consolidação da inspeção em manutenção predial nestes
países. (NEVES, 2009).
Parissenti (2016) mostra que para se fazer transações ou negócios imobiliários nos EUA
(Estados Unidos da América) e Canadá o Laudo de inspeção predial é um dos documentos
exigido para se fechar o contrato. Nos edifícios públicos é colocado em algum mural para ficar
à vista de todos os que passarem e nas residências são normalmente posicionados atrás da porta.
Tudo isto para os que quiserem negociar o prédio possam ter noção do estado em que está o
devido imóvel.
A Inspeção surge pelo conceito da engenharia diagnóstica, ou da sintomatologia, que
são as verificações e análises dos sintomas e situações físicas das anomalias construtivas e erros
de manutenção. A figura 3 demonstra melhor esse conceito.
17

Figura 3: fluxograma da engenharia diagnostica em edificações – Fonte: Livro normas


Técnicas para Engenharia Diagnóstica em Edificações – 2009.

A inspeção Predial é uma ferramenta ainda capaz de gerar valor ao edifício, visto que o
mesmo estando com um Laudo técnico gera mais confiança tanto para o proprietário quanto
para o comprador.
Portanto, todo edifício para se ter um bom funcionamento, deve passar por inspeções e
manutenções periódicas, de maneira que futuros problemas e degradações sejam vistos e
reparados antes que gere problemas contra a saúde e vida, seja de usuário ou visitantes que
passem pelo local e possam se ferir caso haja por exemplo: uma queda de marquise ou vidros
quebrados podendo cortar a mão de alguém.
Oliveira (2014) cita que é de competência do CREA (Conselho Regional de Engenharia
e Arquitetura) e CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo) supervisionar as atividades dos
profissionais, efetuar as devidas medidas e sanções para os profissionais que agem de maneira
indevida, irregularmente. Também é de sua responsabilidade deixar disponível o registro
profissional para consulta pelos cidadãos, além de criar atividades para aperfeiçoar e qualificar
os profissionais e técnicos.
Não existe regras pela ABNT sobre quando ou com que frequência deve ser feita a
inspeção, mas é recomendado por engenheiros e arquitetos o seguinte bom senso:

 De 5 em 5 anos para edifícios com até 20 anos


 A cada 3 anos para edifícios entre 21 a 30 anos
 A cada 2 anos para edifícios entre 31 e 50 anos
 Todo ano para edifícios com mais de 50 anos.
18

Na atualidade já é obrigatório as empresas construtoras ou que prestam serviços para


construção civil a dar informações quanto a necessidade de ser feita manutenção dos produtos
que é oferecido através do manual ou tutorial do proprietário. A inspeção a cada certo período
ainda não está na lei federal, de maneira que os estados e municípios tem liberdade para
estabelecer práticas a serem seguidas em suas devidas regiões, como já é o caso de alguns
municípios como Santos, Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, São Vicente, Ribeirão Preto,
Belém, Goiás onde já são obrigatórias. OLIVEIRA (2013).
Silva Filho (2008) cita que a adoção de leis concernentes a inspeção predial caso sejam
vigoradas será um grande benefício e incentivo para se adotar técnicas para manutenção
preventiva, ajudando a melhorar o estado de uso do edifício e gerando segurança e conforto aos
usuários.

2.2 MANUTENÇÃO PREDIAL


Segundo a NBR 5674 – 2012, Manutenção são ações ou atividades que devem ser feitas
durante toda a vida útil da edificação para preservar ou recuperar sua capacidade de
funcionamento e de seus respectivos sistemas (hidráulico, elétrico, gás etc) para desta forma
cumprir com as necessidades e segurança de seus usuários.
De acordo com o CBM, Manutenção são todas as atividades feitas para preservar,
manter, resgatar ou melhorar as instalações, ou seja, os componentes de um edifício, seus
sistemas a fim de propor segurança aos seus usuários e manter o valor do edifício.
Assim sendo, para se ter edifícios com uso adequado, com conforto, com uma vista
agradável é necessário se ter vistorias periódicas para fazer se checar os possíveis problemas,
anomalias, patologias, degradações naturais seja de uso normal ou fatores externos como chuva,
maresia e atividades corrosivas.
A ISO 6241 (1984) diz que as necessidades dos usuários são a princípio: segurança da
estrutura, segurança contra fogo ou incêndios, segurança para uso, estanqueidade, pureza do ar,
conforto acústico, visual e tátil, sistemas sanitários limpos, durabilidade, estabilidade e
economia.
Todos os usuários querem ter um conforto e segurança para habitar, morar, conviver
em um edifício. Um edifício sem segurança é um extremo perigo para seus usuários podendo
causar acidentes e colocar a saúde e até mesmo a vida em risco.
A manutenção é uma ferramenta importante, pois ela aumenta o tempo de vida útil de
uma edificação. Seu custo segundo Antunes (2010) deve ser sugerido ainda na fase de projetos,
19

durante o projeto arquitetônico, ainda nesta fase elaborar o plano e termos para estabelecer a
partir de quanto tempo de vida da edificação e com qual periodicidade deve ser feita a
manutenção para assegurar a durabilidade do edifício.
O objetivo principal da manutenção é de não permitir que os componentes e sistemas
do edifício, tais como: fachada, cobertura, instalações hidráulicas, instalações elétricas,
instalações a gás, componentes estruturais, impermeabilização e vedação comecem a perder
desempenho ou entrem em deterioração prematura. Então a manutenção preventiva como
mostra a figura 4 busca manter um desempenho mínimo para uso da edificação, evitando
futuros acidentes e colapsos.
Na norma de desemprenho NBR 15575/13 é abordado a questão de durabilidades dos
componentes do sistema, o conforto tátil, conservação do edifício entre outros. Pela Norma são
instituídos níveis mínimos de desempenho, as técnicas de avaliação e vida útil, com o objetivo
de atender as exigências dos usuários em questões como segurança, habitabilidade, conforto
térmico, conforto acústico e sustentabilidade. Na figura 4 são apresentados o desempenho e o
aumento da vida útil após manutenção.

Figura 4: Gráfico do conceito de desempenho requerido


Fonte: Guia do Usuário – Câmara Brasileira da Indústria da Construção - CBIC

Apesar disso, segundo (IBAPE/SP,2012), por razões culturais a manutenção ainda é vista
com maus olhos visto que é tratado como despesa e quando se fala em despesa logo procura-se
fugir do assunto e adiar o tanto quanto possível, negligenciando as atividades preventivas,
corretivas e reparos aos quais iriam melhorar e aumentar a vida útil do edifício.
20

Helene (1997) destaca que os custos de interferência na estrutura, para alcançar um certo
grau de durabilidade e segurança crescem gradativamente quanto mais atrasado e adiado for
essa interferência mais caro será o custo da manutenção. O desenvolver desse custo pode ser
comparada com uma progressão geométrica de razão 5, chamada de “ Lei dos 5 “ ou regra de
Sitter como mostra a Figura 5 que demonstra a evolução dos custos em função da fase de vida
do sistema estrutural onde a intervenção foi realizada. Ainda segundo Helene, a Lei dos 5 pode
ser dita da seguinte forma: qualquer medida feita na fase de projetos para gerar segurança e
durabilidade equivale a um custo de número 1 (um). Medidas tomadas na fase de execução é
um custo 5 vezes superior caso fosse tomada na fase de projetos, 25 vezes superior na fase de
manutenção preventiva e 125 vezes superior ao custo de medidas que deveriam ser tomadas
ainda na fase de projetos.

Figura 5: Custo relativo de intervenção – Fonte: Clube do concreto (2013)

Com edifícios em boas condições, com uma vista agradável, seguro, confortável e
desempenhando bem as funções para ao qual foi construído, seu valor se eleva, ganha o usuário
ou proprietário, ganha a rua ao qual está localizado, ganha o bairro e o ambiente urbano em que
está situado se valoriza.

2.3 HISTÓRICO DE LEIS PERTINENTES A INSPEÇÃO

Quando grandes acidentes ocorrem e são mostrados nas mídias, se tornando conhecido,
é rotineiro que a população busque por respostas do governo, querendo saber o porquê tal coisa
21

aconteceu e também pedindo mais atitudes ou ações para que tais tragédias não ocorram
novamente.
Oliveira (2013) diz que é nesse contexto que normalmente os políticos e representantes
legais costumam encaminhar projetos e medidas legislativas com o objetivo de se ter um maior
controle para se evitar novas tragédias, tornando obrigatória as inspeções por parte dos órgãos
e proprietários responsáveis.
Nos EUA, a cidade pioneira a avaliar a implantação de uma Lei foi Chicago, em 1976.
Mas por questões burocráticas, mas poucos aderiram e deram valor ao tema proposto e
infelizmente não foi promulgada a lei naquele momento. Foi necessário a morte de um pedestre
devido a um pedaço de fachada de um edifício que caiu em cima dele para que o assunto fosse
posto em pauta. Mas, ainda assim foram necessários outros acidentes para que outra Lei fosse
aprovada na Cidade e só então em 1996 uma primeira Lei foi sancionada, exigindo inspeções
periódicas em fachadas dos edifícios. Um acidente similar ocorreu em Nova Iorque no ano de
1979 e logo após este acidente a cidade promulgou a Lei de inspeção de fachadas nos EUA em
1980, se tornando a primeira cidade do País a implementar uma lei de inspeção.
Não é fácil elaborar leis de inspeção pois como se trata de uma área técnica vários atores
estarão sendo envolvidos. Caso não haja um profundo e serio debate para a aprovação de tais
leis, pode se haver a concepção de leis mal fundamentadas, que não atendam a real necessidade
do caso, gerando somente uma falsa sensação de que tudo está seguro para a população.
Vieira (2015) cita que no processo de desenvolvimento de uma lei de inspeção a
regionalização é uma condição de aceitabilidade importante, visto que não ocasionara em ações
improváveis de serem acolhidas pela parte responsável de fazer a inspeção, por este motivo se
verifica a dificuldade de implantação de lei que atenda todo país. Fatores como: diferentes
concentrações populacionais, adoção de tipos diferentes de edifícios em cada parte do país,
técnicas construtivas diferentes, condições ambientais, mão de obra disponível para a região e
matéria prima são outros fatores relevantes que devem entrar no debate para o desenvolvimento
desta lei.
No âmbito nacional tramita no Senado Federal o projeto de Lei PL 491/2011 ao qual
ainda é o principal mecanismo legal que torna obrigatório a realização de inspeção predial
periódica e cria Laudo de Inspeção Técnica de Edificação (LITE), em qualquer edifício (exceto
em estádios de futebol e barragens a qual possuem leis especificas para tais). O objetivo desta
PL é realizar diagnósticos na edificação por intermédio de vistoria, utilizando-se da LITE onde
é emitido as condições de uso e manutenção, e com classificação de risco a vida e segurança
22

dos usuários. Ainda é declarado que após o envio da LITE será obrigação do responsável da
propriedade fazer as ações preventivas ou corretivas, podendo ser punido com multa diária.
A ABNT NBR 5674/99 cita que:
8.1 São fontes de informações para o sistema de manutenção as solicitações e
reclamações dos usuários e as inspeções técnicas.
8.2 As inspeções devem ser feitas em intervalos regulares, seguindo a orientação
disposta na NBR 14037 ou, extraordinariamente, quando necessário.
8.3 Na realização das inspeções devem ser consideradas as condições de uso e
exposição ambiental relevantes ao desempenho da edificação, para se poder estimar o
comportamento futuro da mesma e de seus componentes.
8.5 Os relatórios das inspeções devem seguir modelo estabelecido, de forma a facilitar
o registro, documentação e recuperação de informações.
8.6 Os relatórios das inspeções devem descrever a deterioração de cada componente
da edificação e avaliar a perda do seu desempenho, classificando os serviços de
manutenção conforme o grau de urgência.
8.7 Os relatórios de inspeção devem orientar a gestão da manutenção das edificações
para minimizar a necessidade de serviços de manutenção não planejada (NBR
5674/99, p. 4, item 8).

No estado de São Paulo em 2002, o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias


Técnicas de Engenharia (IBAPE) sugeriu a concepção de uma lei tornando obrigatório a
aquisição periódica de inspeção predial. Logo após a Câmara tornou essa sugestão em PL que
foi aprovada rapidamente, mas foi vetada pela Prefeitura (NAKAMURA,2005).
Em 1937 na Cidade no Rio de Janeiro foi vigorado o decreto 6000/37 que estabeleceu
condições para as devidas construções de marquises. Foi alegado na época que havia uma
preocupação com os pedestres que passassem por debaixo de tais marquises, principalmente
em edifícios de grande elevação.
Segundo Vieira (2015) em 1994 foi promulgada uma resolução SMU 013 em 7 de abril
de 1994 obrigando aos donos de propriedades a apresentar LITE a cada 3 anos, assegurando a
boas condições das marquises. Mesmo após esta resolução ainda aconteceu quedas de
marquises por estar em condições irregulares.
Muitos são os problemas que podem ser constatados em uma vistoria técnica, devido a
tais problemas, torna-se claro que os municípios, estados e o País comecem a se acionar para
aprovarem leis que tragam segurança para o usuário do edifício, para o transeunte na calçada,
para o proprietário. Leis mais severas, que cobram mais dos responsáveis legais dos edifícios,
gerariam mais consciência em seus respectivos responsáveis. Os usuários com um pensamento
mais aberto, sabendo do valor da inspeção, e tendo em vista a sua aplicação legal no local onde
ele habita, impondo uma cobrança sobre os políticos para se ter leis específicas iria trazer uma
grande mudança para o país.
23

Segundo Oliveira (2014) o município de São Vicente localizado em São Paulo foi o
primeiro a regulamentar a inspeção predial. Foi implementada a Lei de nº 2854, no dia 20 de
abril de 2012, cujo autor foram os vereadores da Câmara Municipal da cidade e em seguida
corroborada pelo então prefeito da cidade. Pouco tempo depois, em julho de 2012 a Câmara
municipal de Fortaleza- CE aprovou a Lei de nº 9913, tornando obrigatória as vistorias técnicas,
manutenções preventivas e frequentes dos edifícios privados ou públicos no município.
Em 1999 a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas divulgou a NBR 5674
Manutenção de edificações- Procedimento, com o objetivo de fixar procedimentos para orientar
e organizar um sistema de manutenção de edifícios. Em 2011 com o intuito de mostrar a
importância da inspeção predial o IBAPE – Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de
Engenharia lançou a Norma de Inspeção Predial.
Na tabela 1 são apresentadas as cidades, tal como as leis em atividade e seus devidos
objetivos, com a intenção de propor a realização periódica de inspeções e manutenção.
24

Tabela 1: Cidades Brasileiras com Leis de inspeção - Fonte: IBAPE/SP 2014


25

2.4 IMPLANTAÇÃO DA LEI DE INSPEÇÃO PREDIAL E SUAS


DIFICULDADES
Como se ver na tabela 1, várias cidades possuem leis obrigando os proprietários a fazer
inspeção periódica, mas comenta VIEIRA (2015) que desenvolver as leis se transforma em um
trabalho fácil quando comparado com a difícil tarefa de se fazer cumprir a lei. Em muitos casos
a lei está em vigor, mas não existe um órgão da prefeitura responsável para introduzi-la e
consequentemente fiscaliza-las. Algumas cidades possuem edifícios antigos, o que se exige
maior atenção e mais recursos para sua devida manutenção.
Uma outra agravante para a implantação e fiscalização da lei está ligada aos poucos
recursos que hoje possui o poder público. Com pouco recurso logo não se tem técnicos
suficientes para o serviço, além de não possuir materiais e ferramentas técnicas, veículos para
o deslocamento e um espaço especifico que tenha por objetivo analisar e fiscalizar os
documentos dos edifícios, consequentemente muitas edificações mantem-se fora do padrão de
qualidade de uso e segurança.
É de extrema importância que caso haja leis implantadas na cidade também deve haver
um corpo técnico pronto para a devida fiscalização do laudo técnico.
Demonstra Silva Filho e Campagnolo (2005) que logo após a aplicação da lei de
inspeção das marquises em Porto Alegre – RS, um grande número de laudos técnicos foram
emitidos e que isso atrapalhou muito a operação de fiscalização. Muitos laudos técnicos foram
obtidos e ficaram sem serem analisados. Com isto, os órgãos responsáveis começaram a
trabalhar sob pressão e na pressa para agilizar os laudos, de maneira que muitas obras foram
mal analisadas ou tiveram interferências erradas e foram de adequação. Mas com o tempo as
coisas foram se ajeitando e foi se propagando a mentalidade de que era necessário acompanhar
o desgaste ou deterioração das marquises antes que os problemas tomassem proporções
maiores.
Ainda cita Silva Filho e Campagnolo (2005) que durante a implantação e adaptação
desta lei em Porto Alegre, alguns profissionais começaram a serem treinados e o poder público
evoluindo na forma de inspecionar as obras. Devido à baixa mão de obra qualificada as
fiscalizações tiveram seu foco no centro da cidade.
Vieira (2015) comenta que o desenvolvimento e implantação de uma lei de inspeção e
manutenção predial não é o bastante para se assegurar a segurança. Tais leis necessitam passar
por continua avaliação e melhoria para serem aperfeiçoadas, seguindo o desenvolver das
técnicas de inspeção e a realidade local ao qual a mesma está inserida. Uma lei criada que não
26

atenda a necessidade, o mal cumprimento e os problemas relacionados a fiscalização podem


gerar a falsa impressão de que tudo está de acordo com a lei, podendo a população estar sendo
enganada pensando que estão em segurança, mas não estão.
O nível de exigência das inspeções prediais deve se adequar com a realidade dos
técnicos ou profissionais que tem a competência para os realizar, e devem apresentar custos
finais acessíveis com a realidade do local onde está inserida. Não adianta cobrar uma
manutenção de extrema valia para uma comunidade de baixa renda, tal caso está fora do escopo.
Além disso, os técnicos do órgão público que são responsáveis por analisar os laudos devem
ter experiência e competência técnica para analisa-los, sabendo quando ou em qual caso devem
ser tomadas medidas preventivas ou corretivas a fim de serem evitados colapsos e sinistros.
O IBAPE (2014) avalia que as manutenções e conservação de uso só é alcançado com
análises técnicas que são desenvolvidos por profissionais com experiência e conhecimento
técnico devidamente habilitados, que tomam suas ações com base na norma técnica.

2.5 NORMAS REFERENTES A INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO PREDIAL


Visto que a inspeção predial vai gerar um laudo técnico, onde são mostrados a situação
de uso e segurança do edifício, e consequentemente se o edifício não estiver de acordo com a
lei, sem segurança devida e com o desempenho de uso inadequado será preciso fazer a
manutenção do edifício. A ABNT apresenta algumas normas que embasam e adequam a
manutenção. Se destacam as seguintes normas:

 NBR 5674/1999 – Manutenção de edificações – Procedimento


 NBR 14037/1998 – Manual de Operação, uso e manutenção das edificações – Conteúdo
e recomendações para elaboração e apresentação
 NBR 5462/1994 – Confiabilidade e mantenabilidade

 NBR 15575/2013 - Desempenho de edificações habitacionais.


27

3 DIRETRIZES PARA INSPEÇAO E MANUTENÇÃO PREDIAL


Neste capítulo será apresentado procedimentos que são feitos baseado na norma
IBAPE/SP para gerar os laudos de inspeção e manutenção predial.

3.1 CRITÉRIO
O Instituto de Engenharia IBAPE/SP (2014) descreve que o critério empregado para a
produção dos laudos de inspeção se baseia nos diagnósticos de risco que são propiciados aos
usuários, proprietários, pedestres que passam próximo do edifício e que podem ser feridos e
patrimônios próximos que podem ser prejudicados caso haja colapsos. Os riscos aumentam
diante de situações de uso precária.
São gerados classificações quanto a risco, classificações de anomalias, falhas, patologias,
e erros no prédio onde são avaliados todos os componentes (estruturais, hidráulicos, elétricos,
etc.), e a partir daí é feito a avaliação de risco que apresenta o edifício.
A norma de inspeção predial IBAPE faz uma classificação das anomalias e falhas no seu
item 11.0 como citado a seguir:
11.1 ANOMALIA
As anomalias podem ser classificadas em:
11.1.1. Endógena
Originaria da própria edificação (projeto, materiais e execução).
11.1.2. Exógena
Originaria de fatores externos a edificação, provocados por terceiros.
11.1.3. Natural
Originaria de fenômenos da natureza.
11.1.4. Funcional
Originaria da degradação de sistemas construtivos pelo envelhecimento natural e,
consequente, término da vida útil.
11.2 FALHA
As falhas podem ser classificadas em:
11.2.1. De Planejamento
Decorrentes de falhas de procedimentos e especificações inadequados do plano de
Manutenção, sem aderência a questões técnicas, de uso, de operação, de exposição
ambiental e, principalmente, de confiabilidade e disponibilidade das instalações,
consoante a estratégia de Manutenção. Além dos aspectos de concepção do plano, há
falhas relacionadas às periodicidades de execução.
11.2.2. De Execução
Associada à manutenção proveniente de falhas causadas pela execução inadequada
de procedimentos e atividades do plano de manutenção, incluindo o uso inadequado
dos materiais.
11.2.3. Operacionais
Relativas aos procedimentos inadequados de registros, controles, rondas e demais
atividades pertinentes.
11.2.4. Gerenciais
Decorrentes da falta de controle de qualidade dos serviços de manutenção, bem
como da falta de acompanhamento de custos da mesma.
28

Outros fatores que podem aumentar a avaliação de risco da estrutura são: falta de
desempenho adequado, problemas no edifício como mofo e infiltrações que podem causar
doenças, e o mal funcionamento.
No tópico 3.1.1 é descrito a classificação quanto a grau de risco.

3.1.1 GRAU DE RISCO


De acordo com a norma de inspeção do IBAPE/SP, são apresentados padrões para a
classificação dos erros e anomalias construtivas, sendo os critérios da sua classificação já
abordados no tópico 3.1.

 GRAU CRÍTICO – É capaz de causar problemas a saúde, segurança dos usuários e da


população e podendo causar problemas ao meio ambiente local. Perda intensa de
desempenho e funcionamento, gerando provável interrupção para manutenção
corretiva, gasto elevado com manutenções preventivas e corretivas, visualização externa
e interna comprometida prejudicando o seu valor de imóvel e a perda de vida útil.

 GRAU REGULAR – Traz risco de perda gradual de funcionalidade e desempenho


(podendo ser reparados), sem danos ao funcionamento dos sistemas e componentes do
edifício, deterioramento prematuro e redução baixa da desvalorização do edifício.

 GRAU MÍNIMO – Traz riscos reduzidos ou baixos a estética do edifício, sem a


existência ou muito reduzida de possíveis casos de riscos de grau crítico e regular, e
também não está em risco a perda de valor do imóvel. Neste grau os impactos ou
possíveis problemas surgidos são passíveis de recuperação.

3.1.2 NÍVEIS DE INSPEÇÃO PREDIAL


Segundo a norma de inspeção predial IBAPE/SP há três níveis de inspeção existentes,
segundo o nível desejado do inspetor.

 NÍVEL 1
Reconhecimento das irregularidades e erros aparentes, feito por técnico devidamente
competente. É a inspeção predial feita em edifícios com pequenas dificuldades técnicas e
de manutenção dos seus componentes e sistemas. Inclui simples edificações como: casas,
29

comércios ou lojas e edificações até 3 andares. Pode ser elaborada por técnico específico
como por exemplo: profissional perito em estruturas.
 NÍVEL 2
É elaborada a vistoria normalmente elaborada por profissional especializado em mais de
uma área, ou empresas que possuem vários profissionais diferentes (engenheiros, arquitetos,
eletricistas etc.) com o intuito de verificar possível problemas, anomalias ou erros
perceptíveis. Neste nível normalmente se usa aparelhos técnicos para ajuda na constatação
de problemas.
As edificações são de porte médio, e possui dificuldades técnicas maiores que a do nível 1.
Edifícios multifamiliares, edifícios comerciais medianos estão inclusos neste nível.
 NÍVEL 3
Inspeção predial feita em edifícios com alta dificuldade técnica, de manutenção e operação
de seus componentes e sistemas construtivos.
Corresponde aos padrões apresentados para inspeção de edifícios no nível 2, mais a
auditoria técnica. Envolve edifícios com vários pavimentos e edifícios com possuem
automação predial. Sempre é feita por uma equipe técnica composta por vários profissionais
de áreas diferentes. Sua manutenção é realizada baseado na norma ABNT NBR 5674.

3.2 METODOLOGIA
A norma de inspeção predial IBAPE/SP de 2011 disponibiliza o passo a passo para se
realizar a inspeção predial, que consiste da seguinte forma como demonstrado na tabela 2:

METODOLOGIA DA INSPEÇÃO PREDIAL

1 Determinação do nível e tipo de inspeção

2 Verificação da documentação

3 Obtenção de informações dos usuários, responsáveis, proprietários e gestores das


edificações

4 Inspeção dos tópicos da listagem de verificação


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5 Classificação das anomalias e falhas

6 Classificação e análise das anomalias e falhas quanto ao grau de risco

7 Ordem de prioridades

8 Indicação das orientações técnicas

9 Classificação do estado de conservação

10 Recomendações gerais e de sustentabilidade

11 Tópicos essenciais do laudo

12 Responsabilidades

Tabela 2: Metodologia de inspeção predial – Fonte: IBAPE/SP 2011

Ainda segundo a norma IBAPE/SP, de acordo com o progresso dessa metodologia, a


inspeção será feita baseado no tipo de edifício, características de construção, o nível de
qualidade dos documentos do edifício a ser entregue ao profissional e o nível de inspeção
predial a ser efetuado. Antes de ser feito a inspeção deverá ser realizado uma entrevista com o
responsável do edifício com o intuito de se verificar o estado de uso e se houve manutenções
recentes na edificação.
Baseado nos resultados obtidos, manifesta-se os problemas patológicos possibilitando
conhecer as reais causas que ocasionou o problema ou a fonte do problema. Os motivos podem
ser vários, como por exemplo: falhas ainda no planejamento, falhas na execução, fatores
externos (vento, salinidade, chuva), uso inadequado da edificação.
Vieira (2015) comenta que para se ter bons resultados no processamento dos
diagnósticos é indicado que seja feita uma base com dados de causas naturais, problemas
acidentais e outros que possam ocasionar problemas patológicos.

3.3 FERRAMENTA GUT


É sugerido pela norma IBAPE a ferramenta GUT a qual vai elaborar uma classificação
ou ordem de prioridades, a qual vai avaliar a relevância de cada falha no edifício. Esta
ferramenta é importante e aplicada não só em questões relacionados a inspeção e manutenção
predial mas também em outras áreas como gestão e gerenciamento.
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-GUT (Gravidade x Urgência x Tendência)


Gravidade:
Está ligado a possíveis efeitos de se manifestarem problemas a imediatos ou a longo
prazo, quanto maior a gravidade maior o índice de pontuação.

Urgência:
É relacionado ao tempo para a aplicação de uma solução que resolva o problema na
edificação. Se o problema for de grande vulto, menor será o tempo para ser aplicado a solução
para evitar o desenvolvimento do mesmo.

Tendência:
É a propensão de evolução caso não seja aplicada uma solução no devido problema e
ele se desenvolva. Deve ser levado em consideração a seguinte interrogativa: caso o problema
não seja solucionado logo, será que vai piorar pouco ou abruptamente o problema?

Tabela 3: GUT - Fatores relevantes a considerar – Fonte: Gomide (2009)


32

Gomides (2009) de maneira concisa demonstra a importância da ferramenta GUT e


recomenda que seja feito através de ordem decrescente em relação a grau de risco e intensidade
das anomalias e erros, demonstrado através de métodos técnicos e profissionais especializados.
Quando já se tem a classificação de todas as necessidades e dado a cada um dos valores
de acordo com o grau, é feito então a obtenção dos resultados através da multiplicação
(Gravidade x Urgência x Tendência). Com os resultados definidos é verificado então qual o
problema deve ser resolvido o mais breve possível, de acordo com o ranking do maior para o
menor.
Almeida (2016) cita que as ações de classificação solicitam do técnico habilitado
experiência visto que tal classificação é exclusivamente interpretativa. Caso haja valores
coincidentes é de responsabilidade do técnico aplicar mudanças na ordem das funções.
33

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O presente estudo de caso foi realizado com o objetivo de se elaborar um laudo de
Inspeção técnica da edificação (Lite), esta inspeção é caracterizada como um Check-up do
edifício, com o intuito de se identificar anomalias e falhas de manutenção ou uso.
Esta inspeção técnica feita no edifício escolar foi descrita como inspeção de nível 1 ao
qual o reconhecimento das irregularidades e erros aparentes são de pequenas dificuldades
técnicas. Não foi necessário nenhum teste ou ensaio em laboratório para diagnósticos. Todos
os resultados foram obtidos através de analise visual e registros fotográficos. Ainda para a
obtenção de melhores resultados e descrições de problemas foi feito entrevistas com a direção
escolar bem como com funcionários que trabalham diariamente no edifício escolar.
As falhas e anomalias construtivas foram classificadas em grau de risco como: Grau
crítico (C), Grau regular (R) ou Grau mínimo (M).

4.1 LOCALIZAÇÃO DO IMÓVEL

O edifício escolar a ser descrito por este estudo de caso é a Escola Municipal Professora
Débora Rodrigues de Figueiredo Corrêa, localizado no endereço Rua Prefeito Antônio Raposo,
S/N; São Vicente de Paulo, Araruama – RJ, conforme mostra a figura 6.

Figura 6 – Localização do edifício – Vista aérea


Fonte: Google Earth
34

4.1 Descrição da edificação

O edifício Escola Professora Débora Rodrigues Figueiredo Côrrea foi construído em


agosto de 1966. Possui no primeiro andar: 12 salas de aulas, 1 sala da direção, 1 sala de
professores e orientadores, 1 cozinha, 1 biblioteca, 1 secretaria, 5 banheiros, 1 refeitório, 1
despensa, 1 almoxarifado, Pátio coberto e descoberto e 1 quadra poliesportiva. No segundo
andar possui 1 grande pátio, 1 sala, 1 cozinha e 2 banheiros. Possui 2 entradas que dão acesso
ao edifício, uma principal como mostra a figura 7 e uma secundária descrita na figura 8.
Será feita a inspeção predial com o objetivo de identificar problemas patológicos, falhas
de manutenção e vícios construtivos e desta forma analisar se o edifício está adequado para uso
e segurança dos usuários de acordo com o desempenho mínimo requerido.
Vale ressaltar que a manutenção e administração de todo o edifício é feita prefeitura
municipal de Araruama através da SEDUC (Secretaria de Educação).

Figura 7 – Entrada Principal edifício Figura 8 – Entrada Secundária


Fonte: Autor Fonte: Autor

Figura 9 – Fachada Lateral


Fonte: Autor
35

4.2 Considerações importantes

Todo o terreno onde se assenta o edifício possui uma área de 2.992 m² e 1355 m² de área
construída, tem a capacidade de atender a aproximadamente 220 alunos por turno (manhã e
tarde). O edifício é caracterizado como estrutura de concreto armado com elevações de
alvenaria de tijolos maciços.

A vistoria técnica na edificação foi feita nos dias 12 e 13 de setembro de 2018 a fim de
verificar anomalias e problemas que o edifício apresentam. Durante a visita técnica foi
inspecionado todas as áreas do edifício como: Secretária, salas de aula, Sala da direção,
corredores, banheiros, pátio, refeitório, segundo pavimento onde há o salão de festas e
almoxarifado. Nas áreas onde foram achadas patologias ou problemas aparentes foi feito um
levantamento fotográfico. Com o material fotográfico será possível determinar as origens
patológicas, causas e seus efeitos para assim determinar sua classificação quanto a grau de risco
e propor recomendações técnicas para possíveis reparos caso seja necessário.

No presente estudo de caso foram encontradas dificuldades para o desenvolvimento do


laudo de inspeção devido:

 Falta de documentação e projetos da edificação

Foi feito o contato e a visita a secretaria de obras e a prefeitura municipal de Araruama


para ver se os projetos do edifício estavam armazenados e guardados, mas foi verificado que
em vista do edifício escolar ser do ano de 1966 nem a secretaria de obras nem a prefeitura
municipal possuem mais tais documentos, o que dificultou a inspeção predial do caso.

Com a falta de documentação legal não foi possível analisar detalhes técnicos e
específicos quanto a estrutura da edificação, métodos construtivos e memorial descritivo.

 Falta de periodicidade de manutenções e vistorias pelas partes responsáveis

Em conversa com a gestão administrativa do edifício foi constatado que há vários anos
não é feita a manutenção do edifício e só é enviado equipes para manutenção corretiva em casos
de urgência, como foi relatado o caso de uma tubulação que estourou e estava inundando a casa
adjacente ao edifício. Foi verificado que não há um histórico de intervenções nem um controle
interno que registre os casos de manutenção.

A seguir segue em ordem a inspeção dos elementos e componentes do edifício bem


como seus levantamentos fotográficos.
36

4.1 Pisos
Foi constatado na inspeção que os pisos apresentam algumas falhas como
desplacamentos excessivos em toda a edificação, o mesmo pode ter ocorrido devido ao longo
tempo de vida da edificação e a falta de manutenção periódica.
Na cozinha do 2º andar foi verificado um grande desplacamento de pisos como mostra
a figura 10, com perigo de mais peças de pisos se soltarem podendo causar ferimentos graves.
Em consulta a direção responsável pelo edifício foi verificado que já faz alguns anos
que o problema está em vigor sem que não haja nenhuma interferência para manutenção e
melhoria do piso.

Figura 10 – Desplacamento de pisos cozinha do 2º andar


Fonte - Autor

Ao inspecionar o banheiro do 2º andar do edifício foi também foi encontrado


destacamento de placas cerâmicas com a tendência de se destacar ainda mais os pisos pois já
tem fissuras em um piso como mostra a figura 11.

Devido ao piso cerâmico ser bem antigo foi verificado que há a possibilidade de haver
mais destacamentos causando um mal estar visual para os usuários, funcionários e para
visitantes que passem no local, este problema pode causa uma desvalorização considerável do
edifício.
37

Figura 11 – Destacamento de piso do banheiro do 2º andar


Fonte - Autor

Classificação do problema Falha

Grau de risco Regular

Devido a esta falha causar desvalorização do edifício, mal


estar visual e um certo risco caso uma dessas placas se solte
podendo ocasionar riscos à segurança dos usuários, é
recomendável uma manutenção no intuito de reparar tais
Recomendação irregularidades.

4.2 Corredores
O edifício escolar possui 2 corredores principais ao qual dão acesso as salas de aula e
aos banheiros respectivamente.
Foi constatado que há problemas de nivelamento do pátio para os corredores e quando
chove todo o corredor fica molhado conforme figura 12. Em entrevista a alguns funcionários
do edifício escolar foi verificado que no início do ano de 2018 houve um inundamento dos
38

corredores e algumas salas chegaram a ficar molhadas devido à forte chuva ocorrida. Também
há problemas de grandes destacamentos cerâmicos em partes do corredor.

Figura 12 – Corredor molhado devido à chuva


Fonte - Autor
39

5 REFERÊNCIAS

Gomide, T. L. F.; Neto, J. C. P. F.; Gullo, M. A. Normas Técnicas Para Engenharia


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