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Modelo para Plano de Inspecção e Manutenção em Edifícios Correntes

Thesis · November 2004

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Jorge Falorca

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UNIVERSIDADE DE COIMBRA
FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
Departamento de Engenharia Civil

MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E


MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS CORRENTES

Jorge Gabriel Furtado Falorca

Dissertação apresentada na Faculdade de


Ciências e Tecnologia da Universidade de
Coimbra para obtenção do grau de Mestre em
Ciências da Construção

COIMBRA
Novembro de 2004
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
Departamento de Engenharia Civil

MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E


MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS CORRENTES

Dissertação apresentada para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil


- Especialização em Ciências da Construção -

O Autor ____________________________________________________________________
Jorge Gabriel Furtado Falorca
Aluno do curso de Mestrado em Ciências da Construção
F.C.T.U.C.

O Orientador _______________________________________________________________
José António Raimundo Mendes da Silva
Professor Auxiliar
F.C.T.U.C.

Novembro de 2004
RESUMO

MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM


EDIFÍCIOS CORRENTES

RESUMO

Nas últimas décadas, assistiu-se, no nosso País, à construção de um volume substancial de


edifícios novos, quer públicos, quer privados. Não tendo sido desenvolvidas e adoptadas
medidas apropriadas de gestão da manutenção na fase de serviço – situação agravada, por
vezes, por factores de projecto e de execução – assiste-se frequentemente ao envelhecimento
prematuro dos edifícios, em particular ao nível dos elementos de revestimento da envolvente
opaca exterior.

Nesta dissertação apresenta-se sucintamente uma proposta de modelo para plano de inspecção
e manutenção em edifícios correntes, a sua estrutura e respectivos procedimentos. Estuda-se
posteriormente a sua aplicabilidade a um sistema de revestimento delgado armado sobre
isolante (vulgarmente designado por ETICS na bibliografia da especialidade) em extensas
fachadas dos novos edifícios da Universidade de Coimbra, que se têm mantido sob
observação face à preocupação com o seu desconhecido comportamento a longo prazo.

Além disso, analisam-se alguns dos problemas relacionados com a aplicabilidade prática
deste modelo de abordagem à generalidade dos elementos constituintes dos edifícios,
passíveis de serem alvo de manutenção, em particular no caso do sistema de revestimento de
fachadas atrás referido.

Como tentativa ainda incipiente de projectar a manutenção adequada do sistema, apresentam-


se e criticam-se algumas estratégias de manutenção, com base numa modelação teórica.

Palavras-chave: Gestão e manutenção de edifícios, plano de inspecção e manutenção,


paredes, fachadas, revestimentos exteriores, ETICS.

III
ABSTRACT

MODEL OF A PLAN FOR INSPECTION AND MAINTENANCE IN


ORDINARY BUILDINGS

ABSTRACT

In the last few decades, in Portugal, the construction of a significant volume of new buildings,
both public and private, was attended. It was evident, a low development and an inappropriate
application of methods for administration of the maintenance in the service phase -
aggravated situation, some times, for project and execution factors. It is also frequently
attended to the early aging of the buildings, predominantly of the outside layer elements.

This dissertation introduces, briefly, a proposal model for inspection and maintenance
planning in ordinary buildings, its structure and correspondent procedures. It is still analyzed
the applicability of the model to external thermal insulation composite systems (ETICS) used
in extensive facades of the new buildings of the University of Coimbra, which have been
maintaining under observation.

In addition, some problems related with the applicability of the model to the ordinary
buildings constituent elements - which are vulnerable to maintenance, particularly in the case
of the behind referred system - are analyzed.

The applicability to that coating type, of some theoretical modulations for maintenance
strategies, is also presented and criticized.

Key-words: Building management and maintenance, plan for inspection and maintenance,
walls, façades, external finishing, ETICS.

V
AGRADECIMENTOS

AGRADECIMENTOS

O autor deseja exprimir o seu sincero reconhecimento a todas as pessoas e


entidades que das mais diversas formas contribuíram para que fosse possível a
concretização do presente trabalho, nomeadamente:

- Ao Professor Doutor Raimundo Mendes da Silva, pelo interesse e entusiasmo que


sempre dedicou à orientação e ao acompanhamento do trabalho, pela eficácia e
oportunidade das suas sugestões de inegável qualidade científica, e, em geral, pela
sua atitude inconfundível de compreensão intelectual e humana. Além disso, devo
distinguir o profundo reconhecimento pela oportunidade que por ele me foi dada;

- Ao Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Ciências e Tecnologia e ao


Gabinete Técnico da Reitoria da Universidade de Coimbra por todos os meios
postos à disposição;

- À minha admirável mulher, Isabel, pelo firme incentivo transmitido e pelo


admirável apoio prestado;

- Aos pais (António e Rosa), pelo constante encorajamento;

- Ao meu pequenote, Anselmo.

VII
DEDICATÓRIA

Por bem simples que seja a obra, faz,


Pois sempre é obra tua, e é mais uma…
Vale mais de alguma coisa ser capaz,
Que afinal não fazer coisa nenhuma.

E se alguém te disser que é imperfeita,


Diz-lhe que não se admire, porque é tua,
Não soubeste fazê-la mais perfeita.
Porém, que faça ele melhor a sua.

O CANTO DO SOL-POSTO
A. MONTEIRO DA FONSECA
1895-1988

À Isabel e ao Anselmo Falorca

VIII
ÍNDICE GERAL

ÍNDICE GERAL

Índice de Figuras

Índice de Quadros

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO
1.1 - MOTIVAÇÃO E ENQUADRAMENTO.............................................................................................. 3
1.2 - ÂMBITO E OBJECTIVOS ................................................................................................................... 4
1.3 - ESTRUTURA DA TESE ...................................................................................................................... 6

CAPÍTULO 2

TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS


2.1 - INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 12
2.1.1 - Da Antiguidade ao Séc. XX .................................................................................................... 12
2.1.2 - Os progressos recentes............................................................................................................. 14
2.2 - O CONCEITO DE MANUTENÇÃO ................................................................................................... 18
2.2.1 - Significado geral...................................................................................................................... 18
2.2.2 - O conceito técnico aplicado aos edifícios................................................................................ 19
2.3 - OS DESENVOLVIMENTOS NO SECTOR DA MANUTENÇÃO .................................................... 20
2.3.1 - Considerações gerais ............................................................................................................... 20
2.3.2 - A situação em Portugal............................................................................................................ 20
2.3.3 - Na União Europeia .................................................................................................................. 23
2.3.4 - Outros países ........................................................................................................................... 24
2.3.5 - Projectos de investigação, regulamentos e organismos ........................................................... 26
2.4 - ABORDAGEM À GESTÃO EM EDIFÍCIOS...................................................................................... 28
2.4.1 - Enquadramento........................................................................................................................ 28
2.4.2 - A actividade de gestão ............................................................................................................. 29
2.4.3 - A gestão de edifícios................................................................................................................ 30
2.4.3.1 - Generalidades ......................................................................................................... 30
2.4.3.2 - A gestão técnica...................................................................................................... 31
2.4.3.3 - A gestão económica ................................................................................................ 32
2.4.3.4 - A gestão funcional ou social................................................................................... 32
2.4.4 - Entidades gestoras ................................................................................................................... 33
2.5 - O PROCESSO DO EMPREENDIMENTO .......................................................................................... 34
2.5.1 - Introdução................................................................................................................................ 34
2.5.2 - Fase de promoção e planeamento ............................................................................................ 35
2.5.3 - Fase de concepção e projecto .................................................................................................. 37
2.5.3.1 - Aspectos gerais ....................................................................................................... 37
2.5.3.2 - Projecto de durabilidade ......................................................................................... 38
2.5.3.3 - Plano base de manutenção e utilização................................................................... 39
2.5.3.4 - Monitorização ......................................................................................................... 40
2.5.3.5 - Projectar edifícios para manutenção ....................................................................... 41
2.5.4 - Fase de fabrico dos materiais e componentes .......................................................................... 44

IX
2.5.5 - Fase de construção................................................................................................................... 45
2.5.6 - Fase de utilização e manutenção.............................................................................................. 46
2.5.6.1 - Generalidades ......................................................................................................... 46
2.5.6.2 - Modelação do comportamento dos edifícios em serviço ........................................ 48
2.6 - MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS ........................................................................................................ 51
2.6.1 - Estratégias de manutenção....................................................................................................... 52
2.6.1.1 - Manutenção reactiva ............................................................................................... 52
2.6.1.2 - Manutenção pró-activa ........................................................................................... 54
2.6.1.2.1 - Manutenção preventiva.......................................................................... 55
2.6.1.2.2 - Manutenção preditiva ............................................................................ 55
2.6.1.2.3 - Manutenção de melhoramento ............................................................... 55
2.6.2 - Parâmetros com influência na fiabilidade de estratégias pró-activas....................................... 56
2.6.2.1 - Introdução............................................................................................................... 56
2.6.2.2 - Estratégias preventivas ........................................................................................... 56
2.6.2.2.1 - Vida útil ................................................................................................. 56
2.6.2.2.2 - Modelos de degradação ......................................................................... 62
2.6.2.2.3 - Níveis de qualidade................................................................................ 63
2.6.2.2.4 - Níveis mínimos de qualidade................................................................. 68
2.6.2.2.5 - Níveis de desempenho ........................................................................... 70
2.6.2.3 - Estratégias predicivas ............................................................................................. 73
2.6.2.3.1 - Verificação da degradação do elemento ................................................ 73
2.6.2.3.2 - Metodologia de diagnóstico................................................................... 74
2.6.2.4 - Estratégias de melhoramento .................................................................................. 75
2.6.3 - Operações de manutenção ....................................................................................................... 77
2.6.3.1 - Introdução............................................................................................................... 77
2.6.3.2 - Limpezas................................................................................................................. 78
2.6.3.3 - Inspecções............................................................................................................... 79
2.6.3.3.1 - Técnicas de inspecção............................................................................ 80
2.6.3.3.2 - Planeamento das inspecções .................................................................. 81
2.6.3.4 - Reparações.............................................................................................................. 83
2.6.3.5 - Prioridade das intervenções .................................................................................... 84
2.6.3.6 - Planeamento das intervenções ................................................................................ 85
2.6.4 - Critérios de análise .................................................................................................................. 86
2.7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................ 88

CAPÍTULO 3

MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM


EDIFÍCIOS CORRENTES
3.1 - ENQUADRAMENTO E OBJECTIVOS .............................................................................................. 93
3.1.1 - Introdução................................................................................................................................ 93
3.1.2 - Prevenir a realização de planos eficazes.................................................................................. 94
3.2 - PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO – PROPOSTA DE ESTRUTURA............................. 95
3.2.1 - Estrutura principal ................................................................................................................... 95
3.2.2 - Identificação dos elementos principais do edifício.................................................................. 96
3.2.3 - Aplicação do PIMEC aos elementos ....................................................................................... 97
3.2.3.1 - Composição dos elementos primários .................................................................... 97
3.2.3.2 - Caracterização do comportamento em serviço ....................................................... 99
3.2.3.3 - Procedimentos de inspecção e manutenção correntes............................................. 108
3.2.4 - O caso da manutenção reactiva................................................................................................ 121
3.2.4.1 - Enquadramento ....................................................................................................... 121
3.2.4.2 - Estrutura de procedimentos a considerar ................................................................ 122
3.3 - ASPECTOS COMPLEMENTARES..................................................................................................... 124
3.3.1 - Registo e actualização.............................................................................................................. 124
3.3.2 - Decisão de intervir................................................................................................................... 124

X
ÍNDICE GERAL

3.3.3 - Informatização da informação ................................................................................................. 125


3.4 - NOTA FINAL ....................................................................................................................................... 126

CAPÍTULO 4

APLICAÇÃO DO PIMEC EM FACHADAS COM REVESTIMENTO


DELGADO ARMADO SOBRE ISOLANTE - ESTUDO DE UM CASO –
4.1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 131
4.2 - CARACTERIZAÇÃO DO REVESTIMENTO..................................................................................... 132
4.2.1 - Enquadramento........................................................................................................................ 132
4.2.2 - Constituição do sistema ........................................................................................................... 134
4.3 - CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO EM SERVIÇO...................................................... 137
4.3.1 - Organização do manual ........................................................................................................... 137
4.3.2 - Caracterização do estado de referência.................................................................................... 144
4.3.2.1 - Selecção de casos.................................................................................................... 144
4.3.2.2 - Metodologia adoptada ............................................................................................ 147
4.3.2.3 - Classificação de anomalias ..................................................................................... 147
4.3.2.4 - Defeitos observados................................................................................................ 150
4.3.2.5 - Análise de resultados .............................................................................................. 153
4.4 - PLANEAMENTO DA MANUTENÇÃO ............................................................................................. 159
4.4.1 - Introdução................................................................................................................................ 159
4.4.2 - Manutenção preventiva............................................................................................................ 160
4.4.2.1 - Previsão da vida útil dos ETICS ............................................................................. 160
4.4.2.2 - Nível mínimo de qualidade..................................................................................... 162
4.4.2.3 - Verificação do nível de desempenho ...................................................................... 163
4.4.2.4 - Registo e representação da degradação .................................................................. 163
4.4.2.5 - Elaboração do mapa de manutenção preventiva ..................................................... 170
4.4.2.5.1 - Considerações gerais.............................................................................. 170
4.4.2.5.2 - Pressupostos iniciais .............................................................................. 170
4.4.2.5.3 - Análise individual de estratégias ........................................................... 172
4.4.2.5.4 - Acções de manutenção........................................................................... 179
4.4.2.5.5 - Estimativa de custos das estratégias....................................................... 182
4.4.2.5.6 - O método do LCC .................................................................................. 182
4.4.2.5.7 - Resultado do método do LCC ................................................................ 185
4.4.2.5.8 - Análise de resultados ............................................................................. 185
4.4.2.5.9 - Mapa de manutenção preventiva ........................................................... 187
4.4.3 - Manutenção predictiva ............................................................................................................ 188
4.4.3.1 - Anomalias comuns.................................................................................................. 188
4.4.3.2 - Tipos de inspecções ................................................................................................ 188
4.4.3.3 - Elaboração do mapa de manutenção predictiva...................................................... 194
4.4.3.3.1 - Nota introdutória.................................................................................... 194
4.4.3.3.2 - Análise individual de estratégias ........................................................... 195
4.4.3.3.3 - Vida útil obtida em cada estratégia ........................................................ 204
4.4.3.3.4 - Resultado do método do LCC ................................................................ 204
4.4.3.3.5 - Análise de resultados ............................................................................. 205
4.4.3.3.6 - Mapa de manutenção predictiva ............................................................ 206
4.4.4 - Manutenção de melhoramento................................................................................................. 208
4.4.4.1 - Considerações gerais .............................................................................................. 208
4.4.4.2 - Estratégias definidas ............................................................................................... 209
4.4.4.3 - Análise de resultados .............................................................................................. 210
4.5 - NOTA FINAL DO CAPÍTULO............................................................................................................ 211
4.5.1 - Introdução................................................................................................................................ 211
4.5.2 - Aplicabilidade do modelo........................................................................................................ 213
4.5.3 - Análise ao planeamento da manutenção em ETICS ................................................................ 214

XI
CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES
5.1 - ENQUADRAMENTO........................................................................................................................... 219
5.2 - RESULTADOS OBTIDOS ................................................................................................................... 221
5.3 - AVALIAÇÃO DOS OBJECTIVOS...................................................................................................... 227
5.4 - DIFICULDADES ................................................................................................................................ 228
5.5 - DESENVOLVIMENTOS FUTUROS .................................................................................................. 229

Referências............................................................................................................................................... 231

Anexo 1

ESTRUTURA DE UM PIMEC - ASPECTOS PARCIAIS APLICÁVEIS A


OUTROS ELEMENTOS

Anexo 2

PLANTAS COM IDENTIFICAÇÃO DE FACHADAS E FOTOGRAFIAS


DO PÓLO II

Anexo 3

ETICS - ELEMENTOS COMPLEMENTARES UTILIZADOS PARA A


CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO EM SERVIÇO

Anexo 4

ETICS - ELEMENTOS COMPLEMENTARES UTILIZADOS PARA O


PLANEAMENTO DA MANUTENÇÃO

XII
ÍNDICE DE FIGURAS

ÍNDICE DE FIGURAS

CAPÍTULO 2
2.1 - Domínio da gestão e manutenção de edifícios (adaptado de [9]) .......................................................... 18
2.2 Percentagem do total da actividade de construção para a habitação nova e manutenção/reabilitação
na União Europeia no ano de 1997 (adaptado de [19]) ......................................................................... 24
2.3 - Processos base de organização da actividade de Gestão (elaborado por interpretação [1,35]) ............. 30
2.4 - O gestor de edifícios: tarefas de gestão, funções e responsabilidades (organizado a partir de [1])....... 34
2.5 - Fases para implementação do Sistema de Gestão (organizado a partir de [12,37,38,40])..................... 36
2.6 - Principais causas de anomalias em edifícios, de acordo com Chamoza & Ortiz [38,39] ...................... 37
2.7 - O retorno de informação na manutenção pró-activa [40] ...................................................................... 41
2.8 - Distribuição de factores no projecto de edifícios por ordem de importância (adaptado de [43]) .......... 44
2.9 - Caracterização da fase de serviço/utilização e manutenção de um edifício (organizado a partir de
[37]) ....................................................................................................................................................... 49
2.10 - A manutenção de edifícios: enquadramento de estratégias com planos de inspecção e manutenção e
garantia de eficácia (organizado a partir de [5,12,18,24,25,40]) ........................................................... 53
2.11 - Vida útil de um revestimento de fachada para uma manutenção inexistente ou inacabada (retirado de
[24]) ....................................................................................................................................................... 59
2.12 - Modelo de degradação para o tipo de intervenção (retirado de [12]) .................................................... 66
2.13 - Alterações do nível de qualidade ao longo do tempo (adaptado de [12]).............................................. 68
2.14 - Níveis mínimos de qualidade (retirado de [12]) .................................................................................... 69
2.15 - Níveis mínimos de qualidade para reparações ligeiras em reboco monomassa (retirado de [12]) ........ 70
2.16 - Inspecções - curvas de comportamento do elemento (retirado de [12]) ................................................ 74
2.17 - Processo de deterioração (adaptado de [58]) ......................................................................................... 76
2.18 - Comportamento de uma estratégia de melhoramento (retirado de [12]) ............................................... 76
2.19 - Fluxograma de um sistema de inspecção (adaptado de [84]) ................................................................ 84

CAPÍTULO 3

3.1 - Estrutura prinicpal proposta para organização dos PIMEC’s ................................................................ 96


3.2 Subdivisão de “Procedimentos Iniciais” para a constituição do manual............................................... 100
3.3 - Exemplo de registo de fissuração de paredes (adaptado de [64]) .......................................................... 105
3.4 Exemplo de diagnóstico a partir do teor de humidade numa parede (adaptado de [64])....................... 105
3.5 - Subdivisão de “Procedimentos de inspecção e manutenção correntes” – caso da manutenção
preventiva .............................................................................................................................................. 108
3.6 - Caracterização de parâmetros – caso da manutenção preventiva .......................................................... 109
3.7 - Subdivisão de “Procedimentos de inspecção e manutenção correntes” – caso da manutenção
predictiva ............................................................................................................................................... 113
3.8 - Subdivisão de “Procedimentos de inspecção e manutenção correntes” – caso da manutenção de
melhoramento ........................................................................................................................................ 121
3.9 - Subdivisão para enqudramento de “Procedimentos de inspecção e manutenção correntes” – caso da
manutenção reactiva .............................................................................................................................. 122

CAPÍTULO 4

4.1 - Ilustração da solução corrente do ETICS (adaptado de [83,86]) ........................................................... 135


4.2 Soluções para perfis de protecção das extremidades inferiores do sistema (adaptado de [83])............. 138
4.3 Soluções para perfis de protecção das extremidades laterais do sistema (adaptado de [83]) ................ 139
4.4 Soluções para perfis de protecção das arestas verticais do sistema (adaptado de [83])......................... 139
4.5 Soluções para elementos de recobrimento ao nível dos peitoris (adaptado de [83]) ............................. 140

XIII
4.6 Junta dessolidarizante do sistema relativamente a um elemento saliente rígido da construção
(adaptado de [83]).................................................................................................................................. 140
4.7 Exemplo de perfil de cobre-junta (adaptado de [83]) ............................................................................ 141
4.8 Soluções possíveis para aplicação da cola no verso das placas do isolante (adaptado de [83]) ............ 141
4.9 Sobreposição dos bordos de faixas contíguas de armadura (adaptado de [95]) .................................... 141
4.10 Reforço de armadura no enfiamento dos ângulos dos vãos (adaptado de [83]) .................................... 142
4.11 Definição de patamares de degradação para análise visual de rebocos (adaptado de [34,53]).............. 149
4.12 ETICS – níveis de incidência da degradação e critérios de classificação .............................................. 149
4.13 Distribuição dos defeitos em função do número total de planos analisados.......................................... 153
4.14 Distribuição dos defeitos em função da área total de planos analisados ............................................... 153
4.15 Distribuição individualizada dos defeitos por edifícios – gráfico de colunas........................................ 154
4.16 Distribuição individualizada dos defeitos – gráfico de barras ............................................................... 155
4.17 Distribuição dos defeitos em função da exposição das fachadas........................................................... 157
4.18 Grau de gravidade das anomalias – distribuição por níveis de incidência............................................. 157
4.19 Grau de gravidade geral das anomalias ................................................................................................. 158
4.20 ETICS – Curva de degradação proposta para o caso em estudo (sem manutenção).............................. 164
4.21 ETICS – Curva de degradação para a estratégia de limpezas com periodicidade de 1/2 da vida útil
total inicial (14 anos) ............................................................................................................................. 172
4.22 ETICS – Curva de degradação para a estratégia de limpezas com periodicidade de 1/3 da vida útil
total inicial (9,33 anos) .......................................................................................................................... 173
4.23 ETICS – Curva de degradação para a estratégia de limpezas com periodicidade de 1/4 da vida útil
total inicial (7 anos) ............................................................................................................................... 173
4.24 ETICS – Curva de degradação para a estratégia de limpezas com periodicidade de 1/5 da vida útil
total inicial (5,6 anos) ............................................................................................................................ 174
4.25 ETICS – Curva de degradação para a estratégia de reparações ligeiras com periodicidade de 1/2 da
vida útil total inicial (14 anos) ............................................................................................................... 175
4.26 ETICS – Curva de degradação para a estratégia de reparações ligeiras com periodicidade de 1/3 da
vida útil total inicial (9,33 anos) ............................................................................................................ 175
4.27 ETICS – Curva de degradação para a estratégia de reparação pesada com periodicidade de 1/2 da
vida útil total inicial (14 anos) ............................................................................................................... 176
4.28 ETICS – Curva de degradação para a estratégia de reparação pesada com periodicidade de 3/4 da
vida útil total inicial (21 anos) ............................................................................................................... 177
4.29 ETICS – Curva de degradação para uma limpeza a 1/2 da vida útil total inicial (14 anos), seguida de
uma reparação ligeira no período de vida útil total inicial (28 anos)..................................................... 178
4.30 ETICS – Curva de degradação para uma limpeza a 1/2 da vida útil total inicial (14 anos), seguida de
uma reparação pesada no período de vida útil total inicial (28 anos) .................................................... 178
4.31 ETICS – Curva de degradação para uma limpeza a 1/3 da vida útil total inicial (9,33 anos), seguida
de uma reparação ligeira no período de 2/3 (18,67 anos) da vida útil total inicial ................................ 179
4.32 ETICS – Curva de degradação para uma reparação pesada a 1/2 da vida útil total inicial (14 anos)
seguida de uma limpeza no período de vida útil total inicial (28 anos)................................................. 180
4.33 Representação gráfica da variação dos valores do VAE LCC (€/m2) para cada estratégia de
manutenção preventiva proposta conforme descritas no Quadro 4.11 .................................................. 186
4.34 ETICS – Curva de degradação sem manutenção numa estratégia predictiva ........................................ 195
4.35 ETICS – Curva de degradação para a estratégia de limpezas com periodicidade de 1/2 da vida útil
total inicial (15,8 anos) .......................................................................................................................... 196
4.36 ETICS – Curva de degradação para a estratégia de limpezas com periodicidade de 1/3 da vida útil
total inicial (10,5 anos) .......................................................................................................................... 197
4.37 ETICS – Curva de degradação para a estratégia de limpezas com periodicidade de 1/4 da vida útil
total inicial (8 anos) ............................................................................................................................... 197
4.38 ETICS – Curva de degradação para a estratégia de limpezas com periodicidade de 1/5 da vida útil
total inicial (6,3 anos) ............................................................................................................................ 198
4.39 ETICS – Curva de degradação para a estratégia de reparações ligeiras com periodicidade de 1/2 da
vida útil total inicial (16 anos) ............................................................................................................... 199
4.40 ETICS – Curva de degradação para a estratégia de reparações ligeiras com periodicidade de 1/3 da
vida útil total inicial (10,5 anos) ............................................................................................................ 199
4.41 ETICS – Curva de degradação para a estratégia de reparação pesada com periodicidade de 1/2 da
vida útil total inicial (16 anos) ............................................................................................................... 200
4.42 ETICS – Curva de degradação para a estratégia de reparação pesada com periodicidade de 3/4 da
vida útil total inicial (24 anos) ............................................................................................................... 201

XIV
ÍNDICE DE FIGURAS

4.43 ETICS – Curva de degradação para uma limpeza a 1/2 da vida útil total inicial (16 anos), seguida de
uma reparação ligeira no período de vida útil total inicial (31,5 anos).................................................. 201
4.44 ETICS – Curva de degradação para uma limpeza a 1/2 da vida útil total inicial (16 anos), seguida de
uma reparação pesada no período de vida útil total inicial (31,5 anos) ................................................. 202
4.45 ETICS – Curva de degradação para uma limpeza a 1/3 da vida útil total inicial (10,5 anos), seguida
de uma reparação ligeira no período de 2/3 (21 anos) da vida útil total inicial ..................................... 203
4.46 ETICS – Curva de degradação para uma reparação pesada a 1/2 da vida útil total inicial (14 anos)
seguida de uma limpeza no período de vida útil total inicial (28 anos)................................................. 203
4.47 Representação gráfica da variação dos valores do VAE LCC (€/m2) para cada estratégia de
manutenção preventiva e predictiva ...................................................................................................... 206
4.48 ETICS – Curvas de degradação para duas estratégias de melhoramento com reparações de material
idêntico .................................................................................................................................................. 209
4.49 Curvas de degradação para duas estratégias de melhoramento com substituição do revestimento
existente por pedra natural..................................................................................................................... 210
4.50 Representação gráfica da variação dos valores do VAE LCC (€/m2) para cada estratégia de
manutenção de melhoramento proposta................................................................................................. 211

Anexo 2

A.2.1. Fotografia aérea dos edifícios do Pólo II ............................................................................................... A2 – 3


A.2.2. Plantas dos edifícios do Pólo II - indicação das fachadas com ETICS................................................... A2 – 4
A.2.3. Edifícios do Pólo II – pormenor de numeração das fachadas com ETICS............................................. A2 – 5
A.2.4. Numeração das fachadas com ETICS nas plantas dos edifícios do Instituto Pedro Nunes .................... A2 – 6

XV
ÍNDICE DE QUADROS

ÍNDICE DE QUADROS

CAPÍTULO 2
2.1 - Estrutura etária do parque habitacional português (retirado de [1]) ...................................................... 21
2.2 Anomalias devidas à falta de qualidade dos projectos (retirado de [42]) .............................................. 42
2.3 - Vertentes a verificar pela revisão de projecto (retirado de [42]) ........................................................... 43
2.4 - Exemplo de Elementos Fonte de Manutenção (retirado de [44]) .......................................................... 50
2.5 - Aspectos a considerar na aplicação de estratégias de manutenção pró-activas [12,18]......................... 56
2.6 - Factores que determinam a estimativa da vida útil [29] ........................................................................ 59
2.7 - Vida útil – factores relacionados com as características intrínsecas (retirado de [47]) ......................... 60
2.8 - Vida útil – factores relacionados com o ambiente (retirado de [47])..................................................... 61
2.9 - Vida útil – factores de deterioração relacionados com condições de operação (retirado de [47])......... 61
2.10 - Classificação dos agentes, mecanismos e modelos de degradação numa fachada com revestimento
cerâmico (organizado a partir de [12,34,47,53,54]) .............................................................................. 64
2.11 - Modelos de degradação para diferentes estratégias de manutenção de um reboco monomassa
(organizado a partir de [12,24]) ............................................................................................................. 65
2.12 - Modelos de degradação para diferentes combinações de operações de manutenção (adaptado de
[12]) ....................................................................................................................................................... 67
2.13 - Requisitos de desempenho (exigências) da envolvente vertical (adaptado de [47,59])......................... 71
2.14 - Classificação de prioridades para intervenções de manutenção (adaptado de [40]).............................. 85
2.15 - Exemplo de um planeamento de acções (retirado de [40]).................................................................... 86
2.16 - Exemplo de matriz de correcção (organizado a partir de [47,62])......................................................... 87

CAPÍTULO 3

3.1 - Identificação dos principais elementos constituintes de edifícios correntes com importância para a
aplicação prática de um PIMEC ............................................................................................................ 97
3.2 Paredes - identificação da sub-estrutura de composição admissível (com base em [63,64,65,66])....... 98
3.3 - Paredes – procedimentos iniciais com a caracterização do comportamento de serviço previsto (com
base em [12,67]) .................................................................................................................................... 101
3.4 Paredes – Procedimentos iniciais complementares (com base em [64,68,69]) ..................................... 102
3.5 - Proposta de relatório de inspecção tipo ................................................................................................. 106
3.6 - Paredes – exemplos de procedimentos para monitorização de fissuras no plano da parede (retirado
de [68]) .................................................................................................................................................. 107
3.7 - Paredes – abordagem simplificada de alguns procedimentos de manutenção preventiva (com apoio
em [1,34,59,64,67,70,71]) ..................................................................................................................... 109
3.8 - Paredes – procedimentos de manutenção predictiva (com base em [65,67,71]) ................................... 113
3.9 - Procedimentos gerais para a manutenção de melhoramento.................................................................. 121
3.10 - Procedimentos gerais propostos para a manutenção reactiva ................................................................ 123
3.11 - Modelo proposto para ficha de actualização e registo ........................................................................... 126

CAPÍTULO 4

4.1 - Revestimentos exteriores de paredes (retirado de [34])......................................................................... 133


4.2 Revestimentos - identificação particular de um ETICS na sub-estrutura de composição admissível
(com base em [83,86]) ........................................................................................................................... 136
4.3 ETICS – procedimentos iniciais (com base em [86,87])........................................................................ 142
4.4 Descrição sumária dos aspectos mais relevantes dos edifícios estudados em trabalho de campo ......... 145
4.5 ETICS – procedimentos iniciais (com base em [86,87])........................................................................ 148

XVII
4.6 Ilustração de alguns defeitos observados em obra (adaptado com base em [98]) ................................. 151
4.7 Valores mínimos de vida útil a projectar para ETICS (com base em [48,49])....................................... 160
4.8 Valores adoptados para a influência dos factores no cálculo da vida útil ao caso em estudo (com
base em [12,29,86]) ............................................................................................................................... 161
4.9 Valores da vida útil do ETICS para situações variáveis de manutenção (com base em [12,29,86]) ..... 162
4.10 ETICS – procedimentos de manutenção preventiva .............................................................................. 165
4.11 ETICS – Manutenção – estratégias preconizadas .................................................................................. 171
4.12 Definição das operações de manutenção a realizar no caso do ETICS e respectivos custos ................. 181
4.13 Valores do VAE LCC (€/m2) para cada estratégia de manutenção preventiva proposta....................... 186
4.14 ETICS – procedimentos de manutenção preventiva – mapa de manutenção para as estratégicas mais
económicas ............................................................................................................................................ 189
4.15 ETICS – procedimentos de manutenção predictiva (com base em [83,85,86]) ..................................... 190
4.16 ETICS – procedimentos de manutenção predictiva – inspecções propostas.......................................... 193
4.17 Vida útil prevista em cada estratégia delineada e comparação entre os resultados na manutenção
preventiva e predictiva........................................................................................................................... 205
4.18 Valores do VAE LCC (€/m2) para as estratégias predictiva e preventiva e respectiva variação ........... 205
4.19 ETICS – procedimentos de manutenção predicitiva – mapa de manutenção para as estratégicas mais
económicas ............................................................................................................................................ 207
4.20 Manutenção de melhoramento – mapa de manutenção das estratégicas definidas................................ 212

Anexo 1

A1.1. Estrutura – abordagem simplificativa de alguns procedimentos de manutenção preventiva (com


apoio em [69,82]) .................................................................................................................................. A1 – 3
A1.2. Estrutura – exemplos de procedimentos de monitorização (com base em [69,74])............................... A1 – 5
A1.3. Estrutura – abordagem simplificativa de alguns procedimentos de manutenção predictiva (com base
em [69,73,74,75,76,77,78,79,80]) ......................................................................................................... A1 – 6
A1.4. Cobertura – abordagem simplificativa de alguns procedimentos de manutenção preventiva (com
apoio em [34,81,82]) ............................................................................................................................. A1 – 8
A1.5. Cobertura – abordagem simplificativa de alguns procedimentos de manutenção predictiva (com base
em [5,36,81,82]) .................................................................................................................................... A1 – 12

Anexo 3

A.3.1. Quadro de registo do levantamento de defeitos por pano de fachada – Instituto Pedro Nunes............. A3 – 3
A.3.2. Quadro síntese do levantamento por número de panos afectados – Instituto Pedro Nunes................... A3 – 4
A.3.3. Quadro síntese do levantamento por área de panos afectados – Instituto Pedro Nunes ........................ A3 – 5
A.3.4. Quadro de registo do levantamento de defeitos por pano de fachada – Departamento de Engenharia
Civil ....................................................................................................................................................... A3 – 6
A.3.5. Quadro síntese do levantamento por número de panos afectados – Departamento de Engenharia
Civil ....................................................................................................................................................... A3 – 7
A.3.6. Quadro síntese do levantamento por área de panos afectados – Departamento de Engenharia Civil.... A3 – 8
A.3.7. Quadro de registo do levantamento de defeitos por pano de fachada – Departamento de Engenharia
Informática............................................................................................................................................. A3 – 9
A.3.8. Quadro síntese do levantamento por número de panos afectados – Departamento de Engenharia
Informática............................................................................................................................................. A3 – 10
A.3.9. Quadro síntese do levantamento por área de panos afectados – Departamento de Engenharia
Informática............................................................................................................................................. A3 – 11
A.3.10 Quadro de registo do levantamento de defeitos por pano de fachada – Departamento de Engenharia
Electrotécnica ........................................................................................................................................ A3 – 12
A.3.11 Quadro síntese do levantamento por número de panos afectados – Departamento de Engenharia
Electrotécnica ........................................................................................................................................ A3 – 14
A.3.12 Quadro síntese do levantamento por área de panos afectados – Departamento de Engenharia
Electrotécnica ........................................................................................................................................ A3 – 15

XVIII
ÍNDICE DE QUADROS

Anexo 4

A.4.1. ETICS – Mapa de estratégias de manutenção preventiva...................................................................... A4 – 3


A.4.2. ETICS – Manutenção preventiva - resultados da aplicação do método LCC........................................ A4 – 12
A.4.3. ETICS Mapa de estratégias de manutenção predictiva.......................................................................... A4 – 13
A.4.4. ETICS – Manutenção predictiva - resultados da aplicação do método LCC......................................... A4 – 24
A.4.5. ETICS – Mapa de estratégias de manutenção de melhoramento........................................................... A4 – 25
A.4.6. ETICS – Manutenção de melhoramento - resultados da aplicação do método LCC............................. A4 – 27

XIX
CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO
Capítulo 1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

ÍNDICE

1.1 - MOTIVAÇÃO E ENQUADRAMENTO


1.2 - ÂMBITO E OBJECTIVOS
1.3 - ESTRUTURA DA TESE

2
INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1 – MOTIVAÇÃO E ENQUADRAMENTO

A presente dissertação de mestrado aborda o tema da manutenção em edifícios correntes.


Trata-se de um tema insuficientemente explorado no nosso País, tanto no sector da construção
civil, como no meio científico em geral.

Particularmente nos principais centros urbanos, existe um extenso património edificado, com
elevados níveis de degradação, fruto da inexistência e desinteresse na aplicação de medidas
mínimas de manutenção. Sobressaem ainda como factores agravantes, uma cultura reactiva e
uma legislação muito generalista. Inclusivamente no sector público, com um extenso
património edificado, não existe ainda a consciência para a necessidade de realização de
acções de manutenção, planeadas e devidamente estruturadas, evitando em gastos por vezes
bastante elevados e desnecessários.

O estudo agora desenvolvido, pretende contribuir, em primeira instância, para a chamada de


atenção a todos os agentes, dos aspectos relacionados com essa temática, uma vez que
existem presentemente poucos trabalhos realizados, adaptados à área das edificações em
geral.

Além disso, há o interesse de propor, genericamente, o estabelecimento de medidas


organizadas para a implementação da manutenção em alguns dos elementos constituintes dos
edifícios e que carecerem de peculiar atenção ao longo da sua vida útil, de forma a aumentar a
durabilidade geral e evitar a incidência de custos supérfluos durante a fase de utilização.

Um outro aspecto a realçar, incide sobre a oportunidade para tentar ensaiar um modelo de
3
Capítulo 1

inspecção e manutenção, a princípio, de uma forma generalista e posteriormente, elaborar o


estudo e a aplicação mais pormenorizada sobre um revestimento delgado armado sobre
isolante.

Tratando-se de um material inovador, não tradicional, pareceu interessante a ideia de


projectar ou idealizar os procedimentos de manutenção ao revestimento em causa, vindo
assim a contribuir para uma noção aproximada das causas do seu comportamento actual e da
durabilidade provável, mediante a simulação de algumas estratégias de manutenção.

Para a realização deste trabalho, há ainda a particularidade motivante de abordar a análise de


alguns parâmetros fundamentais para a aplicação de um modelo de inspecção e manutenção.
Neste caso, julga-se destacar o desconhecimento geral sobre a vida útil dos elementos,
constituindo esta uma área de grande abrangência e elementar interesse para estudos futuros.

Existe portanto, o interesse para que este trabalho constitua um modelo próximo de um
manual, fornecendo ideias para organização adequada dos aspectos relacionados com a
manutenção, a serem aplicadas a partir da fase de promoção ou projecto de um edifício,
actualizando-se posteriormente, de uma forma constante e de acordo com as reais e
particulares necessidades inerentes a um edifício corrente.

Para além de alguns dos aspectos atrás focados, o estudo de procedimentos para a manutenção
de edifícios, surge no intuito do autor em concluir o plano de mestrado, conjugado com a
utilidade profissional daí resultante, particularmente com a contribuição para o
aprofundamento de conhecimentos relacionados com a gestão técnica dos edifícios em geral e
da sua inspecção e manutenção, em particular.

1.2 – ÂMBITO E OBJECTIVOS

Nesta dissertação expõe-se a teoria da manutenção em geral, passando abreviadamente em


revista, a sua evolução histórica, o conceito de manutenção aplicado aos edifícios, o
enquadramento da manutenção na gestão dos mesmos e a apresentação dos conceitos e dos
fundamentos intrínsecos.

4
INTRODUÇÃO

Depois, aborda-se uma proposta de modelo de inspecção e manutenção passível de aplicação


aos elementos dos edifícios em geral, sistematizando-se ao caso particular dos revestimentos
delgados armados sobre isolante (vulgarmente designados por ETICS) utilizados em extensas
fachadas dos edifícios do Pólo II da Universidade de Coimbra.

No essencial, os objectivos principais da presente dissertação são:

- Apresentar uma proposta para um modelo estruturado de procedimentos, susceptível de


realização prática, de forma a auxiliar a adequada implementação da manutenção nos
edifícios em geral;

- Proporcionar à Universidade de Coimbra, um contributo para o desenvolvimento dos seus


métodos de gestão e manutenção, ao nível do extenso património físico, sobretudo expondo
conhecimento técnico que permita a melhoria da manutenção do ETICS;

Como objectivos complementares daí advenientes:

- Contribuir para o conhecimento e divulgação dos aspectos relacionados com a manutenção;

- Sensibilizar os intervenientes no processo construtivo, para a necessidade de planeamento


da manutenção, do consequente impacto favorável dos respectivos procedimentos a curto
prazo e dos indubitáveis benefícios a longo prazo;

- Reunir informação técnica que possibilite às entidades gestoras, sobretudo de património,


melhorar o conhecimento sobre esta temática e auxiliar na realização de adequadas medidas
de planeamento da manutenção dos seus edifícios;

- Melhorar o conhecimento do comportamento dos ETICS, contribuindo igualmente para uma


melhor divulgação deste material.

Procurou-se ainda definir metodologias de identificação e caracterização de parâmetros


relativos a cada tipo de estratégia de manutenção, analisando conceitos e tentando descrever
procedimentos.

5
Capítulo 1

1.3 – ESTRUTURA DA TESE

A estrutura desta dissertação está divida em três fases fundamentais. A primeira diz respeito à
análise bibliográfica, da qual resulta o «estado da arte» incidente à temática da manutenção de
edifícios.

Com base em estudos e nalguma bibliografia que tem surgido no meio científico em geral,
projectou-se posteriormente, uma estrutura organizada de procedimentos com vista à
implementação da manutenção em edifícios correntes.

Finalmente, ensaia-se o modelo, de forma mais rigorosa, a um elemento em particular,


nomeadamente a um revestimento exterior de paredes.

Assim, a dissertação encontra-se subdividida em cinco capítulos, anexos e bibliografia,


conforme se descreve seguidamente:

O Capítulo 1 introduz o tema, a motivação subjacente à realização do presente trabalho e o


respectivo enquadramento nas necessidades actuais de se elaborarem estudos com vista ao
aprofundamento dos conhecimentos ao nível da manutenção. Além disso, referem-se os
objectivos primordiais da dissertação e a respectiva organização.

No Capítulo 2, aborda-se a teoria da manutenção em edifícios, elaborando uma breve


retrospectiva histórica e referindo alguns desenvolvimentos recentes. Posteriormente, tentou-
se enquadrar a temática da manutenção no contexto da gestão de edifícios e no processo do
empreendimento. Por fim, condensou-se a informação existente em bibliografia sobre os
conceitos e fundamentos da manutenção e da grande maioria dos aspectos acessórios.

No Capítulo 3, faz-se genericamente uma proposta de modelo para um plano de inspecção e


manutenção em edifícios correntes. Assim, a sua estrutura é linearmente descrita através da
elaboração e apresentação de organogramas. Para estabelecer uma primeira tentativa de
ilustração dos princípios de funcionamento pretendidos alcançar, é feita uma abordagem
simplificativa, através da organização de quadros, os quais apresentam os procedimentos e os
aspectos mais importantes a realçar, aplicados a um elemento em particular – neste caso às

6
INTRODUÇÃO

paredes.

No Capítulo 4, ensaia-se a aplicação do modelo proposto no capítulo anterior, de forma mais


exaustiva e com maior rigor. Para tal, estudou-se um caso de revestimento exterior utilizado
na prática em grandes extensões de paredes – o ETICS. Faz-se a descrição da sua constituição
e de alguns pormenores construtivos. Caracterizou-se ainda o comportamento em serviço e
procedeu-se a uma análise de resultados. Para complementar o enquadramento na estrutura de
modelo, ensaiou-se o planeamento teórico da manutenção, particularmente da manutenção
preventiva, predictiva e apresentaram-se algumas soluções para a manutenção de
melhoramento.

O Capítulo 5 apresenta uma análise dos resultados e das conclusões do trabalho, uma
avaliação dos objectivos e das dificuldades encontradas e sugerem-se algumas propostas de
trabalho que poderão ser objecto de desenvolvimento futuro.

A estrutura de dissertação apresenta ainda quatro anexos.

Assim, com o objectivo de enriquecer o trabalho desenvolvido no Capítulo 3, são


apresentados no Anexo 1, outros quadros com abordagens simplificativas ao modelo
proposto, os quais, poderão igualmente configurar propostas para utilização em outros
elementos com interesse no contexto geral de um edifício.

Em complemento ao Capítulo 4, apresentam-se ainda os Anexos 2,3 e 4. No Anexo 2, estão as


figuras relativas à numeração ou identificação dos panos de fachada analisados no trabalho de
campo e uma fotografia aérea ilustrativa da localização dos edifícios do Pólo II da
Universidade de Coimbra.

O Anexo 3 inclui os quadros com os registos do levantamento feito no trabalho de campo e as


respectivas sínteses.

No Anexo 4, expõem-se os mapas das estratégias de manutenção propostas para o estudo do


revestimento delgado armado sobre isolante e os quadros dos respectivos resultados de
aplicação do método de apoio à decisão – método do LCC.

7
Capítulo 1

Completa-se o trabalho com a apresentação de toda a bibliografia utilizada. Dada a vastidão


do tema e a impossibilidade de análise de toda a literatura, optou-se por fazer referência a
alguma da bibliografia utilizada pelos diversos autores consultados.

8
CAPÍTULO 2

TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS


Capítulo 2

CAPÍTULO 2

TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

2.1 - INTRODUÇÃO
2.1.1 - Da Antiguidade ao Séc. XX
2.1.2 - Os progressos recentes
2.2 - O CONCEITO DE MANUTENÇÃO
2.2.1 - Significado geral
2.2.2 - O conceito técnico aplicado aos edifícios
2.3 - OS DESENVOLVIMENTOS NO SECTOR DA MANUTENÇÃO
2.3.1 - Considerações gerais
2.3.2 - A situação em Portugal
2.3.3 - Na União Europeia
2.3.4 - Outros países
2.3.5 - Projectos de investigação, regulamentos e organismos
2.4 - ABORDAGEM À GESTÃO EM EDIFÍCIOS
2.4.1 - Enquadramento
2.4.2 - A actividade de gestão
2.4.3 - A gestão de edifícios
2.4.3.1 - Generalidades
2.4.3.2 - A gestão técnica
2.4.3.3 - A gestão económica
2.4.3.4 - A gestão funcional ou social
2.4.4 - Entidades gestoras
2.5 - O PROCESSO DO EMPREENDIMENTO
2.5.1 - Introdução
2.5.2 - Fase de promoção e planeamento
2.5.3 - Fase de concepção e projecto
2.5.3.1 - Aspectos gerais
2.5.3.2 - Projecto de durabilidade
2.5.3.3 - Plano base de manutenção e utilização
2.5.3.4 - Monitorização
2.5.3.5 - Projectar edifícios para manutenção
2.5.4 - Fase de fabrico dos materiais e componentes
2.5.5 - Fase de construção
2.5.6 - Fase de utilização e manutenção
2.5.6.1 - Generalidades
2.5.6.2 - Modelação do comportamento dos edifícios em serviço
2.6 - MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS
2.6.1 - Estratégias de manutenção
2.6.1.1 - Manutenção reactiva
2.6.1.2 - Manutenção pró-activa
2.6.1.2.1 - Manutenção preventiva
2.6.1.2.2 - Manutenção preditiva
2.6.1.2.3 - Manutenção de melhoramento
2.6.2 - Parâmetros com influência na fiabilidade de estratégias pró-activas
2.6.2.1 - Introdução
2.6.2.2 - Estratégias preventivas
2.6.2.2.1 - Vida útil
2.6.2.2.2 - Modelos de degradação
2.6.2.2.3 - Níveis de qualidade
2.6.2.2.4 - Níveis mínimos de qualidade
2.6.2.2.5 - Níveis de desempenho
2.6.2.3 - Estratégias predicivas

10
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

2.6.2.3.1 - Verificação da degradação do elemento


2.6.2.3.2 - Metodologia de diagnóstico
2.6.2.4 - Estratégias de melhoramento
2.6.3 - Operações de manutenção
2.6.3.1 - Introdução
2.6.3.2 - Limpezas
2.6.3.3 - Inspecções
2.6.3.3.1 - Técnicas de inspecção
2.6.3.3.2 - Planeamento das inspecções
2.6.3.4 - Reparações
2.6.3.5 - Prioridade das intervenções
2.6.3.6 - Planeamento das intervenções
2.6.4 - Critérios de análise
2.7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

11
Capítulo 2

CAPÍTULO 2

TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

2.1 - INTRODUÇÃO

2.1.1 – Da Antiguidade ao séc. XX

Desde há muitos séculos que existem manifestações de cuidados e de preocupação para com a
preservação das edificações, com especial incidência no património arquitectónico, dada a
necessidade de o salvaguardar para as gerações futuras.

É natural assumir que a atenção do Homem para com o desempenho dos edifícios fosse uma
preocupação constante na mentalidade dos respectivos utilizadores, desde os primórdios da
civilização – sobretudo a partir do momento em que se fixou e necessitou de um abrigo
permanente.

Podem encontrar-se na Antiguidade referências importantes relativas à conservação de


edifícios. Sir Flinders Petrie, egiptólogo do início do século passado, escavou a pirâmide de
Kahun e a cidade que lhe era anexa, que remontam ao tempo do Antigo Egipto, Reinado
Médio, 12.ª dinastia, faraó Senwosret II. É do legado obtido da escavação dessa cidade que
foi possível identificar um conjunto de “artífices” (classe social) cujo objectivo de vida era o
de proceder à reparação de edifícios e dos templos. Lidaram então com problemas de
infiltrações, utilizando folhas de palma e gorduras animais para resolverem os problemas.
Esta será porventura, uma das referências mais antigas relacionadas com a preservação dos
edifícios para que mantivessem o seu desempenho [1,2].

Do Império Romano chegaram ao nosso tempo os legados de Marcos Vitruvios Pollio, mais
conhecido correntemente por Vitruvios, um engenheiro, arquitecto e construtor que no seu
tratado de 10 volumes intitulado De architectura libri decem, refere-se pormenorizadamente à

12
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

construção em geral e como manter e cuidar dos edifícios existentes. Vitruvios escreve no
prefácio do Livro I: “Eu defino as regras para permitir àqueles que as estudarem ter
conhecimento da qualidade tanto de edifícios existentes como dos que se irão construir.” E à
frente define também: “Um edifício deve ter comodidade, durabilidade e beleza” [3]. Ao
referir-se à qualidade dos edifícios, Vitruvios parece já demonstrar uma preocupação com a
sua manutenção no tempo, reforçando esta ideia com o teor da segunda expressão, sobretudo
quando alude à característica de “durabilidade”.

Na passagem da Antiguidade Clássica para a Idade Média, viveu-se um período conturbado,


caracterizado sobretudo por importantes rupturas históricas no âmbito das quais se
desencadearam relevantes fenómenos de reutilização de monumentos. Dadas as suas
características de volumetria e robustez estrutural, induzia-se o seu reaproveitamento para fins
militares ou religiosos. O monumento era considerado como um bem disponível do qual se
tirava o melhor partido com umas destruições e acrescentos, mas sem lhe provocar um
profundo reordenamento estrutural [4].

No Renascimento, com o desenvolvimento de construções militares e apalaçadas, começam a


haver referências aos cuidados de conservação dos edifícios bem como aos custos
resultantes [1]. Surgem também as primeiras medidas regulamentares instituídas por
entidades públicas com vista à preservação dos monumentos, como sucedeu em Roma no séc.
XVII ou na Suécia, onde se publica, em 1666, uma primeira lei de protecção dos monumentos
[4]. Em 1667, na sequência do incêndio que devastou ¾ de Londres, aparece naquela cidade
um documento intitulado “Building Act of London”, o qual, para além de instituir regras de
construção, estabelece ainda a obrigação de conservação para os utentes. São disto exemplo
as referências: “os vazadouros devem permanecer limpos pelo menos quando visitados pelo
fiscal” e “os rebocos exteriores devem ser repostos se caírem e antes da passagem de um
Inverno”. A mesma publicação sugere ainda regras de iluminação, ventilação, limpeza
interna, etc.[1]

O interesse pela conservação de edifícios de outras épocas, merece uma preocupação


crescente até ao séc. XVIII. É em França que se estabelece pela primeira vez um serviço
público apenas dedicado a este assunto, com a criação, no período da Revolução de 1789, de
um Inspector dos Monumentos Históricos [5,6].

13
Capítulo 2

O desenvolvimento industrial do séc. XVIII induz a exigência cada vez maior de cuidar das
construções dada a fundição generalizada do ferro e a resultante utilização nas mesmas. Este
aspecto instituiu a necessidade de intervenções activas para manter as construções, através
por exemplo, da utilização de protectores anti-corrosivos, os quais foram talvez o primeiro
produto a conhecer um mercado no domínio da manutenção [1].

Já no séc. XIX, o desenvolvimento da tecnologia traz para a construção a possibilidade de se


utilizarem novos materiais e soluções construtivas, tanto que as preocupações com a
conservação parecem diminuir. No Reino Unido, com a Revolução Industrial e o consequente
afluxo de população aos centros industriais aparece uma grande pressão urbanística pelo que
surgem os primeiros bairros ilegais “laisser faire”. Assim, decorrente da preocupação
resultante do aparente envelhecimento dos edifícios históricos e da insalubridade devida à
ausência de manutenção daqueles bairros, William Morris (projectista, poeta e autor) publica
um Manifesto (1877) conhecido com o seu nome [7,8]. Com este documento, assume-se a
necessidade e a utilidade da manutenção de edifícios, bem como a sua instituição de forma
explícita.

Mais recentemente, no início do séc. XX, surge o interesse redobrado pelos aspectos de
conservação, sobretudo dos edifícios históricos, assistindo-se gradualmente à aproximação da
concepção multidiciplinar actual que integra a arquitectura e a engenharia. Esta evolução,
sobretudo de pendor cultural, institui uma área do conhecimento envolvendo somente os
edifícios históricos numa perspectiva mista de manutenção e reabilitação. A designação
anglo-saxónica para este domínio é conservation e embora a sua semelhança com a palavra
conservação, que em Portugal tem ainda um significado ambíguo, é muitas vezes sinónimo de
manutenção [1].

2.1.2 - Os progressos recentes

Em 1931, surge em Atenas a chamada “Carta de Atenas”, resultante da publicação da acta da


conferência promovida pelo Conselho Internacional dos Museus, que constitui um dos
primeiros documentos traduzidos em cartas de intenções – com espírito e âmbito

14
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

internacionalista – em prol da defesa, conservação e restauro do património edificado. Entre


as suas principais e mais inovadoras propostas destacam-se as seguintes [4]:

- Manifestação clara da necessidade de uma conservação e manutenção regular dos


monumentos;
- A chamada de atenção para a importância das envolventes;
- A afirmação da necessidade de um rigoroso trabalho prévio de análise e documentação
que fundamente as intervenções e que possa fornecer um diagnóstico correcto das
causas patológicas detectadas.

A evolução de conceitos e as propostas desta Carta, sobretudo centrada sobre os monumentos


(ainda considerando estes sobre a perspectiva de edificações mais ou menos isoladas), foram
adoptadas em 1932, pela Sociedade das Nações.

Este documento viria ainda a ser rectificado em 1964 pela “Carta de Veneza” (no âmbito do II
Congresso Internacional de Arquitectos e Técnicos de Monumentos Históricos realizado em
Veneza), cujo conteúdo concreto, conciso e generalista introduz conceitos de dimensão
comum, sobretudo a nível europeu [5], propondo a criação de organizações governamentais,
nos diversos países, com o objectivo de assegurar a conveniente protecção dos monumentos.
Além do mais, reafirma a importância da criação arquitectónica no projecto de conservação e
restauro e reconhece-se a importância de garantir a conservação de áreas e estruturas
edificadas mais extensas, nomeadamente os sítios urbanos ou rurais. Esta carta é ainda hoje
válida em muitos dos seus princípios, configurando os princípios básicos de uma nova Ética
de Conservação. Entre as suas normas fundamentais destacam-se [4]:

- A recomendação do retomar de técnicas tradicionais cuja durabilidade e eficiência


estão bem provadas, advogando prudência na utilização de tecnologias modernas;
- A recomendação para a necessidade de documentar e registar sistematicamente todos
os trabalhos de investigação, análise e de conservação desenvolvidos, divulgando-os;
- Aponta para a necessidade de manutenção periódica dos edifícios;
- Reforça a importância para a conservação da atribuição de um destino funcional
socialmente útil ao edifício a salvaguardar.

15
Capítulo 2

No pós II Guerra Mundial, os métodos de manutenção, adquirem grande aplicabilidade


sobretudo na área industrial, com a implementação de rotinas de manutenção em instalações
militares de fabrico de armamento dos Estados Unidos. Em consequência, os edifícios
militares são também sujeitos a semelhante metodologia, comprovando-se posteriormente a
sua utilidade e eficiência pelo excelente desempenho das instalações.

O Factories Act publicado no Reino Unido em 1961, trata a propósito a questão dos edifícios
industriais e das respectivas condições de utilização para os trabalhadores, expressando
claramente as principais inerências da manutenção - por exemplo estipulava em detalhe os
tempos de repintura interior e exterior. É também neste país que se assiste à publicação, em
1964, da primeira norma sobre manutenção – a BS 3811 [15]. É um documento voltado
sobretudo para a manutenção industrial mas já com muitos dos princípios actualmente
utilizados nos edifícios [1].

É pois, no sector industrial que a função «manutenção» tem um grande incremento e uma
importância fundamental. A função manutenção parece ter origem na era da industrialização
da ferramenta de produção [7]. Com o desenvolvimento das máquinas integrando uma
automatização cada vez mais crescente, substitui-se na linguagem comum o termo
«conservação». Desde que as máquinas produzam peças, geram também avarias. Aspecto este
que hoje em dia implica o desenvolvimento da manutenção a partir da antiga actividade de
conservação.

É a partir dos anos 40, com a expansão da aviação comercial, que se colocaram novos
desafios às questões relacionadas com a manutenção. Por um lado, obrigou a desenvolver
métodos preventivos, já que a reparação de avarias em voo raramente é possível e por outro
lado, acentuou o problema da segurança de pessoas e bens. Nasce então, no sector industrial
produtivo, a Engenharia de Manutenção que veio criar processos científicos de manutenção
preventiva com vista a aumentar a fiabilidade dos equipamentos. Com a difusão dos
computadores, a partir dos anos 60, potencia-se a capacidade de aplicação de processos mais
elaborados de análise e controlo da fiabilidade, que começam já a incluir modelos estatísticos
e físicos de complexidade crescente. Posteriormente, com o desenvolvimento da micro-
electrónica, permitiu-se a utilização de instrumentos digitais de alta precisão para medir
parâmetros de funcionamento e realizar o diagnóstico precoce de avarias. Surgem assim,

16
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

novos conceitos de manutenção, designadamente de «manutenção condicionada» e


«manutenção predictiva» [7].

No sector dos edifícios, construção, habitação e planeamento espacial, tem tido grande
importância o Internacional Council Research and Innovation in Building and Construction
(CIB), uma organização internacional, com membros em cerca de 70 países, cuja preocupação
fundamental é de aumentar o conhecimento e a experiência na conservação e manutenção do
parque de edifícios existentes. No âmbito destas preocupações, em 1978 foi formado no seu
seio, um grupo internacional de investigação, denominado W70, cujo trabalho científico
trouxe grande desenvolvimento à gestão e manutenção de edifícios, tanto que houve
necessidade de criar uma estrutura interna de cinco subgrupos [9]:

- Facilities Management
- Property Management and Maintenance Systems
- Condition Assessment Systems
- Building Conservation and Refurbishment
- Tecnhnology of Maintenance

Hoje o termo Facilities Management, ou a respectiva sigla FM apresenta grande conotação


com a manutenção de instalações destinadas a serviços, mais do que com edifícios, sobretudo
de habitação. Nos últimos anos e mesmo no âmbito de outros grupos de trabalho têm sido
realizadas imensas iniciativas nesta área, através de cursos, congressos, publicações, normas,
etc.

Actualmente, os edifícios já não são vistos como lugares passivos onde se vive e trabalha,
mas são tidos como recursos dinâmicos. A função de gestão e manutenção de edifícios tem
tido um papel diferente ao ser considerada como uma responsabilidade essencial a preservar,
mantendo valores capitais, elevando ao máximo a utilidade e o valor das construções.

A reabilitação é também cada vez mais considerada como uma opção viável no sentido de
restituir novos aspectos funcionais e económicos aos edifícios antigos em oposição à sua
demolição e reedificação.

17
Capítulo 2

O domínio da Gestão e Manutenção de Edifícios (Facilities Management and Maintenance)


alarga-se para além da gestão operacional, para incluir, entre outras coisas, a gestão
financeira, espacial e funcional – Figura 2.1.

Gestão e Manutenção de Edifícios

Gestão Financeira Gestão Espacial Gestão Operacional Gestão de Utilização

Rendas Utilização Desenho Equipamento Recolocação Satisfação


Vendas Lucro Reconstrução de e do
Compras Modernização Interiores Mobiliário Percepção Utilizador Participação
Manutenção Modernização do do
Utilizador Utilizador

Interior Especialidades Ambiente Interior Espaços Circundantes


dos
Edifícios
Exterior Vias Passeios Outros
e e Previlégios
Estrutura Acabamentos Estacionamentos Arranjos

Limpeza Segurança Qualidade Visual


do Ar Térmico
Interior Acústico

Abastecimento Electricidade Sistemas Ar Sistemas Detecção Residuos Outros Serviços


de de Condicionado de de Sólidos
Água Bombagem Transporte Incêndios e
Líquidos

Figura 2.1 – Domínio da gestão e manutenção de edifícios (adaptado de [9])

2.2 – O CONCEITO DE MANUTENÇÃO

2.2.1 - Significado geral

No domínio da Língua Portuguesa, a palavra manutenção significa genericamente “…acto ou


efeito de manter,..., conservação,...” [10].

No entanto, para outros autores, este termo poderá ter outros significados, tais como: a
“manutenção” tem a sua origem remota no vocabulário militar com o sentido de “manter, nas
unidades de combate, os efectivos e o material num nível constante” [7,11]. O conceito pode
ainda ser proveniente do processo industrial com igual aplicação aos edifícios, pelo que “a
manutenção é a combinação das acções de gestão, técnicas e económicas, aplicadas aos bens
para optimização dos seus ciclos de vida” etc. [12,13].

18
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

2.2.2 - O conceito técnico aplicado aos edifícios

A norma BSI 3811 [15], de 1984, define manutenção como sendo a combinação de todas as
acções técnicas e administrativas, incluindo o seu controlo, necessárias à reposição de
determinado elemento num estado no qual este possa desempenhar a preceito a
funcionalidade pretendida [14].

Já no que diz respeito aos edifícios, a norma BSI 8210 [16], de 1986, para gestão da
manutenção, lembra-nos que uma construção é um edifício activo que precisa de manutenção
para assegurar que o seu valor não é depreciado. Ela aponta para a necessidade de assegurar
que os edifícios e as suas infra-estruturas são mantidos para proteger a saúde e a segurança
das pessoas no seu interior e exterior [14].

De acordo com Calejo Rodrigues [1], deverá ser assumida a acepção normalizada decorrente
da norma ISO 6707/1 [17], da qual propõe a seguinte tradução: “Manutenção é a combinação
de acções técnicas e respectivos procedimentos administrativos que durante a vida útil dum
edifício se destinam a assegurar que este desempenhe as funções para que foi dimensionado”.
Para este investigador, a manutenção insere-se na globalidade dos procedimentos da gestão
técnica de edifícios, actividade esta que mais se enquadra na área da Engenharia Civil,
abrangendo todo o tipo de acções com o objectivo de garantir o desempenho das soluções
construtivas, quer através da correcção de desvios funcionais quer através da avaliação das
condições de funcionamento.

Para outros autores [18], a manutenção é uma estratégia racionalizada de inspecções


periódicas com resultados tratados à posteriori no sentido de seleccionar os trabalhos mais
prementes e prever com antecedência as verbas necessárias à execução dos mesmos. A
manutenção de uma infra-estrutura tem como principal objectivo garantir a sua
funcionalidade, isto é, manter as condições mínimas para que a sua utilização se faça sem
problemas.

Ressalve-se que esta palavra ainda apresenta hoje, na comunidade técnica, um carácter
generalista conotando-se quase sempre com a reabilitação de edifícios e é normal a sua
utilização com um duplo significado: conservação e/ou beneficiação.

19
Capítulo 2

Existem várias terminologias subjacentes à manutenção, as quais irão ser analisadas mais
adiante, com maior pormenor, no âmbito das estratégias de manutenção.

2.3 – OS DESENVOLVIMENTOS NO SECTOR DA MANUTENÇÃO

2.3.1 - Considerações gerais

O sector da manutenção começa a ter cada vez mais uma importância fundamental e decisiva
na gestão dos edifícios por contribuir em geral, para aumentar o tempo de vida útil do parque
edificado, impedindo o seu envelhecimento e controlando simultaneamente as despesas
globais inerentes.

Na construção civil em geral, existe ainda a ideia comum de se realizar nos edifícios e nos
seus componentes acções correctivas com carácter imediato, mediante a verificação do seu
estado de degradação ou das patologias existentes. Esta situação acontece não só com
intervenções nos edifícios mais antigos, mas mesmo naqueles de construção mais recente.
Ora, tal mentalidade tem de ser abandonada em favor da generalização de acções racionais de
manutenção (sobretudo pró-activas) e da disponibilidade de custos e recursos.

Em muitos países desenvolvidos já há muito tempo que se aplicam metodologias próprias na


área da manutenção em resposta às necessidades de conservação dos edifícios existentes,
sobretudo daqueles construídos nas décadas de 60 e 70. Para tal, houve a necessidade de
mobilizar importantes meios económicos, investigação e conhecimento técnico para o sector
da reabilitação e manutenção, em detrimento da construção nova.

2.3.2 - A situação em Portugal

No nosso país, verificou-se durante os anos sessenta e até meados dos anos setenta, uma
grande promoção habitacional devido sobretudo à então denominada “solução de
arrendamento”. Esta situação contribuiu para o grande desenvolvimento de parques
habitacionais urbanos de dimensão considerável. Com o passar do tempo, tornou-se realidade
a sua crescente degradação e consequentemente surgiram grandes carências ao nível da

20
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

habitabilidade e segurança. Por este motivo, há um consenso generalizado em torno da


procura de soluções urgentes. Num inquérito realizado pelo Instituto Nacional de Estatística
(I.N.E.) em 1998, sobre o estado de conservação dos alojamentos, verifica-se que 47,2% estão
em bom estado de conservação, 31,0% estão a necessitar de pequenas intervenções e 21,8 % a
requerer intervenções profundas [19].

Nos últimos anos têm vindo a ser realizados estudos que alertam para a vetustez deste parque
(Quadro 2.1) e onde se estima que mais de 50% dos imóveis carecem de intervenções
profundas e parte significativa necessita de reabilitação que lhes permita assegurar as
condições mínimas de habitabilidade [1].

Quadro 2.1 – Estrutura etária do parque habitacional português (retirado de [1])

Época de Construção Antes de 1919 1919 a 1945 1946 a 1970 1971 a 1979 1980 a 1981
Alojamentos 696 761 539 378 1 084 858 776 892 142 088
% do parque 21,5 16,6 33,5 24,0 4,4

Um estudo de 1998 do Instituto Técnico para a Indústria da Construção (referido em [19])


concluiu que eram 800.000 as necessidades de obras de reparação e manutenção residencial
mais prementes com respeito a fogos arrendados que tiveram as rendas «congeladas» durante
um largo período de tempo. Embora essas rendas estejam actualmente sujeitas a actualizações
anuais, são ainda de baixo valor, não permitindo superar custos com eventuais intervenções
necessárias.

Ao nível dos edifícios mais recentes (dez a quinze anos) é comum o envelhecimento precoce
dos elementos constituintes, sobretudo dos elementos da envolvente. Nestes, as acções de
conservação periódica ou as políticas de manutenção são dificilmente observadas, sobretudo
por ausência de responsabilização dos intervenientes ou das condições de produção, durante a
qual houve deficiências técnicas, marcando o seu comportamento e resultando na proliferação
de patologias como fissurações, humidades, deficientes condições de conforto higrotérmico e
acústico, etc. Tal cenário configura situações de recuperação complicadas, sobretudo por
causa dos custos associados e das condições existentes de gestão das propriedades.

21
Capítulo 2

Dados mais recentes (Censos 2001), mostram que em Portugal existem 5,36 milhões de casas
para 3,7 milhões de famílias, o que representa um rácio de 1,34 casas por família. O ritmo
médio de construção nova, entre 1991 e 2000, inclusive, foi de 84 mil fogos concluídos por
ano, tendo atingido os 107 mil anuais em 1999 e 2000 [12].

Nos tempos que correm é reconhecido o interesse das autarquias na reabilitação de áreas
urbanas e suburbanas, através da realização de grandes investimentos, com verbas próprias e
recorrendo a financiamentos comunitários. Ao nível do poder central, foram também dadas
respostas importantes às necessidades que até recentemente não eram consideradas
prioritárias para a sociedade portuguesa. É disso exemplo o Programa POLIS, que visa a
renovação e requalificação urbana das cidades. No entanto, na última década, quer o Estado,
quer as câmaras municipais multiplicaram por 10 o número de fogos construídos e por outro
lado verificou-se um fácil acesso à aquisição de habitação, permitindo que desde 1998 a
conclusão de fogos em Portugal tenha sido duplo da média europeia por 1000 habitantes. Esta
situação agravou os custos de manutenção com essas habitações, sem que em muitos casos
essa variável tenha estado presente na definição da obra, representando no futuro encargos
superiores ao investimento inicial [21].

Ainda não há uma sensibilização para os aspectos relacionados com a manutenção atempada,
permanecendo a cultura reactiva dos vários intervenientes e uma legislação generalista.
Refira-se também que não existe legislação específica para as acções de manutenção, embora
o Regulamento Geral das Edificações Urbanas [22] e o Decreto-Lei n.º 177/2001 de 4 de
Junho [23], imponham a obrigatoriedade de serem realizadas obras de conservação corrente
de 8 em 8 anos pelas câmaras municipais ou pelos inquilinos, com dedução no valor das
rendas [19]. Torna-se claro que estas obras raramente são executadas. Consequentemente,
verifica-se que o nosso sector da manutenção-reabilitação está muito abaixo da média
europeia (U.E.) – cerca de 5% da actividade de construção face aos 35 % da comunidade.
Apesar de tudo há uma tendência para crescer, acompanhando as necessidades de melhoria
contínua da qualidade e satisfação dos utentes [24]. Simultaneamente, são cada vez maiores
as exigências de habitabilidade, conforto, segurança e economia que os edifícios em geral e as
áreas envolventes têm de assegurar, durante a fase de utilização para garantirem a sua
sustentabilidade, requalificação e valorização [25].

22
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

Relativamente aos edifícios públicos – hospitais, escolas, etc., verificaram-se durante o


Estado Novo, as primeiras referências a alguma organização ao nível da manutenção. Para as
construções hospitalares, aparece, mais ou menos na mesma época, algum pioneirismo no
domínio da manutenção de edifícios, tendo sido até publicadas obras da autoria de Marcelo
Caetano, como por exemplo a monografia “A manutenção de edifícios hospitalares” –
Ministério das Obras Públicas – Lisboa, 1954 (mencionada em [1]).

2.3.3 – Na União Europeia

Na União Europeia, o sector da manutenção foi influenciado por dois períodos que
evidenciam o progresso do conceito de manutenção [12]. Assim, no período pós-guerra,
surgem princípios económicos e de durabilidade que fomentam a decisão sobre a demolição
ou não dos edifícios. Num outro período, a estagnação do crescimento populacional e o bem-
estar económico levam a indústria da construção a voltar-se para a manutenção e reabilitação,
como modo de aperfeiçoamento dos requisitos de habitabilidade nos edifícios existentes.

Dados referentes a 1997 da EUROCONSTRUC [26], representados na Figura 2.2,


caracterizam o mercado da construção e da manutenção e reabilitação nos países da União
Europeia. Estes são apresentados como percentagem do total da actividade de construção e
verifica-se que a média europeia no sector da habitação nova é de aproximadamente 25% e no
sector da manutenção e reabilitação essa média atinge um valor de 35%. Neste sector o nosso
país apresenta apenas 4%. Noutros estudos, mais recentes aponta-se para um valor de 6%
(Instituto Técnico para a Indústria da Construção, 1998 - referido em [12,19]).

Na Figura 2.2, os países foram dispostos segundo a tendência decrescente para a


manutenção/reabilitação. Há a destacar quatro situações diferentes:

- Um primeiro conjunto de países, como a Itália, França, Reino Unido, Suécia,


Holanda, Dinamarca e Noruega que investem claramente mais em
manutenção/reabilitação do que em construção nova;
- Um segundo grupo de países, como a Áustria, Finlândia e a Bélgica que investem
um pouco mais em manutenção/reabilitação do que em construção nova;

23
Capítulo 2

- Um terceiro grupo, onde se dá a inflexão da primazia do sector da manutenção


para o da construção nova, constituído pela Alemanha, Irlanda, Espanha e Suíça –
embora se verifique a proximidade de valores entre as duas situações;
- Um quarto grupo, constituído apenas por Portugal, onde se verifica um grande
distanciamento entre a importância do sector da construção nova e o sector da
manutenção/reabilitação.

50
45
40
35
30 Manut./Reab.
25
20
Hab. Nova
15
10
5
0
ha
do

ca

ia

a
ia

ia

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ça

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Fr

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nl

Ir
Á

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Es
no

le
N
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Fi

A
ei

D
R

Figura 2.2 – Percentagem do total da actividade de construção para a habitação nova


e manutenção/reabilitação na União Europeia no ano de 1997
(adaptado de [19]).

2.3.4 – Outros países

Há a destacar grandes desenvolvimentos sobretudo nos Estados Unidos, Canadá e Japão.

Nos Estados Unidos, por exemplo, destaca-se o facto de em edifícios de serviços, os gestores
garantirem o controlo dos custos de exploração. Segundo a associação BOMA [27], a média
de edifícios de serviços era de 20 anos (28 anos no centro e 14 nos subúrbios) o que implicou
um acréscimo no investimento no sector da manutenção. Por exemplo, o Pentágono, em 10
anos de renovação e manutenção, mobilizou custos estimados em cerca de 1,1 biliões de euros
e em 1984, o Congresso mobilizou cerca de 81,5 milhões de euros para renovar o Thomas
Jefferson Building e renovar o John Adams Building [12].

24
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

Na cidade de Nova Iorque, há um código de manutenção das construções - NYC Housing


Maintenance Code [28], um documento extenso, criado com o objectivo de proteger a
população contra os malefícios urbanos, exigindo a aplicação e o cumprimento de regras para
a existência de condições mínimas e adequadas de saúde, segurança, segurança contra
incêndios, iluminação, ventilação, limpeza, reparação, manutenção, ocupação, etc. Os títulos
principais, divididos em vários artigos, incluem:

- Manutenção, serviços e utilidades;


- Padrões físicos e de ocupação das unidades residenciais;
- Administração;
- Recurso legal e obrigações.

No Canadá, tem havido a aplicação de programas de reabilitação e manutenção dos edifícios,


sobretudo dos governamentais. Assim, desde 1992 - data da elaboração de um relatório de
auditoria aos edifícios parlamentares – foram gastos cerca de 324 milhões de euros em
projectos de segurança, saúde e manutenção. Como exemplo, foram realizados trabalhos de
remoção de revestimentos com amianto que eram utilizados na década de 50 como solução
para aumentar a capacidade de resistência ao fogo e reparação e substituição de elementos de
fachada – degradados sobretudo pela acção da humidade.

No Japão, existe desde o pós 2.ª Guerra Mundial, uma política de habitação muito voltada
para a reabilitação com financiamento total ou parcial. A prefeitura de Tóquio é proprietária e
gestora de uma parque com mais de 250 mil casas e por ano, há o objectivo de renovar cerca
de 3500 habitações, construir 1500 e reabilitar 2000.

A norma “Technical Standard for Maintenance and Modernisation of Government Building


Ministry of Construction” de 1982 do Architectural Institute of Japan [29], apresenta as
seguintes obrigatoriedades:

- Em cada ano fiscal, elaboração de um programa de manutenção;


- Inspecção dos edifícios e dos seus elementos com aplicação, se necessário, de
medidas adequadas de manutenção para cumprimento das condições de
funcionalidade e de durabilidade;

25
Capítulo 2

- Designação de uma pessoa responsável pela manutenção;


- Registo de todos os trabalhos de manutenção executados.

2.3.5 – Projectos de investigação, regulamentos e organismos

São diversos os casos de estudos, projectos de investigação e regulamentos desenvolvidos na


óptica da manutenção de edifícios, bem como de entidades com este tema relacionadas.

Ao longo do presente trabalho irão ser destacados casos concretos relacionados com as áreas
em estudo, no entanto, abordam-se desde já algumas situações mais relevantes relacionadas
com o contexto introdutório do capítulo.

Por exemplo, no âmbito da manutenção planeada, foi elaborado em 1989 na Irlanda, um


estudo [30] para a “Corporação de Dublin” que é a maior autoridade pública do país, com 38
125 edifícios arrendados e 22 375 habitações próprias. Constatou-se, no ano de 1987 que 69%
das despesas de manutenção eram para manutenção curativa, 17% para manutenção cíclica
planeada e 14% destinava-se a manutenção programada planeada. O estudo sugeriu o
incremento da manutenção em três níveis de planeamento a longo, médio e curto prazo,
tendo-se verificado que o seu faseamento fortaleceu a manutenção planeada, programada e
cíclica de maneira que actualmente é despendido 50% do total das despesas nesse tipo de
manutenção.

Noutro campo, refira-se a progressão de países como o Reino Unido e a Holanda, nas
inspecções e monitorização de edifícios com vista à melhoria de bases de dados bem como
avaliação do seu desempenho e da sua deterioração ao longo do tempo, para facilitar
posteriores tomadas de decisão. Há também países como a Grécia, a Alemanha, a Suécia, a
Dinamarca e a Bélgica que estão a dar os primeiros passos nesse campo.

Em França, a “Sycodés” superintende um manancial considerável de informação sobre os


defeitos dos edifícios, sendo reunida e processada centralmente após a sua recepção das
companhias de seguros. Essa informação contém mais de 50 000 mil casos registados -

26
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

CIB W86 [31]. Também no Reino Unido, The Royal Institution of Chartered Surveyors
(RCIS), realiza regularmente listas com os defeitos mais comuns [32].

Nas normas AFNOR, são definidos cinco níveis de manutenção, associados ao crescente grau
das intervenções. Os níveis mais baixos referem-se às operações de manutenção preventiva,
seguindo-se as de manutenção correctiva e finalmente as grandes reparações e reconstrução.

No Canadá, o Canadian Centre for Housing Technology (CCHT) [33], entidade recentemente
criada, faz a monitorização de materiais, produtos e sistemas aplicados a situações concretas,
com o objectivo de melhorar a qualidade, os recursos e a sustentabilidade ambiental das casas
daquele país.

O vulgarmente conhecido “Regulamento Japonês” [29], liga a existência de manutenção com


a estimativa de vida útil através da definição de níveis de desempenho dos elementos. Esta
metodologia foi alvo de grande atenção em estudos recentes realizados em Portugal [12,34].

Em Espanha, a regulamentação incentiva à realização de registos e à definição de


responsabilidades, tanto no caso dos proprietários como no caso dos utilizadores. Por
exemplo, as “Normas Tecnológicas de la Edification (NTE)” (referido em [12]) não sendo
impostas, são um bom manual para as acções de manutenção, definindo processos de
actuação para diferentes anomalias com controlos periódicos.

O avanço tecnológico nesta matéria prossegue através de projectos de investigação, dos quais
se destacam aqueles a cargo da organização CIRIA (referido em [12]):

- O “Acess for maintenance and repair: design guidance”, cujo objectivo é a


concepção de edifícios novos com acessos adequados e seguros para se poder
proceder a acções de manutenção e reparação. Este aspecto é importante do ponto
de vista de ter de ser aceite como um critério de desempenho a considerar na fase
inicial do projecto;
- O “Operational and maintenance manuals: Phase I – Buildings”, cujo objectivo é
realizar uma ferramenta que defina as operações de manutenção, com detalhes
sobre construção de edifícios, recomendações, etc.

27
Capítulo 2

Os organismos relacionados com a manutenção têm de uma maneira geral, os seguintes


objectivos:
- A promoção do estudo e a implementação de técnicas e práticas que visem a
adequada manutenção dos edifícios;
- A publicação de artigos científicos sobre a manutenção;
- Melhoria da manutenção para benefício das pessoas;
- Abordar a temática da manutenção em qualquer sector para além da aplicabilidade
em edifícios;
- Congregação e intercâmbio de organizações, empresas e instituições relacionadas
com a manutenção permitindo a constante actualização do conhecimento;
- Levantamento estatístico de aspectos relacionados com o sector e actividade de
manutenção;
- Recolher informações e experiências;
- Avaliar o impacto da manutenção na gestão de edifícios e respectivos custos, etc.

São exemplo:
- Japan Institute of Plant Maintenance (JIPM);
- European Federation of National Maintenance Societies (EFNMS);
- Associazone Italiana Manutenzione (AIMAN);
- Associação Brasileira de Manutenção (ABRAMAN);
- Building Owners & Managers Association (BOMA Internacional);
- Federação Ibero-Americana de Manutenção (FIM);
- Asociación Española de Mantenimiento ( AEM);
- Association Française des Ingénieurs et Responsables de Maintenance (AFIM) ;
- Associação Portuguesa de Manutenção Industrial (APMI).

2.4 – ABORDAGEM À GESTÃO EM EDIFÍCIOS

2.4.1 - Enquadramento

A palavra Gestão é bastante comum nos tempos que correm, sendo mesmo bastante usual
aparecer associada a qualquer actividade, embora a sua exagerada utilização tenha vindo

28
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

a dissuadir o seu potencial.

É comum referir que a Gestão é uma ciência das “organizações”. Apresenta como uma das
características mais importantes ser considerada como multi-disciplinar, pois colhe a
contribuição de muitas outras áreas da ciência. Apesar de não se constituir como uma ciência
do ponto de vista académico tradicional, ela tem uma larga difusão.

A abordagem matricial que a Gestão faz dos problemas, traz para o seu seio informação
oriunda da economia, sociologia, psicologia, engenharia, legislação, estatística e matemática,
etc. [1] A importância da utilidade da Gestão para as organizações ou empresas levou a que a
Gestão de Empresas com fins económicos emergisse como um dos principais campos de
actividade da Gestão. Mas este termo não se fica só pelas organizações empresariais, pois as
metodologias aí desenvolvidas foram sendo também aplicadas noutros contextos, mesmo
quando não está subjacente o objectivo de obter lucro. São exemplos:

- Gestão de Recursos Humanos;


- Gestão de Projectos;
- Gestão de Mercado, marketing;
- Gestão da Produção;
- Gestão Financeira;
- Gestão de Património;
- Gestão de Bens.

Assim, na lógica de que gerir é optimizar recursos para atingir objectivos, a Gestão tem uma
importância universal nos diferentes campos de actividade, podendo satisfatoriamente e com
bastante utilidade, aplicar-se na área dos edifícios, abrangendo portanto, a Gestão de
Edifícios.

2.4.2 - A actividade de gestão

Sendo a Gestão uma actividade, existem métodos que contribuem para o seu estabelecimento
– são os processos de organização das acções e procedimentos. Segundo Fayol [35], definem-

29
Capítulo 2

se seis actividades base para uma organização. Por exemplo, na actividade de Gestão, existem
os processos base da sua organização, conforme a Figura 2.3.

Assim, não será despropositado afirmar que a acção de decisão sobre um edifício em fase de
utilização tem as características de uma actividade de Gestão, ou seja, rentabiliza os meios
disponíveis na procura da solução óptima [1]. A actividade de Gestão sobre os edifícios pode
desenvolver-se em três domínios primordiais: técnico, económico e o funcional ou social,
conforme adiante se analisará.

ORGANIZAÇÃO
Actividades Base

Processos

Técnicas ...
Comerciais ...
Financeiras ...
Segurança (manutenção da proprieade física) ... Planeamento e Previsão
Contabilidade ... Organização
Gestão Direcção
Coordenação
Controlo

Figura 2.3 – Processos base de organização da actividade de Gestão (elaborado por


interpretação [1,35])

2.4.3 - A gestão de edifícios

2.4.3.1 – Generalidades

Um edifício pode considerar-se como um recurso e um bem material. Assim, um dos


objectivos fundamentais da sua utilização passa pela optimização desses aspectos.

O recurso edifício é constituído pelo imóvel ou edifício físico com todas as suas
características técnicas. A obtenção de uma resposta funcional, dentro dos parâmetros
estabelecidos aquando da sua concepção, durante o maior período de tempo possível e com o
menor custo, implica a maximização do seu desempenho durante a fase de utilização. Esta

30
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

situação só é possível se existir uma postura do utilizador ou do gestor que é típica da Gestão
e que se pode caracterizar por [1]:

- Optimizar a utilização;
- Promover acções de manutenção;
- Analisar comportamentos e proceder adequadamente;
- Proteger.

Um edifício é um bem, porque apresenta características muito particulares e bem definidas,


entre as quais se destacam a longevidade e o valor patrimonial enquanto activo real [36]. No
que diz respeito à longevidade, estão associadas questões de durabilidade que resultam da
garantia de desempenho e da importância económica que assume a idade útil do edifício.
Quanto ao valor económico, este deverá ser tido numa perspectiva de gestão, de modo a
passar da conotação de despesa para assumir a de investimento. Note-se que no nosso país, o
custo de construção é elevado, sobretudo no caso da habitação, o que para a maioria das
famílias a sua aquisição representa um esforço substancial e um endividamento significativo,
sendo muitas vezes o maior e único activo onde se aplicam as poupanças.

2.4.3.2 – A gestão técnica

A gestão técnica de edifícios é aquela que se encontra mais relacionada com a engenharia
civil, pois abrange todo o tipo de acções com o objectivo de garantir o desempenho das
soluções construtivas de um edifício, dos seus elementos ou componentes, corrigindo os
desvios funcionais e avaliando as condições de funcionamento. Fundamentalmente, trata-se
da globalidade de procedimentos implícitos na manutenção de edifícios.

É sobretudo no aspecto técnico que um edifício apresenta maiores dificuldades na sua gestão.
Nos últimos tempos, existem conceitos tais como “durabilidade”, “versatilidade” e
“fiabilidade” que assumem um peso significativo para quem tem de fazer a gestão de um
edifício. De acordo com estes conceitos, as técnicas de reparação ou de reabilitação estão em
constante mutação. Por exemplo, uma reparação já quase não é só repor uma determinada
função, mas pode ir mais além, verificando se tal reparação não vai provocar um eventual

31
Capítulo 2

decréscimo de durabilidade, um impacto estético inadequado ou provocar opções irreversíveis


[37].

2.4.3.3 – A gestão económica

Considerando que se torna cada vez mais frequente a influência dos custos diferidos ao longo
da vida de um edifício no balanço económico do investimento realizado com o mesmo, é
sobretudo ao nível desses custos diferidos que se concentra a actividade económica. Esta
integra todos os processos financeiros ou contabilísticos relacionados com o edifício e
decorrentes dos encargos com o seu funcionamento.

Os custos diferidos podem dividir-se em [1]:

- Custos de manutenção – resultam das acções de manutenção;


- Custos de exploração – resultam da actividade que se desenvolve no edifício;
- Custos financeiros – em geral têm influência no processo de empreendimento
desde a fase de planeamento à de utilização;
- Custos fiscais – com o registo ou a transacção do imóvel.

A responsabilidade da gestão passa por:

- Fomentar os meios económicos para canalizar verbas necessárias a cobrir os


referidos custos;
- Optimizar a aplicação das verbas de acordo com as necessidades do momento;
- Fiscalizar e controlar os investimentos feitos.

2.4.3.4 – A gestão funcional ou social

Esta actividade relaciona-se com a garantia de apoiar o desenvolvimento de uma adequada


utilização do edifício, com particular incidência nos deveres e obrigações do utente. A gestão
funcional subdivide-se nos seguintes processos [1]:

32
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

- Regulamentação da actividade;
- Economia de utilização;
- Promoção da gestão técnica.

No âmbito destes processos, cabe a este tipo de gestão, de uma maneira geral, definir regras
ou critérios e enquadrar comportamentos, para satisfazerem as necessidades vulgares dos
utentes.

2.4.4 - Entidades gestoras

De acordo com a Figura 2.4, ao gestor de edifícios incumbem a tarefas de gestão


anteriormente analisadas.

Ao nível da gestão técnica e para a globalidade dos procedimentos implícitos na manutenção


de edifícios, há a considerar três elementos fundamentais nesse processo: o próprio edifício,
os utilizadores e as técnicas de manutenção.

As exigências de manutenção têm origem na conjunção do edifício com os respectivos


utilizadores e os meios pelos quais se executa a manutenção, advêm das suas técnicas.

Na elaboração de planos de inspecção e manutenção de edifícios e seus componentes, é


necessário abranger todos os aspectos importantes para a eficiente gestão de recursos e custos,
salvaguardando os objectivos das entidades gestoras:

- Prolongar a durabilidade dos elementos;


- Cumprir as exigências de segurança;
- Cumprir as exigências de funcionalidade;
- Cumprir os condicionalismos locais;
- Cumprir as disponibilidades orçamentais.

33
Capítulo 2

GESTÃO ECONÓMICA

GESTOR DE EDIFÍCIOS GESTÃO SOCIAL

= Globalidade de Procedimentos Implícitos na Manutenção


GESTÃO TÉCNICA = Garantir Desempenho das Soluções Construtivas
Correcção de Desvios Funcionais
Avaliação das Condições de Funcionamento

Edifício
Exigências de Manutenção
PROCESSO DE MANUTENÇÃO Utilizadores

Técnicas de Manutenção

Segurança ( Incêndio, Intrusos, Estrutural, Elevadores)

Limpeza e Higiene

Prevenção de Anomalias
FUNÇÕES
e Gestão da Reparação de Anomalias
RESPONSABILIDADES
Controlo do Fornecimento de Energia

Actuação em Situações de Emergência

Ajuste Funcional do Edifício (Ampliações, Remodelações)

Cumprimento Legal

Figura 2.4 – O gestor de edifícios: tarefas de gestão, funções e responsabilidades


(organizado a partir de [1])

2.5 – O PROCESSO DO EMPREENDIMENTO

2.5.1 - Introdução

O ciclo de vida de um edifício engloba as fases de promoção e planeamento, concepção e


projecto, fabrico dos materiais e componentes, construção, utilização e manutenção,
demolição [12,38].

Durante estas fases, os vários intervenientes envolvidos – donos de obras, projectistas,


empreiteiros, fabricantes, entidades gestoras e utilizadores – serão responsáveis pela
durabilidade e comportamento funcional do edifício, tendo cada um, actividades específicas.

Além disso, a todos, deverá ser solicitada responsabilidade pela eficaz manutenção dos
edifícios.

34
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

No contexto da gestão de edifícios, a implementação de adequadas metodologias de


manutenção pró-activas deve constituir parte integrante de todas as fases de realização de um
empreendimento, as quais deverão estar interligadas entre si, contribuindo assim, para a
melhoria de um ciclo de qualidade.

Em todo o processo de empreendimento têm de ser tomadas medidas importantes para


assegurar uma longa vida útil para o edifício e reduzir os custos de manutenção. Os sistemas
de gestão surgem na fase de serviço para, na sequência das medidas anteriormente adoptadas,
utilizarem processos de decisão que considerem o estudo económico do ciclo de vida do
edifício.

Um “projecto” no actual estado da indústria da construção envolve a gestão de um edifício


através das diferentes fases do ciclo de vida – Figura 2.5. A eficiência, adaptabilidade,
período de vida, viabilidade económica e aparência de um edifício podem ser afectados por
decisões tomadas e acções realizadas em qualquer altura no tempo de vida de um edifício,
desde a sua concepção até à sua demolição. O projectista deverá estar envolvido em todas
estas decisões e as relações entre o projectista e os outros intervenientes é muito importante.

Relativamente a estudos efectuados no estrangeiro sobre as principais causas de anomalias em


edifícios, refira-se um trabalho de Chamoza & Ortiz [38,39], no qual esses investigadores
espanhóis compilaram informação existente em vários países europeus com os dados relativos
à situação espanhola, tendo obtido os valores médios representados na Figura 2.6.

Estes valores correspondem de uma maneira geral à ideia que se retira de qualquer análise por
amostragem do sector da construção de edifícios em Portugal, o que contraria a ideia
generalista da opinião pública de que as principais causas são devidas ao processo de
execução.

2.5.2 - Fase de promoção e planeamento

Trata-se da primeira etapa do processo do empreendimento. É neste período que se justifica


economicamente a construção do edifício, considerando os respectivos benefícios
funcionais

35
Capítulo 2

Figura 2.5 – Fases para implementação do Sistema de Gestão


(organizado a partir de [12,37,38,40])

36
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

45,0%
40,0%
35,0%
30,0%
25,0%
20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
Projecto Execução Materiais Utilização Vários

Figura 2.6 – Principais causas de anomalias em edifícios, de acordo com


Chamoza & Ortiz [38,39]

que podem ser quantificados pelas rendas e pelo valor do prédio.

O dono de obra deverá definir a vida útil que se pretende para a obra e acabamentos. Esta vida
útil corresponde ao período desde a sua inauguração até se atingir a degradação especificada
ou um nível de deficiente funcionamento, considerando que há uma manutenção corrente.

Em geral, os diversos promotores dos empreendimentos como sejam pessoas individuais,


cooperativas, autarquias e organismos do Estado, têm como objectivos principais a redução
de custos iniciais e a maximização da rentabilidade do investimento a curto prazo. Para
ultrapassar esta visão generalista, deverá ser incentivada a elaboração diversos estudos de
índole económica e social de enquadramento com o objectivo de optimizar o resultado final,
numa perspectiva integrada de salvaguarda do património edificado.

2.5.3 - Fase de concepção e projecto

2.5.3.1 – Aspectos gerais

É na fase de concepção que deverão ser devidamente equacionados os seguintes aspectos


[12]:

- A escolha adequada das soluções tecnológicas a implementar;

37
Capítulo 2

- A durabilidade e funcionalidade dos materiais;


- Os custos globais das soluções técnicas a adoptar;
- As condições de segurança e acessibilidades na execução de operações a
realizarem durante a vida útil dos edifícios.

Note-se aqui, que os projectistas têm uma importância fundamental nas opções a tomar. Há
sempre a tentação de se optar por soluções técnicas com custo inicial mais baixo, que
posteriormente se traduzirão, muitas vezes, em custos globais elevados, associados a onerosos
encargos de manutenção.

Actualmente, não existem métodos específicos aplicáveis à execução da fase de projecto no


sentido de posteriormente se obterem garantias de qualidade em aspectos relacionados com a
manutenção. Pelo que se torna necessário a criação de documentação técnica acessível aos
projectistas que incluam procedimentos a adoptar e técnicas de concepção. Esta
documentação deverá dar uma previsão ajustada do comportamento dos elementos utilizados
nas construções, sobretudo em termos da uma manutenção adequada.

2.5.3.2 – Projecto de durabilidade

Há autores que defendem que a estimativa da vida útil com base na degradação dos materiais,
deve ser cada vez mais analisada nesta fase, no âmbito de um projecto de durabilidade, pois é
aqui que se definem as grandes opções sobre durabilidade do edifício [38].

Durante esta fase devem ser realizados estudos para garantir que se atingirá a vida útil
definida, tendo em conta os fenómenos de deterioração. Isto tem de ser incluído no projecto
de durabilidade, cujas principais recomendações devem ser indicadas nas especificações
técnicas.

A vida útil definida na fase inicial, deverá ser atingida nos principais elementos estruturais,
com uma manutenção regular. No entanto cada componente do edifício, terá a sua vida útil,

38
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

em geral inferior à vida útil global, o que levará a obras de reparação durante a fase de
serviço.

As canalizações, juntas, impermeabilizações, revestimentos, etc., são elementos que


tipicamente têm vidas mais curtas.

Os elementos dos acabamentos, terão uma vida útil diferente da global, por vezes inferior, o
que levará a trabalhos de reparação, aspecto que deverá ser também analisado no projecto de
durabilidade.

A análise da durabilidade destes elementos deve definir os tempos de substituição e os


parâmetros indicadores da sua degradação. Infelizmente são raros os modelos de deterioração
para a maioria dos acabamentos e apenas se consegue estimar os tempos de vida útil, muitas
vezes em resultado de experiências anteriores de aplicação.

Todos os componentes que necessitam ser substituídos ao longo da vida do edifício devem ser
projectados com flexibilidade, o que significa que a sua substituição/reparação deverá
efectuar-se com um mínimo de perturbações na habitabilidade do edifício. São exemplos,
soluções de substituição rápida de canalizações ou aplicações de impermeabilizações por
pinturas exteriores.

2.5.3.3 – Plano base de manutenção e utilização

Há ainda quem defenda que nesta fase se deverá estabelecer uma plano de manutenção e
utilização onde ficassem estabelecidos aspectos como todas as acções de manutenção
perspectivadas necessárias realizar, a sua periodicidade, as recomendações de utilização e
outras particularidades [12].

É assinalada a importância para o facto de tal documento estar de acordo com a “Compilação
Técnica”, da regulamentação de segurança e higiene no trabalho – Decreto-Lei n.º 273/2003,

39
Capítulo 2

de 29 de Outubro [41] – dado que resulta da necessidade de cumprimento dos princípios


gerais de prevenção durante as operações de manutenção.

2.5.3.4 – Monitorização

Considerando que os actuais modelos de degradação dos elementos constituintes dos edifícios
ainda não são satisfatoriamente fiáveis, torna-se necessário criar ou desenvolver sistemas de
monitorização com a sua definição na fase de projecto.

Com a monitorização pode obter-se periodicamente os valores dos parâmetros principais que
controlam a degradação, como por exemplo [38]:

- A profundidade de carbonatação;
- O teor de cloretos;
- Os níveis de corrosão, etc.

Desta forma, consegue-se actualizar os modelos de previsão adoptados em projecto.

No caso de edifícios importantes, para além dos aspectos relacionados com a durabilidade,
dever-se-ia também ter em atenção a monitorização, com o objectivo de acompanhar o seu
comportamento estrutural ao longo da fase de serviço. Por exemplo, em situações de
anomalias ou acções de acidente (vento ou sismo) permitir-se-á tomar decisões sobre
segurança.

É também na fase de projecto que deve equacionar-se o controlo e o tratamento de dados


(geralmente descurados e minimizados). Na ausência deste controlo haverá o risco de o
planeamento inicial das operações de manutenção não coincidir com o comportamento real
em serviço.

A manutenção pró-activa segue uma filosofia do tipo indicada na Figura 2.7, na qual o retorno
de informação aos projectistas é importante - como por exemplo a caracterização do
desempenho das soluções preconizadas. Assim, constitui-se um dado importante para a
decisão e escolha dessas mesmas soluções em futuros empreendimentos [40].

40
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

Promoção até ao fim da Utilização e Exploração


construção
Modo de actuação
Análise do projecto Acções de manutenção
Recolha de dados Anomalias imprevistas
Planear intervenções Controlo/Registo
Orçamento previsional Tratamento de dados

Retorno de Informação

Figura 2.7 – O retorno de informação na manutenção pró-activa [40]

2.5.3.5 – Projectar edifícios para manutenção

Na sociedade em que hoje vivemos, existe uma maior consciencialização para a grande
importância da qualidade em todos os sectores de actividade, nomeadamente no sector da
construção. Desta forma há cada vez a maior tendência em valorizar a qualidade como critério
de selecção de fornecedores de produtos e serviços deste sector, de entre os quais se evidencia
o da construção.

Neste caso, o projecto tem um peso importante ao longo do processo de construção,


manutenção e utilização das construções. No entanto, na grande generalidade das situações,
existem enormes demonstrações da falta de qualidade evidenciada pelos mesmos.

Por este motivo será importante proceder atempadamente à revisão de projectos. Esta prática
tem tido alguma aplicação em projectos complexos, sobretudo de obras públicas, no entanto
não tem tido prática generalizada ao nível da concepção do dito projecto comum.

Acrescente-se que nos últimos anos tem-se assistido a um incremento dos métodos de
controlo e certificação com o objectivo de melhorar a qualidade sobretudo na fase de
execução. No entanto, o mesmo não se tem passado ao nível do projecto, uma vez que será
em primeira instância pela qualidade destes, que se repercutem posteriormente as
intervenções em obra.

41
Capítulo 2

É normal culpabilizar a execução pelas anomalias existentes nos edifícios, no entanto, estudos
realizados em diversos países a casos de projectos de estruturas onde existe um maior
controlo de projecto, concluíram que 40 a 50% dos custos necessários com a reabilitação de
construções novas afectadas por defeitos têm procedência em situações originadas por erros
ou omissões de projecto. Um registo de inspecções a casos reais, permite a apresentação do
Quadro 2.2, no qual se resumem as principais anomalias e causas associadas à falta de
qualidade dos projectos.

Quadro 2.2 – Anomalias devidas à falta de qualidade dos


projectos (retirado de [42])

TIPO DE ANOMALIA CAUSAS ASSOCIADAS


- Recobrimento de armaduras insuficiente;
Corrosão das armaduras dos
- Omissão no projecto das condições de exposição ambiental e medidas
elementos de betão armado
particulares de protecção, assim como a composição do betão
- Assentamento das fundações devido a insuficiente informação
geotécnica e/ou utilização do edifício;
- Má concepção face às principais acções;
Fendilhação - Quantificação inadequada das acções;
- Modelos incorrectos de análise ou dimensionamento
- Fendilhação nas fachadas devida ao deficiente tratamento das pontes
térmicas;
- Má concepção originando deficiente ventilação das habitações e
Condensação
variações térmicas significativas.
- Deficiente pormenorização das ligações e remates das telas de
impermeabilização;
- Má concepção (pendentes insuficientes, pormenores construtivos mal
Infiltrações
concebidos, etc.);
- Deficiente isolamento dos elementos construtivos nas caves e em
relação ao terreno.
- Assentamento das fundações devido a insuficiente informação
geotécnica e/ou utilização do edifício;
Deformações excessivas dos
- Má concepção face às principais acções;
elementos estruturais
- Quantificação inadequada das acções;
- Modelos incorrectos de análise ou dimensionamento.
Segregação do betão - Mau dimensionamento, excesso de armadura
- Dimensionamento inadequado das tubagens;
Entupimento de esgotos - Deficiente concepção das caixas de recepção de esgotos e das cotas de
entrada e saída, contribuindo para deficientes condições de drenagem.

A revisão do projecto pode passar por seis vertentes importantes, conforme o Quadro 2.3.

Uma empresa que se dedique a esta actividade, deve dispor de um corpo técnico permanente
com experiência em projecto manutenção e patologia das construções e um corpo técnico
consultor com especialistas nas diversas áreas envolvidas.

42
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

Além da racionalização dos custos da obra, a necessidade de rever os projectos coloca-se


também em termos dos custos de manutenção.

Quadro 2.3 – Vertentes a verificar pela revisão de projecto (retirado de [42])

VERTENTE OBJECTIVO DA REVISÃO


- Comportamento adequado da estrutura e fundações em função das
Segurança de estruturas e acções a que o edifício vai estar submetido, função da zona em que se
fundações encontra;
- Métodos de construção preconizados
- Adequada durabilidade e facilidade de reparação do edifício na
globalidade, incluindo os seus componentes, materiais, sistemas e
Durabilidade/ Manutenção
instalações com o objectivo de redução de custos com manutenção;
- Facilidade de limpeza
- Minimização de custos energéticos, sobretudo em termos de
Energia
climatização e iluminação
Qualidade do ambiente - Criar condições para um ambiente interior saudável, ao nível da
interior qualidade do ar e protecção ao ruído
Segurança - Contra incêndios, emergência e intrusão
Ambiente - Princípios de construção sustentável

Assim como o projecto é uma das fases iniciais do ciclo de vida de um edifício, o grau com
que cada projecto é realizado em sincronização com as considerações de manutenção terá
maior impacto na execução dos edifícios. Foi realizado um estudo [43] com 200 das maiores
firmas de projecto nos Estados Unidos da América do Norte para investigar a relação entre as
práticas de projecto e as considerações de manutenção. Os resultados apurados indicam que a
performance de edifícios terá realce se os projectistas estiverem informados sobre os assuntos
relacionados com a manutenção.

Nesse estudo e conforme a Figura 2.8, concluiu-se por exemplo, que os projectistas não se
preocupam muito com factores relacionados com as categorias da manutenção de edifícios
(facilidade de limpeza, facilidade de reparação/substituição e acesso à área a limpar)
comparando com outras categorias, provavelmente porque em muitos casos, o cliente não é o
utilizador final do edifício e por vezes têm alguma percepção dos problemas dos edifícios em
uso. Consequentemente e em geral, os clientes colocam indevida importância aos custos
iniciais e ignoram o período de custos com reparações e reabilitação - como a despesa de um
projecto funcional eficiente, segurança e conforto dos utilizadores - factores estes que são
mais para agradar/atrair os compradores ou inquilinos.

43
Capítulo 2

Extremamente 4,00
Importante 3,34 3,26 3,17 3,15 3,13 3,13 3,13 3,08 3,04 3,04 2,96 2,92 2,85 2,77 2,74 2,72
Muito Importante 3,00 2,66 2,66 2,60
2,21 2,11
1,96
Alguma Importância 2,00

Menos Importante 1,00

Sem Importância 0,00

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Figura 2.8 – Distribuição de factores no projecto de edifícios por ordem de
importância (adaptado de [43])

2.5.4 - Fase de fabrico dos materiais e componentes

A necessidade de se proceder a um bom controlo de qualidade de fabrico e fornecimento dos


materiais visa precisamente garantir a vida útil planeada. Para tal será necessário impor um
rigoroso cumprimento de especificações e normas oficiais de aplicação obrigatória, como seja
o caso da Directiva Europeia 89/106/CE sobre produtos de construção que indica os
principais Requisitos Essenciais a que devem obedecer os materiais:

- Resistência mecânica e estabilidade;


- Segurança contra incêndios;
- Higiene, saúde e ambiente;
- Segurança na utilização;
- Protecção contra o ruído;
- Economia de energia e retenção de calor.

Actualmente, as questões de marketing e de produtos novos, muitas vezes considerados


milagrosos estão relacionadas fundamentalmente com um aspecto importante já referido
anteriormente e muito descurado: a durabilidade. Note-se que admitindo hipoteticamente que
os produtos novos têm um bom nível de qualidade na generalidade, o factor durabilidade
torna-se sempre um enigma. Isto porque, sendo novos, ainda não tiveram tempo de aplicação

44
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

suficiente para serem avaliados. Com o período de garantia de 5 anos, sentiu-se uma pressão
adicional pró qualidade. No entanto, repare-se, essa qualidade dificilmente poderá ser bem
avaliada num período de tempo tão curto, quando o seu tempo de vida útil esperado é de no
mínimo 50 anos.

De uma forma geral, é indispensável salientar a necessidade de incrementar os estudos


científicos na fase fabricação dos materiais mais recentes no sentido de se disponibilizarem
aos intervenientes no processo de construção (sobretudo dos projectistas) um leque mais
alargado de soluções técnicas a adoptar na fase de projecto/execução, permitindo também a
implementação de adequadas acções de utilização e manutenção. Além disso, é igualmente
importante que os fabricantes e fornecedores fortaleçam o desempenho dos seus produtos,
mediante a sua constante análise e melhoramento, tendo por base a recolha de informação do
seu comportamento em serviço.

2.5.5 - Fase de construção

Sendo uma das principais fontes de anomalias nos edifícios, é nela que vão convergir alguns
factores como [39]:

- Insuficiente preparação dos vários intervenientes;


- Deficiente pormenorização de projecto;
- Utilização de cadernos de encargos mal elaborados;
- Incorrecta escolha ou aplicação de materiais.

Durante a execução, é importante que os empreiteiros e subempreiteiros cumpram os


princípios legais a que estão obrigados, respeitando as definições de projecto e respectivas
especificações técnicas. Da mesma, as entidades responsáveis pela fiscalização dos
empreendimentos deverão aumentar a sua eficácia para garantir na execução bons níveis de
qualidade e o cumprimento integral das obrigações legais.

O bom desempenho dos edifícios em serviço depende da forma como se executam os


trabalhos de construção. Em geral, estes são responsáveis por grande parte dos casos de
anomalias durante a fase de utilização.

45
Capítulo 2

Um bom controlo de qualidade, é o melhor processo para se garantir a vida útil planeada. Pelo
que o controle de qualidade deve ser realizado pelo empreiteiro e verificado pela fiscalização.
As principais actividades relacionadas com a durabilidade são as seguintes [38]:

- Análise das propriedades dos materiais estruturais


Por exemplo, antecedendo as betonagens, o empreiteiro deve estudar as composições
do betão para verificar se são atingidas as características especificadas em termos de
durabilidade. Este aspecto é especialmente importante dado que os ensaios de
durabilidade demoram bastante tempo e devem ser realizados o mais cedo possível.
Deve existir ainda, um controle de recepção dos materiais e depois, durante a
construção, devem ser realizados ensaios de comprovação da uniformidade da
produção.

- Controle in situ
O controle periódico realizado in situ é fundamental para a qualidade da obra final,
pois permite verificar se as características de durabilidade se mantêm.

- Métodos de construção
Os métodos de construção devem ser implementados de modo a garantir os melhores
procedimentos para se atingir uma boa durabilidade. Por exemplo, as actividades
relacionadas com a vibração, cura, controle de calor de hidratação, etc., são
importantes para garantir uma boa durabilidade. O cumprimento das especificações de
aplicação dos acabamentos e realização de ensaios de funcionalidade são igualmente
importantes para garantir a durabilidade das condições de habitabilidade.

2.5.6 - Fase de utilização e manutenção

2.5.6.1 – Generalidades

Um edifício em fase de utilização é um sistema de características próprias e difícil de

46
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

compreender. Essas características interligam-se para garantir o desempenho do todo, que é o


edifício. O desempenho só é alcançado através de mecanismos cuja complexidade são, na sua
grande maioria, impeditivos de serem analisados e interpretados.

Tais dificuldades surgem principalmente dos seguintes aspectos [37]:

- Grande diversidade de actuação dos utilizadores;


- Formas correctas e incorrectas de utilização;
- Grande número de respostas funcionais que o edifício desempenha;
- Grande variedade de elementos, componentes e materiais que constituem o edifício;
- Resultado de um faseamento e não de uma acção única.

Em geral, a análise do comportamento de um edifício em serviço é feita de forma global, ou


seja, o edifício é visto como um todo e comparado com um padrão. Desta forma, não se
analisam desempenhos ou comportamentos mas fazem-se comparações que ajustam como
padrão o mesmo edifício novo ou uma solução ideal do edifício na mesma data. Um dos
aspectos que permite realizar esse tipo de comparação é o envelhecimento e a degradação
intrínseca ao mesmo.

No entanto, é frequente apresentar o desempenho de um edifício pela evolução no tempo do


nível de qualidade que este exibe. Assim, o nível de qualidade entende-se como sendo a
ponderação da resposta que os diversos sistemas dão às exigências funcionais que lhes são
impostas. A degradação aparece como sendo a incapacidade de determinados sistemas do
edifício em dar resposta às funções inicialmente previstas. Cabe assim à manutenção resolver
essas incapacidades para manter o nível inicial de qualidade.

Nos tempos que correm, os trabalhos de manutenção feitos nesta fase são apenas os
necessários e quase sempre estão associados a situações de emergência que precisam de uma
solução imediata. Porque não foram previstas, estas intervenções causam destabilização dos
orçamentos anuais e são sempre resolvidas com a escolha de técnicas mais baratas. Este
factor, relacionado com intenção de perturbar minimamente a utilização normal dos edifícios,
conduz à utilização de técnicas menos adequadas que não resolvem o problema e terão de ser
novamente aplicadas mais tarde.

47
Capítulo 2

A Figura 2.9 caracteriza a fase de serviço/utilização e manutenção, o comportamento e os


factores de degradação de um edifício.

2.5.6.2 – Modelação do comportamento de edifícios em serviço

Para modelar o comportamento de um edifício na fase de utilização, existem estudos que


apontam para a utilização de:

- Modelos Físicos – encerram uma componente “física” na determinação do


comportamento em serviço, ou seja, procura-se identificar a durabilidade de cada
“solução construtiva” a partir dos ensaios que permitam simular as condições reais
de serviço e a partir daí, inferir comportamentos.

- Modelos Estatísticos – resultam fundamentalmente da observação de soluções em


serviço a partir das quais, e uma vez caracterizados os factores de degradação, são
feitas deduções de comportamento futuro.

Na base da teoria desse comportamento, um edifício comporta-se de acordo com uma resposta
orgânica a estímulos previstos (funcionais) e uma resposta orgânica a estímulos não previstos
(disfuncionais).

Esta resposta orgânica estabelece-se por meio de uma cadeia de relações causa/efeito de que a
“manifestação” é apenas uma parte detectável da resposta.

Em edifícios, é comum existir subjacente a uma manifestação patológica não apenas uma
causa mas um conjunto de causas e efeitos intermédios que a condicionam.

Pesquisas recentemente realizadas [44] apontam para a construção de algoritmos de


comportamento face à durabilidade em serviço. Na base da sua teoria está que o
comportamento de um edifício decorre da modelação de núcleos de degradação síntona –
EFM (Elementos Fonte de Manutenção). Estabelece-se assim que, face à degradação, um
edifício mobiliza interdependências entre diferentes elementos e ou componentes que podem

48
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

Figura 2.9 – Caracterização da fase de serviço/utilização e manutenção de um


edifício (organizado a partir de [37])

49
Capítulo 2

não corresponder ao mesmo sistema ou subsistema construtivo. Os EFM são o conjunto de


elementos agrupados segundo essa interdependência – Quadro 2.4.

Quadro 2.4 – Exemplo de Elementos Fonte de Manutenção (retirado de [44])

Elementos Fonte de Manutenção


Nível 1 Nível 2 Nível 3
1.1.1. – Fundações
1.1. - Estrutura 1.1.2. – Elementos Verticais
1.1.3. – Elementos Horizontais
1 – Elementos edificados 1.2.1. – Exteriores
1.2. – Panos de parede
1.2.2. – Interiores
1.3.1. – Acessível
1.3. - Cobertura
1.3.2. – Não acessível
2.1.1. – Tectos
2.1. – Revestimentos Horizontais
2.1.2. – Pavimentos
2.2.1. – Exteriores
2.2. – Revestimentos Verticais
2. Acabamentos 2.2.2. – Interiores
2.3.1. – Portas
2.3. – Vãos exteriores
2.3.2. – Janelas
2.4. – Vãos interiores 2.4.1. – Portas
3.1.1. – Rede
3.1. – Abastecimento de água
3.1.2. – Louças e comandos
3. Instalações 3.2. - Esgotos 3.2.1. – Rede
3.3.1. – Rede
3.3. - Electricidade
3.3.2. – Aparelhos
4.1.1. – Ventilação
4.1.2. – Equipamento
4. Outros 4.1. - Outros
4.1.3. – Juntas
4.1.4. – Outros

A estrutura desse modelo de simulação está dividida em duas áreas:

1 – Previsão de intervenções de manutenção

Considerando o tempo médio entre intervenções (TMI) de cada EFM como uma
grandeza aleatória (caracterizada por uma distribuição de densidade de
probabilidade) afectada por dois factores de condicionamento, a estimação da
durabilidade/fiabilidade do edifício passa por duas fases:

a) Construção das distribuições de densidade da probabilidade aplicando a


metodologia desenvolvida a partir do Teorema de Bayes: a obtenção de
histogramas de densidade de probabilidade por estimação com base em ensaios
comparativos, de forma determinística fixando durações fixas e observação da

50
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

realidade e respectiva análise de frequências. Em qualquer destas formas são


considerados os seguintes factores de condicionamento – probabilidade de
erros (projecto, construção, utilização), taxas de acidentes e dados reais.

b) Simulação no tempo por recurso ao processo de Monte Carlo para estimar o


ciclo de vida de um edifício.

2 – Previsão de Custos

A previsão de custos de intervenção é feita de forma semelhante à dos tempos,


recorrendo à simulação por Monte Carlo a partir de um histograma de distribuição
de custo base, obtido a partir da análise estatística de casos reais, estimado ou
determinado. A actualização ou diferimento dos montantes envolvidos é feita por
meio de taxas, fixadas por meio de curva de evolução.

2.6 – MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

2.6.1 - Estratégias de manutenção

A manutenção é cada vez mais um factor fundamental na gestão dos edifícios com um peso
marcante, em termos de custos totais, durante o seu de ciclo de vida. De acordo com
Perret [45], numa construção em que a vida útil é de 50 anos, as despesas relacionadas com as
fases de concepção e de execução representam cerca de 20 a 25 % dos custos totais, enquanto
que a fase de exploração e manutenção constitui cerca de 75% a 85% desses mesmos custos.

Com a previsão e realização de estratégias de manutenção adequadas, é possível determinar


os instantes, durante a vida útil dos elementos, em se deve proceder a intervenções de
reparação ou substituição. Desta forma, optimizam-se custos e recursos que minimizarão
gastos desnecessários para tais intervenções.

Por exemplo, um estudo feito na Universidade de Bristol [46] no intervalo de tempo entre
1969 e 1975, concluiu que em edifícios de escolas e serviços, a aplicação de uma deficiente

51
Capítulo 2

metodologia de manutenção provocou graves problemas de conservação, sendo actualmente


evidentes.

As estratégias de manutenção habitualmente consideradas são a manutenção reactiva e a


manutenção pró-activa - Figura 2.10.

2.6.1.1 – Manutenção reactiva

Este tipo de manutenção corresponde, de forma genérica, a um estado inicial do


conhecimento. Consiste sobretudo em actuar depois da ocorrência de uma anomalia que exige
reparação ou reabilitação. Ou seja, deixa-se evoluir o mecanismo de degradação do elemento
para depois intervir. Também pode ser designada por manutenção resolutiva, manutenção
curativa ou manutenção correctiva.

Com a manutenção reactiva, garante-se a reparação de defeitos. Pode subdividir-se em:

- Pequena dimensão – reconhecer e assessorar os trabalhos para repor as condições


originais, à excepção de trabalhos de beneficiação ou reconstrução.
- Grande dimensão – corresponde a trabalhos que requerem meios significativos e
normalmente encontram-se nos domínios da beneficiação, reconstrução ou
reabilitação.
- Urgências – com uma metodologia reactiva e imediata.

Poderá parecer que este tipo de manutenção, seja a curto prazo, uma maneira menos onerosa
de intervir, mas pelo contrário, provoca custos acrescidos no empreendimento. Só se
consegue a minimização desses custos, pela implementação de procedimentos que permitam
respostas rápidas na resolução das anomalias, dentro de parâmetros económicos pré-
estabelecidos.

Na aplicação prática deste tipo de estratégia é importante ter em conta os seguintes aspectos
[12]:

52
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

Figura 2.10 – A manutenção de edifícios: enquadramento de estratégias com


planos de inspecção e manutenção e garantia de eficácia
(organizado a partir de [5,12,18,24,25,40])
53
Capítulo 2

1. Definição ou utilização de fichas de diagnóstico (pré-existentes) para actuação rápida


segundo a situação observada. Esta situação evidencia a necessidade de serem
desenvolvidas fichas-tipo (de constante actualização), que terão por base a bibliografia
técnica uniformizada e caracterizem os sintomas patológicos mais frequentes nos
elementos dos edifícios e as respectivas acções correctivas.
2. Definir responsabilidades dos diversos intervenientes no processo, com identificação
das actividades em cada intervenção – modo de actuação;
3. Conferir o carácter urgente de determinada intervenção;
4. Identificar os custos para avaliação e decisão;
5. Execução e controlo do trabalho;
6. Registar e actualizar informação num banco de dados existente ou a estabelecer.

A manutenção reactiva poderá também parecer uma solução com vantagens, no entanto,
durante a exploração de um edifício, verificam-se alguns inconvenientes, tais como [12]:

- Dificuldades em intervir perante várias situações urgentes – decorrente da falta de


planeamento;
- Rápida degradação de alguns elementos dos edifícios por inexistência de denúncia
por parte dos utentes ou porque se tratam de situações cuja reparação fica onerosa;
- Recurso a empresas para intervenções, com custos elevados, dada a inexistência
ou insuficiência de meios capazes de dar respostas atempadas.

2.6.1.2 – Manutenção pró-activa

Este tipo de estratégia é também designado por alguns autores como sendo manutenção
preventiva ou manutenção sistemática. Integra conceitos de gestão, como as acções planeadas
de acordo com critérios pré-definidos e tem por objectivo reduzir a probabilidade de
degradação dos elementos para níveis superiores às exigências estabelecidas.

Dentro da manutenção pró-activa é possível identificar três formas de manutenção: a


manutenção preventiva, manutenção predictiva e a manutenção de melhoramento –
Figura 2.10.

54
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

2.6.1.2.1 – Manutenção preventiva

Trata-se de estabelecer e executar um conjunto de actividades de manutenção com base num


planeamento e periodicidades fixas, permitindo uma diminuição de trabalhos extraordinários
e consequentemente, uma menor interferência com a normal utilização do edifício.

Tem por objectivo actuar atempadamente antes da ocorrência de anomalias ou defeitos,


definindo a prirori a vida útil dos diversos elementos e materiais, assim como proceder à sua
substituição ou reparação dentro dessa mesma vida útil [12,18].

2.6.1.2.2 – Manutenção predictiva

A manutenção predictiva (ou manutenção condicionada para outros autores) baseia-se na


realização de actividades de manutenção, em função da análise ou observação do estado de
degradação dos vários elementos, planeando primeiramente, as inspecções e não as
actividades a executar [12,18].

Tem por objectivo actuar atempadamente antes da ocorrência das anomalias ou defeitos. Ou
seja, com suporte num calendário fixo de inspecções periódicas durante as quais são avaliadas
e registadas as anomalias entretanto ocorridas e identificados os sintomas de eventual pré-
rotura, aspecto este que exige uma resposta rápida dos serviços de manutenção.

A sua implementação, através de metodologia própria de inspecções e métodos de


diagnóstico, apresenta como vantagens a possibilidade de detectar quando, como e onde é
necessário intervir bem como possibilita uma redução do número de anomalias imprevistas.

2.6.1.2.3 – Manutenção de melhoramento

Este tipo de manutenção consiste na execução de actividades que visam a melhoria das
características iniciais, por alteração de alguns elementos do edifício, evitando a sua
insuficiente funcionalidade [12,18]. Faz sentido em:

55
Capítulo 2

1. Substituição de elementos ou componentes cujo funcionamento e ou durabilidade


se tenham mostrado inadequados;
2. Substituição de elementos com degradação precoce;
3. Alterações de determinadas soluções que fizeram escola em períodos limitados no
tempo e que se revelaram inadequadas com o tempo.

Por isto se considera como sendo um complemento à manutenção predictiva.

2.6.2 - Parâmetros com influência na fiabilidade de estratégias pró-activas

2.6.2.1. – Introdução

Para a concretização de estratégias com carácter pró-activo desde a fase de projecto, há


necessidade de dar atenção a um conjunto de factores fundamentais à sua correcta
implementação e que lhes confiram fiabilidade. Assim, será necessário caracterizar alguns
aspectos importantes, de acordo com o Quadro 2.5.

Quadro 2.5 – Aspectos a considerar na aplicação de estratégias de manutenção


pró-activas [12,18]

Fundamentos Tecnológicos Operações de Manutenção Periódica Critérios de Análise


- Níveis de desempenho; - Limpezas; - Económicos;
- Níveis mínimos de qualidade; - Inspecções; - Tecnológicos;
- Vida útil; - Reparações; - Estéticos;
- Modelos de degradação. - Substituições; - Conforto;
- Tratamentos de Prevenção. - Segurança.

Referem-se nos pontos seguintes, alguns dos aspectos que se consideram relevantes para uma
correcta aplicação de uma manutenção com carácter preventivo.

2.6.2.2. – Estratégias preventivas

2.6.2.2.1 – Vida útil

Trata-se de um dos parâmetros mais importantes a considerar na fiabilidade de qualquer

56
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

estratégia de manutenção.

De acordo com a ISO/DIS 15686-1 [47,48], a vida útil é o período de tempo após a
construção, no qual o edifício ou os seus elementos igualam ou excedem as exigências de
desempenho. A ASTM E 632 [49] define como sendo o período de tempo, após colocação em
serviço, durante o qual todas as propriedades dos elementos excedem os valores mínimos
aceitáveis, assumindo a existência de manutenção de rotina.

A vida útil definida na fase inicial é esperada nos principais elementos estruturais com uma
manutenção corrente. Mas cada elemento ou componente do edifício terá a sua vida útil, que
em geral é inferior à vida útil global. Os exemplos típicos de elementos ou componentes que
geralmente têm vidas mais curtas são canalizações, juntas, impermeabilizações,
revestimentos, etc.

Como já anteriormente foi referido, é na fase de projecto que se deverá processar a análise da
durabilidade dos elementos. Para tal devem-se definir tempos de substituição e os parâmetros
indicadores da sua degradação. São raros os modelos de deterioração na maioria dos
acabamentos e geralmente só se consegue estimar os tempos de vida útil em resultado de
experiências de aplicação anterior.

Todos estes componentes que se supõe terem de ser substituídos ao longo da vida do edifício,
devem ser projectados com flexibilidade, ou seja, a sua substituição ou reparação deverá
poder ser realizada com um mínimo de perturbações no funcionamento do edifício.

Já estão a decorrer vários estudos com o objectivo de aumentar a vida útil dos edifícios,
prolongar os intervalos de manutenção e melhorar as condições em serviço dos edifícios
actualmente em funcionamento [50].

A previsão da vida útil deve ser avaliada da seguinte forma [51]:

- Referência da experiência anterior em construções, em usos e em efeitos


climáticos similares;

57
Capítulo 2

- Medição da taxa natural de degradação num curto espaço de tempo de utilização e


exposição, com a estimativa do limite da durabilidade;
- Interpolação de ensaios acelerados como forma de encurtar a resposta à acção de
um ou mais agentes de degradação.

Independentemente da metodologia utilizada, dever-se-á ter sempre em conta o seguinte [47]:

- Os mecanismos de rotura;
- Recolher a máxima informação possível que esteja disponível;
- Identificar os factores mais importantes;
- Estabelecer a relação entre resultados de laboratório a curto-prazo e as condições
de serviço a longo-prazo;
- Promover técnicas matemáticas que prevejam a vida útil em condições ambientais
semelhantes.

Como já anteriormente foi referido, as metodologias para a estimativa da vida útil estão
divididas em métodos estatísticos e métodos determinísticos. Os primeiros são mais
complexos, precisam de dados fiáveis e normalmente são difíceis de registar, comparar e
interpretar, dificultando a sua aplicação de forma eficiente [34,44].

Uma das formas de se proceder à previsão da vida útil de um elemento, pode ser através da
aplicação do método factorial do “Regulamento Japonês” [29] que baseia a degradação física
dos elementos em função de vários factores, associados ao comportamento a longo prazo, ao
meio ambiente e à deterioração. Por exemplo, para os revestimentos de fachada a estimativa
da vida útil pode ser dada pela expressão [1], cujos factores estão descritos no Quadro 2.6.

Y = Ys x A x B x C x D x E x M [1]

Em que:
Ys – Vida útil de referência
A – Desempenho dos elementos
B – Nível de projecto
C – Nível de execução
D – Condições locais e ambientais

58
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

E – Condições dos edifícios


M – Nível de manutenção

Quadro 2.6 – Factores que determinam a estimativa da vida útil [29]


Factores Descrição
Obtido através de informação técnica dos fabricantes, da experiência anterior ou de observação em
Ys construções e materiais similares, através de certificados e relatórios elaborados por entidades
conhecidas ou outra bibliografia técnica
A Depende dos materiais constituintes, fabrico, armazenagem, tipos de protecção, etc.
B Depende da pormenorização do projecto, da adequabilidade das soluções técnicas, etc.
Depende do grau de especialização da mão-de-obra, das condições climáticas durante a aplicação
C
do revestimento, etc.
D Depende da intensidade dos factores climáticos, da poluição, etc.
E Depende dos impactos mecânicos a que o revestimento está sujeito, das categorias de utentes, etc.
Depende da existência de manutenção, qualidade e frequência, de acessibilidade para execução
M
das operações, etc.

Admitindo que uma manutenção inexistente ou deficiente (M = 0,8) contribui negativamente


para a durabilidade de cada revestimento, os valores de vida útil para estas condições estão
patentes na Figura 2.11.

Revestimento de pedra natural

Revestimento cerâmico

Tinta plástica

Membrana elástica

Reboco monomassa

Tempo de vida (em anos) 0 5 10 15 20 25 30 35

Figura 2.11 – Vida útil de um revestimento de fachada para uma manutenção


inexistente ou inacabada (retirado de [24])

Os conceitos anteriores serviram de base ao método factorial da ISO/DIS 15686 [48]. Este
método tem em conta uma vida útil de referência que é afectada por diversos factores
determinísticos relacionados com a diferença entre condições específicas e condições de
referência. O método é empírico e depende da informação disponível, não caracterizando o
escalonamento da degradação dos elementos ao longo do tempo [52]. Desta forma, a vida útil
expectável (definida por ESLC) calcula-se da seguinte forma:

59
Capítulo 2

ESLC = RSLC . A . B . C . D . E . F . G [2]

Em que:
RSLC – Vida útil de referência
A – Qualidade dos componentes
B – Nível de projecto
C – Nível de execução
D – Ambiente interior
E – Ambiente exterior
F – Condições de uso
G – Nível de manutenção

Os factores de A a G têm a sua definição desenvolvida nos Quadros 2.7, 2.8 e 2.9.

Quadro 2.7 – Vida útil – factores relacionados com as características intrínsecas


(retirado de [47])

Condições relevantes (exemplos)


Características do próprio material de revestimento (composição granulométrica, relação água / cimento,
adjuvantes)
Características do material de fixação ao suporte
A Características das sub-camadas de revestimento (salpico, emboço, esboço)
Características do material de preenchimento das juntas
Características do material de revestimento na camada de desgaste
Características e condições do suporte (tipo de suporte – alvenaria, betão, isolamento, etc.).
Tratamentos de superfície (hidrófugos, selantes, pinturas)
Pormenorização do material de revestimento (espessura, dimensão, n.º de camadas, tipo de pigmentos, etc.)
Homogeneidade do suporte (eventuais movimentos diferenciais, etc.)
Sistema de fixação ao suporte (directa ou indirecta)
Protecção adequada da superfície (hidro-repelentes, etc.)
Pormenorização das juntas no revestimento dependendo da área de fachada com o tipo de revestimento
(tipo de material, largura, etc.)
B Pormenorização das zonas de intervenção dependendo da área de fachada com o tipo de revestimento (tipo
de material, largura, etc.)
Pormenores construtivos que permitam evitar a entrada de água e escorrências (existência de goteiras,
juntas na fachada, ETA)
Requisitos estéticos que evitam a acumulação de sujidade e a ocorrência de manchas (cor, textura, etc.)
Transmissão do vapor de água do conjunto parede e revestimento, tendo em conta a prevenção de
fenómenos de condensação
Especialização de mão-de-obra
Condições climáticas durante a execução (temperatura, humidade relativa)
Fixação dos andaimes
Execução dos vários componentes do revestimento (profundidade dos chumbadores, etc.)
C
Aplicação do revestimento na fachada tendo em conta as solicitações (aplicação segundo a orientação da
estrutura observada na pedreira, etc.)
Preparação e limpeza do suporte (humidade, capacidade de sucção)
Fiscalização e controlo de qualidade

60
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

Quadro 2.8 – Vida útil – factores relacionados com o ambiente (retirado de [47])

Condições relevantes (exemplos)


D Os efeitos não são significativos em revestimentos exteriores
Microclima (temperatura do ar, quantidade de água da chuva, intensidade da radiação solar, humidade
relativa, acção do vento, factores microbiológicos – fungos), poluição ambiente (industrial, marítimo)
E
Geometria da fachada (saliências, zonas expostas), orientação e inclinação
Exposição da fachada (existência de elementos de protecção)

Quadro 2.9 – Vida útil – factores de deterioração relacionados com condições de


operação (retirado de [47])

Condições relevantes (exemplos)


Solicitações na fachada (choques, etc.)
Vandalismo (graffiti)
F Ataque biológico ( árvores, plantas trepadeiras, insectos, pássaros, pombos)
Limpeza dos espaços circundantes e deterioração da superfície
Categorias dos utentes
Inexistente
Tipo de manutenção (inspecções, limpezas, reparações, tratamentos de superfície, etc.)
G Periodicidade de manutenção
Acessibilidade para executar a manutenção
Qualidade das acções de manutenção (técnicas adequadas, etc.)

Consoante cada caso, esta expressão pode ser adaptada. Além disso, pode ser avaliada por
vários sub-critérios. Em situações correntes usa-se essa expressão; para outras tem de se
utilizar equações aperfeiçoadas por várias operações de matemática e aumentando o número
de factores, com eventuais pesos. Por exemplo, o factor C – nível de execução para os
rebocos – pode ser obtido utilizando a expressão [3], cujos sub-factores (C1 a C5) afectam
positiva ou negativamente a vida útil [29]:

C = (C1 + C2) . C3 . C4 . C5 [3]

Em que:
C1 – qualificação do director de obra / encarregado (+)
C2 – existência de métodos de fiscalização e controle da qualidade (+)
C3 – aplicação em condições extremas (–)
C4 – nível de preparação do suporte – rugosidade (+), limpeza (+), molhagem (+)
C5 – tempos de secagem entre camadas e antes da pintura – tempos mínimos
garantidos (+), construção muito rápida (–)

61
Capítulo 2

Num estudo recente feito em Portugal [34], é apontado de forma qualitativa, o impacto
positivo ou negativo que cada uma destas variáveis tem na vida útil dos rebocos.

Com a quantificação destes factores e sub-factores, obtém-se uma estimativa da vida útil
eficiente que permitirá definir periodicidades de manutenção bem como melhorar a despesa
efectiva em cada intervenção.

2.6.2.2.2 – Modelos de degradação

A durabilidade de um elemento pode ser caracterizada por vários modelos de degradação.


Para estes representarem com fiabilidade o comportamento do elemento ao longo do tempo,
deverão basear-se numa adequada metodologia de diagnóstico dos mecanismos de
degradação, com sustentação no conhecimento das anomalias relevantes, dos agentes
exteriores e na avaliação das causas. Para tal, deve recorrer-se a [47]:

- Inspecções;
- Modelações teóricas;
- Ensaios laboratoriais;
- Ensaios de campo.

Os modelos, quando ajustados, possibilitam elaborar um planeamento económico a longo


prazo e estimar a vida útil restante do modelo.

Depois de um estudo efectuado a 30 mecanismos de rotura [53], por inspecção do


comportamento de três tipos de revestimentos (rebocos, revestimento cerâmico e de pedra),
conseguiu-se definir quatro padrões típicos de deterioração - Quadro 2.10. Em ordenadas,
representa-se um valor percentual a representar o desempenho funcional do elemento e em
abcissas, os tempos de vida em anos.

Para representar os mecanismos de degradação, é necessário analisar os agentes de


deterioração externos mais importantes e isolá-los de acordo com o critério da natureza do seu
mecanismo de actuação. A ISO/DIS 15686 [48], propõe uma classificação para os agentes de
deterioração que afectam a vida útil dos elementos de acordo com a sua natureza em:

62
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

- Mecânicos – gravidade, forças e deformações impostas ou restringidas, vibrações,


energia cinética;
- Electromecânicos – radiação, electricidade e magnetismo;
- Térmicos – alterações rápidas de temperatura;
- Químicos - solventes e água, agentes oxidantes e redutores, ácidos, bases e sais;
- Biológicos – microorganismos, vegetação e seres vivos.

Em geral, observa-se a actuação conjunta de vários agentes de degradação que produzem


ciclos sucessivos de causa-efeito, uns mais responsáveis que outros. Teoricamente, pode
definir-se uma curva de degradação, característica daquele mecanismo considerado como
principal responsável dos sintomas observados.

Para uma fachada constituída por alvenaria, salpisco, emboço, argamassa de assentamento e
placa cerâmica, o Quadro 2.10 classifica também os vários agentes de deterioração e
mecanismos de degradação [54]. Num estudo de simulação de estratégias preventivas [12],
validou-se um modelo que representa o mecanismo de degradação de cinco revestimentos. No
Quadro 2.11 representa-se o caso de um reboco monomassa. Assumiu-se que esse padrão
típico de deterioração está associado a fenómenos de fissuração e ou de degradação do
aspecto do revestimento – sujidades e manchas.

2.6.2.2.3 – Níveis de qualidade

O nível de qualidade define-se como sendo a satisfação, ao longo da vida útil, das exigências
pré-estabelecidas em projecto. Os níveis de qualidade estão relacionados com [12,47]:

- O grau de exigência de tolerâncias admissíveis;


- Ensaios e testes exigidos;
- Especificações técnicas estabelecidas em projecto.

A opção por um determinado nível de qualidade mais ou menos exigente depende de:
- Orçamento disponível;
- Desempenho dos materiais utilizados;
- Necessidades dos utentes.

63
Capítulo 2

Quadro 2.10 – Classificação dos agentes, mecanismos e modelos de


degradação numa fachada com revestimento cerâmico
(organizado a partir de [12,34,47,53,54])

Padrão típico de deterioração Agente Mecanismos


D

Linear Mecânico
Vento
Destacamentos pela ocorrência de
t (anos) (outros: pressões negativas nas fachadas e

Forma Linear radiação UV) consequente penetração de humidade

Agente de deterioração permanente, actuando nas camadas


continuamente no revestimento
D
Convexo
Poluentes Ataque Químico
Alterações e manchas
(outros:
t (anos) retracção das Mecânico

Forma Convexa argamassas) Degradação das camadas


Existência de fenómenos físicos e químicos
D

S
Mecânico

Água Destacamentos das placas, infiltrações


t (anos)
e manchas, com queda do
Forma S revestimento em zonas localizadas
Mudança de intensidade com o tempo (acção
física em zonas localizadas)
D

Côncavo
Ataques Biológicos
Fungos, algas Alterações e manchas
t (anos)

Forma Côncava
Acções de agentes biológicos

64
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

Quadro 2.11 – Modelos de degradação para diferentes estratégias de


manutenção de um reboco monomassa
(organizado a partir de [12,24])

Estratégia sem manutenção

Nível mínimo de qualidade = 20%


⇒ Vida útil = 13,5 anos

Estratégia com limpezas periódicas

Nível mínimo de qualidade = 20% com 4


limpezas
⇒ Vida útil = 16 anos

Estratégia com reparações ligeiras

Nível mínimo de qualidade = 20% com 8


reparações
⇒ Vida útil = 40 anos

Estratégia com 1 única reparação


pesada

Nível mínimo de qualidade = 20%


⇒ Vida útil = 22 anos

65
Capítulo 2

A variação do nível de qualidade pode ser de acordo com o tipo de intervenção ou com a
combinação das operações de manutenção.

Tipo de Intervenção

Admite-se como dado de partida, no seguimento do assunto exposto no ponto anterior que a
relação entre o tipo de operação de manutenção, o nível de qualidade e a vida útil de
determinado elemento é caracterizada, qualitativamente, como demonstra a Figura 2.12.

Figura 2.12 – Modelo de degradação para o tipo de intervenção (retirado de [12]).

As ordenadas representam o nível de qualidade do elemento (traduzido pelo seu desempenho)


e as abcissas a vida útil do mesmo.

Neste caso podem surgir três situações:

i. Com uma inspecção (I) – não há influência no nível de qualidade existente;


ii. Com uma operação de limpeza (L) – não há influência no nível de qualidade
mas vais influenciar o comportamento posterior aumentando a vida útil do
elemento (período igual a t2);
iii. Com uma operação de reparação local (R) – haverá um acréscimo do nível de
qualidade - pois recuperam-se as zonas degradadas, melhorando as exigências -
e há uma aumento da vida útil (período igual a t3)

66
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

Combinação das operações de manutenção

No Quadro 2.12 representam-se algumas combinações de operações de manutenção com


consequentes alterações no comportamento do elemento, registadas sobretudo ao longo do
tempo.

Quadro 2.12 – Modelos de degradação para diferentes combinações de


operações de manutenção (adaptado de [12]).

Uma inspecção com duas Uma inspecção com duas


Uma reparação
operações de limpeza reparações

Em seguida apresentam-se ainda dois exemplos de estudos efectuados para escolha de


critérios exigenciais que permitam definir o nível de qualidade em paramentos exteriores
revestidos a pedra natural e em elementos verticais.

Exemplo A: Utilizando critérios técnicos, funcionais, estéticos e económicos, definem-se


escalas de cotações, com valores entre 1 e 5 que correspondem à seguinte informação [55]:

- Indicadores de qualidade de utilização (de insuficiente a excelente)


Sub-critérios: Adequação à localização no edifício, ao processo construtivo, às
solicitações, às condições climatéricas e ao enquadramento arquitectónico.

- Indicadores dos custos de exploração e conservação (de dispendioso a económico)


Sub-critérios: Custos do material, da aplicação e da manutenção.

(Cada critério tem uma cotação obtida pela da média aritmética das notas dos sub-critérios).

67
Capítulo 2

Exemplo B: Identificando as principais exigências – resistência ao fogo, estanquidade,


permeabilidade ao vapor de água, tratamento de pontes térmicas, etc. e definidos níveis de
qualidade baseados em resultados de ensaios ou medições [56,57].

Por exemplo, para o requisito coeficiente de transmissão térmica (X = K / Kref ), os níveis de


qualidade são os seguintes:

- Nível 1 ( insuficiente ): X>1


- Nível 2 ( suficiente ): 0,9 < X ≤ 1
- Nível 3 ( bom ): 0,7 < X ≤ 0,9
- Nível 4 ( muito bom ): 0,5 < X ≤ 0,7
- Nível 5 ( excelente ): X < 0,5

Em suma, na Figura 2.13 podem diferenciar-se três níveis de qualidade de acordo com o
patamar aceitável na degradação dos elementos.

D%
b Nível b – iguala as exigências regulamentares
(o acréscimo diz respeito às alterações
importantes na legislação)
100 % a Nível a – nível inicial de qualidade (não tem em
conta a degradação dos materiais)
c Nível c – nível mínimo de qualidade que
acompanha o aumento das exigências mínimas
0 ao longo do tempo (limite de insatisfação)

Tempo

Figura 2.13 – Alterações do nível de qualidade ao longo do tempo (adaptado de [12]).

Desta forma é necessário estabelecer níveis mínimos de qualidade para se ir ao encontro de


uma solução de compromisso que respeite as exigências pré-estabelecidas e a minimização de
custos.

2.6.2.2.4 Níveis mínimos de qualidade

O nível mínimo de qualidade corresponde ao nível mínimo aceitável do desempenho do


elemento [12].

68
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

Quem definirá à partida este nível mínimo de qualidade será o dono de obra ou o promotor
com o apoio de um consultor ou do projectista e com a ponderação das causas e eventuais
consequências da decisão a tomar.

Se o nível mínimo de qualidade for pouco exigente, existirão níveis de desempenho mais
baixos, relacionados a diferentes estados de degradação, afectando a vida útil, o tipo de
acções de manutenção e os custos.

A decisão para determinadas estratégias de manutenção baseia-se nos diferentes níveis


mínimos de qualidade, que se caracterizam por vários estados de degradação e aos quais se
podem atribuir percentagens de desempenho do elemento – Figura 2.14.

Figura 2.14 – Níveis mínimos de qualidade (retirado de [12])

Nível “q1” – se este nível mínimo de qualidade tender a aproximar-se do nível inicial
de qualidade, poderá originar uma situação com custos dispensáveis, devido à
definição de disposições de projecto muito rigorosas e de uma manutenção excessiva;

Nível “q2” – se for este o nível mínimo corrente de qualidade, tanto a nível funcional
como estético, serão definidas estratégias de manutenção para reservar este nível.

Nível “q3” – este nível tem um desempenho muito baixo a tender para 0% o que
poderá traduzir uma situação de quase rotura ou mesmo rotura dos elementos.

No contexto de projecto, para cada um destes níveis de qualidade correspondem diferentes


períodos de vida útil (T1, T2 e T3). Assim, para um nível de qualidade muito elevado

69
Capítulo 2

corresponde uma vida útil menor (ou seja é aceitável um grau de deterioração mais reduzido)
enquanto que para um nível de qualidade mais baixo acontece o inverso.

Num caso objecto de estudo [12] e ilustrado na Figura 2.15, aplicado em reparações ligeiras
num reboco monomassa, concluiu-se que:

1. Em cada variação do nível mínimo de qualidade de 30%, 20 % e 10%, houve a


obtenção de diferentes valores da vida útil, respectivamente 47.5, 40.0 e 39.0 anos.
2. Um nível mais exigente equivale a um aumento dos gastos com manutenção - para
reparações ligeiras e pequenas.
3. Com um nível mínimo de qualidade aceitável atingido, o revestimento apresenta
fissuração generalizada, empolamento ou descasque da superfície, elementos
metálicos corroídos, infiltração excessiva, degradação da superfície, perda de
aderência entre camadas e ao suporte, com eventual destacamento da parede.

Figura 2.15 – Níveis mínimos de qualidade para reparações ligeiras em reboco


monomassa (retirado de [12])

2.6.2.2.5 – Níveis de desempenho

No âmbito da manutenção de edifícios é importante distinguir o desempenho de cada


elemento pela sua contribuição positiva ou negativa no seu comportamento geral. É
importante que o comportamento em serviço dos elementos seja avaliado por conceitos de
desempenho, pois permite-se assim conferir fiabilidade à aplicação de estratégias de
manutenção e contribuir para a adequada gestão da manutenção.

70
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

Ao conceito de desempenho de um edifício, corresponde basicamente um somatório de


desempenhos dos diversos elementos para um determinado nível de qualidade durante a sua
vida útil.

De acordo com o comité CIB W86 [58], os edifícios e os seus elementos constituintes deverão
satisfazer determinadas exigências:

- Resistência mecânica e estabilidade;


- Segurança em caso de incêndio;
- Segurança no uso;
- Protecção contra o ruído;
- Economia de energia;
- Retenção de calor.

No Quadro 2.13 identificam-se as exigências para o conjunto parede/revestimento, para a


parede (superfície opaca) e para os vãos (janelas, portas).

Quadro 2.13 – Requisitos de desempenho (exigências) da envolvente vertical


(adaptado de [47,59])

Conjunto
Desempenho (exigências) Parede / Parede Vãos
Revestimento
Estabilidade • • •
Limite de deformabilidade à acção directa do vento • •
Impermeabilidade à água • • •
Secagem superficial de parede • •
Susceptibilidade a condensações no interior do
• •
elemento
Permeabilidade ao ar • •
Reacção ao fogo • •
Resistência térmica • • •
Transmissão da radiação solar • •
Isolamento acústico aos sons exteriores • • •
Segurança na utilização • • •
Durabilidade • • •
Economia na limpeza e manutenção • • •

Por exemplo, para o caso específico de revestimentos exteriores de paredes, pode pretender-se
que haja cumprimento das seguintes exigências [60]:

71
Capítulo 2

- Protecção do tosco das paredes das acções dos diversos agentes agressivos;
- Estanquidade da parede à água;
- Planeza;
- Verticalidade e regularidade superficial da parede;
- Efeito decorativo;
- Fácil limpeza, etc.

Existem ainda outros autores [61] que classificam os revestimentos segundo as suas funções
de aptidão ao desempenho, enquadradas nas exigências funcionais. Assim, relativamente ao
conjunto tosco da parede-revestimento, podem classificar-se os revestimentos em:

a) Revestimentos de estanquidade
São aptos a garantir a necessária estanquidade à água no conjunto tosco da parede-
revestimento. São exemplo os revestimentos com elementos descontínuos, de
fixação mecânica directa ou indirecta – ladrilhos cerâmicos e placas de pedra
natural;
b) Revestimentos de impermeabilização
Oferecem um suplemento de impermeabilidade à água necessário à perfeita
estanquidade do conjunto parede-revestimento. São exemplo os revestimentos de
ligantes minerais – monomassas.
c) Revestimentos de isolamento térmico
Oferecem isolamento térmico à parede. São exemplo os revestimentos por
elementos descontínuos independentes com isolante na caixa-de-ar e os
revestimentos de argamassas de ligantes minerais com inertes de material isolante.
d) Revestimentos de acabamentos ou decorativos
Oferecem à parede um aspecto agradável sendo sempre importante a componente
estética (monomassas, pinturas, revestimentos cerâmicos e de pedra natural).

Há diversas regras de qualidade que um revestimento deverá cumprir para satisfazer as


funções exigidas:

- Segurança contra riscos de incêndios;


- Aderência ao suporte;

72
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

- Resistência à saponificação;
- Resistência à fendilhação;
- Permeabilidade à água e ao vapor de água, etc.

2.6.2.3. – Estratégias predictivas

2.6.2.3.1 – Verificação da degradação do elemento

Referem-se em seguida alguns dos aspectos que se consideram relevantes para uma correcta
aplicação de uma manutenção com carácter predictivo.

Para estimar o grau de degradação de um elemento, uma estratégia de manutenção pró-activa


assenta na avaliação dos parâmetros funcionais dos vários elementos constituintes de um
edifício de acordo com os sintomas de pré-patologia, cujo processo de deterioração começa
com o surgimento de diversas anomalias.

No caso dos elementos não estruturais de um edifício, o reconhecimento dos sintomas de pré-
patologia é difícil e sem grande aplicação entre nós. Na generalidade, a análise realiza-se com
a observação das anomalias visíveis (sintomas de perda de coloração, aparecimento de micro-
fissuras, etc.). Note-se no entanto que, por exemplo, ao nível dos revestimentos exteriores,
seria conveniente analisar ao longo do tempo aspectos como a perda de elasticidade, a
redução da permeabilidade, a perda de pigmentação ou os deslocamentos parciais dos
elementos constituintes [12,25].

A Figura 2.16 identifica genericamente, durante as inspecções, três curvas de comportamento


do elemento que por sua vez dizem respeito a vidas úteis divergentes:

Situação da alínea a)
Na data da inspecção, o elemento apresenta um comportamento dentro do previsto
pelo que não é necessária qualquer intervenção. O nível de qualidade é o previsto.

Situação da alínea b)
O elemento tem uma degradação de origem desconhecida, inesperada e superior à

73
Capítulo 2

Figura 2.16 – Inspecções - curvas de comportamento do elemento (retirado de [12])

prevista. O nível de qualidade é inferior ao previsto e pode ainda ser aceitável. Assim
deverão ser avaliadas as causas da degradação apresentada e definir e implementar
acções correctivas.
Dando como exemplo um revestimento, a curva de deterioração esperada pode
apresentar uma taxa de degradação marcante devido, por exemplo, a condições
climatéricas ambientais ou ao facto do revestimento não ser o mais adequado. Desta
forma, será necessário redefinir as intervenções ao longo de cada ciclo ou substituir o
revestimento por outro mais adequado.

Situação da alínea c)
Por causa de diversos factores, o elemento chega a um estado de degradação
acentuado, abaixo do nível mínimo aceitável de qualidade. Assim, dadas as condições
locais, será mais adequado optar pela substituição por um elemento mais durável o que
poderá ser facilitado, se na fase de concepção, o projectista estabelecesse para cada
caso quais os materiais opcionais.

2.6.2.3.2 – Metodologia de diagnóstico

Um processo de análise deve começar pela identificação dos defeitos e das suas causas com
uma avaliação do ritmo de deterioração do elemento.

A metodologia de diagnóstico do processo de deterioração consiste, genericamente, em [25]:

74
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

- Reconhecer o defeito e executar medidas transitórias essenciais;


- Identificar as causas mais relevantes, actuando sobre os defeitos;
- Encontrar uma solução e controlar o resultado (escolher e analisar as medidas
correctivas que resolveram o defeito e não deram origem a efeitos indesejáveis);
- Acautelar a reincidência de tais defeitos, eventualmente actuando logo na origem.

De acordo com o CIB W86 [58], o processo de deterioração precisa de tempo até atingir a
rotura o que dá maior importância ao estudo das anomalias e seu diagnóstico, sendo esta a
forma mais fácil de definir um programa de manutenção. Num processo de diagnóstico
utilizam-se diversos métodos que apoiam a posterior tomada de decisão, entre os quais:

- Trabalhos de campo;
- Inspecções para avaliação das condições actuais de exposição ambiental e de
utilização;
- Análise de registos históricos
• Das intervenções anteriores;
• Da documentação técnica (situações previstas no projecto original, planos de
manutenção e outras informações importantes).

O fluxograma apresentado pela publicação referida – Figura 2.17, procura evidenciar o


processo de deterioração que suporta a caracterização das várias etapas associadas à patologia
dos elementos.

2.6.2.4 – Estratégias de melhoramento

Uma estratégia de melhoramento corresponde a conceitos de modernização no caso da


reabilitação. Desta forma e neste contexto, pode dar-se como exemplo as melhorias
introduzidas durante a fase de utilização do edifício com o objectivo de evitar a insuficiente
funcionalidade dos elementos.

Com a aplicação desta estratégia consegue-se um aumento do nível inicial de qualidade e da


duração da vida útil dos elementos, além de que o modelo de deterioração é diferente (menor
degradação) porque é utilizado um material com maior durabilidade – Figura 2.18.

75
Capítulo 2

Figura 2.17 – Processo de deterioração (adaptado de [58])

Figura 2.18 – Comportamento de uma estratégia de melhoramento (retirado de [12])

A estratégia de melhoramento apresenta uma metodologia própria de intervenção, ou seja, é


necessário primeiramente identificar todas as características técnico-económicas das
eventuais alternativas, comparando-as com a opção existente, a fim de se chegar à escolha de
uma alternativa adequada. De acordo com a decisão a tomar apoiada em ferramentas
económicas, define-se a estratégia e executa-se o trabalho, com posterior controlo, registo,
tratamentos de dados e actualização do sistema, com retorno de informação ao projectista.

Assim, são as seguintes as vantagens e desvantagens deste tipo de estratégia [12]:

76
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

Vantagens:
- Melhoria das características iniciais do elemento com aumento da sua vida útil.

Desvantagens:
- Inexistência de perfis de comportamento dos novos materiais, in situ e ao longo do
tempo o que conduz a uma insuficiência de dados para uma correcta análise;
- Custos mais elevados.

Existe actualmente uma maior tendência em aplicar este tipo de estratégia de manutenção
sobretudo devido ao avanço tecnológico no estudo de novos materiais e ao aparecimento de
soluções mais desenvoltas.

2.6.3 - Operações de manutenção

2.6.3.1 – Introdução

As acções de manutenção são intervenções de natureza correctiva (planeadas ou não


planeadas) ou preventivas e são realizadas durante a exploração dos edifícios, com a
finalidade de garantir níveis mínimos de qualidade e evitar a evolução da deterioração dos
elementos, assegurando, ao longo do tempo o valor comercial do bem e a sustentabilidade da
sua utilização. Também são executadas com o objectivo resolver as anomalias e/ou prever as
suas manifestações e de antecipar ou corrigir a rotura dos elementos de um edifício [40].

De uma maneira geral, quando é necessário actuar perante situações de patologias no domínio
da actividade técnica num edifício, é possível identificar duas formas distintas de intervenção
[12]:

- Intervenções pontuais
Destina-se normalmente a tratar uma patologia única e bem localizada. Nesta
situação, não se deverá desprezar a complexidade da situação. É importante
utilizar uma metodologia padrão de diagnóstico para contribuir no êxito das
intervenções;

77
Capítulo 2

- Intervenções globais
Um ou vários edifícios semelhantes são abordados de uma forma integral para
se erradicarem a totalidade das patologias existentes. Implicam uma dimensão
económica e um volume de trabalhos considerável. Na generalidade, com estas
intervenções, pretende-se uma recuperação funcional do edifício e não uma
reposição de soluções construtivas.

Uma estratégia de manutenção abrange obrigatoriamente diversas operações conducentes ao


desempenho do elemento pelo que será necessário caracteriza-las em diferentes vertentes de
actuação.

2.6.3.2 – Limpezas

As operações de limpeza geralmente são desprezadas ou esquecidas, no entanto assumem


uma grande importância para a prevenção de outras anomalias que aparecem sobretudo, por
exemplo, nas superfícies de revestimentos com o progresso das sujidades e acumulação de
depósitos. Neste caso, podem referenciar-se algumas técnicas de limpeza, principalmente de
dois tipos:

- Limpeza da superfície do revestimento


O objectivo principal é remover as sujidades e depósitos de outras partículas
(exemplo: sais). Conforme o tipo de material a revestir a superfície, assim se
recorre a jacto de água sob pressão moderada (com eventual escovagem
mecânica ou manual), limpeza química (escovagem, primeira lavagem,
aplicação de produto biocida e segunda lavagem com água). Isto pode ser
realizado em superfícies: Com fungos e bolores, pulverulentas, com salitre ou
eflorescências, oxidadas, com pó ou gorduras.

- Limpeza de superfície para preparação do substrato


Utiliza-se a picagem dos rebocos desagregados ou esfarelados, com recurso a
ferramenta manual.

78
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

2.6.3.3 – Inspecções

São um aspecto importante na implementação de qualquer estratégia. Em Portugal, as


operações de inspecção são geralmente realizadas sem qualquer apoio técnico, com recurso
frequente a empreiteiros mais vocacionados para a reparação de anomalias.

Existem vários aspectos que impedem a generalização e sistematização das operações de


inspecção, de entre as quais se evidenciam as seguintes:

- Escassa informação sobre cada edifício, com a vulgar inexistência de registos


históricos de intervenções anteriores;
- Em edifícios habitados existe normalmente dificuldades para acesso aos locais de
inspecção;
- A existência de interacções, em geral complexa, dos agentes de degradação com
origem em vários sintomas patológicos;
- Custos intrínsecos às deslocações dos peritos e às técnicas de apoio utilizadas.

Assim, na área da manutenção, uma forma adequada de progredir é, para além da necessidade
de definição das periodicidades das inspecções na fase de projecto, ser também realizado um
controlo dos desvios relativamente ao planeado com a implementação de medidas correctivas.

Por exemplo, numa dissertação de mestrado [62], identificam-se vários aspectos a ter em
consideração na inspecção de paramentos verticais, os quais permitem reconhecer os sintomas
de pré-patologia que caracterizam a presença de eventuais mecanismos de degradação:

- Estado da pintura
Uniformidade da cor e da superfície, isenção de manchas (pó, humidades de
infiltração ou condensações) e estado de limpeza;
- Estado dos revestimentos por elementos descontínuos (ladrilhos e placas)
Aderência, uniformidade do brilho, cor do acabamento superficial, isenção de
manchas (humidades, ataque dos produtos corrosivos, pó) e estado de limpeza;
- Estado de cada elemento (riscos, rotura por choques ou por tensões internas,
furos);

79
Capítulo 2

- Estado das juntas (roturas, envelhecimento, falhas, cor, aderência);


- Estado dos acessórios (agrafos, gatos).

Desta forma, será permitido seleccionar o tipo de acção a implementar.

2.6.3.3.1 – Técnicas de inspecção

As técnicas de inspecção satisfazem uma metodologia própria de actuação, com base em


ciclos de observação e no registo da informação recolhida. As inspecções têm como objectivo
identificar o estado de deterioração dos diversos elementos mediante o recurso a técnicas de
diagnóstico. Tais técnicas podem incluir vários ensaios, iniciando-se com a visita ao local,
observações visuais em zonas acessíveis, sondagens simples até à utilização meios de
inspecção mais complexos.

A selecção de um método mais adequado a cada caso implica definir à partida as


características a que a técnica de diagnóstico deve obedecer, tais como:

- Baixo custo;
- Fácil e rápida execução;
- Abundante informação útil;
- Fácil interpretação dos resultados;
- Carácter não destrutivo;
- Equipamento portátil, etc.

As técnicas de inspecção incluem uma variada gama de ensaios, que podem ser simples ou
mais complexos [25]:

- Simples
ƒ Visita ao local;
ƒ Observação visual dos revestimentos (em zonas acessíveis);
ƒ Sondagem manual (ex.: batidas para verificar zonas degradadas e sem
aderência ao suporte), etc.

80
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

- Complexas
ƒ Sondagem por boroscópio para observação do interior de paredes,
canalizações, fissuras cuja expressão o permita, etc;
ƒ Análise petrográfica de argamassas;
ƒ Determinação da espessura de revestimentos;
ƒ Ultra-sons;
ƒ Termografia, etc.

2.6.3.3.2 – Planeamento das inspecções

Na fase de projecto dever-se-á preferencialmente proceder ao planeamento das inspecções.


Nessa altura devem identificar-se as actividades de inspecção, duração prevista e
periodicidade recomendável, em função da durabilidade média dos diversos elementos. Além
disso, é igualmente importante ter em conta a regulamentação, as recomendações dos
fabricantes, documentos de homologação, normas, etc.

A periodicidade das inspecções deverá ser ajustada ao comportamento do elemento a analisar.


Em princípio, devem respeitar-se as três etapas seguintes [25]:

- Período inicial
Realizando-se uma inspecção nos primeiros anos logo após a construção (entre
2 a 5 anos) para avaliar o comportamento previsto do material. Neste período é
possível verificar a existência de fenómenos de pré-patologia e de eventuais
anomalias de juventude.

- Períodos intermédios
Realizando inspecções periódicas após as intervenções (1 ou 2 anos) de modo
a avaliar o comportamento esperado do revestimento. Com estas inspecções,
permite-se verificar a existência de eventuais fenómenos de “repatologia”
(reincidência de anomalias) consequentes de anteriores reparações deficientes.

- Período final
Realizando-se uma inspecção já perto do final de cada ciclo de vida útil (2 a 5

81
Capítulo 2

anos do fim) de modo a avaliar a tendência do revestimento para atingir o nível


mínimo de qualidade e respectiva proximidade ao “estado de rotura eminente”
com agravamento dos fenómenos de patologia.

Além dos períodos anteriormente indicados, deverão ocorrer inspecções extra programação
para analisar a existência de anomalias que ponham em causa a segurança.

O planeamento de inspecções deve ser permanentemente avaliado e ajustado às características


reais das condições de serviço.

Num estudo recentemente realizado para obras de arte em betão armado [18], a
implementação da manutenção pró-activa tem por base, por um lado, a definição de um
sistema principal de inspecções de carácter generalista e planeado e por outro, inspecções de
carácter não planeado – avaliações estruturais.

Assim, o sistema principal é constituído por:

- Inspecções correntes (com intervalos de 15 meses)


Æ Consistem sobretudo em:
1. Observação visual do edifício e seus componentes, recorrendo a
elementos de apoio;
2. Ensaios / medições simples.
Æ É elaborado Relatório de Inspecção contendo:
3. Descrição;
4. Localização;
5. Nível de gravidade das anomalias detectadas;
6. Informações úteis para as inspecções seguintes (as quais são
precedidas da análise deste mesmo Relatório).

- Inspecções detalhadas (com intervalos de 5 anos)


Æ Diferem das anteriores na extensão e detalhe das observações, uma vez
que:

82
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

1. É necessário acesso directo a todos os espaços, componentes ou


locais do edifício (e eventualmente equipamento ou meios especiais
de acesso);
2. Obriga a uma equipa maior;
3. Obriga a mais tempo;
4. Obriga a mais equipamento adicional incluindo eventual
equipamento já existente de monitorização.

Em complemento, para obtenção de maior conhecimento sobre anomalias estruturais


específicas, propõe-se:

- Avaliações estruturais
Æ Este tipo de inspecção deve seguir-se imediatamente à detecção, numa das

anteriores, de deficiências graves de carácter estrutural ou preceder, em


alternativa, à elaboração de um projecto de reforço ou alargamento da
estrutura;
Æ Têm um âmbito local mas pode exigir a execução de ensaios globais,
estáticos ou dinâmicos;
Æ A equipa deve incluir um especialista nos aspectos específicos a investigar.

Por exemplo, a Figura 2.19 esquematiza o enquadramento deste tipo de metodologia para um
sistema de inspecção.

2.6.3.4 – Reparações

São operações de manutenção que têm como finalidade solucionar anomalias que se
manifestam em zonas localizadas, as quais, quando devidamente tratadas, impedem a
propagação para todo o elemento. Só podem ser realizadas após a análise e correcção dessas
anomalias, com a adopção de adequadas técnicas para cada tipo, evitando assim o
aparecimento de fenómenos de “repatologia”. De acordo com a complexidade da intervenção,
estas operações de reparação podem classificar-se em médias ou ligeiras e grandes ou pesadas
(realizadas já perto do fim da vida útil).

83
Capítulo 2

Manual de Inspecção
CARACTERIZAÇÃO
INICIAL DAOBRA
Ensaios in situ Dossier da Obra

Manual de Inspecção Manutençãoperiódica


INSPECÇÃO
CORRENTE
Observação visual Dossier da Obra
de 15 em15 meses

Manual de Inspecção após 5 anos Manutençãoperiódica


INSPECÇÃO
DETALHADA
Ensaios in situ Dossier da Obra

POTENCIAL Não
SITUAÇÃO
GRAVE?

Sim
Caracterização dos Defeitos
Ensaios in situ
AVALIAÇÃO Caracterizaçãoda Vida Útil
ESTRUTURAL
Ensaios Laboratoriais Dossier da Obra

Custos

Factores Sociais e Arquitectónicos DECISÃO

Não fazer nada

REPARAR REFORÇAR

DEMOLIRESUBSTITUIR

Figura 2.19 – Fluxograma de um sistema de inspecção (adaptado de [18])

2.6.3.5 – Prioridade das intervenções

Existem várias formas de priorizar as acções de manutenção. Por exemplo, de acordo com
Perret [45], a prioridade pode ser estabelecida de acordo com alguns princípios:

- Carácter de urgência;

84
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

- Funcionamento do edifício;
- Estado de degradação dos elementos;
- Efeito negativo nos utentes;
- Implicações nos custos.

No Quadro 2.14 aborda-se a priorização de intervenção, identificando alguns critérios de


escalonamento.

Quadro 2.14 – Classificação de prioridades para intervenções de manutenção


(adaptado de [40])

Código
Classificação / Grupo prioridade/sub Descrição
-classes
Prioridade 1 Trabalhos inevitáveis
Prioridades dos trabalhos em
Prioridade 2 Trabalhos essenciais
termos de urgência
Prioridade 3 Trabalhos urgentes
Prioridade 4 Trabalhos desejáveis
A Respeitar as obrigações legais
B Respeitar as exigências de segurança e saúde
Sub-classes de manutenção C Evitar sérias perturbações na utilização
D Prevenir grave deterioração física
E Evitar perturbações na utilização
1 Rápidos custos e incómodos na utilização
2 Efeitos muito significativos (rotura)
Efeitos se a acção não ocorrer
3 Efeitos de atraso mínimos
4 Efeitos de atraso sem significado
X Grandes perturbações nos utilizadores
Efeitos nos utilizadores do edifício Y Pequenas perturbações nos utilizadores
Z Efeitos mínimos sem significado

Se por exemplo uma intervenção for classificada em termos de critério de prioridade com
3A1Y, significa que é um trabalho urgente, para respeitar as obrigações legais e se não for
executada origina custos imediatos, com pequenas perturbações na utilização do edifício.

2.6.3.5 – Planeamento das intervenções

Para se poder realizar o planeamento de acções de manutenção correctivas ou de prevenção,


são necessários elementos base aceitáveis, acerca do comportamento dos diferentes elementos
do edifício, pois poderá haver o perigo de os comportamentos previstos serem divergentes dos

85
Capítulo 2

existentes no local. Desta forma, no caso de soluções construtivas cuja falta de experiência é
mais notória, é aconselhável uma atitude de maior reserva.

A periodicidade das acções de manutenção estabelece-se de forma a racionalizar as


intervenções, tendo em conta o tipo de intervenção, o nível exigido de qualidade e o grau e
tipo de deterioração visível.

É possível racionalizar uma estratégia de intervenção com a instituição de uma periodicidade.


Por exemplo, no caso de existir uma diminuição excessiva na periodicidade das operações de
manutenção, originar-se-ão certamente, custos excessivos e dispensáveis.

Um planeamento deve discriminar as diferentes operações de manutenção. No Quadro 2.15


exemplifica-se o planeamento das acções para um revestimento à base de cimento.

Quadro 2.15 – Exemplo de um planeamento de acções (retirado de [40])

Periodicidades
M S A B O Obs.
Acções
Limpeza com água sob pressão nas zonas poluídas X
Picagem das zonas degradadas
Reparação local do revestimento X
Substituição do revestimento com tratamento e
X*
humidificação do suporte
Nota: M = Mensal; S = semestral; A = anual; B = bienal; O = outra (X* = valor da vida útil = 30 anos)

Com a identificação, dimensão, localização e estimativa de custos dos trabalhos, obtém-se um


orçamento das intervenções em cada elemento, o que permite avaliar o enquadramento
financeiro das acções nas disponibilidades orçamentais.

Também se considera importante referir a necessidade de serem sistematizadas as acções de


emergência com grandes custos pela sua grande imprevisibilidade e efeito ao nível da
utilização dos edifícios.

2.6.4 - Critérios de análise

A decisão de intervir, para além de dever respeitar vários critérios, é também por eles
condicionada, nomeadamente em termos [47]:

86
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

- Económicos – custos a longo prazo;


- Sociais – eventualmente associados a reclamações dos utentes;
- Técnicos – durabilidade;
- Tecnológicos – ex: a prevenção da obsolescência;
- Ambientais;
- Segurança – acessibilidades;
- Outros – que sejam considerados importantes para a análise (culturais,
psicológicos, etc.).

Tendo ainda em conta as evidências encontradas como sejam o tipo de manifestação


patológica, a extensão do problema, a projecção da sua evolução - através do prognóstico e a
eventual existência de perigo para os utilizadores, assim será tomada a decisão mais acertada
para a realização das acções de correcção.

Para apoio a uma tomada de decisão, poderá haver a necessidade de utilização de matrizes de
decisão que facilitam a escolha de acções de correcção – Quadro 2.16.

Quadro 2.16 – Exemplo de matriz de correcção


(organizado a partir de [47,62])

Custo de reparação
% de área Risco para Vida útil
Acção de correcção versus
atingida o utente remanescente
Valor do bem
Recuperação total de todo o sistema Alta Alto Alta Menor
Recuperação parcial Média Médio Média Igual
Substituição por outro revestimento Alta Alto Alta Maior
Não intervir Baixa Baixo Baixa Maior

O factor “custo” é um dos mais importantes na escolha de estratégias para um determinado


edifício.

Uma vez definidos os modelos de degradação bem como o período de vida útil dos elementos,
estes são avaliados na fase de utilização do edifício, tendo em conta os custos iniciais, os

87
Capítulo 2

custos de manutenção e os custos de remoção. Desta forma, obtêm-se os custos totais


actualizados.

Uma das ferramentas de suporte à decisão pela alternativa mais económica, do ponto de vista
do custo-eficácia entre os vários tipos de estratégias de manutenção, é a utilização do método
do LCC (Life Cycle Costing). Este método permite comparar os custos entre várias estratégias
com diferentes períodos de vida útil, auxiliando a decisão na escolha da estratégia mais
conveniente, do ponto de vista de custo-eficácia entre as alternativas tecnicamente válidas,
sobretudo daquelas que minimizam o custo global ao longo da vida útil total do edifício [12].

O método contabiliza na sua análise parâmetros como os valores da vida útil, os custos das
operações de manutenção (inspecções, limpezas, reparações e substituições) e taxas de
actualização e de inflação.

2.7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Situar na história da humanidade os aspectos referentes à manutenção de edifícios, não se


afigura tarefa fácil. Neste capítulo, tentou fazer-se um pequeno enquadramento histórico das
questões relacionadas com a manutenção e conservação de edifícios.

Posteriormente apresentou-se a noção de manutenção na óptica dos edifícios e


circunstancialmente referiram-se alguns dos aspectos relacionados com os desenvolvimentos
entretanto operados no sector da construção em geral e ao nível científico e de investigação.

Considerou-se ainda que a temática da gestão em edifícios e de alguns aspectos intrínsecos


têm um papel relevante na contextualização e aplicabilidade da manutenção, tendo por isso
justificado uma abordagem ao assunto.

Da mesma forma, parece justificar-se o enquadramento dos aspectos relacionados com a


manutenção no processo dos empreendimentos de construção, tendo sido realçada a
importância da implementação de metodologias adequadas de manutenção nas suas diferentes
fases, fundamentais para o aumento da qualidade e durabilidade dos edifícios.

88
TEORIA DA MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

Por último, com base em diversa bibliografia sobre a especialidade, apresentaram-se os


conceitos relacionados com a manutenção de edifícios, os quais servem de base à
interpretação do restante trabalho desenvolvido nesta dissertação.

Com base na compreensão da teoria exposta, apresenta-se no capítulo seguinte, uma proposta
de modelo organizado para um plano de inspecção e manutenção.

89
CAPÍTULO 3

MODELO PARA
PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS
CORRENTES
Capítulo 3

CAPÍTULO 3

MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS


CORRENTES

ÍNDICE

3.1 - ENQUADRAMENTO E OBJECTIVOS


3.1.1 - Introdução
3.1.2 - Prevenir a realização de planos eficazes
3.2 - PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO – PROPOSTA DE ESTRUTURA
3.2.1 - Estrutura principal
3.2.2 - Identificação dos elementos principais do edifício
3.2.3 - Aplicação do PIMEC aos elementos
3.2.3.1 - Composição dos elementos primários
3.2.3.2 - Caracterização do comportamento em serviço
3.2.3.3 - Procedimentos de inspecção e manutenção correntes
3.2.4 - O caso da manutenção reactiva
3.2.4.1 - Enquadramento
3.2.4.2 - Estrutura de procedimentos a considerar
3.3 - ASPECTOS COMPLEMENTARES
3.3.1 - Registo e actualização
3.3.2 - Decisão de intervir
3.3.3 - Informatização da informação
3.4 - NOTA FINAL

92
MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS CORRENTES

CAPÍTULO 3

MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO


EM EDIFÍCIOS CORRENTES

3.1 – ENQUADRAMENTO E OBJECTIVOS

3.1.1 - Introdução

Um plano de manutenção é um conjunto de especificações realizadas no âmbito do processo


de manutenção, sendo destinado a determinar previsões e a planear as acções de manutenção.
É intrínseco a uma opção política que depende da estratégia geral de manutenção, uma vez
que as formas de actuação, por sua vez, dependem dos objectivos da organização detentora do
bem [1].

A existência de planos de inspecção e manutenção é fundamental para a concretização de


estratégias de manutenção pró-activas durante a vida útil dos elementos dos edifícios. É
igualmente primordial que se inicie o desenvolvimento destas metodologias na fase mais
embrionária das construções – fase de projecto – com uma actualização dinâmica na fase de
utilização.

Aqueles planos constituem ferramentas preciosas de apoio às entidades com


responsabilidades pela gestão técnica de edifícios - cujo objectivo principal é acautelar e
monitorizar o desempenho das soluções construtivas, dos elementos ou componentes de uma
construção, com a constante correcção dos desvios funcionais e das condições de
funcionamento.

Além disso, auxiliam na fundamentação dos critérios de decisão tomados ao nível da gestão
económica ou financeira das construções.

93
Capítulo 3

As opções de manutenção podem ser as seguintes:

- Não fazer manutenção – situação extrema;


- Executar uma manutenção de carácter imediato – plano para recuperar
imediatamente após a constatação da patologia;
- Realizar uma manutenção programada – plano metódico e condicionado.

A constituição de um plano de inspecção e manutenção em edifícios correntes, adiante


abreviadamente designado por PIMEC, deve compreender diversas fases fundamentais, as
quais adiante se propõem, através de uma análise mais aprofundada. Cada uma dessas fases
apresentará uma sub-estrutura de procedimentos devidamente referenciada (utilizando, por
exemplo, letras e algarismos) e com hierarquia.

Desta estrutura resultará um conjunto de linhas de orientação para a formação de um dossier


técnico organizado e permanentemente actualizado, produzido por uma estrutura de pessoal
pertencente ao sector da gestão técnica do dono de obra.

3.1.2 – Prevenir a realização de planos eficazes

Para o planeamento de acções de inspecção e manutenção devem usar-se métodos que


considerem aspectos relacionados com a decisão, a prioridade, a periodicidades das
intervenções e as várias operações de manutenção, possibilitando uma diminuição em
trabalhos extraordinários e uma menor interferência com a normal utilização do edifício.

Assim, para a execução de PIMEC’s devem ser salvaguardados os seguintes aspectos [40]:

1. Planeamento
- Das acções de manutenção mais prováveis - manutenção preventiva;
- Das inspecções, para avaliar e registar o comportamento em serviço, aferindo,
assim, o planeamento inicial - manutenção predictiva;
- Das acções correctivas e de emergência, associadas a casos de anomalias
imprevistas - manutenção reactiva ou correctiva.

94
MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS CORRENTES

2. Implementação
- Na fase de projecto – em edifícios novos;
- A partir da avaliação do estado de degradação – em edifícios existentes;
- Em fases posteriores com a sua actualização constante – para ambos os casos.

3. Identificação dos elementos que constituem o edifício e que carecem de cuidados de


manutenção ao longo da sua vida útil, abrangendo
- O espaço envolvente;
- A estrutura;
- Os elementos interiores e exteriores;
- As instalações;
- Os equipamentos.

4. Elaboração - por técnicos ou equipas multidisciplinares, capazes de


- Estudar as anomalias e as possíveis causas;
- Analisar e avaliar -
i. Os elementos de projecto;
ii. O comportamento dos diversos elementos nas condições reais de
serviço;
iii. Os diversos mecanismos de degradação.
- Possuir conhecimentos -
iv. Na área dos materiais;
v. Em técnicas especiais de prevenção e correcção de anomalias.

3.2 – PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO – PROPOSTA DE


ESTRUTURA

3.2.1 – Estrutura principal

Neste ponto é apresentada a estrutura base proposta para um PIMEC, a partir da qual se
decompõem várias outras sub-estruturas de procedimentos.

95
Capítulo 3

Assim, há que ter em conta duas fases iniciais: a identificação dos principais elementos
constituintes do edifício em causa e a aplicação do plano aos mesmos, conforme se apresenta
na Figura 3.1.

A.B. Elementos Primários


A. Componentes Principais
1. Elementos do Edifício

Identificação dos Elementos Principais

PLANO
DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO
(PIMEC )

Aplicação do Plano aos Elementos

2. Sub-estrutura de elementos
C. Elementos de Composição dos Elementos Primários
C.A. Descrição/Materiais

3. Procedimentos iniciais
D. Caracterização do Comportamento em Serviço
D.A. Organização do Manual
D.B. Caracterização do Estado de Referência

4. Procedimentos de inspecção e manutenção correntes


E. Planeamento da Manutenção
E.A. Manutenção Preventiva
E.B. Manutenção Predictiva
E.C. Manutenção de Melhoramento
E.D. Manutenção reactiva

Figura 3.1 - Estrutura principal proposta para organização dos PIMEC’s

As designações e referências atribuídas são meramente exemplificativas. Pretende-se que o


dossier do plano seja assim organizado e constantemente actualizado de acordo com aquela
estrutura, incluindo toda a informação existente em projecto e recolhida posteriormente na
fase de utilização. Em seguida, analisam-se cada uma das etapas com maior pormenor.

3.2.2 – Identificação dos elementos principais do edifício

Para a modelação do comportamento de um edifício na fase de utilização é necessário


compreender que existe uma cadeia de relações entre os seus diferentes elementos
constituintes. No entanto, para a análise da durabilidade em geral, torna-se útil a identificação

96
MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS CORRENTES

isolada dos mesmos, como núcleos independentes de degradação que contribuem em conjunto
para a maior ou menor durabilidade da construção. Assim, à semelhança de critérios definidos
em análises à modelação do comportamento de edifícios em serviço [44], procurou-se no
contexto do presente trabalho, referenciar alguns dos elementos normalmente constituintes
dos mesmos com importância para a aplicação prática de um plano de inspecção e
manutenção e que carecem de cuidados de manutenção ao longo da sua vida útil – Quadro
3.1.

Quadro 3.1 - Identificação dos principais elementos constituintes de edifícios


correntes com importância para a aplicação prática de um PIMEC

1. ELEMENTOS DO EDIFÍCIO
A. Componentes B. Elementos
Principais Primários
I Componentes de A.B. Fundações
base ou suporte 1
A.B. Muros de
2 suporte e
contenção
periférica
A.B. Estrutura
3
II Componentes de B.B.1 Paredes
compartimentação
B.B.2 Cobertura
III Componentes dos C.B.1 Revestimentos
acabamentos
C.B.2 Vãos

Esta subdivisão pode ainda vir a incluir outros elementos aqui não referenciados, dependendo
das características de cada edifício.

3.2.3 – Aplicação do PIMEC aos elementos

3.2.3.1 – Composição dos elementos primários

A segunda fase, que é a mais importante e complexa para a aplicação prática do plano,
consiste em três etapas fundamentais, tal como se evidencia na Figura 3.1. A primeira, é a
caracterização pormenorizada da composição dos elementos primários - designação 2.C.,
nomeadamente com a sua descrição e/ou materiais constituintes (C.A.).

97
Capítulo 3

Ou seja, a um determinado elemento que numa primeira fase é identificado como elemento
primário, corresponde, para efeitos de arranque de aplicação do plano, uma determinada
caracterização mais pormenorizada, que é necessário identificar e incluir no dossier.

Neste escalão, exemplifica-se com o caso das paredes, cuja pormenorização pode ser
referenciada tal como é apresentada no Quadro 3.2.

Mais à frente, no estudo prático do Capítulo 4, é ainda dado o exemplo referente a


revestimentos, nomeadamente com a descrição da composição e materiais, na utilização de
revestimentos delgados armados sobre isolante (abreviadamente designados por ETICS).

Quadro 3.2 – Paredes - identificação da sub-estrutura de composição


admissível (com base em [63,64,65,66])

B.B.1 Paredes
2. Sub-estrutura de elementos
C. Elementos de composição dos elementos primários
C.A. Descrição/Materiais
Tipo de panos e suas ligações: Materiais:
- Paredes simples com ou sem - Alvenaria de pedra natural;
junta de ligação; - Alvenaria de tijolos de barro vermelho (tijolo
- Paredes duplas (dupla corrente cerâmico):
com caixa de ar); • Maciço;
- Paredes de dois panos (paredes • Furação horizontal:
duplas sem caixa de ar); o Formatos:
- Paredes de face aparente; 30x20x7;30x20x9;30x20x11;
- Paredes de juntas descontinuas; 30x20x15; 30x22x20 (cm).
- Paredes cortina. • Perfurado;
• Furação vertical sem encaixe;
• Furação vertical com encaixe.
- Alvenaria de blocos de cimento:
• Maciços;
• Furados.
- Alvenaria de blocos de argila expandida;
- Alvenaria de blocos de betão celular autoclavado;
- Alvenaria de blocos de areia de pedra;
- Gesso cartonado;
- Betão armado pré-fabricado.
Função corrente (conjugando o tipo de panos e materiais):
- Paredes de enchimento (não suportando cargas significativas):
• Exteriores (com isolamento adjacente à caixa de ar):
o De dois panos -
ƒ Dois panos de alvenaria de tijolo;
ƒ Um pano de betão + um pano de alvenaria de tijolo;
ƒ Um pano de betão + um pano de gesso cartonado;
ƒ Um pano de bloco de areia de pedra + um pano de alvenaria de tijolo.

98
MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS CORRENTES

Quadro 3.2 – Paredes - identificação da sub-estrutura de composição


admissível (continuação)

B.B.1 Paredes
o De dois panos e elementos decorativos colados -
ƒ Dois panos de alvenaria de tijolo + placa de pedra colada pelo
exterior;
ƒ Dois panos de alvenaria de tijolo + tijolo de cerâmico (de fita)
colado pelo exterior;
o Com dois panos, sendo o segundo pano constituído por elemento
decorativo de -
ƒ Pedra;
ƒ Madeira;
ƒ Alumínio;
ƒ Tijolo à vista.
• Exteriores (e isolamento pelo exterior):
o Com caixa-de-ar e dois panos -
ƒ Dois panos de alvenaria de tijolo;
ƒ Um pano de betão + um pano de alvenaria de tijolo.
o Sem caixa de ar -
ƒ Um pano de blocos de betão celular autoclavado;
ƒ Um pano de blocos de argila expandida;
ƒ Um pano de betão.
• Interiores:
o Divisórias interiores simples de –
ƒ Tijolo cerâmico;
ƒ Gesso cartonado;
ƒ Blocos de gesso;
o Divisórias de separação de fogos -
ƒ Dois panos de tijolo cerâmico;
ƒ Um pano de alvenaria de tijolo cerâmico + gesso cartonado pelo
interior;
ƒ Parede de juntas descontinuas.
o De travamento –
ƒ Alvenaria de tijolo de furacão vertical com encaixe;
ƒ Dois panos de tijolo solidários.
o Resistentes –
ƒ Betão armado;
ƒ Paredes de tijolos maciços com juntas horizontais armadas.
- Paredes de painéis pré-fabricadas pesadas:
• Painéis homogéneos;
• Painéis tipo “sandwich”;
• Painéis com caixa de ar;
• Painéis contendo elementos vasados;
• Soluções mistas;

3.2.3.2 – Caracterização do comportamento em serviço

Numa segunda etapa – Figura 3.1 e Figura 3.2, procede-se à caracterização do comportamento
em serviço (3.D.), com a organização do manual, uma vez que para a elaboração de planos de

99
Capítulo 3

inspecção e manutenção, é essencial abranger todos os aspectos relevantes para uma eficiente
gestão de recursos e custos, de acordo com os objectivos das entidades gestoras [40].

3. Procedimentos iniciais

D. Caracterização do Comportamento em Serviço

D.A. Organização do Manual

D.A.1. Peças de Projecto


D.A.2. Recomendações técnicas
D.A.3. Parâmetros para análise
D.A.4. Registos históricos
D.A.5. Levantamento de condicionalismos
D.A.6. Documentos relevantes

D.B. Caracterização do Estado de Referência

D.B.1. Realização de inspecções


Registo do resultado
D.B.2.
das inspecções por elemento

Figura 3.2 – Subdivisão de “Procedimentos Iniciais” para a constituição do manual

Deve proceder-se à recolha e sistematização de informação relativa ao edifício em análise ou


de outro semelhante, nas mesmas condições de serviço, mediante os seguintes procedimentos:

- Análise dos elementos de projecto - peças escritas e desenhadas;


- Ter em atenção as recomendações técnicas dos projectistas, fabricantes ou
fornecedores, etc;
- Proceder à sistematização de parâmetros relevantes para a análise;
- Registos históricos relevantes para o edifício ou para construções semelhantes -
periodicidades;
- Características de intervenções anteriores;
- Condicionalismos locais - acessibilidades;
- Consulta de outros documentos relevantes.

No Quadro 3.3 apresenta-se o exemplo esquematizado para o caso das paredes. Para além
dessas orientações, neste caso concreto, sugerem-se ainda outros procedimentos simples ou
mais complexos de auxílio à organização do manual e caracterização do estado de referência
– tal como se propõe no Quadro 3.4.

100
MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS CORRENTES

Quadro 3.3 – Paredes – procedimentos iniciais com a caracterização do


comportamento de serviço previsto (com base em [12,67])

B.B.1 Paredes
3. Procedimentos iniciais
D. Caracterização do comportamento em serviço
D.A. Organização do manual
D.A.1. Peças de projecto
Devem ser reunidas e inseridas no processo todas as peças escritas e
desenhadas de projecto relativas a toda a composição do elemento em
análise, nomeadamente:
• Disposições de projecto;
• Sistema construtivo;
• Constituição das paredes;
• Disposição de redes, etc.
Outro tipo de informação:
• Dados climáticos;
• Sistemas de aquecimento utilizados;
D.A.2 Recomendações técnicas
As recomendações técnicas dos projectistas, fabricantes ou fornecedores
podem ser importantes para a caracterização do comportamento em serviço,
pelo que é recomendado a verificação da sua existência com posterior
inserção no processo.
D.A.3 Parâmetros para análise
Verificar se existem informações ou indicações dos projectistas, entidades
executoras, etc. sobre, por exemplo:
• Anomalias mais prováveis de acontecer, suas causas e evolução de
mecanismos em casos construtivos semelhantes;
• Levantamento de reparações realizadas em casos construtivos
semelhantes;
• Hábitos dos ocupantes relativos à ventilação de espaços em casos
semelhantes.
A existência de informações sobre vidas úteis, níveis de qualidade,
mecanismos de degradação, é igualmente importante e devem ser registadas.
D.A.4. Registos históricos
Devem ser reunidas e anexadas, por ordem cronológica, todas as
informações e os respectivos elementos de, por exemplo, intervenções
anteriores, causas das intervenções, custos, etc. Além disso deve ser
verificado se existe alguma informação sobre o tipo e ocupação dos espaços,
dados climáticos, evolução da ocorrência de anomalias, sistemas de
aquecimento utilizados, hábitos dos ocupantes relativos à ventilação de
espaços, etc
D.A.5. Levantamento de condicionalismos
Neste caso, verificar nos elementos com provável reacção a anomalias, se há
impedimentos físicos para a inspecção do seu comportamento dentro do
plano de manutenção estabelecido. Introduzir o registo.
D.A.6. Documentos relevantes
Fazer o registo ou anexação de documentos ou do seu conteúdo, como por
exemplo regulamentação, manuais de concepção, construção e outra
informação relevante ao entendimento e estudo do elemento em causa.

101
Capítulo 3

Quadro 3.4 – Paredes – Procedimentos iniciais complementares (com base


em [64,68,69])

B.B.1 Paredes
D.A. Organização do manual
Levantamento físico
Objectivo Procedimento
ƒ Verificar a geometria da estrutura, ¾ Caso necessário, recorrer a técnicas
sobretudo distorções, desvios de de topografia;
planeza e de verticalidade.
ƒ Caracterização dos materiais ¾ Pacômetro, Raios X, radar, etc.
estruturais;
- Definição/pormenorização da
secção dos elementos;
- Constituição de paredes de
alvenaria.
ƒ Avaliar a resistência ou propriedades ¾ Ensaios de rotura à compressão
mecânicas. sobre carotes;
¾ Ensaios com macacos planos de
pequena área.
D.B. Caracterização do estado de referência
Levantamento das anomalias visíveis
Fissuração de paredes
1 – Observação, descrição e registo das fissuras e das paredes fissuradas, dando
atenção aos seguintes aspectos:
a. Localização geral e particular no elemento – esquina, canto, central,
periferia, parte de cima, parte de baixo, cimo, fundo, etc.
b. Incidência no elemento – entre tijolos e argamassa, continua através do
tijolo e argamassa, só nos tijolos, só nas juntas de argamassa, só na
argamassa, se é simultaneamente interior e exterior à parede ou não, etc.;
c. Largura ou abertura - mensurável, não mensurável, variável ou constante;
d. Comprimento e orientação, indicando se é vertical, horizontal, inclinada, o
ângulo em relação à horizontal, mista (várias direcções) etc.;
e. Configuração ou forma – quebrada, aos degraus, rectilínea, rectilínea com
degraus, de largura variável aumento no cimo, no fundo, nos lados do
elementos construtivo, etc.;
A Figura 3.3 apresenta um exemplo de convenção para o registo da fissuração.
2 – Observação do edifício no seu conjunto, verificando:
a. A eventual correspondência com outros movimentos observados
(afastamento de telhas, distorção de porta e janelas, etc.);
b. Uma degradação semelhante noutras zonas do edifício;
c. Se na proximidade da fissuração existem tubagem ou cabos embutidos;
d. Se existem movimentos relativos;
e. Se o edifício está a ser correctamente utilizado.
3 - Observação da envolvente ao edifício, verificando a existência de degradação
semelhante em edifícios vizinhos.
4 – Caracterizar o comportamento dos materiais, dos elementos construtivos
envolventes e da estrutura de suporte.
Em situações comuns:
o Comparação da situação observada com catálogos de fissuração ou
fichas de anomalias, existentes ou publicadas.
o Utilizar uma técnica de exclusão de hipóteses.
Nota: Por exemplo, no caso do assentamento diferencial de fundações
– não deve ser uma causa a admitir, se a fissuração no exterior do
edifício não tiver correspondência no interior ou se não houver
fissuras com aspecto “denteado” ou em “degraus”.

102
MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS CORRENTES

Quadro 3.4 – Paredes – Procedimentos iniciais complementares


(continuação)

B.B.1 Paredes
D.B. Caracterização do estado de referência
Levantamento das anomalias visíveis
Fissuração de paredes
Noutras situações mais complexas:
o Recorrer a ensaios no local e em laboratório;
o Realizar a instrumentação das paredes (por exemplo: com testemunhos
fixos ou deslizantes, extensómetros mecânicos ou paquímetros digitais
com base de medida triangular) - afim de avaliar a evolução das
fissuras, os movimentos e as tensões;
o Recorrer a meios informáticos sofisticados para análise e formulação
das diferentes hipóteses de explicação dos fenómenos e da sua origem.
Humidades
1. Proceder à observação criteriosa de:
a. Defeitos e da sua evolução;
b. Condições ambientais confinantes;
c. Características físicas e químicas dos materiais:
o Capacidade de absorção;
o Capilaridade;
o Permeabilidade ao vapor de água;
o Condutibilidade térmica;
o Presença de sais solúveis na sua composição;
o Dilatação reversível/irreversível sob a acção do calor e da
humidade.
1. Identificar a fonte de humidade ou calor associada:
o Agua freática;
o Produção de vapor de água;
o Infiltrações na envolvente, etc.
2. Análisar e registar:
a. Higrometria e temperatura dos locais (utilização de termo-
higrografos);
b. Condições climáticas exteriores;
c. Níveis de ventilação.
1. Recurso a fichas de anomalias técnicas de diagnóstico de apoio à decisão
(Exemplo apresentado na Figura 3.4).

Com a caracterização do estado de referência (3.D.B.), procura-se conhecer a situação actual


do elemento, sobretudo analisando o nível de degradação que o mesmo apresenta. Para tal,
recorre-se à realização de inspecções (D.B.1.) e posteriormente faz-se o registo do resultado
das mesmas por elemento (D.B.2.), utilizando por exemplo um modelo pré-concebido para
relatório de inspecção.

Para garantir a eficácia de um PIMEC, as inspecções devem:

103
Capítulo 3

1. Possibilitar permanentemente o conhecimento do estado dos elementos que


assegure a normal utilização bem como a minimização dos custos de manutenção;
2. Detectar atempadamente o surgimento de anomalias imprevistas, concorrendo
assim para rectificar o plano de manutenção elaborado na fase de projecto e
planear novas acções de correcção ou de prevenção;
3. Ser realizadas por técnicos com especialização e com conhecimentos de patologias
da construção e dos métodos de inspecção e diagnóstico.

O seu planeamento deve ser realizado de acordo com estipulado no ponto 2.6.3.3.2.

Também em 2.6.3.3.1. referem-se algumas técnicas ou tipos de inspecção. Estas devem


permitir que durante esse procedimento seja recolhida informação que caracterize:

- As anomalias principais;
- A sua extensão;
- As causas mais prováveis;
- O escalonamento das acções prováveis a realizar.

A fase de inspecção culmina com a elaboração de um relatório de inspecção de apoio à


decisão. Neste devem constar os seguintes aspectos de enquadramento e compreensão das
condições em que foi realizado [5]:

- Enquadramento;
- Informação histórica;
- Observações efectuadas (descrição);
- Métodos de inspecção e ensaios utilizados;
- Condicionalismos locais;
- Análise interpretativa e diagnóstico das anomalias detectadas;
- Descrição das acções recomendadas executar, com priorização;
- Outras informações relevantes.

O diagnóstico só poderá ser feito com base nos resultados das inspecções e se se conhecerem
as causas da degradação que originaram as anomalias detectadas.

104
MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS CORRENTES

A metodologia de diagnóstico, segue em termos gerais, os aspectos referidos no ponto


2.6.2.3.2.

No Quadro 3.5 apresenta-se uma proposta para um relatório de inspecção tipo a utilizar na
aplicação deste modelo. O Quadro 3.6 menciona alguns exemplos de procedimentos para
monitorização de fissuras no plano de uma parede.

Figura 3.3 – Exemplo de registo de fissuração de paredes (retirado de [64])

Figura 3.4 – Exemplo de diagnóstico a partir do teor de humidade numa parede (retirado de
[64])

105
Capítulo 3

Quadro 3.5 – Proposta de relatório de inspecção tipo

RELATÓRIO DE INSPECÇÃO
IDENTIFICAÇÃO DO ELEMENTO
A.B. Elemento primário C. Elementos de composição do elemento primário

C.A. Descrição ou materiais

ENQUADRAMENTO NO MANUAL
N Í V E L:

Referência no projecto Número de relatório do elemento

Localização

Condicionalismos ou acessibilidades

DESCRIÇÃO DA INSPECÇÃO
Método

Ensaios

ANOMALIAS DETECTADAS
Designação ou descrição

Diagnóstico
Preliminar
Definitivo

Parâmetros a inspeccionar

Consequências
Baixa
Gravidade Média
Elevada

Acções recomendadas e sua priorização

Inspector Organização: Data

106
MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS CORRENTES

Quadro 3.6 – Paredes – exemplos de procedimentos para monitorização de


fissuras no plano da parede (retirado de [68])

Monitorização
Dispositivo Funcionamento Observações
Extensómetro com configuração especial com Eficácia reduzida ou nula com
filamentos de comprimento variável ou redução da largura das fissuras, um
Extensómetros filamentos sucessivamente quebráveis, vez que são flexíveis. Obrigam à
eléctricos permitindo medir afastamentos de duas zonas ligação a um data-logger mas
distintas, em função da variação da resistência permitem o registo automático,
eléctrica do extensómetro. periódico, dos deslocamentos.
Dilatómetro ou Equipamento de precisão (até 0,002 mm) que Tem limites máximos de variação de
comparador digital mede a evolução da distância entre dois 2 mm. Antes da deformação exceder
(também conhecido testemunhos metálicos (base) colocados um de esse valor, é necessário alterar a
por fissurómetro cada lado da fissura, distanciados de cerca de posição dos testemunhos,
electrónico) 200 mm. A colocação de testemunhos é feita transportando os valores anteriores.
com barra de invar apropriada.
Constituindo uma base com 2 ou 3 parafusos, O paquímetro ou craveira digital tem
fixados rigidamente à parede através de furo maior precisão, atingindo sem
Paquímetro digital ou preenchido com resina epoxy, o paquímetro dificuldade 0,01 m, enquanto o
mecânico com base de mede a evolução das distâncias entre eles mecânico se limita a 0,1 mm. Os
2 ou 3 pontos (vertical e horizontal, no caso da base triangular, parafusos devem ser de latão e a sua
(parafusos) que deve ter um ângulo recto, com lados vertical fixação deve ser criteriosa, seguindo
e horizontal ou rodados 45º) as recomendações da bibliografia da
especialidade.
Luneta que inclui duas escalas graduadas Rigor limitado. Pode ser usada para
Fissurómetro ou ortogonais, dispensando o uso de régua (precisão avaliar a evolução das fissuras,
micrómetro óptico de 0,1 mm) quando usada em conjunto com dois
traços de referência ortogonais sobre
a zona fissurada.
Duas peças rígidas graduadas ou com simples Os extensómetros de metal ou vidro
traços de referencia que correm uma sobre a limitam-se, em geral, a graduações
Réguas graduadas outra quando se verificam movimentos relativos lineares de referência. Os mais
corrediças ou dos dois lados. Os de plástico opaco têm versáteis são os de plástico – pela
extensómetros variantes para medir deformações lineares no sua reduzida espessura, flexibilidade
mecânicos (plástico, plano da parede com registo de máximo e e resistência à humidade. A precisão
metal ou vidro) mínimo, deformações perpendiculares ao plano é variável, mas, muitas vezes, não
da parede, evolução de inclinações e ultrapassa 1 mm.
deformações complexas no plano da parede
(translação obliqua e rotação)
O gesso forma uma ligação rígida sobre a fissura Para uso no exterior. Dimensões
que vai partir com pequenos deslocamentos entre 5mm x 50 mm x 100 mm e
relativos dos dois lados da mesma, permitindo, 10 mm x 100 mm x 200 mm.
Testemunho rígido de por vezes, observar a direcção e amplitude desse Recomenda-se a argamassa de gesso
gesso deslocamento. puro com 70% de água (em peso).
Com um módulo de elasticidade
baixo pode não fissurar com
pequenos deslocamentos.
Testemunho rígido de Idem. Para uso no exterior. Alguns autores
gesso, cal e cimento recomendam apenas cal e cimento
ou cal e gesso.
Fita de papel colada dos dois lados da fissura que Só detecta grandes movimentos. É
Testemunho de papel rasga ou enruga com os movimentos relativos. muito vulnerável à acção da
humidade.

107
Capítulo 3

3.2.3.3 – Procedimentos de inspecção e manutenção correntes

A etapa final consiste em analisar os procedimentos de inspecção e manutenção correntes (4.),


passíveis de aplicação, nomeadamente com o planeamento da manutenção (4.E.). Para tal,
critica-se cada tipo de acção (ou conjunto de acções) de manutenção cuja realização se exige
durante a vida útil do elemento, caracterizando os respectivos parâmetros que confiram
fiabilidade às diversas estratégias arbitradas.

No caso da manutenção preventiva – Figura 3.5, estuda-se a caracterização dos parâmetros


envolvidos (E.A.1.), como a previsão da vida útil, níveis de qualidade, níveis de desempenho
exigidos e o registo da degradação.

Posteriormente elabora-se um mapa de manutenção preventiva, arbitrando e estudando


diversas estratégias de intervenção, utilizando várias operações de manutenção, previamente
definidas e orçamentadas.

4. Procedimentos de inspecção e manutenção correntes

E. Planeamento da Manutenção

E.A. Manutenção Preventiva


E.A.1. Caracterização de parâmetros

VU Previsão da vida útil

NQ Nível de Qualidade

Verificação do Nível
ND
de Desempenho

RD Registo da Degradação

E.A.2. Planeamento das intervenções

MM Mapa de manutenção

Figura 3.5 – Subdivisão de “Procedimentos de inspecção e manutenção correntes” – caso


da manutenção preventiva

Por sua vez, a caracterização de cada um dos parâmetros é feita com maior exactidão, dentro
das possibilidades, conforme descrito na Figura 3.6. Nesta perspectiva, poder-se-á fazer uma
análise aproximada a cada caso, tal como se apresenta no Quadro 3.7 (em termos
exemplificativos e de teste, no caso das paredes). Na situação concreta de um tipo de
revestimento, é realizada uma análise mais exaustiva no âmbito do Capítulo 4.

108
MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS CORRENTES

E.A.1. Caracterização de parâmetros

VU Previsão da vida útil

Av Avaliação Ri Registo inicial


Es Estimativa
En Ensaios

Al Alternativas Mr Ter em conta os mecanismos de rotura


Id Informação disponível
Tm Técnicas matemáticas
NQ Nível de Qualidade

Ri Registo inicial
Dc Definição de critérios

ND Verificação do Nível
de Desempenho
Ri Registo inicial
Dc Definição de critérios

RD Registo da Degradação
Ri Registo inicial
Dc Definição de critérios

Em Evolução de mecanismos

Figura 3.6 – Caracterização de parâmetros – caso da manutenção preventiva

Quadro 3.7 – Paredes – abordagem simplificada de alguns procedimentos de


manutenção preventiva (com apoio em [1,34,59,64,67,70,71])

B.B.1 Paredes
4. Procedimentos de inspecção e manutenção correntes
E. Planeamento da manutenção
E.A. Manutenção preventiva
E.A.1 Caracterização de parâmetros
AV- Ri: caso exista.
AV-Es/Al–Id: considerando:
- Os valores de vida útil para a estrutura e tendo em conta que esses
VU valores determinam a longevidade dos restantes elementos;
- Que o elemento parede pode ser também um elemento rígido de suporte;
É normal aceitar-se como comprovado pela prática, os valores de 50 anos
para soluções pesadas tradicionais e de 30 anos para soluções prefabricadas
leves.
Ri: ter em consideração as especificações técnicas estabelecidas em projecto,
caso existam.
Dc: de acordo com o tipo de soluções construtivas adoptadas, o nível de
NQ qualidade varia na mesma medida em que for possível satisfazer mais ou
menos as respectivas exigências funcionais, dependendo portanto, da
consideração e cumprimento de diversos aspectos regulamentares, nas fases
concepção, projecto e execução - comportamento térmico e higrotérmico,
acústico, resistência ao fogo, estabilidade, modos de execução.

109
Capítulo 3

Quadro 3.7 – Paredes – abordagem simplificada de alguns procedimentos de


manutenção preventiva (continuação)

B.B.1 Paredes
E.A.1 Caracterização de parâmetros
Ri: ter em consideração as especificações técnicas estabelecidas em projecto.
Dc: sobretudo deve conferir:
o Estabilidade
- Estabilidade do conjunto;
- Resistência estrutural.
o Segurança ao fogo
- Reacção ao fogo;
- Resistência ao fogo.
o Segurança na utilização
- Segurança do contacto;
- Segurança às intrusões humanas ou de animais.
o Estanqueidade
- Estanqueidade à agua.
o Conforto higrotérmico
- Isolamento térmico;
- Secura das superfícies interiores;
- Secura interna.
o Ambiente atmosférico
- Emissão de odores pelos materiais
ND
o Conforto acústico
- Isolamento aos ruídos aéreos;
- Níveis de ruídos emitidos.
o Conforto visual
- Aspecto das paredes.
o Conforto táctil
- Conforto mecânico de tocar
o Higiene
- Emissão ou desenvolvimento de substâncias nocivas ou
insalubres.
o Adaptação à utilização
- Adaptação dos revestimentos à sua utilização.
o Durabilidade
- Resistência aos agentes climáticos;
- Resistência aos movimentos de fachada;
- Resistência à erosão pelas partículas em suspensão no ar;
- Resistência aos agentes químicos do ar;
- Resistência à corrosão electroquímica;
- Resistência aos agentes biológicos.
Ri: ter em consideração as especificações técnicas estabelecidas em projecto,
caso existam.
Dc: o registo dos principais tipos de degradação deste elemento deve ter em
conta a análise dos respectivos agentes causadores:
1. Fissuração – acções mecânicas diversas como assentamentos de
fundações e concentração de cargas; deformações como a que se
RD registam ao nível dos elementos de suporte; acções químicas que
provoquem expansão das argamassas; acções térmicas e
higrotérmicas que provoquem variações de temperatura e do teor de
água nos materiais ou elementos construtivos, etc.;
2. Humidades - acções térmicas e higrotérmicas, acções químicas,
fenómenos de higroscopicidade, agentes biológicos,
electromagnéticos, etc.

110
MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS CORRENTES

Quadro 3.7 – Paredes – abordagem simplificada de alguns procedimentos de


manutenção preventiva (continuação)

B.B.1 Paredes
E.A.1 Caracterização de parâmetros
Em: Deve ser realizado o registo de evolução da degradação, com base:
1 - No desenvolvimento temporal e físico das anomalias relevantes
verificadas ao nível do elemento ou nos outros elementos do
RD edifício por efeito de reacção;
2 - Na identificação dos agentes de deterioração e na avaliação das
respectivas causas.
3 - Em resultados de inspecções, modelações teóricas, ensaios, etc.
E.A.2 Planeamento das intervenções (exemplo simples)
MM Intervalo de tempo: 1 ano
ƒ Efectuar inspecções visuais dando particular atenção a:
• Estabilidade, regularidade, verticalidade e aspecto geral de
empenas e paredes interiores;
• Pontos singulares – ligação de vãos, ombreiras, soleiras,
peitoris, ângulos, cunhais, nós estruturais e topo das lajes (nó
parede-laje);
• Mudanças localizadas de cor dos revestimentos, das superfícies
expostas e em zonas localizadas devidas a sujidades, manchas,
bolores ou fungos, vegetação parasitária e alterações do nível
do solo (incluindo locais pouco ventilados, paredes de pisos
térreos e caves);
• Juntas entre elementos ou em ligações com a estrutura,
platibandas e guardas de terraços;
• Regularidade das superfícies, com especial atenção para a
existência de empolamentos, descasques ou destacamentos dos
revestimentos ou de zonas expostas;
• Indícios generalizados ou pontuais de perdas de estanqueidade
e/ou fissuração e degradação precoce;
ƒ Verificar as condições de solicitações (cargas, alterações, etc) e a
existência de fontes de calor assinaláveis;
ƒ Proceder a uma limpeza ligeira das superfícies aparentes nos pontos em
que estas apresentem um aspecto preocupante (com produtos
adequados).
Nota: Utilizar os procedimentos necessários indicados no Quadro 3.4.
Intervalo de tempo: 3 anos
ƒ Proceder a reparações gerais que se verifiquem ser necessárias. No caso
da existência de revestimentos, proceder de acordo com o previsto no
mapa de manutenção para o tipo de revestimentos em causa;
ƒ Realização de ensaios (destrutivos ou não destrutivos) para avaliação
das propriedades físicas e mecânicas do elemento, quando considerado
necessário.
Nota: Utilizar os procedimentos necessários indicados no Quadro 3.4.
Em qualquer tempo
• Em qualquer altura do ano e sempre que se ache adequado (dependendo
também da utilização dos espaços), deve programar-se acções de
medição das condições atmosféricas, sobretudo humidade relativa,
temperaturas interiores e exteriores, temperaturas superficiais e medição
de teor em água das paredes a fim de analisar ou prever a ocorrências de
condensações superficiais;
• Identificar e registar zonas de humedecimento e evolução da ocorrência
de anomalias;

111
Capítulo 3

Quadro 3.7 – Paredes – abordagem simplificada de alguns procedimentos de


manutenção preventiva (continuação)

B.B.1 Paredes
E.A.2 Planeamento das intervenções
MM Em qualquer tempo
• Sempre que necessário proceder à secagem das paredes humedecidas,
através de uma intensificação da respectiva ventilação ou do aumento da
temperatura ou da desumidificação dos ambientes com que confinam,
remoção de eflorescências ou de bolores e colagem ou fixação de
revestimentos de paredes que se encontrem descolados.
• Em alturas do ano de maior pluviosidade, analisar a presença de água no
solo junto de paredes de pisos térreos, enterrados ou de caves e verificar
simultaneamente o funcionamento dos sistemas de drenagem junto das
mesmas;
• Proceder a qualquer tipo de acção de manutenção de melhoramento ou
reactiva em função de outras decisões;
• Em qualquer caso deve ser feito sempre o registo do procedimento
tomado;
• Quando necessário, poder-se-á utilizar os procedimentos indicados no
Quadro 3.4 ou proceder-se ainda à monitorização - Quadro 3.6.

Na manutenção predictiva – Figura 3.7, propõe-se identificar, numa primeira fase, as


anomalias que se podem verificar no elemento (E.B.1), procedendo com a elaboração de
fichas de efeitos (FE) e fichas de causas (FC). Em ambas as situações, a análise pode ser feita
para a sua ocorrência tanto ao nível do elemento como ao nível do próprio edifício, sobretudo
em termos de consequências.

No patamar seguinte, aborda-se o planeamento de inspecções, uma vez que este tipo de
manutenção é sobretudo baseado neste tipo de procedimento. Assim, tenta-se elaborar um
mapa, contendo inspecções correntes, inspecções detalhadas e eventuais avaliações
especializadas. Em todos os casos, deve ser sempre preenchido um relatório de inspecção.

Por último, elabora-se o planeamento das intervenções através de um mapa de manutenção.

No Quadro 3.8 apresentam-se exaustivamente alguns destes aspectos para o caso de uma
parede. Este exemplo é uma primeira abordagem, no entanto o ensaio da sua aplicabilidade, é
também analisado com semelhante rigor no Capítulo 4, no âmbito do estudo da aplicação de
revestimentos com ETICS.

112
MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS CORRENTES

4. Procedimentos de inspecção e manutenção correntes


E. Planeamento da Manutenção

E.B. Manutenção Predictiva

E.B.1. Anomalias

FE Fichas de efeitos

E No Elemento
Ed No Edifício

FC Fichas de causas
E No Elemento

Ed No Edifício

E.B.2. Planeamento das inspecções


MM Mapa de inspecções
IC Inspecções correntes
Relatório tipo

ID Inspecções detalhadas
Relatório tipo

AE Avaliação especializada
Relatório
E.B.3. Planeamento das intervenções
MM Mapa de manutenção

Figura 3.7 – Subdivisão de “Procedimentos de inspecção e manutenção correntes” – caso


da manutenção predictiva

Quadro 3.8 – Paredes – procedimentos de manutenção predictiva (com base em


[65,67,71])

B.B.1 Paredes
4. Procedimentos de inspecção e manutenção correntes
E. Planeamento da manutenção
E.B. Manutenção predictiva
E.B.1 Anomalias
FE Ficha de efeitos
E: • Fissuração;
• Humidades;
• Deformações, deslocamentos e rotações;
• Instabilidade.
Ed: • Patologias diversas noutros elementos;
• Infiltrações.
FC Ficha de causas
ƒ Fissuração:
• Assentamentos diferenciais das fundações:
- Surgem nas linhas de contacto entre as paredes e os pilares;
- Fissuras inclinadas em paredes de alvenaria.
• Concentrações de cargas:
- Viga que se apoia transversalmente na parede ou a atravessa e
lhe transmite carga - poderá haver esmagamento localizado e
surgem fissuras segundo as linhas de repartição das cargas, que
farão com a vertical um ângulo entre 30º a 45º;

113
Capítulo 3

Quadro 3.8 – Paredes – procedimentos de manutenção predictiva (continuação)

FC Ficha de causas
- Aplicação de cargas excêntricas (devidas por exemplo à
fixação de lava-louças, armários ou aparelhos sanitários);
- Apoios de lintel sobrejacente a um vão por insuficiência de
rigidez ou da área de apoio - aparecem fissuras na parede,
partindo do topo o lintel e seguindo as juntas entre blocos;
- Reduções localizadas da secção da parede (devidas à abertura
de roços para introdução de canalizações de água e esgoto,
condutas de ventilação ou tubos de electricidade) - formação de
fissuras que tendem a desenvolver-se ao longo do traçado das
zonas enfraquecidas.
• Variações do teor em água dos materiais ou elementos de
construção – consequências:
- Fissuras de retracção
(diminui o volume quando diminui o teor em água):
¾ Retracção inicial ou retracção de secagem –
irreversível;
¾ Retracções devidas a secagens subsequentes a re-
humedecimentos decorrentes da utilização;
¾ Produzem-se fissuras se as tensões originadas pela
retracção restringida ultrapassarem a tensão de rotura
à tracção da alvenaria;
¾ As fissuras de retracção são geralmente verticais ou
pouco inclinadas em relação à vertical, têm traçado
descontinuo e são de largura reduzida (raramente
ultrapassando os 0,2 ou 0,3 mm) e surgem onde
existem variações bruscas da secção transversal das
paredes, nas secções enfraquecidas ou particularmente
solicitadas das paredes – a partir de pequenas
aberturas praticadas nas paredes, a partir dos ângulos
dos vãos, ao longo do traçado de condutas, na junção
de paredes de alvenaria com pilares ou com paredes
estruturais de betão armado, na intersecção de duas
paredes, etc.
- Fissuras de expansão, que ocorrem mais frequentemente:
¾ Onde existam variações bruscas da secção transversal
das paredes ou nas secções enfraquecidas das paredes;
¾ Na ligação da alvenaria aos elementos estruturais
verticais;
¾ Na intersecção de paredes;
¾ Nas zonas de contacto de peças de madeira com a
alvenaria, como é o caso dos enquadramentos de vãos,
por a expansão da medira ser em geral superior à da
alvenaria;
¾ Nas paredes de cozinhas, de casas de banho e de
outros espaços onde sejam frequentes a projecção de
água ou a produção de grande quantidade de vapor de
água, se nesses espaços não houver uma ventilação
eficiente ou se as suas paredes não estiverem
protegidas por um revestimento estanque à agua e ao
vapor de água.
• Variações de temperatura dos materiais ou elementos de construção,
originando:
- Fissuração de paredes devido à variação da temperatura das
próprias paredes, sobretudo de paredes comprimidas sem juntas
de dilatação.

114
MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS CORRENTES

Quadro 3.8 – Paredes – procedimentos de manutenção predictiva (continuação)

FC Ficha de causas
Uma das causas pode ser a exposição a uma fonte de calor;
- Fissuração de paredes por acção da temperatura sobre a
estrutura reticulada de betão armado. As causas podem ser:
¾ Variações dimensionais diferenciais entre elementos
estruturais expostos da envolvente e elementos
estruturais protegidos interiores - provocadas por
gradientes térmicos anuais e os choques térmicos a
que ficam sujeitos os elementos da envolvente, são
muito superiores aos dos elementos interiores;
¾ Variações dimensionais diferenciais entre alvenaria e
elementos de betão armado - provocadas por
diferentes coeficientes de dilatação térmica.
- Fissuração de paredes por acção da temperatura sobre a laje de
cobertura (sobretudo em terraço) e consequentes variações
dimensionais. As causas podem ser:
¾ Deficiências de projecto:
- Ausência de juntas de dilatação ou espaçamento
excessivo entre elas;
- Insuficiência de isolamento térmico da laje;
- Ligação rígida da laje às paredes subjacentes.
Tipologia de fissura:
¾ Suporte da laje / paredes estruturais:
- Fissura de desenvolvimento
aproximadamente horizontal, de traçado
descontinuo, ao longo do topo da parede e a
pouca distância do topo da parede;
¾ Suporte da laje / estrutura reticulada de betão armado
 Paredes orientadas paralelamente ao
movimento da laje:
- Fissura aproximadamente horizontal de
traçado descontinuo, ao longo do topo da
parede (imediatamente sobre a laje ou viga) e
ainda outra fissura diagonal, progredindo do
vértice superior para o inferior.
 Paredes orientadas perpendicularmente ao
movimento da laje:
- Fissura sensivelmente horizontal.
• Deformação excessiva dos elementos de suporte:
As causas podem ser:
- Crescente utilização de estruturas de pavimentos, sem vigas ou
com vigas de altura igual à das lajes. Estas estruturas, por não
introduzirem condicionamentos estéticos, dão ao projectista
grande liberdade de posicionamento das paredes divisórias,
sem necessidade de as fazer corresponder com a localização
das vigas, passando então as paredes a sofrer directamente o
efeito das deformações das lajes (pouco rígidas);
- O ritmo demasiado rápido de construção dos edifícios, sem que
seja respeitada a regra de boa arte que aconselha a que a
execução das paredes seja iniciada pelos pisos superiores. Se a
construção das paredes avançar de baixo para cima, haverá
transmissão significativa de cargas dos pisos superiores para os
inferiores através das paredes;
- Ausência de medidas construtivas que suprimam ou minimizem
os efeitos sobre as paredes das deformações dos pavimentos.

115
Capítulo 3

Quadro 3.8 – Paredes – procedimentos de manutenção predictiva (continuação)

FC Ficha de causas
Tipologia de fissura:
¾ Quando o suporte se deforma, começa por surgir uma
fissura com desenvolvimento predominantemente
horizontal, ao longo da primeira ou segunda junta de
assentamento ou até na junção da parede ao pavimento
inferior;
¾ Em divisórias com comprimento superior à altura,
formar-se-á então o arco de descarga que, perante um
acréscimo da deformação do pavimento inferior, dará
origem ao aparecimento de fissuras inclinadas (em
geral a 45º) limitando superiormente esse arco (porque
a parte da parede situada abaixo do arco se desprende
da parte superior);
¾ Quando para uma parede, a relação
comprimento/altura for muito grande, a fissura
horizontal pode aparecer a um nível mais elevado;
¾ A largura aumenta ao longo do tempo, embora as suas
primeiras manifestações aconteçam pouco tempo
depois da entrada em funcionamento dos edifícios,
podendo atingir uma largura significativa.
• Expansão das argamassas por acção dos sulfatos:
As causas podem ser originadas pela presença simultânea de três
elementos:
¾ Aluminato tricálcico - contido no cimento Portland;
¾ Sulfatos solúveis - provenientes normalmente dos
tijolos ou da poluição atmosférica;
¾ Água - resultante do humedecimento das paredes.
ƒ Humidades:
• Humidade de construção:
As causas podem ser:
- Evaporação da água existente provocando expansões ou
descasque de alguns materiais;
- Diminuição da temperatura superficial dos materiais ou facto
da condutibilidade térmica dos materiais variar em função do
respectivo teor de água provocando condensações em ambas as
situações;
- O facto dos materiais terem um teor de água superior ao normal
provocando manchas de humidade.
• Humidade do terreno:
As causas podem ser:
- Existência de paredes em contacto com a água do solo;
- Existência de materiais com elevada capilaridade nas paredes;
- Inexistência ou deficiente posicionamento de barreiras
estanques nas paredes;
- Alterações do nível do solo,
provocando problemas específicos como manchas de
humidade, criptoflorescências ou eflorescências, erosões
superficiais, manchas de bolor, vegetação parasitária (
sobretudo em locais pouco ventilados).
• Humidade de precipitação
(em paredes sujeitas à acção conjunta da água da chuva e do vento).
As causas podem ser:
- Existência de deficiências de concepção;
- Existência de fissuração,

116
MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS CORRENTES

Quadro 3.8 – Paredes – procedimentos de manutenção predictiva (continuação)

FC Ficha de causas
ambos provocando penetração da agua da chuva nas paredes e
manchas de humidade em paramentos interiores de paredes
exteriores.
- Humedecimento das paredes que induz um acréscimo do teor
de água e consequente aumento da respectiva condutibilidade;
- Fenómenos de secagem dos materiais húmidos,
ambos provocando condensações.
• Humidade de condensação:
As causas podem ser:
- Condensações superficiais:
Com a conjugação de diversos factores:
¾ Condensação do vapor de água, sempre que se atinja o
limite de saturação correspondente a uma dada
temperatura;
¾ Condições de ocupação, das quais depende a produção
de água nas edificações;
¾ Temperatura ambiente interior;
¾ Ventilação dos locais;
¾ Isolamento térmico das paredes,
ambos provocando manchas superficiais ou localizadas e bolores.
- Condensações internas:
Ocorrem, sempre que num dado ponto, a pressão parcial do vapor
de água que atravessa a parede por difusão iguala a pressão de
saturação correspondente à temperatura nesse ponto. Os factores
que originam as condensações são:
¾ Características do isolamento térmico dos vários
materiais que constituem as paredes que, por
condicionarem as respectivas temperaturas no interior,
vão determinar os valores da pressão de saturação em
cada ponto;
¾ As características de permeabilidade ao vapor de água
daqueles materiais que vão determinar as variações da
pressão parcial ao longo da parede.
ambos provocando apodrecimento de materiais orgânicos e
destaque de materiais.
• Humidade devida a fenómenos de higroscopicidade
• Humidade devida a causas fortuitas
ƒ Má concepção em projecto
• Má apreciação do desempenho da parede, globalmente e na ligação
a outras partes do edifício no que respeita à penetração de água,
durabilidade e comportamento estrutural. Neste último aspecto são
exemplos aqueles relativos a:
¾ Assentamento diferencial de fundações:
- Não previsão de fundações e estrutura com a
resistência necessária para suportar eventuais
movimentos que é possível prever;
- Não previsão de medidas de atenuação na
transmissão dos movimentos admissíveis da
estrutura e da fundação a outros elementos
construtivos de maior vulnerabilidade.
• Deformação excessiva de elementos estruturais horizontais:
¾ Não previsão no cálculo da limitação de flechas;
¾ Não adopção de medidas tecnológicas tendentes a
diminuir a repercussão dos movimentos de suporte nas
paredes.

117
Capítulo 3

Quadro 3.8 – Paredes – procedimentos de manutenção predictiva (continuação)

FC Ficha de causas
(as paredes de alvenaria não têm em geral uma rigidez
compatível com as flechas admitidas para as lajes e que
ocorrem de modo significativo no inicio da sua vida, mas
que se vão prolongando ao longo dos anos, embora com
um ritmo menor)
• Concentração de esforços:
¾ Não dimensionamento de apoios que garantissem a
eficaz distribuição de esforços, etc.
• Insuficiente avaliação e determinação das propriedades a exigir ao
tijolo e às argamassas;
• Especificações de materiais, testes e técnicas de execução omissas
ou vagas;
• Pormenorização incompleta;
• Desleixo na determinação das exigências estruturais das paredes
exteriores e nas deformações estruturais.
ƒ Deficiências de execução
• Deficiente compreensão do projecto, no que respeita aos
pormenores construtivos e às características a exigir aos materiais;
• Desconhecimento do funcionamento de impermeabilizações, rufos e
barreiras pára-vapor e insuficiente compreensão técnica das
respectivas exigências em termos de execução;
• Execução incorrecta (ou omissão) de barreiras de
impermeabilização, juntas de expansão-contracção, rufos, grampos
ou outros elementos de ligação previstos em projecto;
• Deficiente preenchimento de juntas verticais e horizontais;
• Acabamento desapropriado em juntas de assentamento e realização
de juntas de assentamento com espessuras excessivas;
• Acumulação de restos de argamassa no fundo da caixa-de-ar, caídos
durante a execução;
• Formação de ressaltos de argamassa na caixa-de-ar, permitindo o
contacto entre panos e a transferência de humidade entre eles;
• Não previsão de furos de ventilação e drenagem nas paredes;
• Utilização de argamassas com composição química inadequada,
incluindo por exemplo, substâncias expansivas;
• Negligencia na avaliação das condições atmosféricas durante a
execução da obra (temperatura e humidade), etc.
ƒ Deficiências na correcção de pontes térmicas pelo exterior
(insuficiente apoio do pano de parede sobre a laje e inexistência de
grampeamentos entre panos)
As manifestações podem concretizar-se através de:
• Abertura de fissuras horizontais ao nível da laje ou a poucos
centímetros acima desta (10 a 30 cm), por excesso ou
excentricidade de carga;
• Fissuração a meia-altura do pano de alvenaria, resultante do
fenómeno de bambeamento e encurvadura, agravado pelas
condições de apoio;
Esmagamento, destacamento ou descolamento da forra térmica do
topo da laje;
• Fissuração a meia-altura, por deformação transversal, sob efeito de
expansão vertical do tijolo e/ou retracção da estrutura, agravada
pelo apoio parcial da parede;
• Fissuração devida a tensões locais elevadas (de tracção) e de
esmagamento;

118
MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS CORRENTES

Quadro 3.8 – Paredes – procedimentos de manutenção predictiva (continuação)

FC Ficha de causas
• Rotura por corte na zona de transição das condições de apoio na
base da parede;
• Fissuração vertical e nos cunhais devido à falta de confinamento
das paredes, o que as torna mais susceptíveis aos fenómenos de
expansão-contracção;
• Perda de estanquidade, em consequência da fissuração;
• Rotação e deformação excessiva da parede devido à variação das
condições de apoio;
• Instabilidade global (envolvendo a queda de painéis de parede)
devido à excessiva rotação da base de suporte do pano de parede.
E.B.2 Planeamento das inspecções
MI Mapa de inspecções
IC Inspecções correntes
Intervalo de tempo: 2 meses
ƒ Realizar inspecções visuais aos elementos de parede interior e exterior,
dando particular atenção a:
• Estabilidade, regularidade, verticalidade e aspecto geral;
• Pontos singulares – ligação de vãos, ombreiras, soleiras,
peitoris, ângulos, cunhais, nós estruturais e topo das lajes (nó
parede-laje);
• Mudanças localizadas de cor dos revestimentos, das
superfícies expostas e em zonas localizadas devidas a
sujidades, manchas, bolores ou fungos, vegetação parasitária
e alterações do nível do solo (incluindo locais pouco
ventilados, paredes de pisos térreos e caves);
• Juntas entre elementos ou em ligações com a estrutura,
platibandas e guardas de terraços;
• Regularidade das superfícies, com especial atenção para a
existência de empolamentos, descasques ou destacamentos
dos revestimentos ou de zonas expostas;
• Indícios generalizados ou pontuais de perdas de
estanqueidade e/ou fissuração e degradação precoce;
Quando considerado necessário, poder-se-á proceder ainda à
monitorização.
Preenchimento de relatório de inspecção tipo
ID Inspecções detalhadas
Intervalo de tempo: 2 anos
Analisar e registar por determinados períodos temporais e em locais pré-
definidos, o seguinte:
ƒ Condições atmosféricas:
• Temperatura – utilizando termómetros de mercúrio,
termopares ou termistores;
• Humidade relativa – utilizando psicómetros de roca ou de
ventilação mecânica ou eléctrica ou higrómetros;
ƒ Temperatura superficial das paredes – utilizando termopares e
termistores ou aparelhos de termografia que registam as radiações
ultravioletas emitidas pelas superfícies em função da sua temperatura;
ƒ Teor de água nas paredes -
• Processos não destrutivos:
- Aparelhos baseados na medição da variação da
resistência eléctrica;
- Aparelhos baseados na medição da variação da constante
dieléctrica;

119
Capítulo 3

Quadro 3.8 – Paredes – procedimentos de manutenção predictiva (continuação)

ID Inspecções detalhadas
Intervalo de tempo: 2 anos
- Aparelhos baseados na medição da variação da
impedância de um semi-condutor;
- Aparelhos baseados na medição de neutrões ou micor-
ondas.
• Processos destrutivos:
- Método do teor de água ponderal;
- Aparelhos baseados na medição da pressão de acetileno;
- Método do núcleo independente.
ƒ Presença de sais:
- Equipamentos indicadores da presença de sais.
ƒ Risco de condensações:
• Equipamentos indicadores da ocorrência de condensações.
Preenchimento de relatório de inspecção tipo
AE Avaliação especializada
Intervalo de tempo: logo após à detecção de deficiência grave
• Elaborada ou solicitada a equipas especialistas;
• Execução de ensaios globais, estáticos ou dinâmicos em elementos ou
em zonas chave.
Relatório da entidade que elaborou a avaliação
E.B.3 Planeamento das intervenções
MM Mapa de manutenção
Intervalo de tempo: 6 meses
ƒ Proceder a uma limpeza ligeira das superfícies aparentes nos pontos
em que estas apresentem um aspecto preocupante.
Intervalo de tempo: 5 anos
ƒ Proceder a reparações gerais que se verifiquem ser necessárias. No
caso da existência de revestimentos, proceder de acordo com o
previsto no mapa de manutenção para o tipo de revestimentos em
causa;
ƒ Realização de ensaios (destrutivos ou não destrutivos) para avaliação
das propriedades físicas e mecânicas do elemento, quando considerado
necessário.
• Proceder a acções de manutenção de melhoramento ou reactiva em
função de outras decisões.
• Em qualquer caso deve ser feito sempre o registo do procedimento
tomado.

No caso da manutenção de melhoramento (E.C), devem ser tomados os procedimentos a


seguir indicados – Figura 3.8, caso se verifique, após uma inspecção, que o nível de
degradação é superior ao inicialmente esperado, ponderando-se assim a substituição do
elemento (E.C.1) por outro com maior durabilidade ou proceder a alterações na solução
inicial (E.C.2), casualmente com reparações utilizando materiais de nível de durabilidade
nunca inferior ao daquele existente.

No Quadro 3.9 sintetizam-se os procedimentos gerais básicos a ter em conta neste caso.

120
MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS CORRENTES

4. Procedimentos de inspecção e manutenção correntes


E. Planeamento da Manutenção
E.C. Manutenção Melhoramento

E.C.1 Substituição de elementos

E.C.2 Alteração de soluções

Figura 3.8 – Subdivisão de “Procedimentos de inspecção e manutenção correntes” – caso


da manutenção de melhoramento

Quadro 3.9 – Procedimentos gerais para a manutenção de melhoramento

4. Procedimentos de inspecção e manutenção correntes


E. Planeamento da manutenção
E.C. Manutenção de melhoramento
E.C.1. Substituição de elementos
Caso se conclua, numa das fases anteriores de planeamento da manutenção
que o funcionamento ou a durabilidade do elemento apresenta:
• Mau funcionamento, estando a interferir crescentemente e de modo
assinalável com outros elementos, por efeito de reacção;
• Uma durabilidade insuficiente (através de resultados de inspecções mais
detalhadas que permitam assegurar que o elemento ou parte constituinte
irá ter uma durabilidade bastante inferior ao previsto);
• Um determinado nível de degradação precoce,
então deve proceder-se ao estudo da sua substituição total ou parcial.
FA Fichas de actualização e registo
Deve ser preenchido o modelo de ficha para actualização e registo
documental de cada situação ocorrida conforme o modelo do Quadro 3.11.
E.C.2. Alteração de soluções construtivas
Alterações a realizar no caso de se verificar que a evolução do
comportamento com o tempo de uma determinada solução se está a tornar
inadequada e não ajustada à situação de funcionalidade actual.
FA Fichas de actualização e registo
Deve ser preenchido o modelo de ficha para actualização e registo
documental de cada situação ocorrida conforme o modelo do Quadro 3.11.

Ainda no âmbito do Capítulo 4, será apresentado uma análise para a manutenção de


melhoramento ao revestimento em estudo.

3.2.4 – O caso da manutenção reactiva

3.2.4.1 – Enquadramento

A análise dos procedimentos de manutenção reactiva é feita isoladamente uma vez que se
trata de uma situação particular. É uma estratégia de manutenção que cai fora do
procedimento habitualmente pró-activo.

121
Capítulo 3

De qualquer forma, há a salientar que a sua análise será realizada de forma exemplificativa,
pelo seu relevante grau de importância, uma vez que poderá ter, eventualmente, um carácter
planeado.

Na presente proposta de procedimentos e de enquadramento sobre todos os aspectos


relacionados com a temática da manutenção, será estudado este tipo de acção, de forma
semelhante às estratégias de manutenção pró-activas.

3.2.4.2 – Estrutura de procedimentos a considerar

Assim, a estrutura de procedimentos a propor para a manutenção reactiva (E.D.), será aquela
apresentada na Figura 3.9.

4. Procedimentos de inspecção e manutenção correntes

E. Planeamento da Manutenção

E.D. Manutenção Reativa

E.D.1. Pequena Dimensão

R Reconhecimento

TR Trabalhos de reposição

FA Fichas de actualização e registo

E.D.2. Grande Dimensão

FI Fichas de exemplos de intervenção

FA Fichas de actualização e registo

E.D.3. Urgentes

FI Fichas de exemplos de intervenção

FA Fichas de actualização e registo

Figura 3.9 – Subdivisão para enqudramento de “Procedimentos de inspecção e manutenção


correntes” – caso da manutenção reactiva

No âmbito da manutenção reactiva, as intervenções necessárias realizar podem ser de pequena


dimensão (E.D.1), de grande dimensão (E.D.2) e urgentes (E.D.3). No caso das intervenções

122
MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS CORRENTES

de pequena dimensão há que proceder, numa primeira fase ao reconhecimento das anomalias,
fazendo o seu levantamento exaustivo. Em função desse resultado, realizam-se operações de
reposição, no mínimo, das condições existentes. Para tal devem ser sempre recolhidos e
mantidos em arquivo, algumas soluções exequíveis e aplicáveis aos elementos.

Para as grandes intervenções, há que constituir uma base de informação actualizada sobre
exemplos de intervenção, tomando-se o mesmo procedimento em situações urgentes. Em
qualquer caso haverá sempre a necessidade de preencher as fichas de actualização e registo,
conforme à frente se analisa. No Quadro 3.10 sintetizam-se os aspectos focados.

Quadro 3.10 – Procedimentos gerais propostos para a manutenção reactiva

4. Procedimentos de inspecção e manutenção correntes


E. Planeamento da manutenção
E.D. Manutenção reactiva
E.D.1 Pequena Dimensão
R Reconhecimento
Assim que ocorrem sintomas de anomalias cujas consequências impliquem
uma reparação imediata, deve proceder-se ao levantamento dos trabalhos a
serem realizados e dos recursos técnicos e financeiros a afectar. Para este
desenvolvimento devem ser consultadas as fichas de actualização e registo,
uma vez que constituem um manancial de informação de auxílio num caso
de actuação rápida.
Em qualquer elemento, o reconhecimento pode ser realizado ao nível do
mesmo e devem ser mobilizados alguns meios técnicos e materiais para tal,
conforme o caso.
TR Trabalhos de reposição
Nesta fase executam-se os trabalhos previstos na etapa anterior. Devem
reunir-se exemplos de intervenções possíveis.
FA Fichas de actualização e registo
Deve ser preenchido o modelo de ficha para actualização e registo
documental de cada situação ocorrida conforme o modelo do Quadro 3.11.
E.D.2 Grande Dimensão
FI Fichas de exemplos de intervenção.
Devem reunir-se exemplos de intervenções possíveis.
FA Fichas de actualização e registo
Deve ser preenchido o modelo de ficha para actualização e registo
documental de cada situação ocorrida conforme o modelo do Quadro 3.11.
E.D.3 Urgentes
FI Fichas de exemplos de intervenção.
Devem reunir-se exemplos de intervenções possíveis.
FA Fichas de actualização e registo
Deve ser preenchido o modelo de ficha para actualização e registo
documental de cada situação ocorrida conforme o modelo do Quadro 3.11.

123
Capítulo 3

3.3 – Aspectos complementares

3.3.1 – Registo e actualização

Um PIMEC deve ter um carácter dinâmico o que implica a sua constante revisão e
actualização, desde logo a partir da existência de novas informações ou quando for essencial
adaptá-lo, sempre com o objectivo de se estabelecer uma adequada gestão de recursos e uma
decisão de intervenção de acordo com as disponibilidades do orçamento.

Tendo em vista intervenções futuras e a formação de uma base de dados, todas as


intervenções devem ser registadas, acompanhando-se por meios fotográficos e escritos.

Preferencialmente, a avaliação dos registos existentes deve ser feita todos os anos para
atenuar as incertezas associadas a determinados parâmetros. Desta forma consegue-se
rectificar progressivamente o PIMEC implementado com base no conhecimento e experiência
adquiridos e transmitidos pelos registos efectuados.

No sentido de auxiliar todo o desenvolvimento gradual da construção de um plano com a


estrutura apresentada e com o nível de procedimentos propostos, apresenta-se no Quadro 3.11
uma proposta de ficha tipo para a actualização e registo dos factos mais importantes
concernentes a cada elemento e que deve ser especialmente aplicado no caso da manutenção
reactiva.

3.3.2 – Decisão de intervir

Sobretudo no caso da realização de inspecções, existe muitas vezes uma confrontação sobre a
decisão técnica a tomar. Neste sentido, referem-se alguns aspectos a salientar de auxílio à
decisão. Assim podem-se tomar as seguintes resoluções:

1. Observa-se que o estado de degradação é aceitável, não conduzindo a qualquer


acção de manutenção

124
MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS CORRENTES

→ Fim da inspecção

2. A informação adquirida é insuficiente para a decisão o que implica estabelecer


ensaios adicionais, in-situ ou laboratoriais
→ Ensaios complementares

3. Há anomalias localizadas, de fácil correcção levando à execução de acções de


manutenção necessárias para a reposição das exigências
→ Acção de manutenção não planeada

4. Há sintomas de propagação de anomalias insignificantes mas com potencial


progressão significativa; neste caso monitoriza-se a evolução destes sintomas para
decidir o instante da intervenção
→ Monitorização

5. Encontram-se anomalias que impõem uma intervenção inadiável; neste caso será
forçoso agir com a maior rapidez.
→ Acção de emergência.

3.3.3 – Informatização da informação

Presentemente, em Portugal, há poucos desenvolvimentos em termos informáticos na área da


manutenção de edifícios. A informação encontra-se muito dispersa pelo que é importante a
sua recolha e sistematização como forma de incrementar ou potenciar o seu desenvolvimento.

Com a existência de um software preparado para a gestão da manutenção, já seria possível


agilizar processos como por exemplo o acesso ao histórico de cada elemento do edifício.

Pelo que se requer a curto prazo o estudo desta temática em conjugação com a análise do tipo
de proposta de funcionamento do modelo de inspecção e manutenção apresentado, de forma
aproximada ou melhorada. Este modelo pode ser considerado como uma base de arranque a
qualquer algoritmo informático a desenvolver.

125
Capítulo 3

Quadro 3.11 – Modelo proposto para ficha de actualização e registo

FICHA DE ACTUALIZAÇÃO E REGISTO


IDENTIFICAÇÃO DO ELEMENTO
A.B. Elemento primário C. Elementos de composição do elemento primário

C.A. Descrição ou materiais

ENQUADRAMENTO NO MANUAL
N Í V E L: N.º DE REGISTO

REGISTO

Descriminação de Anexos

REGISTO

Descriminação de Anexos

Registou: Cargo:

Organização: Data:

3.4 – Nota final

Os aspectos relacionados com a temática da manutenção de edifícios são cada vez mais
importantes tanto no sector da construção de empreendimentos (fases de projecto e
construção) como ao nível da gestão técnica e financeira dos edifícios em serviço.

126
MODELO PARA PLANO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS CORRENTES

Neste capítulo, apresentou-se uma proposta com vista a solucionar a organização de


procedimentos, conducentes à eficaz adaptação de mecanismos de manutenção em edifícios.

Com base na estrutura apresentada, ensaia-se com maior pormenor este modelo organizativo
no capítulo seguinte, sem constrangimentos, a um elemento que constitui uma solução
construtiva relativamente nova e simulando, posteriormente, estratégias de manutenção com
base no seu estado de referência, as quais poderão constituir um suporte para futuros trabalhos
mais aprofundados.

No Anexo 1, apresentam-se também outros quadros, com os quais se pretende complementar


o presente capítulo e que incluem outras possibilidades generalizadas de enquadramento e
ensaio de alguns aspectos considerados mais importantes propostos para o modelo
organizativo e aplicados a outros elementos do edifício.

127
CAPÍTULO 4

APLICAÇÃO DO PIMEC EM FACHADAS COM


REVESTIMENTO DELGADO ARMADO SOBRE ISOLANTE
- ESTUDO DE UM CASO -
Capítulo 4

CAPÍTULO 4

APLICAÇÃO DO PIMEC EM FACHADAS COM REVESTIMENTO DELGADO


ARMADO SOBRE ISOLANTE
- ESTUDO DE UM CASO –

ÍNDICE

4.1 - INTRODUÇÃO
4.2 - CARACTERIZAÇÃO DO REVESTIMENTO
4.2.1 - Enquadramento
4.2.2 - Constituição do sistema
4.3 - CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO EM SERVIÇO
4.3.1 - Organização do manual
4.3.2 - Caracterização do estado de referência
4.3.2.1 - Selecção de casos
4.3.2.2 - Metodologia adoptada
4.3.2.3 - Classificação de anomalias
4.3.2.4 - Defeitos observados
4.3.2.5 - Análise de resultados
4.4 - PLANEAMENTO DA MANUTENÇÃO
4.4.1 - Introdução
4.4.2 - Manutenção preventiva
4.4.2.1 - Previsão da vida útil dos ETICS
4.4.2.2 - Nível mínimo de qualidade
4.4.2.3 - Verificação do nível de desempenho
4.4.2.4 - Registo e representação da degradação
4.4.2.5 - Elaboração do mapa de manutenção preventiva
4.4.2.5.1 - Considerações gerais
4.4.2.5.2 - Pressupostos iniciais
4.4.2.5.3 - Análise individual de estratégias
4.4.2.5.4 - Acções de manutenção
4.4.2.5.5 - Estimativa de custos das estratégias
4.4.2.5.6 - O método do LCC
4.4.2.5.7 - Resultado do método do LCC
4.4.2.5.8 - Análise de resultados
4.4.2.5.9 - Mapa de manutenção preventiva
4.4.3 - Manutenção predictiva
4.4.3.1 - Anomalias comuns
4.4.3.2 - Tipos de inspecções
4.4.3.3 - Elaboração do mapa de manutenção predictiva
4.4.3.3.1 - Nota introdutória
4.4.3.3.2 - Análise individual de estratégias
4.4.3.3.3 - Vida útil obtida em cada estratégia
4.4.3.3.4 - Resultado do método do LCC
4.4.3.3.5 - Análise de resultados
4.4.3.3.6 - Mapa de manutenção predictiva
4.4.4 - Manutenção de melhoramento
4.4.4.1 - Considerações gerais
4.4.4.2 - Estratégias definidas
4.4.4.3 - Análise de resultados
4.5 - NOTA FINAL DO CAPÍTULO
4.5.1 - Introdução
4.5.2 - Aplicabilidade do modelo
4.5.3 - Análise ao planeamento da manutenção em ETICS

130
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

CAPÍTULO 4

APLICAÇÃO DO MODELO DE PIMEC EM FACHADAS COM


REVESTIMENTO DELGADO ARMADO SOBRE ISOLANTE
- ESTUDO DE UM CASO -

4.1 - INTRODUÇÃO

Considerando a importância da temática da manutenção de edifícios no sector da construção


de empreendimentos, tanto ao nível das fases de projecto e de construção, como ainda ao
nível da gestão técnica e financeira dos edifícios em serviço, apresentou-se, no capítulo
anterior, uma proposta de modelo para um PIMEC.

Nesse seguimento foram realizadas algumas abordagens simplificativas aplicadas no caso de


paredes, havendo agora que proceder a uma análise mais rigorosa, para ensaio e validação
daquele modelo organizativo, utilizando um elemento construtivo mais específico.

Assim, elegeu-se uma solução construtiva relativamente nova, mais concretamente um


revestimento delgado armado sobre isolante, vulgarmente designado por ETICS. Aproveitou-
se o facto de ter sido utilizado recentemente em extensas áreas de fachada dos edifícios do
Pólo II da Universidade de Coimbra, ao qual se tem vindo a dar grande atenção,
particularmente na análise da evolução do seu comportamento.

Resumidamente, no presente capítulo, é apresentado o tipo de revestimento em causa, através


da sua caracterização, sendo posteriormente aplicada a estrutura definida, com maior
pormenor.

131
Capítulo 4

Procede-se então ao exame do comportamento em serviço, com base na realização de um


vasto trabalho de campo, de caracterização aproximada do estado de referência,
essencialmente com o recurso a inspecções aos panos de parede.

Posteriormente, com base na percepção geral da evolução média do comportamento e do


estado actual do revestimento, simula-se o planeamento da manutenção, definindo diversas
estratégias e criticando a aproximação possível a um comportamento real futuro. Para a
concretização desse objectivo, foi fundamental a utilização de uma ferramenta económica de
apoio à decisão, particularmente o método do LCC.

Note-se o facto de existir pouca informação sobre o comportamento do tipo de revestimento a


analisar, aspecto este que realça a importância da análise prática a efectuar.

4.2 - CARACTERIZAÇÃO DO REVESTIMENTO

4.2.1 - Enquadramento

No âmbito do PIMEC e em consonância com a respectiva estrutura definida no capítulo


anterior, um ETICS identifica-se como sendo um elemento primário da classe dos
Revestimentos (C.B.1), particularmente da envolvente opaca exterior. Ao nível dos elementos
principais dos edifícios, pode classificar-se como sendo um Componente dos acabamentos
(III) dos Componentes de compartimentação (II – B.B.1).

De acordo com alguma da bibliografia técnica da especialidade e como se pode verificar no


Quadro 4.1, existem no nosso país, diversos tipos de revestimentos exteriores com maior
aplicação [34].

Assim, um sistema constituído por placas de isolamento térmico revestidas com argamassas
orgânicas ou sintéticas de pequena espessura armadas com fibra de vidro, assumem, nos
meios da especialidade, a designação de “revestimentos delgados armados sobre isolante”,
podendo formar um revestimento que simultaneamente assume a função de
impermeabilização, isolamento e acabamento de paredes exteriores.

132
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Quadro 4.1 – Revestimentos exteriores de paredes (retirado de [34])

Classificação funcional Principais tipos de revestimento usados em Portugal


- Placas de pedra natural, com fixação mecânica ao suporte e lâmina de ar;
Revestimentos de - Placas de outros materiais (plásticos, cerâmicos, metálicos ou
estanquidade compósitos), com fixação mecânica ao suporte e lâmina de ar ventilada).
- Revestimentos de ligante sintético armados;
Revestimentos de - Rebocos tradicionais;
impermeabilização - Rebocos pré-doseados (moncamada ou outros);
- Revestimentos de ligante misto (cimento e resina).
- Revestimentos de ligante sintético;
- Revestimentos por elementos descontínuos independentes com isolante
Revestimentos de
na caixa-de-ar;
isolamento térmico
- Revestimentos por componentes isolantes;
- Revestimentos aplicados sobre isolantes (ETICS)*.
- Revestimentos de argamassas de ligante mineral com inertes de material
isolante;
Revestimentos de
- Revestimentos por elementos descontínuos colados ou fixados
acabamento ou
mecanicamente sem lâmina de ar (ladrilhos, azulejos, pedras naturais,
decorativos
etc);
- Revestimentos por pintura.

* - External Thermal Insulation Composite Systems

Os sistemas mais usados apresentam pequenas variantes em torno de uma solução em que o
isolamento é constituído por placas de poliestireno expandido (EPS) previamente fixado ao
suporte e a malha é de fibra de vidro, protegida contra os álcalis, com abertura de
4 mm x 4 mm.

Na construção nova, este tipo de revestimento pode ser usado sobre paredes simples de
alvenaria rebocada ou de betão, como alternativa à utilização de parede dupla com caixa-de-ar
ou às soluções de paramento leve interior, ou ainda nos seguintes casos [83]:

- Paredes de betão moldado “in situ” de inertes correntes ou leves;


- Paredes de painéis prefabricados de betão;
- Paredes de blocos de betão de inertes correntes ou de blocos de betões leves
(betão de argila expandida, betão celular autoclavado), revestidas ou não com
revestimentos de ligantes hidráulicos;

133
Capítulo 4

- Revestimento de superfícies horizontais, em sub-face de varandas, lintéis ou


pavimentos sobre passagens abertas.

É também muito comum a sua utilização como técnica de reabilitação nas situações em que se
torna necessário e muito recomendável o aumento da resistência térmica ou da estanquidade à
água.

Do ponto de vista teórico, os resultados são muito bons, com melhorias ao nível estético,
durabilidade, impermeabilização e comportamento térmico - incrementando a resistência
térmica com o consequente aumento do conforto e da poupança de energia. Além disso, existe
ainda uma probabilidade baixa de fissuração e uma moderada capacidade para suportar
descontinuidades e movimentos do suporte. Os riscos de condensação prolongada no seio do
isolante de poliestireno expandido são muito reduzidos, por ser baixa a permeabilidade ao
vapor deste material e porque o revestimento possui elevada permeância ao vapor.

Essencialmente, as vantagens da utilização destes sistemas residem no seguinte [84] :

- Melhoria do conforto térmico;


- Minimização das pontes térmicas;
- Diminuição das condensações interiores;
- Protecção da estrutura e das alvenarias;
- Melhoria da estanquidade à água das paredes com consequente aumento da
durabilidade desses elementos.

4.2.2 – Constituição do sistema

O sistema compreende diversas camadas que se apresentam na Figura 4.1, cujas


características se descrevem de forma sucinta no Quadro 4.2, do Plano de Inspecção e
Manutenção, tendo como referência a documentação técnica mais divulgada em Portugal
sobre a matéria [60,82,83,84,85,86,87] bem como recorrendo à análise de cadernos de
encargos de diversas obras.

134
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Figura 4.1 – Ilustração da solução corrente do ETICS (adaptado de [83,86]).

135
Capítulo 4

Quadro 4.2 – Revestimentos - identificação particular de um ETICS na sub-


estrutura de composição admissível (com base em [83,86])

C.B.1 Revestimentos
2. Sub-estrutura de elementos
C. Elementos de composição dos elementos primários
C.A. Descrição/Materiais
Revestimento delgado armado sobre isolante
“ Camada de colagem
Argamassas-colas constituídas por uma mistura de resinas sintéticas em dispersão
aquosa com cargas minerais (sílica e calcite) e com cimento. A sua preparação
pode ser efectuada por um dos seguintes processos:
ƒ Amassadura com água de um produto em pó pré-doseado em
fábrica, constituído por resina em pó, cimento, cargas e adjuvantes;
ƒ Amassadura com uma dispersão aquosa de resina sintética de um
produto em pó pré-doseado em fábrica, constituído por cimento,
cargas e adjuvantes;
ƒ Amassadura com cimento de um produto em pasta pré-doseado em
fábrica, constituído por uma dispersão aquosa de uma resina
sintética, cargas e adjuvantes.

“ Camada de isolamento térmico


Placas de poliestireno expandido (espessura não inferior a 30 mm).
Com poliestireno extrudido devem ser acautelados eventuais danos decorrentes da
baixa permeabilidade ao vapor de água das placas e da reduzida aderência (devida
à falta de rugosidade das superfícies).
ƒ A massa volúmica deve estar compreendida entre 14 Kg/m3 e 20
Kg/m3 (acima deste valor limite serão de recear variações
dimensionais excessivas face ao aumento do módulo de
elasticidade).
ƒ A dimensão máxima das placas deve ser de 1,20 m (dá-se
preferência a placas com bordo lateral “macho-fêmea” ou “meia-
madeira” para assegurar uma melhor continuidade do sistema).

“ Camada de base do revestimento


Argamassa sintética semelhante à camada de colagem com espessura entre 2mm e
5mm (a camada de base deverá ter boas características de aderência ao isolante e a
sua espessura deve ser a necessária para embeber totalmente a armadura, quer seja
normal ou reforçada e assegurar a maior parte das funções do revestimento).
“ Armadura do revestimento
Rede de fibra de vidro de malha quadrada, revestida com PVC ou resina acrílica,
ou ainda malha de polipropileno, com garantia de total imunidade à humidade e
ao álcalis. Destina-se a restringir as variações dimensionais da camada de base do
revestimento, a melhorar a resistência aos choques dos sistemas e a assegurar a
resistência à fissuração do revestimento sobre as juntas entre placas do isolante.
ƒ A abertura da malha será suficientemente pequena para que
apresente a resistência à tracção exigida, mas também
suficientemente grande para permitir uma boa aderência ao material
de revestimento, adoptando-se em geral aberturas de 3 mm e a 5
mm;
ƒ Nas zonas de reforço (junto ao solo e em zonas acessíveis) será
usada rede dupla ou malha reforçada de acordo com as indicações do
sistema;
ƒ As armaduras normais deverão apresentar uma resistência à tracção
superior a 25 N/mm de largura de faixa;
ƒ As armaduras submetidas à humidade e ao ataque alcalino perdem
uma percentagem da resistência à tracção e do alongamento na
rotura

136
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Quadro 4.2 – Revestimentos - identificação particular de um ETICS na sub-


estrutura de composição admissível (continuação)

C.B.1 Revestimentos
Revestimento delgado armado sobre isolante
inicial, interessando que em obra sejam adequadamente protegidas da
água pelo revestimento, implicando uma boa cobertura e a ausência de
fissuração.

“ Camada de acabamento do revestimento


Revestimento delgado de massas plásticas para paredes, pronto-a-aplicar,
constituído por resinas em dispersão aquosa, cargas minerais, pigmentos e
adjuvantes diversos. A espessura total sobre o isolante não deve exceder 7 mm.
ƒ O acabamento é ligeiramente texturado, brilho mate, sem qualquer
projecção adicional de grânulos minerais (tipo marmorite).
ƒ Deve ter a coloração na massa para evitar posteriores pinturas do
sistema. As cores devem ser claras para possuírem boa reflectividade
aos raios solares e limitarem assim a elevação da temperatura quando
sob incidência dos mesmos;
ƒ É esta camada que confere o aspecto final a estes sistemas, através da
sua cor e do seu relevo de superfície

“ Acessórios
O sistema exige um número considerável de acessórios para a sua protecção, para a
execução das ligações com outros elementos das construções e para a resolução das
soluções de continuidade. Destacam-se:
ƒ Perfis de reforço: cantoneiras para protecção dos topos superiores,
inferiores ou laterais do sistema – Figura 4.2, Figura 4.3 e Figura 4.4.
São em geral de alumínio anodizado ou pré-lacado ou mais raramente
de aço inox;
ƒ Elementos de recobrimento: peças de capeamento, rufos, perfis de
peitoris, peças para beirais ou beirados, etc. – Figura 4.5. São de
alumínio, zinco ou aço inoxidável;
ƒ Elementos para juntas: mástiques plásticos (acrílicos ou butílicos),
perfis de delimitação de juntas, perfis de cobre-juntas e perfis de
fundo de junta – Figura 4.6 e Figura 4.7.
Com a previsão de juntas elásticas nas confinações do sistema com
saliências rígidas das paredes e com outros pontos singulares
(varandas, enquadramento de vãos, etc.), minimizam-se as
consequências das variações dimensionais diferenciais entre o sistema
de isolamento e o suporte.

4.3 - CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO EM SERVIÇO

4.3.1 – Organização do manual

De acordo com os procedimentos anteriormente propostos para os elementos estudados, a


caracterização do estado de referência do elemento em estudo deve ser precedida pela
organização adequada do PIMEC – Quadro 4.3. Assim, há que proceder numa primeira fase à

137
Capítulo 4

reunião e selecção de peças de projecto (D.A.1) que correspondam à caracterização física do


elemento em estudo - que neste caso prático é um ETICS - bem como à identificação da sua
localização no(s) edifício(s).

1 – Perfil de protecção 4 – Revestimento estanque


2 – Fixação mecânica 5 – Armadura reforçada
3 – Placa de fibrocimento

Figura 4.2 – Soluções para perfis de protecção das extremidades inferiores do sistema
(adaptado de [83]).

138
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

A caracterização física pode ser genericamente representada por um esquema como o


ilustrado na Figura 4.1, o qual para a situação concreta é o mais indicado. Além disso, outras
peças são importantes como aquelas ilustradas nas figuras seguintes, relativas aos acessórios e
ainda a pormenores de aplicação ou a disposições construtivas – Figura 4.8, Figura 4.9 e
Figura 4.10.

Figura 4.3 – Soluções para perfis de protecção das extremidades laterais do sistema
(adaptado de [83]).

Figura 4.4 – Soluções para perfis de protecção das arestas verticais do sistema
(adaptado de [83]).

Neste item, para a constituição do Manual, deverão também ser reunidas as peças escritas
existentes no projecto de cada edifício e que digam concretamente respeito ao elemento em
estudo.

O carácter não tradicional deste tipo de revestimento conduziu a que a bibliografia da


especialidade, os documentos técnico-comerciais e os cadernos de encargos incluíssem
recomendações técnicas (D.A.2), como por exemplo listas detalhadas das etapas de execução,

139
Capítulo 4

de forma a evitar não-conformidades. No Quadro 4.3 inserem-se alguns desses conselhos, de


grande importância para a compreensão do comportamento em serviço.

Figura 4.5 – Soluções para elementos de recobrimento ao nível dos peitoris


(adaptado de [83]).

Figura 4.6 – Junta dessolidarizante do sistema relativamente a um elemento saliente rígido da


construção (adaptado de [83]).

140
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Considerando os riscos a prevenir mencionados nas recomendações técnicas e com base na


bibliografia já mencionada, fez-se ainda uma pequena selecção de algumas indicações
importantes para futura análise - parâmetros para análise (D.A.3) – Quadro 4.3.

Figura 4.7 – Exemplo de perfil de cobre-junta (adaptado de [83]).

Figura 4.8 – Soluções possíveis para aplicação da cola no verso das placas do isolante
(adaptado de [83]).

Figura 4.9 – Sobreposição dos bordos de faixas contíguas de armadura (adaptado de [83]).

Na fase do trabalho de campo realizado relativo ao elemento em estudo, foi ainda possível ter
a noção de alguns aspectos que dificultaram o tipo de análise, essencialmente utilizado -

141
Capítulo 4

observação visual – que se encontram inseridos no levantamento de condicionalismos (D.A.5)


– Quadro 4.3. Com o tempo e com a evolução e acompanhamento da análise visual do
comportamento destes revestimentos, outros aspectos poderão ser registados.

Figura 4.10 – Reforço de armadura no enfiamento dos ângulos dos vãos (adaptado de [83]).

Quadro 4.3 – ETICS – procedimentos iniciais (com base em [86,87])

C.B.1 Revestimentos - ETICS


3. Procedimentos iniciais
D. Caracterização do comportamento em serviço
D.A. Organização do manual
D.A.1. Peças de projecto
Devem ser reunidas e inseridas no processo todas as peças escritas e
desenhadas de projecto relativas a toda a composição do elemento primário
em análise.
Neste caso, podem fazer parte deste separador todas as figuras atrás
existentes.
D.A.2. Recomendações técnicas
As recomendações técnicas dos projectistas, fabricantes ou fornecedores
podem ser importantes para a compreensão do comportamento em serviço,
pelo que é recomendado a verificação da sua existência e inserir no processo.
Exemplo de algumas recomendações técnicas seleccionadas com base na
bibliografia:
Regras de execução Riscos a prevenir
Prevenir se o teor de humidade do Dificuldades de colagem ou
suporte é compatível com o sistema humidificação do isolante ou dificuldade
(mínimo 30 dias de secagem para de secagem, sobretudo se as placas ou o
alvenarias e 45 dias para betão) revestimento forem pouco permeáveis ao
vapor de água
Lavar/limpar os suportes de betão para Dificuldades de colagem sobre superfícies
remover óleos de descofragem, leitadas de betão vidradas ou muito contaminadas
de betão e materiais pulverulentos. por óleos de descofragem.
Colar o isolante por faixas ou pontos, Existe o risco de empolamento ou flexão
mas sem deixar grandes vazios no devido a variações térmicas diferenciais,
tardós. em particular com cores escuras.
Colmatar o eventual afastamento entre A deficiente aplicação ou a falta de rigor
as placas com tiras de material isolante. das dimensões das placas conduzem a
intervalos entre elas que são fonte de
fissuração quando colmatados com
argamassa.

142
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Quadro 4.3 – ETICS – procedimentos iniciais (continuação)

D.A.2 Recomendações técnicas


Regras de execução Riscos a prevenir
Realizar uma sobreposição mínima de A sobreposição deficiente das armaduras
armaduras de 100 mm, entre faixas conduz à criação de zonas de fissuração
contíguas. diferencial.
Embebimento perfeito das armaduras e As armaduras não embebidas são
das cantoneiras metálicas. ineficazes na protecção contra a
fissuração. O reduzido recobrimento das
cantoneiras torna o revestimento muito
vulnerável.
Não executar a fixação à parede a isolar As fixações temporárias que atravessam o
de qualquer equipamento, incluindo isolante obrigam reparações posteriores
andaimes difíceis de dissimular e provocam esforços
perpendiculares ao revestimento.
Evitar humidificação do sistema durante A falta de protecção contra a chuva, das
a aplicação placas, durante a aplicação, pode provocar
deterioração e deformação a longo prazo
(falta de planeza e fissuração).
D.A.3 Parâmetros para análise
Embora mais à frente se analisem com mais pormenor diversos parâmetros,
podem exemplificar-se alguns tipos de degradação e respectivas causas
indicadas pela bibliografia consultada:
Tipo de degradação Causas
- Deficiente preparação do suporte (aplicação do sistema
Descolamento do em suportes sujos ou não decapados de revestimentos
sistema anteriormente existentes que se encontrem
deteriorados por descamação, pulverulência, etc.);
- Falta de produto de colagem.
- Choques devidos ao uso em zonas de paredes
Perfuração do sistema acessíveis aos utentes;
- Choques devidos à utilização de andaimes do tipo
bailéu durante a aplicação.
Deficiência de planeza - Deficiente planeza do suporte;
do sistema - Choques repetidos de andaimes do tipo bailéu sobre o
sistema.
- Falta pontual de armadura;
- Falta de sobreposição dos bordos de faixas contíguas
de armadura;
- Insuficiente recobrimento da armadura pelo
revestimento;
Fissuração do - Correcção de deficiências de regularidade dimensional
revestimento das placas do isolante mediante preenchimento das
consequentes juntas entre placas com produto de
revestimento;
- Correcção de deficiências de planeza mediante
aplicação de revestimento em espessura sobre o
isolante;
- Utilização de acabamento de cores escuras em paredes
frequente e prolongadamente expostas à acção directa
dos raios solares (a temperatura de um acabamento de
cor escura será muito superior à de um acabamento de
cor clara);
- Coexistência no mesmo paramento de acabamentos de
cores escuras confinando com acabamentos de cores
claras.

143
Capítulo 4

Quadro 4.3 – ETICS – procedimentos iniciais (continuação)

D.A.4 Registos históricos


Neste item pretende-se que sejam reunidas e anexadas, por ordem
cronológica, todas as informações e os respectivos elementos de, por
exemplo, intervenções anteriores, causas das intervenções, evolução da
ocorrência de anomalias, custos, etc.
No entanto, considerando o carácter não-tradicional deste tipo de
revestimento, a sua recente aplicação e a escassa informação existente sobre
o mesmo, sobretudo do ponto de vista técnico-evolutivo, dever-se-á, no
seguimento da sua monotorização, aos edifícios da Universidade de
Coimbra e noutros casos, proceder-se à anexação a este item, da informação
recolhida.
D.A.5 Levantamento de condicionalismos
Na inspecção visual que se efectuou, os condicionalismos mais marcantes
foram:
- A existência de grandes superfícies continuas em altura, as quais, nos
pontos mais altos só podem ser observadas com recurso a mecanismos
de elevação (gruas);
- Dificuldades no acesso a alguns terraços dos edifícios, por interdição
controlada de circulação nos mesmos;
- Dificuldade de circulação em alguns terraços, por não serem acessíveis.
Deverão ser sempre registados outros aspectos que se coloquem como
dificuldades marcantes às inspecções ou às intervenções de manutenção ou
reparação necessárias realizar.
D.A.6 Documentos relevantes
Actualmente, o registo mais importante a realizar corresponde à bibliografia
utilizada no presente estudo e que directamente esteja relacionada com o
ETICS.
Caso se verifique o aparecimento de manuais de concepção, construção e
outra informação relevante ao entendimento e estudo do elemento em causa,
igualmente se deve fazer o seu registo ou anexação.

4.3.2 – Caracterização do estado de referência

4.3.2.1 – Selecção de casos

A escolha dos edifícios a analisar foi determinada essencialmente pela utilização nas suas
fachadas do sistema de revestimento em estudo. Tratam-se de quatro edifícios propriedade da
Universidade de Coimbra, pertencente ao seu pólo das engenharias (Pólo II), situados no
Pinhal de Marrocos, em Coimbra.

São edifícios de construção recente e de tipologia corrente (estrutura de betão armado,


paredes de betão e alvenaria), embora com uma arquitectura moderna e marcante, sobretudo
por algumas opções tecnológicas e de materiais utilizadas. No Anexo 2, apresenta-se uma
fotografia aérea com o conjunto dos edifícios e a sua integração local.

144
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Cada edifício pertence a áreas autónomas de engenharia ou de investigação. Os aspectos da


caracterização mais relevantes de cada um, tidos em conta para o presente estudo, são
indicados no Quadro 4.4.

Quadro 4.4 – Descrição sumária dos aspectos mais relevantes dos edifícios
estudados em trabalho de campo

INSTITUTO PEDRO NUNES (IPN)


Vista geral:

Localização: Pinhal de Marrocos - Coimbra


Idade: 10 anos
Características: Dois blocos de edifícios de baixa altura (até 3 pisos), separados,
destinados à investigação científica, com configuração regular em
planta.
Área de fachadas (aproximada): 2.700 m2
Exposição das fachadas: Localizado próximo de artérias com muito tráfego (poluição urbana).
A sul estão vastas zonas verdes. Existem diferentes situações de
exposição ao vento e à chuva e a exposição solar é significativa.
Manutenção: Existência pontual de manutenção, normalmente de carácter reactivo.
Estado geral das fachadas: Fissuração dispersa, defeitos localizados.
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA INFORMÁTICA (DEI)
Vista geral:

Localização: Pinhal de Marrocos - Coimbra


Idade: 10 anos
Características: Edifício que acompanha o declive do terreno, com alguns pisos semi-
enterrados e com continuidade interior em largura. Em altura existem
quatro «torres» salientes a sobressair do volume mais baixo e
contínuo. A configuração em planta é pouco regular. Destina-se ao
ensino e investigação.
Área de fachadas (aproximada): 10.000 m2
Exposição das fachadas: Zona altaneira a meio de uma encosta declivosa, próxima do rio
Mondego - logo é húmida quase todo o ano. Exposição agressiva, em
termos solares e relativamente a pluviosidade associada ao vento.
Manutenção: Existência pontual de manutenção, normalmente de carácter reactivo.
Estado geral das fachadas: Fixação de líquenes e manchas de escorrência.

145
Capítulo 4

Quadro 4.4 – Descrição sumária dos aspectos mais relevantes dos edifícios
estudados em trabalho de campo (continuação)

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELECTROTÉCNICA E COMPUTAÇÃO (DEEC)


Vista geral:

Localização: Pinhal de Marrocos - Coimbra


Idade: 8 anos
Características: Edifício que acompanha o declive do terreno, com alguns pisos semi-
enterrados e com continuidade interior em largura. Em altura existem
quatro «torres» salientes do volume mais baixo e contínuo. A
configuração em planta é pouco regular. Destina-se ao ensino e
investigação.
Área de fachadas (aproximada): 14.000 m2
Exposição das fachadas: Zona altaneira a meio de uma encosta declivosa, próxima do rio
Mondego - logo é húmida quase todo o ano. Exposição agressiva, em
termos solares e relativamente a pluviosidade associada ao vento.
Manutenção: Existência pontual de manutenção, normalmente de carácter reactivo.
Estado geral das fachadas: Alteração de cor e manchas de escorrência.
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL (DEC)
Vista geral:

Localização: Pinhal de Marrocos - Coimbra


Idade: 4 anos
Características: Edifício comprido com quatro sectores distintos, separados em parte por
zonas de estacionamento interiores ou por uma rua, no caso do topo
poente. Embora a norte se identifiquem os quatro corpos/sectores
distintos e salientes, a sul existe alguma continuidade na fachada. Em
planta, a configuração é pouco regular. Destina-se ao ensino e
investigação.
Área de fachadas (aproximada): 10.000 m2
Exposição das fachadas: Exposição consideravelmente agressiva a sul, sobretudo em termos
solares, com efeito moderado da acção conjugada da chuva e do vento.
Manutenção: Existência pontual de manutenção, normalmente de carácter reactivo.
Estado geral das fachadas: Degradações pontuais.

146
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

4.3.2.2 – Metodologia adoptada

A abordagem que é feita para caracterização do estado de referência do sistema de


revestimento em estudo, aos casos concretos já mencionados, requereu apenas uma
metodologia tradicional de inspecção – a observação visual.

No Quadro 4.5, referencia-se esta situação, devidamente delimitada na estrutura do plano de


inspecção e manutenção.

Para a preparação e implementação do trabalho de campo, fez-se numa primeira fase, a


selecção das plantas e dos alçados dos edifícios a analisar. Elaborou-se também a numeração
dos planos de fachada para a sua identificação – Anexo 2, Figuras A.2.2, A.2.3 e A.2.4.

Considerando que a área de cada pano de fachada seria um factor importante a ter em conta
nas conclusões a tirar sobre o levantamento do estado geral da aplicação do revestimento
nestes edifícios, procedeu-se, em simultâneo, à medição dessas áreas. Igualmente importante
foi a consideração da orientação de cada fachada, pois perspectivou-se ainda vir a ser
analisado o nível de influência desse factor.

A selecção do conjunto de patologias a observar, teve como referencia a composição de


factores que mais afectassem a durabilidade destes sistemas, tal como é preconizado em geral
na bibliografia da especialidade, comparando-se ao mesmo tempo, com os defeitos mais
previsíveis à data da sua construção.

Assim, utilizando uma folha de registo com uma grelha preconcebida, assinalou-se, para cada
caso, a existência ou não de determinada patologia. No Anexo 3, apresentam-se elementos do
levantamento caracterizante do estado de referência do ETICS existente nas fachadas dos
edifícios atrás referidos.

4.3.2.3 – Classificação de anomalias

Conforme já se referiu, embora se considere que em geral as anomalias raramente ocorrem de


forma isolada, para efeitos de levantamento foram identificadas as manifestações patológicas

147
Capítulo 4

de forma independente.

Quadro 4.5 – ETICS – procedimentos iniciais (com base em [86,87])

C.B.1 Revestimentos - ETICS


3. Procedimentos iniciais
D. Caracterização do comportamento em serviço
D.B. Caracterização do estado de referência
D.B.1 Realização de inspecções
1.ª Fase – preparação do trabalho de campo, com selecção de alguns
aspectos e dos defeitos a analisar, elaborando grelhas para apontamento do
resultado da inspecção;
2.ª Fase – considerando a grande área de superfície a observar, faz-se um
pequeno calendário de observação;
3.ª Fase – trabalho “in loco” utilizando uma técnica de inspecção simples,
que essencialmente é uma observação à generalidade das fachadas do
edifício, para verificação da existência das anomalias pré-identificadas:
- Descolamento do sistema;
- Perfuração do sistema;
- Deficiência de planeza do sistema;
- Fissuração do revestimento;
- Visualização das juntas das placas;
- Empolamento das placas;
- Alteração da cor das superfícies;
- Desenvolvimento de vegetação parasitária;
- Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço.

Nota: Em função destas inspecções, pode vir a concluir-se para a


necessidade de realização de inspecções mais complexas (conclusões tiradas
mais à frente).
D.B.2 Registo do resultado das inspecções por elemento
Para efeito de organização do respectivo dossier de gestão, dever-se-á
preencher o modelo apresentado no Quadro 3.6 para relatório de inspecção,
o qual deve ser sempre arquivado neste separador.

Posteriormente, cada manifestação patológica foi classificada utilizando uma escala de


avaliação visual de anomalias no tipo de revestimento usado (com os ajustamentos
considerados adequados), tal como foi implementado por outros autores em trabalhos da
mesma natureza [34,53] - Figura 4.11.

Para esse sistema de avaliação, utilizou-se uma grelha constituída por quatro níveis ou
patamares de degradação, desde o 1 (estado geral bom) ao 4 (degradação grave) – Figura
4.12.

Mais à frente, esta classificação servirá de apoio às conclusões a retirar sobre a caracterização
do estado de referência da aplicação do ETICS nos edifícios em estudo.

148
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Nível de desempenho

100%

Poucos sinais de degradação 1


75%

Degradação ligeira 2
50%

Degradação extensa 3
25%

Degradação profunda 4
0%

Tempo

Figura 4.11 – Definição de patamares de degradação para análise visual de rebocos


(adaptado de [34,53])

Caracterização

Nível 1 - Alteração de cor das superfícies (sobretudo devido às


escorrências)
Bom

Nível 2 - Desenvolvimento de vegetação parasitária;


- Pequena fissuração;
Degradação - Graffiti;
ligeira
- Fendilhação localizada.

- Anomalias pontuais e localizadas:


∗ Perfuração do sistema;
∗ Deterioração do recobrimento das cantoneiras de
Nível 3 reforço.
- Deficiência de planeza do sistema;
Degradação
moderada
- Visualização das juntas das placas;
- Empolamento das placas;
- Deterioração da superfície;
- Infiltrações localizadas;
- Fendilhação generalizada.

Nível 4 - Descolamento do sistema;


Degradação - Infiltrações generalizadas com deterioração do sistema.
Grave

Figura 4.12 – ETICS – níveis de incidência da degradação e critérios de classificação

149
Capítulo 4

4.3.2.4 – Defeitos observados

Para além do levantamento representado nas grelhas em anexo, faz-se a seguir uma ilustração
sumária de casos mais significativos de anomalias registadas nos edifícios objecto de estudo –
Quadro 4.6. Esse registo é acompanhado de observações gerais consideradas importantes para
as conclusões finais.

Note-se que as situações ilustradas no CASO I ao CASO V são sobretudo anomalias das
grandes superfícies, cujas principais repercussões são apenas visuais: vegetação parasitária;
sujidade devido às escorrências, falta de planeza do sistema, etc.

Relativamente a graffiti, são registadas situações pontuais ou em áreas extensas – CASO VI.

Nas restantes situações (CASO VII a CASO IX) têm particular destaque as anomalias
pontuais e localizadas, devidas, na maior parte dos casos, a acções de impacto. O grau de
deterioração pode ser agravado quando não existe reforço de armadura ou a solução é
inadequada ao espaço envolvente (como sucede no CASO IX, em que a parede fica manchada
pelos sais de óxido de ferro transportados na água de rega ou a máquina de cortar relva bate
no revestimento provocando uma deterioração com um grau de severidade notável).

Foi ainda possível observar fissuração sobre cantoneiras de reforço ou no arranque do


sistema. Trata-se de um defeito que constitui uma fragilidade (coexistência de materiais com
comportamento termo-higrometrico muito distinto). Pode também ser agravado por
deficiências de aplicação: falta de armadura sobre a cantoneira ou existir uma espessura muito
reduzida do revestimento.

Um último aspecto a realçar e que constitui excepção, é a fissuração entre placas que afecta
radicalmente o desempenho do sistema (estanquidade, durabilidade, etc.).

Além dos defeitos atrás mencionados, devem ainda referir-se a fissuração reticular com
espaçamento regular em alguns dos panos mais antigos – CASO X, e as deteriorações
provocadas pela fixação inadequada de equipamentos ou atravessamento com tubagens.

150
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Quadro 4.6 – Ilustração de alguns defeitos observados em obra (adaptado com base em [98])

CASO I
Fixação de líquenes

CASO II
Aspectos de
pormenor do
desenvolvimento de
líquenes

CASO III
Sujidade de fachadas
rugosas nas zonas de
escorrência de água

CASO IV
Falta de planeza do
sistema, observado
com luz rasante

CASO V
Fissuração entre
juntas de placas

151
Capítulo 4

Quadro 4.6 – Ilustração de alguns defeitos observados em obra (continuação)

CASO VI
Graffitis

CASO VII
Perfurações localizadas no
revestimento

CASO VIII
Fissuração do revestimento
sobre cantoneira de
arranque

CASO IX
Degradação da base, em
zona acessível e muito
exposta, não protegida

CASO X
Fissuração reticular com
espaçamento regular em
alguns panos mais antigos

152
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

4.3.2.5 – Análise de resultados

Da análise dos 108 planos de fachadas estudados nos quatro edifícios atrás caracterizados e da
correspondente área (cerca de 37.000 m2), verificaram-se os resultados expressos nas
Figuras 4.13 e 4.14.

Embora o resultado do estudo seja expresso em função de dois aspectos constantes do


levantamento de casos - área e número de planos totais, em termos de resultados poderão
existir pequenas diferenças, mas as mesmas não são significativas para efeitos de uma análise
global.

20% 19%
16%
13%
11%
9%

5%
4% 3%
Deficiência de
Fissuração do

Empolamento
Alteração da cor
juntas das placas

Deterioração do

Perfuração do

Descolamento do
das cantoneiras

Desenvolvimento
Visualização das

das superfícies

revestimento

planeza do

das placas
recobrimento

de vegetação
sistema
de reforço

sistema

parasitária

sistema

Figura 4.13 – Distribuição dos defeitos em função do número total de planos analisados

22%

18%

14%
13%
11%

8%
6%
5%
2%
Deficiência de
Fissuração do

Empolamento
Alteração da cor
juntas das placas

Perfuração do

Deterioração do

Descolamento do
das cantoneiras

Desenvolvimento
Visualização das

das superfícies

revestimento

planeza do

das placas
recobrimento

de vegetação
sistema
de reforço
sistema

parasitária

sistema

Figura 4.14 – Distribuição dos defeitos em função da área total de planos analisados

153
Capítulo 4

De qualquer forma, há a registar que as situações mais observadas foram a Visualização das
juntas das placas (20% a 22% dos casos) e a Alteração da cor das superfícies (cerca de 19%
dos casos). O primeiro caso é um defeito existente sobretudo nas fachadas dos edifícios mais
antigos enquanto que o segundo caso tem uma ocorrência mais generalizada.

Os defeitos com ocorrência menos significativa são sobretudo o Desenvolvimento de


vegetação parasitária (4% a 6% dos casos, com especial incidência no edifício do DEEC), o
Empolamento das placas (5% dos casos) e o Descolamento do sistema (4% dos casos).

As Figuras 4.15 e 4.16, individualizam os defeitos registados em cada um dos edifícios


analisados, tendo em conta a sua idade.

Efectivamente, verifica-se que a amostra não é ampla no número de edifícios e em termos da


diferença das respectivas idades e naturalmente do sistema utilizado.

No entanto, do exame destas figuras é possível, mesmo assim, retirar algumas conclusões.

Na generalidade, é notável não se verificar, para qualquer um dos defeitos, uma evolução com
o tempo do seu nível de degradação. Este aspecto poderá estar relacionado com uma
variabilidade de factores que podem contribuir para uma evolução característica

30%

25%

20%

15%

10%

5%

0%
Visualização das Alteração da cor Fissuração do Perfuração do Deterioração do Deficiência de Desenvolvimento Empolamento Descolamento do
juntas das placas das superfícies revestimento sistema recobrimento das planeza do de vegetação das placas sistema
cantoneiras de sistema parasitária
reforço

DEC (4 anos) DEEC (8 anos) DEI (10 anos) IPN (10 anos)

Figura 4.15 – Distribuição individualizada dos defeitos por edifícios – gráfico de colunas

154
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Visualização das juntas das


IPN (10 anos) placas
Alteração da cor das superfícies

Fissuração do revestimento
DEI (10 anos)
Perfuração do sistema

Deterioração do recobrimento
das cantoneiras de reforço
DEEC (8 anos)
Deficiência de planeza do
sistema
Desenvolvimento de vegetação
parasitária
DEC (4 anos)
Empolamento das placas

Descolamento do sistema
0% 20% 40% 60% 80% 100%

Figura 4.16 – Distribuição individualizada dos defeitos – gráfico de barras

ou individualizada, dos defeitos, em cada caso. Ou seja, poder-se-á dizer que para um sistema
deste género, de iguais características, não há um padrão evolutivo da diminuição do
desempenho, mas sim um conjunto de outros factores influentes e intrínsecos a cada amostra
(edifício).

Por exemplo, repara-se que os defeitos com expressão mais significativa neste universo
(Visualização das juntas das placas e a Alteração da cor das superfícies) têm um peso
superior nos edifícios mais novos. Certamente deste facto, se pode concluir haver uma
correspondência directa com factores relacionados essencialmente com as condições de
realização do sistema, as características dos materiais utilizados e a acção conjunta dos
poluentes atmosféricos e água.

Note-se também, que no caso do Desenvolvimento de vegetação parasitária apenas é


registado nos dois edifícios mais expostos em termos ambientais (DEEC e DEI), pois têm
associada grande volumetria, sobretudo em altura, com superfícies extensas, factores estes
que conjugados com as condições termo-higrométricas da sua localização, contribuem
sobremaneira para o aparecimento daquela manifestação patológica. Além disso, poderá haver
ainda a contribuição de outros factores, já relacionados com a aplicação em obra, que
contribuem ou justifiquem, mesmo assim, a diferença existente entre os valores de ocorrência
nos edifícios mencionados (com uma expressão algo significativa).

155
Capítulo 4

Também é de realçar a distribuição de defeitos mais ou menos uniforme que se regista no


edifício do IPN. Este facto pode ter uma leitura relacionada sobretudo com a reunião de
condições de mão-de-obra excepcionais à data da sua execução, conjugada com uma
localização física e climática mais favorável relativamente aos restantes edifícios. No entanto,
a grande conclusão que daqui se pode retirar é que, considerando a sua idade, e em termos
gerais, o seu estado de conservação apresenta melhores resultados.

Relativamente ao DEC, pode verificar-se que embora sendo o edifício mais novo do conjunto
observado, regista importantes valores em alguns defeitos, superiores até àqueles relativos aos
revestimentos mais antigos: Visualização das juntas das placas (25%), Fissuração do
revestimento (19%) e Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço (18%).
Essencialmente, esta situação poderá ser fundamentada na fraca qualidade de execução do
sistema.

Na Figura 4.17 representa-se a distribuição das anomalias em função da exposição das


fachadas. Antes de se fazer qualquer análise sobre os resultados expressos nesta figura, há que
referir o facto de apenas existirem fachadas com exposição diferenciada das orientações Norte
(N), Sul (S), Este (E) e Oeste (W), no edifício do DEI.

Na generalidade, verifica-se o facto das fachadas com exposição a Sul e a Este serem as mais
afectadas. A Sul, há a predominância do Empolamento das placas, do Desenvolvimento de
vegetação parasitária e da Visualização das juntas das placas; esta última apresenta também
grande manifestação a Este.

São defeitos que espontaneamente se podem relacionar com aspectos ambientais


particularmente associados à exposição agressiva das fachadas a sul (viradas para o vale do
rio Mondego), nomeadamente em termos solares, humidade e com forte pluviosidade
associada a vento.

Estes factores concorrerem para o desenvolvimento de vegetação parasitária, importantes


movimentos de expansão e retracção e ciclos de molhagem e secagem das superfícies.

156
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

4,5%

4,0%

3,5%

3,0%

2,5%

2,0%

1,5%

1,0%

0,5%

0,0%
N S E W SW SE NW NE
Descolamento do sistema Perfuração do sistema
Deficiência de planeza do sistema Fissuração do revestimento
Visualização das juntas das placas Empolamento das placas
Alteração da cor das superfícies Desenvolvimento de vegetação parasitária
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço

Figura 4.17 – Distribuição dos defeitos em função da exposição das fachadas

De acordo com o referido no ponto 4.3.2.3, apresenta-se na Figura 4.18 um critério de


incidência das anomalias no contexto geral da amostra estudada.

Numa análise mais cuidada à Figura 4.18 e Figura 4.19, é possível constatar que cerca 4/5 das

22%
18%
14%
13%
11%
8%
6%
5%
2%
Desenvolvimento

Deterioração do

Fissuração do

Empolamento

Descolamento
Deficiência de
Alteração da cor

Perfuração do

das cantoneiras

Visualização das

revestimento
das superfícies

recobrimento

das placas
de vegetação

planeza do

do sistema
de reforço
parasitária

sistema

sistema
juntas das
placas

Nível 1 Nível 2 Nivel 3 Nível 4

Figura 4.18 – Grau de gravidade das anomalias – distribuição por níveis de incidência

157
Capítulo 4

49%

31%

18%

2%

Nivel 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4

Figura 4.19 – Grau de gravidade geral das anomalias

anomalias registadas correspondem a níveis médios de deterioração (Nível 2 e Nível 3), com
percentagens de incidência de 31% e 49%, respectivamente.

Os casos registados, classificados como correspondentes a situações de baixa gravidade,


representam cerca de 1/5 do total das anomalias, embora se verifiquem ainda existir defeitos
graves ou muito graves (2%), com especial relevância para o Descolamento do sistema.

Saliente-se que embora o presente estudo não tenha sido elaborado com maior rigor
relativamente à diversidade e incidência dos defeitos isoladamente em cada nível, julga-se
haver alguma pertinência na consideração de eventuais variações dessa incidência para níveis
superiores e inferiores. Particularizando, a Fissuração do revestimento (sobretudo a registada
no IPN), pode situar-se a num nível mais baixo, apesar de se manifestar de uma forma
superficialmente generalizada, estabilizada e pouco gravosa. Outro tipo de fissuração mais
pontual e localizada, poderá afectar radicalmente o desempenho do sistema (estanquidade,
durabilidade, etc.) – devendo ser já posicionada num nível superior.

Isto significa que de uma forma geral, os valores apontados poderão ter alguma variabilidade,
mas não é para já, significativa na análise do desempenho global.

Em termos de conclusão, pode afirmar-se que nos dez primeiros anos, o envelhecimento geral
do sistema foi reduzido e que a evolução com a idade do sistema aplicado nos diversos
edifícios, não tem uma curva de diminuição do desempenho próxima de um padrão evidente,
embora seja algo semelhante entre eles.

158
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Verifica-se, no entanto, que algumas anomalias aparecem muito cedo e são comuns a todos os
edifícios: fissuração do acabamento sobre as cantoneiras inferiores de arranque, havendo uma
forte tendência para a criação de manchas nas zonas dos paramentos sujeitos à acção de
filmes de água da chuva.

Das situações observadas, as deteriorações mais importantes e mais preocupantes são aquelas
que não são comuns aos vários edifícios e cuja origem não está totalmente identificada,
sobretudo por ser impossível reconstituir, em pormenor, as operações de execução e a história
do primeiro ano de vida da construção: a fissuração reticulada do edifício do IPN, fissuração
vertical entre placas do edifício do DEC e a proliferação de vegetação (líquenes) nas fachadas
Sul e Oeste do edifício do DEI.

4.4 - PLANEAMENTO DA MANUTENÇÃO

4.4.1 - Introdução

No âmbito da estrutura de modelo de PIMEC definido no Capítulo 2 (4. – Procedimentos de


inspecção e manutenção correntes; E. – Planeamento da Manutenção), apresenta-se neste
ponto, uma proposta de procedimentos de inspecção e manutenção a exigir no caso da
aplicação de um sistema de revestimento de paredes com ETICS.

O tipo de manutenção requerido é função da definição de níveis de desempenho e de


degradação, tendo em conta as exigências inicialmente previstas. Nesta fase, em que já foi
caracterizado o estado de degradação, encontra-se auxiliada a tentativa de definição e
planeamento das acções de manutenção.

Assim, apresentar-se-á o planeamento da manutenção preventiva, como forma de controlar


atempadamente a propagação das anomalias já existentes e a manifestação de outras que
possam surgir; o planeamento da manutenção predictiva, para se confrontar o comportamento
do sistema durante a sua utilização com o previsto; a previsão de acções de melhoramento,
disponíveis e dependentes das disponibilidades financeiras.

159
Capítulo 4

Note-se que é consensual admitir que as diferentes necessidades de manutenção são


dependentes da especificidade do revestimento e do seu comportamento.

4.4.2 – Manutenção preventiva

4.4.2.1 – Previsão da vida útil dos ETICS

Para se cumprir um critério de durabilidade é necessário satisfazer várias exigências durante a


vida útil de um elemento construtivo, em função das acções a que estará exposto e em
condições normais de manutenção e utilização. No caso de um revestimento de fachada como
aquele em estudo, a durabilidade global poderá estar condicionada pela durabilidade das
diferentes camadas, incluindo a relativa ao suporte. A análise que se fará, será independente
de considerar este último elemento e realiza-se no pressuposto do sistema ser homogéneo.

Para a EOTA – European Organization for Technical Aprovals, a vida útil a exigir aos
componentes da construção (à excepção dos elementos estruturais) é função da vida útil das
obras onde se incluam. Desta forma, os produtos são dissociados por categorias que
relacionam a vida útil economicamente razoável e prevista para as construções com o tipo de
manutenção: “facilmente reparável ou substituível”, “reparável ou substituível” e “para toda
a vida da construção” [88]. Neste seguimento, a norma ISO 15686-1 [48] genericamente
sugere valores mínimos para a vida útil projectada do edifício e seus componentes,
considerando as necessidades de manutenção e a oportunidade de serem especificados valores
mais reduzidos da durabilidade. Para o tipo de edifícios e componentes em análise, numa
primeira abordagem, admitem-se os valores especificados no Quadro 4.7.

Quadro 4.7 – Valores mínimos de vida útil a projectar para ETICS (com base
em [48,49])

Vida útil projectada para o edifício Elementos facilmente substituíveis


(admitida em fase de projecto) (no caso do ETICS)
100 a 150 anos 40 anos

Nalguma bibliografia da especialidade relativa ao ETICS [83], refere-se que a durabilidade


destes sistemas pode ser estimada como sendo superior a 30 anos, em condições normais de

160
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

uso e caso tenham sido bem concebidos e executados. Igualmente, considera-se esta como
sendo a durabilidade dos constituintes, cuja substituição não é do âmbito de uma manutenção
corrente.

Para se fazer uma previsão mais fundamentada deste parâmetro, será realizada uma simulação
simplificada do método factorial, tal como propõe o “Regulamento Japonês” [29], já
anteriormente referenciado – Capítulo 2, ponto 2.6.2.2.1.

Assim, para indicação da vida útil de referência do ETICS, admite-se um valor médio dos
valores supracitados (YS = 35 anos).

Nos Quadros 4.8 e 4.9, indicam-se respectivamente, os valores assumidos nos factores de
influência da vida útil do ETICS e os valores da vida útil nos casos de manutenção
inexistente, corrente ou boa.

Quadro 4.8 – Valores adoptados para a influência dos factores no cálculo da


vida útil ao caso em estudo (com base em [12,29,86])

“Regulamento
Factores Valor escolhido
Japonês” (*)
A – Desempenho dos elementos Normal 1,0
B – Nível de projecto 0,49 -1,3 Corrente 1,0
C – Nível de execução 0,8 – 1,2 Corrente / Bom 1,1
D – Condições locais e ambientais 0,9 – 1.1 Menos bom 0,9
E – Condições dos edifícios Corrente 1,0
Inexistente (I) 0,8
M – Nível de manutenção 0,8 – 1,2 Corrente (C) 1,0
Bom (B) 1,2
(*)
- Valores médios utilizados em exemplos práticos

Assim, admitiu-se que o nível de projecto é corrente tal como as condições dos edifícios. As
condições locais e ambientais não foram consideradas as melhores, ao inverso do nível de
execução que se considerou entre corrente e bom, face essencialmente ao necessário
cumprimento das exigências do caderno de encargos. Simula-se esta operação para três níveis
de manutenção: inexistente ou pontual – actuando só quando necessário ou com um grau de
actuação inadequado; corrente – inspecções, limpezas e reparações periódicas; bom –
periodicidade de intervenções reduzida.

161
Capítulo 4

Quadro 4.9 – Valores da vida útil do ETICS para situações variáveis de


manutenção (com base em [12,29,86])

Vida útil (anos)


Elemento
(Y=YS x A x B x C x D x E x Mi)
Mi - f [(I)] Mi - f [(C)] Mi - f [(B)]
ETICS
28 35 42

Assume-se que estes valores de vida útil são válidos para um nível mínimo aceitável de
desempenho de 0%, em condições normais de serviço.

Deste modo, atendendo ao estado geral verificado no levantamento para a caracterização do


estado de referência do sistema de revestimento estudado, parece ser aceitável o valor
indicado de 28 anos de vida útil, nas actuais condições de manutenção.

4.4.2.2 – Nível mínimo de qualidade

Com já anteriormente se tinha referido, a decisão subjacente a determinadas estratégias de


manutenção, tem como base a definição de níveis mínimos de qualidade que se caracterizam
por variados estados de degradação e aos quais se podem atribuir percentagens de
desempenho do elemento (como referido no ponto 4.3.2.5).

Tal como noutros estudos [12], supõe-se que o nível mínimo de qualidade deverá ser igual a
20 %, o qual corresponderá teoricamente a um estado de degradação a partir do qual o sistema
não cumpre as características de desempenho inicialmente perspectivadas. Ou seja,
concretizando, corresponde a um estado de degradação que numa análise mais pormenorizada
de levantamento da conservação como aquela efectuada, implicaria ter para incidência de
anomalias, um valor próximo de 20% e ao qual correspondessem quaisquer consequências
classificadas já como não aceitáveis do ponto de vista das exigências de desempenho.

Mais à frente, no Quadro 4.10, indicam-se os estados de degradação aos quais correspondem
uma caracterização de desempenho, para o nível mínimo de qualidade sugerido.

162
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

4.4.2.3 – Verificação do nível de desempenho

A escolha de um ETICS para revestimento de paredes, justificou-se inicialmente por se tratar


de uma solução nova e porque à partida, teoricamente, apresenta um conjunto de resultados
satisfatórios face ao nível de requisitos impostos pelo dono de obra (conforme já mencionado
em 4.2.2.). Ou seja, espera-se desta solução a garantia de um determinado desempenho e a sua
aptidão para satisfazer um conjunto de exigências que se encontram definidas em normas,
regulamentos, especificações e bibliografia da especialidade.

Para condições normais de manutenção e durante um período de vida útil economicamente


razoável, a Directiva Europeia dos Produtos da Construção 89/106/CE [89] exige que os
materiais da construção revelem aptidão ao uso a que se destinam, tendo características que
satisfaçam os requisitos essenciais: resistência mecânica e estabilidade; segurança contra risco
de incêndio, higiene, saúde e ambiente; segurança na utilização; protecção contra o ruído;
economia de energia e retenção de calor.

Além destas exigências fundamentais, há outras que se devem considerar e que foram
equacionadas na fase de concepção e projecto, nomeadamente: compatibilidade com o
suporte; conforto visual e táctil; durabilidade; adaptação à utilização normal.

No caso da fachada e seus componentes, particularmente do conjunto parede/revestimento, o


cumprimento de tais exigências passa pela constituição de valores limite admissíveis para os
vários requisitos de desempenho: deformabilidade à acção directa do vento; secagem
superficial; permeabilidade ao ar e ao vapor; resistência térmica, etc. A quantificação do
desempenho do revestimento, passa pela realização de ensaios, medições e/ou simulações e a
sua comparação com as exigências. No Quadro 4.9 analisam-se com mais pormenor alguns
desses parâmetros.

4.4.2.4 – Registo e representação da degradação

A avaliação da durabilidade / vida útil pressupõe o registo e a representação da degradação.


Nesta situação, há que ter em conta dois aspectos importantes e distintos entre si, embora
interligados.

163
Capítulo 4

O primeiro diz respeito à identificação isolada dos possíveis agentes de degradação (que
genericamente são mecânicos, electromecânicos, térmicos, químicos e biológicos [48]) e dos
efeitos da degradação, representados por níveis. Relativamente aos agentes, esses provocam
alterações nos elementos que poderão ser visíveis por simples observação ou através de
métodos de medição, como expressão directa ou indirecta de um defeito.

No Quadro 4.10, são identificados e representados dois exemplos de fenómenos que


contribuem para a degradação de revestimentos: a fissuração e as manchas prematuras.

O segundo aspecto a salientar, corresponde à representação combinada, através de uma curva


de deterioração teórica característica do material em estudo, dos padrões típicos de
degradação (representados no Capítulo 2, ponto 2.6.2.2.2) por acção dos respectivos
mecanismos, sendo uns mais significativos que os outros. Essa curva pode ser mais ou menos
acentuada conforme as condições locais e o tipo de revestimento considerado. Ou seja,
utilizando um modelo de curva já estudado [48], aplicado a elementos de fachada em
condições consideradas normais, é representada na Figura 4.20, uma proposta de curva de
degradação para o ETICS do caso em estudo.

Essa curva de degradação simulou-se com um andamento de um polinómio do segundo grau,


para uma taxa de degradação que vai aumentando lentamente no início (2%), sendo
DESEMPENHO (%)

100,0

90,0

80,0

70,0

60,0

50,0

40,0

30,0
Nível mínimo de qualidade
20,0
24
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0
TEMPO (anos)

Figura 4.20 – ETICS – Curva de degradação proposta para o caso em estudo (sem
manutenção)

164
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

ligeiramente mais acelerada para o fim da vida útil (5%) – critérios estes definidos como
representativos.

Pode verificar-se que a vida útil, para o nível mínimo de qualidade apontado, é de cerca de
24 anos, idade a partir da qual, com a manutenção actualmente existente, o revestimento
deverá ser substituído.

Quadro 4.10 – ETICS – procedimentos de manutenção preventiva

C.B.1 Revestimentos - ETICS


4. Procedimentos de inspecção e manutenção correntes
E. Planeamento da manutenção
E.A. Manutenção preventiva
E.A.1 Caracterização de parâmetros
Procedeu-se a uma análise com base numa Avaliação (Av) por Estimativa
(Es) utilizando como Alternativa (Al) alguma Informação disponível (Id).
Os valores da vida útil representativa a que se chegou são:
VU ƒ Para um nível de manutenção inexistente: 28 anos;
ƒ Para um nível de manutenção corrente, incluindo inspecções,
limpezas e reparações periódicas: 35 anos;
ƒ Para um nível de manutenção bom, com operações de manutenção
com periodicidade reduzida: 42 anos.
O nível mínimo de qualidade deveria estar estabelecido em especificações
técnicas de projecto, por exemplo, como um Registo inicial (Ri).
Neste caso, há a necessidade de criar uma Definição de critérios (Dc):
supõe-se que o nível mínimo de qualidade deverá ser igual a 20 % para uma
incidência de anomalias a que correspondam quaisquer circunstâncias já não
aceitáveis do ponto de vista das exigências de desempenho.
O valor da vida útil, para este desempenho e sem manutenção, perspectiva-se
em 24 anos.
Ao nível mínimo de qualidade definido, teoricamente supõem-se atingidos
estados graves de degradação tais como:
NQ ƒ Perfuração generalizada do sistema;
ƒ Fissuração generalizada e/ou profunda;
ƒ Perda de aderência ao suporte e/ou entre camadas com eventual
destacamento;
ƒ Deterioração irremediável nas zonas das cantoneiras de reforço;
ƒ Alteração profunda da cor das superfícies;
Donde impliquem ou resultem sobretudo:
ƒ Infiltrações acentuadas e perda de estanquidade;
ƒ Alteração considerável das exigências termo-higrométricas
inicialmente preconizadas;
ƒ Degradação visual significativa que atinja os requisitos mínimos de
estética.
ƒ Outras, na verificação do nível de desempenho.

165
Capítulo 4

Quadro 4.10 – ETICS – procedimentos de manutenção preventiva


(continuação)

C.B.1 Revestimentos - ETICS


E.A.1 Caracterização de parâmetros
Os níveis de desempenho deverão estar estabelecidos em especificações
técnicas de projecto, por exemplo, como um Registo inicial (Ri).
Neste caso, há a necessidade de criar uma Definição de critérios (Dc),
sobretudo com base em bibliografia sobre revestimentos [60,90,91].
Desempenho
Parâmetro Nível de desempenho
(exigências)
Peso próprio e Resistência sem ruptura nem descolamento em
sobrecargas de relação ao suporte; Avaliação por cálculo ou
utilização normal experimentalmente, por simulação.
Choques excepcionais – resistência garantida no
Acções de conjunto parede/revestimento; Choques normais
choques normais – resistência pelo revestimento;
ou excepcionais A avaliação é expressa através de valores de
energia de choque (E), em Joules.
Resistência A acção da temperatura e dos choques térmicos
mecânica e provoca tensões e deformações elevadas em
estabilidade função das restrições aos movimentos, pelo que
deve ser possível o alongamento do material
sem restrições. A avaliação é experimental ou
Solicitações
feita por cálculo.
higrotérmicas
A acção da humidade induz variações
dimensionais nos materiais e modificações das
suas características físicas. O revestimento deve
manter características para superar estas acções.
Avaliação visual.
ND Segurança Reacção ao fogo Limitação da propagação do fogo. É avaliada
contra risco de do revestimento pela classe de reacção ao fogo do revestimento.
incêndio Libertação ou
Deve ter preferencialmente uma ocorrência
emissão de
nula. A avaliação é feita por ensaios de acordo
produtos tóxicos
com normas e regulamentos.
e fumos
Higiene, saúde Não deve favorecer a fixação de poeiras ou
Fixação ou
e ambiente microorganismos e ter resistência adequada às
desenvolvimento
acções de limpeza. A avaliação deverá ser
de poeiras e
visual e eventualmente experimental, com
microrganismos
ensaios normalizados.
Deve possuir estanquidade à água da chuva e
neve, de tal forma que não atinja os paramentos
interiores ou camadas sensíveis à água. Impedir
Permeabilidade e o humedecimento exagerado e prolongado dos
absorção de água elementos construtivos ou camadas de
revestimento. Apresentar boa capacidade de
Controlo da secagem. Deve dar-se atenção ao desempenho
humidade dos pontos singulares do sistema.
interior Garantir a ausência de condensações
superficiais interiores. Deve dar-se atenção ao
Temperatura aparecimento de eventuais pontes térmicas. Na
superficial avaliação dos riscos de condensações internas
interior em elementos construtivos, destaca-se o método
de GLASER que serve de base à metodologia
da EN ISO 13788 [92].

166
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Quadro 4.10 – ETICS – procedimentos de manutenção preventiva


(continuação)

C.B.1 Revestimentos - ETICS


E.A.1 Caracterização de parâmetros
Desempenho
Parâmetro Nível de desempenho
(exigências)
Tratando-se essencialmente de um
revestimento de isolamento térmico, devem
manter-se as prescrições de dimensionamento
Termo- Resistência para a resistência térmica, em função do nível
higrométrico térmica de qualidade definido a partir dos valores do
R.C.C.T.E. [93]. A avaliação é feita por
cálculo, complementada por métodos
experimentais.
Aderência ao Deve verificar-se a aderência homogénea
suporte e entre entre camadas. A avaliação do arrancamento e
camadas da aderência entre camadas, pode ser feita por
Segurança na Risco de queda ensaios de corte ou tracção.
utilização e O revestimento deve manter características
adequação ao uso que evidenciem a resistência necessária ao
Resistência aos
produtos ozono, dióxido de azoto, dióxido de enxofre e
químicos do ara soluções amoniacais. Pode avaliar-se por
experimentação.
O revestimento deve manter características
Segurança na
Resistência à que evidenciem a resistência necessária à
utilização/
erosão erosão devida às partículas em suspensão no
adequação ao uso
ar. Pode avaliar-se por experimentação.
Está relacionada com o módulo de
elasticidade e a resistência à tracção do
suporte e do revestimento. Ou seja, as
ND Compatibilidade degradações devem ser mínimas, sobretudo os
mecânica riscos de fissuração sob efeito das tensões
geradas pelas deformações de natureza
higrotérmicas do revestimento, em função da
resistência mecânica do suporte.
Compatibilidade
com o suporte Traduz-se na necessidade de o suporte
apresentar planeza e regularidade adequadas à
Compatibilidade
espessura e à técnica de aplicação do
geométrica
revestimento. Deve avaliar-se a importância
dos desvios de planeza do suporte.
As deformações e os destacamentos do
Compatibilidade revestimento devidas a eventual
química incompatibilidade química com o suporte,
devem ser reduzidas.
Embora seja determinada pela regularidade do
Planeza,
suporte, os desvios de planeza da superfície
verticalidade e
devem ser verificados com uma régua de 2
rectidão de
metros de comprimento e em geral não devem
arestas
ultrapassar 3 mm.
Conforto visual As superfícies devem ter limitações relativas a
defeitos e largura de fendas. Julga-se que estas
Regularidade e não deverão atingir mais de 30% da área das
perfeição da superfícies e com uma largura máxima de 1
superfície mm. Para este efeito pode utilizar-se uma
observação visual e o fissurómetro ou
monitorização, caso se considere necessário.

167
Capítulo 4

Quadro 4.10 – ETICS – procedimentos de manutenção preventiva


(continuação)

C.B.1 Revestimentos - ETICS


E.A.1 Caracterização de parâmetros
Desempenho
Parâmetro Nível de desempenho
(exigências)
O revestimento deve conferir o isolamento
acústico suficiente, sobretudo contribuindo
para a limitação do tempo de reverberação dos
locais e de outros aspectos constantes do
Conforto Isolamento Regulamento de Requisitos Acústicos dos
acústico acústico Edifícios [94]. A verificação do
cumprimento dos requisitos acústicos,
sobretudo nas salas de aula, pode ser feito
ND com a utilização de equipamento próprio.
O revestimento deve manter condições físicas
e de acessibilidade que lhe permitam a
conservação mediante acções de inspecção,
reparação e limpeza. No caso de reparações, a
Inspecções, viabilidade da sua realização, será avaliada
Facilidade de
reparação e pelo estado geral oferecido ao nível das
manutenção
limpeza condições físicas do revestimento, para se
obter, sem efeitos secundários, um resultado
idêntico ao existente. As superfícies e os
produtos de limpeza deverão ser compatíveis
em termos químicos.
A forma de se efectuar o registo da degradação deveria estar estabelecido em
especificações técnicas de projecto, por exemplo, como um Registo inicial
(Ri).
Neste caso, há a necessidade de criar uma Definição de critérios (Dc): com
base nos pressupostos utilizados no levantamento do estado de referência, o
registo da degradação deste elemento deve considerar o estudo detalhado em
redor dos seguintes agentes de deterioração directos (e dos seus efeitos) -
1 – Mecânicos:
ƒ Forças e deformações impostas pelo suporte;
ƒ Acções de choque normais ou excepcionais;
ƒ Erosão de partículas sólidas;
ƒ Acção e desgaste provocado pelos agentes atmosféricos (incluindo
a radiação ultravioleta).
2 – Térmicos:
RD ƒ Acção da temperatura, dos choques térmicos e da humidade;
ƒ Acção do fogo;
3 – Químicos:
ƒ Acção dos poluentes atmosféricos;
4 – Biológicos:
ƒ Acção da colonização biológica.
Para o estudo da Evolução de mecanismos (Em), deve ser realizado o registo
de evolução da degradação, com base nos seguintes pressupostos
fundamentais:
1 – Desenvolvimento temporal e físico das anomalias relevantes verificadas
ao nível do elemento ou nos outros elementos do edifício por efeito de
reacção;
2 – Identificação dos agentes exteriores causadores e na avaliação das
respectivas causas;
3 – Resultados de inspecções, modelações teóricas, ensaios, etc.

168
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Quadro 4.10 – ETICS – procedimentos de manutenção preventiva


(continuação)

C.B.1 Revestimentos - ETICS


E.A.1 Caracterização de parâmetros
Esta avaliação pode ser feita com base na experiência (com materiais
correntemente aplicados) ou através de ensaios de envelhecimento natural ou
acelerado (como é o caso do ETICS, cujo comportamento a longo prazo não
se encontra ainda bem conhecido ou caracterizado).
Exemplos ilustrativos para o registo da degradação
1. A tabela seguinte apresenta uma matriz de níveis de desempenho (tal como
referido nos pontos 4.3.2.5 e 4.4.2.2) correlacionando-se com os
respectivos métodos para registo da degradação (com base em [91]):

Níveis de Níveis de Caracterização do Método para registo


desempenho degradação estado de degradação da degradação
Nível 0 Sem anomalias Observação visual
Manchas visíveis,
Nível 1 Nível a alteração da cor, Observação visual
presença de sujidade
Aparecimento de
Observação visual e
pequenas deficiências
auxilio do fissurometro
Nível 2 Nível b em zonas limitadas
(abertura de fissuras <
(<10%) - por exemplo
0,2 mm)
microfissuras.
Evolução das Observação visual e
deficiências (fissuras) auxilio do fissurometro
Nível 3 Nível c
em zonas limitadas (< (abertura de fissuras >
30%) 0,2 mm < 1 mm )
Observação visual e
Evolução das
auxilio do fissurómetro
deficiências (fissuras)
(abertura de fissuras >
em zonas extensas (≥
RD Nível 4 Nível d 1 mm ). No caso de
30%), afectando o
fissuras activas
desempenho
importantes, deve
pretendido)
fazer-se monitorização.

2. A tabela seguinte faz uma caracterização dos padrões de diminuição do


desempenho, no caso de manchas prematuras, com a descrição dos
mecanismos de degradação associados a cada tipo de agente (com base em
[96]).
Padrões típicos de
Agentes de Evolução do mecanismo de
deterioração do
degradação degradação
desempenho
Desenvolvimento com
Colonização tendência a estabilizar –
biológica padrão côncavo.
Efeito inicial lento,
Desempenho

Convexo relacionado com fenómenos


Forma S Poluentes físicos e químicos cuja acção
Linear atmosféricos se faz sentir cumulativamente
Côncavo (ciclos de molhagem e
secagem) – padrão convexo.
Desencadeia vários
mecanismos destrutivos
Água
associados a fenómenos físicos
Tempo e químicos - padrão linear.
Manchas Estabilizam aparentemente,
prematuras de continuando activas e de
acção conjunta rápido desenvolvimento
dos anteriores posterior - - padrão em S.

169
Capítulo 4

4.4.2.5 – Elaboração do mapa de manutenção preventiva

4.4.2.5.1 – Considerações gerais

Para a elaboração do mapa de manutenção há que recorrer à simulação de diversos cenários


correspondentes a várias estratégias e que posteriormente serão analisadas a nível técnico-
económico. A cada estratégia correspondem características específicas associadas a diversos
parâmetros – modelo de degradação, vida útil expectável, tipo de operações de manutenção,
periodicidade das intervenções, custos, etc.

Para ser possível a decisão por parte da gestão dos edifícios, utilizar-se-á o método do LCC
aplicado ás diferentes estratégias, fazendo uma variação dos diversos parâmetros em jogo.

Em cada situação comentam-se e comparam-se as estratégias, as respectivas hipóteses


utilizadas e os resultados finais.

4.4.2.5.2 – Pressupostos iniciais

No Quadro 4.11 propõem-se várias estratégias de manutenção a simular para o ciclo de vida
útil do revestimento com ETICS. À excepção da primeira estratégia (sem manutenção),
incluem-se nas restantes, operações como limpezas e reparações que podem ser ligeiras ou
pesadas.

Supõe-se que uma dada intervenção inclui um conjunto específico de acções de limpeza e de
reparação, e executar em áreas restritas das fachadas. Para mais facilmente se interpretarem os
resultados, as diversas operações de manutenção foram divididas em três tipos: limpeza,
reparação ligeira e reparação pesada.

Assim, considera-se que uma limpeza realizada isoladamente não altera o nível de qualidade
do revestimento, repondo no entanto, a taxa de degradação do início da vida útil. Por sua vez,
considera-se que, nas condições de serviço, uma reparação ligeira concorre para um aumento
do nível de desempenho em cerca de 15 % e uma reparação pesada em cerca de 30%.

170
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Quadro 4.11 – ETICS – Manutenção – estratégias preconizadas

Código Operações a Código


Descrição da estratégia
geral utilizar parcial
1 - 1.1 Não realizar manutenção
Limpezas com periodicidade de 1/2 da vida útil total
2.1
inicial
Limpezas com periodicidade de 1/3 da vida útil total
2.2
inicial
2 Limpezas
Limpezas com periodicidade de 1/4 da vida útil total
2.3
inicial
Limpezas com periodicidade de 1/5 da vida útil total
2.4
inicial
Reparações ligeiras com periodicidade de 1/2 da vida útil
3.1
Reparações total inicial
3
ligeiras Reparações ligeiras com periodicidade de 1/3 da vida útil
3.2
total inicial
Reparação pesada com periodicidade de 1/2 da vida útil
4.1
Reparações total inicial
4
pesadas Reparação pesada com periodicidade de 3/4 da vida útil
4.2
total inicial
Combinações Limpeza a 1/2 da vida útil total inicial, seguida de uma
5.1
reparação ligeira no período de vida útil total inicial
de limpezas,
Limpeza a 1/2 da vida útil total inicial, seguida de uma
5.2
reparações reparação pesada no período de vida útil total inicial
5 Limpeza a 1/3 da vida útil total inicial, seguida de uma
ligeiras e
5.3 reparação ligeira no período de 2/3 da vida útil total
reparações inicial
pesadas Reparação pesada a 1/2 da vida útil total inicial seguida de
5.4
uma limpeza no período de vida útil total inicial

Para cada uma destas operações, as áreas de intervenção são de 10 % para a reparação ligeira,
35 % para a reparação pesada e 100 % para as limpezas.

Nas Figuras 4.22 a 4.33, representam-se as curvas de degradação associadas ao primeiro ciclo
de vida útil de cada uma das estratégias, cujo modelo base de degradação é o correspondente
à estratégia sem manutenção (Figura 4.21).

Conforme também já se referiu, assume-se um nível mínimo de qualidade de 20 %, não se


fazendo neste estudo qualquer análise à sua variação. Portanto, para tal desempenho do
material, considera-se que não é economicamente possível proceder à sua recuperação através
da utilização dos meios normais de reparação e de substituição local. Em cada modelo de
estratégia assume-se pois que o fim do ciclo de vida útil ocorre para o mínimo aceitável de
20 % de desempenho, o que parece ser uma situação mais realista.

171
Capítulo 4

4.4.2.5.3 – Análise individual das estratégias

Estratégia 2.1 – Limpezas com periodicidade de 1/2 da vida útil total inicial (14 anos)
DESEMPENHO (%)

100,0

90,0

80,0

70,0 L1

60,0

50,0

40,0
L2
30,0
Nível mínimo de qualidade
20,0
34
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0
TEMPO (anos)

Figura 4.21 – ETICS – Curva de degradação para a estratégia de limpezas com periodicidade
de 1/2 da vida útil total inicial (14 anos)

A Figura 4.21 ilustra a realização de acções periódicas de limpeza com intervalos de tempo de
14 anos. Por simplificação, assume-se que este tipo de operações, sempre que é efectuado,
repõe a taxa de degradação do início da vida útil. Desta forma, o andamento da curva de
degradação do modelo inicial (sem manutenção) é alterado, obtendo-se uma vida útil de 34
anos, superior em cerca de 42 % à inicialmente prevista.

Estratégia 2.2 – Limpezas com periodicidade de 1/3 da vida útil total inicial (9,33 anos)

A Figura 4.22 ilustra a realização de acções periódicas de limpeza com intervalos de tempo de
≈ 9,33 anos. Nos mesmos pressupostos já admitidos, o andamento da curva inicial é alterado,
conseguindo-se uma vida útil de 41 anos, representando um aumento de cerca de 71 %
relativamente à vida útil inicialmente prevista e um acréscimo de 21,5 % em relação à
anterior estratégia. Neste caso, se porventura não se efectuasse a quarta operação de limpeza,
o valor obtido de vida útil representaria um decréscimo não significativo, mesmo no caso de
se considerar que a curva de degradação poderia aumentar de inclinação.

172
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

DESEMPENHO (%)
100,0

90,0
L1
80,0

70,0
L2
60,0

50,0 L3
40,0

30,0 L4
Nível mínimo de qualidade
20,0
41
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0
TEMPO (anos)

Figura 4.22 – ETICS – Curva de degradação para a estratégia de limpezas com periodicidade
de 1/3 da vida útil total inicial (9,33 anos)

Estratégia 2.3 – Limpezas com periodicidade de 1/4 da vida útil total inicial (7 anos)

A Figura 4.23 ilustra a realização de acções periódicas de limpeza com intervalos de tempo de
7 anos. Da mesma forma registada nos casos anteriores, o andamento da curva inicial
DESEMPENHO (%)

100,0

90,0 L1

80,0 L2

70,0
L3
60,0
L4
50,0

40,0 L5

30,0 L6
Nível mínimo de qualidade
20,0
46,5
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0
TEMPO (anos)

Figura 4.23 – ETICS – Curva de degradação para a estratégia de limpezas com periodicidade
de 1/4 da vida útil total inicial (7 anos)

173
Capítulo 4

é alterado, atingindo-se uma vida útil de 46,5 anos, significando um aumento de cerca de 94
% relativamente à vida útil inicialmente prevista e um acréscimo de 13 % em relação à
anterior estratégia.

Estratégia 2.4 – Limpezas com periodicidade de 1/5 da vida útil total inicial (5,6 anos)

100,0
DESEMPENHO (%)

L1
90,0
L2
80,0
L3
70,0
L4
60,0 L5
50,0 L6

40,0 L7

L8
30,0
Nível mínimo de qualidade
20,0
50
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0 65,0
TEMPO (anos)

Figura 4.24 – ETICS – Curva de degradação para a estratégia de limpezas com periodicidade
de 1/5 da vida útil total inicial (5,6 anos)

A Figura 4.24 ilustra a realização de acções periódicas de limpeza com intervalos de tempo de
≈ 5,6 anos. O andamento da curva inicial é significativamente alterado, atingindo-se uma vida
útil de 50 anos, significando um aumento de cerca de 108 % relativamente à vida útil
inicialmente prevista e um acréscimo de 7,5 % em relação à anterior estratégia.

Estratégia 3.1 – Reparações ligeiras com periodicidade de 1/2 da vida útil total inicial (14
anos)

A Figura 4.25 ilustra a realização de acções periódicas de reparações ligeiras com intervalos
de tempo de 14 anos. Após três reparações ligeiras, atinge-se uma vida útil de
aproximadamente 49 anos (mais de duas vezes a vida útil inicialmente prevista para o mesmo
nível de qualidade).

174
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

DESEMPENHO (%)
100,0

90,0

80,0

70,0 RL1

60,0

50,0 RL2

40,0

30,0
RL3
Nível mínimo de qualidade
20,0
49
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0
TEMPO (anos)

Figura 4.25 – ETICS – Curva de degradação para a estratégia de reparações ligeiras com
periodicidade de 1/2 da vida útil total inicial (14 anos)

Esta curva segue um desenvolvimento não paralelo, pois a taxa de degradação, após cada
reparação é sensivelmente igual à inicial. Esta situação justifica-se também, pelo facto de
associadas às reparações, existirem operações de limpeza.

Estratégia 3.2 – Reparações ligeiras com periodicidade de 1/3 da vida útil total inicial
(9,33 anos)
DESEMPENHO (%)

100,0

90,0

80,0 RL1
RL2
70,0 RL3
RL4
RL5
60,0 RL6
RL7
50,0 RL8
RL9
RL10
40,0 RL11
RL12
RL13
30,0 RL14
RL15
Nível mínimo de qualidade RL16
20,0
RL17 178
10,0

0,0
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 140,0 160,0 180,0
TEMPO (anos)

Figura 4.26 – ETICS – Curva de degradação para a estratégia de reparações ligeiras com
periodicidade de 1/3 da vida útil total inicial (9,33 anos)

175
Capítulo 4

A Figura 4.26 ilustra a realização de acções periódicas de reparações ligeiras com intervalos
de tempo de 14 anos. Teoricamente, ao fim de 17 reparações ligeiras, atingiria-se uma vida
útil estimada de 178 anos, valor este que representa 7,4 vezes a vida útil inicialmente prevista
para 20% de nível de qualidade. Esta estratégia foi apresentada para efeitos de crítica, uma
vez que na prática, não parece ser exequível.

Estratégia 4.1 – Reparação pesada com periodicidade de 1/2 da vida útil total inicial (14
anos)
DESEMPENHO (%)

100,0

90,0

80,0

70,0 Rp

60,0

50,0

40,0

30,0
Nível mínimo de qualidade
20,0
42
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0
TEMPO (anos)

Figura 4.27 – ETICS – Curva de degradação para a estratégia de reparação pesada com
periodicidade de 1/2 da vida útil total inicial (14 anos)

A Figura 4.27 ilustra a realização de uma acção com reparação pesada aos 14 anos de vida do
revestimento. Por acção dessa operação, a percentagem de desempenho do revestimento
melhora 30%, tendo a curva de degradação sensivelmente a mesma inclinação do modelo
anterior e agravando-se posteriormente de uma forma ligeira para o final da vida. A vida útil
conseguida com esta estratégia aponta para 42 anos, o que representa um acréscimo de 75%
relativamente à vida útil inicialmente esperada.

Estratégia 4.2 – Reparação pesada com periodicidade de 3/4 da vida útil total inicial (21
anos)

A Figura 4.28 representa a realização de uma acção com reparação pesada aos 21 anos de

176
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

DESEMPENHO (%)
100,0

90,0

80,0

70,0

60,0

50,0

40,0 Rp

30,0
Nível mínimo de qualidade
20,0
37
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0
TEMPO (anos)

Figura 4.28 – ETICS – Curva de degradação para a estratégia de reparação pesada com
periodicidade de 3/4 da vida útil total inicial (21 anos)

vida do revestimento. Nas mesmas condições, a vida útil conseguida é uma pouco inferior à
da situação anterior, no entanto consegue-se 37 anos de vida útil, para 20% de nível de
qualidade, o que mesmo assim representa um acréscimo de 54% relativamente à vida útil
inicial, sem manutenção.

Estratégia 5.1 – Combinações de operações - limpeza a 1/2 da vida útil total inicial
(14 anos), seguida de uma reparação ligeira no período de vida útil total inicial (28 anos)

Na Figura 4.29, verifica-se que combinando uma limpeza e uma reparação ligeira nos
períodos apontados, se consegue obter 40,5 anos de vida útil, valor este que significa 69% a
mais da vida útil inicialmente projectada.

Estratégia 5.2 – Combinações de operações - Limpeza a 1/2 da vida útil total inicial (14
anos), seguida de uma reparação pesada no período de vida útil total inicial (28 anos)

Na Figura 4.30, representa-se uma curva de degradação que combina uma limpeza e uma
reparação pesada nos períodos apontados, obtendo-se 45,5 anos de vida útil o que significa
90% a mais da vida útil inicial. Neste caso, a variação do tipo de reparação (ligeira

177
Capítulo 4

DESEMPENHO (%)
100,0

90,0

80,0

70,0 L

60,0

50,0

40,0
RL
30,0
Nível mínimo de qualidade
20,0
40,5
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0
TEMPO (anos)

Figura 4.29 – ETICS – Curva de degradação para uma limpeza a 1/2 da vida útil total inicial
(14 anos), seguida de uma reparação ligeira no período de vida útil total inicial (28 anos)

para pesada), afigura 5 anos de vida útil de diferença (12% a mais).


DESEMPENHO (%)

100,0

90,0

80,0

70,0 L
60,0

50,0

40,0
RP
30,0
Nível mínimo de qualidade
20,0
45,5
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0
TEMPO (anos)

Figura 4.30 – ETICS – Curva de degradação para uma limpeza a 1/2 da vida útil total inicial
(14 anos), seguida de uma reparação pesada no período de vida útil total inicial (28 anos)

178
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Estratégia 5.3 – Combinações de operações - Limpeza a 1/3 da vida útil total inicial (9,33
anos), seguida de uma reparação ligeira no período de 2/3 (18,67 anos) da vida útil total
inicial
DESEMPENHO (%)

100,0

90,0
L
80,0

70,0

60,0 RL

50,0

40,0

30,0
Nível mínimo de qualidade
20,0
41
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0
TEMPO (anos)

Figura 4.31 – ETICS – Curva de degradação para uma limpeza a 1/3 da vida útil total inicial
(9,33 anos), seguida de uma reparação ligeira no período de 2/3 (18,67 anos) da vida útil total
inicial

Alterando as periodicidades de intervenção nesta estratégia (comparando com a Figura 4.29),


a respectiva curva de degradação (Figura 4.31) aponta para uma vida útil de cerca de 41 anos.

Estratégia 5.4 – Combinações de operações - Reparação pesada a 1/2 da vida útil total
inicial (14 anos) seguida de uma limpeza no período de vida útil total inicial (28 anos)

Na Figura 4.32 alterou-se o tipo de operação na mesma periodicidade da situação ilustrada na


estratégia 5.2, apenas se tendo obtido um aumento de 1 ano, o que não parece ser
significativo. Ou seja, nesta situação a vida útil atingida foi de aproximadamente 45,5 anos,
representando mesmo assim cerca de 90 % relativamente à vida útil inicialmente esperada.

4.4.2.5.4 – Acções de manutenção

De acordo com o tipo de anomalia previsto para o sistema em estudo e considerando os


resultados do levantamento efectuado, parecem ser de considerar as diversas acções de

179
Capítulo 4

DESEMPENHO (%)
100,0

90,0

80,0

70,0 RP
L
60,0

50,0

40,0

30,0
Nível mínimo de qualidade
20,0
45,5
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0
TEMPO (anos)

Figura 4.32 – ETICS – Curva de degradação para uma reparação pesada a 1/2 da vida útil
total inicial (14 anos) seguida de uma limpeza no período de vida útil total inicial (28 anos)

manutenção previstas no Quadro 4.12.

Assim, as limpezas terão como objectivo principal a remoção de sujidades e depósitos de


outras partículas e a eliminação de fungos e vegetação parasitária. Para tal, deve recorrer-se à
escovagem manual ou mecânica seguida de lavagem com água, aplicação de produto biócida
e uma segunda lavagem com água. A percentagem de área a tratar deve corresponder à
totalidade das superfícies.

As reparações ligeiras incluem as limpezas, o tratamento de fissuras finas, a verificação da


estanquidade dos pontos singulares do sistema e a pintura dos panos de parede afectados.
Supõe-se, tendo em conta o levantamento efectuado, que será de aplicar o tratamento das
fissuras em cerca de 20% da área de fachadas e no caso da verificação da estanquidade dos
pontos singulares, em cerca de 10%.

As reparações pesadas, incluem limpezas da superfície, reparações de degradações


importantes com extracção e substituição parcial do sistema nas zonas afectadas e pintura
integral do edifício.

180
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Quadro 4.12 – Definição das operações de manutenção a realizar no caso do


ETICS e respectivos custos

DEFINIÇÃO DE OPERAÇÕES E RESPECTIVOS CUSTOS

Custo de execução
Designação das operações % de € / m2 das
2 % da %
€/m zona a operações
aplicação final
tratar finais
APLICAÇÃO
Fornecimento a aplicação do sistema completo de 40 - - - -
revestimento delgado armado sobre isolante (ETICS).
LIMPEZA
Limpeza da superfície do revestimento recorrendo a
escovagem manual ou mecânica, seguida de uma
primeira lavagem com água, aplicação de produto 7 17,5 100 7 17,5
biócida e segunda lavagem com água. Objectivo:
remoção de sujidades e depósitos de outras partículas
e eliminação de fungos e vegetação parasitária.
REPARAÇÃO LIGEIRA
1. Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou
7 17,5 100 7 17,5
mecânica, seguida de uma primeira
lavagem com água, aplicação de produto
biócida e segunda lavagem com água.
12 30 20 2,40 6
2. Tratamento de fissuras finas;
3. Verificação da estanquidade dos pontos
singulares do sistema (sobretudo nas zonas 10 25 10 1 2,5
dos acessórios), com pequenos trabalhos de
reposição da sua impermeabilização.
4. Pintura dos panos de parede afectados com 7,5 18,8 100 7,5 18,8
tinta plástica.
Total 17,90 44,8
REPARAÇÃO PESADA
1. Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou
7 17,5 100 7 17,5
mecânica, seguida de uma primeira
lavagem com água, aplicação de produto
biócida e segunda lavagem com água.
2. Reparação de degradações localizadas
importantes por substituição completa do
sistema nessa zona: extracção do sistema
numa porção de formato quadrado ou
rectangular centrada no local deteriorado e
60 15,0 35 21 52,5
com uma folga de cerca de 100 mm a toda
a volta. A armadura deve ser libertada na
periferia desta zona extraída e os seus
bordos sobrepostos à nova armadura.
Posteriormente, execução de uma nova
aplicação do sistema nas zonas em causa.
3. Pintura integral do edifício com tinta 7,5 18,8 100 7,5 18,8
plástica.
Total 35,5 88,8
CUSTO ADICIONAL DE REPOSIÇÃO
Trabalhos de remoção do revestimento existente e 15 38 100 15 38
limpeza e tratamento das superfícies dos suportes.

181
Capítulo 4

Para cada operação de manutenção, atribuiu-se um custo médio aproximado por m2, com base
na bibliografia, orçamentos, por contactos com empreiteiros e na experiência adquirida, etc.
Todos os custos já incluem encargos com mão-de-obra, equipamentos, materiais, encargos
administrativos e custos fixos (relativos por exemplo à montagem e desmontagem de
andaimes de fachada).

4.4.2.5.5 – Estimativa de custos das estratégias

Para o primeiro ciclo de vida útil, a estimativa de custos das estratégias de manutenção tem de
contabilizar os custos iniciais relativos a aplicação (Caplicação), o somatório dos custos de
manutenção, nomeadamente de limpezas (Climpezas), de reparações ligeiras (Creparação ligeira) e de
reparações pesadas (Creparação pesada). Tem-se ainda em conta os custos de reposição, para esse
mesmo ciclo de vida em que o material é aplicado. Esta situação ocorre na fase de projecto,
na qual são seleccionados os materiais de revestimento.

No final da vida útil, pondera-se o agravamento do custo de aplicação relacionado com a


reposição do material, espelhando assim, o grau de dificuldade de reposição do revestimento.

Os custos atrás referidos já são indicados no Quadro 4.12, reflectindo os preços por m2, para
as diferentes operações preconizadas em cada estratégia de manutenção e indicando-se ainda
as percentagens de custo de cada intervenção de limpeza, reparação ligeira, pesada ou
reposição, relativamente ao custo de aplicação.

4.4.2.5.6 – O método do LCC

Desde o inicio do século passado que as técnicas de análise custo-benefício têm vindo a ser
desenvolvidas, pois representam, sobretudo, quando convenientemente utilizadas, uma ajuda
controlada e compreensível para a tomada de decisão na escolha de um estratégia de actuação
mais favorável.

Recentemente, têm-se diversificado os domínios de aplicação da análise de custos-benefícios,


adoptando-se procedimentos diferentes na sua aplicação, consoante os problemas,
funcionando como variantes de uma abordagem geral semelhante. É o caso da análise de

182
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

custo-eficácia, que se pode interpretar como a aplicação da análise de custos-benefícios, em


circunstâncias especiais.

Em termos de metodologia, pretende a análise de custo-eficácia, que a estratégia mais


favorável, será a que minimizar essa relação, o que implica a necessidade de quantificar
ambas as variáveis, admitindo como tecnicamente válidas todas as alternativas em estudo. O
procedimento mais comum é fazer a quantificação das variáveis em termos monetários e
adoptar um método de análise económica que permita tornar comparáveis as alternativas para
o período de vida útil referente a cada estratégia.

O método de análise Life Cycle Cost (LCC) é uma das técnicas de análise económica que
permite apoiar a decisão na escolha da alternativa mais favorável, aquela que apresentar o
menor valor do LCC, minimizando o custo global ao longo da vida útil total do edifício.

O valor do LCC é o somatório de todos os custos estimados ao longo de um período de estudo


pré-determinado, usando a teoria da actualização, a qual permite concentrar e comparar num
determinado momento do tempo, fluxos financeiros que se prevêem ocorrer em períodos
temporais bem diferenciados. Concretamente, a actualização dos custos diferenciados no
tempo para o inicio da vida útil do sistema (definido como «ano zero» da decisão), faz-se
através do conhecido factor de desconto (1+d)-N, em que:

- d : é a taxa de actualização adoptada;


- N : é o inteiro correspondente ao ano (ordenado por ordem crescente desde o «ano zero»
da decisão) a que respeita o custo (C).

Genericamente, o valor actualizado (VA) do custo (C) de um certo ano n, é dado por:

N
 1 
VA = C ×   [4]
1+ d 

Pelo facto da análise LCC equacionar, no presente, custos do futuro, é necessário definir três
variáveis fundamentais: os custos relevantes, o período de tempo ao longo do qual aqueles
custos ocorrerão e o factor de desconto que é aplicado aos custos futuros para obter o seu

183
Capítulo 4

valor actualizado [96]. Seguem-se os aspectos específicos considerados na utilização do


método de análise LCC.

Custos relevantes

A análise do custo do ciclo de vida (LCC) inclui geralmente custos de investimento e custos
de funcionamento [97]. Os custos de investimento, são custos iniciais que ocorrem antes de
um sistema entrar em serviço e resultam da fase de concepção, projecto, aquisição e/ou
construção). Os custos de funcionamento, são custos futuros que ocorrem durante o período
de serviço de um sistema e resultam genericamente das operações de funcionamento,
manutenção, reparação, substituição e utilização. O custo residual, considerado para o fim da
vida útil do sistema e/ou para o fim do período de estudo, também é um custo futuro. A
estrutura de quantificação destes custos foi apresentada no ponto anterior.

Para efeitos de aplicação do método em análise, é útil estabelecer a categoria dos custos
referidos, com base na sua frequência de ocorrência, para determinar o tipo de factor de
desconto a usar para obter o seu valor actualizado. Assim, no presente trabalho, os custos são
considerados custos de uma só aplicação que ocorrem uma ou mais vezes durante o período
de estudo em intervalos de tempo não regulares (conforme apresentado nos quadros do
Anexo 4, para os diferentes tipos de manutenção propostos).

Período de estudo

O período de estudo deverá ser tal que garanta a existência de todos os custos relevantes para
a formulação da melhor decisão entre as várias estratégias. Assim, no presente trabalho,
considerou-se como período de estudo a duração de cada ciclo de vida útil, referente a cada
estratégia para o revestimento, com início no «ano zero» da decisão. Nesta análise, o «ano
zero» coincide com a fase de concepção e de selecção do revestimento, imediatamente
anterior à fase de execução e de aplicação dos materiais. Sendo o «ano zero» da decisão, o
início do período de estudo das diferentes alternativas e o ano base da análise, os custos
relevantes podem ser calculados a preços constantes, estabelecidos em função dos preços que
estejam em vigor num dado período - ou seja, a preços correntes. Isto é essencial para
comparar alternativas de diferentes estratégias, sem ter de corrigir os custos cujas variações

184
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

sejam ou não conformes à taxa de inflação geral da economia.

Factor de actualização (ou desconto)

Os custos relevantes que ocorrerem uma ou mais vezes durante o período de estudo, devem
ser actualizados a preços do ano base da análise, antes de estabelecer a análise LCC, porque o
valor da moeda varia com o tempo. O factor de desconto usado para actualizar o valor dos
custos é estabelecido em função da taxa de actualização. A escolha da taxa de actualização
terá que relacionar-se com a própria taxa de juro e com a taxa de inflação, implícitas nas
previsões que se efectuarem. Em face do exposto, e perante a tradição generalizada entre nós
de elaboração de análise a preços constantes do ano base, a taxa de actualização a utilizar
deverá reflectir o custo do capital e ainda uma margem de risco, características de condições
não inflacionárias (taxa de actualização real) [98].

Uma vez estabelecidos os custos relevantes de cada alternativa para o período de estudo e
usando uma taxa de actualização de 3,7 %, estes foram somados para calcular o respectivo
valor LCC, o equivalente à ocorrência de um montante único no momento da decisão.

O valor do LCC foi posteriormente convertido num valor anual equivalente, VAE, ou seja,
uma anuidade constante à taxa real d, considerado essencial para a comparação de estratégias
alternativas com períodos de estudo (N) diferentes, usando um factor anuidade [12]:

d (1 + d ) N
VAE = VA × [5]
(1 + d ) N − 1

4.4.2.5.7 – Resultados do método do LCC

No Quadro 4.13, transpõe-se do Anexo 4, os valores resultantes do VAE LCC (€/m2) para
cada estratégia, que posteriormente são representados graficamente na Figura 4.33.

4.4.2.5.8 – Análise de resultados

É notável que o VAE LCC da estratégia 3.2 (descrita no Quadro 4.11) é extraordinariamente

185
Capítulo 4

Quadro 4.13 – Valores do VAE LCC (€/m2) para cada estratégia de


manutenção preventiva proposta

Estratégia 1.1 2.1 2.2 2.3 2.4 3.1 3.2 4.1 4.2 5.1 5.2 5.3 5.4
VAE LCC
2,94 2,67 2,69 2,80 2,97 2,83 1,48 3,05 3,03 2,60 2,74 2,74 3,05
(€/m2)
(NOTA: As estratégias estão descritas no Quadro 4.11 e estes valores são também o resultado final dos
procedimentos constantes nos elementos correspondentes do Anexo 4.)

3,20
VAE LCC (€/m2)

3,00

2,80

2,60

2,40

2,20

2,00

1,80

1,60

1,40
1.1 2.1 2.2 2.3 2.4 3.1 3.2 4.1 4.2 5.1 5.2 5.3 5.4

Estratégias de manutenção preventiva

Figura 4.33 – Representação gráfica da variação dos valores do VAE LCC (€/m2)
para cada estratégia de manutenção preventiva proposta,
conforme descritas no Quadro 4.11

inferior aos valores de todas as outras estratégias. Isto justifica-se pelo facto de o período de
vida útil teoricamente alcançado ser muito elevado, o que implica que o método não funciona
para períodos muito elevados e circunstancialmente superiores ao da grande maioria dos
valores «normais» alcançados com as outras estratégias, implicando num quase inalterado
valor anual equivalente e numa anulação dos custos das operações de manutenção e de
reposição. Além disso, a representação desta estratégia tem ainda como objectivo referenciar
que a realização de reparações ligeiras com intervalos de tempo relativamente pequenos
alcança em teoria, neste caso, valores muito elevados em termos do tempo de vida útil e
naturalmente representa uma situação desproporcionada relativamente ao tempo de vida útil
dos restantes elementos e do próprio edifício - pelo que não é certamente exequível.

Fazendo então uma primeira análise, com exclusão da estratégia 3.2, podem referir-se alguns

186
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

aspectos relevantes dos resultados alcançados para as diferentes estratégias de manutenção


preventiva:

- Os valores de VAE LCC obtidos são aproximadamente da mesma ordem de


grandeza (entre 2,60 €/m2 e 3,05€/m2) o que resulta em estratégias que, mesmo
sendo arbitradas, podem considerar-se mais ou menos competitivas;

- O mesmo pode dizer-se relativamente ao número de anos de vida útil obtidos pelas
estratégias delineadas, das quais, em treze, dez apresentam valores entre os 40 e os
50 anos;

- A estratégia mais económica em termos do VAE LCC é a estratégia 5.1, ou seja


uma combinação de operações de manutenção de uma limpeza a 1/2 da vida útil
total inicial (14 anos), seguida de uma reparação ligeira no período de vida útil
total inicial (28 anos);

- As estratégias de limpezas parecem encarecer tendencialmente à medida que se


diminui o período entre elas e quando consequentemente se aumenta o número de
intervenções;

- As estratégias com reparações pesadas isoladas são aquelas que apresentam um


custo mais alto e nem por isso apresentam um valor de vida útil relativamente
superior ao tempo de vida útil inicialmente projectado. Além disso, tornam-se
mais caras do que não fazer manutenção;

- O preço de realização das estratégias 5.2 e 5.3 (limpeza e reparação pesada e


limpeza e reparação ligeira em períodos diferentes) são praticamente os mesmos,
embora se obtenha um valor de vida útil um pouco maior com a primeira das
estratégias referidas;

4.4.2.5.9 – Mapa de manutenção preventiva

Tendo em linha de conta os resultados atrás obtidos para as diferentes estratégias, poder-se-á

187
Capítulo 4

delinear um mapa de manutenção preventiva tal como é representado no Quadro 4.14. Aqui,
consideram-se as sete estratégias mais económicas - simultaneamente abaixo dos 2,90 €/m2 e
do valor de custo da estratégia sem manutenção.

Desta forma, será possível à gestão tomar uma decisão sobre a estratégia a tomar, em função
dos critérios para si considerados relevantes nesse momento.

4.4.3 – Manutenção predictiva

4.4.3.1 – Anomalias comuns

De acordo com a sub-estrutura de procedimentos proposta no âmbito do Capítulo 3 e relativa


à manutenção predictiva, será necessário nesta fase proceder à exposição das anomalias gerais
dos ETICS, tendo em conta toda a bibliografia da especialidade já referenciada.

A descrição inclui uma Ficha de efeitos (FE) e uma Ficha de causas (FC) dos efeitos, ambos
passíveis de se registar, ou no próprio elemento, ou em elementos ou partes do edifício.

Este procedimento auxilia a definição do tipo de inspecções necessárias executar no âmbito


deste tipo de manutenção e que posteriormente serão apresentadas.

O Quadro 4.15 engloba os aspectos atrás mencionados.

4.4.3.2 – Tipos de inspecções

Como já se referiu, uma estratégia predictiva engloba sempre o planeamento de inspecções


periódicas, através das quais se pode fazer a avaliação do estado do elemento e se estabelece a
forma e o tempo de intervenção.

Em traços gerais, as inspecções devem seguir uma periodicidade adaptada ao comportamento


do revestimento.

188
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Quadro 4.14 – ETICS – procedimentos de manutenção preventiva – mapa de


manutenção para as estratégicas mais económicas

C.B.1 Revestimentos - ETICS


4. Procedimentos de inspecção e manutenção correntes
E. Planeamento da manutenção
E.A. Manutenção preventiva
E.A.2 Planeamento das intervenções
MM Mapa de manutenção

A
E
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
2.1
2.2 ‰
2.3 ‰
3.1 #
5.1
5.2
5.3 ‰

A
E
13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
2.1 ‰
2.2 ‰
2.3 ‰ ‰
3.1 ’
5.1 ‰
5.2 ‰
5.3 ’

A
E
26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38
2.1 ‰ 4
2.2 ‰ ‰
2.3 ‰ ‰
3.1 ’
5.1 ’
5.2 Ö
5.3

A
E
39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51
2.1
2.2 4
2.3 ‰ 4
3.1 ’ 4
5.1 4
5.2 4
5.3 4

Legenda:
A- Ano de intervenção ’- Reparação ligeiras
E- Estratégia a considerar Ö- Reparação pesadas
#- Aplicação do revestimento 4- Reposição
‰- Limpeza

NOTA: As estratégias estão descritas no Quadro 4.11

189
Capítulo 4

Quadro 4.15 – ETICS – procedimentos de manutenção predictiva (com base em


[83,85,86])

C.B.1 Revestimentos - ETICS


4. Procedimentos de inspecção e manutenção correntes
E. Planeamento da manutenção
E.B. Manutenção predictiva
E.B.1 Anomalias
FE Ficha de efeitos
E: As anomalias que se registam ao nível do elemento (E) podem ser:
• Descolamentos parciais do sistema;
• Destacamentos;
• Empolamento das placas;
• Perfuração do sistema;
• Deficiência de planeza do sistema;
• Fissuração do revestimento.
Os diferentes tipos de fissuração que têm sido observados, com
diferente expressão e frequência, são os seguintes:
¬ Radial e concêntrica a partir de ponto de impacto;
¬ Localizada, sem direcção determinada e com extensão reduzida;
¬ Vertical, nas arestas ou junto delas;
¬ Diagonal, de extensão limitada, junto a cantos de janelas;
¬ Nas imediações de juntas de dilatação;
¬ Junto à transição de corpos de dimensão distinta;
¬ Reticulada, ortogonal com passo de 2 a 4 cm;
¬ Vertical com espaçamento regular sobre cantoneiras de arranque;
¬ Ritmada sobre as juntas verticais das placas;
¬ Larga da camada de base devido a movimentos da alvenaria;
¬ Irregular da camada de base devido à acção da água ou retracção.
• Visualização das juntas das placas;
• Alteração de cor das superfícies, textura, manchas, irregularidades
(modificações do aspecto);
• Desenvolvimento de vegetação parasitária (bolores e algas);
• Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço.
As anomalias que se podem manifestar ao nível do edifício (Ed), por efeito
Ed:
secundário, são:
• Infiltrações através do sistema;
• Pontes térmicas;
• Diminuição do desempenho térmico e acústico;
• Diminuição do nível estético;
FC Ficha de causas
As causas das anomalias atrás identificadas, em geral são:
ƒ Descolamentos parciais do sistema:
Ì Deficiente preparação do suporte;
Ì Falta de produto de colagem;
Ì Movimentos acentuados do suporte;
Ì Acção da água no tardós (infiltração pelo bordo superior).
• Destacamentos / Empolamento das placas:
Ì Deficiências no comportamento higrotérmico do revestimento;
Ì Ciclos de molhagem e secagem das placas;
Ì Entrada de água pelo tardós das placas;

190
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Quadro 4.15 – ETICS – procedimentos de manutenção predictiva (continuação)

C.B.1 Revestimentos - ETICS


E.B.1 Anomalias
FC Ficha de causas
Ì Esforços provocados por fixação mecânica de andaime ou outro
equipamento;
Ì Acumulação de água entre o revestimento e o isolante ou entre a
argamassa e o isolamento, devido a uma permeabilidade ao vapor
de água reduzida, provocando a formação de “bolhas” por perdas de
aderência localizadas, podendo evoluir em destacamentos.
• Perfuração do sistema:
Ì Choques devido ao uso em zonas de paredes acessíveis aos
utentes
Ì Choques devidos ao uso de andaimes do tipo bailéu durante a
aplicação;
Ì Encosto de escadas em acções de manutenção (revestimento ou
equipamentos);
Ì Atravessamentos indevidos da parede com cablagem;
Ì Acções de vandalismo e acções de acidente (ex: choque de
veículos).
• Deficiência de planeza do sistema:
Ì Deficiente planeza do suporte;
Ì Choques repetidos de andaimes do tipo bailéu sobre o sistema;
Ì Remates nas zonas de fixação dos andaimes às paredes;
Ì Aplicação irregular da camada de colagem;
Ì Recobrimento insuficiente das placas;
Ì Falta de regularidade dimensional das placas.
• Fissuração do revestimento:
Ì Falta pontual de armadura;
Ì Falta de sobreposição dos bordos de faixas contíguas de armadura
Ì Insuficiente recobrimento da armadura pelo revestimento;
Ì Espessura muito reduzida do revestimento;
Ì Preenchimento de juntas entre placas com produto de
revestimento;
Ì Espessura excessiva de revestimento para correcção de
deficiências de planeza;
Ì Acabamentos de cor escura em paredes muito expostas à acção do
Sol;
Ì Coexistência de cores escuras e cores claras no mesmo pano de
fachada;
Ì Colocação defeituosa das cantoneiras metálicas (de canto ou
suporte).
• Visualização das juntas das placas:
Ì Deficiências de regularidade dimensional das placas do isolante;
Ì Falta de estabilidade dimensional das placas;
Ì Ciclos de molhagem e secagem das placas.
• Alteração de cor das superfícies, textura, manchas, irregularidades
(modificações do aspecto):
Ì Fixação de poeiras nas zonas de escorrência preferencial da água;
Ì Manchas provenientes da oxidação de metais (caixilhos e
capeamentos);
Ì Repinturas parciais;
Ì Deficiências de aplicação do sistema:
¬ Fixação pouco rigorosa das placas do isolante – as
juntas entre elas poderão ser visíveis através do

191
Capítulo 4

Quadro 4.15 – ETICS – procedimentos de manutenção predictiva (continuação)

C.B.1 Revestimentos - ETICS


E.B.1 Anomalias
FC Ficha de causas
revestimento, devido às irregularidades entre si e /ou a um
fenómeno de deposição diferencial de poeiras;
¬ Colocação pouco cuidada dos perfis de protecção de
arestas
¬ Realização de correcções à posteriori no acabamento,
tornadas visíveis.
• Desenvolvimento de vegetação parasitária (bolores e algas):
Ì Aplicação sob situação climática favorável ao desenvolvimento
de líquenes;
Ì Aplicação em zonas e épocas de grande concentração de esporos
no ar;
Ì Aplicação de revestimentos contaminados (deficiência de
armazenamento);
Ì Na camada de acabamento do revestimento, a temperatura pode
baixar muito rapidamente ao pôr-do-sol, atingindo o ponto de
orvalho. Assim, haverá condensações frequentes na superfície desta
camada e uma vez que a sua textura geralmente é rugosa, tende a
manter-se húmida durante longos períodos de tempo.
• Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço
Ì Acabamento de espessura reduzida (em toda a parede ou sobre a
cantoneira);
Ì Dilatação e contracção térmica incompatível entre cantoneira e
revestimento;
Ì Inadequação da furacão da cantoneira para garantir aderência do
revestimento;
Ì Falta de recobrimento da cantoneira com a armadura do
revestimento.

Desta forma, para o caso em estudo, julga-se que seria adequado averiguar o comportamento
previsto para o material num período inicial, entre os 2 e os 5 anos após a construção,
possibilitando assim, a avaliação de fenómenos de pré-patologia e de eventuais anomalias de
juventude.

Numa fase intermédia, seriam efectuadas inspecções periódicas 1 ou 2 anos antes da


intervenções programadas, para se avaliar o comportamento esperado do revestimento e
eventuais fenómenos de reincidência de anomalias resultantes de defeituosas reparações
anteriores.

Posteriormente, já num período final, propõe-se a realização de inspecções num intervalo de


tempo de 2 a 5 anos antes do fim de ciclo de vida, essencialmente para verificar a tendência
do revestimento em atingir o nível mínimo de qualidade e o agravamento dos fenómenos de
anomalias e a respectiva aproximação da rotura.

192
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

No Quadro 4.16, apresentam-se genericamente alguns procedimentos de inspecção para a


avaliação do estado de degradação do revestimento, sendo as acções de inspecção, do tipo
corrente, detalhada ou especializada.

Quadro 4.16 – ETICS – procedimentos de manutenção predictiva – inspecções


propostas
C.B.1 Revestimentos - ETICS
4. Procedimentos de inspecção e manutenção correntes
E. Planeamento da manutenção
E.B. Manutenção predictiva
E.B.2 Planeamento das inspecções
MI Mapa de inspecções
IC Inspecções correntes
Inspecções visuais aos revestimentos com ETICS, dando atenção a:
ƒ Estado de limpeza das superfícies dos elementos sobretudo a
mudanças localizadas de cor das superfícies expostas e em zonas
localizadas devidas a sujidades, manchas, bolores ou fungos,
vegetação parasitária;
ƒ Estabilidade, regularidade e aspecto geral do sistema, verificando a
existência de descolamentos parciais, destacamentos, empolamento
das placas e deficiências de planeza;
ƒ Tipo e extensão das perfurações existentes no sistema;
ƒ Análise do nível de deterioração de pontos singulares;
ƒ Existência de infiltrações por deficiente estanquidade;
ƒ Degradação precoce.
Proceder ao preenchimento de relatório de inspecção proposto
ID Inspecções detalhadas
• Análise de fissuras: localização, incidência, largura ou abertura,
comprimento e orientação, configuração ou forma. Caso necessário
deve recorrer-se à sua monitorização, utilizando os dispositivos
considerados mais adequados à situação tais como: extensómetros,
dilatometros, parquímetros, fissurómetros, réguas graduadas e
testemunhos de gesso ou papel.
• Caso venha a verificar-se ser necessário, analisar e registar por
determinados períodos temporais e em locais pré-definidos, o
seguinte:
o Temperatura superficial das paredes (utilizando termopares e
termistores ou aparelhos de termografia);
o Humidade relativa – utilizando psicómetros de roca ou de
ventilação mecânica ou eléctrica ou higrómetros;
o Teor de água nas paredes (por processos próprios destrutivos
ou não destrutivos);
o Risco de condensações (com equipamentos indicadores da
ocorrência de condensações).
Proceder ao preenchimento de relatório de inspecção proposto
AE Avaliação especializada
Intervalo de tempo: logo após à detecção de deficiência grave
Embora o tipo de revestimento em análise seja demasiado novo, pode
haver circunstâncias em que para a gestão se imponha a elaboração de
avaliações especializadas que devem ser solicitadas a equipas de
especialistas e que podem envolver a realização de ensaios globais,
estáticos ou dinâmicos em elementos ou em zonas chave.
Ter em nota o relatório da entidade que elaborou a avaliação

193
Capítulo 4

4.4.3.3 – Elaboração do mapa de manutenção predictiva

4.4.3.3.1 – Nota introdutória

Tal como foi feito para a manutenção preventiva, na elaboração do mapa de manutenção
predictiva, serão utilizadas, estudadas e comparadas as mesmas estratégias definidas no
Quadro 4.11.

A definição de uma estratégia predictiva tem por base um comportamento médio do material
em condições reais, representado por uma curva Tm, enquanto que uma estratégia preventiva
caracteriza-se por um comportamento pessimista teórico, representado por uma curva Tk – que
em termos probabilísticos, pode associar-se aos valores característicos superiores da taxa de
degradação. Isto significa que a utilização de estratégias predictivas permite verificar que o
comportamento real do revestimento, em média, poderá ser um pouco melhor do que o
admitido para uma estratégia preventiva. Assim, para a análise subsequente, propõe-se, para
além dos dados iniciais já formulados, a admissão das seguintes hipóteses:

• Realização de uma inspecção (I1) próxima dos cinco anos de vida de utilização (1/6 da
vida útil total inicialmente prevista ≈ 4,66 anos). Nesta inspecção admite-se que o material
apresenta uma degradação inferior em cerca de 20% à curva inicial, o que
consequentemente implica num acréscimo da vida útil inicialmente prevista – curva de
degradação Tm - mantendo-se esta situação ao longo do tempo;

• Estas alterações implicam que os instantes das intervenções também sejam alterados para
um pouco mais tarde;

• Considera-se a realização de inspecções periódicas um ano antes de cada reparação e três


anos antes do fim do ciclo de vida resultante. Desta forma será permitido aferir melhor o
comportamento do revestimento.

Para a aplicação do método do LCC, consideram-se válidas as hipóteses simplificativas já


referidas nas estratégias preventivas. Apenas há a considerar a contabilização dos custos das
inspecções e a sua periodicidade. Para uma metodologia de avaliação dos defeitos um pouco
mais exaustiva do que aquela que foi realizada em trabalho de campo e para uma tipologia de
194
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

inspecção corrente – Quadro 4.16, julga-se poder associar-se-lhe um custo próximo dos
0.75 €/m2 de fachada, valor este que já inclui custos fixos (com andaimes). Claro que uma
tipologia de inspecção mais detalhada ou especializada terá custos unitários um pouco
superiores.

4.4.3.3.2 – Análise individual das estratégias

Estratégia 1.1 – Sem manutenção

Admitindo uma degradação inferior em 20% - curva Tm, verificada na primeira inspecção, a
vida útil agora obtida, para um nível de qualidade de 20 %, passa de 24 para cerca de 28 anos
– Figura 4.34. A vida útil total inicial passa assim para cerca de 31,5 anos.
DESEMPENHO (%)

100,0
I1
90,0

80,0

70,0

60,0 Tm
Tk
50,0

40,0
I2
30,0
Nível mínimo de qualidade
20,0
24 28
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0
TEMPO (anos)

Figura 4.34 – ETICS – Curva de degradação sem manutenção numa estratégia predictiva

Estratégia 2.1 – Limpezas com periodicidade de 1/2 da vida útil total inicial (≈15,8 anos)

Na situação da Figura 4.35, obtém-se um acréscimo de vida útil, relativamente à respectiva


estratégia preventiva em cerca de 6 anos, passando de 34 para aproximadamente 40 anos.
Neste tipo de manutenção, designaram-se as operações, neste caso de limpeza, por Li’.

195
Capítulo 4

100,0

DESEMPENHO (%)
I1
90,0

80,0
I2
70,0 L1'
L1
60,0

50,0
I3
40,0 L2'
L2

30,0 I4
Nível mínimo de qualidade
20,0 lid d
34 40
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0
TEMPO (anos)

Figura 4.35 – ETICS – Curva de degradação para a estratégia de limpezas com periodicidade
de 1/2 da vida útil total inicial (15,8 anos)

 Estratégia 2.2 – Limpezas com periodicidade de 1/3 da vida útil total inicial (10,5 anos)

A Figura 4.36 ilustra a realização de acções periódicas de limpeza com intervalos de tempo de
10,5 anos. Nos mesmos pressupostos já admitidos, o andamento da curva inicial é alterado,
conseguindo-se uma vida útil que passa para 49 anos, representando um aumento de cerca de
75 % relativamente à vida útil inicialmente prevista e um acréscimo de 23 % em relação à
anterior estratégia.

Caso se efectuasse a quarta operação de limpeza, o valor obtido de vida útil representaria um
decréscimo não significativo, mesmo no caso de se considerar que a curva de degradação
poderia aumentar de inclinação (aumento da degradação).

Estratégia 2.3 – Limpezas com periodicidade de 1/4 da vida útil total inicial (≈8 anos)

A Figura 4.37 ilustra a realização de acções periódicas de limpeza com intervalos de tempo de
aproximadamente 8 anos. De forma idêntica aos casos anteriores, o andamento da curva
inicial é alterado, atingindo-se uma vida útil próxima de 55,5 anos, significando um aumento
de cerca de 98 % relativamente à vida útil inicialmente prevista e um acréscimo de 13 % em
relação à anterior estratégia.

196
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

DESEMPENHO (%)
100,0
I1
90,0 I2
L1'
80,0 L1

70,0 I3
L 2'

60,0 L2
I4
50,0 L3'

L3
40,0
I5
L 4'
30,0
L4 I6
Nível mínimo de qualidade
20,0
41 49
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0 65,0
TEMPO (anos)

Figura 4.36 – ETICS – Curva de degradação para a estratégia de limpezas com periodicidade
de 1/3 da vida útil total inicial (10,5 anos)
DESEMPENHO (%)

100,0
I1
90,0 L1'
L1
I2
80,0 L2'
L2
I3
70,0 L3'
L3 I4
60,0
L4'
50,0 L4
I5
L5'
40,0
L5 I6
L6'
30,0
L6 I7
Nível mínimo de qualidade
20,0
46,5 55,5
10,0

0,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75
TEMPO (anos)

Figura 4.37 – ETICS – Curva de degradação para a estratégia de limpezas com periodicidade
de 1/4 da vida útil total inicial (≈8 anos)

Estratégia 2.4 – Limpezas com periodicidade de 1/5 da vida útil total inicial (6,3 anos)

A Figura 4.38 ilustra a realização de acções periódicas de limpeza com intervalos de tempo de
≈ 6,3 anos. O andamento da curva inicial é significativamente alterado, atingindo-se uma vida
útil de 60 anos, significando um aumento de cerca de 114 % relativamente à vida útil
inicialmente prevista e um acréscimo de 8 % em relação à anterior estratégia.
197
Capítulo 4

100

DESEMPENHO (%)
I1
L1'
90 L1 I2
L2'
80 L2 I3
L3'
70 L3 I4
L4'
L4 I5
60 L5'
I6
L5 L6'
50
L6
I7
L7'
40
I8
L7 L8'
30
L8 I9
20
Nível mínimo de qualidade 50 60
10

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80
TEMPO (anos)

Figura 4.38 – ETICS – Curva de degradação para a estratégia de limpezas com periodicidade
de 1/5 da vida útil total inicial (6,3 anos)

Estratégia 3.1 – Reparações ligeiras com periodicidade de 1/2 da vida útil total inicial
(≈16 anos)

A Figura 4.39 ilustra a realização de acções periódicas de reparações ligeiras com intervalos
de tempo de cerca de 16 anos. Após três reparações ligeiras, atinge-se uma vida útil de
aproximadamente 59 anos, o que representa 110 % a mais relativamente à vida útil
inicialmente prevista para o mesmo nível de qualidade.

Estratégia 3.2 – Reparações ligeiras com periodicidade de 1/3 da vida útil total inicial
(10,5 anos)

A Figura 4.40 ilustra a realização de acções periódicas de reparações ligeiras com intervalos
de tempo de cerca de 10,5 anos.

Conforme já foi anteriormente comentado, esta situação não é realista do ponto de vista da
sua exequibilidade e de enquadramento com o tempo de vida útil dos edifícios. Conforme se
pode constatar a vida útil atingiria teoricamente cerca de 336,5 anos, ao fim de 31 reparações
e 32 inspecções. Trata-se apenas de representar uma figura para averiguar qual o efeito da

198
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

passagem de uma periodicidade de intervenção com reparações ligeiras de 10 para 16 anos,


significando, como se constata, um aumento de cerca de 470 %.

DESEMPENHO (%)

100,0
I1
90,0

80,0

70,0 I2
RL1 RL1'
60,0

50,0 I3 RL2'
RL2
40,0 I4
RL 3 ' I5
30,0
Nível mínimo de qualidade RL3
20,0
49 59
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0 65,0 70,0
TEMPO (anos)

Figura 4.39 – ETICS – Curva de degradação para a estratégia de reparações ligeiras com
periodicidade de 1/2 da vida útil total inicial (≈16 anos)
DESEMPENHO (%)

100,0
I1
90,0

80,0

70,0

60,0

50,0

40,0

30,0
RL17
I32
Nível mínimo de qualidade RL31'
20,0
167,5 336,5
10,0

0,0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340
TEMPO (anos)

Figura 4.40 – ETICS – Curva de degradação para a estratégia de reparações ligeiras com
periodicidade de 1/3 da vida útil total inicial (10,5 anos)

199
Capítulo 4

Estratégia 4.1 – Reparação pesada com periodicidade de 1/2 da vida útil total inicial (16
anos)

DESEMPENHO (%)

100,0
I1
90,0

80,0
I2
70,0 Rp'
Rp
60,0

50,0

40,0

30,0 I3
Nível mínimo de qualidade
20,0
42 50,5
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0
TEMPO (anos)

Figura 4.41 – ETICS – Curva de degradação para a estratégia de reparação pesada com
periodicidade de 1/2 da vida útil total inicial (16 anos)

A Figura 4.41 ilustra a realização de uma acção com reparação pesada a cerca de 16 anos de
vida do revestimento. A vida útil conseguida com esta estratégia aponta para 50,5 anos, o que
representa um acréscimo de 80% relativamente à vida útil inicialmente esperada.

Estratégia 4.2 – Reparação pesada com periodicidade de 3/4 da vida útil total inicial (≈24
anos)

A Figura 4.42 representa a realização de uma acção com reparação pesada a


aproximadamente 21 anos de vida do revestimento. Nas mesmas condições, a vida útil
conseguida é inferior à da situação anterior, no entanto atinge-se 42,5 anos de vida útil, para
20% de nível de qualidade, o que mesmo assim representa um acréscimo de 52 %
relativamente à vida útil inicial, sem manutenção.

200
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

DESEMPENHO (%)
100,0
I1
90,0

80,0

70,0

60,0

50,0 I2
40,0 Rp'
Rp
30,0 I3
Nível mínimo de qualidade
20,0
37 42,5
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0
TEMPO (anos)

Figura 4.42 – ETICS – Curva de degradação para a estratégia de reparação pesada com
periodicidade de 3/4 da vida útil total inicial (24 anos)

Estratégia 5.1 – Combinações de operações - limpeza a 1/2 da vida útil total inicial
(16 anos), seguida de uma reparação ligeira no período de vida útil total inicial (31,5 anos)
DESEMPENHO (%)

100,0
I1
90,0

80,0
I2
70,0 L'
L
60,0

50,0
I3 RL'
40,0

30,0 RL I4
Nível mínimo de qualidade
20,0
40,5 47,5
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0
TEMPO (anos)

Figura 4.43 – ETICS – Curva de degradação para uma limpeza a 1/2 da vida útil total inicial
(16 anos), seguida de uma reparação ligeira no período de vida útil total inicial (31,5 anos)

201
Capítulo 4

Na Figura 4.43, verifica-se que combinando uma limpeza e uma reparação ligeira nos
períodos apontados, se consegue obter 47,5 anos de vida útil, valor este que significa cerca de
70 % a mais da vida útil inicialmente projectada.

Estratégia 5.2 – Combinações de operações - Limpeza a 1/2 da vida útil total inicial (16
anos), seguida de uma reparação pesada no período de vida útil total inicial (31,5 anos)
DESEMPENHO (%)

100,0
I1
90,0

80,0
I2
70,0 L'
L
60,0

50,0

40,0 I3
RP'
30,0 RP I4
Nível mínimo de qualidade
20,0
45,5 54
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0 65,0
TEMPO (anos)

Figura 4.44 – ETICS – Curva de degradação para uma limpeza a 1/2 da vida útil total inicial
(16 anos), seguida de uma reparação pesada no período de vida útil total inicial (31,5 anos)

Na Figura 4.44, representa-se uma curva de degradação que combina uma limpeza e uma
reparação pesada nos períodos apontados, obtendo-se 54 anos de vida útil, o que significa
cerca 93 % a mais da vida útil inicial. Neste caso, a variação do tipo de reparação (ligeira para
pesada), afigura cerca de 6,5 anos de vida útil de diferença (14% em acréscimo).

Estratégia 5.3 – Combinações de operações - Limpeza a 1/3 da vida útil total inicial (10,5
anos), seguida de uma reparação ligeira no período de 2/3 (21 anos) da vida útil total inicial

Alterando as periodicidades de intervenção nesta estratégia (comparando com a Figura 4.42),


a respectiva curva de degradação representada na Figura 4.45 aponta para uma vida útil de
cerca de 53 anos, ou seja, 6,5 anos a mais.

202
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

DESEMPENHO (%)
100,0
I1
90,0 I2
L'
80,0 L

70,0 I3
RL'
60,0 RL
50,0

40,0

30,0 I4
Nível mínimo de qualidade
20,0
41 53
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0 65,0
TEMPO (anos)

Figura 4.45 – ETICS – Curva de degradação para uma limpeza a 1/3 da vida útil total inicial
(10,5 anos), seguida de uma reparação ligeira no período de 2/3 (21 anos) da vida útil total
inicial

Estratégia 5.4 – Combinações de operações - Reparação pesada a 1/2 da vida útil total
inicial (16 anos) seguida de uma limpeza no período de vida útil total inicial (31,5 anos)
DESEMPENHO (%)

100,0
I1
90,0

80,0
I2
70,0 RP' I3
L'
RP
60,0 L
50,0

40,0

30,0 I4
Nível mínimo de qualidade
20,0
45,5 54,5
10,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0 65,0 70,0
TEMPO (anos)

Figura 4.46 – ETICS – Curva de degradação para uma reparação pesada a 1/2 da vida útil
total inicial (14 anos) seguida de uma limpeza no período de vida útil total inicial (28 anos)

203
Capítulo 4

Na Figura 4.46 alterou-se o tipo de operação na mesma periodicidade da situação ilustrada na


estratégia 5.2, apenas se tendo obtido um aumento de 0,5 ano, o que não é significativo. Ou
seja, nesta situação a vida útil atingida foi de aproximadamente 54,5 anos, representando
mesmo assim cerca de 95 % a mais relativamente à vida útil inicialmente esperada.

4.4.3.3.3 – Vida útil obtida em cada estratégia

Neste ponto, faz-se a análise e comparação da vida útil prevista em estratégias preventivas e
predictivas. No Quadro 4.17 representa-se a vida útil de ambas as estratégias para os dois
tipos de manutenção e a variação em percentagem de umas estratégias relativamente às outras
e relativamente à estratégia sem manutenção.

Conforme se pode constatar, e excluindo a situação relativa à estratégia 3.2, a média de


variação dos valores da vida útil das diferentes estratégias de manutenção preventiva versus
predictiva, é cerca de 19,5 %. Este valor está próximo do valor considerado para a diminuição
da degradação quando se passa de uma estratégia preventiva para uma estratégia de
manutenção predictiva (20%).

Em média, relativamente à estratégia sem manutenção, atingem-se melhores resultados numa


estratégia de manutenção predictiva do que numa estratégia de manutenção preventiva, visto
que se compararmos os valores das duas últimas colunas, verificam-se ligeiras diferenças.

4.4.3.3.4 – Resultado do método do LCC

Para o cálculo do custo de cada estratégia predictiva atrás proposta, consideram-se as mesmas
acções de manutenção consideradas no ponto 4.4.2.5.4. Além dessas, agora há a considerar as
inspecções necessárias realizar, com incidência em 100 % de área de fachadas e de acordo
com o referido em 4.4.3.3.1.

Os novos custos VAE LCC (€/m2) para cada estratégia estão indicados no Quadro 4.18, aonde
se representa ainda a variação obtida entre as estratégias preventivas e predictivas. A
Figura 4.47 ilustra ainda esta situação em termos gráficos.

204
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Quadro 4.17 – Vida útil prevista em cada estratégia delineada e comparação entre
os resultados na manutenção preventiva e predictiva

Vida útil Variação das Variação das


(anos) Variação da estratégias de estratégias de
preventiva manutenção manutenção
preventiva predictiva
Estratégia vs vs vs
Manutenção Manutenção predicitva estratégia sem estratégia sem
preventiva predictiva (%) manutenção manutenção
(%) (%)
1.1 24 28 17 - -
2.1 34 40 18 42 43
2.2 41 49 20 71 75
2.3 46,5 55,5 19 94 98
2.4 50 60 20 108 114
3.1 49 59 20 104 110
4.1 42 50,5 20 75 80
4.2 37 42,5 15 54 52
5.1 40,5 47,5 17 69 70
5.2 45,5 54 19 90 93
5.3 41 53 29 71 89
5.4 45,5 54,5 20 90 95

Quadro 4.18 – Valores do VAE LCC (€/m2) para as estratégias predictiva e


preventiva e respectiva variação

ESTRATÉGIA 1.1 2.1 2.2 2.3 2.4 3.1 3.2 4.1 4.2 5.1 5.2 5.3 5.4

VAE LCC
(€/m2) 2,69 2,46 2,51 2,63 2,80 2,61 1,48 2,80 2,79 2,41 2,53 2,47 2,66
- Predictiva -
VAE LCC
(€/m2) 2,94 2,67 2,69 2,80 2,97 2,83 1,48 3,05 3,03 2,60 2,74 2,74 3,05
- Preventiva -
Variação
9 9 7 6 6 8 0 9 8 8 9 11 15
(%)
(NOTA: As estratégias estão descritas no Quadro 4.11 e estes valores são também o resultado final dos
procedimentos constantes nos elementos correspondentes do Anexo 4.)

4.4.3.3.6 – Análise de resultados

Dos resultados obtidos, conforme a análise do Quadro 4.17, Quadro 4.18 e da Figura 4.47,
parecem poder tirar-se as possíveis conclusões seguintes:

205
Capítulo 4

Predicitiva Preventiva
3,20

VAE LCC (€/m2)


3,00
2,80
2,60
2,40
2,20
2,00
1,80
1,60
1,40
1.1 2.1 2.2 2.3 2.4 3.1 3.2 4.1 4.2 5.1 5.2 5.3 5.4
Estratégias de manutenção

Figura 4.47 – Representação gráfica da variação dos valores do VAE LCC (€/m2) para cada
estratégia de manutenção preventiva e predictiva

- Uma estratégia de manutenção predictiva parece originar um aumento da vida útil


do revestimento relativamente à correspondente estratégia preventiva. Esta
situação, aparentemente, pode ser justificada por se considerar que o
comportamento médio do revestimento, é melhor numa estratégia predictiva;
- O aumento da vida útil de uma estratégia de manutenção predictiva para uma
estratégia de manutenção preventiva, aparentemente pode tender para o valor
correspondente à melhoria da taxa de degradação verificada através das primeiras
inspecções;
- A variação dos valores do VAE LCC entre as correspondentes estratégias
preventivas versus predictivas parece ser mais ou menos constante;
- Em geral, parece poder concluir-se também que as estratégias de manutenção
predictiva, serão mais económicas do que as estratégias de manutenção preventiva,
desde que, a partir do resultado de inspecções efectuadas relativamente cedo na
vida útil do ETICS, se consiga apurar a sua taxa de degradação real.
- Se o revestimento em causa mantiver um comportamento razoável ao longo do
tempo, poder-se-á reduzir o número de inspecções, o que beneficiará as estratégias
predictivas.

4.4.3.3.6 – Mapa de manutenção predictiva

Com os resultados atrás obtidos para as diferentes estratégias, consegue-se esboçar um mapa

206
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

de manutenção predictiva tal como é representado no Quadro 4.19. Neste são consideradas as
sete estratégias mais económicas – simultaneamente abaixo dos 2,63 €/m2 e do valor de custo
da estratégia sem manutenção.

Quadro 4.19 – ETICS – procedimentos de manutenção predictiva – mapa de


manutenção para as estratégicas mais económicas

C.B.1 Revestimentos - ETICS


4. Procedimentos de inspecção e manutenção correntes
E. Planeamento da manutenção
E.A. Manutenção preventiva
E.A.2 Planeamento das intervenções
MM Mapa de manutenção

A
E
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
2.1
2.2 1 ‰
2.3 ‰
3.1 # 1
5.1
5.2
5.3 1 ‰

A
E
13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
2.1 1 ‰
2.2 1 ‰
2.3 1 ‰ 1 ‰
3.1 1 ’
5.1 1 ‰
5.2 1 ‰
5.3 1 ’

A
E
26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38
2.1 1 ‰ 1
2.2 1 ‰
2.3 1 ‰ 1
3.1 1 ’
5.1 1 ’
5.2 1 Ö
5.3

A
E
39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51
2.1 4
2.2 1 ‰ 1 4
2.3 ‰ 1 ‰
3.1 1 ’
5.1 1 4
5.2 1
5.3 1

207
Capítulo 4

Quadro 4.19 – ETICS – procedimentos de manutenção predictiva – mapa de


manutenção para as estratégicas mais económicas (continuação)

C.B.1 Revestimentos - ETICS


4. Procedimentos de inspecção e manutenção correntes
E. Planeamento da manutenção
E.A. Manutenção preventiva
E.A.2 Planeamento das intervenções
MM Mapa de manutenção

A
E
52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64
2.1
2.2 4
2.3 1 4
3.1 1 4
5.1
5.2 4
5.3 4

Legenda:
A- Ano de intervenção ’- Reparação ligeira
E- Estratégia a considerar Ö- Reparação pesada
#- Aplicação do revestimento 4- Reposição
‰- Limpeza 1- Inspecção

NOTA: As estratégias estão descritas no Quadro 4.11

Desta forma será possível à gestão tomar uma decisão sobre a estratégia a tomar, em função
dos critérios para si considerados relevantes nesse momento.

4.4.4 – Manutenção de melhoramento

4.4.4.1 – Considerações gerais

Uma estratégia de melhoramento assenta num possível comportamento real do revestimento


relacionado com os valores superiores da taxa de degradação, esperados no caso da estratégia
preventiva. Ou seja, embora esta estratégia já seja caracterizada por um modelo teórico
relativamente pessimista, significa admitir, que em algumas situações o comportamento do
revestimento pode vir a ser mais gravoso.

208
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Esta estratégia poder ser seguida, caso se verifique, na prática, que o revestimento
evidentemente não cumpre as exigências pré-estabelecidas em projecto ou no caso de se
virem a revelar erros grosseiros na execução do mesmo.

4.4.4.2 – Estratégias definidas

Considerando que após uma inspecção, o revestimento em análise pode apresentar um


comportamento inferior ao provável, ou seja, por exemplo, uma degradação superior à
inicialmente esperada em cerca de 20 %, serão equacionados, a título demonstrativo, quatro
estratégias que a seguir se referem e que se representam na Figura 4.48 e Figura 4.49.

- Estratégia A: realizar três reparações do revestimento actual com materiais de idêntica


taxa de degradação e semelhantes características, em períodos equivalentes a ½ da vida
útil total esperada para uma taxa de degradação superior;

- Estratégia B: nas condições anteriores, realizar apenas duas reparações;


DESEMPENHO (%)

100

90
I1
80

70
R1
60

50
Estratégia A
R2
40

30

Nível mínimo de qualidade R3


20
21,5 24 39 44,5
10
Estratégia B
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
TEMPO (anos)

Figura 4.48 – ETICS – Curvas de degradação para duas estratégias de melhoramento com
reparações de material idêntico

- Estratégia C: proceder à substituição do revestimento existente por outro com melhores


características (por exemplo pedra natural), em função das condições locais, incluindo a
209
Capítulo 4

execução de uma reparação num período equivalente a cerca de 4/3 da vida útil total
esperada para uma taxa de degradação superior;

- Estratégia D: nas condições anteriores, não realizando nenhuma reparação pesada na


restante vida útil do novo revestimento.
DESEMPENHO (%)

100
Pedra natural
90 I1

80 Rp

70
Estratégia C
60

50 Rp'

40

30
Nível mínimo de qualidade Estratégia D
20
21,5 24 36,5 48,5
10

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
TEMPO (anos)

Figura 4.49 – Curvas de degradação para duas estratégias de melhoramento com substituição
do revestimento existente por pedra natural

4.4.4.3 – Análise de resultados

Os resultados obtidos em termos de vida útil são aproximadamente:

Estratégia A: 44,5 anos;


Estratégia B: 39 anos;
Estratégia C: 48,5 anos;
Estratégia D: 36,5 anos;

Do cálculo do VAE LCC relativo a cada uma destas estratégias, obtiveram-se os resultados
ilustrados na Figura 4.50.

210
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Melhoramento

VAE LCC (€/m2)


5,00
4,42 4,44
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,06 2,27
2,00
1,50
A B C D
Estratégias de manutenção

Figura 4.50 – Representação gráfica da variação dos valores do VAE LCC (€/m2) para cada
estratégia de manutenção de melhoramento proposta

A análise geral à aplicação das estratégias delineadas, permite concluir o seguinte:

- As estratégias de reparação com material de idêntica taxa de degradação


(estratégias A e B) são mais económicas em cerca de 50% do que as
estratégias de substituição do revestimento existente com, por exemplo, pedra
natural (estratégias C e D) o que pode ser justificado pelo facto do preço de
execução ou aplicação do revestimento de pedra ser de valor considerável, da
mesma forma que o valor das respectivas reparações é igualmente relevante;
- Verifica-se que a variação de custo entre as estratégias A e B é praticamente
semelhante à variação entre as estratégias C e D, ou seja, quase nem se faz
sentir.

Neste contexto, também se poderá prever um mapa de manutenção tal como é definido no
Quadro 4.20.

4.5 - NOTA FINAL DO CAPÍTULO

4.5.1 – Introdução

O presente capítulo constituiu o ensaio da proposta de modelo organizativo apresentado


anteriormente para a aplicação da manutenção em edifícios correntes.

211
Capítulo 4

Quadro 4.20 – Manutenção de melhoramento – mapa de manutenção das


estratégicas definidas

C.B.1 Revestimentos - ETICS


4. Procedimentos de inspecção e manutenção correntes
E. Planeamento da manutenção
E.C. Manutenção de melhoramento
MM Mapa de manutenção

A
E
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
A
B
# 1
C
%
D

A
E
13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
A
’ ’
B
C
D

A
E
26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38
A ’
B
C Ö
D 4

A
E
39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51
A 4
B 4
C 4
D

Legenda:
A- Ano de intervenção ’- Reparação
E- Estratégia a considerar Ö- Reparação pesada
#- Aplicação do revestimento %- Substituição
1- Inspecção 4- Reposição

Para tal, procedeu-se aplicando o modelo a um revestimento exterior de paredes, sendo


seleccionado um sistema inovador, compacto e constituído por diversas camadas com
materiais variados (ETICS).

212
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

Dado o carácter desconhecido do comportamento a longo prazo desse sistema e o facto não
alheio de ter sido aplicado em vastas áreas de fachada dos novos edifícios do Pólo II da
Universidade de Coimbra, associando-se ainda a circunstância de estar a ser vigiado pela
gestão de edifícios daquela entidade, pareceu oportuno proceder-se a uma análise mais
aprofundada do sistema, tentando enquadrar-se no propósito da presente dissertação.

Assim, para a satisfação dos objectivos de identificação na estrutura de elementos de um


edifício e da posterior proposta para organização do manual, realizou-se o enquadramento e a
caracterização pormenorizada da composição do sistema em geral, tendo ainda sido referidas
algumas das vantagens da sua utilização, sobretudo ao nível das excelentes prestações no
controlo das variáveis termo-higrométricas das paredes.

Na fase seguinte, fez-se a caracterização do estado de referência do sistema existente, em


resultado do trabalho prático de campo previamente desenvolvido e que lhe deu suporte.
Salientaram-se os aspectos relacionados com a selecção de casos para estudo, a metodologia
adoptada na prática e apresentou-se ainda, de forma crítica, um ensaio para a classificação
aproximada das anomalias pela incidência dos níveis de degradação.

No seguimento do levantamento do comportamento actual, apresentaram-se os defeitos


observados e procedeu-se à triagem de resultados e às respectivas conclusões. Em termos
gerais concluiu-se que o sistema apresenta um comportamento genérico satisfatório, situando-
se num nível médio de degradação. Além disso, verificou-se que as condições ambientais ou
de exposição e o modo de execução do revestimento, têm uma influência marcante na
variação dos padrões de comportamento em serviço.

4.5.2 – Aplicabilidade do modelo

Na prática, os resultados de aplicabilidade do modelo proposto para organização de um


manual para inspecção e manutenção em edifícios correntes parecem ser satisfatórios.

A estrutura base delineada é modelarmente ensaiada com maior rigor neste capítulo, tendo-se
constatado que, para a sua realização, é necessário um grande trabalho, por um lado, de

213
Capítulo 4

levantamento das situações em concreto e posteriormente de uma cuidada análise


bibliográfica e científica, tudo aplicado a cada elemento utilizado no edifício e sobre o qual se
pretende monitorizar o comportamento, isolado ou em conjunto, com os demais directamente
relacionados.

Será obviamente um trabalho de gestão articulado em diversos patamares, designadamente ao


nível da informação constantemente recolhida e necessária arquivar, da monitorização do
comportamento em serviço, do pessoal afecto a uma estrutura específica para consolidação da
adequada manutenção do edifício, etc.

4.5.3 – Análise ao planeamento da manutenção em ETICS

Com o ensaio do modelo, apresentaram-se diversas análises teóricas para estratégias de


manutenção ao sistema de revestimento em causa. Às mesmas, foram aplicadas
inclusivamente, as teorias subjacentes ao método do LCC para apoio à decisão, com as
devidas adaptações.

As estratégias delineadas foram meramente arbitradas, embora com alguma base de critério,
sobretudo pretendo-se abranger um número não muito exaustivo de soluções e a posterior
comparação de resultados, sem grandes constrangimentos.

Assim, em termos gerais, verificou-se que o intervalo de variação dos valores do VAE LCC
(€/m2) para as diferentes estratégias exequíveis, nos diferentes tipos de manutenção
(preventiva e predictiva), não é superior a cerca de 0,60 €/m2, tornando-se portanto, entre
elas, bastante competitivas.

Relativamente às estratégias de melhoramento, a definição de cada uma pode ser


fundamentada em diversos critérios, dependendo os mesmos de quem faz a gestão, dos
respectivos objectivos e dos interesses em jogo, sobretudo financeiros.

Das estratégias projectadas no presente trabalho, há a salientar para o facto de uma estratégia
de substituição do revestimento por outro com melhores características, poder vir a ser

214
ENSAIO DO MODELO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

significativamente mais dispendiosa, ao contrário do que acontece se se utilizarem reparações


com material de idêntica especificidade.

Talvez o aspecto mais importante a retirar desta análise será que, qualquer que seja o tipo de
manutenção do revestimento, a sua realização permite obter resultados teóricos de
durabilidade bastante bons. Neste caso, para o ETICS, talvez não seja arriscado afirmar que,
em condições controladas e com cuidados de manutenção análogos aos propostos, a sua
durabilidade poderá duplicar.

215
CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES
Capítulo 5

CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES

ÍNDICE

5.1 - ENQUADRAMENTO
5.2 - RESULTADOS OBTIDOS
5.3 - AVALIAÇÃO DOS OBJECTIVOS
5.4 - DIFICULDADES
5.5 - DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

218
CONCLUSÕES

CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES

5.1 – ENQUADRAMENTO

O trabalho realizado no âmbito da presente dissertação e apresentado nos capítulos anteriores,


pretendeu essencialmente aprofundar os conhecimentos sobre a temática da manutenção,
abordando-os em três níveis.

Num primeiro estágio, procedeu-se a uma breve retrospectiva histórica e apresentou-se


sucintamente o «estado da arte», verificando o envolvimento das questões da manutenção
com a gestão de edifícios e com o processo do empreendimento. Ainda com base na
bibliografia existente, reuniram-se e expuseram-se diversos aspectos fundamentais para a
análise pormenorizada desta temática, designadamente os fundamentos tecnológicos
inerentes.

Posteriormente, com base na interiorização de conceitos e de toda a envolvente à temática,


fez-se uma exposição, para experiência, de uma estrutura de procedimentos, com a finalidade
de realizar a manutenção dos principais elementos construtivos dos edifícios em geral,
apresentando-se já uma abordagem simplificativa do seu ensaio.

Na parte mais prática do trabalho e com enquadramento na estrutura de procedimentos


anteriormente proposta, fez-se o estudo a um caso em particular, existente há alguns anos em
diversos edifícios do tipo escolar. Procedeu-se em primeira instância, ao levantamento do seu
estado de conservação e à consequente caracterização do comportamento em serviço. Tentou-
se ainda abordar o seu comportamento futuro, mediante a realização de algumas estratégias de
manutenção previamente delineadas.

Este trabalho foi elaborado no âmbito do plano de trabalhos de mestrado, tendo por base uma

219
Capítulo 5

fundamentação relacionada com alguns aspectos, como sejam:

- Tratar-se de um tema insuficientemente explorado no nosso País, tanto no sector da


construção civil, como no meio científico em geral;

- Existir um extenso património edificado nos principais centros urbanos, com elevados
níveis de degradação, fruto da inexistência e desinteresse na aplicação de medidas
mínimas de manutenção;

- Haver uma cultura generalizadamente reactiva, não estruturante ao nível dos cuidados de
planeamento e aplicação de uma eficaz manutenção dos edifícios, com vista à sua maior
longevidade;

- Haver uma legislação muito generalista e totalmente ineficaz;

- Não existir ainda, no sector público, a consciência para a necessidade de realização de


acções de manutenção, planeadas e devidamente estruturadas, evitando em gastos por
vezes bastante elevados e desnecessários;

- Algum desconhecimento geral sobre revestimentos delgados armados sobre isolante, o seu
comportamento a longo prazo e a sua durabilidade. Neste caso aproveitou-se o facto de
terem sido utilizados em grandes áreas de fachada dos edifícios do Pólo II da
Universidade de Coimbra, para se proceder ao seu estudo e enquadramento neste tema.

Assim, pretendeu-se acima de tudo:

- Contribuir para o conhecimento e divulgação dos aspectos relacionados com a


manutenção de edifícios;

- Sensibilizar os agentes para a necessidade de um planeamento estruturado e organizado da


manutenção, a partir da fase de projecto;

- Realizar uma proposta discutível para um modelo de manutenção e para a sua

220
CONCLUSÕES

implementação;

- Condensar informação técnica, susceptível de utilização pelas entidades com funções de


gestão de património;

- Contribuir para a divulgação da utilização do sistema de revestimento delgado armado


sobre isolante, sobretudo pelas vantagens advenientes da sua utilização.

5.2 – RESULTADOS OBTIDOS

Em termos gerais, os resultados obtidos parecem ser satisfatórios, embora possam ser alvo de
critica, sobretudo pelo facto de serem baseados em aspectos fundamentalmente teóricos.

Assim, através do exame ao exposto no Capítulo 2, parece pertinente referir alguns dos
pontos mais importantes:

- Houve sempre, na percepção humana, a preocupação de preservar os edifícios,


salvaguardando-o para as gerações subsequentes. No entanto, foi recentemente, no
Séc. XX, que se redobrou o interesse pelos aspectos relacionados com a conservação dos
edifícios, sobretudo a partir do grande incremento que se registou no sector industrial,
com a necessidade de se desenvolverem os métodos de manutenção das máquinas
utilizadas na produção;

- Actualmente, pretende-se que a manutenção dos edifícios, surja numa lógica racional de
planeamento de estratégias de intervenção periódicas (isoladas ou combinadas) e dos
respectivos actos administrativos, aplicados durante a vida útil dos elementos
constituintes dos edifícios, para que constantemente, com a sua aplicação, se produza
informação útil, se melhorem os métodos práticos e se aprofunde o conhecimento
científico na matéria;

- No nosso país, ocorre como facto sublime, a necessidade de se fazer aceitar na opinião
pública em geral, nos meios científicos e académicos e junto dos intervenientes no sector
da construção, as questões da manutenção e do seu desenvolvimento, para que seja

221
Capítulo 5

possível, a curto prazo, garantir-se a adequada sustentabilidade das construções, a sua


requalificação e valorização, na óptica das crescentes exigências de habitabilidade,
conforto e segurança em geral;

- Salienta-se a importância dos actos de gestão em torno da temática da manutenção e da


durabilidade dos edifícios. Assim, no caso particular da gestão de edifícios, há que
proceder segundo três perspectivas. A primeira diz respeito à implementação da gestão
técnica, a qual abrange todo o tipo de acções com o objectivo de garantir o desempenho
das soluções construtivas, corrigir os desvios funcionais e avaliar as condições de
funcionamento (no fundo, representa a maioria dos procedimentos da manutenção). Numa
segunda perspectiva, há que fazer a gestão económica, para se controlar ao longo da vida
do edifício, a influência dos custos diferidos no balanço económico do investimento feito
com o mesmo. Por último, há que garantir a gestão funcional ou social das construções, ou
seja, fomentar a adequada utilização dos edifícios, sobretudo definindo regras e
enquadrando comportamentos que satisfaçam as necessidades vulgares dos seus
utilizadores;

- No contexto decorrente da gestão de edifícios, a implementação de metodologias de


manutenção, constitui parte integrante de todas as fases de um processo de
empreendimento da construção. É premente identificar a importância dos diferentes
patamares desse processo, para um adequado sistema de gestão dos edifícios, nos quais
haja a intervenção constante dos projectistas e se proceda a uma sólida recolha de
informação, a ser utilizada como conhecimento base na realização de empreendimentos
futuros;

- No âmbito do trabalho desenvolvido, houve que proceder a uma sectorização de aspectos


que fundamentalmente envolvem:

ƒ A garantia de execução de planos eficazes – sendo para tal necessário ter em


conta os procedimentos a tomar no processo do empreendimento e o retorno da
informação - conforme atrás referido;

222
CONCLUSÕES

ƒ Conhecer e identificar as estratégias de manutenção, a sua teoria e no caso da


manutenção pró-activa, a necessidade de analisar com maior rigor os
parâmetros tecnológicos que baseiam o sucesso da utilização das diferentes
estratégias;

ƒ Estabelecer na prática um plano de intervenção ou de aplicação da manutenção


– essencialmente é do que trata a constituição de um PIMEC.

Saliente-se ainda neste âmbito, que a correcta implementação da manutenção dos edifícios,
passa pela total disponibilidade da informação (registos históricos, documentação,
bibliografia técnica, etc.) validados em bases de dados a constituir. É ainda necessário
estabelecer uma forte componente de planeamento nas operações associadas aos custos,
empregar técnicos especializados no processo, para que se permita ainda, controlar
eficazmente, o desempenho das intervenções.

Da constituição de um PIMEC - tal como proposto no Capítulo 3 - e da sua implementação,


parece ser de referir o seguinte:

- Com o início do respectivo processo de elaboração, há a necessidade de se proceder a um


levantamento de todos os elementos do edifício, à sua caracterização e à reunião de toda a
informação subjacente aos mesmos, tornando-se portanto, num avolumar de informação
significativa com relevante importância a todos os níveis;

- A possibilidade/necessidade de se conhecer constantemente o comportamento desses


elementos, procedendo sempre ao armazenamento da respectiva informação;

- A reunião e actualização de uma série de conhecimentos sobre métodos possíveis ou


disponíveis para inspecção e monitorização, para além da posterior possibilidade da sua
realização prática, com os benefícios daí provenientes para a importância da manutenção
do edifício, em termos de experiência adquirida e dos resultados obtidos;

- A previsão ou simulação de procedimentos de inspecção e manutenção correntes


(sobretudo de carácter pró-activo) aplicados aos elementos que carecem de atenção. Neste

223
Capítulo 5

ponto, será necessário aprofundar constantemente o conhecimento ao nível de diversos


parâmetros intrínsecos, tais como vida útil, níveis de qualidade, níveis de desempenho e
de degradação. Ainda neste caso, apenas com a informação obtida e sem recorrer a
operações teóricas mais exaustivas, poder-se-á apresentar uma abordagem simplificada de
alguns procedimentos a aplicar aos elementos, individualmente e/ou aos edifícios em
geral, mediante a compreensão possível da interacção existente entre os mesmos;

- A possibilidade de organização adequada de toda a informação, segundo uma estrutura de


dossiers de consulta rápida.

Do estudo do sistema de revestimento delgado armado sobre isolante, realizado já no


Capítulo 4, foi possível concluir, através do levantamento do comportamento em serviço, que
a sua utilização certifica algumas das vantagens teóricas e previamente perspectivadas, tais
como a versatilidade na sua utilização, a permanência de um bom nível estético das paredes e
a satisfação de critérios como conforto térmico e a minimização de pontes térmicas. Além
disso, salienta-se a boa prestação ao nível da protecção aos elementos construtivos, tais como
estruturas e alvenarias, com consequente aumento da sua durabilidade, sobretudo pela
melhoria da estanquidade à água.

A análise de resultados do referido levantamento, permitiu concluir também que:

- As situações de defeitos mais observados foram a Visualização das juntas das placas
(20% a 22% dos casos) e a Alteração da cor das superfícies (cerca de 19% dos casos). As
anomalias com menor expressão são o Desenvolvimento de vegetação parasitária
(4% a 6%), o Empolamento das placas (5%) e o Descolamento do sistema (4%);

- Não foi possível constatar um padrão evolutivo da diminuição do desempenho, dadas as


particularidades da amostra – número de edifícios, diferença de idades, pequenas
diferenças no modo de execução e diferentes condições de exposição ambiental;

- O facto das condições ambientais ou de exposição e o modo de execução do revestimento


terem uma influência significativa na variação dos padrões de comportamento em serviço.
Relativamente ao primeiro aspecto, salienta-se o caso da exposição das fachadas a Sul e a

224
CONCLUSÕES

Este que são as mais afectadas pela predominância do Empolamento das placas, do
Desenvolvimento de vegetação parasitária e da Visualização das juntas das placas. Estes
são defeitos que espontaneamente se podem relacionar com factores associados à
exposição agressiva desses panos de parede. No que concerne ao modo de execução do
revestimento, há dois aspectos a salientar. No caso do IPN, que é o edifício mais antigo,
verifica-se uma distribuição de defeitos mais ou menos uniforme, o que poderá ter uma
leitura associada a condições excepcionais de execução. O DEC, sendo o edifício mais
novo do conjunto, regista importantes valores em alguns defeitos, superiores mesmo
àqueles relativos aos revestimentos mais antigos, o que poder levar a concluir, em
princípio, que houve falta de qualidade na execução do revestimento;

- Tendo em consideração os critérios estabelecidos para a incidência da gravidade das


anomalias existentes no revestimento, parece ser possível afirmar que cerca de 1/5 do total
das anomalias representam situações de baixa gravidade e sensivelmente 4/5 encontram-
se num nível médio de deterioração. Assim sendo, pode concluir-se que em dez anos, o
envelhecimento geral do sistema aplicado nos diversos edifícios, não foi significativo.

Quanto ao ensaio prático do planeamento da manutenção, permitiu:

- Estimar a vida útil de um ETICS, no máximo em 28 anos, sem manutenção;

- Fazer a representação teórica de uma curva de degradação, próxima de padrões típicos


para a mesma, da qual se pode aferir um valor de 24 anos de vida útil (para um nível
mínimo de qualidade de 20% - valor a partir do qual se considera que o revestimento não
cumpre critérios de desempenho inicialmente perspectivados);

- Caracterizar com maior rigor, níveis de qualidade, níveis de desempenho e definir


critérios para registo da degradação;

- Propor diversas estratégias de manutenção (preventiva e predictiva), definir previamente


operações a realizar e proceder à sua orçamentação;

- Apresentar diversas curvas de degradação, respeitantes às estratégias definidas;

225
Capítulo 5

- Estudar a aplicação do método do LCC;

- Definir exaustivamente as anomalias do revestimento, as respectivas causas e alguns


procedimentos para inspecções ao revestimento.

Assim, dessa análise prática, conclui-se resumidamente o seguinte:

- Uma estratégia de manutenção predictiva parece originar um aumento da vida útil do


revestimento relativamente à correspondente estratégia preventiva, o que é justificável,
em princípio, por se considerar que o comportamento médio do revestimento, é melhor
numa estratégia predictiva;

- O aumento da vida útil de uma estratégia de manutenção predictiva para uma estratégia de
manutenção preventiva, aparentemente pode tender para o valor correspondente à
melhoria da taxa de degradação verificada através das primeiras inspecções;

- A variação dos valores do VAE LCC entre as correspondentes estratégias preventivas


versus predictivas aparenta ser sensivelmente constante;

- Em geral, as estratégias de manutenção predictiva, serão mais económicas do que as


estratégias de manutenção preventiva, desde que, a partir do resultado de inspecções
efectuadas relativamente cedo na vida útil do ETICS, se consiga apurar a sua taxa de
degradação real;

- O intervalo de variação dos valores do VAE LCC (€/m2) para as diferentes estratégias
exequíveis e propostas, nos diferentes tipos de manutenção (preventiva e predictiva), não
é superior a cerca de 0,60 €/m2, tornando-se portanto, entre elas, bastante competitivas;

- Relativamente às estratégias de melhoramento projectadas no presente trabalho, salienta-


se o facto de uma estratégia com substituição do revestimento por outro com melhores
características, poder vir a ser significativamente mais dispendiosa, ao contrário do que
acontece se se utilizarem reparações com material de idênticas características;

226
CONCLUSÕES

- O aspecto provavelmente mais importante a retirar desta análise, aponta para que qualquer
que seja o tipo de manutenção do revestimento, a sua realização permite obter resultados
teóricos de durabilidade bastante bons. Neste caso, para um ETICS, a durabilidade pode
duplicar se, em condições controladas, existirem cuidados de manutenção análogos aos
propostos.

5.3 – AVALIAÇÃO DOS OBJECTIVOS

Com a elaboração da presente dissertação, julga-se ter contribuído um pouco mais para o
conhecimento e aprofundamento das questões relacionadas com a manutenção em geral. A
informação condensada no capítulo da teoria da manutenção parece ser uma mais valia no
sentido de permitir enquadrar os aspectos da manutenção com questões relacionadas com a
gestão de edifícios e o processo geral do empreendimento, pretendo também assim, despertar
a importância deste envolvimento. Além disso, apresenta resumidamente os conceitos básicos
relacionados com a manutenção, com apoio em trabalhos já realizados e de acordo com uma
cuidada análise bibliográfica.

No seu todo, o trabalho pode contribuir para a divulgação da utilidade do tema,


essencialmente pela tentativa de originalidade, ao introduzir uma proposta de procedimentos
organizados e posteriormente testando a sua aplicabilidade prática a um caso inovador, não
tradicional.

Com a leitura global dos diferentes capítulos, parece ser claro o intuito de transmitir uma
sensibilização, em primeiro lugar, para a necessidade de estruturar os procedimentos inerentes
à aplicação de qualquer programa de manutenção em edifícios correntes e em segundo lugar,
para a riqueza de informação que pode resultar desse trabalho e da importância subjacente ao
retorno do seu conhecimento, às fases iniciais de um empreendimento.

A estrutura apresentada para plano de inspecção e manutenção, pretende ser um modelo


discutível e com a qual se contribuiu no sentido de vir a ser encontrada uma solução eficaz e
abrangente, passível de perfeita aplicabilidade.

O desenvolvimento geral do tema aqui exposto, condensa um conjunto de aspectos que

227
Capítulo 5

podem ser úteis a entidades gestoras de património, sobretudo pelo contributo inovador que se
lhe pretendeu dar. Além disso, a abordagem a diversos aspectos tecnológicos, permite
estimular a necessidade crescente de maior progresso no seu conhecimento, sobretudo em
assuntos como a durabilidade dos materiais, defeitos e causas, etc.

Por último, há a referir a importância do conhecimento do comportamento do ETICS. Com


efeito, o mercado da construção apresenta-se em crescente e constante evolução,
particularmente com a aparição de materiais não tradicionais. Com este trabalho, pretendeu-se
disponibilizar mais informação técnica sobre aquele tipo de revestimento, sobretudo pelo
carácter inovador apresentado e pelo desconhecimento que sobre o mesmo ainda existe no
meio técnico e da construção civil em geral. Além disso, associando-se ao tema da
dissertação, foi possível ensaiar modelações teóricas de manutenção aplicadas ao mesmo e
fornecer uma perspectiva do que poderá ser o seu comportamento a longo prazo.

A realização de acções futuras de carácter legislativo, poderão eventualmente encontrar neste


trabalho, um pequeno contributo.

5.4 – DIFICULDADES

A execução de um trabalho desta natureza acarreta sempre algumas dificuldades associadas.


A mais sentida diz respeito à escassez, em Portugal, de bibliografia específica sobre o
assunto. De facto, a inexistência de uma cultura vocacionada para os aspectos da manutenção
reflecte isso mesmo.

Muita da informação recolhida, teve por base alguma bibliografia dispersa que aborda outros
temas relacionados, como por exemplo a reabilitação de edifícios, etc.

Em termos mais restritos, refira-se que a determinação do tempo de vida útil de um elemento
tem associado um conjunto de obstáculos relevantes, sobretudo pela quase inexistência de
estudos sobre a durabilidade dos materiais.

Outro aspecto marcante, relaciona-se com a necessidade de perspectivar com maior acuidade,
as eventuais necessidades de manutenção de um elemento ao qual se estabeleça uma

228
CONCLUSÕES

abordagem mais simplificativa.

Em termos gerais, julga-se que expor uma estrutura de procedimentos de manutenção,


envolve a interiorização do âmbito geral do tema, o cruzamento e a compilação de informação
diversa, para além de se ter de beneficiar de alguma experiência.

5.5 – DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

Foram diversos os aspectos abordados que actualmente necessitam de estudos aprofundados,


particularmente na área da manutenção de edifícios – sector da construção civil. Esses
estudos, evidentemente, devem ser desenvolvidos por equipas multidisciplinares para a
adequada prática de uma gestão global dos edifícios.

Sendo esta dissertação um simples contributo para a sensibilização e mudança de


mentalidades e considerando a diversidade da temática, é fundamental proceder-se a outras
abordagens e realizar diferentes estudos.

Assim, referem-se alguns aspectos que poderão ser objecto de maior aprofundamento,
contribuindo para o progresso e expansão do sector da manutenção imobiliária:

- Desenvolver investigação, com base em ensaios de comportamento, de materiais em geral


e de revestimentos em particular, de forma a ser possível iniciar-se a constituição de uma
base de dados sobre a vida útil dos elementos;

- Desenvolver metodologias adaptadas a cada caso, no sentido de ser possível uma melhor
análise do modo de degradação dos elementos dos edifícios, como por exemplo, tipos de
inspecções, técnicas a utilizar, etc;

- Elaborar uma base de dados com fichas de intervenção, salientando-se a importância dos
pormenores mais importantes que possam garantir uma adequada durabilidade dos
elementos. Nesse seguimento, proceder ainda à constituição de bases de dados sobre
custos de operações de acordo com as respectivas técnicas;

229
Capítulo 5

- Com base numa estrutura semelhante à proposta (introduzindo as necessárias alterações,


rectificações e inovações), desenvolver um algoritmo que sirva de base a um programa
informático, prático, compreensível orientador das entidades com responsabilidades na
gestão de edifícios;

- No caso particular da aplicação de ETICS, parece importante a continuação do trabalho de


análise do comportamento em serviço, para que se aprofunde o conhecimento sobre este
sistema de revestimento e se possa também, atestar e validar, alguns dos procedimentos e
conclusões emitidos na presente tese.

230
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS

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236
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da construção (Directiva 89/106/CEE). Jornal Oficial das Comunidades Europeias, L 40, de 11 de
Fevereiro de 1989, p. L 40/12-L 40/26.

[90] - APIC, CTCV, DEC-FEUP, DEC-FCTUC - “Manual de Aplicação de Revestimentos Cerâmicos”.


Associação Portuguesa da Industria de Cerâmica. Coimbra, Março de 2003.

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Durabilidade e Reabilitação de Edifícios, Lisboa - LNEC, Novembro de 2003.

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[93] - PORTUGAL - Leis, Decretos, etc. - “Regulamento das Características de Comportamento


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[97] - U.S. Department of Commerce - “Life-Cycle Cost Manual for the Federal Energy Management
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[98] - ABCASSIS, F.; CABRAL, N. – “Análise económica e financeira de projectos”. Fundação


Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1991.

237
ANEXO 1

- ESTRUTURA DE UM PIMEC -
ASPECTOS PARCIAIS APLICÁVEIS A OUTROS ELEMENTOS
ANEXO 1

NOTA INTRODUTÓRIA AO ANEXO 1

Em complemento ao Capítulo 3, são apresentados neste anexo, outros quadros com abordagens
simplificativas, os quais, poderão igualmente configurar propostas para utilização em outros
elementos com interesse no contexto geral de um edifício.

A análise tem incidência sobretudo nos procedimentos de inspecção e manutenção corrente, uma
vez que a respectiva estrutura inclui o estudo sobre aspectos tecnológicos relevantes, tais como vida
útil, níveis de qualidade, degradação, desempenho, etc.

Também são sugeridas algumas orientações para os procedimentos de manutenção a ter em conta
em cada elemento.

Portanto, com este anexo, procura-se enriquecer o trabalho, focando e abrangendo determinados
aspectos considerados fundamentais no estudo do tema.

A1 - 2
ANEXO 1

Quadro A.1.1 – Estrutura – abordagem simplificativa de alguns procedimentos


de manutenção preventiva (com apoio em [69,82])

A.B.3 Estrutura
4. Procedimentos de inspecção e manutenção correntes
E. Planeamento da manutenção
E.A. Manutenção preventiva
E.A.1 Caracterização de parâmetros
AV- Ri: caso exista
O R.S.A.E.E.P. [72] define com sondo o intervalo de tempo de referência em
relação ao qual são estabelecidas as condições de segurança e
VU quantificados os valores das acções.
AV-Es/Al–Id: parece sensato considerar na generalidade, tanto para
estruturas de betão armado como para estruturas metálicas, uma durabilidade
mínima de 70 anos, podendo ter uma variabilidade que dependerá de
factores como a poluição atmosférica, proximidade do mar, chuvas ácidas,
etc.[34]
Ri: ter em consideração as especificações técnicas estabelecidas em projecto,
caso existam.
NQ Dc: este parâmetro depende sobretudo das exigências consideradas ao nível
do cálculo, e entre outros, dos critérios gerais de verificação da segurança
em relação aos estados limites últimos de resistência e de deformação.
Ri: ter em consideração as especificações técnicas estabelecidas em projecto.
Dc: sobretudo deve conferir resistência mecânica, estabilidade, baixa
ND deformabilidade ajustada às condições de serviço, segurança em caso de
incêndio e de ocorrência de sismos e durabilidade.
Ri: ter em consideração as especificações técnicas estabelecidas em projecto,
caso existam.
Dc: o registo da degradação deste elemento deve ter em conta o estudo e
análise dos seguintes critérios:
1. Acções e agentes mecânicos que causem deformações, fadiga, abrasão,
erosão, fissuração, desagregação, etc;
2. A acção de agentes e de fenómenos físicos e/ou químicos que provoquem
corrosão, oxidação, etc;
RD 3. Os efeitos de fenómenos estáticos e dinâmicos a que a estrutura está ou
pode estar submetida devidos sobretudo a acções permanentes, acções
variáveis e acções de acidente. No caso das acções de acidente deve ser
sempre efectuado o registo da sua ocorrência, características da mesma e
acções sobre os elementos da estrutura.
Em: Deve ser realizado o registo de evolução da degradação, com base
1 - No desenvolvimento temporal e físico das anomalias relevantes
verificadas ao nível do elemento ou nos outros elementos do edifício por
efeito de reacção;
2 - Na identificação dos agentes de deterioração e na avaliação das
respectivas causas.
3 - Em resultados de inspecções, modelações teóricas, ensaios, etc.

A1 - 3
ANEXO 1

Quadro A.1.1 – Estrutura – abordagem simplificativa de alguns procedimentos


de manutenção preventiva (continuação)

E.A.2 Planeamento das intervenções


MM Intervalo de tempo: 1 ano
ƒ Efectuar inspecções visuais aos elementos acessíveis da estrutura, dando
particular atenção a:
• Mudanças localizadas de cor dos revestimentos ou das
superfícies expostas;
• Regularidade das superfícies, com especial atenção para a
existência de descasques dos revestimentos ou de zonas
expostas;
• Aparecimento de ferrugem;
• Fendilhações, sobretudo a meio vão de vigas e encastramentos;
• Deformações excessivas.
ƒ Em locais assinalados, proceder à medição (eventualmente por
amostragem), através de técnica ou ensaio adequado, da corrosão ou
carbonatação em superfícies aparentes e de acordo com o tipo de
solução. Caso necessário proceder a reparações;
ƒ Observação visual de juntas de dilatação e reportar indícios de
movimentos;
ƒ Verificação das condições de solicitações (cargas, alterações, etc);
ƒ Proceder a uma limpeza ligeira das superfícies aparentes nos pontos em
que estas apresentem um aspecto preocupante;
Intervalo de tempo: 5 anos
ƒ Proceder a reparações gerais que se verifiquem ser necessárias. No caso
da existência de revestimentos, proceder de acordo com o previsto no
mapa de manutenção para o tipo de revestimentos em causa;
ƒ Realização de ensaios (destrutivos ou não destrutivos) para avaliação das
propriedades físicas e mecânicas do elemento, quando considerado
necessário.
Em qualquer tempo
• Proceder a qualquer tipo de acção de manutenção de melhoramento ou
reactiva em função de outras decisões.
• Em qualquer caso deve ser feito sempre o registo do procedimento
tomado.
• Poder-se-á proceder ainda à monitorização - Quadro A.1.2.

A1 - 4
ANEXO 1

Quadro A.1.2 – Estrutura – exemplos de procedimentos de monitorização


(com base em [69,74])

Monitorização
Objectivo Procedimento
• Avaliação da evolução da abertura de ¾ Utilizar:
fissuras - estando estáveis ou estando - Fissurómetros “tell-tale” (resolução de 0,5 mm);
activas, verificar qual a variação da - Fissurómetros de corda vibrante;
abertura ( a definição da - Deflectómetros (resolução de 0,01 mm);
periodicidade das sessões de leitura e - Alongâmetros com bases metálicas (resolução de 0,002
a duração da monitorização deve ser mm);
feita em função do tipo de estrutura e - Extensómetros e elongâmetros amovíveis;
do tipo de acção que está na origem - Compasso com nónio;
das fissuras); - Transdutores e registo por sistemas computorizados;
- Fotografia;
- Observações periódicas empregando testemunhos de gesso
ou pasta de cimento.
• Avaliação da evolução de ¾ Utilizar:
deformações. - “Tilt-meters” – medem a variação do ângulo com a vertical
num elemento construtivo;
- Topografia de precisão – com a instalação de alvos
reflectores ou prismas em diversos pontos do edifício,
realizando posteriormente sessões de leituras e registos
periódicos.

A1 - 5
ANEXO 1

Quadro A.1.3 – Estrutura – abordagem simplificativa de alguns procedimentos de


manutenção predictiva (com base em [69,73,74,75,76,77,78,79,80])

A.B.3 Estrutura
E.B.2 Planeamento das inspecções
MI Mapa de inspecções
IC Inspecções correntes
Intervalo de tempo: 6 meses
ƒ Efectuar inspecções visuais aos elementos acessíveis da estrutura, dando
particular atenção a:
• Mudanças localizadas de cor dos revestimentos ou das superfícies
expostas;
• Regularidade das superfícies, com especial atenção para a
existência de descasques dos revestimentos ou de zonas expostas;
• Aparecimento de ferrugem;
• Fendilhações, sobretudo a meio vão de vigas e encastramentos;
• Deformações.
ƒ Observação visual de juntas de dilatação e reportar indícios de
movimentos;
ƒ Verificar se existem cargas ou vibrações excessivas em algum ponto do
edifício que possam afectar a estrutura ou os elementos constituintes. De
acordo com o R.E.B.A.P. [76], e “em alguns casos, poderá ser
conveniente colocar, em locais apropriados, placas com a indicação de
alertar os utilizadores das sobrecargas de utilização máximas permitidas,
a fim de avisar os utilizadores para o facto de que a aplicação de
sobrecargas superiores às indicadas pode danificar a estrutura”.
Quando considerado necessário, poder-se-á proceder ainda à monitorização -
Quadro A.1.2.
Preenchimento de relatório de inspecção tipo
ID Inspecções detalhadas
Intervalo de tempo: 2 anos
• Verificar a geometria da estrutura
• Medir a abertura de juntas;
• Em locais assinalados, proceder à medição, através de técnica ou ensaio
adequado, da corrosão ou carbonatação em superfícies aparentes e de
acordo com o tipo de solução.
• Quando julgadas necessárias, realizar outras medições ou ensaios mais
elaborados tecnicamente, como por exemplo:
- Esclerometria Pendular para verificar a dureza superficial e
resistência à compressão do betão;
- Determinação do recobrimento e diâmetro dos varões (com
equipamento adequado);
- Determinação da velocidade de corrosão das armaduras (com
equipamento adequado);

A1 - 6
ANEXO 1

Quadro A.1.3 – Estrutura – abordagem simplificativa de alguns procedimentos de


manutenção predictiva (continuação)

- Avaliação da probabilidade de ocorrência de corrosão nas


armaduras (com equipamento adequado);
- Determinação do fluxo de água passante (com equipamento
adequado);
- Determinação da profundidade de carbonatação - com extracção de
uma amostra
- Ensaio de ultrassonografia (com equipamento adequado);
- Determinação dos índices de cloretos e sulfatos - com extracção de
amostras

Quando considerado necessário, poder-se-á proceder ainda à monitorização -


Quadro A.1.2.
Preenchimento de relatório de inspecção tipo
AE Avaliação especializada
Intervalo de tempo: logo após à detecção de deficiência grave
• Elaborada ou solicitada a equipas especialistas
• Execução de ensaios globais, estáticos ou dinâmicos em elementos ou em
zonas chave.

Um aspecto adicional e importante que pode ser avaliado em qualquer altura,


está relacionado com a vulnerabilidade e o desempenho sísmico das estruturas
de betão armado.
Relatório da entidade que elaborou a avaliação
E.B.3 Planeamento das intervenções
MM Mapa de manutenção
Intervalo de tempo: 6 meses
ƒ Proceder a uma limpeza ligeira das superfícies aparentes nos pontos em que
estas apresentem um aspecto preocupante.
Intervalo de tempo: 5 anos
ƒ Proceder a reparações gerais que se verifiquem ser necessárias. No caso da
existência de revestimentos, proceder de acordo com o previsto no mapa de
manutenção para o tipo de revestimentos em causa;
ƒ Realização de ensaios (destrutivos ou não destrutivos) para avaliação das
propriedades físicas e mecânicas do elemento, quando considerado
necessário.
• Proceder a acções de manutenção de melhoramento ou reactiva em função
de outras decisões.
• Em qualquer caso deve ser feito sempre o registo do procedimento tomado.

A1 - 7
ANEXO 1

Quadro A.1.4 – Cobertura – abordagem simplificativa de alguns procedimentos de


manutenção preventiva (com apoio em [34,81,82])

B.B.2 Cobertura
4. Procedimentos de inspecção e manutenção correntes
E. Planeamento da manutenção
E.A. Manutenção preventiva
E.A.1 Caracterização de parâmetros
AV- Ri : caso exista.
Al–Id: Neste aspecto há a tomar em consideração que a cobertura no seu
todo, é constituída por diversos elementos. O conhecimento científico
relativo à evolução das propriedades dos materiais sob dadas acções ao longo
do tempo, está ainda muito aquém do que seria desejável, o que dificulta a
quantificação das exigências de durabilidade.
Pode admitir-se que as superfícies exteriores, nomeadamente coberturas,
podem mudar em cada 20 anos, sobretudo no caso de edifícios de serviços,
cujas mudanças geralmente decorrem das necessidades de alteração da
VU imagem institucional ou por obsolescência tecnológica. No caso dos edifícios
de habitação, esse período pode ir muito além do indicado, uma vez que
estão normalmente sujeitos a uma maior inércia de transformação e com
maiores restrições financeiras.
Relativamente a aspectos particulares de materiais, nomeadamente no que se
refere aos revestimentos de impermeabilização, é corrente adoptarem-se
critérios para a sua avaliação com base num limite inferior de 10 anos, mas é
sempre expectável um tempo de vida útil superior a esse, quer se trate de
revestimentos tradicionais ou de soluções de impermeabilização mais
recentes. Pode tomar-se como limite superior 20 anos ou mais, dependendo
essencialmente das condições iniciais de aplicação e do nível de manutenção
que lhe é oferecida nesse período. As empresas da especialidade,
normalmente, oferecem uma garantia de estanquidade de 10 anos.
Ri: ter em consideração as especificações técnicas estabelecidas em projecto,
caso existam.
Dc: de acordo com o tipo de soluções construtivas adoptadas, o nível de
qualidade varia na mesma medida em que for possível satisfazer mais ou
menos as respectivas exigências funcionais dos materiais constituintes e do
nível de funcionamento global da cobertura. Isto depende essencialmente da
NQ consideração e cumprimento de diversos aspectos, nas diversas fases do
empreendimento: conhecimento tecnológico dos materiais utilizados, sua
certificação, pormenorização em projecto, adequação da geometria da
cobertura ao tipo de edifício e ao seu enquadramento ambiental, utilização de
mão-de-obra especializada, cumprimento de diversos requisitos
regulamentares - comportamento térmico e higrotérmico, acústico, resistência
ao fogo, estabilidade, modos de execução e manutenção.
Ri: ter em consideração as especificações técnicas estabelecidas em projecto.
Dc: sobretudo deve satisfazer:
o Exigências de segurança:
ND o Comportamento mecânico;
o Comportamento sob a acção do vento;
o Segurança contra riscos de incêndio;
o Reacção ao fogo dos materiais;
o Resistência aos agentes químicos;

A1 - 8
ANEXO 1

Quadro A.1.4 – Cobertura – abordagem simplificativa de alguns procedimentos de


manutenção preventiva (continuação)

E.A.1 Caracterização de parâmetros


o Segurança contra riscos inerentes ao uso normal;
o Comportamento sob a acção do gelo.
o Exigências de habitabilidade:
- Estanquidade à água;
- Estanqueidade aos materiais em suspensão no ar;
- Conforto termo-higrométrico;
ND - Susceptibilidade de condensações;
- Isolamento sonoro;
- Uniformidade de aspecto.
o Exigências de economia:
- Limitação do custo global da construção;
- Durabilidade dos materiais constituintes.
- Facilidade de manutenção e reparação.
Ri: ter em consideração as especificações técnicas estabelecidas em projecto,
caso existam.
Dc: o registo dos principais tipos de degradação deste elemento deve ter em
conta a análise dos respectivos agentes causadores:
1. Acções de acidente de origem mecânica exterior:
- Queda de objectos, circulação de carros de mão, aplicação de
cavaletes ou andaimes e colocação de equipamentos diversos;
- Movimentos diferenciais acentuados entre a estrutura resistente
e elementos emergente;
- Vandalismo.
2. Acções ambientais:
RD - Vento;
- Temperatura;
- Radiação ultravioleta;
- Humidade;
- Presença prolongada de água;
- Envelhecimento natural;
- Ciclos de humidificação-secagem.
- Gelo.
Em: Deve ser realizado o registo de evolução da degradação, com base:
1 - No desenvolvimento temporal e físico das anomalias relevantes
verificadas ao nível dos elementos da cobertura ou nos outros
elementos do edifício por efeito de reacção;
2 - Na identificação dos agentes de deterioração e na avaliação das
respectivas causas.
3 - Em resultados de inspecções, modelações teóricas, ensaios, etc.
E.A.2 Planeamento das intervenções
MM Intervalo de tempo: 3 meses
ƒ Efectuar inspecções visuais dando particular atenção a:
• Estabilidade, regularidade e aspecto geral de todas as
superfícies aparentes, incluindo de elementos emergentes
(paredes, platibandas, chaminés, tubagens, etc.) e de elementos
imergentes de outro género.

A1 - 9
ANEXO 1

Quadro A.1.4 – Cobertura – abordagem simplificativa de alguns procedimentos de


manutenção preventiva (continuação)

E.A.2 Planeamento das intervenções


MM Intervalo de tempo: 3 meses
• No caso de revestimentos com telhas, verificar se existem telhas
fissuradas, deslocadas, falta de telhas, descasques do material
constituinte, etc.
• Avaliação dos percursos de escoamento de águas,
nomeadamente de caleiras, embocaduras de tubos de queda,
verificando neste último caso, o seu funcionamento e o seu
desempenho;
• Indícios da presença prolongada de água em determinadas
zonas;
• Indícios generalizados ou pontuais de perdas de estanqueidade
e/ou fissuração e degradação precoce.
ƒ Eliminação de verdete, vegetação e detritos;
ƒ No caso de existir uma camada de protecção pesada constituída por
elementos soltos, deve proceder-se à sua regularização;
ƒ Verificar as condições de solicitações (cargas, alterações, etc.) e a
existência de fontes de calor assinaláveis;
ƒ Proceder a uma limpeza ligeira das superfícies aparentes nos pontos em
que estas apresentem um aspecto preocupante (com produtos
adequados).
Intervalo de tempo: 1 ano
ƒ Verificação do estado dos remates do revestimento de
impermeabilização nos elementos emergentes, nas juntas de dilatação e
em zonas com fixações mecânicas (sobretudo de guardas);
ƒ Verificação das juntas dos revestimentos;
ƒ Verificação nos diversos elementos constituintes da cobertura de
aspectos relacionados com o envelhecimento precoce dos materiais;
ƒ Proceder à desobstrução de pontos de ventilação;
ƒ Avaliar o nível de fissuração de argamassas de assentamento;
ƒ Verificar mudanças localizadas de cor dos revestimentos;
ƒ Inspecção do espaço subjacente à cobertura, tendo em atenção ao
aparecimento de humidades e deformações, verificando ainda, quando
aplicável, o sistema de apoio e fixação dos elementos de revestimento e
as condições técnicas e de ventilação;
ƒ Proceder a reparações gerais que se verifiquem ser necessárias.
Em qualquer tempo
• Em qualquer altura do ano e sempre que se ache adequado (dependendo
também da utilização dos espaços subjacentes à cobertura), deve
programar-se acções de medição das condições atmosféricas, sobretudo
humidade relativa, temperaturas interiores e exteriores, temperaturas
superficiais e medição de teor em água das paredes a fim de analisar ou
prever a ocorrências de condensações superficiais e a necessidade de
alteração das características de isolamento térmico da cobertura;
• Avaliar, mediante registo sistemático, as variações das condições
ambientais exteriores, com atenção para as amplitudes térmicas, ventos,
poluição atmosférica, exposição solar, etc).

A1 - 10
ANEXO 1

Quadro A.1.4 – Cobertura – abordagem simplificativa de alguns procedimentos de


manutenção preventiva (continuação)

E.A.2 Planeamento das intervenções


MM Intervalo de tempo: 3 anos
• Realização de ensaios (destrutivos ou não destrutivos) para avaliação das
propriedades físicas e mecânicas do elemento, quando considerado
necessário.
• Proceder a qualquer tipo de acção de manutenção de melhoramento ou
reactiva em função de outras decisões;
• Em qualquer caso deve ser feito sempre o registo do procedimento
tomado;

A1 - 11
ANEXO 1

Quadro A.1.5 – Cobertura – abordagem simplificativa de alguns procedimentos de


manutenção predictiva (com base em [5,36,81,82])

E.B.2 Planeamento das inspecções


MI Mapa de inspecções
IC Inspecções correntes
Intervalo de tempo: 2 meses
ƒ Efectuar inspecções visuais dando particular atenção a:
• Estabilidade, regularidade e aspecto geral de todas as superfícies
aparentes, incluindo de elementos emergentes (paredes,
platibandas, chaminés, tubagens, etc.) e de elementos imergentes
de outro género;
• No caso de revestimentos com telhas, verificar se existem telhas
fissuradas, deslocadas, falta de telhas, descasques do material
constituinte, etc.
• Avaliação dos percursos de escoamento de águas, nomeadamente
de caleiras, embocaduras de tubos de queda, verificando neste
último caso, o seu funcionamento e o seu desempenho;
• Índicios da presença prolongada de água em determinadas zonas;
• Indícios generalizados ou pontuais de perdas de estanquidade e/ou
fissuração e degradação precoce.
Intervalo de tempo: 1 ano
ƒ Verificação do estado dos remates do revestimento de impermeabilização
nos elementos emergentes, nas juntas de dilatação e em zonas com fixações
mecânicas (sobretudo de guardas);
ƒ Verificação das juntas dos revestimentos;
ƒ Verificação nos diversos elementos constituintes da cobertura de aspectos
relacionados com o envelhecimento precoce dos materiais;
ƒ Avaliar o nível de fissuração de argamassas de assentamento;
ƒ Verificar mudanças localizadas de cor dos revestimentos;
ƒ Inspecção do espaço subjacente à cobertura, tendo em atenção ao
aparecimento de humidades e deformações, verificando ainda, quando
aplicável, o sistema de apoio e fixação dos elementos de revestimento e as
condições técnicas e de ventilação.
Preenchimento de relatório de inspecção tipo
ID Inspecções detalhadas
Intervalo de tempo: 2 anos
Utilizar os procedimentos aplicáveis já anteriormente referidos a outros
elementos, sobretudo no que concerne à avaliação e registo de aspectos
relacionados com:
• Condições atmosféricas;
• Temperatura superficial;
• Teor de água;
• Presença de sais;
• Risco de condensações, etc.
Preenchimento de relatório de inspecção tipo

A1 - 12
ANEXO 1

Quadro A.1.5 – Cobertura – abordagem simplificativa de alguns procedimentos de


manutenção predictiva (continuação)

AE Avaliação especializada
Intervalo de tempo: logo após à detecção de deficiência grave
• Elaborada ou solicitada a equipas especialistas
• Execução de ensaios globais, estáticos ou dinâmicos em elementos ou em
zonas chave.
Relatório da entidade que elaborou a avaliação
E.B.3 Planeamento das intervenções
MM Mapa de manutenção
Intervalo de tempo: 3 meses
ƒ Proceder a uma limpeza ligeira das superfícies aparentes nos pontos em que
estas apresentem um aspecto preocupante (com produtos adequados);
ƒ Eliminação de verdete, vegetação e detritos;
ƒ No caso de revestimentos com telhas, cujos elementos tenham sofrido danos
ou deslocado, proceder à sua recolocação ou substituição, se for caso disso.
Intervalo de tempo: 1 ano
ƒ No caso de existir uma camada de protecção pesada constituída por
elementos soltos, deve proceder-se à sua regularização;
ƒ Proceder à desobstrução de pontos de ventilação;
ƒ Proceder a reparações gerais que se verifiquem ser necessárias.
ƒ Realização de ensaios (destrutivos ou não destrutivos) para avaliação das
propriedades físicas e mecânicas do elemento, quando considerado
necessário.
• Proceder a acções de manutenção de melhoramento ou reactiva em função
de outras decisões.
• Em qualquer caso deve ser feito sempre o registo do procedimento tomado.

A1 - 13
ANEXO 2

PLANTAS COM IDENTIFICAÇÃO DE FACHADAS E


FOTOGRAFIAS DO PÓLO II
ANEXO 2

NOTA INTRODUTÓRIA AO ANEXO 2

Em complemento ao Capítulo 4, representam-se as plantas dos edifícios estudados e a identificação


das fachadas analisadas.

Para se ter uma ideia da generalidade dos edifícios do Pólo II (excluindo o Instituto Pedro Nunes),
inclui-se também neste anexo, uma fotografia aérea do conjunto.

A2 - 2
ANEXO 2

Figura A.2.1 – Fotografia aérea dos edifícios do Pólo II

A2 - 3
ANEXO 2

Figura A.2.2 – Plantas dos edifícios do Pólo II - indicação das fachadas com ETICS

D.E.E. D.E.I.
6
13
12
5
11
10
2 18
16
26 15 14 11 8
14 9
17 8
16
20 3 1 19
28 18 19
27 21 17 15 13 12 10 9 7
29
39 25
38 30 22 23
40
37 31 4
41
36 32 3 4 5
42
2 6
35
33 1
34 24
26
25 23

24

DE
P AR
TA
ME
NT
O 15 10 6
DE
EN
GE
NH
AR
IA Q
627 UÍM
/ -2 ICA
408
11 9
42 RA
-2 E D
9
P

16 14
70 DE
SA
0/
CA

7 5
12
24
13 8
25
26
23
20 4
21 17 18 3
22

19 2
D.E.C.
1

A2 - 4
ANEXO 2

Figura A.2.3 – Edifícios do Pólo II – pormenor de numeração das fachadas com ETICS

A2 - 5
ANEXO 2

Figura A.2.4 – Numeração das fachadas com ETICS nas plantas dos edifícios do
Instituto Pedro Nunes

13 1
2
17
6
3
5 15
4
14 7
8
18
12
9
11 16
10

A2 - 6
ANEXO 3

- ETICS -
ELEMENTOS COMPLEMENTARES UTILIZADOS PARA A
CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO EM SERVIÇO
ANEXO 3

NOTA INTRODUTÓRIA AO ANEXO 3

Em complemento ao Capítulo 4, são apresentados neste anexo, diversos quadros que sintetizam o
trabalho realizado no levantamento do estado actual dos revestimentos dos edifícios do Pólo II.

Os elementos descritos, serviram de base à caracterização do comportamento em serviço, dentro das


limitações existentes.

A3 - 2
ANEXO 3

Quadro A.3.1 – Quadro de registo do levantamento de defeitos por pano de fachada –


Instituto Pedro Nunes

Idade 10

Planos de fachadas 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Exposição Sul Sul Nascente Norte Norte Poente Sul Sul Nascente

ÁREA 125 435 68 72 304 120 125 435 68

Tipo de degradação
Descolamento do sistema x x x x
Perfuração do sistema x x x x x x x x x
Deficiência de planeza do sistema x x x x x x x x x
Fissuração do revestimento x x x x x x x x x
Visualização das juntas das placas x x x x x x x x x
Empolamento das placas x x x
Alteração da cor das superfícies x x x x x x x x
Desenvolvimento de vegetação parasitária
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço x x x x x x x x x

Planos de fachadas 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Exposição Norte Norte Poente Sul Sul Norte Norte Nascente Nascente

ÁREA 72 304 120 75 75 88 88 65 65

Tipo de degradação
Descolamento do sistema x x x
Perfuração do sistema x x x x x x x x x
Deficiência de planeza do sistema x x x x x x x x x
Fissuração do revestimento x x x x x x x x
Visualização das juntas das placas x x x x x x x x x
Empolamento das placas x x
Alteração da cor das superfícies x x x x x x x x x
Desenvolvimento de vegetação parasitária
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço x x x x x x x

A3 - 3
ANEXO 3

Quadro A.3.2 – Quadro síntese do levantamento por número de panos afectados –


Instituto Pedro Nunes

EXPOSIÇÃO

Oeste
Norte

Este
Sul
Área de fachada (m2) 928 1270 266 240
% da área total 34% 47% 10% 9%
Número de planos de fachadas considerados 6 6 4 2
Número de planos de fachadas afectados
Descolamento do sistema 1 1 4 0
Perfuração dos sistema 6 6 4 2
Deficiência de planeza do sistema 6 6 4 2
Defeitos

Fissuração do revestimento 6 5 4 2
Visualização das juntas das placas 6 6 4 2
Empolamento das placas 1 3 1 0
Alteração da cor das superfícies 6 5 4 2
Desenvolvimento de vegetação parasitária 0 0 0 0
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço 5 5 4 2

A3 - 4
ANEXO 3

Quadro A.3.3 – Quadro síntese do levantamento por área de panos afectados –


Instituto Pedro Nunes

EXPOSIÇÃO

Oeste
Norte

Este
Sul
Área de fachada (m2) 928 1270 266 240
% da área total 34% 47% 10% 9%
Número de planos de fachadas considerados 6 6 4 2
Área afectada de fachadas
Descolamento do sistema 376 125 266 0
Perfuração dos sistema 928 1270 266 240
Deficiência de planeza do sistema 928 1270 266 240
Defeitos

Fissuração do revestimento 928 1195 266 240


Visualização das juntas das placas 928 1270 266 240
Empolamento das placas 88 635 68 0
Alteração da cor das superfícies 928 835 266 240
Desenvolvimento de vegetação parasitária 0 0 0 0
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço 840 1195 266 240

A3 - 5
ANEXO 3

Quadro A.3.4 – Quadro de registo do levantamento de defeitos por pano de fachada –


Departamento de Engenharia Civil

Idade 4

Planos de fachadas 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Exposição Sul Nascente Sul Nascente Nascente Norte Poente Norte Nascente

ÁREA 272 144 975 255 950 260 700 675 450

Tipo de degradação
Descolamento do sistema x x
Perfuração do sistema x x x x x x
Deficiência de planeza do sistema x x x x
Fissuração do revestimento x x x x x x x
Visualização das juntas das placas x x x x x x x x x
Empolamento das placas x x x
Alteração da cor das superfícies x x x
Desenvolvimento de vegetação parasitária
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço x x x x x x

Planos de fachadas 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Exposição Norte Nascente Nascente Sul Nascente Norte Poente Sul Sul

ÁREA 480 400 200 320 675 468 810 270 195

Tipo de degradação
Descolamento do sistema x
Perfuração do sistema x x x x x
Deficiência de planeza do sistema x x
Fissuração do revestimento x x x x x x
Visualização das juntas das placas x x x x x x x x x
Empolamento das placas x
Alteração da cor das superfícies x x x
Desenvolvimento de vegetação parasitária
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço x x x x x x

Planos de fachadas 19 20 21 22 23 24 25 26

Exposição Poente Sul Nascente Sul Poente Norte Nascente Norte

ÁREA 144 90 270 420 300 420 120 90

Tipo de degradação
Descolamento do sistema
Perfuração do sistema x x
Deficiência de planeza do sistema x x
Fissuração do revestimento x x x x x x
Visualização das juntas das placas x x x x x x x x
Empolamento das placas x x
Alteração da cor das superfícies x x
Desenvolvimento de vegetação parasitária
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço x x x x x x

A3 - 6
ANEXO 3

Quadro A.3.5 – Quadro síntese do levantamento por número de panos afectados –


Departamento de Engenharia Civil

EXPOSIÇÃO

Oeste
Norte

Este
Sul
Área de fachada (m2) 2393 2542 3464 1954
% da área total 23% 25% 33% 19%
Número de planos de fachadas considerados 6 7 9 4
Número de planos de fachadas afectados
Descolamento do sistema 0 2 1 0
Perfuração dos sistema 4 3 4 2
Deficiência de planeza do sistema 0 3 5 0
Defeitos

Fissuração do revestimento 3 7 5 4
Visualização das juntas das placas 5 7 9 4
Empolamento das placas 0 3 3 0
Alteração da cor das superfícies 4 3 0 1
Desenvolvimento de vegetação parasitária 0 0 0 0
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço 3 7 4 4

A3 - 7
ANEXO 3

Quadro A.3.6 – Quadro síntese do levantamento por área de panos afectados –


Departamento de Engenharia Civil

EXPOSIÇÃO

Oeste
Norte

Este
Sul
Área de fachada (m2) 2393 2542 3464 1954
% da área total 23% 25% 33% 19%
Número de planos de fachadas considerados 6 7 9 4
Área afectada de fachadas
Descolamento do sistema 0 1170 144 0
Perfuração dos sistema 1653 1567 2280 1510
Deficiência de planeza do sistema 0 1590 2294 0
Defeitos

Fissuração do revestimento 770 2542 1949 1954


Visualização das juntas das placas 1718 2452 3464 1954
Empolamento das placas 0 1590 1475 0
Alteração da cor das superfícies 1298 504 0 700
Desenvolvimento de vegetação parasitária 0 0 0 0
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço 978 2542 1549 1954

A3 - 8
ANEXO 3

Quadro A.3.7 – Quadro de registo do levantamento de defeitos por pano de fachada –


Departamento de Engenharia Informática

Idade 10

Planos de fachadas 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Exposição Sul Sul Sul Sul Sul Nascente Nascente Norte Poente

ÁREA 1620 253 322 322 322 100 630 168 630

Tipo de degradação
Descolamento do sistema x
Perfuração do sistema x x x x
Deficiência de planeza do sistema x x
Fissuração do revestimento x x x
Visualização das juntas das placas x x x x x x x
Empolamento das placas x x x x
Alteração da cor das superfícies x x x x x x x x x
Desenvolvimento de vegetação parasitária x x x x x x x
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço x

Planos de fachadas 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Exposição Nacsente Norte Poente Nascente Norte Nascente Circular Nascente Norte

ÁREA 630 198 630 630 168 630 679 756 132

Tipo de degradação
Descolamento do sistema x x x
Perfuração do sistema x x x x x
Deficiência de planeza do sistema x
Fissuração do revestimento x x x x x
Visualização das juntas das placas x x x x x x x x
Empolamento das placas
Alteração da cor das superfícies x x x x x x x x x
Desenvolvimento de vegetação parasitária x x x x x x
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço x x x x x

Planos de fachadas 19 20 21 22

Exposição Poente Sul Sul Sul

ÁREA 810 150 65 65

Tipo de degradação
Descolamento do sistema
Perfuração do sistema x x
Deficiência de planeza do sistema
Fissuração do revestimento x x x x
Visualização das juntas das placas x
Empolamento das placas
Alteração da cor das superfícies x x x x
Desenvolvimento de vegetação parasitária x
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço x x x

A3 - 9
ANEXO 3

Quadro A.3.8 – Quadro síntese do levantamento por número de panos afectados –


Departamento de Engenharia Informática

EXPOSIÇÃO

Oeste
Norte

Este
Sul
Área de fachada (m2) 836 3289 3546 2240
% da área total 8% 33% 36% 23%
Número de planos de fachadas considerados 5 9 7 4
Número de planos de fachadas afectados
Descolamento do sistema 3 1 1 1
Perfuração dos sistema 2 3 6 3
Deficiência de planeza do sistema 1 2 2 1
Defeitos

Fissuração do revestimento 4 4 3 4
Visualização das juntas das placas 3 6 6 4
Empolamento das placas 0 4 0 0
Alteração da cor das superfícies 5 9 7 4
Desenvolvimento de vegetação parasitária 1 5 5 3
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço 2 4 4 2

A3 - 10
ANEXO 3

Quadro A.3.9 – Quadro síntese do levantamento por área de panos afectados –


Departamento de Engenharia Informática

EXPOSIÇÃO

Oeste
Norte

Este
Sul
Área de fachada (m2) 836 3289 3546 2240
% da área total 8% 33% 36% 23%
Número de planos de fachadas considerados 5 9 7 4
Área afectada de fachadas
Descolamento do sistema 704 170 170 170
Perfuração dos sistema 368 1855 2916 1610
Deficiência de planeza do sistema 170 1809 800 170
Defeitos

Fissuração do revestimento 1166 450 1430 2240


Visualização das juntas das placas 470 3009 3446 2240
Empolamento das placas 0 1219 0 0
Alteração da cor das superfícies 836 2967 3546 2240
Desenvolvimento de vegetação parasitária 132 2839 3276 2070
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço 302 450 1656 800

A3 - 11
ANEXO 3

Quadro A.3.10 – Quadro de registo do levantamento de defeitos por pano de fachada –


Departamento de Engenharia Electrotécnica

Idade 8

Planos de fachadas 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Exposição Nascente Norte Poente Nordeste Nordeste Nordeste Nordeste Sudeste Noroeste

ÁREA 920 144 493 200 140 140 140 493 493

Tipo de degradação
Descolamento do sistema
Perfuração do sistema x x x x x x x x
Deficiência de planeza do sistema
Fissuração do revestimento x x x x x
Visualização das juntas das placas x x x x x x x
Empolamento das placas
Alteração da cor das superfícies x x x x x x x x x
Desenvolvimento de vegetação parasitária x x
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço x x x x x

Planos de fachadas 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Exposição Sudeste Noroeste Sudeste Noroeste Sudoeste Sudeste Sudoeste Noroeste Sudoeste

ÁREA 493 493 493 963 504 216 68 216 504

Tipo de degradação
Descolamento do sistema
Perfuração do sistema x x
Deficiência de planeza do sistema
Fissuração do revestimento x x x
Visualização das juntas das placas x x x x x x x x
Empolamento das placas
Alteração da cor das superfícies x x x x x x x x
Desenvolvimento de vegetação parasitária x
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço x x

Planos de fachadas 19 20 21 22 23 24 25 26 27

Exposição Sudeste Sudoeste Noroeste Sudoeste Sudeste Sul Sudoeste Noroeste Noroeste

ÁREA 216 68 216 504 216 600 1800 288 225

Tipo de degradação
Descolamento do sistema x
Perfuração do sistema x
Deficiência de planeza do sistema x
Fissuração do revestimento x x x
Visualização das juntas das placas x x x x x x x x
Empolamento das placas x
Alteração da cor das superfícies x x x x x x x x x
Desenvolvimento de vegetação parasitária x
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço x x

A3 - 12
ANEXO 3

Quadro A.3.10 – Quadro de registo do levantamento de defeitos por pano de fachada –


Departamento de Engenharia Electrotécnica (continuação)

Planos de fachadas 28 29 30 31 32 33 34 35 36

Exposição Nordeste Nordeste Nordeste Nordeste Nordeste Sudeste Sudoeste Sudoeste Sudoeste

ÁREA 210 104 210 104 210 225 210 104 210

Tipo de degradação
Descolamento do sistema
Perfuração do sistema x
Deficiência de planeza do sistema x x x x
Fissuração do revestimento x x x x x x x x x
Visualização das juntas das placas x x x x
Empolamento das placas x x x x
Alteração da cor das superfícies x x x x x x x x x
Desenvolvimento de vegetação parasitária
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço x x x x

Planos de fachadas 37 38 39 40 41 42

Exposição Sudoeste Sudoeste Sudeste Noroeste Noroeste Noroeste

ÁREA 104 210 225 225 225 225

Tipo de degradação
Descolamento do sistema
Perfuração do sistema
Deficiência de planeza do sistema x x x x x x
Fissuração do revestimento x x x x x x
Visualização das juntas das placas x x x x x x
Empolamento das placas x x x x x x
Alteração da cor das superfícies x x x x x x
Desenvolvimento de vegetação parasitária
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço x x x x x x

A3 - 13
ANEXO 3

Quadro A.3.11 – Quadro síntese do levantamento por número de panos afectados –


Departamento de Engenharia Electrotécnica

EXPOSIÇÃO

Nordeste

Sudoeste
Noroeste

Sudeste
Oeste
Norte

Este
Sul
Área de fachada (m2) 144 600 920 493 3569 2577 1458 4286
% da área total 1% 4% 7% 4% 25% 18% 10% 31%
Número de planos de fachadas considerados 1 1 1 1 10 8 9 11
Número de planos de fachadas afectados
Descolamento do sistema 0 1 0 0 0 0 0 0
Perfuração dos sistema 1 0 1 1 1 4 3 0
Deficiência de planeza do sistema 0 0 0 0 4 2 0 5
Defeitos

Fissuração do revestimento 0 1 1 1 4 5 7 7
Visualização das juntas das placas 0 1 1 1 10 8 3 9
Empolamento das placas 0 1 0 0 3 2 0 5
Alteração da cor das superfícies 1 1 1 1 10 8 9 10
Desenvolvimento de vegetação parasitária 0 0 0 0 1 2 1 0
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço 0 1 0 1 3 4 3 7

A3 - 14
ANEXO 3

Quadro A.3.12 – Quadro síntese do levantamento por área de panos afectados –


Departamento de Engenharia Electrotécnica

EXPOSIÇÃO

Nordeste

Sudoeste
Noroeste

Sudeste
Oeste
Norte

Este
Sul
Área de fachada (m2) 144 600 920 493 3569 2577 1458 4286
% da área total 1% 4% 7% 4% 25% 18% 10% 31%
Número de planos de fachadas considerados 1 1 1 1 10 8 9 11
Número de planos de fachadas afectados
Descolamento do sistema 0 210 0 0 0 0 0 0
Perfuração dos sistema 68 0 920 493 216 1704 480 0
Deficiência de planeza do sistema 0 0 0 0 900 450 0 838
Defeitos

Fissuração do revestimento 0 600 920 493 900 1929 1178 974


Visualização das juntas das placas 0 600 920 493 3569 2577 420 4150
Empolamento das placas 0 600 0 0 675 450 0 838
Alteração da cor das superfícies 68 600 920 493 3569 2577 1458 3782
Desenvolvimento de vegetação parasitária 0 0 0 0 225 986 140 0
Deterioração do recobrimento das cantoneiras de reforço 0 600 0 493 675 1436 480 974

A3 - 15
ANEXO 4

- ETICS -
ELEMENTOS COMPLEMENTARES UTILIZADOS PARA O
PLANEAMENTO DA MANUTENÇÃO
ANEXO 4

NOTA INTRODUTÓRIA AO ANEXO 4

Em complemento ao Capítulo 4, são apresentados neste anexo, diversos mapas que incluem os
aspectos fundamentais a ter em conta para a aplicação e caracterização das diferentes estratégias de
manutenção arbitradas.

Desta forma, os elementos apresentados, serviram de base ao planeamento da manutenção em


ETICS.

A4 - 2
ANEXO 4

Quadro A.4.1 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção preventiva

Estratégias Vida Anos de intervenção


Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código útil Designação dos trabalhos a executar Quant.
(€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos)
15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo
de revestimento delgado armado sobre isolante 1 40 0
Não realizar (ETICS).
1 manutenção - 24
Trabalhos de remoção do revestimento
existente e limpeza e tratamento das 1 15 24
superfícies dos suportes.
Fornecimento a aplicação do sistema completo
de revestimento delgado armado sobre isolante 1 40 0
(ETICS).
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água,
aplicação de produto biócida e segunda
2.1 34 1 7 14 28
lavagem com água.
Objectivo: remoção de sujidades e depósitos
de outras partículas e eliminação de fungos e
vegetação parasitária.
Trabalhos de remoção do revestimento
existente e limpeza e tratamento das 1 15 34
superfícies dos suportes.
2 Limpezas
Fornecimento a aplicação do sistema completo
de revestimento delgado armado sobre isolante 1 40 0
(ETICS).
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água,
19
2.2 41 aplicação de produto biócida e segunda
1 7 9 - 37
lavagem com água.
28
Objectivo: remoção de sujidades e depósitos
de outras partículas e eliminação de fungos e
vegetação parasitária.
Trabalhos de remoção do revestimento
existente e limpeza e tratamento das 1 15 41
superfícies dos suportes.

A4 - 3
ANEXO 4

Quadro A.4.1 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção preventiva (continuação)

Estratégias Vida Anos de intervenção


Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código útil Designação dos trabalhos a executar Quant.
(€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos)
15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo
de revestimento delgado armado sobre isolante 1 40 0
(ETICS).
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água,
7 21 35
2.3 46,5 aplicação de produto biócida e segunda 1 7 - - -
lavagem com água.
14 28 42
Objectivo: remoção de sujidades e depósitos
de outras partículas e eliminação de fungos e
vegetação parasitária.
Trabalhos de remoção do revestimento
existente e limpeza e tratamento das 1 15 46,5
superfícies dos suportes.
2 Limpezas
Fornecimento a aplicação do sistema completo
de revestimento delgado armado sobre isolante 1 40 0
(ETICS).
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
17 34
seguida de uma primeira lavagem com água,
6 - -
2.4 50 aplicação de produto biócida e segunda
1 7 - 22 39
lavagem com água.
11 - -
Objectivo: remoção de sujidades e depósitos
28 45
de outras partículas e eliminação de fungos e
vegetação parasitária.
Trabalhos de remoção do revestimento
existente e limpeza e tratamento das 1 15 50
superfícies dos suportes.

A4 - 4
ANEXO 4

Quadro A.4.1 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção preventiva (continuação)


Estratégias Vida Anos de intervenção
Quant Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código útil Designação dos trabalhos a executar
. (€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos)
15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo de
revestimento delgado armado sobre isolante 1 40 0
(ETICS).
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7
aplicação de produto biócida e segunda lavagem
com água.
Tratamento de fissuras finas 1 2,4
3.1 49 14 28 42
Verificação da estanquidade dos pontos
singulares do sistema (sobretudo nas zonas dos
1 1
acessórios), com pequenos trabalhos de reposição
da sua impermeabilização
Pintura dos panos de parede afectados com tinta
1 7,5
plástica
Trabalhos de remoção do revestimento existente
e limpeza e tratamento das superfícies dos 1 15 49
suportes.
Reparações
3 Fornecimento a aplicação do sistema completo de
ligeiras
revestimento delgado armado sobre isolante
1 40 0
(ETICS).
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7
aplicação de produto biócida e segunda lavagem 121
19 47 65 93
com água.
-
Tratamento de fissuras finas 1 2,4
9 - 37 - - 84 - 112 131 158
3.2 178 Verificação da estanquidade dos pontos
singulares do sistema (sobretudo nas zonas dos -
1 1
acessórios), com pequenos trabalhos de reposição 28 56 75 103
da sua impermeabilização 140
Pintura dos panos de parede afectados com tinta
1 7,5
plástica

Trabalhos de remoção do revestimento existente


178
e limpeza e tratamento das superfícies dos
suportes. 1 15

A4 - 5
ANEXO 4

Quadro A.4.1 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção preventiva (continuação)

Estratégias Vida Anos de intervenção


Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código útil Designação dos trabalhos a executar Quant.
(€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos) 15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo
de revestimento delgado armado sobre isolante 1 40 0
(ETICS).
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7
aplicação de produto biócida e segunda
lavagem com água.
Reparação de degradações localizadas
importantes por substituição completa do
sistema nessa zona: extracção do sistema numa
Reparações porção de formato quadrado ou rectangular
4 4.1 42 centrada no local deteriorado e com uma folga 14
pesadas de cerca de 100 mm a toda a volta. A 1 21
armadura deve ser libertada na periferia desta
zona extraída e os seus bordos sobrepostos à
nova armadura. Posteriormente, execução de
uma nova aplicação do sistema nas zonas em
causa.

Pintura integral do edifício com tinta plástica. 1 7,5

Trabalhos de remoção do revestimento


existente e limpeza e tratamento das 1 15 42
superfícies dos suportes.

A4 - 6
ANEXO 4

Quadro A.4.1 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção preventiva (continuação)

Estratégias Vida Anos de intervenção


útil Designação dos trabalhos a executar Quant. Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código (€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos) 15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo
de revestimento delgado armado sobre isolante 1 40 0
(ETICS).
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7
aplicação de produto biócida e segunda
lavagem com água.
Reparação de degradações localizadas
importantes por substituição completa do
sistema nessa zona: extracção do sistema numa
Reparações porção de formato quadrado ou rectangular
4 4.2 37 centrada no local deteriorado e com uma folga 21
pesadas de cerca de 100 mm a toda a volta. A 1 21
armadura deve ser libertada na periferia desta
zona extraída e os seus bordos sobrepostos à
nova armadura. Posteriormente, execução de
uma nova aplicação do sistema nas zonas em
causa.

Pintura integral do edifício com tinta plástica. 1 7,5

Trabalhos de remoção do revestimento


existente e limpeza e tratamento das 1 15 37
superfícies dos suportes.

A4 - 7
ANEXO 4

Quadro A.4.1 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção preventiva (continuação)

Estratégias Vida Anos de intervenção


Quant Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código útil Designação dos trabalhos a executar
. (€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos)
15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo de
revestimento delgado armado sobre isolante 1 40 0
(ETICS).
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7 14
aplicação de produto biócida e segunda lavagem
com água.
Limpeza Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7
+ aplicação de produto biócida e segunda lavagem
5 5.1 40,5 com água.
Tratamento de fissuras finas 1 2,4
Reparação 28
ligeira Verificação da estanquidade dos pontos
singulares do sistema (sobretudo nas zonas dos
acessórios), com pequenos trabalhos de reposição 1 1
da sua impermeabilização
Pintura dos panos de parede afectados com tinta
plástica 1 7,5
Trabalhos de remoção do revestimento existente
e limpeza e tratamento das superfícies dos 1 15 40,5
suportes.

A4 - 8
ANEXO 4

Quadro A.4.1 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção preventiva (continuação)

Estratégias Vida Anos de intervenção


Quant Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código útil Designação dos trabalhos a executar
. (€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos)
15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo de
revestimento delgado armado sobre isolante
1 40 0
(ETICS).
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7 14
aplicação de produto biócida e segunda lavagem
com água.
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
Limpeza seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7
aplicação de produto biócida e segunda lavagem
com água.
+ Reparação de degradações localizadas
5 5.2 45,5 importantes por substituição completa do sistema
nessa zona: extracção do sistema numa porção de
Reparação formato quadrado ou rectangular centrada no 28
local deteriorado e com uma folga de cerca de
pesada 100 mm a toda a volta. A armadura deve ser
1 21
libertada na periferia desta zona extraída e os
seus bordos sobrepostos à nova armadura.
Posteriormente, execução de uma nova aplicação
do sistema nas zonas em causa.
Pintura integral do edifício com tinta plástica. 1 7,5
Trabalhos de remoção do revestimento existente
e limpeza e tratamento das superfícies dos 45,5
suportes. 1 15

A4 - 9
ANEXO 4

Quadro A.4.1 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção preventiva (continuação)

Estratégias Vida Anos de intervenção


Quant Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código útil Designação dos trabalhos a executar
. (€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos)
15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo de
revestimento delgado armado sobre isolante
1 40 0
(ETICS).
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7 9
aplicação de produto biócida e segunda lavagem
com água.
Limpeza Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7
+ aplicação de produto biócida e segunda lavagem
5 5.3 41 com água.
Tratamento de fissuras finas 1 2,4
Reparação 19
ligeira Verificação da estanquidade dos pontos
singulares do sistema (sobretudo nas zonas dos
acessórios), com pequenos trabalhos de reposição 1 1
da sua impermeabilização
Pintura dos panos de parede afectados com tinta
plástica 1 7,5
Trabalhos de remoção do revestimento existente
e limpeza e tratamento das superfícies dos 41
suportes. 1 15

A4 - 10
ANEXO 4

Quadro A.4.1 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção preventiva (continuação)

Estratégias Vida Anos de intervenção


Quant Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código útil Designação dos trabalhos a executar
. (€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos) 15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo de
revestimento delgado armado sobre isolante
1 40 0
(ETICS).
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7
aplicação de produto biócida e segunda lavagem
com água.
Reparação de degradações localizadas
importantes por substituição completa do sistema
Reparação nessa zona: extracção do sistema numa porção de
pesada formato quadrado ou rectangular centrada no 14
local deteriorado e com uma folga de cerca de
1 21
100 mm a toda a volta. A armadura deve ser
5 5.4 45,5 libertada na periferia desta zona extraída e os
+
seus bordos sobrepostos à nova armadura.
Posteriormente, execução de uma nova aplicação
do sistema nas zonas em causa.
Limpeza
Pintura integral do edifício com tinta plástica. 1 7,5
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7 28
aplicação de produto biócida e segunda lavagem
com água.
Trabalhos de remoção do revestimento existente
e limpeza e tratamento das superfícies dos 45,5
suportes. 1 15

A4 - 11
ANEXO 4

Quadro A.4.2 – ETICS – Manutenção preventiva - resultados da aplicação do método LCC


d= 0,037

Código Operações a Código VAE LCC


Vida útil Descrição da estratégia VA T
geral utilizar parcial 2
(€/m )
n= 24 1 - 1,1 Não realizar manutenção 2,94 46,27 0,0636
Limpezas com periodicidade de 1/2 da
2.1 2,67 51,10 0,0522
n= 34 vida útil total inicial
Limpezas com periodicidade de 1/3 da
2.2 2,69 56,30 0,0478
n= 41 vida útil total inicial
2 Limpezas
Limpezas com periodicidade de 1/4 da
2.3 2,80 61,69 0,0454
n= 46,5 vida útil total inicial
Limpezas com periodicidade de 1/5 da
2.4 2,97 67,31 0,0442
n= 50 vida útil total inicial
Reparações ligeiras com periodicidade de
3.1 2,83 63,66 0,0445
n= 49 Reparações 1/2 da vida útil total inicial
3
ligeiras Reparações ligeiras com periodicidade de
3.2 1,48 40,04 0,0371
n= 178 1/3 da vida útil total inicial
Reparação pesada com periodicidade de
4.1 3,05 64,61 0,0473
n= 42 Reparações 1/2 da vida útil total inicial
4
pesadas Reparações ligeiras com periodicidade de
4.2 3,03 60,46 0,0500
n= 37 3/4 da vida útil total inicial
Limpeza a 1/2 da vida útil total inicial,
5.1 seguida de uma reparação ligeira no 2,60 54,13 0,0480
n= 40,5 período de vida útil total inicial
Combinações Limpeza a 1/2 da vida útil total inicial,
de limpezas, 5.2 seguida de uma reparação pesada no 2,74 59,92 0,0458
n= 45,5 reparações período de vida útil total inicial
5
ligeiras e Limpeza a 1/3 da vida útil total inicial,
reparações 5.3 seguida de uma reparação ligeira no 2,74 57,41 0,0478
n= 41 pesadas período de 2/3 vida útil total inicial
Reparação pesada a ½ da vida útil total
5.4 inicialseguida de uma limpeza no período 3,05 66,75 0,0458
n= 45,5 de vida útil total inicial

A4 - 12
ANEXO 4

Quadro A.4.3 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção predictiva

Estratégias Vida Anos de intervenção


Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código útil Designação dos trabalhos a executar Quant.
(€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos)
15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo
de revestimento delgado armado sobre isolante 1 40 0
(ETICS).
Não realizar
1 - 28 Verificação visual do estado do revestimento 1 0,75 4,6 25
manutenção
Trabalhos de remoção do revestimento
existente e limpeza e tratamento das 1 15 28
superfícies dos suportes.
Fornecimento a aplicação do sistema completo
de revestimento delgado armado sobre isolante 1 40 0
(ETICS).
4,6 30,5
Verificação visual do estado do revestimento 1 0,75 - -
14,8 37
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
2 Limpezas 2.1 40 seguida de uma primeira lavagem com água,
aplicação de produto biócida e segunda 1 7 15,8 35
lavagem com água.
Objectivo: remoção de sujidades e depósitos
de outras partículas e eliminação de fungos e
vegetação parasitária.
Trabalhos de remoção do revestimento
existente e limpeza e tratamento das 1 15 40
superfícies dos suportes.

A4 - 13
ANEXO 4

Quadro A.4.3 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção predictiva (continuação)

Estratégias Vida Anos de intervenção


útil Designação dos trabalhos a executar Quant. Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código (€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos)
15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo
de revestimento delgado armado sobre isolante 1 40 0
(ETICS).
4,6 30,5
Verificação visual do estado do revestimento 1 0,75 - 20 - 46
9,5 41
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
2 Limpezas 2.2 49 seguida de uma primeira lavagem com água,
31,5
aplicação de produto biócida e segunda
1 7 10,5 21 -
lavagem com água.
42
Objectivo: remoção de sujidades e depósitos
de outras partículas e eliminação de fungos e
vegetação parasitária.
Trabalhos de remoção do revestimento
existente e limpeza e tratamento das 1 15 49
superfícies dos suportes.

A4 - 14
ANEXO 4

Quadro A.4.3 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção predictiva (continuação)

Estratégias Vida Anos de intervenção


Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código útil Designação dos trabalhos a executar Quant.
(€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos)
15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo
de revestimento delgado armado sobre isolante 1 40 0
(ETICS).
30,5
4,6 -
Verificação visual do estado do revestimento 1 0,75 - 22,6 38,4 52,5
14,8 -
42,3
Limpeza da superfície do revestimento
2.3 55,5 recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
31,5
seguida de uma primeira lavagem com água,
15,8 -
aplicação de produto biócida e segunda
1 7 7,9 - 39,4
lavagem com água.
23,6 -
Objectivo: remoção de sujidades e depósitos
43,3
de outras partículas e eliminação de fungos e
vegetação parasitária.
Trabalhos de remoção do revestimento
existente e limpeza e tratamento das 1 15 55,5
superfícies dos suportes.
2 Limpezas
Fornecimento a aplicação do sistema completo
de revestimento delgado armado sobre isolante 1 40 0
(ETICS).
30,5
4,6 17,9 -
Verificação visual do estado do revestimento 1 0,75 - - 36,8 49,4
11,6 24,2 -
43,1
Limpeza da superfície do revestimento
2.4 60 recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
31,5
seguida de uma primeira lavagem com água,
6,3 18,9 -
aplicação de produto biócida e segunda
lavagem com água.
1 7 - - 37,8 50,4
12,6 25,2 -
Objectivo: remoção de sujidades e depósitos
44,1
de outras partículas e eliminação de fungos e
vegetação parasitária.
Trabalhos de remoção do revestimento
existente e limpeza e tratamento das 1 15 60
superfícies dos suportes.

A4 - 15
ANEXO 4

Quadro A.4.3 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção predictiva (continuação)

Estratégias Vida Anos de intervenção


Quant Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código útil Designação dos trabalhos a executar
. (€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos)
15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo de
revestimento delgado armado sobre isolante 1 40 0
(ETICS).
46,2
Verificação visual do estado do revestimento 1 0,75 4,6 14,8 30,5 -
56
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7
aplicação de produto biócida e segunda lavagem
com água.
Reparações
3 3.1 59
ligeiras Tratamento de fissuras finas 1 2,4
15,8 31,5 47,2
Verificação da estanquidade dos pontos
singulares do sistema (sobretudo nas zonas dos
acessórios), com pequenos trabalhos de reposição 1 1
da sua impermeabilização
Pintura dos panos de parede afectados com tinta
plástica 1 7,5

Trabalhos de remoção do revestimento existente


e limpeza e tratamento das superfícies dos 1 15 59
suportes.

A4 - 16
ANEXO 4

Quadro A.4.3 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção predictiva (continuação)

Estratégias Vida Anos de intervenção


Quant Custo 0 34 68 102 136 170 204 238 272 306
Código Operações Código útil Designação dos trabalhos a executar
. (€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos) 34 68 102 136 170 204 238 272 306 340
Fornecimento a aplicação do sistema completo de
revestimento delgado armado sobre isolante
1 40 0
(ETICS).
4.6 135,5 272
209 240,5
- 41 72,5 104 - 177,5 314
-
-
9,5 - - - 146 - - 282, 5
-
251
32 4,5
Verificação visual do estado do revestimento 1 0,75 - 51,5 83 114,5 - 188 -
219,5 -
- -
20 - - 156,5 - 293
- 261,5
33 3,5
- 62 93,5 125 - 198,5 -
230
30,5 167 303, 5

Reparações Limpeza da superfície do revestimento


3 3.2 336,5 recorrendo a escovagem manual ou mecânica, 136,5 273
ligeiras
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7 210 241,5

aplicação de produto biócida e segunda lavagem 10,5 42 73,5 105 - 178,5 -


com água. -
- - - 147 - 315
- - 283, 5
Tratamento de fissuras finas 1 2,4 252
21 52,5 84 115,5 - 189 - -
Verificação da estanquidade dos pontos 220,5 -
singulares do sistema (sobretudo nas zonas dos - - - - 157,5 - 294
32 5,5
acessórios), com pequenos trabalhos de reposição 1 1
- 262,5
da sua impermeabilização 31,5 63 94,5 126 - 199,5 -
Pintura dos panos de parede afectados com tinta 231
1 7,5 168 304, 5
plástica

Trabalhos de remoção do revestimento existente


e limpeza e tratamento das superfícies dos
suportes. 1 15 336,5

A4 - 17
ANEXO 4

Quadro A.4.3 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção predictiva (continuação)

Estratégias Vida Anos de intervenção


útil Designação dos trabalhos a executar Quant. Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código (€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos) 15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo
de revestimento delgado armado sobre isolante 1 40 0
(ETICS).
4,6
Verificação visual do estado do revestimento 1 0,75 - 47,5
14,8
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7
aplicação de produto biócida e segunda
lavagem com água.
Reparação de degradações localizadas
importantes por substituição completa do
Reparações sistema nessa zona: extracção do sistema numa
4 4.1 50,5
pesadas porção de formato quadrado ou rectangular
centrada no local deteriorado e com uma folga 15,8
de cerca de 100 mm a toda a volta. A 1 21
armadura deve ser libertada na periferia desta
zona extraída e os seus bordos sobrepostos à
nova armadura. Posteriormente, execução de
uma nova aplicação do sistema nas zonas em
causa.

Pintura integral do edifício com tinta plástica. 1 7,5

Trabalhos de remoção do revestimento


existente e limpeza e tratamento das 1 15 50,5
superfícies dos suportes.

A4 - 18
ANEXO 4

Quadro A.4.3 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção predictiva (continuação)

Estratégias Vida Anos de intervenção


útil Designação dos trabalhos a executar Quant. Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código (€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos) 15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo
de revestimento delgado armado sobre isolante 1 40 0
(ETICS).

Verificação visual do estado do revestimento 1 0,75 4,6 22,6 41,5

Limpeza da superfície do revestimento


recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7
aplicação de produto biócida e segunda
lavagem com água.
Reparação de degradações localizadas
importantes por substituição completa do
Reparações sistema nessa zona: extracção do sistema numa
4 4.2 42,5
pesadas porção de formato quadrado ou rectangular
centrada no local deteriorado e com uma folga 23,6
de cerca de 100 mm a toda a volta. A 1 21
armadura deve ser libertada na periferia desta
zona extraída e os seus bordos sobrepostos à
nova armadura. Posteriormente, execução de
uma nova aplicação do sistema nas zonas em
causa.

Pintura integral do edifício com tinta plástica. 1 7,5

Trabalhos de remoção do revestimento


existente e limpeza e tratamento das 1 15 42,5
superfícies dos suportes.

A4 - 19
ANEXO 4

Quadro A.4.3 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção predictiva (continuação)

Estratégias Vida Anos de intervenção


Quant Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código útil Designação dos trabalhos a executar
. (€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos)
15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo de
revestimento delgado armado sobre isolante 1 40 0
(ETICS).
4,6
Verificação visual do estado do revestimento 1 0,75 - 46,5
14,8
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7 15,8
Limpeza aplicação de produto biócida e segunda lavagem
com água.
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
+ seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7
5 5.1 47,5
aplicação de produto biócida e segunda lavagem
com água.
Reparação
Tratamento de fissuras finas 1 2,4
ligeira 31,5
Verificação da estanquidade dos pontos
singulares do sistema (sobretudo nas zonas dos
1 1
acessórios), com pequenos trabalhos de reposição
da sua impermeabilização
Pintura dos panos de parede afectados com tinta
plástica 1 7,5
Trabalhos de remoção do revestimento existente
e limpeza e tratamento das superfícies dos 1 15 47,5
suportes.

A4 - 20
ANEXO 4

Quadro A.4.3 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção predictiva (continuação)

Estratégias Vida Anos de intervenção


Quant Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código útil Designação dos trabalhos a executar
. (€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos)
15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo de
revestimento delgado armado sobre isolante
1 40 0
(ETICS).
4,6
Verificação visual do estado do revestimento 1 0,75 - 30,5 51
14,8
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7 15,8
aplicação de produto biócida e segunda lavagem
com água.
Limpeza Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7
aplicação de produto biócida e segunda lavagem
+
5 5.2 54 com água.
Reparação de degradações localizadas
importantes por substituição completa do sistema
Reparação nessa zona: extracção do sistema numa porção de
pesada formato quadrado ou rectangular centrada no 31,5
local deteriorado e com uma folga de cerca de
1 21
100 mm a toda a volta. A armadura deve ser
libertada na periferia desta zona extraída e os
seus bordos sobrepostos à nova armadura.
Posteriormente, execução de uma nova aplicação
do sistema nas zonas em causa.
Pintura integral do edifício com tinta plástica. 1 7,5
Trabalhos de remoção do revestimento existente
e limpeza e tratamento das superfícies dos 54
suportes. 1 15

A4 - 21
ANEXO 4

Quadro A.4.3 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção predictiva (continuação)

Estratégias Vida Anos de intervenção


Quant Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código útil Designação dos trabalhos a executar
. (€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos)
15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo de
revestimento delgado armado sobre isolante
1 40 0
(ETICS).
4,6
Verificação visual do estado do revestimento 1 0,75 - 20 50
9,5
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7 10,5
Limpeza aplicação de produto biócida e segunda lavagem
com água.
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
+ seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7
5 5.3 53
aplicação de produto biócida e segunda lavagem
com água.
Reparação
Tratamento de fissuras finas 1 2,4
ligeira 21
Verificação da estanquidade dos pontos
singulares do sistema (sobretudo nas zonas dos
1 1
acessórios), com pequenos trabalhos de reposição
da sua impermeabilização
Pintura dos panos de parede afectados com tinta
plástica 1 7,5
Trabalhos de remoção do revestimento existente
e limpeza e tratamento das superfícies dos 53
suportes. 1 15

A4 - 22
ANEXO 4

Quadro A.4.3 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção predictiva (continuação)

Estratégias Vida Anos de intervenção


Quant Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código útil Designação dos trabalhos a executar
. (€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos)
15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo de
revestimento delgado armado sobre isolante
1 40 0
(ETICS).
4,6
Verificação visual do estado do revestimento 1 0,75 - 30,5 51,5
14,8
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7
aplicação de produto biócida e segunda lavagem
com água.
Reparação Reparação de degradações localizadas
pesada importantes por substituição completa do sistema
nessa zona: extracção do sistema numa porção de
formato quadrado ou rectangular centrada no 15,8
5 5.4 54,5 local deteriorado e com uma folga de cerca de
+ 1 21
100 mm a toda a volta. A armadura deve ser
libertada na periferia desta zona extraída e os
seus bordos sobrepostos à nova armadura.
Limpeza Posteriormente, execução de uma nova aplicação
do sistema nas zonas em causa.
Pintura integral do edifício com tinta plástica. 1 7,5
Limpeza da superfície do revestimento
recorrendo a escovagem manual ou mecânica,
seguida de uma primeira lavagem com água, 1 7 31,5
aplicação de produto biócida e segunda lavagem
com água.
Trabalhos de remoção do revestimento existente
e limpeza e tratamento das superfícies dos 54,5
suportes. 1 15

A4 - 23
ANEXO 4

Quadro A.4.4 – ETICS – Manutenção predictiva - resultados da aplicação do método LCC


d= 0,037

Código Código VAE LCC


Vida útil Descrição da estratégia VA T
geral parcial 2
(€/m )
n= 28 1 - 1,1 Não realizar manutenção 2,69 46,36 0,0580
Limpezas com periodicidade de 1/2 da
2.1 2,46 50,93 0,0483
n= 40 vida útil total inicial
Limpezas com periodicidade de 1/3 da
2.2 2,51 56,41 0,0445
n= 49 vida útil total inicial
2 Limpezas
Limpezas com periodicidade de 1/4 da
2.3 2,63 61,62 0,0427
n= 55,5 vida útil total inicial
Limpezas com periodicidade de 1/5 da
2.4 2,80 67,11 0,0417
n= 60 vida útil total inicial
Reparações ligeiras com periodicidade de
3.1 2,61 62,32 0,0419
n= 59 Reparações 1/2 da vida útil total inicial
3
ligeiras Reparações ligeiras com periodicidade de
3.2 1,48 40,00 0,0370
n= 336,5 1/3 da vida útil total inicial
Reparação pesada com periodicidade de
4.1 2,80 63,60 0,0440
n= 50,5 Reparações 1/2 da vida útil total inicial
4
pesadas Reparações ligeiras com periodicidade de
4.2 2,79 59,39 0,0470
n= 42,5 3/4 da vida útil total inicial
Limpeza a 1/2 da vida útil total inicial,
5.1 seguida de uma reparação ligeira no 2,41 53,52 0,0450
n= 47,5 período de vida útil total inicial
Combinações Limpeza a 1/2 da vida útil total inicial,
de limpezas, 5.2 seguida de uma reparação pesada no 2,53 58,79 0,0431
n= 54 reparações período de vida útil total inicial
5
ligeiras e Limpeza a 1/3 da vida útil total inicial,
reparações 5.3 seguida de uma reparação ligeira no 2,47 56,96 0,0433
n= 53 pesadas período de 2/3 vida útil total inicial
Reparação pesada a ½ da vida útil total
5.4 inicialseguida de uma limpeza no período 2,66 62,00 0,0429
n= 54,5 de vida útil total inicial

A4 - 24
ANEXO 4

Quadro A.4.5 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção de melhoramento

Estratégias Vida Anos de intervenção


Quant Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código útil Designação dos trabalhos a executar
. (€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos)
15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo de
revestimento delgado armado sobre isolante 1 40 0
(ETICS).

Verificação visual do estado do revestimento 1 0,75 8,3


Estrat. A 44,5
Reparação com revestimento de iguais
1 9 12,5 25 37,5
características de desempenho
Trabalhos de remoção do revestimento existente
e limpeza e tratamento das superfícies dos 1 15 44,5
suportes.
Melhor. Reparações Fornecimento a aplicação do sistema completo de
revestimento delgado armado sobre isolante
1 40 0
(ETICS).

Verificação visual do estado do revestimento 1 0,75 8,3

Estrat. B 39
Reparação com revestimento de iguais
1 9 12,5 25
características de desempenho

Trabalhos de remoção do revestimento existente


e limpeza e tratamento das superfícies dos 39
suportes. 1 15

A4 - 25
ANEXO 4

Quadro A.4.5 – ETICS – Mapa de estratégias de manutenção de melhoramento (continuação)

Estratégias Vida Anos de intervenção


Quant Custo 0 15 30 45 60 75 90 105 120 145
Código Operações Código útil Designação dos trabalhos a executar
. (€/m2) - - - - - - - - - -
geral a utilizar parcial (anos) 15 30 45 60 75 90 105 120 145 160
Fornecimento a aplicação do sistema completo de
revestimento delgado armado sobre isolante 1 40 0
(ETICS).

Verificação visual do estado do revestimento 1 0,75 8,3

Execução de revestimento de pedra natural


Estrat. C 48,5 moleanos, com cimento cola e gateada, incluindo 1 60 9,33
hidrógafo
Reparação pesada 1 35 28
Trabalhos de remoção do revestimento de pedra
existente e limpeza e tratamento das superfícies 1 18 48,5
Melhor. Reparações dos suportes.
Fornecimento a aplicação do sistema completo de
revestimento delgado armado sobre isolante
1 40 0
(ETICS).

Verificação visual do estado do revestimento 1 0,75 8,3

Estrat. D 34,5 Execução de revestimento de pedra natural


moleanos, com cimento cola e gateada, incluindo 1 60 9,33
hidrógafo
Trabalhos de remoção do revestimento de pedra
existente e limpeza e tratamento das superfícies 36,5
dos suportes. 1 18

A4 - 26
ANEXO 4
View publication stats

Quadro A.4.6 – ETICS – Manutenção de melhoramento - resultados da aplicação do método LCC

d= 0,037

Código Operações a Código VAE LCC


Vida útil Descrição da estratégia VA T
geral utilizar parcial 2
(€/m )
A 3 Reparações com material idêntico 2,06 44,66 0,0462
n= 44,5
Reparações
B 2 Reparações com material idêntico 2,27 46,41 0,0488
n= 39
Melhor.
Substituição por pedra natural ( c/ uma
C 4,42 99,05 0,0447
n= 48,5 reparação)
Substituição
Substituição por pedra natural ( sem
D 4,44 88,08 0,0504
n= 36,5 reparações)

A4 - 27

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