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EM TAIPA
Belém
Junho de 2017
IMPERMEABILIZANTES PARA EDIFICAÇÕES CONSTRUÍDAS EM TAIPA
Examinada por:
________________________________________________
Prof. Eduardo de Magalhães Braga, Dr.
(PPGEP-ITEC/UFPA-Orientador)
________________________________________________
Prof. Jorge Laureano Moya Rodriguez, Ph.D.
(PPGEP-ITEC/UFPA-Membro)
________________________________________________
Prof. Olavo Celso Tapajós Silva, Dr.
(UNINORTE-Membro)
BELÉM, PA - BRASIL
JUNHO DE 2017
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Sistemas de Biblioteca da UFPA
CDD 23.ed.693.893
A Deus nosso pai que nos assiste sempre.
A minha mãe Cleide Menezes de Carvalho
(in memorian).
À minha esposa Ellen.
Aos meus filhos Aureoclésio Melo e Alfredo
Júnior e Marcela.
Aos meus netos Ana Paula, Ana Luiza,
Pedro Henrique e André Luiz.
Ao meu padrasto José Alves Maciel (in
memorian).
Aos meus irmãos Elísio (in memorian),
Gleice, Diógenes, Cleiton, Robson e Miriam.
Dedico.
iv
AGRADECIMENTOS
Aos meus familiares, principalmente minha esposa Ellen pelo apoio, incentivo e
resignação e auxílio na orientação, correção ortográfica e gramatical.
Aos meus amigos e colegas de curso pelo apoio, incentivo, ajuda e solidariedade
João Koyty Oji Wada, Auriçari Jorge Menta Sá, Márcia Leal Ferreira, Elton de Jesus
Thomaz e Elcimar Correia de Souza.
v
Resumo da Dissertação apresentada ao PPGEP/UFPA como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Processos (M.Eng.)
Junho/2017
vi
Abstract of Dissertation presented to PPGEP/UFPA as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master in Process Engineering (M.Eng.)
June/2017
Whose model of construction system arose in the prehistoric period brings in its
context the general objective the use of waterproofing in buildings in taipa, to eliminate
the unwanted infiltrations and as specific objectives the identification of Waterproofing
products suitable for application in buildings built in mud; Test two waterproofing
products that provide adhesion and tightness; To analyze if the specific properties of each
product are compatible in the waterproofing of buildings in mud and, lastly; Compare and
record the results obtained in the research that contribute to the preservation of the
buildings in taipa, guaranteeing the durability, efficiency and comfort with the
elimination of infiltrations. The methodology used was based on the applied research and
bibliographical research in works of expertises both in the civil construction in the area
of waterproofing, anchored in the extensive and judicious legislation that beacon the
technical procedures that were used by the researcher during the development of the work
that culminated with the edification Of a plasterboard bath with coating in two types of
waterproofing products, duly tested and whose results were fully successful in the sealing
tests, isolating, the probable infiltrations originating from the natural humidity in the State
of Amazonas, in the city of Manaus, caused by the high rainfall and flooding of the mighty
Rio Negro that surrounds the capital.
vii
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO......................................................................... 1
1.1 - OBJETIVO GERAL....................................................................................... 2
1.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS......................................................................... 2
1.3 - JUSTIFICATIVA........................................................................................... 2
1.4 - DELIMITAÇÃO DO ESTUDO..................................................................... 4
1.5 - ESTRUTURA DO TRABALHO................................................................... 4
CAPÍTULO 3 - IMPERMEABILIZAÇÃO................................................... 17
3.1 - CONCEITO.................................................................................................... 17
3.2 - FINALIDADE................................................................................................ 17
3.3 - NECESSIDADE DE IMPERMEABILIZAR................................................. 18
3.4 - OBRIGATORIEDADE DE IMPERMEABILIZAR: LEGISLAÇÃO........... 19
3.5 - APLICAÇÃO DE SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO..................... 22
3.6 - PREPARAÇÃO DE ÁREAS PARA IMPERMEABILIZAR......................... 23
3.7 - ISOLAMENTO DA ÁREA........................................................................... 24
3.8 - EXECUÇÃO E CURA DA REGULARIZAÇÃO E TESTE DE
ESCOAMENTO............................................................................................. 24
3.9 - IMPRIMAÇÃO.............................................................................................. 24
3.10 - APLICAÇÃO DA MANTA ASFÁLTICA.................................................. 25
3.11 - APLICAÇÃO DE ARGAMASSA POLIMÉRICA...................................... 25
viii
3.12 - TESTES HIDROSTÁTICO DE ESTANQUEIDADE................................. 25
3.13 - CAMADA SEPARADORA......................................................................... 26
3.14 - PROTEÇÃO MECÂNICA........................................................................... 26
CAPÍTULO 5 - CONCLUSÃO.................................................................... 48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 50
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 (A) Taipa em Cáceres, Espanha. (B) Taipa Militar em Moura,
Portugal....................................................................................... 11
Figura 2.2 Moradias e blocos habitacionais em taipa construídos pós II
Guerra Mundial, em Müncheln, na Alemanha........................... 11
Figura 2.3 Casas em taipa de pilão, em Tiradentes, Minas Gerais (Brasil). . 13
Figura 2.4 Fotos de sistema construído em taipa de mão, sopapo ou pau a
pique...................................................................................... 14
Figura 2.5 Modelo de taipa de pilão.......................................................... 15
Figura 2.6 Forma de taipa de pilão............................................................. 15
Figura 2.7 Taipa de pilão: técnica construtiva............................................. 16
Figura 4.1 Foto das casas geminadas confeccionadas em taipa..................... 28
Figura 4.2 Material depositado à frente da casa estudada para execução da
taipa.......................................................................................... 29
Figura 4.3 Material depositado à frente da casa estudada (areia e argila)....... 29
Figura 4.4 Apresentação do interior da residência (saleta) em taipa............... 30
Figura 4.5 Apresentação do interior da residência (sala de estar) em
taipa............................................................................................. 30
Figura 4.6 Execução da fundação e da malha estrutural em madeira (perna-
manca e ripões), com escavação das covas de fundação para
fixação dos pilares..................................................................... 35
Figura 4.7 Construção da malha dupla, para recebimento da argamassa
argila/areia............................................................................. 36
Figura 4.8 Execução da taipa de mão (aplicação da argamassa de argila
(barro) e areia. Aplicada em ambos os lados.............................. 36
Figura 4.9 Aplicação da argamassa (argila+areia) pelo lado
externo....................................................................................... 37
Figura 4.10 Material impermeabilizante para aplicação nas paredes em
taipa................................................................................... 38
x
Figura 4.11 Argamassa Polimérica fora da embalagem para uso. .................. 39
Figura 4.12 Manipulação (preparo do material) para aplicação. ..................... 39
Figura 4.13 Apresenta o material (argamassa polimérica), aplicado no
substrato. ...................................................................................... 40
Figura 4.14 Aplicação da tela de poliéster resinada. ....................................... 41
Figura 4.15 Apresentação da argamassa polimérica aplicada no banheiro. .... 41
Figura 4.16 Teste de estanqueidade executado pelo período mínimo de 72
horas............................................................................................. 42
Figura 4.17 Embalagem do impermeabilizante Denvercril Parede -latão de
18 kg. ........................................................................................... 44
xi
LISTA DE TABELAS
xii
NOMENCLATURA
CF CONSTITUIÇÃO FEDERAL
CLT CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO
CO2 DIÓXIDO DE CARBONO
COE CÓDIGO DE OBRAS
H2S SULFETO DE HIDROGÊNIO
NBR NORMAS BRASILEIRAS
NRs NORMAS REGULAMENTADORAS
SO2 DIÓXIDO DE ENXOFRE
xiii
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
O Amazonas considerado como o pulmão do mundo, possui um dos climas mais quente
e úmido da região norte do país. Estatisticamente apresenta um dos índices mais elevados no
quesito infiltração por capilaridade. As causas são as mais diversas, passando pela falta de
impermeabilização, pela aplicação de produtos inapropriados ou ainda pela aplicação em
dosagem errada ou pela mão de obra sem qualificação. Os efeitos dessas infiltrações são
danosos, principalmente à saúde, pela presença de fungos que afetam o trato respiratório, em
especial, das pessoas que são alérgicas, às crianças e aos idosos, além dos grandes prejuízos
econômicos aos proprietários e usuários das edificações para combater e eliminar tais efeitos.
Como a região Norte do país ostenta clima característico regional quente úmido e a
maioria dos habitantes pertencem às classes menos favorecidas economicamente, é importante
a busca por opções construtivas que venham a combater o déficit habitacional existente na
região. Alguns produtos existentes no mercado nacional não são compatíveis com a umidade e
temperatura local, o que proporciona resultados insatisfatórios e não estanques; assim, torna-se
necessária a busca por produtos com características apropriadas e sistemas construtivos que
venham beneficiar a construção civil regional e apresente resultados satisfatórios,
proporcionando edificações com baixo custo, estanqueidade total em baldrames e paredes,
combatendo com sucesso a infiltração por capilaridade e redução do gasto com energia elétrica.
Objetivando suprir esta necessidade, baseia-se a pesquisa sobre técnicas e sistemas
construtivos cujas propriedades e características se apresentem compatíveis com o clima
regional, diante da crise econômica instalada no país, de modo que as soluções encontradas
sejam mais econômicas e visem atender ao mercado interno e até ao mercado nacional,
motivação que levou a pesquisa da Taipa que atualmente renasceu em países como a os Estados
Unidos, Espanha, Alemanha, etc.
No Brasil encontra-se argila em abundância, em especial nas regiões norte e nordeste,
em todas as suas variedades, como a argila vermelha, roxa ou parda e até a amarela, todavia, a
vermelha, roxa e a parda, apresentam melhores características de liga ou trabalhabilidade, sendo
preferíveis para o emprego em taipa. Além da argila, existe em abundância madeiras, bambu e
outros tipos de cipós que apresentam boas resistências para a execução e construção das malhas
estruturais das paredes.
1.3 - JUSTIFICATIVA
Em razão do clima quente úmido, a cidade de Manaus apresenta um dos índices mais
elevados de infiltração por capilaridade, (infiltrações que sobem aos baldrames e às paredes),
por essa razão, a decisão e escolha do tema da pesquisa e dos testes a serem desenvolvidos, na
busca de identificar produto impermeabilizante ideal que atenda às necessidades e solucione o
problema relativo à proteção e segurança das edificações construídas em taipa, com o emprego
de sistemas e técnicas de impermeabilização.
Outro fator relevante que justifica o estudo proposto é a redução de custos futuros na
obra edificada e protegida com a impermeabilização, vez que esta impede as indesejáveis
infiltrações que degradam a construção, desvalorizando-a.
O acréscimo que ocorre durante a construção impermeabilizada é insignificante diante
dos custos a serem despendidos quando se depara com os resultados e danos proporcionados
pelas infiltrações, que, em razão da obra concluída é bastante significativo, sem considerar o
transtorno dentro e fora do imóvel com a remoção e substituição dos materiais de revestimentos.
A impermeabilização representa no custo final de uma construção, o percentual variável
entre 2% e 3% do valor total da obra acabada, o que significa um valor praticamente ínfimo se
for levada em consideração a durabilidade da mesma, vez que a garantia de um sistema de
impermeabilização é de cerca de 5 (cinco) anos, porém, existem edificações cuja aplicação, se
feita dentro dos parâmetros exigidos, com seriedade e responsabilidade, ultrapassa a casa de 15
anos sem apresentar nenhum tipo de problema com a estanqueidade.
Ademais, deve-se levar em conta o fato de que a edificação não apresentando as
infiltrações, eflorescências e outras características naturais oriundas de infiltrações as mais
diversas, a manutenção se restringe a pinturas e desgastes naturais do tempo decorrido.
Assim, o fator econômico é considerável e representativo para a edificação, pois é um
imóvel que não requer constantes reformas para eliminação de problemas de infiltrações que
proporcionam degradação do imóvel, pois, dependendo da localização da mesma, por exemplo,
em uma piscina, todo o revestimento terá que ser retirado para tratar o problema.
Em regiões quentes e úmidas como aqui no Norte do país, onde o índice pluviométrico
é bastante intenso, torna-se ainda mais relevante a utilização desse sistema construtivo com a
aplicação de impermeabilizantes.
As edificações modernas hoje já recebem tratamentos de produtos impermeabilizantes,
apesar de se encontrar uma certa resistência e restrição à tecnologia, pois em algumas obras
apenas áreas frias, como banheiros e varandas. São impermeabilizadas. No entanto, outras áreas
são tratadas com produtos impermeabilizantes como, cozinhas, áreas de serviços, piscinas,
áreas expostas a intempéries, como lajes expostas, calhas e telhados. Deste modo, a
impermeabilização tornou-se uma técnica utilizada nas construções do mundo, melhorando o
nível e a qualidade das obras em construção e reformas, proporcionando conforto e garantia.
CAPÍTULO 2
REVISÃO DA LITERATURA
ocasião da cura provoca a exsudação da água, (retração da matéria - argila) e por não receberem
rebocos como acabamento, deixam expostas, frestas, fissuras e trincas e são em sua maioria,
mal iluminadas, proporcionando o aparecimento dos barbeiros. Embora seus moradores saibam
dos riscos a que se submetem na presença do barbeiro, se sujeitam a eles, muitas vezes pelo
comodismo, ou pela própria ignorância em entender as consequências danosas que podem advir
dessa atitude, do mesmo modo como hoje em dia ocorre com as famílias que habitam
residências nas encostas sujeitas ao deslizamento.
Ainda segundo os autores, esses insetos não nascem infectados com o agente causador
da doença de Chagas, o Trypanossoma cruzi, mas se infectam ao sugar o sangue de animais que
tenham o parasita, tais como marsupiais (gambás), roedores, aves e até o próprio homem.
Embora os barbeiros se alimentem desses animais, assim como de répteis e anfíbios, somente
os mamíferos são infectados com o T. cruzi. As aves constituem grande fonte de alimentação
para os barbeiros, tanto em ambiente silvestre como nos domicílios (criação de galinhas, por
exemplo), mas não são contaminadas com o T. cruzi. (TORRES e DIAS, 1982).
Nos tempos atuais de crise econômica e em face da globalização onde se busca a
sustentabilidade, quer nos materiais, quer nos conceitos, a taipa de pilão com seu poder
econômico e ecológico, ressurge com um desses novos modelos de projetos alternativos de
habitação e volta a ser empregada em escala razoável, em países como Estados Unidos,
Alemanha, Austrália, Nova Zelândia, Chile, entre outros, onde são construídas edificações em
taipa de pilão com primoroso acabamento. Até mesmo no Brasil, onde se convencionou que
casas de taipa são executadas por pessoas de classes sociais de menor poder econômico e
instaladas fora das áreas urbanas, tendo em vista a falta de reboco, podemos citar uma empresa
que construiu um galpão para outra empresa, usando a tecnologia de taipa de pilão.1
Hoje se edificam casas em taipa de pilão, com a utilização de formas em sua maioria,
metálicas, primando pelos acabamentos de qualidade e executadas com muito esmero. As
paredes são desempenadas de forma convencional e monolítica, podendo ter juntas de
segurança, quando o pano mede mais de 25,00 m2, impedindo assim, o surgimento das fissuras,
trincas, onde se alojam os insetos barbeiros, que provocam a doença de Chagas. Esse
desenvolvimento tem possibilitado intervenções de conservação e restauração em construções
históricas e também novas construções. (XAXÁ, 2013).
1
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Taipa. Acesso em: 25 mar. 2017.
7
Conforme FERNANDES (2013), desde o período pré-histórico a terra crua tem sido
utilizada na elevação de alvenarias, abóbadas e outros elementos construtivos. No Egito, desde
5000 a.C. são encontradas construções que utilizaram a técnica dos adobes moldados com
argilas e palhas em formas de madeira assentados com finas camadas de areia. Os adobes eram
utilizados nas edificações de fortificações e residências, cobertos com lajes que utilizavam uma
espécie de argamassa feita de argila e areia para o barreamento de estruturas compostas de
madeiras roliças. Possivelmente em razão da tão sonhada proteção física e diante da única
técnica até então conhecida, a taipa em suas variações imperava no mundo, mesmo no período
pré-histórico.
Valsão e Chinchinim, com estilos variados de arquitetura com pátios e vários cômodos
sequenciais (MESTRE, 2007).
Continuando a história da taipa e seu emprego no mundo, na Arábia, sua aplicação foi
insignificante, destacando-se a técnica monolítica da terra empilhada e/ou moldada. No Irã, sua
utilização se deu restritamente em fortes.
O uso da taipa no Mediterrâneo é muito frequente em vários países, sendo que em uns
a técnica foi desprezada ou substancialmente transformada, enquanto que em outros o uso é
intenso, o que garante a conservação dos imóveis históricos, num paradigma de continuidade
histórica onde os processos construtivos permanecem artesanais. Nas regiões onde foi
desprezada o foi em razão do surgimento de técnicas mais dinâmicas e onde sua aplicação é
intensa, dá-se pelo fato do custo modesto, associado ao baixo poder aquisitivo predominante da
população. No que se refere ao Egito, assim como no Brasil, a técnica da taipa está restrita as
zonas rurais próximas ao mar, sendo realizada de modo secundário e precário, em construções
de pombais ou habitações vernáculas, onde predominam as edificações sem reboco ou emboço
(GABALLA, 2002 apud FERNANDES, 2013).
No Marrocos a aplicação da taipa ainda está presente mesclando-se a arquitetura
vernácula com a arquitetura contemporânea, onde os edifícios históricos denominados do tipo
Kasbha e Ksar se misturam, afirmando a continuidade construtiva em terra. A taipa está
presente em todos os países do mundo e ainda perdura em muitas regiões rurais e ribeirinhas.
Na Espanha onde primeiro se praticou na Europa, a taipa foi muito utilizada nas regiões
da Castela, Aragão, Múrcia e outras tantas, segundo FERNANDES (2013). Na Alemanha e
França, entre outros países europeus, a taipa foi misturada à cal e até ao gesso empregado nos
acabamentos dos ângulos inferiores dos taipais, adição essa que proporciona base para adesão
das camadas de terra.
As imagens que compõem a Figura 2.1 espelham as obras na Espanha e Portugal,
construídas em taipa.
10
Figura 2.1 - (A) Taipa em Cáceres, Espanha. (B) Taipa Militar em Moura, Portugal.
Fonte: FERNANDES (2013).
Além da construção em taipa de pau a pique ou taipa de mão, o método com terra
executada pela sobreposição de camadas de taipa (argila e areia), com a incorporação também
de materiais fibrosos que garantem seja estruturado, através das tramas ou malhas, conferindo
resistência, formando paredes inteiriça (monolíticas), de forma simples e até rudimentar.
(HARRISON, 1998).
Na Europa e em diversos países, notadamente em Portugal, os construtores ao conhecer
a técnica da taipa de mão ou de pilão, também passou a explorá-la com sucesso, ao erguer as
paredes, calcando-as através do peso próprio e, em seguida, procurando aparelha-las,
proporcionando um aspeto plano à superfície de parede. Dado que esta maneira de trabalhar a
terra resulta numa construção de qualidade, onde se retira da própria natureza, a matéria prima,
sem, no entanto, ser obrigado a manufaturar a mesma, que por certo, oneraria a construção. Isso
é sustentabilidade e garante a obra em um ciclo prolongado e simples. (GONZÁLEZ, 2006).
11
Denominada Taipa (em português), Tapial (em castelhano), Pisé (em francês), Tabya
(na região Magrebe), Rammed Earth (em inglês), entre outras. Este método de construção está
tão patente na arquitetura vernácula mundial, como na contemporânea, sendo uma técnica que
pode ser dita perene, mesmo em face de adaptações sofrida ao longo dos tempos, ´é utilizada
nos tempos atuais. (DETHIER, 1993).
12
Na região Sudeste, na região metropolitana de São Paulo se encontra várias cidades com
exemplos desse tipo de construção em taipa e na capital paulista dois grandes exemplos são o
Pátio do Colégio no local da fundação da cidade e o Museu de Arte Sacra, entre outros, segundo
CANTEIRO e PISANI (2006).
Figura 2.4 - Fotos de sistema construído em taipa de mão, sopapo ou pau a pique.
14
15
16
CAPÍTULO 3
IMPERMEABILIZAÇÃO
3.1 - CONCEITO
3.2 - FINALIDADE
17
É sabido, que a grande maioria dos componentes de uma construção civil não resiste ao
intemperismo, sofrendo ação conjugada e cíclica de água, oxigênio, vapores agressivos, gases
poluentes, maresia, ozônio, chuvas ácidas, lençol freático, etc. PIRONDI (1988). Em todos os
países que historicamente registram as agressividades do intemperismo às obras viárias,
portuárias, escolares e de saúde, quer nas propriedades privadas ou públicas, a
impermeabilização, associada à isolação térmica, representa nas edificações um dos
componentes da maior importância técnica, geralmente acima das avaliações comerciais.
Ainda de acordo com a REVISTA IMPERMEABILIZAR (2000) no artigo “Pontes e
Viadutos: Impermeabilização das estruturas”, o colapso das estruturas de pontes e viadutos
ocorre pela falta de conservação, pela inexistência do serviço de impermeabilização e causam
transtornos graves às populações das cidades. Analisando-se as patologias surgidas em
decorrência da ausência dos serviços acima mencionados, aliados à inexistência de
conscientização da evidente necessidade de realização de tais serviços, somados a erros
construtivos e omissões no que se refere à conservação e manutenção, permanecem as estruturas
expostas a toda sorte de agressividade provocada pelo próprio meio ambiente, comprometendo
a durabilidade e vida útil dos mesmos.
A inexecução dos procedimentos recomendados para proteção das estruturas acarreta o
surgimento precoce de manifestações patológicas, como a dos sinais de carbonatação através
das manchas avermelhadas de ferrugem, oxidação das armaduras superficiais notadamente ao
longo de fissuras que se formam. Os concretos são impermeáveis ou não impermeabilizados e
estão sujeitos à entrada e saída de água, em volume apreciável; como consequência, perdem
parte da cal proveniente da hidratação que se evapora do concreto, redução de material alcalino,
com diminuição crescente de pH, o que provoca resultados prejudiciais quanto à resistência à
ação eletrolítica.
A carbonatação influencia em algumas propriedades do concreto, dentre as quais, a
redução da proteção alcalina conferida às armaduras pela pasta de cimento hidratado,
notadamente do hidróxido de cálcio, cuja ação constitui uma barreira protetora contra a
corrosão. O monóxido e dióxido de carbono presentes na atmosfera reagem com o hidróxido
de cálcio da pasta de cimento, formando carbonato de cálcio que se caracteriza pelas manchas
brancas e estalactites.
18
19
No item 8.4.2 determina que os pisos e as paredes dos locais de trabalho devem ser
sempre que necessário, impermeabilizados e protegidos contra a umidade.
No item 8.4.3 as coberturas dos locais de trabalho devem assegurar proteção contra as
chuvas e finalmente, no item 8.4.4 verifica-se que as edificações dos locais de trabalho devem
ser projetadas e construídas de modo a evitar insolação excessiva ou a falta de insolação.
Ainda em conformidade com a legislação municipal da Cidade de São Paulo (Código
Sanitário Estadual), (Revista Impermeabilizar 149, julho de 2000), de acordo com as
disposições do Decreto nº. 12.342, de 27 de setembro de 1978, revisto e atualizado até julho de
1992, que aprovou o Regulamento a que se refere o Artigo 22 do Decreto-Lei nº. 211, de 30 de
março de 1970, que dispõe sobre normas de promoção, preservação e recuperação da saúde no
campo de competência da Secretaria de Estado da Saúde, em vigor a partir de 01 de janeiro de
1979, os seguintes requisitos técnicos deverão ser observados nas edificações:
20
Artigo 95 – A cobertura das edificações seja de telhado [...] laje de concreto [...]
deverá obrigatoriamente observar no mínimo, as normas técnicas oficiais no que diz
respeito à [...] impermeabilidade (grifo nosso).
Artigo 98 – Os pavimentos quando forem assentados diretamente sobre o solo,
deverão ser impermeabilizados (grifo nosso).
Artigo 170 – Os muros situados no alinhamento ou nas divisas de terrenos, serão
impermeabilizados nas partes em contato direto com o solo ou situadas abaixo do
nível do terreno. Código de Obras – COE/92 (grifo nosso).
21
todas as suas fases, com manta asfáltica e argamassa polimérica em edificações residenciais
multifamiliares (edifícios).
Pela ordem se faz necessário em primeiro lugar preparar a área ou substrato que se
pretende impermeabilizar. Posteriormente, executa-se a impermeabilização e em seguida se
executa a proteção mecânica.
23
abrir os sulcos, aplicar chapisco de argamassa de cimento e areia, traço 1:2 e posteriormente
regularizar com argamassa de cimento e areia, traço 1:3, conforme item “e”;
h) Nos locais onde serão fixados os ralos, estes deverão ser chumbados com o produto
Grount. Executa-se um rebaixo suave de 1,00cm de profundidade, com área de 40cm x 40cm,
com as bordas chanfradas para evitar acúmulo de água ao redor dos mesmos.
i) Todos os cantos (encontro do piso com a parede) e arestas (parede com parede) e
outros, deverão ser arredondados com raio aproximado de 4cm.
j) Juntas estruturais deverão ser consideradas como divisores de água, de forma a se
evitar o acúmulo de água sobre as mesmas. As juntas deverão estar limpas e desobstruídas,
permitindo movimentações normais e devidamente regularizadas, obedecendo aos critérios
acima.
k) Nos vãos de entrada da edificação (portas, esquadrias, etc.), a regularização deve
avançar no mínimo 60cm para o seu interior, por baixo dos batentes, contramarcos etc.,
respeitando-se o caimento para as áreas externas.
l) As peças (tubos) emergentes deverão estar bem fixadas de forma a se executar os
arremates conforme detalhes do projeto.
Isolar totalmente a área com fitas plásticas zebradas em preto e amarelo, não permitindo
o acesso de pessoas estranhas ao serviço durante a execução da imprimação, impermeabilização
e de teste hidrostático de estanqueidade. Após a conclusão da proteção mecânica, libera-se a
área para a circulação de pessoas estranhas ao serviço.
3.9 - IMPRIMAÇÃO
Sobre a estrutura seca e limpa, aplicar uma demão de “primer” (pintura de ligação -
cola) com rolo de lã de carneiro sobre a superfície destinada a receber a impermeabilização.
(Consumo médio de 300/400mg/m2). Deixar secar por pelo menos 2/3 horas.
24
25
Conforme a NBR 9575/98, item 4.6, faz-se necessário a colocação de uma camada
separadora para impedir a aderência da proteção mecânica na impermeabilização, evitando
transferência de esforços para impermeabilização e permitindo movimentos independentes
entre a impermeabilização e a proteção mecânica. Um dos produtos mais usados como camada
separadora é o Geotêxtil Bidim RT-08 por ser o geotêxtil, material drenante. Pode-se ainda
utilizar o papel Kraft betumado ou filme de polietileno, feltro asfáltico, etc..
26
CAPÍTULO 4
DESCRIÇÃO METODOLÓGICA
27
Os terrenos do lado esquerdo da rua onde os imóveis estão situados, foram construídos
em nível mais elevado dos que foram edificados do lado contrário, ou seja, do lado direito.
Algumas paredes tiveram que ser reconstituídas em parte, por estarem com as madeiras
expostas e bastante deteriorada. Foi adquirido barro (argila) sendo iniciado os trabalhos de
reconstituição das paredes, com aplicação do barro, sempre de baixo para cima.
Figura 4.2 - Material depositado à frente da casa estudada para execução da taipa.
29
30
Tabela 4.1 – Planilha de preços (material/mão de obra) para construção de um bwc em taipa
de mão, medindo 2,50 m x 1,50 m = total de 3,75 m².
P.
1.0 SERVIÇOS UNID QUANT P.TOTAL
UNIT
1.1 ESCAVAÇÃO
COVAS P/SAPATA 14 covas de
1.2 M3 0,13 460,00 59,80
0,15 m x 0,15 m x 0,40 m
Cova de baldrames
1.3 3
M3 0,19 460,00 87,40
8,00 m x 0,20 m x 0,12 m = 0,192 m
ESTRUTURA EM MALHA COM PERNA MANCA E RIPÕES DE ANGELIM
2.0
PEDRA
2.1 14 Perna mancas DE 4,0 m de comprimento PÇ 14,00 15,80 221,20
2.2 30 ripões de 4 metros. PÇ 30,00 6,40 192,00
2.3 Pregos 2 1/2 x 10 - 5 kgs KG 5,00 10,00 50,00
3.0 ARGAMASSA DE VEDAÇÃO, ARGILA E AREIA
3.1 Argila 2,5 m3 M3 2,50 40,00 100,00
3.2 Areia 1,00 m3 M3 1,00 52,77' 52,77
REBOCO INTERNO E EXTERNO = Argamassa de cimento e areia, traço 1:5 c/
4.0
aditivo
4.1 Reboco interno = 8,00 m x 2,80 m = 22,40 m2 M2 22,40 7,30 163,52
4.2 Reboco externo = 8.00 m x 2,80 m = 22,40 m2 M2 23,78 7,30 173,59
5.0 REVESTIMENTO EM CERÂMICA
5.1 PISO
5.1.1 Cerâmica para o piso marca DELTA 4,06 m2 M2 4,06 21,90 88,91
31
32
33
34
Definido o local para construção do banheiro, foram demarcados os locais das covas
para fixação das pernas-mancas (pilares de madeira) que funcionarão como fundação. A seguir,
as mesmas foram escavadas numa profundidade de 0,50 m e enterradas as pernas-mancas de
4,00 m de comprimento, conforme demonstrado na Figura 4.6.
35
A malha foi preenchida em ambos os lados, com argamassa composta de argila (barro)
e areia, na proporção de 70% de argila e 30% de areia, amassada em água e comprimida por
duas pessoas simultaneamente, uma pelo lado interno e outra pelo lado externo, formando as
paredes em taipa de mão, conforme demonstrado na Figuras 4.8 e 4.9.
36
37
A NBR 11905 fixa as condições mínimas exigíveis para o sistema formado por cimento
impermeabilizante e polímeros a serem utilizados em impermeabilização. O sistema de
impermeabilização objeto desta Norma, é classificado como uma impermeabilização rígida,
destinada à aplicação em estruturas de concreto não passíveis de fissuração, submetidas à
umidade do solo, água de percolação e/ou pressão hidrostática positiva.
A NBR 12170 especifica os ensaios a serem realizados e as condições de aceitação para
sistemas de impermeabilização de reservatórios após manter o contato com água potável para
consumo humano. No caso de estanqueidade da impermeabilização aplicada, não se aplica.
As características do produto estão contidas na Tabela 4.3, a seguir:
39
Segundo o fabricante, o consumo estimado é entre 3,00 kg e 4,0 kg. Como se trata de
uma área apoiada e de pequena proporção, foi estabelecido o consumo de 3,00 kgs por m2, em
três demãos, até a altura de 0,40 m, com a utilização de uma desempenadeira metálica lisa.
Após a cura de sete dias do substrato, (paredes e piso), a mesma foi umedecida com o
uso de uma trincha de 15 “ em toda a sua extensão, até a altura de 0,40 m e com a parede ainda
úmida foi aplicada a 1ª. demão do material, no sentido horizontal, partindo da esquerda para a
direita, com o uso da desempenadeira metálica lisa, tomando-se o cuidado para haver
sobreposição de pelo menos 5 cm na mesma camada, conforme Figura 4.13, abaixo.
40
A Tabela 4.4 apresenta os tipos de materiais utilizados, locais onde foram aplicados,
quantidades aplicadas e áreas 2 dos substratos impermeabilizados.
42
4.3.4 - Resultados
43
Após limpeza total das paredes externas, para remover impurezas, foi adicionado 10%
em volume de água ao produto Denvercril parede e, com a utilização de uma trincha, foi
aplicada a primeira demão, (pintura primária), com auxílio de um rolo de lã, sobre as quatro
paredes externas do banheiro (perímetro total), no sentido horizontal, da esquerda para a direita,
conforme Figura 4.18.
44
Figura 4.19 - (A) Aplicação de tela de poliéster resinada. (B) tela aplicada.
45
O Tabela 4.7 apresenta os tipos de materiais utilizados, locais onde foram aplicados,
quantidades aplicadas e áreas em metros quadrados, dos substratos impermeabilizados.
46
4.4.4 - Resultados
47
CAPÍTULO 5
CONCLUSÃO
48
mesma forma que ocorre nas edificações em alvenaria, atendendo, desta forma o objetivo geral
colimado na pesquisa desenvolvida.
49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Vetores no Brasil. Laboratório de Biodiversidade Entomológica, Instituto Oswaldo Cruz,
Fiocruz e Laboratório de Sistemática e Bioquímica, Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz, Rio de
Janeiro, 2008.
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1981.
CANTEIRO, F.; PISANI, M. Taipa de mão: História e Contemporaneidade. In: Terra Brasil,
1; Seminário Arquitetura e Construção com Terra no Brasil, 1; Seminário Arquitectura de Terra
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268.
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p.262-268.
50
GIOVANNA, R. del B.. Arquitetura de terra: uma versão brasileira. In: Exposição
organizada por Giovanna Rosso del Brenna. Centro Cultural Francês – Rio de Janeiro. 6 a 29
de maio de 1982.
51
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RAMOS, M. E. R.; CUNHA JUNIOR, V. H.. Taipa como processo construtivo: o ensino
cooperativo entre comunidades, arquitetos e engenheiros. In: Anais do XXXIV COBENGE.
Passo Fundo: Ed. Universidade de Passo Fundo, set. 2006.
53