Você está na página 1de 61

Aplicação 

de  Sistemas  de  Isolamento  Térmico 


pelo Exterior (ETICS) 
Dissertação apresentada para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil 
na Especialidade de Construções 
 
Autor 
Vitor Hugo Marques Abalada 
Orientador 
Prof. Doutor José António Raimundo Mendes da Silva 
Professor Auxiliar, FCTUC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Coimbra, Julho, 2008 
AGRADECIMENTOS

AGRADECIMENTOS

Os meus sinceros agradecimentos a todas as pessoas que, das mais diversas formas,
contribuíram para que fosse possível a concretização do presente trabalho, nomeadamente:

− Ao Professor Doutor José António Raimundo Mendes da Silva, meu orientador, pela
sua disponibilidade, orientação e acompanhamento ao longo de todo o trabalho.

− À Eng. Sofia Teodósio (Robbialac) pela disponibilidade e envio de informação


bastante interessante para o trabalho desenvolvido.

− Ao colega e amigo Hugo Gil, pelo incentivo, interesse e partilha de ideias.

− À Rita pelo apoio diário, compreensão e revisão crítica de todo o trabalho.

− Aos meus pais pelo apoio incondicional e constante encorajamento.

Vitor Hugo Marques Abalada i


RESUMO

RESUMO

As fachadas representam um papel fundamental, tanto ao nível da imagem arquitectónica,


como da protecção contra as agressões exteriores, sendo um elemento essencial no
desempenho funcional de um edifício, pelo que a sua reabilitação é de extrema importância na
conservação do edificado.

Sistemas de isolamento térmico pelo exterior (ETICS) conhecem, neste momento, não só no
estrangeiro mas também em Portugal, grande expansão, quer ao nível da construção nova,
quer, cada vez mais, ao nível da reabilitação. Este tipo de escolha surge não só pela
consensual necessidade de melhor desempenho energético dos edifícios, mas também como
resposta às crescentes exigências legais, como por exemplo as que decorrem da aplicação do
novo Regulamento das Características de Comportamento Térmico de Edifícios (RCCTE de
2006).

Dado o desenvolvimento e investimento neste tipo de revestimentos no nosso País, e apesar


de já existir bastante documentação sobre estes sistemas, a sua aplicação prática e respectiva
eficácia carecem ainda de um maior aprofundamento.

No âmbito da reabilitação, o tipo e funções do edifício, os materiais constituintes, a sua


arquitectura e valor, assim como as eventuais anomalias existentes, condicionam tanto a
aplicabilidade como o desempenho dos sistemas e técnicas de reabilitação, suscitando dúvidas
na escolha da solução mais adequada a determinada situação.

Pretende-se com esta investigação estudar o interesse e condicionantes na aplicação de ETICS


em reabilitação de fachadas fazendo, de forma breve, um resumo do sistema e das suas
características essenciais, terminando com a discussão mais concreta das vantagens e
condicionantes da sua aplicação na reabilitação de 3 edifícios da cidade de Coimbra.

Vitor Hugo Marques Abalada ii


ABSTRACT

ABSTRACT

The façades play a fundamental part, not only at the architectural image level, but also as a
protection against external aggressions, being an essential element of the functional
performance of a building, for which its rehabilitation is of extreme importance for the
conservation of buildings.

External Thermal Insulation Composite Systems (ETICS) know, at the moment, not only
abroad but also in Portugal, a great expansion, not only at new construction level, but,
increasingly more, at the rehabilitation level. This type of choice appears not only because of
the consensual necessity of better energy performance of the buildings, but also as reply to the
increasing legal requirements, as for example the ones that elapse of the application of the
new Regulation of the Characteristics of Thermal Behaviour of Buildings (RCCTE of 2006).

Due to the development and investment in this type of coverings in our Country, and although
there is already sufficient documentation on these systems, its practical application and
respective effectiveness still lacks of a bigger deepening.

In the scope of rehabilitation, the type and functions of the building, the constituent materials,
its architecture and value, as well as the eventual existing anomalies, condition the
applicability as well as the performance of the rehabilitation systems and techniques, exciting
doubts in the choice of the solution more adjusted to certain situations.

It is intended with this dissertation to study the interest and conditionals in the application of
ETICS in rehabilitation of façades, briefly making a summary of the system and its essential
characteristics, finishing with the concrete discussion of the advantages and conditionals of its
application in the rehabilitation of 3 buildings of the city of Coimbra.

Vitor Hugo Marques Abalada iii


ÍNDICE

ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1 
1.1 Enquadramento e Interesse Estratégico ............................................................................ 1 
1.2 Objectivos da Investigação ............................................................................................... 2 
1.3 Organização da Tese......................................................................................................... 2 
2 REVESTIMENTOS EXTERIORES DE FACHADAS...................................................... 4 
2.1 Introdução ......................................................................................................................... 4 
2.2 Classificação e Exigências Funcionais ............................................................................. 4 
2.3 Revestimentos de Isolamento Térmico pelo Exterior....................................................... 8 
2.3.1 Aspectos Gerais ..................................................................................................... 8 
2.3.2 Vantagens dos Sistemas de Isolamento Térmico pelo Exterior ............................ 10 
3 SISTEMAS DE REVESTIMENTO DELGADO ARMADO SOBRE ISOLAMENTO
TÉRMICO (ETICS) ............................................................................................................ 13 
3.1 Introdução ......................................................................................................................... 13 
3.2 Descrição do Sistema........................................................................................................ 13 
3.3 Materiais/Elementos Constituintes ................................................................................... 14 
3.4 Aplicação .......................................................................................................................... 16 
3.5 Principais Causas de Degradação e Defeitos Associados ................................................ 22 
4 APLICAÇÃO DE ETICS EM REABILITAÇÃO .............................................................. 24 
4.1 Introdução ......................................................................................................................... 24 
4.2 Principais Vantagens e Limitações ................................................................................... 24 
4.3 Cuidados Especiais de Aplicação ..................................................................................... 28 
4.4 Escolha do Revestimento Correctivo ............................................................................... 30 
5 CASOS DE ESTUDO ......................................................................................................... 35 
5.1 Introdução ......................................................................................................................... 35 
5.2 Caso “A” ........................................................................................................................... 35 
5.2.1 Descrição Geral do Edifício .................................................................................. 35 
5.2.2 Descrição das Anomalias Observadas ................................................................... 36 
5.2.3 Análise da Aplicabilidade de ETICS ..................................................................... 39 
5.3 Caso “B” ........................................................................................................................... 43 
5.3.1 Descrição Geral do Edifício .................................................................................. 43 
5.3.2 Análise da Aplicabilidade de ETICS ..................................................................... 45 
5.4 Caso “C” ........................................................................................................................... 45 
5.4.1 Descrição Geral do Edifício .................................................................................. 45 

Vitor Hugo Marques Abalada iv


ÍNDICE

5.4.2 Análise da Aplicabilidade de ETICS ..................................................................... 47 


6 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 48 
6.1 Síntese Geral ..................................................................................................................... 48 
6.2 Principais Conclusões ....................................................................................................... 48 
6.3 Aspectos a Desenvolver/Trabalhos Futuros ..................................................................... 50 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 51 

Vitor Hugo Marques Abalada v


ÍNDICE DE QUADROS

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 2.1 – Revestimentos exteriores de paredes em Portugal, adaptado de (Falorca,


2004) .............................................................................................................. 5 
Quadro 2.2 – Exigências funcionais de revestimentos exteriores de paredes, adaptado de
(Lucas 1990b) e (LNEC, 1996) ..................................................................... 7 
Quadro 3.1 – Principais características dos elementos do sistema, adaptado de (Silva et
al, 2003) e (Lucas, 1990a). (Parte A) ............................................................. 14 
Quadro 3.2 – Principais características dos elementos do sistema, adaptado de (Silva et
al, 2003) e (Lucas, 1990a). (Parte B) ............................................................. 15 
Quadro 3.3 – Regras de execução correntes como medidas preventivas de anomalias,
adaptado de (Silva et al, 2003), (Lucas, 1990a) e (Freitas, 2002). (Parte A). 17 
Quadro 3.4 – Regras de execução correntes como medidas preventivas de anomalias,
adaptado de (Silva et al, 2003), (Lucas, 1990a) e (Freitas, 2002). (Parte B) . 18 
Quadro 3.5 – Lista dos defeitos mais frequentes e suas possíveis causas, (Silva et al,
2003). (Parte A) ............................................................................................. 22 
Quadro 3.6 – Lista dos defeitos mais frequentes e suas possíveis causas, (Silva et al,
2003). (Parte B) .............................................................................................. 23 
Quadro 4.1 – Principais vantagens e limitações de ETICS em reabilitação ........................ 28 
Quadro 4.2 – Matriz de apoio à decisão de aplicação de ETICS em reabilitação. (Parte
A) ................................................................................................................... 33 
Quadro 4.3 – Matriz de apoio à decisão de aplicação de ETICS em reabilitação. (Parte
B).................................................................................................................... 34 
Quadro 5.1 – Aplicação da matriz de apoio à decisão, de aplicação de ETICS em
reabilitação, ao caso "A". (Parte A) ............................................................... 39 
Quadro 5.2 – Aplicação da matriz de apoio à decisão, de aplicação de ETICS em
reabilitação, ao caso "A". (Parte B) ............................................................... 40 
Quadro 5.3 – Principais vantagens e condicionantes na aplicação de ETICS ao caso "A" . 43 
Quadro 5.4 – Principais vantagens e condicionantes na aplicação de ETICS ao caso "C" . 47

Vitor Hugo Marques Abalada vi


ÍNDICE DE FIGURAS

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1 – Técnicas de isolamento térmico de fachadas pelo exterior utilizadas em


França no ano de 1994, adaptado de (Freitas, 2002) ....................................... 9 
Figura 2.2 – Área de fachada revestida com sistema “Cappotto” da Viero em Portugal,
(Castro, 2008) .................................................................................................. 10 
Figura 2.3 – Comparação do gradiente de temperaturas a que estão sujeitas uma parede
dupla com sistema tradicional de isolamento térmico aplicado na caixa de
ar, e uma parede simples com isolamento térmico aplicado pelo exterior,
(Freitas, 2002) .................................................................................................. 11 
Figura 2.4 – Pontes térmicas. Comparação de sistema tradicional com isolamento
térmico na caixa de ar, sem correcção das pontes térmicas, com sistema de
isolamento térmico aplicado pelo exterior, (Freitas, 2002) ............................. 11 
Figura 3.1 – Descrição de um sistema de ETICS, adaptado de (Freitas, 2002) e (Silva et
al, 2003) ........................................................................................................... 13 
Figura 3.2 – Pormenores construtivos, regras de execução corrente, adaptado de (Lucas,
1990a) .............................................................................................................. 19 
Figura 3.3 – Pormenores construtivos, acessórios do sistema, adaptado de (Lucas,
1990a). (Parte A).............................................................................................. 20 
Figura 3.4 – Pormenores construtivos, acessórios do sistema, adaptado de (Lucas,
1990a). (Parte B) .............................................................................................. 21 
Figura 3.5 – Distribuição de anomalias verificadas nos edifícios do pólo II da
Universidade de Coimbra em função da área total de planos analisados
(37.000 m2 de fachada revestida com ETICS), (Falorca, 2004) ..................... 23 
Figura 5.1 – Aspecto geral das fachadas no caso “A” ......................................................... 36 
Figura 5.2 – Exemplos de características e detalhes específicos de especial interesse do
caso “A” ........................................................................................................... 37 
Figura 5.3 – Exemplos de defeitos observados no caso "A" ................................................ 38 
Figura 5.4 – Características e aspecto geral das fachadas no caso "B" ................................ 44 
Figura 5.5 – Características e aspecto geral das fachadas no caso "C" ................................ 46

Vitor Hugo Marques Abalada vii


ABREVIATURAS

ABREVIATURAS

EIFS – External Insulation and Finish Systems


EPS – Poliestireno expandido
ETICS – External Thermal Insulation Composite Systems
LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil
RCCTE – Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios
RSECE – Regulamento dos Sistemas Energéticos e de Climatização nos Edifícios
SCE – Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior nos
Edifícios

Vitor Hugo Marques Abalada viii


1 INTRODUÇÃO

1 INTRODUÇÃO

1.1 Enquadramento e Interesse Estratégico

A concepção das fachadas em Portugal tem sofrido uma grande evolução, desde panos
simples de elevada espessura em alvenaria de pedra ou tijolo maciço (até aos anos 40), aos
panos duplos de alvenaria de tijolo vazado com caixa de ar entre panos (década de 60/70),
passando pela utilização de materiais de isolamento térmico a preencher total ou parcialmente
a caixa de ar das paredes (anos 80), até aos sistemas de isolamento térmico pelo exterior. Esta
evolução define-se pela constante procura de resposta às crescentes expectativas de conforto
no interior das habitações bem como às imposições legais.

O presente trabalho centra-se nos sistemas de isolamento térmico pelo exterior, mais
propriamente nos sistemas de revestimento delgado e armado sobre isolante térmico,
designados vulgarmente por ETICS (External Thermal Insulation Composite Systems).

Os sistemas de ETICS foram introduzidos no nosso País há cerca de 20 anos, com crescente
utilização tanto em construção nova como em reabilitação. Contudo são sistemas ainda muito
“jovens”, que apesar do seu potencial desempenho carecem ainda de um melhor
conhecimento ao nível da sua concepção, escolha dos materiais, execução e utilização, aos
quais são bastante sensíveis.

As recentes preocupações energéticas traduzidas nas imposições legais presentes, quer no


novo Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE),
quer no Regulamento dos Sistemas Energéticos e de Climatização nos Edifícios (RSECE) –
ambos em vigor desde 3 de Julho de 2006 –, bem como na entrada em funcionamento do
Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios
(SCE) – a partir de 1 de Janeiro de 2009 para todos os edifícios incluindo os existentes – têm
vindo a promover uma preocupação cada vez maior com a reabilitação dos edifícios e em
particular das suas fachadas como parte integrante e fundamental para o seu desempenho.

A escolha de um sistema de ETICS como solução de reabilitação traz grandes vantagens mas
também desvantagens e limitações de aplicação que interessa conhecer. A escolha da solução
correctiva mais adequada em cada caso condiciona, não só a sua eficiência, mas também a sua
própria eficácia, podendo, não só não dar resposta ao problema, como também agravá-lo ou
provocar outros inicialmente inexistentes.

Vitor Hugo Marques Abalada 1


1 INTRODUÇÃO

1.2 Objectivos da Investigação

Esta dissertação tem como objectivo principal explorar o interesse e condicionantes da


aplicação de ETICS em reabilitação, descrevendo as suas principais vantagens e limitações
neste âmbito específico, desenvolvendo, com base na discussão de um conjunto de questões
chave numa intervenção correctiva, uma matriz de apoio à decisão da opção de ETICS como
solução de reabilitação e finalmente discutir, de uma forma mais concreta, a aplicabilidade do
sistema na reabilitação de 3 edifícios da cidade de Coimbra.

Paralelamente ao desenvolvimento dos objectivos mencionados e como objectivos


secundários, pretende-se contribuir para o conhecimento e divulgação do sistema de
revestimento em estudo (ETICS), bem como dar a conhecer, de uma forma simples e
facilmente entendida por todos os intervenientes na reabilitação, a dificuldade na escolha da
solução correctiva mais adequada a cada situação.

1.3 Organização da Tese

A presente dissertação encontra-se dividida em seis capítulos conforme se descreve


seguidamente:

Capítulo 1 – Introdução
Neste capítulo é feita uma breve introdução ao tema abordado, são levantadas as questões
fundamentais que conduzem à identificação dos objectivos deste trabalho e é apresentada a
estrutura da dissertação.

Capítulo 2 – Revestimentos Exteriores de Fachadas


Neste capítulo faz-se referência aos revestimentos exteriores de fachadas, à forma como se
classificam e às suas exigências funcionais, evidenciando os revestimentos de isolamento
térmico pelo exterior, enquadrando assim o revestimento em estudo.

Capítulo 3 – Sistemas de Revestimento Delgado Armado sobre Isolamento Térmico (ETICS)


Neste capítulo descreve-se o revestimento em estudo, os materiais e elementos constituintes, a
sua aplicação de uma forma geral e preventiva de anomalias e por fim das causas de
degradação e defeitos associados, contribuindo assim para o conhecimento deste tipo de
revestimento.

Capítulo 4 – Aplicação de ETICS em Reabilitação


Neste capítulo abordam-se os ETICS em reabilitação, descrevendo as suas principais
vantagens, limitações e os cuidados especiais com a sua aplicação. Analisam-se ainda o que

Vitor Hugo Marques Abalada 2


1 INTRODUÇÃO

se consideram ser as questões chave na escolha de uma técnica ou revestimento de


reabilitação, apresentando uma matriz de apoio à decisão de aplicação de ETICS.

Capítulo 5 – Casos de Estudo


Neste capítulo discute-se a aplicação de ETICS, como solução de reabilitação, em três casos
de estudo (três edifícios da cidade de Coimbra).

Vitor Hugo Marques Abalada 3


2 REVESTIMENTOS EXTERIORES DE FACHADAS

2 REVESTIMENTOS EXTERIORES DE FACHADAS

2.1 Introdução

Neste capítulo pretende-se enquadrar o sistema de revestimento em estudo naquilo que são os
revestimentos exteriores de paredes, abordando a forma como se classificam, bem como as
suas exigências funcionais, passando ainda por uma breve descrição dos revestimentos de
isolamento térmico pelo exterior.

2.2 Classificação e Exigências Funcionais

Segundo (Lucas, 1990a), os revestimentos exteriores de paredes podem ser classificados


segundo quatro tipos de revestimentos, consoante a sua principal função para o conjunto
parede-revestimento:

− Revestimentos de estanquidade;

− Revestimentos de impermeabilização;

− Revestimentos de isolamento térmico (pelo exterior);

− Revestimentos de acabamento ou decorativos.

Os revestimentos de estanquidade garantem praticamente por si só a estanquidade à água


exigível ao conjunto parede-revestimento, mesmo quando existe já alguma fissuração do
suporte.

Os revestimentos de impermeabilização funcionam como complemento impermeabilizante ao


conjunto parede-revestimento para que este seja estanque, limitando a quantidade de água que
atinge o suporte. Neste caso é o conjunto parede-revestimento que globalmente assegura a
estanquidade requerida.

Os revestimentos de isolamento térmico têm como principal função contribuir


significativamente para o isolamento térmico das fachadas, independentemente de outras
funções que possam exercer. Surgiram diversos tipos destes revestimentos, tais como o
reforço do isolamento térmico das paredes pelo interior, a utilização de elementos de

Vitor Hugo Marques Abalada 4


2 REVESTIMENTOS EXTERIORES DE FACHADAS

construção (painéis ou blocos) constituídos por materiais de menor condutibilidade térmica


que os materiais tradicionais e o reforço do isolamento térmico das paredes pelo exterior,
tendo este último vindo a conhecer maior taxa de desenvolvimento.

Os revestimentos de acabamento ou decorativos têm como principal função definir apenas o


aspecto visual das paredes, não desempenhando nenhumas das funções atrás mencionadas
(estanquidade, impermeabilização e isolamento térmico), devendo por isso ser aplicados sobre
suportes ou outros revestimentos que garantam a regularização da superfície e estanquidade.
No entanto, há que referir que alguns destes revestimentos reúnem condições para contribuir
de modo significativo para a impermeabilização da parede sendo mesmo indispensáveis para
o desempenho dessa função pelo conjunto, para além de contribuírem também para a
protecção da parede, quer das acções mecânicas (choques, etc.), quer das químicas (poluição
atmosférica, etc.).

O Quadro 2.1 apresenta, para cada classe, os tipos de revestimento exteriores com maior
aplicação no nosso País.

Quadro 2.1 – Revestimentos exteriores de paredes em Portugal, adaptado de (Falorca, 2004)

Classificação funcional Principais tipos de revestimento usados em Portugal


■ Placas de pedra natural, com fixação mecânica ao suporte e lâmina de ar;
Revestimentos de
■ Placas de outros materiais (plásticos, cerâmicos, metálicos ou
estanquidade
compósitos), com fixação mecânica ao suporte e lâmina de ar ventilada.
■ Revestimentos de ligantes sintéticos armados;
Revestimentos de ■ Rebocos tradicionais;
impermeabilização ■ Rebocos pré-doseados (monocamada ou outros);
■ Revestimentos de ligante misto (cimento e resina).
■ Revestimentos por elementos descontínuos independentes com isolante
Revestimentos de na caixa de ar;
isolamento térmico ■ Revestimentos por componentes isolantes;
■ Revestimentos delgados aplicados sobre isolantes (ETICS).
■ Revestimentos de argamassas de ligante mineral com inertes de material
isolante;
Revestimentos de
■ Revestimentos por elementos descontínuos colados ou fixados
acabamento ou mecanicamente sem lâmina de ar (ladrilhos, azulejos, pedras naturais,
decorativos etc.);
■ Revestimentos por pintura.

Constatando-se que os ETICS pertencem à classe dos revestimentos de isolamento térmico


(pelo exterior), estes possuem regras de qualidade muito específicas que devem cumprir para
desempenhar as funções que lhes são atribuídas.

De facto, existe um conjunto de exigências funcionais para os edifícios e seus elementos


constituintes, de forma a garantir não só a segurança das pessoas e seus bens, mas também um

Vitor Hugo Marques Abalada 5


2 REVESTIMENTOS EXTERIORES DE FACHADAS

conjunto de requisitos essenciais no interesse do bem-estar geral. Cite-se, como exemplo,


(CEE, 1988), em que pela primeira vez a nível europeu se define um conjunto de requisitos
essenciais aos produtos de construção:

− Resistência mecânica e estabilidade;

− Segurança contra incêndios;

− Higiene, saúde e ambiente;

− Segurança na utilização;

− Protecção contra o ruído;

− Economia de energia e retenção de calor.

As exigências funcionais dos revestimentos de paredes são indissociáveis das exigências


funcionais do tosco das paredes. Contudo, exigências de aspecto, de regularidade superficial,
assim como de conforto táctil ou visual, são, em geral, da responsabilidade dos revestimentos
de paredes, enquanto exigências de estabilidade ou de segurança contra intrusões humanas ou
animais, competem quase em exclusivo ao tosco das paredes.

Assim, com base em bibliografia da especialidade e de uma forma bastante sucinta, as


exigências funcionais a que devem obedecer os revestimentos exteriores de paredes são as que
se apresentam no Quadro 2.2.

Para o sistema de revestimento em estudo (ETICS), as regras de qualidade mais significativas


que deve cumprir para desempenhar as funções que lhe são atribuídas, segundo (Lucas,
1990b), são:

a) Estabilidade não da parede mas do próprio sistema de revestimento que deve resistir às
acções combinadas do seu peso próprio, das solicitações climáticas extremas (vento e
choques térmicos) e das diversas acções decorrentes da utilização normal. Em particular
deverá assegurar uma correcta aderência da cola aos suportes e ao isolante, e do
revestimento ao isolante.

b) Risco de incêndio, satisfazendo as exigências aplicáveis aos revestimentos de paramentos


exteriores de paredes presentes em (Lucas, 1990b).

c) Estanquidade à água, impedido a penetração de água da chuva, quer por capilaridade quer
por imersão.

Vitor Hugo Marques Abalada 6


2 REVESTIMENTOS EXTERIORES DE FACHADAS

Quadro 2.2 – Exigências funcionais de revestimentos exteriores de paredes, adaptado de (Lucas 1990b) e
(LNEC, 1996)
Exigências Funcionais Parâmetros de Análise
Perante solicitações normais de uso e de
Estabilidade
ocorrência acidental
Segurança Risco de Incêndio
Reacção ao fogo e acção fisiológica nos
utentes
Segurança no uso Toxicidade e segurança no contacto
Geométrica
Compatibilidade
Mecânica
com o suporte Química Saponificação
Estanquidade Estanquidade à água Água da chuva e no interior
Termo- Isolamento térmico
Higrométricas Secura dos paramentos interiores Temperatura superficial interior
Planeza Geral e localizada
Verticalidade
Rectidão das arestas
Conforto visual Regularidade de superfície Defeitos de superfície e largura de fissuras
Homogeneidade de enodoamento Homogeneidade da temperatura superficial
pela poeira interior
Homogeneidade de cor e brilho Diferença de cor e de reflectância difusa
Aspreza dos paramentos Perfil geométrico de superficie
Conforto táctil Pegajosidade dos paramentos
Secura dos paramentos
Fixação de poeiras ou de micro-
Aspreza e pegajosidade dos paramentos
Higiene organismos
Resistência à limpeza
Resistência a acções de choque e de
Choques e à riscagem
atrito
Água da chuva, de lavagem por via húmida, de
Resistência à acção da água
vapores húmidos, e de projecções acidentais
Adaptação à Aderência ao suporte Arrancamento por tracção e peladura
utilização normal Resistência à formação de nódoas de
Formação de nódoas e lavabilidade
produtos químicos ou domésticos
Resistência ao enodoamento pela
Formação de nódoas e lavabilidade
poeira
Resistência à suspensão de cargas
Resistência aos agentes climáticos Calor, frio, água, luz e choques térmicos
Resistência aos produtos químicos do Ozono, dióxido de azoto, dióxido de enxofre e
ar soluções amoniacais
Durabilidade Resistência à erosão provocada pelas
partículas sólidas em suspensão no ar
Resistência à fixação e ao
desenvolvimento de bolores
Pureza do ar
Conforto acústico
Facilidade de
limpeza
Aptidão para o
armazenamento
Economia

Vitor Hugo Marques Abalada 7


2 REVESTIMENTOS EXTERIORES DE FACHADAS

d) Choques térmicos, sem destruição ou deformação do sistema de isolamento térmico nem


com o calor, nem com o frio, nem com uma sequência de acção de ambos. Considerando
do ponto de vista dos choques térmicos os extremos de -20ºC e +80ºC. Devendo também
resistir a uma variação brusca da temperatura da ordem dos 50ºC, na sequencia de uma
insolação prolongada seguida de forte chuvada, ou de uma diferença de temperatura da
mesma ordem de grandeza entre zonas que num dado momento se encontrem sob acção
directa dos raios solares e zonas que estejam à sombra.

e) Aspecto, estabelecidas para os revestimentos delgados de massas plásticas para paredes. A


camada de acabamento do revestimento não deve permitir a visualização das juntas entre
placas do isolante e deve apresentar textura regular e contínua, e coloração uniforme.

f) Planeza, satisfazendo as exigências gerais de planeza dos paramentos acabados. Devendo o


paramento revestido com as placas de isolante, sem que ainda se tenha aplicado o
revestimento, apresentar planeza compatível com a espessura deste.

g) Resistência ao choque, permitindo conservar as suas qualidades sob as acções de choque


resultantes da circulação e uso normais, e permitir que o equipamento corrente de limpeza
de fachadas neles se possa apoiar sem causar rotura ou perfuração do sistema.

h) Durabilidade, com durabilidade média superior a 30 anos em condições normais de


utilização, exigindo para isso eventual manutenção da camada de acabamento conservando
assim o seu aspecto.

2.3 Revestimentos de Isolamento Térmico pelo Exterior

2.3.1 Aspectos Gerais

A utilização de sistemas de revestimento com isolamento térmico pelo exterior surge na


Alemanha, em finais da década de 1940, como solução para fenómenos de condensação no
interior de silos, devido às temperaturas extremamente frias que se faziam sentir na superfície
interior destes. Nessa altura a Europa atravessava uma difícil situação económica, em especial
após a crise do petróleo na década de 70, em que o custo do aquecimento e arrefecimento dos
edifícios, e a escassez de combustível, levaram ao reforço do isolamento térmico nos edifícios
de forma de diminuir os consumos energéticos. Estudos realizados na altura indicavam que o
isolamento térmico seria mais eficaz se aplicado pelo exterior.

Desde então, têm sido desenvolvidos diversos sistemas de isolamento térmico de fachadas
pelo exterior que são de utilização corrente em diversos países europeus, quer na reabilitação
quer em construção nova. Estes sistemas são constituídos de um modo geral por uma camada

Vitor Hugo Marques Abalada 8


2 REVESTIMENTOS EXTERIORES DE FACHADAS

de isolamento térmico aplicada sobre o suporte e um paramento exterior para protecção, em


particular, das solicitações climáticas e mecânicas.

De acordo com (Lucas, 1990a) e (Freitas, 2002), podemos agrupar os sistemas de isolamento
térmico pelo exterior em três grandes grupos:

− Revestimentos descontínuos fixados ao suporte, através de uma estrutura intermédia,


onde se incluem as chamadas fachadas ventiladas (“Bardage”);

− Componentes pré fabricados constituídos por um isolamento e um paramento, fixados


directamente ao suporte, onde encontramos os chamados “Vêture”, sem aplicação, até
ao momento, em Portugal;

− Rebocos armados directamente aplicados sobre o isolamento térmico (ETICS). Em


Portugal a designação corresponde unicamente a soluções de rebocos delgados
armados sobre isolamento térmico.

Contudo, verifica-se que são os ETICS que têm vindo a conhecer maior aplicação tanto em
Portugal como no estrangeiro. Na Figura 2.1 e Figura 2.2 representam-se as taxas de
utilização de ETICS em França, comparada com outras soluções e os metros quadrados de
sistema “Cappotto” (ETICS) aplicados no nosso País desde 1988 até 2007, respectivamente.
Conclui-se que além de representarem cerca de 50%, das técnicas de isolamento térmico de
fachadas pelo exterior utilizadas em França no ano de 1994, os ETICS estão, em Portugal,
com uma aplicação cada vez maior, notando um grande crescimento na sua utilização,
principalmente nos últimos 5 anos, cuja aplicação foi equivalente à verificada nos anteriores
15 anos.

Reboco delgado armado sobre isolamento (ETICS)
Fachadas ventiladas 19%
"Vêtures"
Outros 10% 47%

24%

Figura 2.1 – Técnicas de isolamento térmico de fachadas pelo exterior utilizadas em França no ano de 1994,
adaptado de (Freitas, 2002)

Vitor Hugo Marques Abalada 9


2 REVESTIMENTOS EXTERIORES DE FACHADAS

305.000

302.000
m2

265.000
262.000
325.000

234.000
300.000

210.000
275.000

181.000
250.000

152.000
225.000

120.000
200.000

100.000
175.000

87.000
150.000

75.000
65.000
60.000
125.000

46.000
32.000
100.000

15.000
75.000
8.000
4.000
1.000

50.000
25.000
0

Ano

1988 ‐ 1992 
60.000      1993 ‐ 1997 
(3%) 333.000 
(13%)

2003 ‐ 2007 
1998 ‐ 2002 
1.368.000 
763.000 
(54%)
(30%)

Figura 2.2 – Área de fachada revestida com sistema “Cappotto” da Viero em Portugal, (Castro, 2008)

2.3.2 Vantagens dos Sistemas de Isolamento Térmico pelo Exterior

Com base em alguma bibliografia da especialidade ((Rosenbom e Garcia, 2003), (Freitas,


2002), (Lucas,1990a)), compreendemos as vantagens, relativamente aos procedimentos mais
tradicionais de isolamento térmico (isolante pelo interior ou isolante inserido na caixa de ar),
que fazem dos sistemas de isolamento térmico pelo exterior uma solução de elevada qualidade
e aplicação, pois permitem:

− Aumento da durabilidade das fachadas que se encontram protegidas da acção dos


agentes climáticos e atmosféricos (choque térmico, água liquida, radiação solar, etc.).

Vitor Hugo Marques Abalada 10


2 REVESTIMENTOS EXTERIORES DE FACHADAS

O choque térmico, bem como as temperaturas mais severas ocorrem no isolante,


estando a temperatura da parede sempre próxima da temperatura interior (Figura 2.3);

Figura 2.3 – Comparação do gradiente de temperaturas a que estão sujeitas uma parede dupla com sistema
tradicional de isolamento térmico aplicado na caixa de ar, e uma parede simples com isolamento térmico
aplicado pelo exterior, (Freitas, 2002)

− Redução das pontes térmicas, permitindo resultados próximos de uma parede


homogénea, sem perdas de calor causadas pela existência localizada de materiais de
maior condutibilidade térmica, como é o caso das ligações entre elementos
construtivos (Figura 2.4). Assim, é possível obter o mesmo coeficiente de transmissão
global da envolvente que outras soluções construtivas utilizando uma espessura de
isolamento térmico mais reduzida;

Figura 2.4 – Pontes térmicas. Comparação de sistema tradicional com isolamento térmico na caixa de ar, sem
correcção das pontes térmicas, com sistema de isolamento térmico aplicado pelo exterior, (Freitas, 2002)

− Diminuição da espessura das paredes exteriores permitindo um aumento da área


habitável. Esta diminuição deve-se ao facto de, do ponto de vista térmico,
conseguirmos obter, com uma parede mais fina, os mesmos resultados de uma parede
de maior espessura com sistema tradicional com isolamento térmico na caixa de ar;

− Melhoria do conforto térmico de inverno devido ao aumento da inércia térmica


interior, dado que toda a massa das paredes da envolvente exterior podem armazenar
calor, maximizando o aproveitamento dos ganhos solares. Neste caso o isolante

Vitor Hugo Marques Abalada 11


2 REVESTIMENTOS EXTERIORES DE FACHADAS

funciona como barreira à saída do calor proveniente dos raios solares que penetram no
interior no edifício através de eventuais aberturas e envidraçados;

− Melhoria do conforto térmico de verão, igualmente devido ao aumento de inércia


térmica interior, absorvendo o calor nas horas mais quentes do dia para o restituir
durante a noite, atrasando assim o pico horário. Neste caso o isolante funciona como
barreira à entrada de calor, que leva mais tempo até chegar à massa interior das parede
e ao interior em si, ao mesmo tempo que o preserva para durante a noite período
porventura mais frio e em que existe a possibilidade de efectuar um arejamento mais
fresco pela abertura de janelas;

− Possibilidade de manutenção e colocação em obra sem perturbar os ocupantes, com


especial interesse na reabilitação de fachadas;

− Diminuição de condensações interiores, uma vez que permite uma temperatura na


superfície interior das paredes bastante mais elevada (próxima da temperatura interior
da habitação), mesmo nas superfícies em contacto com vigas ou pilares, afastando-se
assim da temperatura de orvalho (limite inferior de temperatura a partir do qual o
vapor de água contido no ar passa para o estado liquido).

Vitor Hugo Marques Abalada 12


3 SISTEMAS DE REVESTIMENTO DELGADO ARMADO
SOBRE ISOLAMENTO TÉRMICO (ETICS)

3 SISTEMAS DE REVESTIMENTO DELGADO ARMADO SOBRE


ISOLAMENTO TÉRMICO (ETICS)

3.1 Introdução

Apesar de já existir bastante suporte escrito, os erros ainda cometidos na aplicação destes
sistemas, bem como a sua jovialidade no nosso País, esclarecem e exigem uma contínua
divulgação dos pontos e características fundamentais deste tipo de sistemas de revestimento.

Neste capítulo procede-se à descrição do sistema, conhecendo não só os materiais que o


compõem, suas funções e exigências, mas também, os cuidados na sua execução para que esta
seja bem sucedida. Referem-se ainda as principais causas de degradação e defeitos associados
já observados em diversas obras.

3.2 Descrição do Sistema

Os sistemas mais frequentes no mercado apresentam pequenas variantes em torno de uma


solução geralmente constituída por placas de poliestireno expandido (EPS) previamente
fixadas ao suporte, revestidas por um reboco delgado, aplicado em várias camadas, armado
com uma ou várias redes de fibra de vidro (Figura 3.1). Como acabamento é utilizado,
geralmente um revestimento plástico espesso.

Acabamento final
Camada base do acabamento
Armadura do revestimento
Placas de isolante térmico
Suporte

Figura 3.1 – Descrição de um sistema de ETICS, adaptado de (Freitas, 2002) e (Silva et al, 2003)

Vitor Hugo Marques Abalada 13


3 SISTEMAS DE REVESTIMENTO DELGADO ARMADO
SOBRE ISOLAMENTO TÉRMICO (ETICS)

Estes sistemas são também conhecidos no nosso País e na Europa, pela sigla ETICS -
External Thermal Insulation Composite Systems, ou, em certos casos, por EIFS – External
Insulation and Finish Systems, designação muito utilizada nos Estados Unidos.

É importante referir ainda que o sistema, considerado como não tradicional, deve ser sujeito a
processo de homologação (aprovação técnica), de forma a garantir com qualidade o
funcionamento global do sistema como um todo, cumprindo as exigências funcionais
estabelecidas, bem como a compatibilidade entre os materiais.

3.3 Materiais/Elementos Constituintes

Os elementos constituintes do sistema a aplicar, bem como as suas características, variam


consoante o fabricante e devem, antes de mais, respeitar o respectivo documento de
homologação.

As descrições e características que se apresentam no Quadro 3.1 e Quadro 3.2 foram obtidas
com base na documentação técnica referenciada e dizem respeito aos diversos componentes
de um sistema de ETICS com maior utilização no mercado.

Quadro 3.1 – Principais características dos elementos do sistema, adaptado de (Silva et al, 2003) e (Lucas,
1990a). (Parte A)

Elementos
Características e exigências principais
constituintes
Os produtos de colagem do isolante ao suporte são argamassas-colas que podem ser
obtidas sob várias formas desde adjuvantes em pó, pré-doseados em fábrica, até pastas
prontas a aplicarem. São constituídas por uma mistura de resinas sintéticas em dispersão
Camada de aquosa com cargas minerais (de sílica e de calcite) com cimento.
colagem
A colagem permite ultrapassar algumas pequenas irregularidades do suporte (até 1 cm),
não sendo, em geral, necessário qualquer prévio revestimento da parede tradicional de
tijolo.
O isolamento mais utilizado é o poliestireno expandido (espessura não inferior a 30 mm)
da classe de reacção ao fogo M1 (poliestireno ignifugado – não inflamável).
São possíveis outros materiais isolantes tais como espumas PVC, lã de vidro, espuma de
Placas de poliurtano, cortiça, etc. Desde que garantida boa estabilidade dimensional, boa coesão,
baixo módulo de elasticidade, boa permeabilidade ao vapor de água e alguma rugosidade
isolamento (que poderá ser criada em obra, por raspagem, melhorando assim a aderência).
térmico
As placas de isolante devem ter dimensões faciais não superiores a 1.20m, sendo aplicadas
em obra somente mês e meio a dois meses após o seu fabrico, evitando assim retracções
excessivas. Dá-se preferência a placas com bordo lateral do tipo “macho-fêmea” ou “meia
madeira” para melhorar a continuidade do sistema.

Vitor Hugo Marques Abalada 14


3 SISTEMAS DE REVESTIMENTO DELGADO ARMADO
SOBRE ISOLAMENTO TÉRMICO (ETICS)

Quadro 3.2 – Principais características dos elementos do sistema, adaptado de (Silva et al, 2003) e (Lucas,
1990a). (Parte B)

Elementos
Características e exigências principais
constituintes
A camada de base, com espessura final entre 2 e 5 mm e que engloba a armadura, é
executada com produto do mesmo tipo, ou mesmo igual, ao de colagem.
Camada de Esta camada de base é que vai assegurar a maior parte das funções esperadas do
base do revestimento devendo por isso garantir uma boa impermeabilização do sistema e,
adicionalmente, uma elevada permeabilidade ao vapor de água (evitando condensações no
acabamento
isolante). É importantíssimo para isso que esta camada não se encontre fissurada quer pelas
acções de choque quer por variações dimensionais de origem térmica do suporte,
nomeadamente nas juntas.
A armadura do revestimento é em geral, uma rede de fibra de vidro flexível, com aberturas
quadradas de 3 a 5 mm, comercializada em rolos. Destina-se a restringir as variações
dimensionais da camada de base do revestimento, a melhorar a resistência aos choques dos
sistemas e a assegurar a resistência à fissuração do revestimento, especialmente sobre as
Armadura do juntas entre placas de isolante.
revestimento As armaduras podem ser normais ou reforçadas, consoante a função de resistência
pretendida, sobretudo aos choques em zonas sensíveis ou mais expostas, existindo
variantes quanto à espessura dos fios, quanto à sua ligação e densidade.
A armadura do revestimento deve ser insensível à humidade e aos alcalis, devendo para
isso ser revestida em resinas acrílicas ou PVC quando em fibra de vidro.
É em geral uma camada delgada de uma massa plástica para paredes aplicada sobre a
camada base.
A contribuição desta camada para o desempenho pretendido para o conjunto é
Acabamento
fundamental, não podendo utilizar-se uma simples pintura como acabamento final.
final
Os aspectos finais de acabamento podem ser diversos, procurando-se, no entanto, um
predomínio de cores claras para evitar grandes elevações de temperatura sob a acção dos
raios solares.
A aplicação de primários sobre o suporte ou sobre a camada de base do acabamento, têm
como função, melhorar a aderência da camada de colagem e do acabamento
Primários respectivamente. Esta camada pode ser dispensada, dependendo a sua aplicação do tipo de
suporte e das exigências do sistema em aplicação.
As singularidades da construção constituem sempre pontos críticos na execução e
aplicação de qualquer sistema ou técnica em zona corrente de parede, pelo que a escolha e
aplicação dos acessórios nessas singularidades está intimamente ligada à eficácia do
sistema.
Existe um número considerável de acessórios dos quais se destacam:
Perfis de reforço – para protecção do sistema em arestas verticais, topos laterais, superiores
Acessórios e inferiores. (Figura 3.3)
Elementos de recobrimento – para execução das ligações com outros elementos da
construção em peitoris, rufos, beirais, platibandas, etc. (Figura 3.3 e Figura 3.4)
Elementos para juntas – para resolução das soluções de continuidade em juntas elásticas e
zonas confinantes do sistema com saliências rígidas das paredes e com outros pontos
singulares. (Figura 3.4)

Vitor Hugo Marques Abalada 15


3 SISTEMAS DE REVESTIMENTO DELGADO ARMADO
SOBRE ISOLAMENTO TÉRMICO (ETICS)

3.4 Aplicação

Os sistemas de ETICS são aplicados em paredes exteriores de edifícios novos ou existentes


(reabilitação), cujos suportes, segundo (Lucas, 1990a) e (Freitas, 2002), podem ser
constituídos por:

− Paredes em alvenaria de pedra, tijolo, blocos de betão de inertes correntes ou blocos


de betões leves (betão de argila expandida, betão celular autoclavado), revestidas ou
não com revestimentos de ligantes hidráulicos;

− Paredes de betão moldado “in situ” de inertes correntes ou leves;

− Paredes de painéis prefabricados de betão.

Podem também ser aplicados em superfícies horizontais ou inclinadas desde que não estejam
expostas à precipitação, por exemplo, em sub-face de varandas, lintéis ou pavimentos sobre
passagens abertas. Aplicáveis ainda em suportes rebocados, pintados ou com revestimentos
orgânicos ou minerais, desde que convenientemente preparados.

Existe um grande número de operações interdependentes envolvidas na aplicação destes


sistemas, existindo listas exaustivas da sua correcta sequência nas recomendações técnicas
dos projectistas, fabricantes ou fornecedores e na bibliografia da especialidade. De uma forma
bastante generalista, a execução dum sistema de isolamento térmico deste tipo pode ser
descrita na seguinte sequência de operações:

1) Preparação do suporte, que deve encontrar-se limpo e sem grandes irregularidades


superficiais. Nesta fase podem ser necessários diversas operações, cujo maior interesse
surge quando em reabilitação e será abordado no próximo capítulo;

2) Fixação mecânica ao suporte dos perfis de arranque, laterais, de reforço dos topos, de
delimitação de juntas e eventuais elementos de recobrimento (Figura 3.3 e Figura 3.4);

3) Fixação das placas de isolante térmico ao suporte. Esta fixação pode ser por colagem,
fixação mecânica ou ambas, sendo a fixação exclusivamente por colagem preferível,
salvo situações em que esta não assegure uma correcta aderência (e.g. situações de
reabilitação ou edifícios de grande altura) ou quando o manual de aplicação do sistema
em causa assim o exija;

4) Colagem sobre o isolante das cantoneiras de protecção nos cantos do sistema (Figura
3.3);

Vitor Hugo Marques Abalada 16


3 SISTEMAS DE REVESTIMENTO DELGADO ARMADO
SOBRE ISOLAMENTO TÉRMICO (ETICS)

5) Aplicação, com talocha metálica, da primeira demão da camada de base, em espessura


da ordem dos 2 a 3 mm, recobrindo as cantoneiras de protecção;

6) Colocação e embebimento da armadura do revestimento, sobre a primeira camada de


base ainda fresca, mediante passagem com talocha metálica;

7) Aplicação, com talocha metálica, de nova demão da camada de base do revestimento,


logo que a demão anterior esteja suficientemente seca, recobrindo completamente a
armadura, apresentando um aspecto final liso e desempenado;

8) Aplicação de eventual primário exigido pela camada de acabamento final após


secagem completa da camada de base;

9) Aplicação, com talocha, escova, ou rolo, da camada de acabamento final do


revestimento.

É importante referir novamente que as várias fases atrás referidas são de carácter
particularmente exemplificativo, devendo para cada sistema a aplicar ser estritamente seguida
as várias fases detalhadas e definidas no respectivo manual do fabricante.

No Quadro 3.3 e Quadro 3.4, auxiliados pelas imagens presentes nas figuras subsequentes
(Figura 3.2, Figura 3.3 e Figura 3.4), são descritas um conjunto de regras (conselhos) de boa
execução, com base na documentação técnica referenciada, constituindo assim um
complemento preventivo da anomalia a quem aplica o sistema.

Quadro 3.3 – Regras de execução correntes como medidas preventivas de anomalias, adaptado de (Silva et al,
2003), (Lucas, 1990a) e (Freitas, 2002). (Parte A)

Regras de execução Risco a reduzir


Verificar se o teor de humidade do suporte é Dificuldades de colagem ou humidificação do
compatível com o sistema (mínimo 30 dias de isolante ou dificuldade de secagem, sobretudo, se as
secagem para alvenarias e 45 dias para betão). placas ou o revestimento forem pouco permeáveis ao
vapor de água.
Lavagem/limpeza de eventuais óleos de descofragem, Dificuldades de colagem.
poeiras ou irregularidades superficiais do suporte.
Principalmente em suportes de betão.
Realizar a aplicação do sistema em condições Deficiente presa dos produtos de colagem e de
climáticas favoráveis. Temperatura mínima de 5ºC e revestimento.
máxima de 30ºC, ao nível do suporte, sem vento
forte, chuva ou neve.
Colar o isolante por faixas ou pontos, mas sem deixar Existe o risco de empolamento ou flexão devido a
grandes vazios no tardos. (Figura 3.2) variações térmicas diferenciais, em particular com
cores escuras.

Vitor Hugo Marques Abalada 17


3 SISTEMAS DE REVESTIMENTO DELGADO ARMADO
SOBRE ISOLAMENTO TÉRMICO (ETICS)

Quadro 3.4 – Regras de execução correntes como medidas preventivas de anomalias, adaptado de (Silva et al,
2003), (Lucas, 1990a) e (Freitas, 2002). (Parte B)

Regras de execução Risco a reduzir


Colmatar o eventual afastamento (superior a 2 mm) A deficiente aplicação ou falta de rigor das
entre placas com tiras de material isolante. Nunca dimensões das placas conduzem a intervalos entre
com produto de colagem ou da camada de base. elas que são fonte de fissuração quando colmatados
com argamassa.
Realizar uma sobreposição mínima de armaduras de A sobreposição deficiente das armaduras conduz à
100 mm e 200 mm, entre faixas contíguas e nos criação de zonas de fissuração preferencial.
cantos do sistema respectivamente. (Figura 3.2)
Se o suporte for irregular, os perfis deverão ser Infiltrações de água e consequente degradação e
colocados obre uma faixa de cola do sistema para descolamento do sistema.
impedir a ventilação da interface entre o isolamento e
o suporte.
Embebimento perfeito das armaduras e das As armaduras não embebidas são ineficazes na
cantoneiras metálicas. protecção contra a fissuração. O reduzido
recobrimento das cantoneiras torna o revestimento
muito vulnerável.
Não executar a fixação à parede a isolar de qualquer As fixações temporárias que atravessam o isolamento
equipamento, incluindo andaimes. obrigam a reparações posteriores difíceis de
dissimular e provocam esforços perpendiculares ao
revestimento.
Evitar humidificação do sistema durante a aplicação. A falta de protecção contra a chuva das placas
durante a aplicação pode provocar deterioração e
deformação a longo prazo (falta de planeza e
fissuração).
Realizar juntas de 2 a 3 mm entre perfis de reforço, Degradação do recobrimento dos perfis.
permitindo dilatações dos mesmos.
Desencontrar as juntas verticais quer entre as próprias A sobreposição e alinhamento de juntas levam a
placas de isolante em zona corrente e cantos, quer zonas de fissuração preferencial.
entre estas e as dos perfis acessórios. (Figura 3.2)
As juntas de dilatação existentes no suporte devem As juntas de dilatação existentes no suporte estão
ser respeitadas e prolongadas através do sistema, por sujeitas a movimentos que quando impedidos pela
utilização de perfis cobre-juntas adequados. (Figura sobreposição do sistema levam à sua fissuração.
3.4)
Realizar um reforço de armadura (0.35 m x 0.20 m A concentração de tensões no enfiamento do ângulo
colocados obliquamente e colados directamente sobre dos vãos conduz a zonas de fissuração preferencial.
o isolante) nos cantos de aberturas. (Figura 3.2)
As confinações do sistema com saliências rígidas das As variações dimensionais diferenciais entre o
paredes e com outros pontos singulares (varandas, sistema e o suporte quando impedidas são fonte de
enquadramento de vãos, etc.) devem ser concentrações de tensões que por sua vez levam a
dessolidarizadas, devendo nessas zonas ser criadas fissuração.
juntas elásticas e estanques mediante a utilização de
perfis adequados e mástique. (Figura 3.4)
Reforçar o sistema utilizando armadura dupla em O sistema é bastante sensível à acção de choques,
zonas de paredes particularmente expostas a acções principalmente de corpos duros e pontiagudos. Que
de choque com objectos ou demasiado acessíveis aos quando não são contabilizados conduzem a
utentes. degradações localizadas do revestimento.

Vitor Hugo Marques Abalada 18


3 SISTEMAS DE REVESTIMENTO DELGADO ARMADO
SOBRE ISOLAMENTO TÉRMICO (ETICS)

Soluções possíveis para aplicação de cola no verso Disposição das placas de isolamento térmico com
das placas do isolante juntas desencontradas

Reforço da armadura no enfiamento dos ângulos dos


Sobreposição das armaduras normais
vãos

Figura 3.2 – Pormenores construtivos, regras de execução corrente, adaptado de (Lucas, 1990a)

Vitor Hugo Marques Abalada 19


3 SISTEMAS DE REVESTIMENTO DELGADO ARMADO
SOBRE ISOLAMENTO TÉRMICO (ETICS)

Perfis de protecção
das extremidades
inferiores do sistema
(perfis de arranque)

Perfis de protecção
das extremidades
laterais e arestas
verticais do sistema

Elementos de
recobrimento ao nível
dos peitoris em
construções novas

Figura 3.3 – Pormenores construtivos, acessórios do sistema, adaptado de (Lucas, 1990a). (Parte A)

Vitor Hugo Marques Abalada 20


3 SISTEMAS DE REVESTIMENTO DELGADO ARMADO
SOBRE ISOLAMENTO TÉRMICO (ETICS)

Elementos de
recobrimento ao nível
dos peitoris em
construções existentes
(reabilitação)

Junta dessoliderizante
do sistema
relativamente a um
elemento rígido
saliente da construção

Perfil de cobre-juntas

Figura 3.4 – Pormenores construtivos, acessórios do sistema, adaptado de (Lucas, 1990a). (Parte B)

Vitor Hugo Marques Abalada 21


3 SISTEMAS DE REVESTIMENTO DELGADO ARMADO
SOBRE ISOLAMENTO TÉRMICO (ETICS)

3.5 Principais Causas de Degradação e Defeitos Associados

O conhecimento das formas de degradação a que este tipo de sistema está sujeito, bem como
as suas possíveis causas, são bastante relevantes como medida preventiva dos mesmos e para
um melhor conhecimento dos sistemas de ETICS.

Apresenta-se de seguida, no Quadro 3.5, Quadro 3.6 e na Figura 3.5, uma listagem e
distribuição relativa dos tipos de degradação mais frequentemente observados em obras já
realizadas e mais referenciados na bibliografia da especialidade, bem como as suas possíveis
causas.

Quadro 3.5 – Lista dos defeitos mais frequentes e suas possíveis causas, (Silva et al, 2003). (Parte A)

Tipo de
Causas da degradação
degradação
■ Deficiente preparação do suporte
Descolamento do ■ Falta de produto de colagem
sistema ■ Movimentos acentuados do suporte
■ Acção da água no tardós (infiltrações pelo bordo superior)
■ Choques devidos ao uso em zonas de paredes acessíveis aos utentes
■ Choques devidos ao uso de andaimes do tipo bailéu durante a aplicação
Perfuração do ■ Encosto de escadas em acções de manutenção (revestimento ou equipamento)
sistema
■ Atravessamentos indevidos da parede com cablagem
■ Acções de vandalismo e acções de acidente (ex. choque de veículos)
■ Deficiente planeza do suporte
■ Choques repetidos de andaimes do tipo bailéu sobre o sistema
Deficiência de ■ Remates nas zonas de fixação dos andaimes às paredes.
planeza do
■ Aplicação irregular da camada de colagem
sistema
■ Recobrimento insuficiente das placas
■ Falta de regularidade dimensional das placas
■ Falta pontual de armadura
■ Falta de sobreposição dos bordos de faixas contíguas de armadura
■ Insuficiente recobrimento da armadura pelo revestimento
■ Espessura muito reduzida do revestimento
Fissuração do ■ Preenchimento de juntas entre placas com produto de revestimento
revestimento
■ Espessura excessiva de revestimento para correcção de deficiências de planeza
■ Acabamentos de cor escura em paredes muito expostas à acção do sol
■ Coexistência de cores escuras e cores claras no mesmo pano de fachada
■ Colocação defeituosa das cantoneiras metálicas (de canto ou suporte)
■ Deficiências de regularidade dimensional das placas do isolante
Visualização das ■ Falta de estabilidade dimensional das placas
juntas das placas
■ Ciclos de molhagem e secagem das placas

Vitor Hugo Marques Abalada 22


3 SISTEMAS DE REVESTIMENTO DELGADO ARMADO
SOBRE ISOLAMENTO TÉRMICO (ETICS)

Quadro 3.6 – Lista dos defeitos mais frequentes e suas possíveis causas, (Silva et al, 2003). (Parte B)

Tipo de
Causas da degradação
degradação
■ Esforços provocados por fixação mecânica de andaime ou outro equipamento
Empolamento das ■ Entrada de água pelo tardós das placas
placas ■ Deficiente colagem associada a movimentos de expansão-contracção
■ Aplicação aderente sobre suporte irregular ou curvo
■ Fixação de poeiras nas zonas de escorrência preferencial da água
Alteração da cor ■ Manchas provenientes da oxidação de metais (caixilhos e capeamentos)
das superfícies
■ Repinturas parciais

Desenvolvimento ■ Aplicação sob situação climática favorável ao desenvolvimento de líquenes


de vegetação ■ Aplicação em zonas e épocas de grande concentração de esporos no ar
parasitária ■ Aplicação de revestimentos contaminados (deficiência de armazenamento)
■ Acabamento de espessura reduzida (em toda a parede ou sobre a cantoneira)
Deterioração do
recobrimento das ■ Dilatação e contracção térmica incompatível entre cantoneira e revestimento
cantoneiras de ■ Inadequação da furação da cantoneira para garantir aderência ao revestimento
reforço ■ Falta de recobrimento da cantoneira com a armadura do revestimento

22%
18%
14% 13%
11%
8%
6% 5%
2%
Descolamento do 
Visualização das juntas 

Alteração da cor das 

Deficiência de planeza 
Fissuração do 

Desenvolvimento de 

Empolamento das placas
cantoneiras de reforço

vegetação parasitária
Perfuração do sistema
revestimento

recobrimento das 
Deterioração do 
superficies

sistema
do sistema
das placas

Figura 3.5 – Distribuição de anomalias verificadas nos edifícios do pólo II da Universidade de Coimbra em
função da área total de planos analisados (37.000 m2 de fachada revestida com ETICS), (Falorca, 2004)

Vitor Hugo Marques Abalada 23


4 APLICAÇÃO DE ETICS EM REABILITAÇÃO

4 APLICAÇÃO DE ETICS EM REABILITAÇÃO

4.1 Introdução

Quando em reabilitação e perante a diversidade de soluções existentes no mercado, a escolha


da solução de reabilitação mais adequada a cada caso é um exercício cada vez mais difícil. De
facto, a opção de uma determinada solução em detrimento de outra poderá, além de uma
possível resposta ineficaz, proporcionar novas anomalias.

No caso particular dos sistemas de ETICS, apesar do seu potencial e tentador desempenho de
excelência, quando mal utilizados podem resultar em custos e relações qualidade-custo
inadmissíveis e totalmente evitáveis, tendo em conta o estado, tipo e características do edifício
em questão.

Assim, neste capítulo, abordam-se os sistemas de ETICS como solução de reabilitação de


fachadas, conhecendo e comentando as suas principais vantagens e limitações de aplicação,
bem como os principais cuidados na sua aplicação em edifícios existentes. Apresenta-se ainda
uma reflexão sobre a problemática na escolha da solução mais adequada a cada caso,
comentando uma série de questões chave na selecção de um revestimento correctivo, de onde
resulta uma matriz de apoio à decisão de ETICS como solução de reabilitação.

4.2 Principais Vantagens e Limitações

Como vantagens, além das já referidas para revestimentos de isolamento térmico pelo exterior
e apesar de alguma aparente redundância, para o sistema particular de ETICS e do ponto de
vista da reabilitação são de referir as seguintes (com base em (Silva, 2008)):

− Possibilidade de aplicação sobre suportes heterogéneos. Na aplicação deste sistema


existe a possibilidade de ultrapassar algumas irregularidades ou depressões localizadas
no suporte provocadas, por exemplo, por falha localizada do revestimento e que
podem ser facilmente resolvidas por uma aplicação mais cuidada do produto de
colagem (colagem por pontos, em banda ou sobre a depressão localizada). Além disso,
existe também a possibilidade de aplicação sobre suportes constituídos por materiais
diferentes como, por exemplo, betão e alvenaria de pedra ou tijolo, com condições de

Vitor Hugo Marques Abalada 24


4 APLICAÇÃO DE ETICS EM REABILITAÇÃO

aderência bastante diferentes (eventualmente utilizando acessórios de fixação


mecânica), o que constitui seguramente uma vantagem;

− Melhoria significativa do aspecto geral da fachada. O facto destes sistemas se


aplicarem a toda a área de fachada em contacto com a habitação e ainda nas paredes
que, embora não sejam envolvente da habitação, estão no mesmo plano e alinhamento
destas, podendo assim funcionar como ponte térmica, promovem uma melhoria
significativa do aspecto geral da fachada, sendo uma vantagem face a soluções de
aplicação localizada ou sem transformação do aspecto final e decorativo da parede;

− Promoção da estanquidade da parede. Apesar de o sistema ser classificado como


revestimento de isolamento térmico pela principal função que desempenha, podia ser
classificado de impermeabilização (ou até de estanquidade, segundo alguns autores)
pelo seu elevado contributo para a estanquidade à água da parede. De facto, a camada
de revestimento delgado que se encontra sobre o isolante é tão estanque à água quanto
menor for a sua fissuração que, por sua vez, se encontra bastante limitada pela
existência da armadura. As eventuais fissuras tendem a ser uma microfissuração e a
passagem da água por abertura inferiores a 0.5 mm, tal como sabemos, só ocorre por
capilaridade;

− Possibilidade de absorção de pequenos movimentos do suporte. A resistência e


elasticidade do sistema conferida, quer pelos seus materiais constituintes, quer pela
dessolidarização elástica (muitas vezes com recurso a mástiques) das partes rígidas e
salientes da envolvente, como também pelo respeito das eventuais juntas de dilatação,
permite acompanhar pequenos movimentos do suporte sem degradação do
revestimento;

− Solução para zonas fissuradas. Principalmente em zonas de microfissuração


generalizada e estabilizada, o sistema constitui uma boa solução, podendo até suportar
e colmatar fissuras pequenas (largura inferior a 2mm) sujeitas a pequenos movimentos
cíclicos (e.g. fissuras devidas a variações térmicas ou de humidade). Para fissuras de
maior expressão (largura superior a 2mm), ou de elevada instabilidade estas devem ser
previamente estudadas, tratadas e estabilizadas. Em particular, o tratamento de fissuras
de maior expressão é fundamental pois estas, mesmo que a causa tenha cessado, vão
sempre absorver movimentos do suporte (funcionando como juntas de dilatação)
impossíveis de suportar pelo revestimento delgado armado dos ETICS.

− Reforço do isolamento térmico da fachada e consequente eficiência energética. Tal


como já foi analisado, para os sistemas de isolamento térmico pelo exterior, um
sistema de ETICS aplicado numa fachada em reabilitação promove um elevado
reforço térmico da parede (de acordo com (EOTA, 2000) os ETICS não deverão

Vitor Hugo Marques Abalada 25


4 APLICAÇÃO DE ETICS EM REABILITAÇÃO

apresentar uma resistência térmica inferior a 1 m2 ºC/W), contribuindo de modo


significativo para o cumprimento das exigências legais bem como para a redução do
consumo energético, quer para aquecimento, quer para arrefecimento, valorizando
assim o edifício quando avaliado no âmbito da certificação energética;

− Possibilidade de diminuição ou eliminação de fungos ou bolores na superfície interior


do edifício. Um sistema de ETICS, como qualquer sistema de isolamento térmico pelo
exterior, promove uma correcção eficaz das pontes térmicas, corrigindo assim as
heterogeneidades existentes na fachada e que poderiam conduzir a temperaturas
localizadas (na superfície interior) inferiores à temperatura de orvalho (condensação
da água), fonte de humidade que por sua vez é causa de desenvolvimento e
manutenção de fungos e bolores. Por outro lado, a melhoria da estanquidade à água,
numa parede com deficiências a este nível, vem diminuir o teor de humidade desta,
contribuindo assim, para a diminuição das condições favoráveis ao desenvolvimento
de fungos e bolores;

− Conservação do espaço interior habitável. O facto de o sistema ser aplicado pelo


exterior permite conservar o espaço interior habitável, constituindo assim vantagem
face a soluções como o reforço do isolamento térmico pelo interior;

− Possibilidade de execução sem restrições de ocupação do edifício. Tal como referido


no tópico anterior, o facto de o sistema ser aplicado pelo exterior possibilita, em certos
casos, a manutenção das actividades de ocupação do edifício, reduzindo bastante o
incómodo causado pelas obras de reabilitação.

Contudo, apesar das referidas vantagens, existem algumas desvantagens ou limitações de


aplicação (com base em (Paiva, 2000), (Anselmo et al, 2004) e (Veiga, 2001)) que devem ser
referidas:

− Constrangimentos históricos e arquitectónicos. O facto de o sistema cobrir toda a


superfície opaca da fachada, sobrepondo-se ao suporte e ao revestimento neste
existente, provoca uma descaracterização da fachada, quando existe nesta um valor
histórico, cultural ou arquitectónico que interessa preservar. Esta situação é muito
comum, por exemplo, em edifícios de centros históricos, em que a sua conservação
exige o respeito e a preservação, o mais possível, da fachada e dos seus elementos
constituintes. Também o aumento de espessura das paredes de fachada, contraído pela
aplicação do sistema, pode contribuir de forma negativa em termos arquitectónicos
amotinando completamente a ideia inicial do projecto de arquitectura pela alteração
das suas dimensões e proporções relativas no espaço;

Vitor Hugo Marques Abalada 26


4 APLICAÇÃO DE ETICS EM REABILITAÇÃO

− Dificuldades de ordem técnica. Além das exigências de alguma regularidade (planeza)


e aderência (quando colado) do suporte, e de uma equipa aplicadora especializada
(com formação específica na aplicação nestes sistemas), o já referido aumento de
espessura das paredes poderá ser incompatível, em termos funcionais, com diversos
elementos da construção. Em certos casos esta situação implica a extracção e
substituição de peitoris de janelas, caixas de estores, sistemas de drenagem pluvial,
tubagens exteriores, etc., levantando algum constrangimento e incómodo à utilização
normal do edifício. Além disso, o elevado número de recortes e pontos singulares num
edifício exigem maior cuidado na aplicação, acarretando dificuldades e dispêndio de
tempo que poderão resultar em futuras anomalias;

− Custo de execução, em geral, elevado. O custo de execução de um sistema de ETICS


em construção nova é superior ao da aplicação de um sistema tradicional de parede
dupla com isolante térmico na caixa de ar. Em reabilitação, por sua vez, é considerada
uma das soluções mais radicais e consequentemente mais caras, quando comparado
com soluções como pinturas, membranas, monocamadas, revestimentos delgados
flexíveis, etc;

− Condicionamento dos trabalhos pelo estado do tempo. A correcta aplicação do sistema


está dependente da temperatura e do estado do tempo, sendo mesmo aconselhável
programar a sua aplicação, evitando situações de chuva, neve ou ventos fortes durante
as quais os trabalhos devem ser interrompidos e os suportes protegidos;

− Vulnerabilidade ao choque. A elevada fragilidade ao choque é umas das principais


condicionantes do sistema, sobretudo em zonas de grande acessibilidade e
concentração de pessoas. Esta situação é muito ponderante em edifícios públicos
como, por exemplo, escolas;

− Condicionantes de aspecto. A limitação no tipo de aspecto final poderá ser um


condicionante, principalmente em edifícios que por razões de enquadramento estético
devem manter as suas cores e aspecto geral. Apesar da grande diversidade de
acabamentos e texturas, um sistema deste tipo altera sempre o aspecto geral de uma
fachada, além disso deve possuir cores claras, de forma a reduzir a absorção de
radiação solar e consequente elevação da temperatura, e homogeneidade de cores
numa mesma fachada, evitando diferenciais de temperatura com movimentações
distintas no mesmo pano de parede.

O Quadro 4.1 apresenta de forma resumida as principais vantagens e limitações de aplicação


de um sistema de ETICS em reabilitação, aqui discutidas.

Vitor Hugo Marques Abalada 27


4 APLICAÇÃO DE ETICS EM REABILITAÇÃO

4.3 Cuidados Especiais de Aplicação

A aplicação de ETICS sobre fachadas já existentes (reabilitação) é bastante semelhante à sua


aplicação em construção nova, seguindo o procedimento já descrito no capítulo anterior,
subscrevendo as regras e procedimentos de execução aí propostas. Existem, no entanto,
alguns cuidados especiais nomeadamente os que resultam da preparação do suporte que neste
caso merecem especial atenção de forma a garantir uma adequada compatibilidade com o
sistema (aderência, estabilidade, etc.).

Quadro 4.1 – Principais vantagens e limitações de ETICS em reabilitação


Vantagens Limitações
■ Possibilidade de aplicação sobre suportes ■ Constrangimentos históricos e
heterogéneos arquitectónicos
■ Melhoria significativa do aspecto geral da ■ Dificuldades de ordem técnica
fachada
■ Custo de execução, em geral, elevado
■ Promoção da estanquidade da parede
■ Condicionamento dos trabalhos pelo estado
■ Possibilidade de absorção de pequenos do tempo
movimentos do suporte
■ Vulnerabilidade ao choque
■ Solução para zonas fissuradas
■ Condicionantes de aspecto
■ Reforço do isolamento térmico da fachada e
consequente eficiência energética
■ Possibilidade de diminuição ou eliminação
de fungos ou bolores na superfície interior
do edifício
■ Conservação do espaço interior habitável
■ Possibilidade de execução sem restrições de
ocupação do edifício

Na preparação de um suporte que recebe um sistema de ETICS, além dos cuidados gerais já
referidos no capítulo anterior e que aqui, de alguma forma, se transcrevem:

− O suporte não deverá estar molhado, respeitando os períodos de secagem mínimos;

− A superfície deve apresentar-se livre de eventuais óleos descofrantes, poeiras,


partículas desagregadas ou irregularidades superficiais significativas.

Devem ainda, tratando-se de uma fachada em reabilitação, ser respeitadas as seguintes


recomendações, adaptadas de (Lucas, 1990a) e (Freitas, 2002):

− O suporte deve ser estável ou estabilizado;

Vitor Hugo Marques Abalada 28


4 APLICAÇÃO DE ETICS EM REABILITAÇÃO

− As fissuras existentes deverão ser alvo de análise e eventualmente tratadas;

− Todos os suportes devem ser limpos e eventualmente regularizados para o


cumprimento das exigências atrás referidas;

− Suportes com revestimento de ligante hidráulico e sem acabamento, ou nos quais


tenha sido apenas aplicado um produto hidrófugo de impregnação, devem levar uma
lavagem geral com vapor ou jacto de água;

− Suportes com revestimento de ligante hidráulico e acabamento com base em ligantes


sintéticos, orgânicos ou pintura devem levar um tratamento com decapagem total do
acabamento seguida de lavagem geral do paramento com vapor ou jacto de água. Em
função dos produtos a eliminar poderá ser utilizada a decapagem química, térmica,
mecânica, com jacto de areia com água ou jacto de água a alta pressão;

− Suportes com revestimentos do tipo cerâmico ou de vidro, para além de uma lavagem
geral do paramento, devem ser analisados do ponto de vista da estabilidade dos seus
elementos, extraindo os eventuais ladrilhos que estejam descolados do suporte,
colmatando com argamassa as zonas onde estes tenham sido extraídos. Em aplicações
sobre este tipo de revestimentos é sempre necessário efectuar ensaios de aderência da
cola do sistema ao suporte;

− Os suportes em betão que apresentem degradação por corrosão das armaduras deverão
ser reparados com produtos compatíveis com a cola utilizada para fixar o isolamento
térmico;

− Deverá ser realizada uma inspecção de toda a superfície do suporte para aferir se
existem zonas em que o reboco apresente falta de aderência. Quando tal se verificar,
após a remoção desse reboco, deverão ser preenchidos os vazios de profundidade
superior a 1 cm, pois até esta profundidade as irregularidades podem ser facilmente
disfarçadas no processo de colagem das placas de isolamento ao suporte (colagem por
pontos ou em banda);

− Após a preparação do suporte devem ser realizados ensaios de aderência da cola do


sistema ao suporte.

Referir ainda que antes de se proceder a aplicação do sistema devem ser removidos da
fachada eventuais cabos ou tubagens exteriores (sistemas de drenagem pluvial, cabos
eléctricos, cabos telefónicos, tubos de gás, etc.) e tidas em atenção as condições atmosféricas
(temperatura, humidade, vento e insolação).

Vitor Hugo Marques Abalada 29


4 APLICAÇÃO DE ETICS EM REABILITAÇÃO

4.4 Escolha do Revestimento Correctivo

Segundo (Silva, 2008), encontram-se no mercado diversos tipos de revestimentos ditos


correctivos, sendo os mais correntes, por ordem crescente de envergadura, quer da resposta
técnica, quer dos custos de execução e meios envolvidos, os seguintes:

− Películas, filmes ou impregnações;

− Pinturas correntes e especiais;

− Pinturas armadas;

− Membranas flexíveis/elásticas;

− Revestimentos delgados flexíveis (massas plásticas e outros) com e sem armadura;

− Revestimentos sintéticos, rígidos, delgados e armados;

− Revestimentos espessos rígidos armados (tradicionais e monocamada);

− Revestimentos delgados armados sobre isolamento térmico (ETICS);

− Revestimentos rígidos independentes (“Bardage”).

Estes revestimentos têm como principal função corrigir as eventuais deficiências em termos
funcionais de uma fachada, não obstante de outras técnicas de reabilitação eventualmente
necessárias.

Actualmente, quando se avança para um processo de reabilitação, verifica-se que o estado


geral de degradação está de tal forma avançado que a discussão da escolha do revestimento
correctivo a aplicar assenta sobretudo nas soluções de maior envergadura (últimos da lista
mencionada), passando muitas vezes a centrar-se sobre a aplicação ou não de um sistema do
tipo ETICS.

A escolha, bem como a aplicabilidade, de uma determinada técnica ou revestimento de


reabilitação dependem de uma diversidade de características e condicionantes específicos de
cada caso, dificilmente existindo soluções-tipo aplicáveis a todos os edifícios. Segundo (Silva
e Carvalhal, 2003), num qualquer processo de decisão sobre a intervenção de reabilitação,
deve ser encontrada resposta a um conjunto de 8 questões chave que seguidamente se
discutem e de alguma forma se respondem, com base nas particularidades, vantagens e
limitações de aplicação de um sistema de ETICS:

Vitor Hugo Marques Abalada 30


4 APLICAÇÃO DE ETICS EM REABILITAÇÃO

1. Há fenómenos de instabilidade nas paredes?


Para discutir correctamente esta questão, quando a instabilidade existe, é necessário perguntar
se essa instabilidade é ultrapassável mediante a correcção ou o reforço das paredes e se as
eventuais sequelas devidas aos fenómenos de instabilidade e à sua correcção são compatíveis
com o tipo de solução pretendida. A eficácia e a própria aplicação de um sistema de ETICS
são incompatíveis com suportes onde existam deficiências de estabilidade, devendo estas ser
corrigidas antes da aplicação do sistema. Contudo, as consequências dessa intervenção de
estabilização, bem como as resultantes da própria instabilidade tais como fissuração,
desnivelamentos, heterogeneidades do suporte, etc., podem também condicionar a aplicação
de determinado tipo de revestimento correctivo e em concreto de ETICS, sendo sempre
necessária uma análise atenta ao estado do suporte.

2. Há fissuração das paredes?


A existência de fissuração nas paredes condiciona sempre a intervenção de reabilitação e deve
ser sempre alvo de uma análise cuidada, procurando conhecer-se as causas, consequências e o
seu grau de estabilização. Como já foi referido, um sistema de ETICS é solução integrante
para fissuras de pequena expressão (até 2mm de largura) e estabilizadas ou de reduzida
instabilidade (movimentos pequenos e cíclicos), existindo sempre a necessidade de entender o
tipo de fissuração existente em cada caso e em cada fissura.

3. Há perda de estanquidade das paredes?


A perda de estanquidade de uma parede só é relevante se, atendendo à sua gravidade, esta for
uma exigência que se coloque à parede em questão, considerando as suas funções, os espaços
que confina e a exposição desta à água. Um sistema de ETICS contribui de forma decisiva
para a melhoria da estanquidade à água de uma parede, constituindo uma solução para este
tipo de situações.

4. É necessário corrigir ou reforçar as características higrotérmicas das paredes?


A necessidade de corrigir ou reforçar as características higrotérmicas pode estar relacionada
com a obrigatoriedade no cumprimento do RCCTE, com as necessidades de melhoria do
conforto interior dos utentes, ou então com a melhoria do desempenho energético no âmbito
da certificação energética (SCE). Faz então sentido perguntar o quanto de reforço é
necessário, sabendo que uma solução do tipo ETICS, tal como já foi analisado, produz um
elevado reforço destas características, resultando numa excelente solução em qualquer uma
das situações referidas.

5. As paredes existentes constituem suporte mecanicamente adequado a um revestimento


correctivo aderente?
Um revestimento correctivo aderente exige, do suporte que o recebe, capacidade suficiente
para o suportar sem conduzir a situações de instabilidade das paredes. Existem revestimentos

Vitor Hugo Marques Abalada 31


4 APLICAÇÃO DE ETICS EM REABILITAÇÃO

correctivos aderentes leves e pesados, sendo os ETICS um sistema considerado leve, as


exigências colocadas neste sentido à fachada que o recebe são menores.

6. O revestimento actual das paredes é base adequada para o futuro revestimento?


Constituir base adequada significa possuir as condições de heterogeneidade, planeza,
aderência, estabilidade e de compatibilidade química e funcional, para a adequada aplicação e
funcionamento do futuro revestimento. Com um sistema de ETICS, apesar da possibilidade de
aplicação sobre diversos tipos de revestimentos, é sempre necessária uma análise e lavagem
do paramento, bem como ensaios de aderência quando existam dúvidas das duas condições de
aderência.

7. Existem factores construtivos, arquitectónicos ou outros que condicionem, de forma


decisiva, a adopção de uma determinada técnica de reabilitação?
A necessidade de preservar as características materiais, de aspecto, ou dimensões de
determinado edifício, por razões históricas, culturais, ou arquitectónicas, limita bastante a
intervenção de reabilitação, principalmente quando se pensa num sistema de ETICS em que
existe uma total sobreposição ao revestimento existente. Também as condicionantes
resultantes do aumento de espessura da parede, provocado pelos ETICS, podem ser
preponderantes na escolha da solução, quer pelas suas dificuldades de remate (esquinas,
encontros, topos, saliências, etc.), quer pelas consequências (desajustamentos e
incompatibilidades nos peitoris, ombreiras, caixas de estores, tubagens, etc.).

8. O factor económico é preponderante no processo de decisão?


O factor económico é sempre preponderante, interessa no entanto, avaliar o que será o
custo/investimento inicial e consequente amortização resultante da decisão tomada. Um
sistema de ETICS poderá resultar num retorno extremamente rápido e compensador, tendo em
conta a reabilitação térmica e consequentes ganhos em energia, conforto e durabilidade da
construção, justificando completamente o investimento inicial.

Com base nas questões discutidas, foi possível criar a matriz apresentada no Quadro 4.2 e
Quadro 4.3, como proposta de apoio à decisão na escolha de ETICS como solução de
reabilitação.

A indicação de “Aplicável” na matriz apresentada, além do seu próprio significado, transmite,


em algumas situações, vantagem na aplicação. Casos de “Aplicação Condicionada” alertam
para a existência de situações que podem condicionar decisivamente a aplicabilidade de um
sistema de ETICS, no entanto, apenas a existência de situações correspondentes a “Não
Aplicável” vão inviabilizar de imediato a sua aplicação.

Vitor Hugo Marques Abalada 32


4 APLICAÇÃO DE ETICS EM REABILITAÇÃO

Quadro 4.2 – Matriz de apoio à decisão de aplicação de ETICS em reabilitação. (Parte A)

Aplicabilidade
Características em análise Notas
ETICS
Há fenómenos de instabilidade nas paredes?
Avaliar as eventuais sequelas
A instabilidade verificada é ultrapassável mediante
C resultantes da instabilidade ou
correcção ou reforço das paredes.
da sua correcção
Há fissuração das paredes?
Estabilizado ou pequenos
A
Grau de estabilização movimentos cíclicos.
das fissuras É necessária estabilização
Instável. C
prévia
Inferior a 2mm. A
A largura das fissuras É necessária análise e
Superior a 2mm. C
tratamento prévio
Há perda de estanquidade das paredes?
A perda de estanquidade é factor de relevo, atendendo
à sua gravidade, à exposição das paredes e as funções A
dos espaços que elas confinam.
É necessário corrigir ou reforçar as características
higrotérmicas das paredes?
O reforço térmico necessário é elevado. A
Há fenómenos anómalos (condensações interiores,
A
bolores) devido a pontes térmicas.
As paredes existentes constituem suporte mecanicamente
adequado a um revestimento correctivo aderente?
Suporta revestimento aderente leve. A
Suporta revestimento aderente pesado. A
O revestimento actual das paredes é base adequada para o
futuro revestimento?
Plano sem grandes
A
irregularidades.
Condições de planeza
Irregularidades superficiais
C É necessário regularizar
superiores a 1cm.
Deve ser removido o
Condições de Fraca adesão ao suporte. C revestimento descolado ou com
estabilidade fraca adesão ao suporte
Boa agregação ao suporte. A
Devem ser sempre realizados
É necessário verificar as condições de aderência. C
testes de aderência
Há heterogeneidade de materiais. A

A-Aplicável ; C-Aplicação Condicionada ; N-Não Aplicável

Vitor Hugo Marques Abalada 33


4 APLICAÇÃO DE ETICS EM REABILITAÇÃO

Quadro 4.3 – Matriz de apoio à decisão de aplicação de ETICS em reabilitação. (Parte B)

Aplicabilidade
Características em análise Notas
ETICS
Existem factores construtivos, arquitectónicos ou outros
que condicionem, de forma decisiva, a adopção de uma
determinada técnica de reabilitação?
É relevante, por razoes históricas, culturais ou
arquitectónicas, a preservação do aspecto da fachada
N
bem como das suas características materiais ou
dimensionais.
Pontos singulares são sempre
Existem um número elevado de recortes e pormenores potenciadores de defeitos,
(esquinas, encontros, saliências, aberturas, varandas) C principalmente quando não
de difícil remate e especial atenção e execução. existem pormenores de
execução em projecto
Longo (Comprimento
superior a 15cm medido a
partir a face da fachada), sem A
deficiências de
Dimensão e funcionamento.
funcionamento dos
peitoris Sobre peitoris com deficiências,
Curto com ou sem reduzem-se as condicionantes
deficiências de C pois a intervenção de
funcionamento. reabilitação teria que passar
pela sua correcção
Mesmo com o cuidado no
Existem zonas de grande acessibilidade e concentração reforço de armadura, estas
C
de pessoas. zonas são sempre potenciadoras
de degradação
Existem cabos ou tubagens, pelo exterior, fixados à É necessário remover esses
parede (tubos de queda, gás, eléctricos, telefónicos, C elementos antes da aplicação do
etc.). sistema
O factor económico é preponderante no processo de
decisão?
Existem limitações económicas no investimento
N
inicial.
A expectativa de retorno a curto prazo é decisiva. A

A-Aplicável ; C-Aplicação Condicionada ; N-Não Aplicável

A matriz apresentada, obviamente, não possui todas as características e factores ponderantes


na aplicação de uma determinada técnica ou revestimento de reabilitação e em particular de
um sistema de ETICS, dada a grande diversidade fenómenos anómalos e particularidades
específicas em cada caso concreto. Constitui-se assim, apenas um pequeno compêndio de
apoio que em conjunto com outros existentes, ou futuros, se possa ponderar e justificar de
forma mais correcta e completa a intervenção mais indicada (técnica e economicamente) em
cada caso.

Vitor Hugo Marques Abalada 34


5 CASOS DE ESTUDO

5 CASOS DE ESTUDO

5.1 Introdução

Neste capítulo é realizada uma análise teórica e académica, com base no que foi discutido e
apresentado nos capítulos anteriores, da aplicação de ETICS a 3 edifícios da cidade de
Coimbra, distintos e com necessidades de reabilitação. Agradece-se, desde já, pela
colaboração involuntária de todos os moradores e proprietários dos edifícios analisados nas
fotografias aqui apresentadas pelo autor. Aos projectistas e construtores deixa-se o mesmo
agradecimento pela colaboração anónima e involuntária e a clara afirmação de não haver
qualquer intenção de juízo crítico de desvalorização destas obras.

Procurou-se estudar não só casos de clara vantagem e facilidade na aplicação do sistema (caso
“C”), mas também situações de clara desvantagem/inaplicabilidade (caso “B”), e um caso
intermédio (caso “A”), discutido com maior detalhe, em que a sua aplicação é possível,
embora existam um conjunto de particularidades específicas que obrigam à sua ponderação.
Este último levanta um conjunto de questões, não obstante das descritas no capítulo anterior,
sobre as quais se deve reflectir, discutindo as vantagens e limitações da aplicação de ETICS.

5.2 Caso “A”

5.2.1 Descrição Geral do Edifício

Edifício de carácter habitacional, com cerca de 38 anos (década de 70, anterior ao (RCCTE,
1990)). O suporte aparenta ser em parede dupla de tijolo com caixa de ar, sem isolamento
térmico e apresenta essencialmente duas zonas correntes de fachada, constituídas por painéis
de ladrilho cerâmico de pequena dimensão colados ao suporte (revestimento “Pastilha”) e
zona de reboco tradicional com acabamento em pintura.

O edifício apresenta-se bastante degradado, com evidentes necessidades de reabilitação e sem


vestígios de significativa manutenção. Na Figura 5.1 é representado de forma ilustrativa o
aspecto geral das fachadas.

Vitor Hugo Marques Abalada 35


5 CASOS DE ESTUDO

Figura 5.1 – Aspecto geral das fachadas no caso “A”

Em termos de arquitectura é um edifício com bastantes recortes e pormenores de previsível


dificuldade de execução em obras futuras, quer pela forma das saliências e encaixes nas
varandas, que pela forma e tipologia das janelas, quer ainda pela existência de diversos
elementos de instalações técnicas (tubos de queda, cabos eléctricos, tubagem de gás
canalizado) pelo exterior do edifício.

Na Figura 5.2 são apresentados, de forma ilustrativa, alguns detalhes e pormenores


específicos de especial interesse em futura intervenção de reabilitação, principalmente quando
se pensa em reabilitação com ETICS.

5.2.2 Descrição das Anomalias Observadas

Na Figura 5.3 são apresentados diferentes tipos de anomalias observadas, das quais se
destacam, pela sua gravidade e dificuldade de reabilitação, a fissuração e instabilidade nas
platibandas e consolas. Além destas, devem ainda referir-se alguma fissuração generalizada
do revestimento cerâmico e deteriorações provocadas pela fixação e atravessamento de
tubagens (eléctrica e gás natural).

Vitor Hugo Marques Abalada 36


5 CASOS DE ESTUDO

Pormenor da esquina de
encontro entre duas fachadas,
com ângulo superior a 90º

Pormenor e tipologia das


janelas em zona corrente de
ladrilho cerâmico.

Pormenor de janela com


ombreira em pedra natural de
pequeno comprimento e
desnível de pequena espessura
entre as diferentes zonas
correntes

Pormenor de saliências e
capeamento em varandas, com
encaixe muito apertado na
figura da direita

Pormenor do beiral e soco do


edifício

Figura 5.2 – Exemplos de características e detalhes específicos de especial interesse do caso “A”

Vitor Hugo Marques Abalada 37


5 CASOS DE ESTUDO

Descolamentos localizados do
revestimento de ladrilho
cerâmico

Fissuração horizontal e
instável na zona de ligação
entre as platibandas de
alvenaria e a laje da cobertura
em betão armado

Desagregação localizada de
elemento em betão, da
varanda, com necessidades de
reconstrução

Fissuração instável nas


consolas por deformação
excessiva das mesmas, com
infiltrações e fenómenos de
humidade na sua subface

Escorrências em varandas
fissuradas, com infiltrações e
fenómenos de humidade na
sua subface

Figura 5.3 – Exemplos de defeitos observados no caso "A"

Vitor Hugo Marques Abalada 38


5 CASOS DE ESTUDO

5.2.3 Análise da Aplicabilidade de ETICS

Como proposta de análise à aplicabilidade de um sistema de ETICS neste caso de estudo,


recorre-se primeiramente à matriz de apoio à decisão estabelecida no capítulo anterior, que
aqui se reproduz no Quadro 5.1 e Quadro 5.2, assinalando a situação observada com recurso à
Figura 5.2 e Figura 5.3.

Quadro 5.1 – Aplicação da matriz de apoio à decisão, de aplicação de ETICS em reabilitação, ao caso "A".
(Parte A)

Aplicabilidade
Características em análise Situação observada
ETICS
Há fenómenos de instabilidade nas paredes?
A instabilidade verificada é ultrapassável mediante
C 9
correcção ou reforço das paredes.
Há fissuração das paredes?
Estabilizado ou pequenos
Grau de estabilização movimentos estáveis. A 9
das fissuras
Instável. C 9
Inferior a 2mm. A 9
A largura das fissuras
Superior a 2mm. C 9
Há perda de estanquidade das paredes?
A perda de estanquidade é factor de relevo, atendendo
à sua gravidade, à exposição das paredes e as funções A 9
dos espaços que elas confinam.
É necessário corrigir ou reforçar as características
higrotérmicas das paredes?
O reforço térmico necessário é elevado. A 9
Há fenómenos anómalos (condensações interiores,
A
bolores) devido a pontes térmicas.
As paredes existentes constituem suporte mecanicamente
adequado a um revestimento correctivo aderente?
Suporta revestimento aderente leve. A 9
Suporta revestimento aderente pesado. A
O revestimento actual das paredes é base adequada para o
futuro revestimento?
Plano sem grandes
A 9
irregularidades.
Condições de planeza
Irregularidades superficiais
C
superiores a 1cm.
Condições de Fraca adesão ao suporte. C 9
estabilidade Boa agregação ao suporte. A 9
É necessário verificar as condições de aderência. C 9
Há heterogeneidade de materiais. A 9

A-Aplicável ; C-Aplicação Condicionada ; N-Não Aplicável ; 9-Verifica-se a situação

Vitor Hugo Marques Abalada 39


5 CASOS DE ESTUDO

Quadro 5.2 – Aplicação da matriz de apoio à decisão, de aplicação de ETICS em reabilitação, ao caso "A".
(Parte B)

Aplicabilidade
Características em análise Situação observada
ETICS
Existem factores construtivos, arquitectónicos ou outros
que condicionem, de forma decisiva, a adopção de uma
determinada técnica de reabilitação?
É relevante, por razoes históricas, culturais ou
arquitectónicas, a preservação do aspecto da fachada
N
bem como das suas características materiais ou
dimensionais.
Existe um número elevado de recortes e pormenores
(esquinas, encontros, saliências, aberturas, varandas) C 9
de difícil remate e especial atenção e execução.
Longo (Comprimento
superior a 15cm medido a
partir a face da fachada), sem A
Dimensão e deficiências de
funcionamento dos funcionamento.
peitoris
Curto com ou sem
deficiências de C 9
funcionamento.
Existem zonas de grande acessibilidade e concentração
C 9
de pessoas.
Existem cabos ou tubagens, pelo exterior, fixados à
parede (tubos de queda, gás, eléctricos, telefónicos, C 9
etc.).
O factor económico é preponderante no processo de
decisão?
Existem limitações económicas no investimento
N
inicial.
A expectativa de retorno a curto prazo é decisiva. A

A-Aplicável ; C-Aplicação Condicionada ; N-Não Aplicável ; 9-Verifica-se a situação

Da matriz de decisão, não considerando as questões económicas dados o âmbito e carácter


académico do trabalho, resultam como vantagens à aplicação de ETICS, a melhoria do
aspecto geral do edifício com possibilidade de colmatar as fissuras estabilizadas e de menor
dimensão, a promoção da estanquidade à água, resolvendo problemas de infiltração e
humidade, e o reforço do isolamento térmico, que neste caso, dada a inexistência de
isolamento térmico nas paredes, contribuiria de forma bastante significativa para um bom
desempenho energético e cumprimento das exigências do RCCTE. Contudo, como
condicionantes constatam-se a fissuração com necessidades de pré-estabilização (nas
platibandas e nas consolas), que comprometem a estabilidade da própria parede, as zonas de
fraca aderência do revestimento cerâmico ao suporte, o elevado número de recortes e
pormenores de difícil remate (desnível entre zona corrente, janela de formato octógona,
saliências apertadas em varandas, ângulo formado entre duas fachadas), os peitoris curtos e

Vitor Hugo Marques Abalada 40


5 CASOS DE ESTUDO

incompatíveis com o aumento de espessura da parede, a grande acessibilidade e concentração


de pessoas, a existência de tubagem diversa fixada pelo exterior e os inevitáveis testes de
aderência, principalmente se pretender aplicar o sistema sobre ladrilhos cerâmicos.

A diversidade de factores condicionantes, o seu carácter específico e a sua possibilidade de


resolução, levantam algumas questões (impossíveis de conter numa matriz genérica de
decisão) importantes na decisão e análise da aplicabilidade de ETICS neste caso em
particular, sobre as quais se faz uma pequena reflexão:

Aplicação do sistema sobre os ladrilhos cerâmicos?


É necessário avaliar a aderência dos ladrilhos ao suporte, tendo em conta os descolamentos
localizados existentes, bem como a aderência dos mesmos ao sistema de ETICS, percebendo a
possibilidade e vantagem em manter ou remover os ladrilhos aquando da aplicação do
sistema, conhecendo os custos implícitos de cada decisão.

Manter a cor e diferença de cor entre zonas correntes?


A cor predominante, vermelho, contrariamente ao que seria adequado a um sistema do tipo
ETICS, é uma cor escura, pelo que a sua permanência deva ser posta em causa, sobretudo
dada a diferença de cores entre as duas zonas correntes (vermelho e bege) que causaria um
diferencial de temperatura entre duas zonas contínuas de isolante (diferença na absorção de
radiação solar) potenciador de anomalias (principalmente fissuração). Assim, a transformação
do aspecto para uma cor clara (e.g. bege) homogénea, deve ser discutida.

Aplicação do sistema sobre varandas?


A aplicação do sistema completo (com isolante térmico) sobre as varandas, aproveitando
talvez uma forma de produção e isolamento contínuo, poderá suscitar alguma discussão,
sobretudo atendendo ao estado de degradação destas. No entanto, o elevado número de
recortes e respectivas dificuldades de remate afastam bastante esta hipótese, além disso as
perdas térmicas por estes elementos são bastante pequenas, tendo em conta a dimensão da
zona de contacto com o interior do edifício. Como proposta para estas zonas, propunha-se a
aplicação do revestimento delgado e armado do sistema, sem as placas de isolante térmico,
constituindo uma solução sem diferenças de aspecto em acabamento final e com elevado
desempenho na resposta aos problemas de aspecto, fissuração e estanquidade existentes nas
varandas.

Remate e capeamento em ombreiras e peitoris de janelas?


O acréscimo de espessura do sistema de ETICS (proporcional ao reforço térmico pretendido)
é incompatível com o curto desenvolvimento dos peitoris e ombreiras existentes, pelo que
deve ser discutida a preservação destes com sobreposição de acessórios especiais (elementos
de recobrimento) ou a substituição total de ombreiras e peitoris. Mesmo que a decisão recaia

Vitor Hugo Marques Abalada 41


5 CASOS DE ESTUDO

sobre a preservação dos peitoris, é inevitável a sobreposição do sistema sobre a ombreira,


eliminando o desnível existente. Também a existência de janelas de formato pouco comum
(octogonal) vai condicionar bastante a execução deste tipo de revestimento, exigindo um
cuidado minucioso e particular no recorte das placas de isolante à forma da abertura e uma
dificuldade tremenda no remate desta com a face interior da ombreira, tornando extremamente
difícil a aplicação do sistema nestes elementos.

Manter desnível entre zonas correntes?


Desníveis tão pequenos como o verificado (1 a 2 cm) são extremamente difíceis de manter.
Por um lado, o desnível não pode ser realizado pela alteração da espessura do revestimento
delgado, nem através do desnível entre placas de isolamento térmico contínuas, por outro
lado, é muito difícil manter a continuidade do sistema com isolante aplicado sobre a lateral
num desnível tão pequeno. Assim, a solução passaria pela realização de uma quebra na
continuidade do sistema com respectivo remate (com junta de fundo) e protecção lateral
(perfil de reforço), assistindo a um agravamento do desnível verificado, ou pela regularização
ou disfarce desse desnível, aplicando todo o sistema ao mesmo nível.

A grande acessibilidade e concentração de pessoas são factores condicionantes decisivos?


Embora sendo condicionantes, estes factores não são decisivos. O problema da grande
acessibilidade e concentração de pessoas pode ser facilmente resolvido por um reforço de
armadura (colocação de uma armadura reforçada sob a armadura normal ou duas armaduras
normais) do sistema nos pisos inferiores, ou, em complemento, pela não aplicação do sistema
junto ao solo, através de realização de um soco num material mais resistente (e.g. pedra
natural). Neste caso em particular, o piso térreo serve apenas de entrada para as habitações e
algum comércio, pelo que a concentração de pessoas não é tão preocupante, como, por
exemplo, numa escola. Além disso, existe um soco em pedra natural, sugerindo a aplicação do
sistema apenas a partir daí, reduzindo bastante o risco de contacto e degradação pelas pessoas,
não esquecendo no entanto, o referido reforço de armadura.

Aplicação contínua do sistema no encontro entre duas fachadas com canto diferente de 90º?
A aplicação do sistema de forma contínua nestas situações é bastante complicada. Por um
lado, temos a limitação nos acessórios de protecção (na sua maioria com ângulos de 90º), por
outro, o encaixe entre as placas de isolante de fachadas contíguas não vai ser compatível,
sendo necessário, por corte ou raspagem, adaptar o encontro entre as placas ao ângulo
existente.

Conclui-se assim, apesar das vantagens e aparente aplicabilidade de ETICS a este caso, que
existem demasiadas condicionantes e questões sobre as quais é preciso decidir e encontrar
resposta técnica e economicamente adequada. Esta resposta técnica, que certamente terá um

Vitor Hugo Marques Abalada 42


5 CASOS DE ESTUDO

carácter pouco convencional, poderá desencorajar a aplicação de um sistema deste tipo, além
de potenciar a novas formas de anomalias, sugerindo a análise de outras soluções.

O Quadro 5.3 apresenta, de forma resumida, as principais vantagens e condicionantes na


aplicação de ETICS neste caso concreto.

Quadro 5.3 – Principais vantagens e condicionantes na aplicação de ETICS ao caso "A"


Vantagens Condicionantes
■ Melhoria de aspecto ■ Fraca aderência do revestimento cerâmico

■ Reforço higrotérmico das paredes ■ Ângulo de encontro entre fachadas

■ Melhoria de eficiência energética ■ Desnível entre zonas correntes

■ Promoção da estanquidade resolvendo ■ Elevado número de recortes de difícil


problemas de infiltração e humidade remate nas varandas, e encaixe muito
apertado

■ Peitoris e ombreiras incompatíveis com


aumento de espessura

■ Formato octogonal de abertura em janela

■ Existência de tubagens pelo exterior

5.3 Caso “B”

5.3.1 Descrição Geral do Edifício

Edifício antigo, provavelmente do inicio do século XX, actualmente desabitado, com suporte
em alvenaria simples de pedra e revestimento em ligante hidráulico ou argamassa de cal com
pintura.

As fachadas encontram-se bastante estabilizadas, apresentando apenas degradações


decorrentes da falta de manutenção, tais como degradação ao nível da pintura, alguma
fissuração fina (largura inferior a 2 mm) e estabilizada, envelhecimento dos materiais (telhas,
caixilharias, vidros, pedra, etc.), e alguma desagregação e deterioração localizada decorrente
da utilização humana.

Em termos de arquitectura é um edifício que exige respeito na sua conservação e preservação


dado o número significativo de recortes e pormenores únicos, de difícil execução e remate.

Na Figura 5.4 é apresentado, de forma ilustrativa, o aspecto e estado geral das fachadas e seus
pormenores.

Vitor Hugo Marques Abalada 43


5 CASOS DE ESTUDO

Aspecto geral do edifício e


das suas fachadas

Pormenor da moldura das


janelas, com pequena
espessura

Pormenor de adornos sobre as


janelas e em aberturas
circulares

Pormenor de beiral, cunhal e


cornija com trabalhado
especial

Pormenor de soco, com


alguma desagregação

Figura 5.4 – Características e aspecto geral das fachadas no caso "B"

Vitor Hugo Marques Abalada 44


5 CASOS DE ESTUDO

5.3.2 Análise da Aplicabilidade de ETICS

Dadas as características arquitectónicas do edifício, existe uma grande preocupação de


preservar tanto os materiais como o aspecto das suas fachadas, o que conduz através da matriz
de decisão apresentada no capítulo 4 (Quadro 4.2 e Quadro 4.3), a uma situação de
incompatibilidade com sistemas de ETICS, que, neste caso, inviabiliza mesmo a sua
aplicação. Além disso, os constrangimentos técnicos, desde desníveis em cunhais, molduras
de janelas ou portas, adornos e trabalhados sobre as janelas e cornija, condicionariam de
forma decisiva a aplicabilidade do sistema que se demonstra totalmente desadequado para
este tipo de situações (reabilitação de edifícios antigos com valor arquitectónico).

5.4 Caso “C”

5.4.1 Descrição Geral do Edifício

Edifício de carácter habitacional, construído no inicio dos anos 80 (anterior ao (RCCTE,


1990)). O suporte aparenta ser em parede dupla de tijolo com caixa de ar e sem isolamento
térmico, apresenta essencialmente duas zonas correntes de fachada, desniveladas em cerca de
2 cm, ambas com reboco tradicional e acabamento em pintura de cor clara.

Ao nível de anomalias não há sinais de instabilidade nas paredes. Apenas são visíveis
escorrências sob os cantos das janelas, indicando deficiências de funcionamento ao nível dos
peitoris, e alguma fissuração reticulada e generalizada ao longo de todo o edifício, de pequena
largura (inferior a 2 mm), provavelmente devida a fenómenos de retracção do revestimento ou
também a movimentação de origem térmica. Esta situação denuncia fragilidades ao nível
térmico no pano exterior de alvenaria, presumivelmente de pequena espessura. As fissuras
apresentam-se colmatadas com argamassa (provavelmente uma argamassa de reparação).

Em termos de arquitectura é um edifício de linhas direitas, sem grandes recortes ou situações


de difícil remate, à excepção do desnível entre zonas correntes. Observa-se, no entanto,
alguma tubagem exterior, de gás natural e drenagem pluvial, exigindo alguma atenção em
situação de reabilitação principalmente com revestimentos do tipo ETICS.

Na Figura 5.5 é apresentado, de forma ilustrativa, o aspecto e estado geral das fachadas e seus
pormenores.

Vitor Hugo Marques Abalada 45


5 CASOS DE ESTUDO

Vista e aspecto geral das


fachadas voltadas a Norte

Vista e aspecto geral das


fachadas voltadas a Sul

Pormenor do peitoril das


janelas (com escorrências sob
os cantos) e desnível entre
zonas correntes

Pormenor de varandas e
capeamento das mesmas

Fissuração reticulada e
generalizada, tratada, ao longo
de todo o edifício

Figura 5.5 – Características e aspecto geral das fachadas no caso "C"

Vitor Hugo Marques Abalada 46


5 CASOS DE ESTUDO

5.4.2 Análise da Aplicabilidade de ETICS

Através da aplicação e análise da matriz de decisão apresentada no capítulo 4 (Quadro 4.2 e


Quadro 4.3) rapidamente se conclui que um sistema de ETICS é, neste caso, aplicável sem
grandes condicionantes e apresenta bastantes vantagens. O Quadro 5.4 apresenta, de forma
resumida, essas principais vantagens e condicionantes.

Quadro 5.4 – Principais vantagens e condicionantes na aplicação de ETICS ao caso "C"


Vantagens Condicionantes
■ Melhoria de aspecto ■ Desnível entre zonas correntes

■ Colmatação eficaz das fissuras ■ Dimensão dos peitoris incompatível

■ Melhoria da estanquidade ■ Existência de tubagens pelo exterior

■ Reforço higrotérmico das paredes

■ Melhoria de eficiência energética

Dos condicionantes apresentados apenas os problemas relacionados com o desnível, já


discutidos no caso de estudo “A” e com as tubagens exteriores são preocupantes. As
deficiências de funcionamento e concepção dos peitoris (e.g. curto desenvolvimento, ausência
de pingadeira) justificam a sua correcção numa qualquer intervenção de reabilitação,
“desculpando” o seu necessário ajuste devido aumento de espessura das paredes provocado
por um sistema de ETICS.

A facilidade de aplicação, acrescentada às claras vantagens apresentadas, das quais se


destacam o reforço higrotérmico das paredes, com consequente melhoria de eficiência
energética, justifica e encoraja a aplicação de um sistema do tipo ETICS a este caso de estudo,
assentando a decisão sobretudo em questões económicas.

Vitor Hugo Marques Abalada 47


6 CONCLUSÕES

6 CONCLUSÕES

6.1 Síntese Geral

No inicio desta dissertação estabeleceram-se como objectivos principais, os seguintes:

− Descrição das principais vantagens e limitações na aplicação de ETICS em


reabilitação;

− Desenvolvimento de uma matriz de apoio à decisão da opção de ETICS como solução


de reabilitação;

− Discutir a aplicabilidade do sistema na reabilitação de 3 edifícios na cidade de


Coimbra.

Contudo, existiam alguns objectivos que, embora não sendo principais, seriam motivo de
preocupação neste trabalho, tais como, o conhecimento e divulgação do sistema de
revestimento em estudo e das dificuldades implícitas na escolha da solução de reabilitação
mais adequada a cada caso.

Ambos os objectivos, principais e secundários, foram atingidos.

6.2 Principais Conclusões

Da discussão das principais vantagens e limitações na aplicação de ETICS em reabilitação,


como resposta ao primeiro objectivo principal, destacam-se como principais vantagens, a
melhoria significativa do aspecto geral das fachadas, a promoção ou melhoria da estanquidade
à água, o reforço do isolamento térmico com consequente aumento de eficiência energética, a
conservação do espaço interior habitável, a possibilidade de aplicação do sistema sem
restrições de ocupação e a possibilidade de constituir solução para alguns problemas de
fissuração e humidades interiores (com eventuais fungos ou bolores). Como principais
limitações evidenciam-se os constrangimentos históricos e arquitectónicos, as dificuldades de
ordem técnica (e.g. aumento de espessura da parede, remate em pontos singulares), os
condicionantes de aspecto, o condicionamento dos trabalhos pelo estado do tempo e os custos
de execução.

Vitor Hugo Marques Abalada 48


6 CONCLUSÕES

No desenvolvimento da matriz de apoio à decisão da opção de ETICS como solução de


reabilitação, apresentada no Quadro 4.2 e Quadro 4.3, foram discutidas, com base nas
características e particularidades dos ETICS, um conjunto de 8 questões chave na escolha de
um revestimento correctivo (Silva e Carvalhal, 2003), que aqui se transcrevem:

1. Há fenómenos de instabilidade nas paredes?

2. Há fissuração das paredes?

3. Há perda de estanquidade das paredes?

4. É necessário corrigir ou reforçar as características higrotérmicas das paredes?

5. As paredes existentes constituem suporte mecanicamente adequado a um revestimento


correctivo aderente?

6. O revestimento actual das paredes é base adequada para o futuro revestimento?

7. Existem factores construtivos, arquitectónicos ou outros que condicionem, de forma


decisiva, a adopção de uma determinada técnica de reabilitação?

8. O factor económico é preponderante no processo de decisão?

Foram por fim analisados 3 casos de estudo - 3 edifícios da cidade de Coimbra - onde se
testou a aplicabilidade de ETICS com base na matriz de decisão estabelecida. Com base nesta
análise, conclui-se que a matriz desenvolvida constitui seguramente um apoio à decisão e
análise da aplicabilidade do sistema, levantando as principais vantagens, condicionantes e
limitações de aplicação. No entanto, como se constatou, pode existir um conjunto de questões
particulares e específicas, impossíveis de conter numa matriz de decisão genérica, que pode
condicionar bastante e até inviabilizar a aplicação do sistema. Deve, por isso, efectuar-se
sempre uma análise crítica e profunda em cada questão e em cada caso, a fim de tomar a
melhor decisão técnica e económica.

Conclui-se ainda, como resposta aos objectivos secundários, que os sistemas de ETICS são
bastante sensíveis do ponto de vista da aplicação, principalmente quando em reabilitação, com
carência de pormenores construtivos para as situações menos comuns. Salienta-se a sua
grande dificuldade de adaptação aos edifícios existentes, principalmente em aberturas de
forma pouco convencional, cantos e encontros de fachadas com ângulos diferentes de 90º,
saliências e desníveis. São extremamente indicados em fachadas planas, sem grandes recortes,
sem limitações de aspecto (valor histórico, arquitectónico, ou inseridas num determinado
enquadramento estético) e onde existam carências ou deficiências a nível térmico, de
estanquidade à água e de aspecto geral da fachada.

Vitor Hugo Marques Abalada 49


6 CONCLUSÕES

6.3 Aspectos a Desenvolver/Trabalhos Futuros

Concluída a presente dissertação, interessaria em trabalhos futuros aprofundar a matriz de


decisão estabelecida, levantando novas questões, ou até desenvolvimento de uma matriz
complementar que aborde novas perspectivas de análise.

Seria também do maior interesse uma análise prática mais rigorosa dos casos de estudo
apresentados (ou outros), com desenvolvimento de pormenores de projecto, encontrando
resposta técnica às situações menos convencionais de remate, ou a elaboração de uma análise
comparativa dos custos e ganhos energéticos decorrentes da reabilitação com um sistema de
ETICS.

Vitor Hugo Marques Abalada 50


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANSELMO, Isabel; NASCIMENTO, Carlos; MALDONADO, Eduardo (2004). “Reabilitação


Energética da Envolvente de Edifícios Residenciais”, DGGE / IP-3E, Lisboa.
CASTRO, José. (2008). “ETICS – do Projecto à Execução”, Palestra da Robbialac,
Tektónica, Lisboa.
CEE (1988). “Directiva do concelho de 21 de Dezembro de 1988 relativa à aproximação das
disposições legislativas, regulamentares e administrativas dos estados-membros no que
respeita aos produtos da construção”. DIRECTIVA 89/106/CEE DO CONSELHO de 21
de Dezembro.
EOTA (2000). “Guideline for European Technical Approval of External Thermal Insulation
Composite Systems with rendering”. ETAG n.º 004, Brussels.
FALORCA, J. G. Furtado (2004). “Modelo para plano de inspecção e manutenção em
edifícios correntes”, Tese de Mestrado, Departamento de Engenharia Civil da Universidade
de Coimbra, Coimbra.
FEITAS, Vasco Peixoto. (2002). “Isolamento térmico de fachadas pelo exterior – Sistema
HOTSKIN”. Relatório HT 191A/02, MAXIT – Tecnologias de Construção e Renovação,
Lda. Porto.
LNEC (1996). “Curso de Especialização sobre Revestimentos de Paredes”. Laboratório
Nacional de Engenharia Civil. Lisboa.
LUCAS, J. A. Carvalho (1990a) – “Classificação e descrição geral de revestimentos para
paredes de alvenaria ou betão”. ICT Informação Técnica Edifícios - ITE 24. LNEC.
Lisboa.
LUCAS, J. A. Carvalho (1990b) – “Exigências funcionais de revestimentos de paredes”. ICT
Informação Técnica Edifícios - ITE 25. LNEC. Lisboa.
PAIVA, José A. Vasconcelos. (2000). “Medidas de Reabilitação Energética em Edifícios”,
Comunicação apresentada ao Workshop “Reabilitação energética de edifícios em zonas
urbanas: O caso da habitação social”, Lisboa.
RCCTE (1990). “Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos
Edifícios”. Decreto-Lei n.º 40/90 de 6 de Fevereiro.

Vitor Hugo Marques Abalada 51


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RCCTE (2006). “Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos


Edifícios”. Decreto-Lei n.º 80/2006 de 4 de Abril.
ROSENBOM, Kim; GARCIA, João. (2003). “Isolamento térmico de fachadas pelo exterior –
ETICS”. 3.º ENCORE, LNEC, Lisboa.
SILVA, J.A.R. Mendes da; TORRES, Maria Isabel M; CARVALHAL, Mário J.T. (2003).
“Envelhecimento Natural e Patologia de Revestimentos Delgados Armados Sobre
Isolamento Térmico, em Paredes de Fachadas”. 2.º Simpósio Internacional sobre Patologia,
Durabilidade e Reabilitação de Edifícios, LNEC, Lisboa.
SILVA, J.A.R. Mendes da; CARVALHAL, Mário J.T. (2003). “Reabilitação Geral de
Fachadas de Alvenaria de Construção Recente, Gravemente Fissurada, Caso de Estudo”.
3.º ENCORE, LNEC, Lisboa.
SILVA, J.A.R. Mendes da. (2008). “ETICS – Pensar o Projecto”. Palestra da Robbialac,
Tektónica, Lisboa.
VEIGA, M. Rosário. (2001). “Sistemas de Isolamento Térmico pelo Exterior (ETICS)”,
Arquitectura e Vida, pp.70-75. Lisboa.

Vitor Hugo Marques Abalada 52

Você também pode gostar