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Estudo da Configuração Económica de Lajes

Fungiformes em função da sua Geometria e


Materiais
Dissertação apresentada para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil
na Especialidade de Mecânica Estrutural

Autor
Micael de Oliveira Trindade
Orientador
Professor Doutor Luís Filipe da Costa Neves

Coimbra, Setembro, 2009


AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar expresso o meu apreço ao Professor Doutor Luís Filipe da Costa Neves,
pelo incentivo e orientação recebida, pela sua total disponibilidade e paciência (sem esquecer
a forma sempre amiga com que acompanhou o meu trabalho), o meu profundo
reconhecimento, gratidão e amizade.

Agradeço a todos os colegas do perfil de Mecânica Estrutural e Estruturas, pelo apoio e


incentivo que me prestaram, em particular ao Marco “Xico”, Ricardo Carmona e ao Ramiro
por estarem sempre disponíveis quando precisei.

Agradeço a todos os amigos, que de uma forma ou de outra me apoiaram e me incentivaram


na realização desta tese.

Agradeço de uma forma especial à Rita pelo carinho e pela paciência que teve devido às
inúmeras horas que estive ausente.

E por fim, quero expressar o meu profundo e sentido agradecimento à minha família, em
particular aos meus pais e à minha irmã pela força e incentivo com que sempre me apoiaram,
e pelo enorme esforço que fizeram para eu chegar até a esta grande etapa da minha vida.

ii
RESUMO

As lajes fungiformes, maciças ou aligeiradas, constituem uma solução particularmente


atractiva em edifícios, em virtude da versatilidade que permitem, em termos arquitectónicos, e
da economia que lhes está associada.

O presente trabalho visa o estudo da configuração económica para lajes fungiformes de


acordo com a sua geometria e classe de betão adoptados de projecto. Numa primeira fase é
efectuada uma breve referência histórica relativamente à utilização de lajes fungiformes.
Seguidamente indicam-se vários sistemas usuais de aplicação deste tipo de lajes, bem como as
principais características de cada solução construtiva.

Quanto à concepção e pré-dimensionamento referente a este tipo de solução, são descritos os


vários métodos de análise, desde aos métodos de análise exactos aos métodos simplificados
de acordo com a regulamentação existente em vigor, sem esquecer a análise ao estado limite
último de punçoamento.

Para a realização do estudo paramétrico são descritos os diversos modelos de lajes


fungiformes estudados, variando o tipo de vão, espessura de laje e classe de resistência do
betão, com o intuito de abranger o máximo de situações correntes em projecto, de modo a que
os resultados obtidos cubram uma gama de valores representativa dos parâmetros usualmente
adoptados em projecto.

Relativamente à análise de resultados são apresentados gráficos que permitem compreender o


comportamento das lajes fungiformes relativamente às suas deformações, esforços e
consumos, e com isto traçar um gráfico global relativo ao custo para cada modelo, com o
objectivo de encontrar a melhor configuração económica de acordo com a sua geometria e
material.

iii
ABSTRACT

Solid or waffle flat slabs are a very attractive solution for buildings, due to the high versatility
they provide, related to architectural and economical aspects.

This work deals with the study of the economical configuration for flat slabs, according to
their geometry and concrete class adopted in the design. An historical overview of the use of
this system is presented, followed by a presentation of the main features of usual systems,
from the technological and constructive points of view.

The most common methods of analysis are also referred and discussed, covering the exact
analytical formulations, approximate methods, and design codes approaches. Also, reference
to the punching shear ultimate limit state is made as well.

A parametric study is performed, varying the configuration of spans, the length of the span,
the slab type (solid or waffle slab), the slab thickness, and the concrete compressive strength,
thus covering a significant range of parameters usually adopted in the design of buildings.

The results from this study are presented in the form of curves, comparing the values of
deformations, internal forces and quantities of materials used according to the referred
varying parameters. Also, the cost of each model may be derived from this analysis, and a
final chart comparing all the studied solutions is presented, aiming at providing the most
economical solution for these slabs according to its geometry and material.

iv
ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
2 LAJES FUNGIFORMES EM EDIFÍCIOS ........................................................................ 3
2.1 Definição básica de laje fungiforme .................................................................................. 3
2.2 História e futuro de lajes fungiformes ............................................................................... 3
2.3 Apresentação de Lajes Fungiformes ................................................................................. 6
2.4 Sistemas usuais .................................................................................................................. 7
2.4.1 Laje Fungiforme Maciça ............................................................................................. 7
2.4.2 Laje Fungiforme Aligeirada ........................................................................................ 8
2.4.2.1 Laje Fungiforme Aligeirada com blocos perdidos ................................................... 9
2.4.2.2 Laje Fungiforme Aligeirada com blocos recuperáveis ........................................... 11
2.4.2.3 Laje Fungiforme Aligeirada com blocos especiais ................................................ 12
2.5 Geometria, dimensão e características básicas de lajes fungiformes .............................. 17
2.5.1 Distância e orientação das nervuras .......................................................................... 17
2.5.2 Geometria das nervuras ............................................................................................. 18
2.5.3 Maciços junto dos pilares .......................................................................................... 20
2.5.4 Capitéis ...................................................................................................................... 22
2.5.5 Camada de compressão ............................................................................................. 22
3 CÁLCULO E MODELAÇÃO DE LAJES FUNGIFORMES ........................................ 24
3.1 Concepção e pré-dimensionamento ................................................................................. 24
3.1.1 Espessura mínima face às deformações .................................................................... 25
3.2 Análise qualitativa do cálculo de esforços ...................................................................... 25
3.3 Métodos de análise .......................................................................................................... 26
3.3.1 Método das Grelhas ................................................................................................... 27
3.2.2 Método dos elementos finitos.................................................................................... 29
3.2.3 Método dos pórticos equivalentes ............................................................................. 31
3.2.4 Método directo de análise (ACI) ............................................................................... 38

v
3.3 Estado limite último de punçoamento ............................................................................. 41
3.3.1 Mecanismos de rotura ao punçoamento .................................................................... 42
3.3.2 Mecanismo de resistência ao punçoamento .............................................................. 43
3.3.3 Verificação da segurança ao punçoamento ............................................................... 43
3.3.4 Cálculo do esforço de corte solicitante segundo EC2 ............................................... 44
3.3.5 Resistência ao punçoamento de lajes sem armadura específica de punçoamento.........
segundo EC2 .............................................................................................................. 45
3.3.6 Armaduras de punçoamento segundo EC2................................................................ 45
3.4 Passos de cálculo para a concepção e dimensionamento de lajes fungiformes ............... 45
3.5 Modelação de lajes fungiformes em “Robot” e “Cypecad” ............................................ 46
3.5.1 Laje Fungiforme maciça ............................................................................................ 47
3.5.2 Laje Fungiforme aligeirada com blocos perdidos ..................................................... 48
3.6 Análise e comparação de resultados ................................................................................ 49
4 ESTUDO PARAMÉTRICO ............................................................................................... 53
4.1 Introdução ........................................................................................................................ 53
4.2 Geometria e características dos modelos ......................................................................... 53
4.2.1 Vãos.. ......................................................................................................................... 54
4.2.2 Espessuras das lajes ................................................................................................... 55
4.2.3 Caracterização dos materiais ..................................................................................... 56
4.2.4 Acções verticais ......................................................................................................... 58
4.2.5 Vigas de bordadura .................................................................................................... 59
4.2.6 Pilares ........................................................................................................................ 59
4.2.7 Resumo dos modelos a estudar.................................................................................. 60
5 ANÁLISE DE RESULTADOS........................................................................................... 61
5.1 Deformações .................................................................................................................... 61
5.2 Momento Flector Positivo e Negativo segundo a direcção x e y (Mx, My) ..................... 69
5.3 Consumos ........................................................................................................................ 73
5.3.1 Consumo de Aço ....................................................................................................... 73
5.3.2 Consumo de betão ..................................................................................................... 81
5.3.3 Consumo de blocos de aligeiramento (Fungibloco) .................................................. 83

vi
5.4 Custos… .......................................................................................................................... 83
6 CONCLUSÕES.................................................................................................................... 91
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 94

vii
SIMBOLOGIA

Letras maiúsculas latinas

A Área da secção
Asp Área total de armadura de punçoamento necessária
B Largura total de viga virtual
Gk Valor característico da acção permanente
I Momento de inércia da secção
J Inércia de torção
L Vão livre entre apoios
M Momento flector
Mo Momento flector total entre positivos e negativos
MEq Momento flector equivalente
Mxy Momento torsor
Qk Valor característico da acção variável
R Reacção de apoio
V Esforço transverso
VSd Esforço transverso actuante
VRd,c Valor de cálculo da resistência ao punçoamento de uma laje sem armadura de
punçoamento, ao longo da secção de controlo considerada
VRd,cs Valor de cálculo da resistência ao punçoamento de uma laje com armadura de
punçoamento, ao longo da secção de controlo considerada
VRd,max Valor de cálculo da resistência máxima ao punçoamento, ao longo da secção de
controlo considerada

Letras minúsculas latinas

b Espessura das nervuras


be Largura efectiva de laje fungiforme
c Largura do maciço; largura do pilar
d Altura útil da secção
e Distância entre o centro de gravidade de uma chapa perfilada de aço e a fibra
ep Espessura da capa de compressão

viii
fck Valor característico da tensão de rotura do betão à compressão aos 28 dias de idade
fywd,ef Tensão de cálculo efectiva da armadura de punçoamento
h Espessura da laje
u Perímetro de controlo
vmin Valor mínimo de cálculo do esforço transverso resistente

Letras minúsculas gregas

α Factor; parâmetro
γg Coeficiente parcial para acções permanentes
γq Coeficiente parcial para acções variáveis
δ Deformação
ρs Taxa de armadura
ΔM Variação do momento flector

Siglas

ACI American Concrete Institute


AVB Acção Variável Base
EC2 Eurocode 2
ELU Estado Limite Último
RSA Regulamento de segurança e acções para estruturas de edifícios e pontes

ix
Estudo da Configuração Económica de Lajes
Fungiformes em Função da sua Geometria e
Materiais 1 INTRODUÇÃO

1 INTRODUÇÃO

Hoje em dia, quando se projecta um determinado edifício em betão armado, uma das dúvidas
que se coloca com alguma frequência, reside na incerteza de qual a solução a adoptar
relativamente ao tipo de lajes, lajes vigadas ou lajes fungiformes.

A construção de edifícios de betão armado com sistemas de lajes vigadas, têm sido muito
utilizados nos últimos anos em Portugal, contudo, a recorrência a este tipo de solução tem
vindo gradualmente a diminuir, dando lugar ao sistema de lajes fungiformes.

Presentemente, cada vez mais os vãos dos edifícios são maiores, superando com relativa
frequência os 7 metros, facto relevante que justifica a adopção de lajes fungiformes face às
lajes vigadas. No entanto, para vãos menores, o sistema de lajes fungiformes continua a ser
uma excelente solução, tanto a nível funcional como económico.

Visto que este sistema tem vindo a ser cada vez mais utilizado tanto em edifícios de
escritórios como em edifícios residenciais, e com clara tendência a progredir no mercado, é de
todo espectável a elaboração de um estudo de configuração económica para este tipo de
solução.

Após as presentes considerações iniciais onde se justifica o interesse do tema da presente tese,
descrevem-se sucintamente os restantes capítulos.

No Capitulo 2 – Lajes Fungiformes em Edifícios, inicia-se com uma breve definição e


referência histórica relativa a laje fungiformes. Indicam-se os sistemas usuais para este tipo de
lajes, e as principais características de cada solução construtiva.

No Capitulo 3 – Cálculo de Modelação de Lajes Fungiformes, é explicitado a concepção e


pré-dimensionamento referente a este tipo de solução. São descritos os vários métodos de
análise, desde aos métodos de análise exactos aos métodos simplificados de acordo com a
regulamentação existente em vigor, sem esquecer a análise o estado limite último de
punçoamento.

Ainda assim, modelaram-se dois modelos de laje fungiformes em dois softwares de cálculo,
analisando e comparando os resultados obtidos entre eles, de forma a garantir a fiabilidade do
software escolhido para a realização do estudo paramétrico.

Micael de Oliveira Trindade 1


Estudo da Configuração Económica de Lajes
Fungiformes em Função da sua Geometria e
Materiais 1 INTRODUÇÃO

No Capitulo 4 – Estudo Paramétrico, são descritos os diversos modelos de lajes


fungiformes estudados, variando o tipo de vão, espessura de laje e classe de resistência do
betão, com o intuito de abranger o máximo de situações correntes em projecto, de modo a que
os resultados obtidos proporcionem uma boa análise.

Desses modelos, são extraídos:

• Esforços de dimensionamento,
• Deformações,
• Quantidade de aço por m2,
• Quantidade de betão por m2,
• Quantidade de blocos de aligeiramento por m2, para as lajes aligeiradas.

No Capitulo 5 – Análise de Resultados, são apresentados os resultados obtidos dos modelos


estudados, que nos permitirão compreender o comportamento das lajes fungiformes
relativamente às suas deformações, esforços e consumos, e com isto estimar um custo para
cada modelo, com o objectivo de encontrar a melhor configuração económica de acordo com
a sua geometria.

No Capitulo 6 – Conclusões, são sumariadas as principais conclusões referentes a


deformações, consumos e custos, resultantes da elaboração do presente trabalho.

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Materiais 2 LAJES FUNGIFORMES EM EDIFICIOS

2 LAJES FUNGIFORMES EM EDIFÍCIOS

2.1 Definição básica de laje fungiforme

Designam-se por lajes fungiformes as lajes contínuas apoiadas directamente em pilares,


armadas em duas direcções ortogonais configurando uma placa nervurada e que podem ser
aligeiradas nas zonas centrais dos vãos. Estes tipos de lajes, maciças ou aligeiradas,
transferem as suas acções directamente para os pilares sem a interferência explícita de vigas
aparentes (Martins, 2003).

2.2 História e futuro de lajes fungiformes

O aparecimento das lajes fungiformes deve-se essencialmente à invenção e desenvolvimento


do betão armado, desde que J.Monier (1867) e L.Lambot (1849) criaram as primeiras patentes
sobre este.

Em 1852 François Coignet e em 1854 William Wilkinsen iniciaram a realização de


pavimentos de betão armado (lajes e vigas) os quais se tornaram na maior aplicação deste
material até à época actual.

No final do século XIX são já vários os estudos publicados sobre o betão armado (Coignet,
Considère, Mesnager) teorizando o comportamento à flexão, tendo em 1897 sido criada a
primeira disciplina de Betão Armado na ENPC – École National de Ponts et Chaussées
(Paris). As patentes tornam-se nesta altura cada vez mais numerosas (Cottancin, Monnoyer,
Hyatt).

O início do século XX é caracterizado por um desenvolvimento extraordinário na utilização e


compreensão do funcionamento e possibilidades do betão armado. Esse desenvolvimento está
associado à realização de numerosas patentes onde se indicam as bases de cálculo e as
disposições de armaduras adoptadas para diversos elementos estruturais.

De entre essas patentes há que citar e distinguir em primeiro lugar o Sistema Hennebique,
criado por François Hennebique, construtor belga com a sua empresa sediada em Paris, em
que esse sistema estrutural é caracterizado pela introdução de estribos nas vigas, ligando os
varões traccionados à zona de betão comprimido. Os estribos eram constituídos por chapas de
aço de secção rectangular dobradas em forma de U.

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Estudo
o da Configuração Económica de Lajes
Fungiformes em Função da sua
a Geometria e
Materiais 2 LAJES FUNGIFORMES EM EDIFICIOS

Com isto, através da influência inicial de emigrantes europeus, e depois com todo o seu
poderio
io industrial, os Estados Unidos lideraram empírica e teoricamente o desenvolvimento
de lajes em betão armado em todas as suas variantes, tanto a nível empírico como teórico, a
ponto que a sua norma ACI-318
ACI 318 passou a ser a referência obrigatória no desenho, cálculo e
construção de lajes maciças com vigas e sem vigas.

Consequentemente a primeira laje plana foi construída em 1906 em Minneapolis, Minnesota,


por C.A.P. Turner, resultando então um êxito comercial, que proporcionou a construção de
mais de 1000 estruturas
truturas nos sete anos posteriores.
Ainda nos Estados Unidos, Nichols publica em 1914, uma monografia de 12 páginas, onde
baseando-se
se na estática, estabeleceu o momento total entre momentos negativos e momentos
positivos que se deveria ter presente para
p o dimensionamento das lajes (figura
( 2.1).

Figura 2.1
2 – Proposta de Nichols (1914).

- (2.1)

Mais tarde, em 1921, é publicada na norma americana ACI uma nova fórmula, algo
contestada e difícil de explicar, pelo facto de terem trocado o coeficiente 0,125 por 0,09.

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2c 2
M0 =0,09.p.B.L2 . 1-  (2.2)
3L

Ao longo dos anos precedentes foram surgindo novas expressões, nomeadamente, em 1969,
através da norma CP114 (expressão 2.3), e em 1977 na norma americana ACI-318 (expressão
2.4).
2c 2
M0 =0,1.p.B.L2 . 1-  (2.3)
3L

c 2
M0 =0,125.p.B.L2 . 1-  (2.4)
L

No entanto, os primeiros esquemas de lajes fungiformes foram propostos pelos russos


Nuraskev e Bichkov em 1933, um primeiro esquema sem camada de compressão, e um
segundo com camada de compressão. Assim as lajes fungiformes que actualmente
empregamos com blocos perdidos e recuperáveis, nasce de uma forma natural da laje maciça,
procurando um aligeiramento e reduzindo ao mínimo as nervuras necessárias para resistir ao
seu peso próprio e às cargas de serviço.

Quanto ao futuro deste tipo de lajes, é sempre difícil especular de uma forma correcta
qualquer diagnóstico relativamente a este, pois hoje em dia existe um grande poder de
marketing agressivo, sustentado pelos meios de comunicação, que pode alterar a evolução
lógica de qualquer situação no consumo previsível de um produto pelo outro. É provável que
este tipo de lajes esteja num estado evolutivo final, pois, embora sejam demasiadas as
vantagens funcionais e económicas que derivam destas, as suas deficiências mecânicas
evidentes não podem ser superadas com uma maior qualidade de materiais ou processos
construtivos mais cuidadosos e eficientes.

Consequentemente, as lajes fungiformes penetraram cada vez mais no mercado, sobretudo as


lajes fungiformes de blocos perdidos, pelas razões que se seguem: (Tesoro, 2003)

• Cada vez é mais difícil por motivos funcionais e por exigências de instalações ver
vigas aparentes que não estejam afectadas por perfurações e orifícios;
• A cofragem recuperável proporciona rapidez, e permite armazenar material sobre os
pisos em construção proporcionando maior segurança aos operários;
• Tanto o conhecimento teórico como construtivo é cada vez maior nestas;
• Permitem aumentar a resistência ao fogo de forma versátil;

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• Economicamente estão equiparáveis às lajes unidireccionais.

Quanto às lajes fungiformes de blocos recuperáveis, estas resultam para pisos com grandes
vãos e grandes cargas. Este tipo de laje compete com os pré-fabricados de lajes alveolares na
construção de edifícios industriais.

Quando existem sérios problemas de esforço transverso, a melhor opção é sem dúvida a laje
maciça, com a desvantagem de a armadura de esforço transverso ser complexa e nem sempre
é executada de forma eficaz e cuidadosa.

Conclusivamente ao descrito anteriormente, há que ter em conta que cada vez mais os vãos
dos edifícios vão sendo maiores, superando com relativa frequência os 7 metros. Se esta
tendência se consolida e aumenta, é muito provável que voltem a surgir as vigas de canto e
consequentemente a utilização de tectos falsos para as ocultar (Tesoro, 2003).

2.3 Apresentação de Lajes Fungiformes

As lajes fungiformes pertencem à categoria das lajes planas e dividem-se basicamente em três
grupos distintos:

• Unidireccionais;
• Bidireccionais (Aligeiradas com blocos perdidos ou recuperáveis);
• Multi-direccionais (Maciças).

Deixando de parte as unidireccionais, podemos classificar de uma forma mais ampla as lajes
fungiformes, tal como se pode observar no quadro seguinte.

Quadro 2.1 – Classificação de lajes fungiformes (Tesoro, 2003).

Armadas
Maciças
Pós-tensionadas
Cerâmicos
Com blocos
Betão
perdidos
Betão Leve
Lajes Com blocos Armados
Fungiformes recuperáveis Pós-tensionados
Aligeiradas
Poliestireno
Metálicos
Com blocos
Plásticos
especiais
Fibras
etc.

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Com um vasto leque de opções que este tipo de lajes proporciona, estas são cada vez mais
usadas na construção de edifícios em betão armado pelas enumeras vantagens que oferecem,
tais como:

• Menor espessura, implica menor altura do edifício;


• Tectos planos, facilita a instalação de condutas;
• Facilidade de colocação de divisórias;
• Simplicidade de execução, menor custo.

No entanto também existem alguns problemas resultantes da utilização deste tipo de lajes,
muitas vezes associados ao facto dos apoios terem dimensões reduzidas, nomeadamente:

• Concentração de deformações nos apoios e deformabilidade em geral;


• Concentração de esforços nos apoios (Flexão e punçoamento);
• Flexibilidade às acções horizontais;
• Comportamento sísmico.

2.4 Sistemas usuais

2.4.1 Laje Fungiforme Maciça

Em lajes maciças a trajectória de cargas é feita de uma forma multi-direccional, progredindo


para os pilares que a suportam (Figura 2.2).

Figura 2.2 – Laje Maciça (Tesoro, 2003).

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Estas são utilizadas em vãos na ordem dos 4 a 6 metros para cargas de utilização de valor
moderado. Para cargas e/ou vãos maiores, a espessura necessária para transmitir as acções
verticais aos pilares excede a exigida pela flexão, como tal procede-se ao espessamento da
laje junto ao pilar e/ou alargamento da secção da zona superior deste, formando um capitel. O
espessamento da laje que usualmente se estende cerca de um sexto do vão para cada lado do
pilar, fornece uma resistência aos momentos e esforços de corte na região do pilar. Este tipo
de solução é usado em edifícios para vãos de 6 a 10 metros (Tesoro, 2003).

2.4.2 Laje Fungiforme Aligeirada

Este tipo de lajes é constituído por um sistema de nervuras nas duas direcções, combinado
com uma zona maciça junto do pilar e eventualmente com vigas no alinhamento dos pilares
que se designam por bandas de acerto, com altura igual à espessura da laje. O uso deste tipo
de bandas permite uma maior resistência para transmitir esforços transversos e momentos aos
pilares, fornecendo maior resistência e rigidez para receber forças horizontais (Martins 2003).

Quanto à zona de aligeiramento, esta pode ter dimensões variadas, que resultam em geral das
disposições regulamentares que indicam as condições para que as lajes aligeiradas possam ser
tratadas como lajes maciças para efeitos de análise.

Do sistema de nervuras ortogonais com zona maciça junto ao pilar resulta uma rigidez e
comportamento idêntico à laje maciça com espessamento na região do pilar.

As cargas verticais são transferidas para os pilares segundo trajectórias rectilíneas ortogonais,
quebradas através das nervuras (Figura 2.3).

Figura 2.3 – Laje Aligeirada (Tesoro, 2003).

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Este tipo de solução é normalmente utilizado para vãos entre os 6 e os 12 metros (Tesoro,
2003).

2.4.2.1 Laje Fungiforme Aligeirada com blocos perdidos

Inicialmente as lajes fungiformes, devido ao uso de abobadilhas cerâmicas na construção


tradicional de lajes unidireccionais, começaram por ser construídas com blocos perdidos do
mesmo género. No entanto devido à dificuldade de construção e ao seu custo, assim como a
sua fragilidade e a sua tendência à rotura, as lajes fungiformes com blocos cerâmicos (figura
2.4), não se estabeleceram no mercado.

Figura 2.4 – Laje Aligeirada com abobadilha cerâmica (Tesoro, 2003).

Consequentemente, surgiram os blocos perdidos em betão, dos quais os mais produzidos


industrialmente em Portugal, são aqueles que em conjunto formam uma quadrícula de 75x75
cm. Esta quadrícula pode ser formada por grupos de 3,4 ou 6 peças, tal como se pode observar
na figura seguinte.

Figura 2.5 – Esquemas básicos da distribuição de blocos ocos em betão.

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A escolha do número de peças a utilizar, é uma decisão que cabe aos projectistas juntamente
com a empresa construtora, em função do custo de cada peça. No entanto quanto maior o
número de peças que constitui uma quadricula de aligeiramento, melhor e mais facilmente é a
adaptação relativamente a modelações geométricas complexas e, portanto, menor será o
consumo de betão. Há que ter em conta que o peso destas, influência o rendimento dos
operários, pois uma peça de uma quadricula de seis não se transporta de igual forma que uma
de uma quadricula de três, que pesa o dobro.

Com isto surgiram blocos de aligeiramento em betão leve, o que fez com que cada bloco
baixasse cerca de 25% do seu peso em relação aos de betão tradicional. No entanto estes não
tiveram grande aceitação no mercado devido ao seu maior custo, contudo apresentavam
qualidades técnicas interessantes: (Tesoro, 2003)

• Menor peso e, portanto, menor carga permanente.


• Maior isolamento térmico.
• Maior facilidade de manejamento e, por consequência, maiores rendimentos
construtivos.

Relativamente à constituição de lajes fungiformes de blocos perdidos, estas são constituídas


por uma zona maciça junto aos pilares e por blocos perdidos que formam as quadrículas de
aligeiramento, geralmente com dimensões de 75x75 cm, espaçadas entre si por nervuras que
podem variar entre os 10 e os 15 cm, e por uma camada de compressão variando entre 5 e 6
cm (figura 2.6).

Figura 2.6 – Secção transversal de uma laje fungiforme com blocos perdidos.

Micael de Oliveira Trindade 10


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2.4.2.2 Laje Fungiforme Aligeirada com blocos recuperáveis

Esta tipologia é talvez a mais conhecida e empregue internacionalmente, quando os vãos


superam os 7 ou 8 m entre apoios.

O aligeiramento deste tipo de lajes (figura 2.7) é realizado pela utilização de moldes de
plástico de dimensões standard reutilizáveis, em que estes são utilizados como cofragem da
laje e ao mesmo tempo como aligeiramento da mesma. Possuem uma forma tronco-piramidal
de arestas arredondadas, em que, uma vez alcançada a presa do betão, são recuperados para
uso posterior.

Figura 2.7 – Aspecto de laje com moldes recuperáveis (Tesoro, 2003).

Actualmente a espessura mínima das nervuras neste tipo de lajes, tende a ser de 12 cm, no
entanto apenas por uma imposição inadequada da Norma de Segurança ao Fogo pode
justificar-se o aumento da espessura desta (Tesoro, 2003). Contudo, a utilização de espessuras
acima de 12 cm, foge ao conceito puro de laje fungiforme e a um encarecimento
absolutamente desnecessário, tornando-se pouco competitivo relativamente a outro tipo de
lajes.

Devido à grande rigidez geométrica imposta pelos moldes de 68x68 cm, há que ter um
cuidado adicional, quanto à modelação destes em planta. Se essa modelação não se realizar
adequadamente, os maciços junto aos pilares e vigas de bordo tornar-se-ão maiores que o
previsto, aumentando assim de forma anormal os consumos de betão e o peso da laje. Para
tentar evitar este tipo de situação, existem os semi-moldes (figura 2.8), que permitem ajustar
com mais facilidade as modulações, sem necessidade de as configurar em múltiplos de 0,80
m.

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Figura 2.8 – Exemplos de aplicação dos semi-moldes (Tesoro, 2003).

2.4.2.3 Laje Fungiforme Aligeirada com blocos especiais

Para além dos tipos de blocos de aligeiramento já mencionados anteriormente, existe um


conjunto de outros, os quais se podem classificar como blocos especiais. Estes, tal como o
próprio nome indica, apenas são usados em circunstâncias especiais, pois os sistemas
mencionados anteriormente são os mais económicos que o mercado pode oferecer
presentemente.

Apenas em casos em que exista uma opinião mútua entre o promotor e o construtor, ou entre
o promotor e o projectista, é que é usado este tipo de blocos, cada um com as suas
potencialidades.

Tal como já foi referido anteriormente no Quadro 2.1, existem diversos tipos de blocos
especiais (poliestireno expandido, fibras, metálicos, etc.), dos quais iremos analisar com mais
pormenor.

 Blocos de aligeiramento em poliestireno expandido

Estes foram desenvolvidos com o objectivo de aligeirar ao máximo o peso da laje, e ao


mesmo tempo proporcionar-lhe um melhor desempenho térmico, procurando também uma
boa maneabilidade dos blocos de aligeiramento.

Inicialmente começaram a fabricar-se blocos soltos que se colocavam directamente sobre a


cofragem de madeira. No entanto, a sua mobilidade, ligeireza e flutuabilidade originaram
sérias dificuldades construtivas. Para tal cravavam-se os blocos directamente à cofragem, de
modo a evitar que estes voassem com o vento.

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Tentando solucionar estes problemas construtivos, a indústria espanhola patenteou um


sistema baseado em três peças (figura 2.9): uma base contínua em poliestireno com 3 cm de
espessura na parte inferior das zonas aligeiradas, módulos de quatro moldes (para
configuração das nervuras) e as respectivas tampas.

Figura 2.9 – Pormenorização de blocos de aligeiramento em poliestireno expandido


(Tesoro, 2003).

Este tipo de solução apresenta algumas vantagens, que se apresentam seguidamente:

• Facilidade e ligeireza na manipulação e montagem das peças;


• Configuração das nervuras de forma automática devido ao próprio sistema;
• Geometrias muito exactas, especialmente as nervuras;
• Facilidade de ajuste das peças nas zonas maciças;
• Uma vez montado o sistema, este apresenta uma boa indeformabilidade;
• Os moldes têm incorporado calços que suspendem as armaduras de flexão positiva,
assegurando o recobrimento pretendido;
• Permite uma fácil abertura de roços nos tectos por forma a colocar as tubagens
eléctricas;

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• Confere uma acústica ligeiramente melhor relativamente a um tipo de laje


tradicional;
• Possui um coeficiente de transmissão calorífica de aproximadamente 0,3 kcal/m2h
ºC, cerca de duas vezes melhor que o de uma laje tradicional.

No entanto, para além das suas vantagens mencionadas anteriormente esta solução também
possui inúmeras desvantagens, tais como:

• A diferente reologia do poliestireno, betão e gesso (acabamento final do tecto), pode


dar origem a pequenas fissuras no tecto;
• Num ensaio à rotura, este tipo de lajes rompe devido ao esforço transverso com uma
carga na ordem dos 20 a 25% inferior à que resistiria uma laje com blocos perdidos,
• A rigidez da laje é inferior à de uma laje com blocos perdidos;
• No caso de cargas suspensas neste tipo de laje, a sua resistência é inferior
relativamente à de uma laje com blocos perdidos;
• O comportamento ao fogo que estas lajes apresentam é inferior comparativamente às
lajes convencionais. O material aplicado na zona de aligeiramento (poliestireno) em
contacto com fogo produz gases e fumos negros;
• Os pontos de suspensão de armaduras de flexão positiva constituem pontos por onde
o fogo pode atacar as armaduras de forma directa;
• Os blocos de aligeiramento em poliestireno expandido têm um custo superior aos de
betão.

 Blocos de aligeiramento de fibras

É possível a fabricação de moldes com todo o tipo de fibras, e como tal, recentemente a
indústria espanhola surgiu com moldes em lã de vidro (figura 2.10), que proporciona
qualidades excepcionais de isolamento e resistência ao fogo. A lã de vidro é estendida de
forma contínua em toda a extensão da laje, conferindo a esta uma resistência ao fogo de
aproximadamente quatros horas, com índices de emissão de fumos muito baixos e em
simultâneo, oferece um bom isolamento térmico e acústico.

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Figura 2.10 – Blocos de aligeiramento em lã de vidro (Tesoro, 2003).

No entanto, devem ter-se em conta alguns inconvenientes que esta solução proporciona.

• Moldes de 60x60 cm com nervuras de 10 cm, fogem um pouco às dimensões


consideradas razoáveis (80x80 cm), e portanto, estes devem variar;
• Este sistema requer a execução de tectos falsos em vivendas e locais comerciais,
devido ao seu aspecto estético não ser propriamente brilhante;
• O custo de cada molde comparativamente ao convencional em betão é cerca de três
vezes superior.

Dificilmente este tipo de solução poderá impor-se em edifícios convencionais, salvo em


edifícios de alta qualidade (Tesoro, 2003). No entanto esta tipologia estrutural deve estar
presente e ser considerada em fase inicial de projecto para obras como: edifícios oficiais,
escolas, universidades, etc.

 Blocos de aligeiramento metálicos

Este sistema designado por “Floor-Kit” (figura 2.11), de patente belga, é semelhante a uma
laje mista. Na realidade, pode considerar-se como tal, se forem colocadas armaduras
transversais inferiores entre as peças que atravessam as vigas metálicas, através das suas
perfurações. No entanto, este sistema é considerado uma “falsa” laje mista, pois este funciona
basicamente de forma unidireccional segundo as vigas metálicas como elementos
longitudinais resistentes.

Esta solução com base em peças aligeiradas em aço galvanizado, e com uma forma de cúpula
de 60x60 cm, permite poupar nas cofragens, cantos, quantidade de betão e no seu peso

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próprio. De referir que, com armaduras suplementares este tipo de laje consegue uma boa
resistência ao fogo.

Figura 2.11 – Sistema Floor-Kit (Tesoro, 2003).

A adopção deste tipo de solução deve-se essencialmente a razões arquitectónicas, e utiliza-se


principalmente em oficinas ou lugares públicos.

Figura 2.12 – Tectos acabados com o sistema Floor-Kit (Tesoro, 2003).

Na figura seguinte (figura 2.13), apresentam-se as vigas metálicas, quando unidas às vigas de
betão, onde se apoiam, permitem abordar o seu cálculo como de uma laje mista se tratasse.

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Figura 2.13 – Vigas metálicas do sistema Floor-Kit (Tesoro, 2003).

2.5 Geometria, dimensão e características básicas de lajes fungiformes

2.5.1 Distância e orientação das nervuras

O Eurocódigo 2 estabelece um valor máximo de 1,5 m para a distância entre nervuras, com
isto o valor mais plausível e comercialmente mais usado seja de 0,80 m, pois este é o valor
que mecanicamente melhor se ajusta à maioria das situações em obra. Não esquecer que,
distâncias entre nervuras abaixo deste valor não são economicamente viáveis, pois
proporcionam um aumento do peso próprio das lajes, forçando mecanicamente o
funcionamento da laje e desaproveitando o mecanismo resistente das nervuras, tanto à flexão
como à torção, obrigando a implementar capas de compressão superiores a 5 cm.

Quanto à orientação ortogonal das nervuras, esta depende da geometria da planta do edifício,
e deve ser orientada para que resulte a melhor solução tanto a nível construtivo como
estrutural.

Em muitas situações é necessário dispor de bandas maciças de transição nos alinhamentos dos
pilares de forma a alterar a direcção das nervuras, obtendo assim uma modelação harmónica e
de simples aplicação em obra (figura 2.14).

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Figura 2.14 – Modelação das nervuras em planta (Tesoro, 2003).

2.5.2 Geometria das nervuras

Relativamente às nervuras, a espessura da alma destas depende da distância e geometria dos


blocos de aligeiramento utilizados. Tradicionalmente é exigido que sejam superiores a 7 cm e
à quarta parte da altura do bloco de aligeiramento (h) (figura 2.15).

• 7 e 

Figura 2.15 – Condicionantes geométricas das lajes aligeiradas segundo EC2.

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Todavia presentemente, existe uma certa tendência para utilizar nervuras de 12 cm de


espessura, dadas as exigências cada vez maiores dos vãos e das cargas. Geralmente, a
espessura deve estabelecer-se de tal forma a que resistam ao esforço transverso a que estão
sujeitas, sem que haja necessidade de recorrer a reforços com armaduras em forma de estribos
ou varões inclinados a 45º. Os estribos, entre outros inconvenientes, complicam o processo
construtivo.

Quando as lajes estão solicitadas a cargas muito elevadas, a forma mais cómoda de resistir ao
esforço transverso aplicado, sem recorrer a armadura de esforço transverso, resulta num
alargamento das nervuras nas zonas próximas dos maciços junto dos pilares (figura 2.16),
retirando para isso alguns blocos de aligeiramento, passando a ter nervuras de
aproximadamente 33 cm sem necessidade de alterar a modelação geral das nervuras no resto
da laje (Tesoro, 2003).

Figura 2.16 – Alargamento das nervuras retirando blocos de aligeiramento (Tesoro, 2003).

No caso de soluções com moldes recuperáveis (figura 2.17), estes pela sua geometria
proporcionam maior espessura das nervuras, no entanto, é conveniente para garantia do
posicionamento das armaduras inferiores na nervura, a utilização de estribos. Com efeito, nas
zonas onde o esforço transverso pode ser absorvido sem recurso a armaduras transversais,
estas não seriam necessárias devido ao comportamento da laje.

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Figura 2.17 – Esquema simplificado de lajes fungiformes com blocos recuperáveis.

2.5.3 Maciços junto dos pilares

A zona maciça junto ao pilar tem como principal função canalizar as cargas que as nervuras
transportam para os pilares, e resistir ao esforço transverso e punçoamento que se produz nas
proximidades destes.

Actualmente os maciços encontram-se quase sempre embebidos nas lajes (com espessura
igual à da laje), mas no caso em que existe grande concentração de esforços junto aos pilares,
estes podem sobressair-se na zona inferior da laje, formando um capitel.

Quanto ao seu tamanho, este pretende reforçar a laje procurando os pontos de momentos
nulos junto dos pilares, ou seja, os pontos de inflexão onde a curvatura do diagrama de
momentos inverte. Geralmente considera-se que esses pontos encontram-se a uma distância
entre o eixo do pilar e a extremidade do maciço não inferior a 0,15 e não superior a 0,20 do
vão correspondente. Porém os americanos e os russos consideram uma distância de 1/6 do
vão, valor que se enquadra perfeitamente no intervalo referido anteriormente (Figura 2.18).

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Figura 2.18 – Tamanho mínimo recomendável para os maciços junto dos pilares.

No caso de o pilar ser de bordo e a laje sobressair para o exterior deste (laje em consola), não
existe nenhuma definição precisa para as dimensões que devem ser adoptadas nos maciços.

Contudo o projectista deve ser conservativo por questões de segurança e aplicar a regra da
compensação (figura 2.19) (Tesoro, 2003). Esta consiste em dar ao maciço a mesma distância
na parte interior e na parte exterior (consola). Caso a laje em consola não supere um metro, é
aconselhável prolongar o maciço até ao bordo, e este deve abranger pelo menos metade da
zona em consola.

 0.5  ;   0.15  ;   (regra da compensação).

Figura 2.19 – Critérios de desenho para maciços que abrangem laje em consola.

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2.5.4 Capitéis

Presentemente o uso de capitéis encontra-se praticamente fora de uso, salvo em casos muito
especiais com sobrecargas elevadíssimas. Mesmo em situações extremas, é preferível
aumentar a dimensão dos maciços, pois facilita o processo construtivo, evitando assim a
utilização de cofragens dispendiosas para execução destes.

Actualmente, apenas sob o ponto de vista arquitectónico devido à sua estética, é que é
possível justificar a utilização de capitéis em lajes sem vigas.

Quanto às suas formas geométricas, estes reduzem-se praticamente a dois tipos: Tronco-
Cónicos quando os pilares são circulares, e tronco-piramidal quando os pilares são quadrados
ou rectangulares.

No que diz respeito às suas dimensões, o diâmetro dos capitéis é tradicionalmente limitado a
não exceder 30% do vão menor, que envolve os pilares. Contudo a utilização de 20% desse
vão, conduz a uma dimensão bastante aceitável (Tesoro, 2003).

2.5.5 Camada de compressão

Quanto à opção da espessura a usar numa camada de compressão, as opiniões divergem entre
alguns técnicos, contudo (Tesoro, 2003) defende que esta deve ter uma espessura tanto mais
baixa quanto possível, dependendo da tipologia da laje a usar. Inicialmente a espessura
mínima exigida para lajes fungiformes de blocos perdidos era de 3 cm, e 1/10 da distância
entre nervuras no caso de serem blocos recuperáveis. Hoje o mínimo exigido pelo Eurocódigo
2 para lajes fungiformes de blocos perdidos é o maior valor entre 5 cm e 1/10 da distância
entre nervuras (figura 2.15), o que fez com que as estruturas encarecessem cerca de 8%.

É obvio que um aumento da camada de compressão beneficia o comportamento mecânico e


resistente das lajes, no entanto também aumenta substancialmente o peso próprio da estrutura.

A experiência e quantidade de obras em que foram utilizadas lajes fungiformes com camadas
de compressão de 3 cm de 5 cm, levaram a concluir que quando a espessura era de 3 cm,
existia a probabilidade de ocorrerem fissuras nas zonas de aligeiramento, enquanto se fosse de
5 cm estas desapareciam.

Com o intuito de esclarecer o referido anteriormente, apresentam-se nas figuras seguintes


algumas fotografias de obras onde se pode apreciar os aspectos construtivos mencionados.

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Tal como se pode observar, a Figura 2.20 a) e b) apresenta as armaduras de flexão negativa
ocultas dentro das nervuras. Aspecto tecnicamente correcto, pois proporciona uma espessura
da camada de compressão dentro dos valores aceitáveis.

a) b)

Figura 2.20 – Planos de armaduras de flexão negativa (Tesoro, 2003).

Aparentemente a Figura 2.21 apresenta uma disposição de armaduras bem construída e


agradável de se ver, no entanto esta não é adequada para uma camada de compressão de 5 cm,
visto que as armaduras no plano superior estão demasiado salientes, obrigando a um aumento
da espessura da camada de compressão.

Figura 2.21 – Disposição de armaduras numa laje fungiforme de blocos recuperáveis


(Tesoro, 2003).

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3 CÁLCULO E MODELAÇÃO DE LAJES FUNGIFORMES

3.1 Concepção e pré-dimensionamento

Considera-se que as lajes são armadas numa direcção se as condições de apoio assim o

exigirem e se a relação entre vãos respeitar a condição 
 2, caso contrário estas são
armadas nas duas direcções.

Nos painéis de lajes fungiformes essa relação não deve ser superior a 2. Para relações de vãos
superiores a 2 predomina o funcionamento da laje segundo a maior direcção, onde o maior
vão é condicionante em termos de esforço e deformações.

O quadro seguinte (quadro 3.1) indica o tipo de laje fungiforme a utilizar, apresentando a
gama de vãos em que se utiliza cada tipo, assim como as espessuras adoptadas em cada
situação e a sua esbelteza mais corrente. A esbelteza refere-se à relação entre o maior vão e a
espessura a atribuir à laje. Este quadro deve ser tomado a título indicativo pois não faz intervir
outros factores, como a acção actuante.

Quadro 3.1 – Tipo e espessura de lajes fungiformes em função do vão maior, L.

Espessuras mínimas: 0.15 – caso não seja necessário armadura de punçoamento


0.20 – se for necessário colocar armadura transversal para resistir ao punçoamento

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3.1.1 Espessura mínima face às deformações

Para as lajes fungiformes não é fácil estabelecer regras para controlo indirecto da deformação.
Há que salientar que neste tipo de solução estrutural, a deformabilidade é superior à dos
pavimentos vigados. Como tal é necessário que se controle directamente a deformabilidade. A
espessura das lajes fungiformes é, em geral, estabelecida nesta verificação e na garantia do
estado limite último de punçoamento (Martins, 2003).

3.2 Análise qualitativa do cálculo de esforços

Nas lajes fungiformes, ao contrário das lajes vigadas, os maiores esforços devidos às acções
verticais, surgem segundo o maior vão, direcção principal de flexão, Figura 3.1 a), devido ao
facto de haver maior rigidez nas faixas entre pilares do menor vão. Na figura 3.1 b) é indicado
um possível caminho de cargas. A carga do vão que é transmitida numa direcção é depois
conduzida até aos pilares através de bandas perpendiculares a essa direcção.

a)

b)

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c)

Figura 3.1 – Laje fungiforme. Ilustração do comportamento da laje e do caminho de cargas.


(Appleton e Marchão, 2008).

A transmissão de carga segundo cada direcção, no vão e nas bandas, pode ser resumida como
indicado no quadro seguinte.

Quadro 3.2 – Transmissão de carga segundo cada direcção.

x y
Vão  ! "1 # $ %
! %
Bandas 2 "1 # $ 2 
2 2
Total ! %

3.3 Métodos de análise

Os métodos de análise estrutural de lajes fungiformes podem-se dividir em dois grupos, os


métodos simplificados que conduzem a valores aproximados mas sempre do lado da
segurança e os métodos mais rigorosos que são mais ou menos elaborados e conduzem a
resultados bastante precisos. Dentro de cada grupo os métodos que tradicionalmente são
utilizados são:

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 Métodos mais rigorosos:

• Método das grelhas;


• Método dos elementos finitos.

 Métodos simplificados:

• Método dos pórticos equivalentes;


• Método directo.

3.3.1 Método das Grelhas

Este método é também designado por pórticos tridimensionais, e é considerado um método


geral de análise de estruturas reticuladas mais elaborado que discretiza a laje numa grelha de
vigas cruzadas (figura 3.2), devendo ser definida a secção e as cargas a aplicar a cada uma das
barras, permitindo a análise elástica de lajes fungiformes não regulares.

Secção transversal de cada viga

bh*
I'
12

Figura 3.2 – Discretização da laje numa grelha de vigas cruzadas


(Lopes, 2007).

Definição da carga (Qn) a aplicar a cada nó (n) (figura 3.3) por efeito de uma carga
uniformemente distribuída.

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Figura 3.3 – Áreas adjacentes ao nó n.

Ai Aj Ak Al
Qn "kN$'  2 2 2  .Qunif. dist.
4 4 4 4
(3.1)

Em que:
Ai, Aj, Ak, Al – Áreas adjacentes ao nó n (m2)
Qunif.dist. – Carga uniformemente distribuída (kN/m2)

Analisando o método com mais pormenor, verifica-se que este possui vantagens e
desvantagens:

 Vantagens
• Permite obter directamente os esforços em cada nó.

 Desvantagens
• Apenas permite a análise para cargas verticais;
• A rigidez de torção da laje é de difícil simulação.

Quanto à simulação da rigidez de torção da laje, em geral para haja equilíbrio nas barras
apenas com momentos flectores, evitando que surjam momentos torsores nesta, atribui-se às
barras rigidez de torção nula (GJ=0). No entanto, como consequência, o modelo é mais
flexível o que leva à obtenção de maiores deslocamentos verticais do que os que na realidade
se verificam.

Caso se pretenda simular mais aproximadamente a deformabilidade da laje, deverá atribuir-se


às barras, uma inércia de torção:

1 bh3 bh3
J' . ' (3.2)
2 3 6

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Relativamente à obtenção dos momentos flectores, esta pode observar-se na figura 3.4.

=>
% '
?

=@
! '
?

Figura 3.4 – Obtenção dos momentos flectores. (Lopes, 2007)

3.2.2 Método dos elementos finitos

O método dos elementos finitos é um método geral de análise estrutural que pode ser utilizado
na análise de lajes, paredes de estruturas porticadas ou de outros tipos de estruturas mais
complexas. A estrutura pode ser analisada na globalidade, isto é, associando pilares, vigas,
lajes e paredes, ou pode ser utilizado o método de elementos finitos apenas para analisar as
partes da estrutura de comportamento menos simples.

Na análise de lajes fungiformes, muitas vezes, é apenas detalhada a análise por elementos
finitos de cada um dos pisos isolados, devendo nesse caso ser introduzidos nos apoios, os
momentos (ou forças) devidos às acções horizontais que são determinadas por uma análise
global simplificada da estrutura. O programa de cálculo pode fornecer os esforços (momentos
flectores, torsores e esforço transverso), mas também pode calcular directamente a
necessidade de armadura em cada região da laje, fornecendo um mapa com as áreas de
armadura a colocar em cada direcção (Martins, 2003).

Este tipo de método permite a análise do sistema global com a consideração das acções
horizontais e da interacção laje – pilares. Permite ainda a análise do pavimento, sendo o efeito
dos pilares tido em conta nas condições fronteira (Appleton e Marchão, 2008).

 Vantagens

• Melhor simulação da deformabilidade da laje comparativamente com o método


das grelhas;
• Permite ter em conta acções horizontais.

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 Desvantagens

• Os esforços são fornecidos por nó e por elemento, ou seja, num mesmo nó


existem diferentes valores dos esforços por elemento (os elementos finitos de
laje são compatíveis em termos de deslocamentos, mas não em termos de
esforços). Para tal é necessário fazer a média dos vários momentos no mesmo
nó.

Relativamente à discretização, a malha de elementos finitos deve ser mais discretizada nos
pontos com singularidades, nomeadamente: pilares, extremidades de paredes, cantos
reentrantes e cargas pontuais, etc. (figura 3.5).

Figura3.5 – Discretização da malha (Lopes, 2007).

Há que ter particular cuidado na interpretação dos resultados, designadamente não considerar
os momentos obtidos nos cantos reentrantes, nas zonas de cargas pontuais e nas zonas de
apoio simuladas pontualmente. Junto aos apoios pontuais, nestes deve reduzir-se o momento
de pico sobre o apoio (figura 3.6) (Lopes, 2007).

D D
a) ∆B ' C E b) ∆B ' C

Figura 3.6 – a) BS9110 ; b) ACI 318 (Lopes, 2007)

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Visto surgirem momentos torsores, simplificadamente, as armaduras de flexão são


dimensionadas para os seguintes valores de momento: (Lopes, 2007)

Asx+ m’sd,x = msd,x + |msd,xy| ≥ 0


Asy+ m’sd,y = msd,y + |msd,xy| ≥ 0
Asx- m’sd,x = msd,x - |msd,xy| ≥ 0
Asy- m’sd,y = msd,y - |msd,xy| ≥ 0

3.2.3 Método dos pórticos equivalentes

O método dos pórticos equivalentes é mencionado no EC2 onde é exposta a forma da sua
aplicação, podendo ser usado sempre que os pilares se apresentem dispostos numa malha
aproximadamente ortogonal regular, e estando a laje sujeita predominantemente a cargas
distribuídas.

Trata-se de um método muito utilizado na prática pois permite a determinação de esforços


com o recurso aos programas de cálculo existentes para estruturas porticadas. As acções
verticais e as acções horizontais podem ser combinadas, sendo a análise efectuada para cada
uma das direcções ortogonais (Teixeira, 2006).

Com isto, estando uma laje sujeita predominantemente a cargas distribuídas, com uma
modelação regular dos pilares em malha rectangular, pode considerar-se, na determinação de
esforços, a estrutura dividida em 2 conjuntos independentes de pórticos ortogonais como se
pode observar na Figura 3.7. As zonas tracejadas exibem as faixas de laje, equivalente a uma
viga larga, que funcionam com os pilares. Quanto aos esforços actuantes, estes devem ser
calculados, em ambas as direcções, para a carga total relativa à largura lx ou ly e considerada
na posição mais desfavorável.

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Figura 3.7 – Pórticos equivalentes para cálculo de esforços actuantes em lajes fungiformes
(Martins, 2003).

Para as acções verticais, em cada uma das direcções é considerada a totalidade da carga,
sendo a largura das travessas representada na Figura 3.8.

Exemplo: AVB sobrecarga

Figura 3.8 – Acções verticais (AVB sobrecarga) (Lopes, 2007).

Quanto à análise das acções horizontais (figura 3.9), utiliza-se apenas 40% da largura da
travessa (40% da rigidez), de forma a reduzir os momentos flectores transmitidos entre a laje
e o pilar, configurando assim um modelo mais realista (figura 3.9-b)).

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Exemplo AVB: sismo


a)

b)

Situação real

Situação “simulada”

Figura 3.9 – a) Acções horizontais (AVB sismo) ; b) Situação real vs Situação “simulada”.

Para efeito do cálculo da distribuição de armaduras na laje, considera-se em cada pórtico uma
faixa central de largura a1 + a2 e duas faixas laterais de larguras b1 e b2 (figura 3.10). A
distribuição, pelas faixas central e lateral, do momento total obtido no modelo de pórtico deve
obedecer às indicações percentuais do Quadro 3.3.

a1 + a2 e b1 + b2 – para pórticos intermédios


a2 + b2 – para pórticos extremos

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Figura 3.10 – Divisão em faixas de cada pórtico equivalente. Distribuição dos momentos por
faixas (Martins, 2003).

Quadro 3.3 – Distribuição dos momentos flectores nas lajes fungiformes


(em percentagem do momento total).

Momentos flectores Faixa central da travessa Faixas laterais da travessa


a1 + a2 ou a2 b1 + b2 ou b2
Momentos positivos 50 – 70% (55 %) 50 – 30% (45 %)
Momentos negativos 60 – 80% (75 %) 40 – 20% (25 %)

As armaduras podem ser dimensionadas independentemente para cada faixa de laje


considerando o respectivo esforço actuante (figura 3.11).

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Figura 3.11 – Diagrama de momentos envolvente (considerando como pórtico ou viga


contínua) e respectiva divisão dos momentos por faixas (Martins, 2003).

O EC2 9.4.1 (2) impõe que metade da armadura de flexão para momentos negativos sobre os
apoios esteja concentrada numa largura correspondente à largura do pilar mais ¼ de cada um
dos vãos adjacentes.

Relativamente às forças horizontais a sua resistência é obtida através do efeito de pórtico, o


que exige transmissão de momentos entre laje e pilar.

Figura 3.12 – Transmissão de momentos entre laje e pilar.

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Para os pilares de canto ou de bordo, o momento tem que ser totalmente transmitido da laje
para o pilar, tornando a zona de ligação, uma zona crítica. Em consequência o EC2 limita o
momento que pode ser transmitido entre a laje e o pilar de bordo (considerando que as vigas
de bordadura não são dimensionadas para momentos torsores) ao seguinte valor:

M'0,17.be .d2 .fck (3.3)

be – largura efectiva de uma laje fungiforme, definido no EC2 9.4.2.

a) Pilar de Bordo b) Pilar de canto

Bordo da laje
Nota: y pode ser > cy Nota: z pode ser > cz e y pode ser > cy

Figura 3.13 – Largura efectiva, be, de uma laje fungiforme (EC2, 2004).

Na situação em que momento da análise seja superior a este limite, ter-se-á que efectuar uma
redistribuição de esforços (apoio e vão) de tal modo a que este seja respeitado e para que a
distribuição de esforços esteja em equilíbrio com a carga aplicada.

Quanto às armaduras perpendiculares ao bordo livre que são necessárias para a transmissão de
momentos da laje para pilares de bordo ou de canto, estas devem ser integralmente colocadas
na largura be.

 Distribuição de momentos pelas faixas

Uma vez calculados os momentos totais através do método dos pórticos equivalentes, estes
necessitam ser distribuídos pelas faixas centrais e laterais (figuras 3.10 e 3.11) de modo a que
se assemelhem aos valores que se obteriam através de uma análise rigorosa da laje.

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Quando os painéis têm dimensões aproximadamente iguais, a largura da faixa central e lateral
são geralmente iguais, sendo esta igual a metade da largura do pórtico equivalente. Caso os
painéis de lajes maciças apresentarem dimensões diferentes, e no caso de lajes maciças com
espessamento junto aos pilares ou de lajes aligeiradas, a divisão deve ser feita segundo as
indicações da Figura 3.14 (Martins, 2003).

Na Figura 3.10 apresentada anteriormente, estão indicados os momentos a atribuir por faixa.
Relativamente às lajes aligeiradas, Figura 3.14 b), os momentos que a faixa lateral resiste
devem ser aumentados na proporção de aumento da largura da faixa. Os momentos que a
faixa central resiste podem reduzidos do correspondente valor (Martins, 2003).

a) Laje sem espessamentos.

b) Laje com espessamento ou laje aligeirada com zonas maciças.

Figura 3.14 – Divisões em faixas dos painéis de lajes fungiformes (Martins, 2003).

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Quanto às lajes aligeiradas com zonas maciças (ou lajes maciças com espessamento) a
armadura necessária para resistir ao momento negativo da faixa central sobre os pilares
interiores deve ser distribuída da seguinte forma:

• Cerca de 2/3 da armadura dentro da metade central da faixa


• Restante 1/3 nas zonas laterais da faixa central

Figura 3.15 – Distribuição mais aconselhada de armadura na zona central de pilares


interiores (Martins, 2003).

Caso existam bandas maciças na faixa central de lajes aligeiradas, os momentos no vão desta
faixa devem ser distribuídos pela banda maciça e pelas nervuras proporcionalmente à
respectiva rigidez.

3.2.4 Método directo de análise (ACI)

Este é um método simplificado, de atribuição de coeficientes, que se baseia no método dos


pórticos equivalentes e nas condições de equilíbrio estático, permitindo a obtenção directa dos
esforços de dimensionamento de lajes fungiformes sujeitas a acções verticais.

Apenas deve ser aplicado a lajes com modulação regular de painéis, e nas condições que
seguidamente se enumeram:

• Deve haver um mínimo de três vãos em cada direcção;


• Os painéis devem ser rectangulares com uma relação de vãos limitada por
0.5≤lx/ly≤2.0;

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• Vãos adjacentes em cada direcção não devem diferir mais que 1/3 do vão maior (h ≤
1.33l2, l2 – menor). Este limite tem em vista manter válidas as regras simplificadas de
dispensa de varões;
• Os pilares podem estar desviados no máximo de 10% do vão em relação a qualquer
dos alinhamentos;
• As acções devem ser apenas acções verticais. A estrutura da laje fungiforme deve estar
contraventada;
• A sobrecarga não deve ultrapassar duas vezes as acções permanentes (Sob. ≤ 2 A.P.).
Apenas é considerado um caso de carga com, A.P. + Sob., em todos os vãos;
• Não deve ser aplicada redistribuição de momentos aos valores dados pelo método
directo.

Relativamente aos momentos flectores totais a considerar para a largura do pórtico


equivalente, os seus valores apresentam-se na figura seguinte (figura 3.16).

Figura 3.16 – Momentos totais em lajes fungiformes dados pelo método directo
(Martins, 2003).

O momento M0 é considerado como o momento isostático de cálculo em cada um dos vãos


(painéis):

PSd l2 l2n
M0 ' (3.4)
8
Em que:
MNO ' PQ R 2 PS T"1.35R 2 1.5T$ (3.5)

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• l2 – é a largura do pórtico equivalente


• ln – é o vão de cálculo, tomado como o vão livre entre faces de apoios. Sendo l1 o vão
teórico entre eixos de apoios, deve verificar-se que ln ≥ 0.65 l1 (figura 3.17).

Figura 3.17 – Definição de ln para pilares com secções diferentes da secção rectangular
(Martins, 2003).

A distribuição dos momentos por faixas centrais e laterais é análoga ao efectuado no método
dos pórticos equivalentes.

Os momentos não equilibrados nos apoios interiores e os momentos dos apoios exteriores
devem ser recebidos pelos pilares.

As reacções dos pilares e os esforços transversos podem ser obtidos a partir do conhecimento
dos momentos.

No caso do método directo ser aplicável, a dispensa de armadura pode ser efectuada de acordo
com o quadro ilustrado na Figura 3.18.

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Figura 3.18 – Comprimentos mínimos de armadura para lajes fungiformes (Martins, 2003).

3.3 Estado limite último de punçoamento

A ruptura por punçoamento é caracterizada por uma força concentrada que actua
perpendicularmente à laje, reacção de um pilar ou de uma carga concentrada, que provoca
uma ruptura local por penetração na laje. A figura seguinte mostra o fenómeno de
punçoamento, demonstrando o cone de punçoamento separado da laje através da fissura de
punçoamento, geralmente inclinada em relação ao plano da laje de um ângulo situado entre os
30 e 35º (Guandalini, 2005).

Figura 3.19 – Ruptura por punçoamento de uma laje em betão armado (Guandalini, 2005).

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3.3.1 Mecanismos de rotura ao punçoamento

Numa laje fungiforme, com uma carga vertical uniformemente distribuída, os momentos
máximos ocorrem junto aos pilares originando fendas à volta do perímetro do pilar e em
fendas radiais. Estas fendas podem ser observadas na figura seguinte (figura 3.20):

Fenda de corte

a) Esquematização da fendilhação na face superior.

b) Fendas inclinadas numa laje após rotura por punçoamento.

Figura 3.20 – Fendilhação conduzindo à rotura de punçoamento (Martins, 2003).

Com isto, poderão surgir dois tipos de colapso:

• Colapso local associado a uma rotura frágil;


• Colapso progressivo da estrutura, devido ao facto de a rotura junto a um pilar implicar
um incremento da carga nos pilares vizinhos.

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Há que ter especial atenção relativamente às acções sísmicas actuantes em lajes fungiformes,
pois estas aumentam a excentricidade da carga a transmitir ao pilar agravando as
características resistentes por punçoamento.

3.3.2 Mecanismo de resistência ao punçoamento

Existem vários factores que contribuem de forma significativa para o mecanismo de


resistência ao punçoamento, nomeadamente a compressão do betão na face inferior onde a
laje se insere no pilar, a tracção da armadura de flexão existente na face superior e a armadura
transversal que atravessa a fenda inclinada.

A formação de escoras radiais em relação à horizontal, é responsável pela transmissão do


corte ao pilar, como tal existem forças que equilibram as forças de punçoamento.

Figura 3.21 – Forças que equilibram o corte (Martins, 2003).

• Componente vertical da força do efeito de “cavilha”;


• Componente vertical da força de atrito entre os inertes na fenda;
• Componente vertical da compressão radial.

3.3.3 Verificação da segurança ao punçoamento

O EC2, exige que se cumpram algumas verificações para a verificação da segurança ao


punçoamento.

Se VSd ≤ VRd,c ao longo do perímetro de controlo, não é necessário adoptar armaduras


especificas de punçoamento ou capitel. Caso não se verifique esta condição, ao adoptar-se
armaduras de punçoamento estas devem satisfazer o critério 1 e a condição VSd ≤ VRd,Max.

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Seguidamente apresenta-se um pequeno resumo por tópicos para o dimensionamento.

• Tentar adoptar dimensões consideráveis para que não haja necessidade de armadura
(VSd < VRd,c).
• Caso não seja possível, adoptar capiteis por forma a garantir (VSd < VRd,c).
• O dimensionamento de armaduras só deverá ser adoptado para a combinação de
acções sísmicas.

3.3.4 Cálculo do esforço de corte solicitante segundo EC2

 Carga centrada:

VSd
VSd = (3.6)
u1 ×d
 Carga excêntrica:

VSd
VSd =β. (3.7)
ui ×d

u1 – perímetro básico de controlo


ui – perímetro de controlo considerado

Quanto ao perímetro básico de controlo este consiste numa linha fechada que envolve a área
carregada a uma distância não inferior a 2d e cujo perímetro é mínimo.

Figura 3.22 – Primeiros perímetros de controlo típicos em torno de áreas carregadas.

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3.3.5 Resistência ao punçoamento de lajes sem armadura específica de punçoamento


segundo EC2

VRd,c =CRd,c K(100ρ1 fck ) U3 +k1 σcp ≥vmin +k1 σcp


1
(3.8)
onde,
0.18
 CRd,c = (valor recomendado);
γc

200
 K =1+V d
≤2.0 (d em mm);

 ρ1 =Vρly .ρlz ≤0.02 (os valores ρly e ρlz devem ser calculados como valores

médios, considerando uma largura de laje igual à largura do pilar mais 3d para
cada lado);
 fck em MPa;
 k1 =0.1 (valor recomendado);
 σcp = (σcy +σcz )⁄2;
⁄ ⁄
 vmin =0.035k3 2 .fck 1 2 .

3.3.6 Armaduras de punçoamento segundo EC2

sin α X Asp =
1 (VRd,cs -0.75VRd,c )
VRd,cs =0.75VRd,c +Asp fywd,ef u u1 .d (3.9)
1 .d fywd,ef . sin α

onde,
 Asp representa a área total de armadura de punçoamento necessária;
 fywd,ef =250+0.25d≤fywd e representa a tensão de cálculo efectiva da armadura de
punçoamento.

3.4 Passos de cálculo para a concepção e dimensionamento de lajes


fungiformes

Após uma abordagem geral relativamente ao cálculo e modelação de lajes fungiformes, de


seguida apresentam-se de forma sucinta os passos de cálculos para concepção e
dimensionamento deste tipo de lajes (Martins, 2003).

1. Escolher a disposição dos pilares e o tipo de laje fungiforme. A escolha do tipo de laje
é grandemente condicionada por questões de arquitectura e processos construtivos.

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2. Escolher a espessura da laje. Geralmente a espessura é condicionada pelas


deformações em serviço. É igualmente importante verificar se a espessura é adequada
para a resistência ao punçoamento dos pilares interiores e de bordo.
3. No caso de lajes aligeiradas, definir a modulação. Efectuar a disposição do
aligeiramento e fixar as dimensões das zonas maciças. Fica assim estabelecida a planta
de cofragens.
4. Escolher o método de análise. Em geral, o método dos pórticos equivalentes. O
método directo pode eventualmente ser usado. No caso de geometrias mais complexas,
pilares desalinhados, aberturas significativas, usar o método dos elementos finitos ou,
eventualmente, o método das grelhas.
5. Determinar os momentos positivos e negativos. Efectuar a distribuição de momentos
pelas faixas centrais e laterais de acordo com as regras indicadas. Se for utilizado o
método directo, a distribuição é idêntica à do método dos pórticos equivalentes. Se
existem vigas rígidas (h>1.5m espessura da laje) de bordadura, o momento da faixa
central do pórtico extremo deve ser atribuído à viga.
6. Calcular a armadura positiva e negativa por faixa em cada direcção e indicar os varões
e comprimentos a utilizar.
7. Verificar se são cumpridas as disposições regulamentares aplicáveis, nomeadamente
as percentagens de armadura mínima referente aos esforços e às deformações impostas
(retracção, variações de temperatura, etc.).
8. Deve ser verificada a segurança ao punçoamento junto aos pilares e dimensionada a
respectiva armadura, caso seja necessário. No caso de lajes aligeiradas, deve ser
verificada a segurança das nervuras ao esforço transverso e dimensionados os estribos
necessários.
9. Proceder com os desenhos de execução pormenorizados. O comportamento da laje em
estudo deve ser compreendido para que seja adicionada a armadura construtiva
complementar da armadura de cálculo.

3.5 Modelação de lajes fungiformes em “Robot” e “Cypecad”

Através de um exemplo prático, simularam-se dois modelos de lajes fungiformes (maciça e


aligeirada), de forma a serem introduzidos em dois softwares de cálculo automático, para à
posteriori serem comparados os esforços deles resultantes.

Para tal, seleccionaram-se dois softwares muito usados no mercado nacional e internacional,
nomeadamente: “Robot Structural Analysis Professional” e “Cypecad”; ambos utilizados em
projectos de edifícios de betão armado e metálicos, permitindo a análise espacial e o
dimensionamento dos elementos estruturais. Possibilitam realizar o cálculo de estruturas
tridimensionais formadas por pilares, paredes, vigas e lajes, incluindo a fundação, e o

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dimensionamento automático dos elementos de betão armado e metálicos. Neste exemplo,


apenas foram solicitados os esforços, para análise e comparação dos dois softwares.

3.5.1 Laje Fungiforme maciça

O primeiro modelo (figura 3.23) é constituído por 3 lajes fungiformes maciças de 18x12 m,
sobrepostas e suportadas entre si por pilares de betão armado que se encontram igualmente
espaçados nas duas direcções por um vão de 6m e uma altura de 3m.

a) Planta.

b) 3D.

Figura 3.23 – Modelo de laje fungiforme maciça.

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Nos quadros seguintes (quadro 3.4 e 3.5) apresentam-se as propriedades dos materiais, as
características geométricas e as acções de projecto.

Quadro 3.4 – Dados geométricos do modelo.

Dimensões das lajes fungiformes maciças (m) 18x12


Vão (m) 6
Pilares periféricos (m) 0.30x0.30
Pilares centrais R/C (m) 0.40x0.40
Pilares centrais pisos (m) 0.30x0.30
Espessura da laje (m) 0.25

Quadro 3.5 – Características do modelo.

Acções Actuantes
Peso Próprio (KN/m²)
Permanentes
Restantes (KN/m²) 4
Variáveis Sobrecarga (KN/m²) 2

Materiais
Betão C25/30
Aço S500

3.5.2 Laje Fungiforme aligeirada com blocos perdidos

O segundo modelo (figura 3.24) é similar ao anterior, diferindo este no tipo de laje, tratando-
se de uma laje fungiforme aligeirada com blocos perdidos (Fungibloco).

a) Planta.

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b) 3D.

Figura 3.24 – Modelo de laje fungiforme aligeirada.

No quadro (quadro 3.6) seguinte apresentam-se as características geométricas do modelo.

Quadro 3.6 – Características geométricas do modelo.

Dimensões das lajes fungiformes maciças (m) 18x12


Vão (m) 6
Pilares periféricos (m) 0.30x0.30
Pilares centrais (m) 0.30x0.30
Espessura da laje (m) 0.30

Dimensões (mm) Elementos de dimensionamento para módulos de 3 peças

Espessura Altura Capa de Volume de Peso da


das Nervuras da Laje compressão. Betão Laje
(cm) (cm) (cm) (m3/m2) (KN/m3)
C L A
750 250 250 15 30 5 0,126 3,99

3.6 Análise e comparação de resultados

Uma vez efectuada a modelação em ambos os softwares referidos anteriormente, procede-se à


comparação dos esforços gerados em cada um deles para cada modelo.

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Importante referir que os esforços comparados são esforços de dimensionamento, obtidos


através do critério “Wood & Armer”. Segundo este critério, em cada ponto da laje, o
momento flector efectivo, que deve ser usado para dimensionar a armadura, é o momento
equivalente, formado pelo momento flector actuante, somado com o módulo do momento
torsor, uma vez positivo e outro negativo (resultando em dois valores para o
dimensionamento, um mais positivo e outro mais negativo). Esse momento flector pode ser
visualizado através dos diagramas de dimensionamento na grelha 3D.

Figura 3.25 – Distribuição de forças na laje.

Meq (+) = M + |T| (3.10)


Meq (-) = M - |T| (3.11)

O momento de torção em cada extremidade da barra é tomado como sendo a média dos
momentos de torção actuantes nas barras da grelha perpendiculares a ela no mesmo nó (figura
3.26).

Figura 3.26 – Composição dos esforços Wood & Armer para as barras na grelha.

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 Laje Fungiforme Maciça.

Tal como se pode observar no quadro seguinte (quadro 3.7), os esforços de dimensionamento
variam muito pouco entre o “Cypecad” e o “Robot”.

Quadro 3.7 – Esforços de dimensionamento em laje maciça.

CYPECAD
Tx Ty Mx,inf My,inf Mx,sup My,sup
(KN) (KN) (KN.m) (KN.m) (KN.m) (KN.m)
Piso 1 105,70 94,80 47,60 45,10 81,20 79,50
Piso 2 95,80 92,60 47,00 45,20 78,40 77,20
Piso 3 105,70 94,80 52,60 49,20 80,60 80,80

ROBOT
Tx Ty Mx,inf My,inf Mx,sup My,sup
(KN) (KN) (KN.m) (KN.m) (KN.m) (KN.m)
Piso 1 100,16 92,76 45,74 44,83 89,53 90,56
Piso 2 93,89 89,68 45,03 44,56 86,02 86,48
Piso 3 95,89 92,76 48,41 47,49 88,95 89,54

Verifica-se que relativamente aos momentos flectores negativos (Mx,sup e My,sup) estes são
ligeiramente superiores no “Robot” devido ao facto de o “Robot” efectuar a concordância de
transição entre parábolas relativamente a um ponto (eixo do pilar) sem ter em consideração as
dimensões do pilar (c). Contrariamente, o “Cypecad” faz a concordância de transição entre
parábolas relativamente a dois pontos considerando as dimensões do pilar (c) (figura 3.27).

Figura 3.27 – Comparação do momento negativo entre “Robot” e “Cypecad”.

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 Laje Fungiforme Aligeirada com blocos perdidos.

Quadro 3.8 – Esforços de dimensionamento em laje aligeirada com blocos perdidos.

CYPECAD
Tx Ty Mx,inf My,inf Mx,sup My,sup
(KN) (KN) (KN.m) (KN.m) (KN.m) (KN.m)
Piso 1 350,11 216,01 41,98 39,35 247,15 200,63
Piso 2 362,53 207,61 41,24 39,08 240,55 195,25
Piso 3 350,07 276,02 46,23 43,29 260,46 202,14

ROBOT
Tx Ty Mx,inf My,inf Mx,sup My,sup
(KN) (KN) (KN.m) (KN.m) (KN.m) (KN.m)
Piso 1 335,24 206,08 47,74 47,72 260,08 267,06
Piso 2 326,93 187,21 45,85 44,17 250,03 252,67
Piso 3 360,89 284,62 55,65 55,63 262,96 269,98

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4 ESTUDO PARAMÉTRICO

4.1 Introdução

No âmbito deste estudo paramétrico foram efectuados diversos modelos com o intuito de
abranger o máximo de situações correntes em projecto, de modo a que os resultados obtidos
proporcionem uma boa análise.

Os modelos foram efectuados num programa de cálculo automático, já referido anteriormente


(3.6), nomeadamente o “Cypecad”. A opção por este software relativamente ao “Robot”, teve
como base alguns critérios:

• Facilidade de utilização;
• Maior rapidez na execução dos modelos (visto serem 168 modelos a realizar);
• “Outputs” directos (Quantidades de aço, betão, e blocos de aligeiramento);
• Fiabilidade dos resultados para o estudo efectuado, como se pôde observar
anteriormente (3.7 – Quadro 3.6 e 3.7).

4.2 Geometria e características dos modelos

Como tal realizaram-se 168 modelos (14 tipos de vãos 3 espessuras de laje 4 classes de
betão), em que cada modelo é constituído por 3 pisos de lajes fungiformes de 40 40 m,
apoiados directamente em pilares e vigas de bordadura, e sobrepostas entre si por uma
distância de 3 metros. De modelo para modelo, variam os vãos (Lx e Ly) entre pilares, a
espessura (h) da laje e a classe de betão. A geometria dos modelos pode ser observada na
Figura 4.1.

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b)

a)

c)

a) Planta; b) Corte; c) 3D

Figura 4.1 – Geometria do modelo tipo.

4.2.1 Vãos

Com o objectivo de estudar a configuração económica para lajes fungiformes, podendo estas
ser maciças ou aligeiradas, como já foi referido anteriormente, e visto que a adopção do tipo
de laje fungiforme a usar depende do vão em questão, foram efectuados 4 modelos de lajes
fungiformes maciças e 10 modelos de lajes fungiformes aligeiradas.

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Materiais 4 ESTUDO PARAMÉTRICO

Nos quadros seguintes (quadro 4.1 e 4.2) apresentam-se os 4 tipos de vão usados nos modelos
das lajes maciças e os 10 tipos de vão usados nos modelos de lajes aligeiradas:

Quadro 4.1 – Vãos tipo para as lajes fungiformes maciças.

Vãos tipo para lajes fungiformes maciças


Lx (m) 4 5 5,7 6,7
Ly (m) 4 5 5,7 6,7

Quadro 4.2 – Vãos tipo para as lajes fungiformes aligeiradas.

Vãos tipo para lajes fungiformes aligeiradas


Lx (m) 4 5 5,7 6,7 8 8 8 10 10 10
Ly (m) 4 5 5,7 6,7 4 5,7 8 4 5,7 10

A razão pela qual se adoptaram vãos de 5.7 5.7 m e 6.7 6.7 m em vez de 6 6 m e 7 7 m,
deve-se ao facto de ser possível deste modo dividir aproximadamente o comprimento da laje
de 40 m, por um número inteiro de vãos (quadro 4.3).

Quadro 4.3 – Número de vãos segundo a direcção x e y.

Vãos (m) 4x4 5x5 5,7x5,7 6,7x6,7 8x4 8x5,7 8x8 10x4 10x5,7 10x10
Nº de vãos
10 8 7 6 5 5 5 4 4 4
(direcção x)
Nº de vãos
10 8 7 6 10 6 5 10 6 4
(direcção y)

4.2.2 Espessuras das lajes

Relativamente à espessura das lajes estas foram efectuadas segundo um pré-dimensionamento


a partir das seguintes relações:

• Lajes Maciças:
Lmaior
h=
25 a 30 (4.1)

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• Lajes Aligeiradas:
Lmaior
h= (4.2)
20 a 25

Estas expressões têm por base o controlo indirecto da deformação e o nível de esforços na laje
(nomeadamente no que se refere ao punçoamento e flexão).

Para cada tipo de vão utilizaram-se 3 espessuras diferentes, de modo a posteriormente


identificar a situação mais económica face à sua geometria e acções aplicadas.

No quadro seguinte (quadro 4.4) estão identificadas as espessuras adoptadas para cada tipo de
vão:

Quadro 4.4 – Espessuras adoptadas em cada tipo de vão.

Vãos (m) 4x4 5x5 5,7x5,7 6,7x6,7


Espessura de laje – h (cm) 25/30/35 25/30/35 25/30/35 25/30/35

Vãos (m) 8x4 8x5,7 8x8


Espessura de laje – h (cm) 30/35/40 30/35/40 30/35/40

Vãos (m) 10x4 10x5,7 10x10


Espessura de laje – h (cm) 30/35/40 30/35/40 30/35/40

4.2.3 Caracterização dos materiais

Nas modelações efectuadas, foram utilizados diversos materiais tais como: betão, aço e blocos
de aligeiramento em betão, no caso das lajes aligeiradas.

Quanto à classe de betão, aplicaram-se 4 classes de betão diferentes para cada modelo (quadro
4.5).

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Quadro 4.5 – Classe de betão para cada modelo de laje.

LAJE MACIÇA & LAJE ALIGEIRADA


4x4 5x5 5,7x5,7 6,7x6,7
25 30 35 25 30 35 25 30 35 25 30 35
C20/25 C20/25 C20/25 C20/25 C20/25 C20/25 C20/25 C20/25 C20/25 C20/25 C20/25 C20/25
C25/30 C25/30 C25/30 C25/30 C25/30 C25/30 C25/30 C25/30 C25/30 C25/30 C25/30 C25/30
C30/37 C30/37 C30/37 C30/37 C30/37 C30/37 C30/37 C30/37 C30/37 C30/37 C30/37 C30/37
C35/45 C35/45 C35/45 C35/45 C35/45 C35/45 C35/45 C35/45 C35/45 C35/45 C35/45 C35/45

LAJE ALIGEIRADA
8x4 8x5,7 8x8
30 35 40 30 35 40 30 35 40
C20/25 C20/25 C20/25 C20/25 C20/25 C20/25 C20/25 C20/25 C20/25
C25/30 C25/30 C25/30 C25/30 C25/30 C25/30 C25/30 C25/30 C25/30
C30/37 C30/37 C30/37 C30/37 C30/37 C30/37 C30/37 C30/37 C30/37
C35/45 C35/45 C35/45 C35/45 C35/45 C35/45 C35/45 C35/45 C35/45

LAJE ALIGEIRADA
10x4 10x5,7 10x10
35 40 45 35 40 45 35 40 45
C20/25 C20/25 C20/25 C20/25 C20/25 C20/25 C20/25 C20/25 C20/25
C25/30 C25/30 C25/30 C25/30 C25/30 C25/30 C25/30 C25/30 C25/30
C30/37 C30/37 C30/37 C30/37 C30/37 C30/37 C30/37 C30/37 C30/37
C35/45 C35/45 C35/45 C35/45 C35/45 C35/45 C35/45 C35/45 C35/45

Seguindo as designações atribuídas pela EN 1992-1-1, apresenta-se seguidamente um quadro


resumo dos elementos estruturais (quadro 4.6), e respectivos materiais utilizados.

Quadro 4.6 – Elementos estruturais e respectivos materiais.

BETÃO AÇO
Classe de Resistência Classe de Resistência
C20/25
Lajes
C25/30
Pilares S 500 NR
C30/37
Vigas de bordadura
C35/45

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No caso das lajes aligeiradas, estas foram modeladas com blocos perdidos de betão.
Relativamente aos blocos de betão, adoptaram-se as características fornecidas pelas tabelas da
empresa “Artebel” para o dimensionamento das lajes (quadro 4.7).

Quadro 4.7 – Fungibloco, dados técnicos.

Dimensões (mm) Elementos de dimensionamento para módulos de 3 peças

Altura Espessura Capa de Volume de Peso da


da laje das Nervuras compressão. Betão Laje
(cm) (cm) (cm) (m3/m2) (KN/m3)
C L A
750 250 200 25 15 5 0,111 3,46
750 250 250 30 15 5 0,126 3,99
750 250 300 35 15 5 0,142 4,37
750 250 350 40 15 5 0,154 4,79
750 250 400 45 15 5 0,172 5,39

4.2.4 Acções verticais

As acções de dimensionamento a considerar na execução dos modelos, dividem-se em dois


grupos (quadro 4.8):

• Acções Permanentes, onde se englobam as cargas devidas aos pesos próprios de todos
as componentes da estrutura;
• Acções Variáveis, cuja quantificação foi feita de acordo com o estipulado no RSA
(Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes).

Quadro 4.8 – Acções Verticais.

ACÇÕES PERMANENTES ACÇÕES VARIÁVEIS


Restantes cargas permanentes
Cargas gravíticas (KN/m3) Sobrecarga na laje (KN/m2)
(KN/m2)
Peso específico do
25 Revestimento
betão
+ 4 2
Peso específico do
77 Paredes
aço

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4.2.5 Vigas de bordadura

Relativamente às vigas de bordadura, foram dimensionadas com o objectivo de


proporcionarem menores deformações na laje de tal modo que possam ser transmitidos
maiores esforços de flexão aos pilares por torção (figura 4.2), aumentando os momentos
extremos que por consequência diminuirão as flechas.

Figura 4.2 – Deformação extrema da laje reduzida pelo grau de encastramento que possui
relativamente aos pilares.

Com o objectivo de evitar grandes deformações nas lajes, e porque é de boa prática
construtiva, considerou-se em todos os modelos vigas de bordadura 30 60 cm.

4.2.6 Pilares

Existem inúmeras variáveis que influenciam e condicionam a geometria dos pilares em betão
armado. Inicialmente a dimensão mínima da secção exigida para pilares era de 25 25 cm. No
entanto, com o intuito de evitar a encurvadura local e os efeitos de segunda ordem, para
alturas não superiores a três metros, é usual não se adoptarem secções inferiores a 30 30 cm.

Como tal escolheram-se as seguintes secções de pilares para os modelos efectuados (quadro
4.9).

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Quadro 4.9 – Secções dos pilares utilizados em cada tipo de vão.

Vãos (m) 4x4 5x5 5,7x5,7 6,7x6,7 8x4 8x5,7 8x8 10x4 10x5,7 10x10
Pilares
0,30 0,30 0,50 0,30
periféricos (m)
Pilares Centrais
0,30 0,30 0,50 0,50
(m)

Muito provavelmente as secções dos pilares utilizados em determinados vãos estão


sobredimensionadas. No entanto, visto que o objectivo visa o estudo da configuração
económica para lajes fungiformes, sendo que este estudo não depende directamente das
secções adoptadas para os pilares, adoptaram-se de uma forma generalista para vários vãos
tipo a mesma secção, com a garantia que esta cumpre as verificações exigidas para cada pilar.

4.2.7 Resumo dos modelos a estudar

Uma vez definida a geometria e as características de todos os modelos que se pretendem


estudar, como se podem resumir e observar no Quadro 4.5, estes são introduzidos no
programa de cálculo “Cypecad” como já foi referido anteriormente, e dele são extraídos:

• Esforços de dimensionamento;
• Deformações;
• Quantidade de aço por m2;
• Quantidade de betão por m2;
• Quantidade de blocos de aligeiramento por m2, para as lajes aligeiradas.

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Materiais 5 ANÁLISE DE RESULTADOS

5 ANÁLISE DE RESULTADOS

De seguida são apresentados os resultados obtidos dos modelos descritos anteriormente, que
nos permitirão compreender o comportamento das lajes fungiformes relativamente às suas
deformações, esforços e consumos, e com isto estimar um custo para cada modelo, com o
objectivo de encontrar a melhor configuração económica de acordo com a sua geometria.

5.1 Deformações

No Quadro 5.1 e 5.2 estão indicadas as deformações obtidas em cada modelo, das quais
podemos observar e analisar com mais pormenor nas Figuras 5.1 e 5.2, o seu comportamento
relativamente a cada vão.

Quadro 5.1 – Deformações nas lajes maciças.

LAJE MACIÇA – Deformações (mm)


Vãos (m)
Classe 4x4 5x5 5,7x5,7 6,7x6,7
de
betão Espessura da laje – h (cm)
25 30 35 25 30 35 25 30 35 25 30 35
C20/25 0,86 0,70 0,62 1,90 1,49 1,25 2,52 1,86 1,47 4,94 3,58 3,54
C25/30 0,81 0,66 0,59 1,81 1,41 1,19 2,40 1,77 1,40 4,70 3,40 2,65
C30/37 0,78 0,63 0,56 1,72 1,35 1,13 2,29 1,68 1,34 4,48 3,24 2,52
C35/45 0,74 0,61 0,53 1,65 1,29 1,08 2,19 1,61 1,28 4,28 3,10 2,41

Os gráficos expostos nas Figuras 5.1 e 5.2, relacionam as deformações com o tipo de vão, em
função da espessura da laje e da classe de resistência do betão.

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