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AGRADECIMENTOS
Os meus sinceros agradecimentos a todas as pessoas que, das mais diversas formas,
contribuíram para que fosse possível a concretização do presente trabalho, nomeadamente:
− Ao Professor Doutor José António Raimundo Mendes da Silva, meu orientador, pela
sua disponibilidade, orientação e acompanhamento ao longo de todo o trabalho.
RESUMO
Sistemas de isolamento térmico pelo exterior (ETICS) conhecem, neste momento, não só no
estrangeiro mas também em Portugal, grande expansão, quer ao nível da construção nova,
quer, cada vez mais, ao nível da reabilitação. Este tipo de escolha surge não só pela
consensual necessidade de melhor desempenho energético dos edifícios, mas também como
resposta às crescentes exigências legais, como por exemplo as que decorrem da aplicação do
novo Regulamento das Características de Comportamento Térmico de Edifícios (RCCTE de
2006).
ABSTRACT
The façades play a fundamental part, not only at the architectural image level, but also as a
protection against external aggressions, being an essential element of the functional
performance of a building, for which its rehabilitation is of extreme importance for the
conservation of buildings.
External Thermal Insulation Composite Systems (ETICS) know, at the moment, not only
abroad but also in Portugal, a great expansion, not only at new construction level, but,
increasingly more, at the rehabilitation level. This type of choice appears not only because of
the consensual necessity of better energy performance of the buildings, but also as reply to the
increasing legal requirements, as for example the ones that elapse of the application of the
new Regulation of the Characteristics of Thermal Behaviour of Buildings (RCCTE of 2006).
Due to the development and investment in this type of coverings in our Country, and although
there is already sufficient documentation on these systems, its practical application and
respective effectiveness still lacks of a bigger deepening.
In the scope of rehabilitation, the type and functions of the building, the constituent materials,
its architecture and value, as well as the eventual existing anomalies, condition the
applicability as well as the performance of the rehabilitation systems and techniques, exciting
doubts in the choice of the solution more adjusted to certain situations.
It is intended with this dissertation to study the interest and conditionals in the application of
ETICS in rehabilitation of façades, briefly making a summary of the system and its essential
characteristics, finishing with the concrete discussion of the advantages and conditionals of its
application in the rehabilitation of 3 buildings of the city of Coimbra.
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1
1.1 Enquadramento e Interesse Estratégico ............................................................................ 1
1.2 Objectivos da Investigação ............................................................................................... 2
1.3 Organização da Tese......................................................................................................... 2
2 REVESTIMENTOS EXTERIORES DE FACHADAS...................................................... 4
2.1 Introdução ......................................................................................................................... 4
2.2 Classificação e Exigências Funcionais ............................................................................. 4
2.3 Revestimentos de Isolamento Térmico pelo Exterior....................................................... 8
2.3.1 Aspectos Gerais ..................................................................................................... 8
2.3.2 Vantagens dos Sistemas de Isolamento Térmico pelo Exterior ............................ 10
3 SISTEMAS DE REVESTIMENTO DELGADO ARMADO SOBRE ISOLAMENTO
TÉRMICO (ETICS) ............................................................................................................ 13
3.1 Introdução ......................................................................................................................... 13
3.2 Descrição do Sistema........................................................................................................ 13
3.3 Materiais/Elementos Constituintes ................................................................................... 14
3.4 Aplicação .......................................................................................................................... 16
3.5 Principais Causas de Degradação e Defeitos Associados ................................................ 22
4 APLICAÇÃO DE ETICS EM REABILITAÇÃO .............................................................. 24
4.1 Introdução ......................................................................................................................... 24
4.2 Principais Vantagens e Limitações ................................................................................... 24
4.3 Cuidados Especiais de Aplicação ..................................................................................... 28
4.4 Escolha do Revestimento Correctivo ............................................................................... 30
5 CASOS DE ESTUDO ......................................................................................................... 35
5.1 Introdução ......................................................................................................................... 35
5.2 Caso “A” ........................................................................................................................... 35
5.2.1 Descrição Geral do Edifício .................................................................................. 35
5.2.2 Descrição das Anomalias Observadas ................................................................... 36
5.2.3 Análise da Aplicabilidade de ETICS ..................................................................... 39
5.3 Caso “B” ........................................................................................................................... 43
5.3.1 Descrição Geral do Edifício .................................................................................. 43
5.3.2 Análise da Aplicabilidade de ETICS ..................................................................... 45
5.4 Caso “C” ........................................................................................................................... 45
5.4.1 Descrição Geral do Edifício .................................................................................. 45
ÍNDICE DE QUADROS
ÍNDICE DE FIGURAS
ABREVIATURAS
1 INTRODUÇÃO
A concepção das fachadas em Portugal tem sofrido uma grande evolução, desde panos
simples de elevada espessura em alvenaria de pedra ou tijolo maciço (até aos anos 40), aos
panos duplos de alvenaria de tijolo vazado com caixa de ar entre panos (década de 60/70),
passando pela utilização de materiais de isolamento térmico a preencher total ou parcialmente
a caixa de ar das paredes (anos 80), até aos sistemas de isolamento térmico pelo exterior. Esta
evolução define-se pela constante procura de resposta às crescentes expectativas de conforto
no interior das habitações bem como às imposições legais.
O presente trabalho centra-se nos sistemas de isolamento térmico pelo exterior, mais
propriamente nos sistemas de revestimento delgado e armado sobre isolante térmico,
designados vulgarmente por ETICS (External Thermal Insulation Composite Systems).
Os sistemas de ETICS foram introduzidos no nosso País há cerca de 20 anos, com crescente
utilização tanto em construção nova como em reabilitação. Contudo são sistemas ainda muito
“jovens”, que apesar do seu potencial desempenho carecem ainda de um melhor
conhecimento ao nível da sua concepção, escolha dos materiais, execução e utilização, aos
quais são bastante sensíveis.
A escolha de um sistema de ETICS como solução de reabilitação traz grandes vantagens mas
também desvantagens e limitações de aplicação que interessa conhecer. A escolha da solução
correctiva mais adequada em cada caso condiciona, não só a sua eficiência, mas também a sua
própria eficácia, podendo, não só não dar resposta ao problema, como também agravá-lo ou
provocar outros inicialmente inexistentes.
Capítulo 1 – Introdução
Neste capítulo é feita uma breve introdução ao tema abordado, são levantadas as questões
fundamentais que conduzem à identificação dos objectivos deste trabalho e é apresentada a
estrutura da dissertação.
2.1 Introdução
Neste capítulo pretende-se enquadrar o sistema de revestimento em estudo naquilo que são os
revestimentos exteriores de paredes, abordando a forma como se classificam, bem como as
suas exigências funcionais, passando ainda por uma breve descrição dos revestimentos de
isolamento térmico pelo exterior.
− Revestimentos de estanquidade;
− Revestimentos de impermeabilização;
O Quadro 2.1 apresenta, para cada classe, os tipos de revestimento exteriores com maior
aplicação no nosso País.
− Segurança na utilização;
a) Estabilidade não da parede mas do próprio sistema de revestimento que deve resistir às
acções combinadas do seu peso próprio, das solicitações climáticas extremas (vento e
choques térmicos) e das diversas acções decorrentes da utilização normal. Em particular
deverá assegurar uma correcta aderência da cola aos suportes e ao isolante, e do
revestimento ao isolante.
c) Estanquidade à água, impedido a penetração de água da chuva, quer por capilaridade quer
por imersão.
Quadro 2.2 – Exigências funcionais de revestimentos exteriores de paredes, adaptado de (Lucas 1990b) e
(LNEC, 1996)
Exigências Funcionais Parâmetros de Análise
Perante solicitações normais de uso e de
Estabilidade
ocorrência acidental
Segurança Risco de Incêndio
Reacção ao fogo e acção fisiológica nos
utentes
Segurança no uso Toxicidade e segurança no contacto
Geométrica
Compatibilidade
Mecânica
com o suporte Química Saponificação
Estanquidade Estanquidade à água Água da chuva e no interior
Termo- Isolamento térmico
Higrométricas Secura dos paramentos interiores Temperatura superficial interior
Planeza Geral e localizada
Verticalidade
Rectidão das arestas
Conforto visual Regularidade de superfície Defeitos de superfície e largura de fissuras
Homogeneidade de enodoamento Homogeneidade da temperatura superficial
pela poeira interior
Homogeneidade de cor e brilho Diferença de cor e de reflectância difusa
Aspreza dos paramentos Perfil geométrico de superficie
Conforto táctil Pegajosidade dos paramentos
Secura dos paramentos
Fixação de poeiras ou de micro-
Aspreza e pegajosidade dos paramentos
Higiene organismos
Resistência à limpeza
Resistência a acções de choque e de
Choques e à riscagem
atrito
Água da chuva, de lavagem por via húmida, de
Resistência à acção da água
vapores húmidos, e de projecções acidentais
Adaptação à Aderência ao suporte Arrancamento por tracção e peladura
utilização normal Resistência à formação de nódoas de
Formação de nódoas e lavabilidade
produtos químicos ou domésticos
Resistência ao enodoamento pela
Formação de nódoas e lavabilidade
poeira
Resistência à suspensão de cargas
Resistência aos agentes climáticos Calor, frio, água, luz e choques térmicos
Resistência aos produtos químicos do Ozono, dióxido de azoto, dióxido de enxofre e
ar soluções amoniacais
Durabilidade Resistência à erosão provocada pelas
partículas sólidas em suspensão no ar
Resistência à fixação e ao
desenvolvimento de bolores
Pureza do ar
Conforto acústico
Facilidade de
limpeza
Aptidão para o
armazenamento
Economia
Desde então, têm sido desenvolvidos diversos sistemas de isolamento térmico de fachadas
pelo exterior que são de utilização corrente em diversos países europeus, quer na reabilitação
quer em construção nova. Estes sistemas são constituídos de um modo geral por uma camada
De acordo com (Lucas, 1990a) e (Freitas, 2002), podemos agrupar os sistemas de isolamento
térmico pelo exterior em três grandes grupos:
Contudo, verifica-se que são os ETICS que têm vindo a conhecer maior aplicação tanto em
Portugal como no estrangeiro. Na Figura 2.1 e Figura 2.2 representam-se as taxas de
utilização de ETICS em França, comparada com outras soluções e os metros quadrados de
sistema “Cappotto” (ETICS) aplicados no nosso País desde 1988 até 2007, respectivamente.
Conclui-se que além de representarem cerca de 50%, das técnicas de isolamento térmico de
fachadas pelo exterior utilizadas em França no ano de 1994, os ETICS estão, em Portugal,
com uma aplicação cada vez maior, notando um grande crescimento na sua utilização,
principalmente nos últimos 5 anos, cuja aplicação foi equivalente à verificada nos anteriores
15 anos.
Reboco delgado armado sobre isolamento (ETICS)
Fachadas ventiladas 19%
"Vêtures"
Outros 10% 47%
24%
Figura 2.1 – Técnicas de isolamento térmico de fachadas pelo exterior utilizadas em França no ano de 1994,
adaptado de (Freitas, 2002)
305.000
302.000
m2
265.000
262.000
325.000
234.000
300.000
210.000
275.000
181.000
250.000
152.000
225.000
120.000
200.000
100.000
175.000
87.000
150.000
75.000
65.000
60.000
125.000
46.000
32.000
100.000
15.000
75.000
8.000
4.000
1.000
50.000
25.000
0
Ano
1988 ‐ 1992
60.000 1993 ‐ 1997
(3%) 333.000
(13%)
2003 ‐ 2007
1998 ‐ 2002
1.368.000
763.000
(54%)
(30%)
Figura 2.2 – Área de fachada revestida com sistema “Cappotto” da Viero em Portugal, (Castro, 2008)
Figura 2.3 – Comparação do gradiente de temperaturas a que estão sujeitas uma parede dupla com sistema
tradicional de isolamento térmico aplicado na caixa de ar, e uma parede simples com isolamento térmico
aplicado pelo exterior, (Freitas, 2002)
Figura 2.4 – Pontes térmicas. Comparação de sistema tradicional com isolamento térmico na caixa de ar, sem
correcção das pontes térmicas, com sistema de isolamento térmico aplicado pelo exterior, (Freitas, 2002)
funciona como barreira à saída do calor proveniente dos raios solares que penetram no
interior no edifício através de eventuais aberturas e envidraçados;
3.1 Introdução
Apesar de já existir bastante suporte escrito, os erros ainda cometidos na aplicação destes
sistemas, bem como a sua jovialidade no nosso País, esclarecem e exigem uma contínua
divulgação dos pontos e características fundamentais deste tipo de sistemas de revestimento.
Acabamento final
Camada base do acabamento
Armadura do revestimento
Placas de isolante térmico
Suporte
Figura 3.1 – Descrição de um sistema de ETICS, adaptado de (Freitas, 2002) e (Silva et al, 2003)
Estes sistemas são também conhecidos no nosso País e na Europa, pela sigla ETICS -
External Thermal Insulation Composite Systems, ou, em certos casos, por EIFS – External
Insulation and Finish Systems, designação muito utilizada nos Estados Unidos.
É importante referir ainda que o sistema, considerado como não tradicional, deve ser sujeito a
processo de homologação (aprovação técnica), de forma a garantir com qualidade o
funcionamento global do sistema como um todo, cumprindo as exigências funcionais
estabelecidas, bem como a compatibilidade entre os materiais.
As descrições e características que se apresentam no Quadro 3.1 e Quadro 3.2 foram obtidas
com base na documentação técnica referenciada e dizem respeito aos diversos componentes
de um sistema de ETICS com maior utilização no mercado.
Quadro 3.1 – Principais características dos elementos do sistema, adaptado de (Silva et al, 2003) e (Lucas,
1990a). (Parte A)
Elementos
Características e exigências principais
constituintes
Os produtos de colagem do isolante ao suporte são argamassas-colas que podem ser
obtidas sob várias formas desde adjuvantes em pó, pré-doseados em fábrica, até pastas
prontas a aplicarem. São constituídas por uma mistura de resinas sintéticas em dispersão
Camada de aquosa com cargas minerais (de sílica e de calcite) com cimento.
colagem
A colagem permite ultrapassar algumas pequenas irregularidades do suporte (até 1 cm),
não sendo, em geral, necessário qualquer prévio revestimento da parede tradicional de
tijolo.
O isolamento mais utilizado é o poliestireno expandido (espessura não inferior a 30 mm)
da classe de reacção ao fogo M1 (poliestireno ignifugado – não inflamável).
São possíveis outros materiais isolantes tais como espumas PVC, lã de vidro, espuma de
Placas de poliurtano, cortiça, etc. Desde que garantida boa estabilidade dimensional, boa coesão,
baixo módulo de elasticidade, boa permeabilidade ao vapor de água e alguma rugosidade
isolamento (que poderá ser criada em obra, por raspagem, melhorando assim a aderência).
térmico
As placas de isolante devem ter dimensões faciais não superiores a 1.20m, sendo aplicadas
em obra somente mês e meio a dois meses após o seu fabrico, evitando assim retracções
excessivas. Dá-se preferência a placas com bordo lateral do tipo “macho-fêmea” ou “meia
madeira” para melhorar a continuidade do sistema.
Quadro 3.2 – Principais características dos elementos do sistema, adaptado de (Silva et al, 2003) e (Lucas,
1990a). (Parte B)
Elementos
Características e exigências principais
constituintes
A camada de base, com espessura final entre 2 e 5 mm e que engloba a armadura, é
executada com produto do mesmo tipo, ou mesmo igual, ao de colagem.
Camada de Esta camada de base é que vai assegurar a maior parte das funções esperadas do
base do revestimento devendo por isso garantir uma boa impermeabilização do sistema e,
adicionalmente, uma elevada permeabilidade ao vapor de água (evitando condensações no
acabamento
isolante). É importantíssimo para isso que esta camada não se encontre fissurada quer pelas
acções de choque quer por variações dimensionais de origem térmica do suporte,
nomeadamente nas juntas.
A armadura do revestimento é em geral, uma rede de fibra de vidro flexível, com aberturas
quadradas de 3 a 5 mm, comercializada em rolos. Destina-se a restringir as variações
dimensionais da camada de base do revestimento, a melhorar a resistência aos choques dos
sistemas e a assegurar a resistência à fissuração do revestimento, especialmente sobre as
Armadura do juntas entre placas de isolante.
revestimento As armaduras podem ser normais ou reforçadas, consoante a função de resistência
pretendida, sobretudo aos choques em zonas sensíveis ou mais expostas, existindo
variantes quanto à espessura dos fios, quanto à sua ligação e densidade.
A armadura do revestimento deve ser insensível à humidade e aos alcalis, devendo para
isso ser revestida em resinas acrílicas ou PVC quando em fibra de vidro.
É em geral uma camada delgada de uma massa plástica para paredes aplicada sobre a
camada base.
A contribuição desta camada para o desempenho pretendido para o conjunto é
Acabamento
fundamental, não podendo utilizar-se uma simples pintura como acabamento final.
final
Os aspectos finais de acabamento podem ser diversos, procurando-se, no entanto, um
predomínio de cores claras para evitar grandes elevações de temperatura sob a acção dos
raios solares.
A aplicação de primários sobre o suporte ou sobre a camada de base do acabamento, têm
como função, melhorar a aderência da camada de colagem e do acabamento
Primários respectivamente. Esta camada pode ser dispensada, dependendo a sua aplicação do tipo de
suporte e das exigências do sistema em aplicação.
As singularidades da construção constituem sempre pontos críticos na execução e
aplicação de qualquer sistema ou técnica em zona corrente de parede, pelo que a escolha e
aplicação dos acessórios nessas singularidades está intimamente ligada à eficácia do
sistema.
Existe um número considerável de acessórios dos quais se destacam:
Perfis de reforço – para protecção do sistema em arestas verticais, topos laterais, superiores
Acessórios e inferiores. (Figura 3.3)
Elementos de recobrimento – para execução das ligações com outros elementos da
construção em peitoris, rufos, beirais, platibandas, etc. (Figura 3.3 e Figura 3.4)
Elementos para juntas – para resolução das soluções de continuidade em juntas elásticas e
zonas confinantes do sistema com saliências rígidas das paredes e com outros pontos
singulares. (Figura 3.4)
3.4 Aplicação
Podem também ser aplicados em superfícies horizontais ou inclinadas desde que não estejam
expostas à precipitação, por exemplo, em sub-face de varandas, lintéis ou pavimentos sobre
passagens abertas. Aplicáveis ainda em suportes rebocados, pintados ou com revestimentos
orgânicos ou minerais, desde que convenientemente preparados.
2) Fixação mecânica ao suporte dos perfis de arranque, laterais, de reforço dos topos, de
delimitação de juntas e eventuais elementos de recobrimento (Figura 3.3 e Figura 3.4);
3) Fixação das placas de isolante térmico ao suporte. Esta fixação pode ser por colagem,
fixação mecânica ou ambas, sendo a fixação exclusivamente por colagem preferível,
salvo situações em que esta não assegure uma correcta aderência (e.g. situações de
reabilitação ou edifícios de grande altura) ou quando o manual de aplicação do sistema
em causa assim o exija;
4) Colagem sobre o isolante das cantoneiras de protecção nos cantos do sistema (Figura
3.3);
É importante referir novamente que as várias fases atrás referidas são de carácter
particularmente exemplificativo, devendo para cada sistema a aplicar ser estritamente seguida
as várias fases detalhadas e definidas no respectivo manual do fabricante.
No Quadro 3.3 e Quadro 3.4, auxiliados pelas imagens presentes nas figuras subsequentes
(Figura 3.2, Figura 3.3 e Figura 3.4), são descritas um conjunto de regras (conselhos) de boa
execução, com base na documentação técnica referenciada, constituindo assim um
complemento preventivo da anomalia a quem aplica o sistema.
Quadro 3.3 – Regras de execução correntes como medidas preventivas de anomalias, adaptado de (Silva et al,
2003), (Lucas, 1990a) e (Freitas, 2002). (Parte A)
Quadro 3.4 – Regras de execução correntes como medidas preventivas de anomalias, adaptado de (Silva et al,
2003), (Lucas, 1990a) e (Freitas, 2002). (Parte B)
Soluções possíveis para aplicação de cola no verso Disposição das placas de isolamento térmico com
das placas do isolante juntas desencontradas
Figura 3.2 – Pormenores construtivos, regras de execução corrente, adaptado de (Lucas, 1990a)
Perfis de protecção
das extremidades
inferiores do sistema
(perfis de arranque)
Perfis de protecção
das extremidades
laterais e arestas
verticais do sistema
Elementos de
recobrimento ao nível
dos peitoris em
construções novas
Figura 3.3 – Pormenores construtivos, acessórios do sistema, adaptado de (Lucas, 1990a). (Parte A)
Elementos de
recobrimento ao nível
dos peitoris em
construções existentes
(reabilitação)
Junta dessoliderizante
do sistema
relativamente a um
elemento rígido
saliente da construção
Perfil de cobre-juntas
Figura 3.4 – Pormenores construtivos, acessórios do sistema, adaptado de (Lucas, 1990a). (Parte B)
O conhecimento das formas de degradação a que este tipo de sistema está sujeito, bem como
as suas possíveis causas, são bastante relevantes como medida preventiva dos mesmos e para
um melhor conhecimento dos sistemas de ETICS.
Apresenta-se de seguida, no Quadro 3.5, Quadro 3.6 e na Figura 3.5, uma listagem e
distribuição relativa dos tipos de degradação mais frequentemente observados em obras já
realizadas e mais referenciados na bibliografia da especialidade, bem como as suas possíveis
causas.
Quadro 3.5 – Lista dos defeitos mais frequentes e suas possíveis causas, (Silva et al, 2003). (Parte A)
Tipo de
Causas da degradação
degradação
■ Deficiente preparação do suporte
Descolamento do ■ Falta de produto de colagem
sistema ■ Movimentos acentuados do suporte
■ Acção da água no tardós (infiltrações pelo bordo superior)
■ Choques devidos ao uso em zonas de paredes acessíveis aos utentes
■ Choques devidos ao uso de andaimes do tipo bailéu durante a aplicação
Perfuração do ■ Encosto de escadas em acções de manutenção (revestimento ou equipamento)
sistema
■ Atravessamentos indevidos da parede com cablagem
■ Acções de vandalismo e acções de acidente (ex. choque de veículos)
■ Deficiente planeza do suporte
■ Choques repetidos de andaimes do tipo bailéu sobre o sistema
Deficiência de ■ Remates nas zonas de fixação dos andaimes às paredes.
planeza do
■ Aplicação irregular da camada de colagem
sistema
■ Recobrimento insuficiente das placas
■ Falta de regularidade dimensional das placas
■ Falta pontual de armadura
■ Falta de sobreposição dos bordos de faixas contíguas de armadura
■ Insuficiente recobrimento da armadura pelo revestimento
■ Espessura muito reduzida do revestimento
Fissuração do ■ Preenchimento de juntas entre placas com produto de revestimento
revestimento
■ Espessura excessiva de revestimento para correcção de deficiências de planeza
■ Acabamentos de cor escura em paredes muito expostas à acção do sol
■ Coexistência de cores escuras e cores claras no mesmo pano de fachada
■ Colocação defeituosa das cantoneiras metálicas (de canto ou suporte)
■ Deficiências de regularidade dimensional das placas do isolante
Visualização das ■ Falta de estabilidade dimensional das placas
juntas das placas
■ Ciclos de molhagem e secagem das placas
Quadro 3.6 – Lista dos defeitos mais frequentes e suas possíveis causas, (Silva et al, 2003). (Parte B)
Tipo de
Causas da degradação
degradação
■ Esforços provocados por fixação mecânica de andaime ou outro equipamento
Empolamento das ■ Entrada de água pelo tardós das placas
placas ■ Deficiente colagem associada a movimentos de expansão-contracção
■ Aplicação aderente sobre suporte irregular ou curvo
■ Fixação de poeiras nas zonas de escorrência preferencial da água
Alteração da cor ■ Manchas provenientes da oxidação de metais (caixilhos e capeamentos)
das superfícies
■ Repinturas parciais
22%
18%
14% 13%
11%
8%
6% 5%
2%
Descolamento do
Visualização das juntas
Alteração da cor das
Deficiência de planeza
Fissuração do
Desenvolvimento de
Empolamento das placas
cantoneiras de reforço
vegetação parasitária
Perfuração do sistema
revestimento
recobrimento das
Deterioração do
superficies
sistema
do sistema
das placas
Figura 3.5 – Distribuição de anomalias verificadas nos edifícios do pólo II da Universidade de Coimbra em
função da área total de planos analisados (37.000 m2 de fachada revestida com ETICS), (Falorca, 2004)
4.1 Introdução
No caso particular dos sistemas de ETICS, apesar do seu potencial e tentador desempenho de
excelência, quando mal utilizados podem resultar em custos e relações qualidade-custo
inadmissíveis e totalmente evitáveis, tendo em conta o estado, tipo e características do edifício
em questão.
Como vantagens, além das já referidas para revestimentos de isolamento térmico pelo exterior
e apesar de alguma aparente redundância, para o sistema particular de ETICS e do ponto de
vista da reabilitação são de referir as seguintes (com base em (Silva, 2008)):
Na preparação de um suporte que recebe um sistema de ETICS, além dos cuidados gerais já
referidos no capítulo anterior e que aqui, de alguma forma, se transcrevem:
− Suportes com revestimentos do tipo cerâmico ou de vidro, para além de uma lavagem
geral do paramento, devem ser analisados do ponto de vista da estabilidade dos seus
elementos, extraindo os eventuais ladrilhos que estejam descolados do suporte,
colmatando com argamassa as zonas onde estes tenham sido extraídos. Em aplicações
sobre este tipo de revestimentos é sempre necessário efectuar ensaios de aderência da
cola do sistema ao suporte;
− Os suportes em betão que apresentem degradação por corrosão das armaduras deverão
ser reparados com produtos compatíveis com a cola utilizada para fixar o isolamento
térmico;
− Deverá ser realizada uma inspecção de toda a superfície do suporte para aferir se
existem zonas em que o reboco apresente falta de aderência. Quando tal se verificar,
após a remoção desse reboco, deverão ser preenchidos os vazios de profundidade
superior a 1 cm, pois até esta profundidade as irregularidades podem ser facilmente
disfarçadas no processo de colagem das placas de isolamento ao suporte (colagem por
pontos ou em banda);
Referir ainda que antes de se proceder a aplicação do sistema devem ser removidos da
fachada eventuais cabos ou tubagens exteriores (sistemas de drenagem pluvial, cabos
eléctricos, cabos telefónicos, tubos de gás, etc.) e tidas em atenção as condições atmosféricas
(temperatura, humidade, vento e insolação).
− Pinturas armadas;
− Membranas flexíveis/elásticas;
Estes revestimentos têm como principal função corrigir as eventuais deficiências em termos
funcionais de uma fachada, não obstante de outras técnicas de reabilitação eventualmente
necessárias.
Com base nas questões discutidas, foi possível criar a matriz apresentada no Quadro 4.2 e
Quadro 4.3, como proposta de apoio à decisão na escolha de ETICS como solução de
reabilitação.
Aplicabilidade
Características em análise Notas
ETICS
Há fenómenos de instabilidade nas paredes?
Avaliar as eventuais sequelas
A instabilidade verificada é ultrapassável mediante
C resultantes da instabilidade ou
correcção ou reforço das paredes.
da sua correcção
Há fissuração das paredes?
Estabilizado ou pequenos
A
Grau de estabilização movimentos cíclicos.
das fissuras É necessária estabilização
Instável. C
prévia
Inferior a 2mm. A
A largura das fissuras É necessária análise e
Superior a 2mm. C
tratamento prévio
Há perda de estanquidade das paredes?
A perda de estanquidade é factor de relevo, atendendo
à sua gravidade, à exposição das paredes e as funções A
dos espaços que elas confinam.
É necessário corrigir ou reforçar as características
higrotérmicas das paredes?
O reforço térmico necessário é elevado. A
Há fenómenos anómalos (condensações interiores,
A
bolores) devido a pontes térmicas.
As paredes existentes constituem suporte mecanicamente
adequado a um revestimento correctivo aderente?
Suporta revestimento aderente leve. A
Suporta revestimento aderente pesado. A
O revestimento actual das paredes é base adequada para o
futuro revestimento?
Plano sem grandes
A
irregularidades.
Condições de planeza
Irregularidades superficiais
C É necessário regularizar
superiores a 1cm.
Deve ser removido o
Condições de Fraca adesão ao suporte. C revestimento descolado ou com
estabilidade fraca adesão ao suporte
Boa agregação ao suporte. A
Devem ser sempre realizados
É necessário verificar as condições de aderência. C
testes de aderência
Há heterogeneidade de materiais. A
Aplicabilidade
Características em análise Notas
ETICS
Existem factores construtivos, arquitectónicos ou outros
que condicionem, de forma decisiva, a adopção de uma
determinada técnica de reabilitação?
É relevante, por razoes históricas, culturais ou
arquitectónicas, a preservação do aspecto da fachada
N
bem como das suas características materiais ou
dimensionais.
Pontos singulares são sempre
Existem um número elevado de recortes e pormenores potenciadores de defeitos,
(esquinas, encontros, saliências, aberturas, varandas) C principalmente quando não
de difícil remate e especial atenção e execução. existem pormenores de
execução em projecto
Longo (Comprimento
superior a 15cm medido a
partir a face da fachada), sem A
deficiências de
Dimensão e funcionamento.
funcionamento dos
peitoris Sobre peitoris com deficiências,
Curto com ou sem reduzem-se as condicionantes
deficiências de C pois a intervenção de
funcionamento. reabilitação teria que passar
pela sua correcção
Mesmo com o cuidado no
Existem zonas de grande acessibilidade e concentração reforço de armadura, estas
C
de pessoas. zonas são sempre potenciadoras
de degradação
Existem cabos ou tubagens, pelo exterior, fixados à É necessário remover esses
parede (tubos de queda, gás, eléctricos, telefónicos, C elementos antes da aplicação do
etc.). sistema
O factor económico é preponderante no processo de
decisão?
Existem limitações económicas no investimento
N
inicial.
A expectativa de retorno a curto prazo é decisiva. A
5 CASOS DE ESTUDO
5.1 Introdução
Neste capítulo é realizada uma análise teórica e académica, com base no que foi discutido e
apresentado nos capítulos anteriores, da aplicação de ETICS a 3 edifícios da cidade de
Coimbra, distintos e com necessidades de reabilitação. Agradece-se, desde já, pela
colaboração involuntária de todos os moradores e proprietários dos edifícios analisados nas
fotografias aqui apresentadas pelo autor. Aos projectistas e construtores deixa-se o mesmo
agradecimento pela colaboração anónima e involuntária e a clara afirmação de não haver
qualquer intenção de juízo crítico de desvalorização destas obras.
Procurou-se estudar não só casos de clara vantagem e facilidade na aplicação do sistema (caso
“C”), mas também situações de clara desvantagem/inaplicabilidade (caso “B”), e um caso
intermédio (caso “A”), discutido com maior detalhe, em que a sua aplicação é possível,
embora existam um conjunto de particularidades específicas que obrigam à sua ponderação.
Este último levanta um conjunto de questões, não obstante das descritas no capítulo anterior,
sobre as quais se deve reflectir, discutindo as vantagens e limitações da aplicação de ETICS.
Edifício de carácter habitacional, com cerca de 38 anos (década de 70, anterior ao (RCCTE,
1990)). O suporte aparenta ser em parede dupla de tijolo com caixa de ar, sem isolamento
térmico e apresenta essencialmente duas zonas correntes de fachada, constituídas por painéis
de ladrilho cerâmico de pequena dimensão colados ao suporte (revestimento “Pastilha”) e
zona de reboco tradicional com acabamento em pintura.
Na Figura 5.3 são apresentados diferentes tipos de anomalias observadas, das quais se
destacam, pela sua gravidade e dificuldade de reabilitação, a fissuração e instabilidade nas
platibandas e consolas. Além destas, devem ainda referir-se alguma fissuração generalizada
do revestimento cerâmico e deteriorações provocadas pela fixação e atravessamento de
tubagens (eléctrica e gás natural).
Pormenor da esquina de
encontro entre duas fachadas,
com ângulo superior a 90º
Pormenor de saliências e
capeamento em varandas, com
encaixe muito apertado na
figura da direita
Figura 5.2 – Exemplos de características e detalhes específicos de especial interesse do caso “A”
Descolamentos localizados do
revestimento de ladrilho
cerâmico
Fissuração horizontal e
instável na zona de ligação
entre as platibandas de
alvenaria e a laje da cobertura
em betão armado
Desagregação localizada de
elemento em betão, da
varanda, com necessidades de
reconstrução
Escorrências em varandas
fissuradas, com infiltrações e
fenómenos de humidade na
sua subface
Quadro 5.1 – Aplicação da matriz de apoio à decisão, de aplicação de ETICS em reabilitação, ao caso "A".
(Parte A)
Aplicabilidade
Características em análise Situação observada
ETICS
Há fenómenos de instabilidade nas paredes?
A instabilidade verificada é ultrapassável mediante
C 9
correcção ou reforço das paredes.
Há fissuração das paredes?
Estabilizado ou pequenos
Grau de estabilização movimentos estáveis. A 9
das fissuras
Instável. C 9
Inferior a 2mm. A 9
A largura das fissuras
Superior a 2mm. C 9
Há perda de estanquidade das paredes?
A perda de estanquidade é factor de relevo, atendendo
à sua gravidade, à exposição das paredes e as funções A 9
dos espaços que elas confinam.
É necessário corrigir ou reforçar as características
higrotérmicas das paredes?
O reforço térmico necessário é elevado. A 9
Há fenómenos anómalos (condensações interiores,
A
bolores) devido a pontes térmicas.
As paredes existentes constituem suporte mecanicamente
adequado a um revestimento correctivo aderente?
Suporta revestimento aderente leve. A 9
Suporta revestimento aderente pesado. A
O revestimento actual das paredes é base adequada para o
futuro revestimento?
Plano sem grandes
A 9
irregularidades.
Condições de planeza
Irregularidades superficiais
C
superiores a 1cm.
Condições de Fraca adesão ao suporte. C 9
estabilidade Boa agregação ao suporte. A 9
É necessário verificar as condições de aderência. C 9
Há heterogeneidade de materiais. A 9
Quadro 5.2 – Aplicação da matriz de apoio à decisão, de aplicação de ETICS em reabilitação, ao caso "A".
(Parte B)
Aplicabilidade
Características em análise Situação observada
ETICS
Existem factores construtivos, arquitectónicos ou outros
que condicionem, de forma decisiva, a adopção de uma
determinada técnica de reabilitação?
É relevante, por razoes históricas, culturais ou
arquitectónicas, a preservação do aspecto da fachada
N
bem como das suas características materiais ou
dimensionais.
Existe um número elevado de recortes e pormenores
(esquinas, encontros, saliências, aberturas, varandas) C 9
de difícil remate e especial atenção e execução.
Longo (Comprimento
superior a 15cm medido a
partir a face da fachada), sem A
Dimensão e deficiências de
funcionamento dos funcionamento.
peitoris
Curto com ou sem
deficiências de C 9
funcionamento.
Existem zonas de grande acessibilidade e concentração
C 9
de pessoas.
Existem cabos ou tubagens, pelo exterior, fixados à
parede (tubos de queda, gás, eléctricos, telefónicos, C 9
etc.).
O factor económico é preponderante no processo de
decisão?
Existem limitações económicas no investimento
N
inicial.
A expectativa de retorno a curto prazo é decisiva. A
Aplicação contínua do sistema no encontro entre duas fachadas com canto diferente de 90º?
A aplicação do sistema de forma contínua nestas situações é bastante complicada. Por um
lado, temos a limitação nos acessórios de protecção (na sua maioria com ângulos de 90º), por
outro, o encaixe entre as placas de isolante de fachadas contíguas não vai ser compatível,
sendo necessário, por corte ou raspagem, adaptar o encontro entre as placas ao ângulo
existente.
Conclui-se assim, apesar das vantagens e aparente aplicabilidade de ETICS a este caso, que
existem demasiadas condicionantes e questões sobre as quais é preciso decidir e encontrar
resposta técnica e economicamente adequada. Esta resposta técnica, que certamente terá um
carácter pouco convencional, poderá desencorajar a aplicação de um sistema deste tipo, além
de potenciar a novas formas de anomalias, sugerindo a análise de outras soluções.
Edifício antigo, provavelmente do inicio do século XX, actualmente desabitado, com suporte
em alvenaria simples de pedra e revestimento em ligante hidráulico ou argamassa de cal com
pintura.
Na Figura 5.4 é apresentado, de forma ilustrativa, o aspecto e estado geral das fachadas e seus
pormenores.
Ao nível de anomalias não há sinais de instabilidade nas paredes. Apenas são visíveis
escorrências sob os cantos das janelas, indicando deficiências de funcionamento ao nível dos
peitoris, e alguma fissuração reticulada e generalizada ao longo de todo o edifício, de pequena
largura (inferior a 2 mm), provavelmente devida a fenómenos de retracção do revestimento ou
também a movimentação de origem térmica. Esta situação denuncia fragilidades ao nível
térmico no pano exterior de alvenaria, presumivelmente de pequena espessura. As fissuras
apresentam-se colmatadas com argamassa (provavelmente uma argamassa de reparação).
Na Figura 5.5 é apresentado, de forma ilustrativa, o aspecto e estado geral das fachadas e seus
pormenores.
Pormenor de varandas e
capeamento das mesmas
Fissuração reticulada e
generalizada, tratada, ao longo
de todo o edifício
6 CONCLUSÕES
Contudo, existiam alguns objectivos que, embora não sendo principais, seriam motivo de
preocupação neste trabalho, tais como, o conhecimento e divulgação do sistema de
revestimento em estudo e das dificuldades implícitas na escolha da solução de reabilitação
mais adequada a cada caso.
Foram por fim analisados 3 casos de estudo - 3 edifícios da cidade de Coimbra - onde se
testou a aplicabilidade de ETICS com base na matriz de decisão estabelecida. Com base nesta
análise, conclui-se que a matriz desenvolvida constitui seguramente um apoio à decisão e
análise da aplicabilidade do sistema, levantando as principais vantagens, condicionantes e
limitações de aplicação. No entanto, como se constatou, pode existir um conjunto de questões
particulares e específicas, impossíveis de conter numa matriz de decisão genérica, que pode
condicionar bastante e até inviabilizar a aplicação do sistema. Deve, por isso, efectuar-se
sempre uma análise crítica e profunda em cada questão e em cada caso, a fim de tomar a
melhor decisão técnica e económica.
Conclui-se ainda, como resposta aos objectivos secundários, que os sistemas de ETICS são
bastante sensíveis do ponto de vista da aplicação, principalmente quando em reabilitação, com
carência de pormenores construtivos para as situações menos comuns. Salienta-se a sua
grande dificuldade de adaptação aos edifícios existentes, principalmente em aberturas de
forma pouco convencional, cantos e encontros de fachadas com ângulos diferentes de 90º,
saliências e desníveis. São extremamente indicados em fachadas planas, sem grandes recortes,
sem limitações de aspecto (valor histórico, arquitectónico, ou inseridas num determinado
enquadramento estético) e onde existam carências ou deficiências a nível térmico, de
estanquidade à água e de aspecto geral da fachada.
Seria também do maior interesse uma análise prática mais rigorosa dos casos de estudo
apresentados (ou outros), com desenvolvimento de pormenores de projecto, encontrando
resposta técnica às situações menos convencionais de remate, ou a elaboração de uma análise
comparativa dos custos e ganhos energéticos decorrentes da reabilitação com um sistema de
ETICS.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS