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JOÃO PESSOA
2019
HELDER HENRIQUE GUEDES GUERRA
JOÃO PESSOA
2019
DEDICATÓRIA
Charles Chaplin.
RESUMO
A indústria da construção civil, atualmente, tem sido marcada pela inovação dos
materiais empregados e desenvolvimento de tecnologias construtivas pouco
abordadas em pesquisas científicas, o que pode ser um dos fatores do surgimento,
cada vez mais precoce, das manifestações patológicas nas edificações. Quanto ao
sistema de vedação vertical externo, as fachadas, o surgimento dessas anomalias
podem envolver um alto custo monetário de reparo, e além disso, o desprendimento
de uma camada de revestimento no alto de um prédio é um defeito que traz um alto
risco a segurança, saúde, e até mesmo a vida de seus usuários e a terceiros, em seu
entorno. Esse defeito está se tornando cada vez mais recorrente. O objetivo dessa
pesquisa é buscar a compreensão dos principais causadores do descolamento das
diversas camadas do sistema de revestimento e sua relação com a base. Neste
trabalho foram revisados, através de uma pesquisa bibliográfica, todos os conceitos
acerca do tema Patologia das Construções, tentando colocá-los numa ordem de
classificação uniformizada, dando enfoque para o sistema de vedação vertical
externo. Foram diferenciados os conceitos de vício, defeito, manifestação patológica
ou anomalia e falha do sistema. Classificou-se as origens das anomalias buscando
uma uniformização, pois foram encontrados diversas formas distintas. Foram
estudadas as características dos componentes desse sistema, e pesquisadas nas
normas técnicas os requisitos básicos que devem ser apresentados por cada um
deles, ao passo que investigou-se o funcionamento do conjunto: revestimento e
substrato.
The civil construction industry has currently been marked by the innovation of the
applied materials and by the development of constructive technologies little addressed
in scientific researches, which might have been one of the factors of the early
emergence of pathological manifestations in buildings. Regarding the external vertical
sealing system, the facades, the appearance of such anomalies may involve a high
monetary repair cost. Besides, the detachment of a coating layer on the top of a
building carries a high risk to safety, health, and even to its users lives, and to third
parties around. This defect is becoming more recurrent. The aim of this paper is to
search the understanding of the major causes to the detachment of several layers of
the coating system, and its relation to the base. On this current paper, all the concepts
regarding the theme Pathology of Buildings were reviewed through a bibliographical
research, in an attempt to put them in a standardized sort order, focusing on the
external vertical sealing system. The concepts of vice, defect, pathological
manifestation or anomaly and system failure were differentiated. The origins of the
anomalies were classified seeking for a standardization, since several ways to do it
were found. The characteristics of these system components were studied, and
researched on the technical standards for the basic requirements that must be
presented by each one of them, while investigating the operation of the set: coating
and substrate.
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 9
1.1. Objetivos .................................................................................................... 9
1.1.1 Objetivo geral .............................................................................................. 9
1.1.2 Objetivos Específicos .................................................................................. 9
2. METODOLOGIA ....................................................................................... 11
3. CONCEITOS GERAIS DA ENGENHARIA DIAGNÓSTICA ...................... 12
3.1 Patologia das Construções .................................................................... 12
3.2 Desempenho ............................................................................................ 13
3.3 Manifestação Patológica ......................................................................... 14
3.4 Classificação das manifestações patológicas prediais ........................ 14
3.4.1 Endógenas ................................................................................................ 15
3.4.1.1 Congênitas ................................................................................................ 15
3.4.1.2 Construtivas .............................................................................................. 15
3.4.2 Exógenas .................................................................................................. 15
3.4.3 Funcionais ................................................................................................. 15
3.4.3.1 Degradação Natural .................................................................................. 15
3.4.3.2 Falha de Manutenção ................................................................................ 16
3.4.3.3 Mal uso...................................................................................................... 16
3.4.4 Fenômeno da Natureza ............................................................................. 16
4. SISTEMA DE VEDAÇÃO VERTICAL EXTERNO (SVVE) E SISTEMA DE
REVESTIMENTO DE FACHADA CERÂMICO (SRFC) ........................................... 17
4.1 Definições ................................................................................................ 17
4.2 Componentes do SVVE ........................................................................... 18
4.2.1 Base ou substrato ..................................................................................... 18
4.2.2 Chapisco ................................................................................................... 24
4.2.3 Argamassa de emboço .............................................................................. 25
4.2.4 Argamassa colante .................................................................................... 27
3.2.5. Placas cerâmicas ...................................................................................... 28
3.2.6. Juntas........................................................................................................ 33
5. MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM SISTEMA DE REVESTIMENTOS
DE FACHADA CERÂMICO (SRFC): ....................................................................... 36
5.1 Anomalias mais frequentes .................................................................... 36
5.2 Origens das anomalias mais recorrentes .............................................. 38
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 41
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 43
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1. INTRODUÇÃO
1.1. Objetivos
2. METODOLOGIA
Para a área da construção civil, o termo patologia pode ser descrito de acordo
com Lichtenstein (1985) como “a ciência que estuda as origens, causas, mecanismos
de ocorrência, manifestações e consequências das situações nas quais o edifício, ou
suas partes não apresente um desempenho mínimo preestabelecido”.
Segundo Thomaz (1990) a patologia das construções é a ciência que procura,
de forma metodizada, estudar os defeitos dos materiais, dos componentes, dos
elementos ou da edificação como um todo, diagnosticando suas causas e
estabelecendo seus mecanismos de evolução, formas de manifestação, medidas de
prevenção e recuperação.
A manifestação patológica, ou o conjunto delas, podem levar a uma falha do
sistema relacionado, como no caso, o sistema de vedação vertical externo. Quando
um sistema deixa de apresentar um de seus requisitos básicos para que tenha o
mínimo de desempenho aceitável, dizemos que o sistema falhou, ou que o sistema
atingiu sua vida útil, de forma precoce, Neves e Branco (2009).
O mecanismo de ação é um processo pelo qual dá origem ao problema, na
linguagem jurídica é conhecida como vício, que é o dano propriamente dito, ou
também pode ser chamada de vício oculto, quando o dano já existe mas não é de fácil
detecção (RED REHABILITAR, 2003).
Os vícios são danos que não causam risco ao patrimônio, a saúde, segurança
ou a vida dos seus usuários, mas que diminuem seu desempenho, o seu valor, ou o
tornam impróprio para o uso, enquanto os defeitos são falhas que afetam a saúde ou
a segurança do consumidor (DE ARRUDA ALVIM, 1991).
Enquanto o conceito de defeito, embora se assemelhe ao conceito de vício, é
descrito no Decreto n. 8078 - Código de defesa do consumidor, art. 12, § 1° como “o
produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se
espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes” (BRASIL, 1990)
13
3.2 Desempenho
3.4.1 Endógenas
3.4.1.1 Congênitas
3.4.1.2 Construtivas
Tem sua origem na fase de execução da obra, como o uso de materiais não
certificados, mão de obra não qualificada e ausência de metodologia para um correto
assentamento das peças cerâmicas. Pesquisas apontam que também são grandes
responsáveis por grande parte das anomalias observadas nas edificações.
3.4.2 Exógenas
3.4.3 Funcionais
Podem ser originadas a partir de um fenômeno natural – externo – que não seja
possível de prever no projeto. Decorrem de condições climáticas adversas como calor
ou sol intensos, o frio excessivo, chuvas torrenciais, o granizo, as ventanias, etc. Por
exemplo uma chuva combinada com ventos muito intensos, cuja periodicidade de
repetição está além daquele previsto em recomendações de normas e projeto.
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4.1 Definições
Tc=tensão cisalhante
E=módulo de elasticidade
ε=deformação
e=espessura da camada de argamassa
A=área de contato
cálcico presente no cimento pode reagir com os sais de sulfatos advindos dos blocos,
resultando na seguinte reação, equação 3.2:
Onde:
Al2O34CaO – aluminato tetra-cálcico, do cimento;
CaSO4.2H2O – sulfato de cálcio dihidratado, das cerâmicas;
Al2O3.3CaO.3CaSO231H2O – Sal de Candlot ou etringita
Ca(OH)2 – Cal hidratada
4.2.2 Chapisco
com a Tabela 3 É importante observar que se a camada de emboço for mais espessa
que 20mm, deverá ser executada em camadas de, no máximo 20mm.
ABNT
Tempo em aberto NBR min. ≥ 15 ≥ 20 ≥ 20
14081-3
Resistênciade Cura
≥ 0,5 ≥ 0,5 ≥ 1,0
aderência à normal
ABNT
tração aos 28 Cura NBR MPa ≥ 0,5 ≥ 0,5 ≥ 1,0
dias, em submersa 14081-4
função do tipo Cura em
de cura ≥ 0,5 ≥ 1,0
estufa
Fonte: NBR 14081-1 (ABNT, 2012)
método proporciona à peça a possuir garras de fixação da sua face inferior. A Figura
3 mostra um corte desses dois tipos de placas.
O engobe é uma outra camada que pode estar agregada às peças esmaltadas.
Localizadas entre a cerâmica e o esmalte, aumenta a impermeabilidade da peça,
favorece um acoplamento adequado do esmalte, dificulta a formação de anomalias
como a curvatura da placa, gretamento e descolamento do esmalte (SAHADE, 2017).
Além dessas características as placas cerâmicas possuem uma grande
importância dentro do SRFC. É um dos componentes mais resistentes e seguros
quando submetidos ao fogo, sua superfície não retém líquidos, devido à baixa
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porosidade, não absorvem vapores nem odores, são excelentes isolantes térmico e
elétrico.
As placas cerâmicas são classificadas e nomeadas de acordo com os seguintes
critérios:
a) Esmaltadas (glass - GL) e não esmaltadas (unglass – UGL);
b) Métodos de fabricação: Extrudada (A) , prensada (B) ou outros
processos (C);
c) Grupos de absorção de água (5 grupos). A Tabela 6, além de conter os
5 grupos Ia, Ib, IIa, IIb e III, faz uma relação com a carga de ruptura e o
módulo de resistência a compressão;
d) Classe de resistência a abração superficial (5 classes). Tabela 7 –
classificação PEI;
e) Classe de resistência ao manchamento (5 classes). Tabela 8;
f) Classe de resistência ao ataque de agentes químicos, segundo
diferentes níveis de concentração (3 classes). Tabela 9.
O conhecimento dessas classificações são úteis para a especificação desse
material, tanto na fase de projeto como para uma manutenção de reparo (retirada de
sujeiras e manchas) ou preventiva, a fim de evitar problemas durante o uso,
prolongando a vida útil com o máximo de desempenho possível do SRFC.
Outras características também merecem atenção no controle desses materiais.
Para que o sistema apresente desempenho satisfatório, algumas observações
dimensionais devem ser feitas, para que sejam detectadas falhas no material. A NBR
13818 (1997) estabelece tolerâncias que as placas cerâmicas devem obedecer, como
retitude dos lados, ortogonalidade dos lados, curvatura central, curvatura lateral,
empeno e espessura.
3.2.6. Juntas
1% DESCOLAMENTO DE
2% CERÂMICA
12% FALHA DE REJUNTE
18%
FISSURAÇÃO
67%
EFLORESCÊNCIA
OUTROS
DEFORMAÇÃO
ESTRUTUAL
NINHOS
9%
8% PROJETO
Fonte: adaptado das notas de aula do curso Engenharia Diagnóstica. (SAHADE, 2017)
39
8%
PROJETO
38%
33% EXECUÇÃO
MATERIAIS
2% 19% MANUTENÇÃO
DIVERSOS
15%
10% INFILTRAÇÃO
ASCENDENTE
15% 60%
CONDENSAÇÃO
OBRA
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
de materiais e da execução dos serviços não podem ser negligenciados, assim como
ensaios para a comprovação da qualidade do serviço executado.
E principalmente, um bom projeto de revestimento é essencial para o bom
desempenho do SVVE, pois conterá todas as especificações dos materiais
componentes desse sistema, devendo responder de forma compatível com o
comportamento da base, combatendo a deterioração precoce das juntas e evitando a
infiltração de água no sistema de revestimento.
43
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto n. 8078: Código de defesa do consumidor, art. 12, § 1°. Brasília,
DF, 11 de setembro 1990.
BAUER, E.; CASTRO, E. K.; SILVA, M. N. B. da. Vida útil dos revestimentos de
fachada e as patologias em Brasília, Artigo técnico AT 18 – Vida útil e patologias de
fachada. Brasília. Disponível em: <
http://materialsandmateriais.blogspot.com/2013/06/artigo-tecnico-at-18-vida-util-
e.html > .Acesso em: 23 de novembro de 2018.
BINDA ; BARONIO. The state of the world cities report. United Nations Center for
humans settlements. New York, June 2001.
THOMAZ, Ercio. Manual Técnico de Alvenaria: patologia. São Paulo: Projeto, p. 97-
117, 1990.