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APLICAÇÃO DE ISOLAMENTO TÉRMICO

PELO EXTERIOR TIPO ETICS


ASSOCIADO A REVESTIMENTO
CERÂMICO

CRISTINA BRITES MOURA

Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de


MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL — ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÕES CIVIS

Orientador: Professor Doutor Vasco Manuel Araújo Peixoto de Freitas

JUNHO DE 2012
MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2011/2012
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Tel. +351-22-508 1901
Fax +351-22-508 1446
 miec@fe.up.pt

Editado por
FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO
Rua Dr. Roberto Frias
4200-465 PORTO
Portugal
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Fax +351-22-508 1440
 feup@fe.up.pt
 http://www.fe.up.pt

Reproduções parciais deste documento serão autorizadas na condição que seja


mencionado o Autor e feita referência a Mestrado Integrado em Engenharia Civil -
2011/2012 - Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2012.

As opiniões e informações incluídas neste documento representam unicamente o


ponto de vista do respetivo Autor, não podendo o Editor aceitar qualquer
responsabilidade legal ou outra em relação a erros ou omissões que possam existir.

Este documento foi produzido a partir de versão eletrónica fornecida pelo respetivo
Autor.
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

AGRADECIMENTOS

Ao longo da execução deste trabalho senti de forma muito lúcida alguns apoios e estímulos que
me levam agora a deixar aqui os meus sinceros agradecimentos, nomeadamente:
Ao Professor Vasco Freitas, pelos conselhos, pelo constante incitamento e por ter acreditado em
mim.
Ao meu namorado, pela ajuda prestada, por todo apoio e amor que me deu para que tivesse a
força de vontade necessária para completar esta jornada.
À minha família, por acreditarem na minha dedicação a este trabalho e compreenderem as
longas ausências.
Ao engenheiro António Pereira, pelo apoio e motivação prestados.
E a todas as pessoas que de forma direta ou indireta contribuíram para a realização deste
trabalho.

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

RESUMO

Tem havido uma evolução significativa na forma como se executam as fachadas dos edifícios
em Portugal. Na última década, foi introduzido em Portugal o sistema de isolamento térmico
pelo exterior, ETICS, no sentido de responder às crescentes exigências de conforto
higrotérmico. Este sistema constitui uma ótima solução, tanto do ponto de vista energético como
do ponto de vista construtivo.
Portugal tem também, uma forte tradição no que diz respeito ao revestimento de fachadas com
cerâmica. Na construção portuguesa, os revestimentos cerâmicos colados continuam a ser
amplamente utilizados, pois oferecem elevada durabilidade, bom desempenho técnico e vastas
possibilidades estéticas. Apesar da evolução da indústria e dos métodos de fixação, continua a
ser um revestimento confrontado frequentemente com graves patologias. O facto de este tipo de
revestimento de fachadas ter começado a surgir nos últimos anos, cada vez com maior
frequência, aplicado sobre o sistema ETICS, leva-nos a refletir até que ponto é viável podermos
considerar este sistema válido para a criação de uma ETA.
Avaliou-se desta forma no decorrer deste trabalho o processo para a elaboração de uma ETA,
bem como as suas exigências.
Procedeu-se à caraterização do cerâmico, à classificação das juntas, bem como à identificação
das patologias principais associadas ao sistema. Após esta análise pegou-se numa amostra de
edifícios com as características do sistema de aplicação de isolamento térmico pelo exterior tipo
ETICS associado a revestimento cerâmico, por forma a conseguir avaliá-la no seu desempenho.
Desta forma este trabalho teve o propósito de fazer uma amostra de obras realizadas com este
sistema e tentar perceber através das mesmas a exequibilidade do sistema.

PALAVRAS-CHAVE: ETICS, CERÂMICA, COLAGEM, FACHADA, HOMOLOGAÇÃO.

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

ABSTRACT

There has been a significant evolution in the way are executed the facades of buildings in
Portugal. In the last decade, was introduced in Portugal the thermal insulation system from
outside, ETICS, in order to respond to growing requirements for comfort hygrothermal. This
system is a great solution, both from the point of view of energy as the constructive point of
view. Portugal has also, a strong tradition with respect to the cladding with ceramic. In the
construction Portuguese, the ceramic coatings glued still widely used, because they offer high
durability, good technical performance and many aesthetic possibilities. Despite the evolution of
the industry and methods of fixation, continues to be a coating often confronted with severe
pathologies. The fact this type of cladding begun to emerge in recent years, with increasing
frequency, applied to ETICS system, leads us to consider until point is feasible we can consider
this system valid for creating an ETA.
Thus was evaluated during this work the process for developing an ETA and their requirements.
Proceeded to the characterization of the ceramic, the classification of joints, and the
identification of the major pathologies associated with the system. After this analysis, picked up
a sample of buildings, with the characteristics of the application system external thermal
insulation type ETICS associated with ceramic coating, in order to achieve evaluate it on its
performance.
Thus this work aimed to make a sample of the works with this system and trying to understand
through the same, the feasibility of the system.

KEYWORDS: ETICS, CERAMICS, COLLAGE, FACADE, APPROVAL.

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................... i
RESUMO ................................................................................................................................. iii
ABSTRACT ............................................................................................................................................... v

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................................... 1
1.2. OBJETIVOS E METODOLOGIA .......................................................................................................... 1
1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ....................................................................................................... 2

2. ANÁLISE DA ETAG 004 ........................................................................................... 3


2.1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS SISTEMAS ETICS ............................................................................. 3
2.2. CARATERIZAÇÃO DO SISTEMA ETICS ........................................................................................... 4
2.2.1. DESCRIÇÃO DOS ETICS ................................................................................................................... 4

2.2.2. ÂMBITO DE APLICAÇÃO DO SISTEMA .................................................................................................. 7

2.2.3 VANTAGENS DO SISTEMA ETICS ASSOCIADO A CERÂMICO.................................................................. 8


2.3. REGRAS PARA A CONCESSÃO DE UMA APROVAÇÃO TÉCNICA EUROPEIA (ETA) OU DE
UM DOCUMENTO DE HOMOLOGAÇÃO (DH) A SISTEMAS COMPÓSITOS DE ISOLAMENTO
TÉRMICO PELO EXTERIOR .................................................................................................................... 10
2.3.1.PASSOS A SEGUIR PARA ESTUDOS DE CONCESSÃO DE ETAS PARA ETICS ........................................ 10

2.3.2. O PROCESSO PARA APLICAÇÃO DE UMA ETA DE UM SISTEMA COMPÓSITO DE ISOLAMENTO


TÉRMICO PELO EXTERIOR ......................................................................................................................... 15

2.3.3 ANÁLISE CRITICA NO QUE SE REFERE ÀS PRINCIPAIS PREOCUPAÇÕES COM CERÂMICA ....................... 25

3. REVESTIMENTOS CERÂMICOS COLADOS EM


FACHADAS ...............................................................................................................................27
3.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 27
3.2. SÍNTESE HISTÓRICA DA APLICAÇÃO DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS EM FACHADAS .......... 27
3.3. ESTRUTURA DO SISTEMA ............................................................................................................. 28
3.3.1 REVESTIMENTO CERÂMICO .............................................................................................................. 28
3.3.2 ARGAMASSAS PARA JUNTAS ............................................................................................................. 31

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

3.3.3 MATERIAIS DE ASSENTAMENTO.........................................................................................................34


3.4. ESTUDO DE PATOLOGIAS DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS COLADOS EM FACHADAS –
CLASSIFICAÇÃO GERAL .......................................................................................................................36
3.4.1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................36
3.4.2 DESCRIÇÃO DAS PATOLOGIAS ..........................................................................................................37

3.4.3 DESCOLAMENTO E EMPOLAMENTO ...................................................................................................39

3.4.4 FISSURAÇÃO....................................................................................................................................40
3.5 ANÁLISE CRITICA ...........................................................................................................................43

4. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE EDIFICIOS COM


REVESTIMENTO CERÂMICO SOBRE ETICS ........................................45
4.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................45
4.1.1 ORIGEM DAS PATOLOGIAS ................................................................................................................45
4.2. CARATERIZAÇÃO DA AMOSTRA ....................................................................................................47
4.3. ESTRUTURA DA FICHA ...................................................................................................................48
4.4. FICHAS............................................................................................................................................49
4.5. ANÁLISE DE RESULTADOS ............................................................................................................66
4.6. IDENTIFICAÇÃO DAS PATOLOGIAS OBSERVADAS NO SISTEMA ETICS .....................................69
4.7. PREOCUPAÇÕES A TER NA EVENTUAL APLICAÇÃO DE CERÂMICA SOBRE ETICS ..................72
4.8. ANÁLISE CRITICA ...........................................................................................................................72

5. CONCLUSÃO ....................................................................................................................75

6. BIBLIOGRAFIA ...............................................................................................................77

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ÍNDICE DE FIGURAS

Fig.1 – Evolução da aplicação do sistema ETICS em Portugal (Fonte: APFAC) .................................... 4

Fig.2 – Composição esquemática de um ETICS constituído por reboco delgado armado sobre
poliestireno expandido (Freitas,2002) ...................................................................................................... 5

Fig.3 – Colagem Contínua ....................................................................................................................... 7

Fig.4 – Fixação Mecânica ........................................................................................................................ 8

Fig.5 – Cantoneira .................................................................................................................................... 8

Fig.6 – Ficha de Informação sobre sistema ETICS ............................................................................... 16

Fig.7 – Ficha de visita à fábrica.............................................................................................................. 18


Fig.8 – Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Murete com um sistema aplicado; À
direita: Execução de provetes de menores dimensões de um sistema, [LNEC] ................................... 19

Fig.9 – Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Ensaio higrotérmico em curso; À


direita: Sistema após ensaio de choque (com fendilhação mas sem penetração), [LNEC] .................. 19

Fig.10 – Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Sistema após ensaio de perfuração
(zona em que não resistiu ao punção de 12mm); À direita: Carotagem com uma broca
apropriada para a realização do ensaio de aderência, [LNEC]. ............................................................ 20

Fig.11 – Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Ensaio de aderência da camada de


base ao isolante; À direita: Ensaio de aderência da camada de base ao betão, [LNEC] ..................... 20

Fig.12 – Exemplo de ensaio feito no LNEC - Ensaio de resistência de sucção do vento, [LNEC] ....... 21

Fig.13 – Quadro a preencher pela Empresa requerente ....................................................................... 23

Fig.14 – Ficha a preencher por técnicos do LNEC ................................................................................ 24

Fig.15 – Designação das dimensões dos ladrilhos ................................................................................ 29

Fig.16 – Imagem de peça cerâmica com identificação da junta ............................................................ 33

Fig.17 – Identificação das patologias mais relevantes........................................................................... 67


Fig.18 – Distribuição percentual das patologias registadas nas inspeções .......................................... 68

Fig.19 – Incidência de Patologias conforme dimensão da cerâmica ..................................................... 69

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Caraterísticas do sistema ETICS e sua descrição........................................................................ 6

Quadro 2 - Vantagens do sistema ETICS associado a cerâmico .................................................................... 9


Quadro 3 - Equivalências entre as especificações do LNEC e as do sistema Europeu ................................... 12

Quadro 4 - Classes de reação ao fogo do sistema ETICS e o material de isolamento térmico ......................... 12

Quadro 5 - Características do sistema ETICS exidas para a ER3 ................................................................. 13

Quadro 6 - Resistência mínima do sistema ETICS exigidas para a ER4 ....................................................... 14

Quadro 7 - Critérios de apreciação dos ensaios realizados sobre o sistema aplicado no murete ..................... 21

Quadro 8 - Exigências definidas para os componentes do sistema ............................................................... 21


Quadro 9 - Caraterísticas exigidas para as diferentes aplicações ................................................................. 30

Quadro 10 - Valores caraterísticos médios................................................................................................. 31

Quadro 11 - Tipos de juntas de construção (juntas estruturais) .................................................................... 32


Quadro 12 - Tipos de juntas de construção (juntas periféricas) .................................................................... 32

Quadro 13 - Tipos de juntas de construção (juntas intermédias) .................................................................. 32

Quadro 14 - Espessuras recomendadas para as juntas entre ladrilhos fixados por colagem com colas ou
cimentos - cola .......................................................................................................................................... 33

Quadro 15 - Propriedades das cotas a ter em conta na aplicação em obra ......................................... 34

Quadro 16 - Especificações para cimento cola e colas ................................................................................ 35

Quadro 17 - Resumo da aplicabilidade dos cimentos – cola ................................................................. 36

Quadro 18 - Patologias dos revestimentos cerâmicos ............................................................................... 37

Quadro 19 - Tipos de rutura das ligações ladrilho-cola-suporte e suas causas .............................................. 41


Quadro 20 - Classificação das causas das patologias em revestimentos cerâmicos sobre
sistema ETICS........................................................................................................................................ 46

Quadro 21 - Identificação da Amostra ....................................................................................................... 48


Quadro 22 - Identificação das patologias ................................................................................................... 66

Quadro 23 - Identificação das patologias nos cerâmicos colados sobre ETICS nos edifícios observados ......... 66

Quadro 24 - Quantificação dos edifícios com determinadas patologias ......................................................... 67


Quadro 25 - Idades dos Edifícios observados com sistema do cerâmico sobre ETICS ................................... 68

Quadro 26 - Patologias mais correntes cerâmicos aplicados em fachadas sobre sistema ETICS .................... 70

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SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

ETICS - External Thermal Insulation Composite System

ETA - European Technical Approvals

EOTA - European Organisation for Technical Approvals

ETAG 004 – Guideline for European Technical Approval of External Thermal Insulation
Composite Systems With Rendering

DEC - Departamento de Engenharia Civil


APFAC - Associação Portuguesa dos Fabricantes de Argamassas de Construção

LNEC – Laboratório de Engenharia Civil

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

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INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O revestimento de fachadas cumpre um papel importante no desempenho dos edifícios, não só no que
diz respeito ao aspeto visual e embelezamento proporcionados, como também na durabilidade, na
valorização do imóvel e na eficiência térmica destes.
O sistema tipo ETICS (External Thermal Insulation Composite Systems) garante a continuidade do
isolamento e a melhoria do conforto resultante do aumento da inércia térmica interior. Os fatores mais
relevantes da não aplicação do sistema, são a fraca resistência ao choque e o aparecimento de
manchas.
Portugal tem uma grande tradição na utilização de revestimentos cerâmicos no revestimento exterior
de fachadas. Assim a associação do revestimento cerâmico ao sistema tipo ETICS além de resolver os
problemas de resistência a choque e aparecimento de manchas, mantém a tradição incorporada em
Portugal de fachadas revestidas a cerâmica.
A integração destes dois elementos vai ser estudada e analisada ao longo desta dissertação.

1.2. OBJETIVOS E METODOLOGIA

É objetivo deste trabalho contribuir para o estudo da aplicação de isolamento térmico pelo exterior
tipo ETICS associado a revestimento cerâmico, através da análise da metodologia que poderá vir a ser
aplicada, com base na ETAG 004.
A recolha e tratamento de informação relativa a casos de estudo existentes no nosso país, é
imprescindível, de forma a poder definir as preocupações de desempenho deste sistema, identificar as
exigências de aprovação técnicas e poder propor uma metodologia de avaliação do seu desempenho e
durabilidade.
São assim objetivos deste trabalho:
 Estudar as exigências de aprovação técnica do sistema;
 Fazer a caraterização do sistema cerâmico associado ao ETICS, a avaliação das junta, das
colas e a sua aplicação (tempo de vida útil), bem como as principais patologias associadas;

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 Avaliar o desempenho de edifícios nos quais foi aplicada a solução de aplicação de


isolamento térmico pelo exterior tipo ETICS associado a revestimento cerâmico, numa amostra
recolhida.
A metodologia aplicada baseou-se no estudo da ETAG004 [1], como ponto de partida para o estudo
das exigências a ter em conta do sistema em estudo e posteriormente no levantamento e análise de
uma amostra de edifícios nos quais foi aplicado esse mesmo sistema.

1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A presente dissertação encontra-se organizada em 6 capítulos, podendo ser divididos em 2 partes


distintas.
Na primeira parte, nos capítulos 2 e 3 avaliou-se informação relativamente ao sistema, sua
caracterização, levantamento das principais normas e regulamentos associados, aplicação de cerâmica
em fachadas e estudo das patologias mais frequentes.
Na segunda parte, nos capítulos 4 e 5, recolheu-se uma amostra demonstrativa do sistema em estudo e
apresentou-se propostas para uma possível aprovação do produto e conclusões finais a retirar.
Nos pontos seguintes, apresenta-se o resumo da informação contida em cada um dos capítulos.
 CAPÍTULO 1: Este capítulo constitui a introdução da dissertação, no qual se elaboram
algumas considerações iniciais sobre o âmbito da mesma, se apresenta a justificação da sua
elaboração e se descreve resumidamente a metodologia que se adotou.
 CAPÍTULO 2: Neste segundo capítulo, apresenta-se uma caracterização exaustiva do
sistema ETICS. Com este objetivo descrevem-se os diversos constituintes do sistema e as suas
principais caraterísticas. Simultaneamente descreve-se em traços gerais técnicas de aplicação
identificando-se os principais cuidados a ter na sua execução. Por último faz-se apresentação
resumida da ETAG 004.
 CAPÍTULO 3: No terceiro capítulo, é descrito o estudo da aplicação de cerâmica colada
sobre ETICS em fachadas, as suas vantagens e desvantagens, as suas características e o seu
comportamento.
 CAPÍTULO 4: Neste capítulo, é feito o estudo de obras e seu desempenho onde foi
aplicado o sistema em estudo e é apresentada uma proposta de metodologia como proceder à
homologação do sistema.
 CAPÍTULO 5: O último capítulo apresenta as considerações e conclusões gerais
relativamente à dissertação e apresenta sugestões para desenvolvimentos futuros.
 CAPÍTULO 6: Na bibliografia são indicados todos os documentos que serviram de
referência à elaboração da presente dissertação.

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02
ANÁLISE DA ETAG 004

2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS SISTEMAS ETICS

Nos anos 40, surgiu na Suécia um sistema de isolamento térmico de fachadas pelo exterior, constituído
por lã mineral revestida com um reboco de cimento e cal. De acordo com alguns autores, Edwin
Horbach, químico suíço, foi o responsável pelo desenvolvimento dos sistemas de reboco delgado
armado sobre poliestireno expandido. Edwin Horbach testou diversas composições de reboco,
produtos de reforço e materiais de isolamento, num pequeno laboratório, que construiu na sua cave,
tendo posteriormente contactado com um fabricante alemão de poliestireno expandido e foi então que
no final dos anos 50 o seu sistema começou a ser utilizado. [5]
A primeira utilização de um sistema de revestimento e isolamento térmico pelo exterior em grande
escala foi efetuada na Alemanha, em indústria, nos finais da década de 50 e na década seguinte em uso
doméstico.
Os ETICS foram introduzidos nos Estados Unidos da América no final dos anos 60 por Frank Morsilli
(1)
. O sistema teve de sofrer algumas alterações para que se adaptasse ao tipo de construção existente e
ao mercado americano.
Inicialmente existiu alguma resistência à utilização do sistema nos Estados Unidos. Foi durante a crise
energética do final dos anos 60 e início dos anos 70, que aumentou o interesse pelo isolamento térmico
pelo exterior, principalmente pela conservação de energia que lhe estava associada. [5]
Só no final do século XX (inicio dos anos 90) é que se verificou a introdução, de uma forma
generalizada, do sistema ETICS no nosso país, quer em construções novas, quer na reabilitação de
edifícios.
A Fig.1 mostra a evolução da aplicação do sistema ETICS em Portugal, onde se pode observar que é
pouco utilizado até 2005,mas com um enorme “boom” a partir desse anos, em que os ETICS crescem
em Portugal de forma explosiva devido a exigências regulamentares ao nível da térmica (Regulamento

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das Caraterísticas de Comportamento Térmico dos Edifícios) e pelas vantagens que o sistema
apresenta.
A oferta é enorme, além dos fabricantes de argamassas, muitas empresas de tintas, face à redução de
atividade, interessaram-se por esta solução com aplicação na construção nova/reabilitação.

Fig.1 - Evolução da aplicação do sistema ETICS em Portugal (Fonte: APFAC)

(1)
Nos Estados Unidos da América utiliza-se a sigla EIFS (Exterior Insulation and Finish Systems) para designar os ETICS.

2.2. CARATERIZAÇÃO DO SISTEMA ETICS


2.2.1 DESCRIÇÃO DOS ETICS

O sistema ETICS é uma solução de isolamento térmico aplicável em paramentos exteriores de


paredes. Este tipo de sistema pode ser aplicado em paredes de alvenaria (por exemplo constituídas por
tijolos, blocos de betão ou blocos de betão celular autoclavado) ou em paredes de betão (betonadas in
situ ou pré-fabricadas).
O sistema tipo ETICS mais frequente no mercado português é constituído por suporte (alvenaria ou
betão), por placas de poliestireno expandido (EPS), coladas ao suporte e revestidas com um reboco
delgado aplicado em várias camadas e armado com uma ou várias redes de fibra de vidro. O conjunto
é geralmente recoberto com um revestimento plástico espesso como acabamento final. (Fig.2).
Relativamente à forma de fixação, os ETICS podem classificar-se em:
• Sistemas colados (incluindo ou não fixações mecânicas complementares);
• Sistemas fixos mecanicamente (incluindo ou não colagem complementar).
Os sistemas colados são os sistemas que iremos ter especial atenção, pois é sobre eles que
desenvolvemos o estudo deste trabalho, mas por sua vez a fixação mecânica é muito importante no
caso se aplicar cerâmica.
Nos sistemas colados, que são os mais comuns, o produto usado como camada de base é em geral
também usado como produto de colagem.

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

Este sistema está preparado para receber os revestimentos plásticos espessos (RPE) tal como
preconizado na ETAG 004, embora o mercado português esteja neste momento a aplicar outros
materiais, tais como a cerâmica, tema de desenvolvimento deste estudo.

Fig.2 - Composição esquemática de um ETICS constituído por reboco delgado armado sobre poliestireno
expandido (Freitas,2002)

2.2.2.1 Suporte
Os suportes sobre os quais se pode aplicar o sistema ETICS deverão ser superfícies planas verticais
exteriores e superfícies horizontais ou inclinadas não expostas à precipitação, tais como:
 Alvenaria de blocos de betão, tijolo, pedra;
 Alvenaria com reboco de ligantes hidráulicos;
 Suportes pintados, desde que convenientemente preparados.

2.2.2.2 Materiais
Os elementos que constituem o sistema, bem como as suas características variam de acordo com o
fabricante, no entanto devem sempre respeitar a respetiva ETA.
O Quadro 1 a seguir representado especifica esses elementos e faz a sua breve descrição nos
parâmetros mais importantes a ter em conta.

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

Quadro 1 – Caraterísticas do sistema ETICS e sua descrição

CARATERISTICAS DESCRIÇÃO
1. Colagem / Cola Produto utilizado para a preparação da cola que se destina a fixar,
por aderência, o isolante térmico ao suporte. Geralmente é um
produto pré-doseado, fornecido em:

- Pó e ao qual se adiciona apenas água;

- Pó para mistura com um determinado ligante (resina);


- Pasta, à qual se adiciona 30% em peso de cimento
Portland.

O poliestireno expandido moldado (EPS) em placas é o material


usado como isolante térmico. Deve ter uma massa volúmica
2. ISOLANTE
compreendida entre 15 e 20 kg/m3 e ser ignífugo.
TÉRMICO -
poliestireno Além disso devem possuir as duas características fundamentais:
expandido (EPS)
• Boa resistência térmica (λ≤0,065 W/m. K) e resistência mecânica
2
suficiente para o tipo de ações que vai estar sujeito ( ≥0,02N/mm ).
2
• Baixo módulo de elasticidade transversal (> 1,0 kN/mm ).

3. CAMADA DE BASE A camada de base é constituída pelo reboco (barramento) de


alguns milímetros de espessura (entre 2 e 5mm), executado em
várias passagens sobre o isolamento, de forma a permitir o
completo recobrimento da armadura. O produto utilizado é
geralmente idêntico ao de colagem

4. ARMADURAS As armaduras são, geralmente redes de fibra de vidro com


características técnicas devidamente definidas para esse efeito e
com um tratamento antialcalino contra a agressividade dos
cimentos
Distinguem-se dois tipos de armaduras:

• As “armaduras normais” têm como função melhorar a resistência


mecânica do reboco e assegurar a sua continuidade;
• As “armaduras de reforço” são utilizadas como complemento das
armaduras normais para melhorar a resistência aos choques do
reboco.

5. CAMADA DE O primário consiste numa pintura opaca à base de resinas em


PRIMÁRIO solução aquosa, que é aplicada sobre a camada de base. É
necessário que o produto seja compatível com a alcalinidade da
camada de base. A função da camada de primário é regular a
absorção e melhorar a aderência da camada de acabamento.
Alguns sistemas não incluem esta camada

É neste ponto que nos vamos debruçar um pouco mais, pois é


nesta fase que iremos ter uma camada diferente de acabamento,
6. REVESTIMENTO
nomeadamente o cerâmico, que talvez um pouco pela vertente
FINAL

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

tradicionalista da cerâmica em Portugal, tem vindo a ser opção nas


fachadas de ETICS. No sistema tradicional o revestimento final
normalmente usado é o revestimento plástico espesso.
A camada de acabamento confere aspeto decorativo e contribuiu
para a proteção do sistema contra os agentes climatéricos. Esta
camada é aplicada sobre a camada base ou sobre a camada de
primário (caso exista).

2.2.2 ÂMBITO DE APLICAÇÃO DO SISTEMA

Para responder às crescentes exigências de conforto higrotérmico, que estão intimamente associadas às
preocupações com o consumo de energia e proteção ambiental, é necessário isolar termicamente a
envolvente dos edifícios, de modo a minimizar as trocas de calor com o exterior.
O sistema ETICS apresenta vantagens no caso de edifícios com isolamento térmico insuficiente,
infiltrações ou aspeto degradado. Além disto, pode diminuir o risco de ocorrência de condensações,
tratando de certo modo as pontes térmicas.
Têm sido desenvolvidos diversos sistemas de isolamento térmico de fachadas pelo exterior que são de
utilização corrente em diversos países europeus, quer na reabilitação de edifícios cuja envolvente
vertical apresente índices de isolamento térmico insatisfatórios, infiltrações ou aspeto degradado, quer
em novas construções. Estes sistemas constituem uma ótima solução, tanto do ponto de vista
energético como do ponto de vista construtivo.
2.2.2.1 Aplicação do sistema
De um modo geral pode-se descrever e enunciar a aplicação do sistema da seguinte forma:
1. Montagem dos andaimes e proteções individuais;
2. Preparação do suporte, que deve estar limpo e sem grandes irregularidades superficiais, no
caso de reabilitação;
3. Fixação mecânica ao suporte dos perfis de arranque (limitam o contorno inferior dos ETICS);
4.Fixação das placas de isolante térmico ao suporte. Temos quatro tipos de colagem, por pontos,
por bandas ou continua, em que todas podem ser associadas a fixação mecânica. A colagem
mais eficaz é a contínua, em conjunto com a fixação mecânica, uma vez que as colagens por
pontos ou bandas originam espaços vazios nas placas, sendo que ao longo do tempo estas têm
maior probabilidade de empenar e tendo nós um peso adicional do cerâmico colado sobre estas
mesmas placas é fundamental que a colagem seja continua, para evitar a maior probabilidade de
haver descolamentos.

Fig.3 - Colagem Contínua

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

Fig.4 - Fixação Mecânica

5. Colagem dos perfis de canto, sobre o isolante térmico;

Fig.5 - Cantoneira

6. Aplicação do cimento cola, de forma também continua, número mínimo de 2cm, com recurso
a uma talocha metálica, recobrindo as cantoneiras de proteção;
7. Aplicação da cerâmica escolhida;
8. Para acabamento, é aplicada a massa das juntas, em todas ou na matriz definida pelo sistema;
9. Limpeza do sistema.
NOTA: Importa referir que as várias fases descritas são de carácter particularmente exemplificativo,
devendo para cada sistema a aplicar ser estritamente seguidas as várias fases definidas e detalhadas
nos respetivos manuais técnicos de cada fabricante.

2.2.3 VANTAGENS DO SISTEMA ETICS ASSOCIADO A CERÂMICO

A solução indicada para o sistema ETICS tradicional, composta por colagem, isolante térmico, camada
de base, armaduras, camada de primário e revestimento final plástico espesso apresenta, contudo,
limitações do ponto de vista de determinadas solicitações mecânicas, especificamente devidas a ação
de perfuração já que a utilização de objetos cortantes facilmente degrada o conjunto do revestimento

8
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

especialmente pela pouca resistência apresentada à perfuração. Os testes efetuados de acordo com a
ETAG 004 [1] raramente conduzem a boas soluções, neste âmbito. O resultado pode significar
degradação por ações de vandalismo ou até degradação por ações naturais, no mínimo insólitas, como
ações de bico de pica-pau.[31]
Desta forma podemos constatar que as duas maiores desvantagens do sistema tradicional ETICS são a
baixa resistência ao impacto, que é particularmente gravosa em zonas acessíveis e que pode acarretar,
além das evidentes consequências estéticas, pontos privilegiados de entrada de água para o interior e a
degradação do aspeto exterior devido ao aparecimento de manchas (algas e fungos). Este problema
apesar de não provocar qualquer alteração no desempenho térmico e mecânico do sistema, tem um
grande impacto visual, conferindo às fachadas um aspeto de acentuada degradação.
A solução para este problema passa, evidentemente, por garantir maior resistência superficial do
material de revestimento associado ao sistema, podendo ao mesmo tempo garantir todas as vantagens
já existentes associadas ao ETICS tradicional. Nesta ótica, no contexto português, não se pode
simplesmente desconsiderar a solução de aplicação de materiais cerâmicos sobre o ETICS, porque por
um lado é uma solução de fachada com forte tradição no nosso país.
De seguida apresentam-se as vantagens do sistema ETICS associado ao cerâmico tendo como
consideração o anteriormente dito no ponto anterior.

Quadro 2 – Vantagens do sistema ETICS associado a cerâmico

VANTAGENS DESCRIÇÃO

1. Aumento da resistência ao O acabamento final de um material mais resistente vai


choque diminuir a degradação das fachadas, sujeitas a possíveis
atos de vandalismo, ou mesmo intempéries.

Resistindo melhor aos atos de vandalismo, tem uma


maior durabilidade, assim como a necessidade de pintura
ao longo dos anos não é necessária, sendo mais fácil de
manter um aspeto mais “generoso” ao longo dos anos a
nível estético (isento de manutenção).

2. Tradição Conjugação da solução de isolamento térmico com os


revestimentos históricos em Portugal (cerâmica).

3. Estética Grande variedade de cores e texturas de acabamento.


Ideal para recuperação de fachadas.

9
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

2.3. REGRAS PARA A CONCESSÃO DE UMA APROVAÇÃO TÉCNICA EUROPEIA (ETA) OU DE UM


DOCUMENTO DE HOMOLOGAÇÃO (DH) A SISTEMAS COMPÓSITOS DE ISOLAMENTO TÉRMICO PELO
EXTERIOR

A Diretiva Comunitária 89/106/CEE, de 21 de Dezembro de 1988, transposta para a ordem jurídica


nacional pelo Decreto-Lei n.º 113/93, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 4/2007, de 8 de
Janeiro, é quem conjuga a Marcação CE aos produtos de construção. Essa conjugação é feita
basicamente com a comprovação de conformidade desses produtos, associada a dois tipos de
especificações técnicas: Normas Europeias (Normas EN) harmonizadas e Aprovações Técnicas
Europeias (ETA – European Technical Approvals).
Desta forma, a Aprovação Técnica Europeia aplica-se a produtos ou sistemas inovadores, para os
quais não existe nem está prevista, a médio prazo, a existência de uma norma europeia harmonizada. É
uma apreciação técnica favorável com base em requisitos definidos a nível europeu, concedida por
qualquer organismo membro da EOTA (Organização Europeia para a Aprovação Técnica) e válida em
todo o espaço europeu.
Em Portugal, o LNEC é o organismo nacional membro da EOTA e encontra-se, portanto, em
condições de conceder ETAs, após a verificação dos requisitos estabelecidos em cada caso.
Os Sistemas Compósitos de Isolamento Térmico pelo Exterior, designados pela sigla ETICS, a partir
da terminologia anglo-saxónica (“External Thermal Insulation Composite Systems”), fazem parte
deste conjunto de sistemas considerados inovadores e é objeto do ETAG 004 – “Guideline for
European Technical Approval of External Thermal Insulation Composite System with redering”, em
vigor desde Março de 2000.
A avaliação da aptidão ao uso destes sistemas deixou assim, a partir de Março de 2000, de ser
realizada com base nos Guias da União Europeia para a Aprovação Técnica na Construção até então
adotados no LNEC para dar origem a Homologações nacionais, passando a ser realizada com base no
ETAG 004, originando Aprovações Técnicas Europeias.
Posto isto, o LNEC, perante o pedido de um fabricante de um ETICS propõe ao requerente, em
alternativa, a realização de um estudo com vista à obtenção de uma ETA (e posterior marcação CE) ou
de um Documento de Homologação (DH). O requerente deve ter em conta o facto de o DH ser
essencialmente vocacionado para o mercado português, ao passo que a ETA visa permitir a livre
circulação do produto no Espaço Económico Europeu. [30]
De seguida apresentam-se os passos a seguir para os estudos de concessão de ETAs para ETICS,
descreve-se a organização destes estudos no LNEC e referem-se as ações que devem ser realizadas no
âmbito desses estudos e os critérios aplicados na avaliação dos sistemas, o que com as devidas
adaptações são igualmente válidas para a concessão de DHs a este tipo de produto da construção.

2.3.1.PASSOS A SEGUIR PARA ESTUDOS DE CONCESSÃO DE ETAS PARA ETICS

O ETICS envolve diversas ações, entre as quais a realização de uma campanha experimental, a
avaliação das condições de produção do requerente e a verificação da aplicabilidade em obra, que será
o que mais à frente tentaremos fazer de forma experimental para a colagem de cerâmico sobre ETICS,
nossa base de estudo.

10
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

Neste Guia de Aprovação Técnica são descritas as exigências de desempenho aplicáveis ao sistema
ETICS para utilização como isolamento exterior de paredes de edifício. São também definidos
métodos de verificação de variados aspetos de desempenho do sistema, critérios de avaliação que se
devem ter em conta para avaliar o desempenho para o uso pretendido do sistema, assim como
possíveis condições para conceção e execução do sistema ETICS.
Desta forma o guia para Aprovação Técnica ETAG004, em vigor desde Março de 2000, estabelece os
requisitos que este sistema deve ter para que quando incorporado num edifício este cumpra as 6
exigências essenciais definidas na Diretiva de Produtos da Construção:
 ER1 – Resistência mecânica e estabilidade;
 ER2 – Segurança contra incêndios;
 ER3 – Higiene, saúde e ambiente;
 ER4 – Segurança na utilização;
 ER5 – Proteção contra o ruído;
 ER6 – Economia de energia e retenção do calor.
Para o nosso estudo é relevante referir a ER2, a ER3, a ER4 e a ER6, pois são exigências que
influenciam de alguma forma com a aplicação de cerâmica sobre ETICS.

I. ER2 – Segurança Contra Incêndios


As obras devem ser concebidas e realizadas de modo a que, no caso de se declarar um incêndio, a
capacidade das estruturas de suporte de carga possa ser garantida durante um período de tempo
determinado, a deflagração e propagação do fogo e do fumo dentro da obra sejam limitadas, a
propagação do fogo às construções vizinhas seja limitada, os ocupantes possam abandonar a obra ou
ser salvos por outros meios e a segurança das equipas de socorro esteja assegurada.
O aspeto mais relevante na avaliação deste requisito é a Reação ao Fogo. Esta avaliação da
performance do sistema ETICS depende da legislação e regulamentação aplicável ao edifício em geral.
A ETAG 004 recomenda esta classificação de acordo com a norma EN 13501-1. Em Portugal, era
recorrente e aplicável o Regulamento de Segurança contra Incêndio em Edifícios de Habitação para
qualificar os materiais de construção em relação à Reação do Fogo. Segundo essa classificação, as
classes variavam entre M0 (não combustível) e M4 (combustível e facilmente inflamável).
Com as alterações do decreto-lei 220/2008 adotaram-se as sete classes da norma EN13501 referentes
ao desempenho dos produtos em matéria de Reação ao Fogo. Este sistema de classificação distingue 7
Euroclasses: A1, A2, B, C, D, E, e F.
O decreto-lei estabelece equivalência entre esta classificação e a anterior especificada pelo LNEC.
[33]

11
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

Quadro 3 – Equivalências entre as especificações do LNEC e as do sistema Europeu

Classificação de acordo Classificação segundo o sistema europeu

Classificação Complementar

Classes Produção de fumo Queda de gotas/partículas Inflamadas

M0 A1 - -

A2 S1 d0

M1 A2 Não exigível d0

B Não exigível d0

M2 A2 Não exigível d1

B Não exigível d0

C Não exigível d1

M3 D Não exigível d0

d1

M4 A2 Não exigível d2

B Não exigível d2

C Não exigível d2

D Não exigível d2

E - Ausência de classificação d2

Sem classificação F - -

No entanto, com a saída da portaria nº 1532/2008 os sistemas ETICS passaram a ter que cumprir os
seguintes requisitos de reação ao fogo:

Quadro 4 – Classes de reação ao fogo do sistema ETICS e o material de isolamento térmico

Elementos Edifícios de pequena Edifícios de média Edifícios com altura


altura altura superior a 28 m

Sistema Completo C-s3,d0 B-s3,d0 B-s2,d0

Isolante Térmico E-d2 E-d2 B-s2,d0

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

II. ER3 - HIGIENE, SAÚDE E AMBIENTE


Esta exigência pretende assegurar que o sistema ETICS é concebido e executado de modo a não causar
danos à higiene e saúde dos habitantes assim como ao seu meio em redor.
Para o cumprimento desta exigência (ER3) deve ser avaliadas as seguintes características do sistema
ETICS e/ou dos seus componentes: absorção de água, estanquidade à água, resistência aos impactos,
permeabilidade ao vapor de água.
O Quadro 5 [33] a seguir resume a exigências mínimas das características do sistema ETICS para a
ER3.
Quadro 5 – Características do sistema ETICS exigidas para a ER3

CARATERISTICA DESCRIÇÃO
2
Absorção Água (teste de Após uma hora <1.00 kg/m
capilaridade) 2
Após 24horas <0.5 kg/m

Estanquidade à água Comporta o estudo do desempenho higrotérmico e gelo-degelo.

No final, nem durante não deve ocorrer:


1- Bolhas ou descascamento da camada de acabamento;

2- Fissuras ou fendas associadas a juntas entre placas de


isolamento térmico e a perfis de montagem do sistema;

3- Descolamento do revestimento (camada base, armadura de


reforço, camada de acabamento);

4- Fissuras que permitam a penetração de água no isolamento


térmico.

Resistência a Impactos Os ensaios são efetuados após os ciclos calor/chuva e calor/frio. É


avaliada a resistência ao impacto (de 3 joules a 10 joules), à
penetração do sistema e ao punçoamento dinâmico
Foram identificados 3 grupos correspondentes ao grau de exposição a
que estão sujeitos:

Categoria I – Zonas ao nível do chão facilmente acessíveis e


vulneráveis a impactos, excecionalmente severos;

Categoria II – Zonas vulneráveis a impactos de objetos arremessados


ou chutados, mas em locais públicos onde a altura do sistema limita a
extensão do impacto ou em pisos inferiores onde o acesso ao edifício
é principalmente para pessoas que têm algum cuidado;

Categoria III – Zonas pouco sujeitas a danos devido a impactos


normais causados por pessoas ou por objetos arremessados ou
chutados.

Permeabilidade ao vapor A permeabilidade ao vapor de água é avaliada com base no ensaio


de água descrito na norma EN 12086 – “Thermal insulating products for
buildings application – Determination of water vapour transmission
properties”. A resistência à difusão do vapor de água no sistema

13
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

ETICS não deve exceder os 2 metros se o isolamento térmico for de


origem celular plástica (ex: placas EPS) e no caso de lã mineral como
isolamento, não deve exceder mais de 1 metro.

III. ER4 – SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO

Resistência mecânica e estabilidade são exigências que o sistema tem de ter em conta para garantir a
segurança na utilização, embora não tenha como principal função garantir segurança e estabilidade
estrutural do edifício.
Como caraterísticas do sistema e dos seus componentes que garantam a segurança e estabilidade do
mesmo, é de referir que o sistema deverá suportar o seu peso próprio sem deformações elevadas. Os
movimentos normais da estrutura não deverão dar origem a qualquer tipo de fissura ou perda de
adesão do sistema face ao suporte. O sistema ETICS deve suportar movimentos devido à temperatura
e variações de tensão, exceto nas ligações estruturais que são necessárias precauções especiais. Deve
com margem de segurança suficiente, apresentar resistência mecânica adequada às forças de pressão,
sucção e vibração, devido à ação do vento.
Para avaliar esta capacidade resistente do sistema ETICS é necessário avaliar na situação de
revestimento cerâmico a força de ligação entre a camada base e isolamento térmico, produto de
colagem e substrato e produto de colagem e isolamento térmico, bem como a resistência à ação do
vento.
Para a primeira avaliação é de salientar que qualquer que seja o tipo de fixação usado no sistema
ETICS, a avaliação da força de ligação entre a camada base e o isolamento térmico tem de ser sempre
testada. O Quadro 6 representa a resistência mínima a cumprir para cada uma das situações. [33]

Quadro 6 – Resistência mínima do sistema ETICS exidas para a ER4

SITUAÇÃO RESISTÊNCIA MINIMA (Mpa)

Camada base vs. Isolamento 0,08 Mpa


térmico

Produto de colagem vs. 0,25 Mpa (em condições secas);


Substrato
0,08 Mpa (com influência da ação da água: 2 horas após
a remoção das amostras);

0,25 Mpa (com influência da ação da água: 7 horas após


a remoção das amostras).

Produto de colagem vs. 0,08 Mpa


Isolamento térmico

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

IV. ER6 – ECONOMIA DE ENERGIA E RETENÇÃO DE CALOR


O sistema ETICS melhora o isolamento térmico e torna possível reduzir a necessidade de aquecimento
no inverno e o recurso a sistema de arrefecimento no verão.
Assim, a melhoria da resistência térmica da parede induzida pela aplicação do ETICS deve ser
avaliada para que ele possa ser introduzido no cálculo térmico exigido na regulamentação nacional
sobre o consumo de energia.
Interessa pois neste ponto verificar a resistência e transmissão térmica.
A resistência térmica adicional fornecida pelo ETICS (Retics) ao substrato é calculada a partir da
resistência térmica do produto de isolamento (Rd) e do valor Rreboco. Rreboco é um valor tabelado de 0,02
m2·K/W.

Retics = Rd + Rreboco (1)

A resistência térmica do sistema ETICS deverá ser de, pelo menos, 1 m2·K/W.

2.3.2. O PROCESSO PARA APLICAÇÃO DE UMA ETA DE UM SISTEMA COMPÓSITO DE ISOLAMENTO TÉRMICO
PELO EXTERIOR

O processo para concessão de uma ETA de um Sistema Compósito de Isolamento Térmico pelo
Exterior inicia-se com uma avaliação da viabilidade de realização do estudo, que consiste na análise da
documentação enviada ao LNEC pela empresa produtora, relativa aos sistemas e às condições de
produção. Esta análise permitirá decidir se é possível desenvolver o estudo, ou se, pelo contrário, será
necessário solicitar à empresa informações adicionais, ou a introdução de melhoramentos nos aspetos
do seu funcionamento que condicionam a constância da qualidade do produto, nomeadamente no que
se refere à definição do processo de fabrico, ao planeamento do controlo interno da produção e aos
recursos humanos necessários às tarefas técnicas.
Se os dados recebidos forem considerados suficientes, será elaborado um Plano de Trabalhos do
estudo a desenvolver.
No Plano de Trabalhos são definidos dois sub-estudos distintos, cada um dos quais incluirá duas ações
indicadas distintas, nomeadamente apreciação da viabilidade de Aprovação Técnica Europeia (engloba
duas fases, designadamente ações preliminares e campanha experimental alargada e condições de
aplicação do sistema) e Concessão da Aprovação Técnica Europeia.
Os passos a desenvolver encontram-se a seguir descritos mais a pormenor [30].

2.3.2.1 Passo 1 – Análise da Documentação Técnica


Os documentos que a empresa deverá apresentar são os seguintes:
 designação comercial do sistema;
 desenhos esquemáticos pormenorizados do sistema;

15
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

 características de cada constituinte (designação comercial, tipo/ composição básica,


características principais, espessura / consumo / dimensões, aplicação descrição do modo de
aplicação, incluindo amassadura dos produtos, tempos de secagem entre camadas, etc.);
 ensaios já existentes dos vários componentes, declaração de marcação CE e outros estudos;
 informação sobre controlo da qualidade em fábrica dos vários componentes;
 informação sobre produtos tóxicos ou perigosos na constituição dos componentes.

Esta informação deve ser entregue de forma organizada, clara e completa, de acordo com as fichas que
se incluem na Fig. 6 [30], apresentado a seguir, ou de outro modo igualmente adequado.

Fig.6 – Ficha de Informação sobre sistema ETICS

16
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

2.3.2.2 Passo 2 – Visita à Fábrica

 Verificação das condições de fabrico


Serão efetuadas visitas às instalações de fabrico do revestimento de modo a analisar as condições
técnicas de instalação e produção, e avaliar a capacidade e a qualidade da produção.
O processo de fabrico deve garantir a constância de características, nomeadamente através de métodos
rigorosos e automatizados de dosagem. É dado um especial relevo às providências tomadas para o
controlo interno da qualidade nas diversas fases do processo de fabrico. Devem estar previstos
procedimentos para aceitação ou rejeição das matérias-primas e para aceitação, reaproveitamento ou
rejeição dos produtos acabados. Os produtos rejeitados devem ter uma localização definida e devem
estar claramente assinalados. Serão também observados os procedimentos para receção e controlo da
qualidade dos componentes do sistema produzidos por outras empresas.
Uma ficha do tipo da apresentada na Fig. 7 Será usada nestas visitas.
No caso de eventuais lacunas ou ambiguidades de informação, estas serão comunicadas à empresa de
modo a serem eliminadas. Se se verificarem falhas no processo de produção ou na organização do
controlo interno da produção ou ainda insuficiência de qualificação do pessoal afeto ao controlo
interno da produção e se se concluir que as deficiências destetadas são suscetíveis de afetar a
confiança na constância de qualidade do produto, dar-se-á conhecimento desse facto à empresa que
será avisada de que o estudo não poderá ter início até que sejam colmatadas as referidas deficiências.
A empresa deverá contar com pelo menos um técnico com formação superior adequada, o qual deve
coordenar o sistema de controlo da qualidade e que deve estar disponível para prestar ao LNEC todas
as informações solicitadas.

 Requisitos mínimos para o controlo interno da qualidade


As instalações de fabrico devem estar apetrechadas com um laboratório que permita a realização de
um determinado número de ensaios, visando a verificação da constância do fabrico e das
características dos produtos.
O controlo da qualidade deverá incidir não apenas sobre o produto final mas também sobre as
matérias-primas utilizadas. No caso do controlo sobre as matérias-primas, este poderá ficar a cargo das
empresas fornecedoras, desde que estas, juntamente com cada fornecimento, facultem os resultados do
respetivo controlo interno da qualidade; os referidos resultados devem ser analisados cuidadosamente
pelo detentor do sistema antes de os produtos serem aceites ou rejeitados e devem ser arquivados.

2.3.2.3 Passo 3 – Análise experimental


A análise experimental é, em geral, realizada no LNEC, na sua maior parte no seu Laboratório de
Ensaios de Revestimentos de Paredes (LNEC/LERevPa), mas pode ser também realizada, no todo ou
em parte, noutro laboratório, desde que seja comprovadamente independente e credível, equipado para
os ensaios a realizar e, de preferência, acreditado para esses ensaios. Neste caso, toda a documentação
e informação requerida será fornecida ao LNEC, que, no caso do laboratório de ensaios escolhido não
ser acreditado, poderá aceitar ou não a sua idoneidade. Em qualquer caso, terão que ser cumpridas
todas as regras e procedimentos de ensaio e de registo especificados no ETAG 004.

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

O estudo engloba ensaios de comportamento realizados sobre o sistema e ensaios de caracterização dos
vários componentes, considerados determinantes para a avaliação da sua adequabilidade ao uso. Prevê
ainda ensaios de identificação dos vários componentes.

Fig.7 – Ficha de Visita à fábrica

Os ensaios do sistema já referidos anteriormente na avaliação da ETAG004, e os quais estão


representados resumidamente no Quadro 7, são realizados sobre um murete de dimensões úteis
aproximadas de 3 m x 2 m, cuja construção, na nave de ensaios do LNEC/LERevPa, é da
responsabilidade da empresa requerente (Fig. 8-direita). No murete deve ser executado um vão de 0,40
m x 0,60 m por cada sistema diferente (variação do isolante). [30]
O sistema aplicado num único murete pode incluir até 4 acabamentos diferentes, desde que não haja
variação do sistema base (colagem, isolante e camada de base); será definida uma zona sem
acabamento, na parte inferior do murete, com uma altura de cerca de 0,80 m, abrangendo os diferentes
acabamentos. É também possível aplicar num único murete um sistema com dois isolantes diferentes,
desde que nenhum dos outros componentes varie (colagem, camada de base e acabamento). Os
restantes ensaios sobre o sistema são realizados sobre provetes de menores dimensões (Fig. 8 -
esquerda).

18
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

Fig.8 - Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Murete com um sistema aplicado; À direita: Execução de
provetes de menores dimensões de um sistema, [LNEC]

Todos os ensaios a seguir enunciados são realizados de acordo com o ETAG 004, que, no caso de
alguns componentes e sempre que aplicável, remete para Normas Europeias em vigor.
Os ensaios de comportamento a realizar sobre o murete, na 1ª fase do estudo, são os seguintes [30]:
a) Ensaio de ciclos higrotérmicos sobre todo o murete revestido, com uma dimensão aproximada a
0,40 m x 0,60 m (Fig. 9 - esquerda).

Fig.9 - Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Ensaio higrotérmico em curso; À direita: Sistema após
ensaio de choque (com fendilhação mas sem penetração), [LNEC]

b) Ensaio de choque de 3 J (sobre cada um dos Painéis), após ciclos higrotérmicos (Fig. 9 - direita).
c) Ensaio de choque de 10 J (sobre cada um dos Painéis), após ciclos higrotérmicos.
d) Ensaio de perfuração (Perfotest) (sobre cada um dos Painéis), após ciclos higrotérmicos (Fig. 10 -
esquerda).

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

Fig.10 - Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Sistema após ensaio de perfuração (zona em que não
resistiu ao punção de 12mm); À direita: Carotagem com uma broca apropriada para a realização do ensaio de
aderência, [LNEC]

e) Ensaio de aderência do revestimento ao isolante (sobre cada um dos Painéis), após ciclos
higrotérmicos, com aplicação da força à velocidade de 1 a 10 mm/minuto (Fig. 10 - direita).
Os restantes ensaios de comportamento realizados sobre o sistema, em provetes de menores dimensões
(na 2ª fase do estudo), são os seguintes:
f) Ensaio de determinação da reação ao fogo do sistema completo (com todos os acabamentos ou pelo
menos com o acabamento mais desfavorável);
g) Ensaio de absorção de água por capilaridade do sistema com cada um dos acabamentos, após ciclos
de imersão e secagem, com medições da absorção após 1 h e após 24h de imersão parcial.
h) Ensaio de permeabilidade ao vapor de água do sistema com cada um dos acabamentos (EN 1015-
19).
i) Ensaio de aderência da camada de base ao isolante, com aplicação da força à velocidade de 1 a 10
mm/minuto (Fig. 11 - esquerda).
j) No caso dos sistemas colados, ensaio de aderência da cola ao isolante e a um suporte de betão, a
seco e após imersão em água durante 2 dias e secagem parcial durante 2 horas e durante 7 dias
(Fig.11- direita).

Fig.1 - Exemplo de ensaio feito no LNEC – À esquerda: Ensaio de aderência da camada de base ao isolante; À
direita: Ensaio de aderência da camada de base ao betão, [LNEC]

20
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

k) Ensaio de resistência ao gelo-degelo (quando aplicável; possível opção “no performance


determined”).
l) Deslocamento do sistema nas arestas (quando aplicável; possível opção “no performance
determined”).
m) No caso de sistemas fixos mecanicamente, avaliação da resistência à sucção do vento (Fig. 12).

Fig.2- Exemplo de ensaio feito no LNEC - Ensaio de resistência de sucção do vento, [LNEC]

Os ensaios a realizar sobre os componentes estão representados na ETAG 004, no Anexo C.

2.3.2.4 Passo 4 – Critérios de apreciação


Nos Quadros 7 e 8 sintetizam-se as classificações e os valores limites definidos no ETAG 004 para os
sistemas ETICS e respetivos componentes [30].

Quadro 7 – Critérios de apreciação dos ensaios realizados sobre o sistema aplicado no murete

ENSAIO CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIO

Satisfatório Ausência de patologias relevantes no sistema,


nomeadamente dos seguintes tipos: empolamentos,
Ensaio Higrotérmico fendilhação ou perda de aderência.

Não Satisfatório Existência de pelo menos uma das patologias


consideradas relevantes.

Choque de 3 J, choque de Categoria I Sem deterioração após choque de 3 J e de 10 J e sem


10J e perfuração perfuração com punção de 6mm.

Categoria II Sem penetração com choque de 10 J, sem fendilhação


com choque de 3 J e sem perfuração com punção de

21
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

12mm.

Categoria III Sem penetração com choque de 3 J e sem perfuração


com punção de 20mm.
2
Aderência do revestimento Satisfatório Tensão de aderência ≥0,08 N/mm
ao isolante 2
Não satisfatório Tensão de aderência < 0,08 N/mm e rotura adesiva ou
rotura coesiva pelo revestimento.

Quadro 8 – Exigências definidas para os componentes do sistema [1]

COMPONENTE ENSAIO EXIGÊNCIA


2
Estado seco Tensão de aderência ≥ 0.08N/mm
2
Tensão de aderência ≥ 0.03 N/mm , 2 horas após a
Aderência do produto de
remoção dos provetes de água
colagem ao isolante Após imersão em água
2
Tensão de aderência ≥ 0.08 N/mm , 7 dias após a
remoção dos provetes de água
2
Estado seco Tensão de aderência ≥ 0,25 N/mm
2
Tensão de aderência ≥ 0.08 N/mm , 2 horas após a
Aderência do produto de
remoção dos provetes de água
colagem ao betão Após imersão em água
2
Tensão de aderência ≥ 0.25 N/mm , 7 dias após a
remoção dos provetes de água
2
Isolante térmico Absorção de água ≤1kg/m após 24 horas de imersão parcial
2
Resistência ao corte ≥0.02 N/mm
2
Módulo de elasticidade ≥1.00 N/mm
transversal

Condutibilidade térmica Λ=0.065 W/(m.K)


(λ=d/R)

Rede de fibra de vidro Resistência à tração de ≥50% da resistência no estado novo e ≥20N/mm
redes de fibra de vidro
após envelhecimento
artificial acelerado

Resistência à difusão do vapor de água (espessura da


Ensaio de Absorção de água por capilaridade camada de ar de difusão equivalente) do sistema de
acabamento (camada de base + acabamento) ≤2.00 m

Se a absorção de água da camada de base e do


2
sistema for inferior a 0,5kg/m , então o sistema é
Comportamento ao gelo-degelo
considerado resistente ao gelo-degelo sem
necessidade de outras verificações.

d= espessura do isolante (m); R – resistência térmica (m2ºC/W).

22
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

2.3.2.5 Passo 5 – Visitas a obras


Para avaliar as condições de aplicação do sistema realizam-se visitas a obras em curso, selecionadas de
uma lista fornecida pela empresa requerente, organizada de acordo com o modelo constante da Fig. 13
e 14, a seguir apresentado, ou de outro modo igualmente apropriado.
Realizam-se também visitas a obras já executadas e em uso, selecionadas da mesma lista com o
cuidado de incluir algumas das mais antigas, com o objetivo de avaliar o comportamento dos sistemas
no que se refere à manutenção do aspeto e à durabilidade em geral. [30]

Fig.13 - Quadro a preencher pela Empresa requerente

23
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

Fig.14 - Ficha a preencher por técnicos do LNEC

24
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

2.2.6 Passo 6 – Elaboração e edição da ETA


Se os resultados das ações realizadas forem considerados satisfatórios, procede-se à elaboração e
edição da ETA.
É elaborada uma versão em inglês, que é posta a circular pelos restantes organismos membros da
EOTA, juntamente com um Relatório de avaliação também em inglês, para recolha de eventuais
comentários e aprovação. A versão em português será então elaborada a partir da versão aprovada em
inglês.
Em seguida, a ETA será publicada, colocada no portal do LNEC e no sítio da EOTA e enviada à
empresa.
Durante o período de validade da ETA poderão ser realizadas visitas às instalações de fabrico do
revestimento e a obras em curso ou já executadas que permitam obter informações sobre a constância
da qualidade de produção e aplicação [30].

2.3.3 ANÁLISE CRITICA NO QUE SE REFERE ÀS PRINCIPAIS PREOCUPAÇÕES COM CERÂMICA

Apesar de existirem cada vez mais diretivas comunitárias, normas homologadas, guias e
especificações técnicas, o estudo de durabilidade do sistema ETICS continua a ser dificultado pela
complexidade que o próprio sistema incorpora. Isso ainda se torna de maior complexidade quando
queremos integrar a colagem de cerâmica no sistema.
A determinação dos fatores e dos subfactores é ainda muito baseada em informação retirada da
experiência empírica de profissionais, assim como da observação de casos em estudos anteriores. Esta
forma de operar traz alguma subjetividade à avaliação feita ao sistema. O facto de em Portugal ainda
não existir esta informação sistematizada e normalizada o suficiente para permitir o seu recurso,
complica mais este estudo.
O desenvolvimento do sistema ETICS em Portugal tem também assistido a um progresso visível nos
últimos anos como solução de revestimento de fachada. Com efeito, existe um conjunto de razões que
justificam este progresso. O conforto térmico acrescido, a capacidade de reabilitação de fachadas com
problemas de fissuração e/ou penetração de água, são exemplo disso. Porém, este sistema apresenta
um inconveniente por apresentar pouca resistência aos choques e, especialmente, à perfuração, o que
limita a sua utilização em zonas públicas até 2m do solo. A cerâmica, por outro lado, apresenta-se em
Portugal como uma solução de revestimento de fachada durável, com forte tradição e com óbvia
valorização ao nível técnico e estético. A conjugação de fatores de carácter cultural e técnico permitem
combinar um conjunto de sinergias entre os dois sistemas.
Não obstante a tudo isto é de concluir, que existe homologação para o sistema ETICS tradicional,
representado pela ETAG 004, a qual impõe exigências de elevado grau de complexidade, necessárias
para o correto funcionamento do sistema, que nos permite iniciar um processo de uma ETA do sistema
em estudo, baseado nos princípios já corretamente homologados.
De seguida o trabalho apresenta um conjunto de resultados de carácter experimental e de observação
“in situ” que apontam a solução combinada de aplicação de cerâmica no sistema ETICS, como que
oferecendo algumas mais-valias no revestimento de fachadas.

25
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

26
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

03
REVESTIMENTOS CERÂMICOS COLADOS EM FACHADAS

3.1 INTRODUÇÃO

Neste Capítulo, pretende-se caracterizar, de uma forma global, os revestimentos cerâmicos colados.
Numa primeira parte, procede-se a uma síntese histórica em Portugal dos cerâmicos, expondo a vasta
utilização deste tipo de revestimento, seguindo-se uma abordagem à classificação, caracterização e
exigências que são impostas aos componentes do sistema ―revestimentos cerâmicos colados, ou seja,
aos ladrilhos, às argamassas para juntas, aos tipos de juntas e aos materiais de assentamento.
È feito um levantamento exaustivo de obras já efetuadas com o sistema em estudo, por forma a avaliar
se é viável se rever o tema e expor à consideração.

3.2 SÍNTESE HISTÓRICA DA APLICAÇÃO DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS EM FACHADAS

O uso do material cerâmico como revestimento remonta há, pelo menos, três mil anos atras, devendo
ter ocorrido provavelmente no Medio Oriente.
O desenvolvimento dos cerâmicos em Portugal tem processos marcadamente independentes,
nomeadamente em revestimentos de paredes interiores, de fachadas e de pavimentos.
Existem em Portugal vestígios da utilização de cerâmica que datam do início do século XIII, tais como
a cerâmica pavimentar medieval da abadia cisterciense de Alcobaça. Outro exemplo da aplicação de
expressão medieval, embora esporádica e sem continuidade aparente, é o trecho do pavimento da
capela tumular de Estêvão Domingues e Mor Martins no claustro da Sé de Lisboa (início do século
XIV).
A utilização continuada do azulejo, denunciadora de um mais frequente gosto e tradição, inicia-se no
século XV. Este foi introduzido em soluções ornamentais de edifícios civis e religiosos. Encontram-se
exemplares deste período no Museu de Beja, no Palácio da Quinta da Bacalhoa em Azeitão, no
Convento de Jesus em Setúbal, no Paço de Sintra, no Museu Nacional do Azulejo, no Museu da
Cidade de Lisboa e na Quinta das Torres em Azeitão. O seu uso implicava, até então, um custo

27
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

elevado limitando-se, na sua maioria, aos revestimentos interiores em forma de tapete ou a peças
ornamentais. No exterior era apenas utilizado no revestimento de pináculos e cúpulas de igrejas.
O Marquês de Pombal, no século XVIII, implementa em Portugal um projeto de industrialização da
cerâmica. De sóbrio e equilibrado bom gosto, este variado azulejo pombalino constitui um período
expressivamente bem definido que se estende até ao reinado seguinte de D. Maria, em contraponto
com o neoclassicismo da transição para o século XIX [29].
No século XIX a proliferação da produção industrializada, decorrente da Revolução Industrial,
imprime maior simplicidade e economia na produção e utilização do revestimento cerâmico. O azulejo
sai de novo do interior dos edifícios mas, desta vez, para revestir completamente a fachada. Este será o
aspeto que mais nos interessa, pois é nesta área que “cai” o nosso trabalho.
Assim, com influências brasileiras, o revestimento cerâmico traz luz, cor e alegria à fachada, definindo
um novo ambiente urbano. Para além disso, por ser durável e facilmente lavável, a sua aplicação na
fachada, confere salubridade aos edifícios, especialmente nos situados em zonas ribeirinhas.
Com uma criatividade muito própria, os portugueses desenvolveram, diversificaram e trouxeram até
aos nossos dias, tornando-se indispensável na nova arquitetura do presente século, havendo sempre
uma preocupação de racionalização e normalização da técnica. Não é objeto do acaso que os azulejos
portugueses foram fabricados durante séculos na dimensão de 14 x 14 centímetros: porque assim com
sete fiadas de sete peças cada, cobre-se um metro quadrado de parede, sendo para tal aplicadas 49/50
peças [3].
Não é pois de ignorar que este facto histórico tenha incentivado alguns dos nossos “fabricantes” a
associar cerâmica ao sistema ETICS, podendo do seu ponto de vista agregar os dois sistemas.

3.3 ESTRUTURA DO SISTEMA


3.3.1 REVESTIMENTO CERÂMICO

Em função da adequação do uso e as características técnicas os materiais cerâmicos enquadram-se em


diferentes tipologias.
Os revestimentos segundo a norma EN 1441 – Ceramic titles – Definitions, classification,
characteristics and marking :2003, são classificados consoante o processo de fabrico e da absorção da
água.
A permanente evolução dos ladrilhos cerâmicos no sentido de melhores desempenhos estéticos e
técnicos e a necessidade de redução de custos de produção tem conduzido também a constantes
alterações na tecnologia de fabrico e na seleção das matérias-primas.

3.3.1.1 Terminologia
A Norma Europeia EN 14411 define uma listagem bastante extensa de termologias, nomeadamente
[3]:
1- Ladrilhos cerâmicos;
2- Ladrilhos extrudidos (tipo A);
3- Ladrilhos prensados a seco (tipo B);

28
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

4- Ladrilhos fabricados por outros processos (tipo C);


5- Ladrilhos vidrados;
6- Ladrilhos não vidrados;
7- Ladrilhos engobados;
8- Absorção de água (E) - percentagem em massa de água absorvida, medida segundo a EN
ISO 10545-3;
9- Dimensão nominal (N) - dimensão usada para designar o produto;
10- Dimensão de fabricação (W) - dimensão de um ladrilho especificada para produção e com
a qual a dimensão atual tem de ser conforme, dentro de tolerâncias admissíveis; Nota:
comprimento, largura e espessura;
11- Dimensão atual: dimensão obtida por medição da face do ladrilho segundo a EN ISO
10545-2;
12- Dimensão de coordenação (C) - dimensão de fabricação adicionada da largura da junta;
13- Dimensão modular (M) - ladrilhos e dimensões baseados em módulos M, 2M, 3M e 5M e
também nos seus múltiplos ou subdivisões, exceto ladrilhos com área superficial inferior a 9000
mm2; Nota: M= 100 mm.

Fig.15 - Designação das dimensões dos ladrilhos

Dimensão de coordenação (C) = dimensão de fabricação ( W ) + largura da junta (J)


Dimensão de fabricação ( W ) = dimensões da face principal (a) e (b)

3.3.1.2 Características
Os ladrilhos cerâmicos poderão ser aplicados no revestimento de fachadas, no exterior dos edifícios,
considerando sempre as características relevantes para o efeito da aplicação.
Existem características específicas, para o assentamento em fachadas, que deverão ser determinadas
nos ladrilhos a aplicar. A seguir estão referenciadas essas características:
a) Caraterísticas específicas para aplicações exteriores:
 Resistência ao gelo;
 Expansão por humidade;
 Dilatação térmica linear.

29
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

b) Caraterísticas específicas para ladrilhos vidrados:


 Resistência à fendilhagem.
c) Caraterísticas específicas para ladrilhos de cor uniforme:
 Pequenas diferenças de cor.

A norma de especificação EN 14411 remete para normas de ensaio da série EN ISO 10545 a
determinação das características dimensionais e das propriedades físicas e químicas, como exposto no
Quadro 9. [3]

Quadro 9 – Caraterísticas exigidas para as diferentes aplicações

Caraterísticas Local aplicação Norma de ensaio

Comprimento e largura
Dimensões e

Espessura
qualidade

Retilinearidade das arestas Fachadas ISSO 10545-2

Planariedade (curvatura e empeno)

Qualidade superficial

Absorção de Água Fachadas ISSO 10545-3

Resistência à flexão Fachadas ISSO 10545-4

Módulo de rutura Fachadas ISSO 10545-4

Dilatação térmica linear Locais sujeitos a ISSO 10545-8


Propriedades Físicas

temperaturas elevadas*

Resistência ao choque térmico Locais sujeitos a variações ISSO 10545-9


de temperatura*

Resistência à fendilhagem Ladrilhos vidrados ISSO 10545-11

Resistência ao gelo Exterior ISSO 10545-12

Expansão por humidade Locais sujeitos a ISSO 10545-10


humidade*

Pequenas diferenças de cor Ladrilhos de cor uniforme ISSO 10545-16


Químicas
Prop.

Resistência às manchas Fachadas ISSO 10545-14

* Para produtos colocados nos locais indicados

30
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

Para terminar a caracterização dos ladrilhos cerâmicos, apresenta-se o Quadro 10 a quantificação das
principais características de cada classe de ladrilhos cerâmicos resultantes dos valores médios obtidos
em centenas de ensaios realizados ao longo de vários anos. [3]

Quadro 10 - Valores caraterísticos médios

Expansão por
Absorção de Água Dilatação térmica
Grupo Flexão (Mpa) -6 humidade
(%) linear (/ºC)x10
(mm/m)*1

AI 0,7 a 3,0 17,60 a 38,8 5,30 -

A IIa 2,3 a 5,5 20,50 a 38,10 5,30 -

A IIb 7,6 a 10,40 10,40 a 15,60 5,30 0,8

A III 11,40 13,5 a 21,50 4,50 1,90

B Ia 0,1 a 0,4 36,20 a 53,0 7,10 -

B Ib 0,7 a 2,80 27,6 a 55,60 5,90 -

B IIa 3,20 a 4,60 30,40 a 45 5,20 -

B III 12,40 a 20,3 13,40 33,10 5,40 -

3.3.2 ARGAMASSAS PARA JUNTAS

3.3.2.1. Introdução
O bom funcionamento de um conjunto só é conseguido desde que seja possível o movimento de
algumas das partes que a constituem, partindo daí a necessidade de definir e instalar juntas em todo o
processo de construção para que o conjunto completo possa ―mexer sem provocar roturas ou
descolamentos. Esses movimentos são, habitualmente, de origem higrotérmica (expansão e contração)
e também devidos a ação de cargas concentradas e distribuídas.
Designam-se por juntas todos os sistemas que interrompem a continuidade de uma estrutura ou
sistema construtivo, as juntas têm uma grande importância no desempenho do revestimento cerâmico,
sendo necessário o seu correto dimensionamento. As suas principais funções incluem, proporcionar o
alívio de tensões, otimizar a aderência dos ladrilhos e vedar o revestimento.

3.3.2.2. Classificação das Juntas


Há que considerar diversos tipos de juntas consoante as funções desempenhadas e que incluem: juntas
estruturais ou juntas de dilatação; juntas periféricas; juntas intermédias, de esquartelamento ou
fracionamento; e juntas de assentamento.
Em seguida descrevem-se os diversos tipos de juntas:
 Juntas Estruturais ou juntas de dilatação (Quadro 11) – estão localizadas ou sobre as juntas
existentes no suporte ou nas zonas de transição de diferentes materiais de suporte. A sua largura
tem que obrigatoriamente de ser superior à largura das juntas existentes no suporte.

31
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

Quadro 11 – Tipos de juntas de construção (juntas estruturais)

Tipos de juntas de
Dimensões Posição Construção
construção

Estruturais Largura>junta do Imediatamente sobre e Feitas em obra ou


suporte ; na continuação das pré-fabricadas com a
juntas estruturais do finalidade de absorver
Profundidade – a
suporte. movimentos
adequada para garantir
estruturais
o prolongamento da
previsíveis.
junta de suporte.

 Juntas Periféricas (Quadro 12) – são juntas ao longo de todas as fronteiras confinadas do
revestimento que impedem que os elementos adjacentes possam transmitir ou restringir as
deformações dos revestimentos cerâmicos aderentes.

Quadro 12 – Tipos de juntas de construção (juntas periféricas)

Tipos de juntas
Dimensões Posição Construção
de construção

Periféricas Largura – mínima de Nos limites da Feitas em obra ou


5mm; superfície revestida. pré-fabricadas com a
finalidade de absorver
Profundidade – a
movimentos
adequada para
estruturais
penetrar a totalidade
previsíveis.
da espessura do
reboco se suporte.

 Juntas Intermédias, juntas de esquartelamento ou juntas de fracionamento (Quadro 13) – têm


o objetivo de evitar a fissuração e o descolamento devidos a tensões originadas por deformações
de natureza higrotérmica do suporte, do material de assentamento e dos ladrilhos.

Quadro13 – Tipos de juntas de construção (juntas intermédias)

Tipos de juntas
Dimensões Posição Construção
de construção

Intermédias Largura – mínima de As áreas mínimas entre juntas Feitas em obra ou pré-
5mm; e/ou a distância entre juntas fabricadas com a
devem ser especificadas. Os finalidade de absorver
Profundidade – a
valores de referência deverão movimentos estruturais
adequada para
ser estabelecidos de acordo previsíveis.
penetrar a totalidade
com o tipo de ambiente a que
da espessura do
se destinam (interior,
reboco se suporte.
exterior). As áreas entre

32
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

juntas devem ser


aproximadamente quadradas.
Exemplo: Área max.
40m2;Distância máx. 8 m.

 Juntas de assentamento ou juntas entre ladrilhos (Fig. 16).


As juntas entre ladrilhos deverão ser definidas pelo fabricante em função do tipo de aplicação
prevista, atendendo às características dos ladrilhos, nomeadamente, à sua deformabilidade face
às diferentes solicitações, em particular às de carácter higrotérmico. A aplicação com junta não
superior a 1 mm é específica de produtos retificados. Para produtos tradicionais recomendam-se
os valores mínimos definidos no Quadro 14.

Fig.16 - Imagem de peça cerâmica com identificação da junta

Quadro 14 – Espessuras recomendadas para as juntas entre ladrilhos fixados por colagem com colas ou
cimentos – cola

Espessura mínima das


Superfície a revestir Tipo de ladrilhos juntas entre ladrilhos
(mm)

Paredes Exteriores Ladrilhos e “plaquetas” de terracota e 6


ladrilhos extrudidos

Restantes materiais 4

3.3.2.3 Caraterísticas dos produtos de junta


As características destes produtos têm em conta as tensões normais resultantes da aplicação de
revestimento de fachadas e o seu uso nas juntas permite atenuar tais tensões (Quadro14).
Muitas das propriedades das argamassas são determinadas pelo tipo de ligante utilizado e pela sua
composição química. Estas argamassas destinam-se a aplicações de refecho de juntas em
revestimentos interiores e exteriores, com a exceção de juntas de construção.

33
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

3.3.3 MATERIAIS DE ASSENTAMENTO


3.3.3.1. Introdução
Os métodos de aplicação de revestimentos têm evoluído de acordo com o desenvolvimento dos
produtos cerâmicos e dos sistemas de fixação. Atualmente estão disponíveis argamassas e colas que
apresentam propriedades específicas para cada situação de aplicação, em função do tipo de material a
aplicar e do comportamento que se pretende obter do conjunto.
Por sua vez os processos e as tecnologias de fabrico são melhores, permitindo a produção de peças de
dimensões cada vez maiores obrigando a criar alternativas às formas de fixação tradicionais (cimentos
e colas). Recentemente começaram a ser desenvolvidos sistemas de fixação mecânica de materiais,
particularmente para fachadas. Estes novos sistemas são particularmente adequados para edificações
novas, mas também facilitam as obras de recuperação de edificações já existentes e permitem o
cumprimento de exigências de normas de segurança, promovendo o conforto e facilitando a
manutenção. Genericamente consideramos dois grandes processos de fixação:
 Por contacto;
 Por fixação mecânica.
É ainda de referir que a escolha do sistema de assentamento deve ter em consideração as caraterísticas
do suporte, as condições de trabalho, o ambiente em que o conjunto vai trabalhar e a finalidade do
conjunto. [3]

3.3.3.2. Classificação e Especificações


Os produtos de assentamento são regulados segunda a norma EN 12004, onde são definidos como uma
―mistura de ligantes hidráulicos, inertes e aditivos orgânicos, a qual é misturada com água ou outro
líquido imediatamente antes da aplicação e são classificados em três grupos: C (cimentos-cola); D
(colas em dispersão aquosa) e R (colas de resinas de reação).
Segue-se no Quadro 15 um resumo de designações aplicadas aos materiais para fixação por contacto e
respetivos significados. [1]

Quadro15 – Propriedades das cotas a ter em conta na aplicação em obra

Designações Definições

Tempo em armazém durante o qual uma argamassa


Tempo de vida útil
mantém as suas propriedades.

Tempo de repouso Intervalo de tempo necessário desde a preparação ao uso.

Máximo intervalo de tempo para acabamento desde a


Tempo de vida
aplicação.

Intervalo de tempo a partir do fabrico até começar a


Tempo aberto
endurecer.

Tempo de presa Tempo necessário para que a argamassa desenvolva a


sua resistência.

34
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

É importante considerar regras gerais para adequação ao uso, de forma a garantir que o
comportamento esperado da obra final da colagem do cerâmico sobre o ETICS seja alcançado.
Assim deverá ter-se em conta:
 Caraterísticas dos revestimentos cerâmicos, tendo em atenção a porosidade aberta, o desenho
do tardoz do elemento a colar, a espessura da peça, o peso, (particular atenção para o caso do
revestimento de fachadas) e a geometria da peça;
 Caraterísticas do suporte a revestir e requisitos funcionais (tensões, cargas mecânicas,
comportamento térmico e higrométrico, enquadramento estético e dureza, porosidade, estado de
conservação e limpeza do suporte (em caso de reabilitação) e ainda a resistência e planaridade
do mesmo);
 Condições ambientais adequadas à colagem e posterior endurecimento (temperatura
ambiente, condições de humidade, riscos de gelo e ambientes agressivos);
 Posição da superfície a revestir;
 Adequação da superfície revestida ao uso previsto.
Relativamente aos materiais que garantem a adesão, cimento-cola e colas de presa rápida, são de
considerar os requisitos essenciais constantes no Quadro 16 para o nosso estudo. [1]

Quadro 16 – Especificações para cimento cola e colas

Especificação para cimentos-cola e colas

Caraterísticas Valores de referência


2
Tensão de adesão inicial ≥0.5N/mm após mais de 24 h
2
Tensão de adesão: Tempo aberto ≥0.5N/mm após mais de 10 min

Determinação à resistência de deslizamento ≤0.5mm


2
Tensão se adesão após imersão em água ≥1.00N/mm
elevada

A norma EN 12004 subdivide ainda estes grupos em classes de acordo com as características de
desempenho fundamentais e opcionais correspondendo a:
Classes com características fundamentais:
1 – Adesivo normal;
2 – Adesivo melhorado.
Classes de características opcionais:
E – Adesivo de tempo aberto prolongado;
F – Adesivo de presa rápida;
T – Adesivo com resistência ao deslizamento vertical.

35
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

Deste modo, é possível definir quais os produtos mais adequados para cada aplicação. As classes de
cimentos-cola ou adesivos existentes são: C1, C1F,C1T, C1FT, C2, C2E, C2F, C2T, C2TE, C2FT,
D1, D1T, D2, D2T, D2TE, R1, R1T, R2 e R2T. [3]
Segue-se o Quadro 17, onde se resume a aplicação, vantagens e cuidados a ter dos diversos materiais
de assentamento por contato com o sistema ETICS. [3]

Quadro 17 – Resumo da aplicabilidade dos cimentos – cola

CIMENTOS - COLA

Aplicações típicas Vantagens Cuidados

Ligantes Recomendado Alta flexibilidade; Aplicação após boa estabilização do


mistos para revestimentos suporte;
Aplicação nos
orgânicos de fachadas, com
revestimentos de Necessidade de controlar a
e peças de pequeno
fachadas. espessura, que nunca deve
inorgânicos e grande formato
ultrapassar 10mm;
com porosidade
alta e baixa. Baixa porosidade do suporte.

Aluminoso Colocação de Aplicação rápida Remoção de resíduos e produtos de


com peças cerâmicas das peças; conservação de anteriores
ligantes pouco absorventes aplicações;
Colocação em
mistos em todos os tipos
ambientes frios; Eventual necessidade de limpeza
de suporte.
com detergentes no caso de
Aplicação em Elevada
recuperação;
colagem simples rentabilidade de
de peças aplicação. Aplicação após boa estabilização do
60x60x1.5. suporte;
Necessidade de controlar a
espessura, que nunca deve
ultrapassar 10mm.

Baixa porosidade do suporte.

3.4 ESTUDO DE PATOLOGIAS DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS COLADOS EM FACHADAS –


CLASSIFICAÇÃO GERAL

3.4.1. INTRODUÇÃO

O sistema de revestimento cerâmico colado ao suporte, de forma contínua, com recurso a argamassas
e/ou cimentos-cola, é um dos tipos de revestimento que provoca maior número de patologias correntes
sistemáticas e recorrentes e que levam ao aparecimento de múltiplas patologias de funcionamento,
muitas vezes com custos avultados de reparação.

36
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

Neste Capítulo, favorece-se a abordagem das patologias relativas aos sistemas de revestimento,
encarados como o conjunto formado pelo suporte, material cerâmico, juntas, material e técnica de
assentamento dos ladrilhos e de preenchimento das juntas, em detrimento das patologias exclusivas
dos ladrilhos propriamente ditos. Apresenta-se de seguida uma descrição de algumas das patologias
correntes, causas e consequências.

3.4.2. DESCRIÇÃO DAS PATOLOGIAS

As patologias mais frequentes dos sistemas de revestimento cerâmico colados ao suporte (fachadas)
são o descolamento e a fissuração.
Em geral, estes defeitos fazem-se sentir com maior intensidade ou maiores consequências funcionais
no exterior dos edifícios. Consequência de muitas das vezes as condições de aplicação serem, em
geral, mais difíceis no exterior e as áreas contínuas de aplicação muito mais extensas, bem como as
condições atmosféricas de aplicação.
Além da fissuração e do descolamento, outros defeitos podem afetar o desempenho destes
revestimentos, nomeadamente os referidos no Quadro 18. [33]

Quadro 18 – Patologias dos revestimentos cerâmicos

TIPO DE PATOLOGIA SINTOMAS CAUSAS

Presença de sais solúveis nos ladrilhos


que, na sequência duma humidificação
(resultante do assentamento ou do uso
do revestimento), são transportados
EFLORECÊNCIAS Manchas para a superfície e aí se depositam, à
esbranquiçadas à medida que a água se vai evaporando.
superfície dos ladrilhos Os sais podem provir das matérias-
primas ou de posterior contaminação
dos ladrilhos por gases sulfurosos (SO3)
do forno, ou até por cinzas dos
combustíveis, durante a cozedura ou na
secagem, quando para esta se
aproveitam gases do forno.

São, em geral, sulfatos de sódio (Na2


SO4), de potássio (K2 SO4), de
magnésio (Mg SO4) ou de cálcio (Ca
SO4), estes menos solúveis.

FISSURAÇÃO DO Coeficiente de dilatação térmica do


VIDRADO vidrado superior, ou não suficientemente
inferior, ao da base cerâmica do ladrilho,
que o coloca em tração, ou
insuficientemente comprimido, durante o
arrefecimento subsequente à cozedura;

37
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

Se ocorre expansão da base cerâmica


aquando do assentamento em obra, a
FISSURAÇÃO DO Fissuras, afetando
tração no vidrado que daí resulta pode
VIDRADO apenas o vidrado, que
ser suficiente para o fissurar.
se entrecruzam em
forma de rendilhado Contração dos produtos cimentícios de
assentamento dos ladrilhos que,
transmitida ao vidrado e adicionada ao
estado natural de pré-tensionamento em
compressão dos ladrilhos
(propositadamente imposto no fabrico),
pode conduzir à ultrapassagem da
resistência à compressão do vidrado;
Choque térmico.

Alteração inestética da Textura superficial que favorece a


cor das juntas devida retenção de sujidade.
à fixação de sujidade.
Poros abertos à superfície, que
favorecem a retenção de sujidade.
ENODAMENTO
Alteração inestética da Absorção e retenção, pelo produto de
cor das juntas devida preenchimento das juntas, de produtos
à fixação de sujidade. enodoantes, em forma de pó ou
veiculados pela água

Retração de secagem inicial


(irreversível) do produto de
Fissuras no seio do
preenchimento da junta ou contrações -
produto, afetando toda
FISSURAÇÃO expansões cíclicas devidas a variações
a profundidade da
termohigrométricas. Extensões de
junta.
rutura, em tração ou compressão,
insuficientes para absorverem os
movimentos transmitidos à junta pelo
revestimento ou pelo suporte.

Abertura duma fissura Aderência insuficiente do produto de


entre o produto e os preenchimento da junta aos bordos dos
bordos do ladrilho. ladrilhos, particularmente quando estes
DESLOCAMENTOS são pouco porosos ou quando são
Perda de aderência,
vidrados e há escorrência do vidrado
relativamente ao
para os bordos.
suporte, com ou sem
empolamento. Inadequação da granulometria ou da
consistência do produto à largura ou
Na maior parte dos
profundidade da junta. Relação
casos não é possível
inadequada largura/profundidade da
recolocar os ladrilhos
junta.
por estes não caberem
no espaço que Movimentos diferenciais suporte
anteriormente revestimento.

38
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

ocupavam. Aderência insuficiente entre camadas do


revestimento.

Falta de juntas elásticas no contorno do


revestimento.

Deficiências do suporte (deficiências de


limpeza, planeza, porosidade).

Descolamento do Evolução dos fenómenos que dão


produto dos bordos origem aos tipos das patologias
dos ladrilhos e do precedentemente descritos.
DESCOLAMENTO fundo da junta,
Expansão do produto de preenchimento,
soltando-se de
de base cimentícia, provocada por
seguida
sulfatos contidos em produtos de
limpeza.

Alteração localizada Desgaste nas zonas de maior


da cor inicial dos circulação.
ALTERAÇÃO DA COR
ladrilhos
Ataque químico.

Irregularidades de superfície do suporte


que o produto de assentamento não
pode disfarçar.
DEFICIÊNCIAS DE
Não cumprimento das regras de
PLANEZA
qualidade sobre planeza geral ou
localizada da superfície do revestimento.

Empeno dos ladrilhos.

No Quadro 18, são apresentados os tipos de patologias que mais correntemente afetam os
revestimentos cerâmicos ou os seus constituintes e as respetivas causas mais prováveis.
Das patologias com origem nos ladrilhos só se consideram as decorrentes da utilização em obra.
Algumas resultam de deficiências de conceção ou de execução do revestimento e outras têm origem
em defeitos de fabrico, que a utilização força a manifestarem-se.

3.4.3 DESCOLAMENTO E EMPOLAMENTO

No descolamento de revestimentos de paredes, é importante distinguir entre dois tipos de situações:


 Descolamentos localizados (pontuais) - em geral, associados a deficiências locais de
aplicação ou do suporte;
 Descolamentos generalizados, com ou sem empolamento prévio do revestimento -
frequentemente associados à elevada expansão dos ladrilhos, à falta de qualidade do material de
colagem, a erros sistemáticos de aplicação ou à incompatibilidade entre as várias camadas do
sistema.

39
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

O descolamento localizado pode ter origem em:


 Pequena fissura local (frequente nos cantos dos vãos);
 Zona de concentração de tensões na parede (mudança de secção ou carga concentrada). Se a
resistência da ligação não for muito elevada e a resistência mecânica dos ladrilhos for
média/alta, estes não descolam mas fissuram;
 Entradas pontuais de água para o suporte ou zonas de remate de trabalho, com argamassas /
cimentos-cola no limite do seu tempo de abertura, isto é, da sua capacidade para garantir a
colagem. Ocorrem, ainda, descolamentos localizados, com padrão repetitivo, associados ao uso
de argamassas / cimentos-cola para além do seu tempo de abertura, resultantes de amassaduras
não compatíveis com o ritmo de aplicação e, noutros casos, associados à geometria da parede e
da zona de aplicação em relação ao nível do andaime, que podem influenciar, não só o ritmo,
mas também a facilidade de execução.
Se pensarmos numa parede de fachada e nas várias camadas que a constituem, compostas por
diferentes materiais, com coeficientes de expansão-contração distintos e sujeitos a diferentes
solicitações (nomeadamente de carácter higrotérmico), verificamos que existem acentuados
movimentos diferenciais restringidos pelo funcionamento conjunto das várias camadas. Estes
movimentos vão criar tensões de corte elevadas nas interfaces que só poderão ser absorvidas com
ligações de elevada resistência, razoável elasticidade e juntas capazes de acomodar esses movimentos.
O fenómeno é sobejamente conhecido, podendo mesmo calcular-se os espaçamentos e largura de
juntas adequadas a cada caso. Aconselha-se, em geral, que as juntas de esquartelamento não fiquem
sujeitas a movimentos superiores a 20% da sua largura.
Os movimentos diferenciais devidos à ação da humidade (reversíveis ou irreversíveis) podem ser
gravados por eventual falta de estanquidade progressiva do paramento exterior, contribuindo para a
molhagem do suporte.
Embora menos vulgar, uma deformação uniforme acentuada da estrutura ou da parede de suporte pode
conduzir a empolamento e descolamento sem fissuração prévia, como acontece, por exemplo, quando
o assentamento é feito sobre reboco armado ou a ligação entre ladrilhos é muito resistente.
Apesar de geralmente estar identificada a causa principal do descolamento com empolamento, não
deve ignorar-se que os defeitos relativos à falta de resistência do produto de assentamento ou da sua
aderência ao suporte ou aos ladrilhos, constituem sempre um fator de agravamento.
Sem empolamento, os descolamentos generalizados dar-se-ão, geralmente, por deficiência da camada
adesiva, resultante da falta de qualidade do produto, da sua inadequação à função ou da sua má
aplicação. A entrada de água para o tardoz dos revestimentos (através de fissuras, peitoris, platibandas,
etc.), constitui sempre um fator de agravamento.
É oportuno dizer-se que o descolamento pode resultar de rutura adesiva da interface ladrilho-cola, de
rutura coesiva no seio da cola, de rutura adesiva da interface cola-suporte, ou até de rutura coesiva do
próprio suporte. As causas mais prováveis de cada uma dessas tipologias de rutura são basicamente as
apresentadas no Quadro 19.

40
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

Quadro 19 – Tipos de rutura das ligações ladrilho-cola-suporte e suas causas

TIPO DE RUTURA CAUSAS

RUTURA ADESIVA LADRILHO-COLA Aplicação de cola que já tinha ultrapassado o seu tempo
de abertura real, ou de cola que não é adequada para o
grau de porosidade dos ladrilhos.

RUTURA COESIVA DA COLA Utilização prematura do revestimento, antes da cola ter


adquirido o necessário desempenho.

RUTURA ADESIVA DE COLA- Contágios do suporte por produtos cobertos de pó, ou


SUPORTE suporte demasiado quente ou seco no momento da
aplicação da cola, ou cola inadequada para o grau de
absorção de água do suporte.

RUTURA COESIVA DO SUPORTE Suporte que não apresenta a devida coesão, sem
condições para receber um revestimento

Contudo a tipologia de rutura predominante em casos de descolamento é a rutura adesiva na interface


ladrilho-cola.
Do conteúdo dos Quadros anteriores decorre ainda que as patologias que mais correntemente afetam
os revestimentos cerâmicos se ficam, fundamentalmente, a dever a deficiências de conceção ou de
execução em obra.
Nos ladrilhos pouco porosos a aderência vem dificultada, pelo que deve haver um maior cuidado com
o tempo de abertura do material de colagem. Aliás, recomenda-se que, no exterior, se utilizem
argamassas / cimentos-cola com maior tempo de abertura e, mesmo aqui, se devem distinguir os
tempos de abertura dos produtos de colagem a utilizar em fachadas em zona de sombra ou fachadas
sujeitas à ação intensa do Sol.
Os revestimentos cerâmicos das fachadas orientadas a Sul e Poente, em geral mais sujeitos a variações
climáticas, apresentam em alguns casos, um agravamento das patologias que, eventualmente se
verifiquem nas restantes fachadas.
Para além dos já referidos, são diversos os fatores que, por si só, ou de forma conjugada, podem
contribuir para o descolamento dos revestimentos cerâmicos de parede:
 Reduzida elasticidade do produto de colagem;
 Suportes muito jovens;
 Áreas de trabalho demasiado extensas;
 Contacto incompleto dos ladrilhos com a cola, em particular nos limites periféricos das
zonas de trabalho;
 Transição entre suportes distintos;
 Suportes irregulares, pouco limpos, pulverulentos ou com porosidade não recomendável;
 Falta de pressão adequada dos ladrilhos no ato de assentamento;
 Falta de planeamento do trabalho e deficiente qualificação da mão-de-obra.

41
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

As principais consequências do descolamento dos revestimentos cerâmicos de paredes são as


seguintes:
 Queda, com elevado perigo de danos humanos e materiais, substancialmente agravado em
edifícios com mais de dois pisos;
 Criação de condições para a entrada de grandes quantidades de água para o suporte e para a
interface de colagem, com risco de infiltração para o interior e descolagem progressiva e
acelerada do revestimento;
 Degradação do aspeto visual e criação da sensação de insegurança para os utentes.

3.4.4 FISSURAÇÃO

A fissuração dos revestimentos cerâmicos de paredes está associada, em geral, a movimentos do


suporte - acompanhados ou não da fissuração do próprio suporte - incompatíveis com a elasticidade do
produto de colagem, com a resistência à tração dos ladrilhos e com a dimensão das juntas e sua
colmatação.
Em teoria, dir-se-ia que, se cada ladrilho funcionasse como um elemento autónomo, desligado dos
restantes por juntas e fosse aplicado com um produto de colagem com capacidade de deformação
transversal ao longo da sua espessura não haveria lugar a fissuração, salvo para grandes movimentos
ou ladrilhos de muito baixa resistência. Tal situação não se verifica, na esmagadora maioria dos casos.
O fator decisivo que determina, na maior parte dos casos, se o revestimento fissura ou descola perante
um movimento acentuado do suporte, é a resistência ao corte do sistema de colagem. Se a aderência é
baixa, há descolamento, se a aderência é elevada, há fissuração.
Há, no entanto, fatores complementares que podem influenciar o processo e que são dificilmente
quantificáveis, entre os quais se incluem o estado de tensão inicial do revestimento, a largura das
juntas e a direção do deslocamento do suporte.
Parece ser comum, embora não confirmado por via estatística, que a fissuração do suporte, por flexão
no plano transversal à parede ou por cisalhamento no seu próprio plano, com afastamento relativo dos
bordos da fissura, conduz a concentrações de tensões elevadas que fazem fissurar, por tração, o
revestimento sem empolamento ou descolamento significativo. Esta situação é comum nos casos de
paredes esbeltas ou mal apoiadas, de assentamentos diferenciais de fundações, de expansão de
coberturas e de deslocamentos diferenciais em cunhais; por vezes é contrariada em alguns casos de
corte em paredes suportadas por consolas. Movimentos de compressão do suporte, sem fenómenos de
cisalhamento, conduzem, em geral, a empolamento e descolamentos prévios.
Noutros tempos, em que o assentamento de revestimentos de paredes se fazia com argamassas
tradicionais, existia o perigo de fissuração por retração da camada de assentamento, o que deixou de
ter relevo, nos dias de hoje.
Cumpre sublinhar que a fissuração do revestimento cerâmico devido aos movimentos do suporte não
permite afirmar que o suporte tem movimentos excessivos, ou que o revestimento é demasiado frágil
ou está mal executado. Pode sim afirmar-se que os dois sistemas têm deformações e capacidade de
deformação incompatíveis, pelo que, em geral, se pode considerar que a causa resulta de um erro de
conceção ou, mais frequentemente, de uma omissão de conceção.

42
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

A fissuração dos revestimentos de parede tem como consequências a sua progressiva deterioração e a
uma maior probabilidade de posterior descolamento. Pode, também, ser significativa a entrada de água
através das fissuras, com as consequências já descritas. Em revestimentos de cores claras, a fissuração,
mesmo de largura reduzida, tende a acumular sujidades que degradam o aspeto de forma acentuada.

3.5 ANÁLISE CRITICA

No decorrer da elaboração deste capítulo observou-se que a utilização de cerâmicos em fachadas


exteriores deverá ser planeada desde a conceção, à sua execução passando pela sua exploração, na
medida que o desempenho do revestimento cerâmico diversas vezes é menos satisfatório que o
previsto.
Existiram assim algumas preocupações mais relevantes neste capítulo. Foram elas:
 Os tipos de cerâmica tendo em conta as suas propriedades físicas, químicas, qualidade e
dimensões;
 As juntas (espessuras recomendadas para cerâmicos fixados com cola);
 As colas na aplicação (tempo de vida útil);
 As principais patologias associadas, nomeadamente o descolamento e a fissuração, com
especial relevância para o descolamento.
Uma das principais garantias de durabilidade destes revestimentos é a qualidade do “projeto” dos
revestimentos cerâmicos de maneira a controlar e diminuir os riscos das patologias na realização
integral dos revestimentos cerâmicos.
Consequentemente, os revestimentos cerâmicos representam ainda uma durabilidade maior em
comparação com os restantes revestimentos de fachada, quando o acabamento dos revestimentos é
cuidado e quando se desenvolve um sistema de manutenção.
Quando associada (cerâmica) ao sistema ETICS, todas estas preocupações são muito maiores. A
constante manifestação de patologias, relacionada com a qualidade dos materiais, da mão-de-obra,
com a sensibilidade dos revestimentos cerâmicos aos agentes atmosféricos, e da aplicação, aliados à
falta de homologação, fazem deste sistema uma solução menos competitiva em semelhança a outras
soluções atuais no mercado.

43
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

44
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

04
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE EDIFICIOS COM
REVESTIMENTO CERÂMICO SOBRE ETICS

4.1 INTRODUÇÃO

Na sequência do aparecimento de azulejos cerâmicos no revestimento de paredes sobre o sistema


ETICS achou-se interessante uma análise de obras nestas condições de forma a avaliar o estado das
mesmas e o comportamento ao longo do tempo.
Neste subcapítulo é feita a análise do desempenho “in situ” de edifícios onde se aplica o que foi
apresentado e discutido nos capítulos e subcapítulos anteriores sobre a aplicação de cerâmico sobre o
sistema ETICS.
Para tal foram elaboradas fichas técnicas para cada um dos edifícios, como forma de identificação,
análise e desempenho e possíveis recomendações.
Nos itens seguintes serão apresentadas a metodologia do trabalho, resultados dos trabalhos
desenvolvidos e eventuais causas para a patologia ocorrida.

4.1.1 ORIGEM DAS PATOLOGIAS

A origem de uma patologia pode ser compreendida como o comportamento desajustado, adotado
durante o processo construtivo, que provocou alteração no desempenho esperado de um elemento ou
componente da edificação.
No Quadro 20, aparece dividido pelos grupos seis grupos a classificação das causas das patologias em
revestimentos cerâmicos aderentes

45
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

Os erros de projetos mostram evidência e refletem a falta de compatibilização, dimensionamento e


pormenorização da escolha de materiais e de métodos de aplicação adequados o que reduz a
durabilidade de revestimento.

Quadro 20 - Classificação das causas das patologias em revestimentos cerâmicos sobre sistema
ETICS [33]

GRUPOS CAUSAS

Erros de Projeto Escolha de materiais incompatíveis, omissa, ou não adequada à


utilização;

Estereotomia não conforme com as características do suporte;


Prescrição de colagem simples em vez de dupla

Dimensionamento incorreto das juntas do revestimento cerâmico;

Inexistência de juntas periféricas, de esquartelamento ou


construtivas;

Existência de zonas do revestimento cerâmico inacessíveis para


limpeza;
Deficiente cuidado na pormenorização das zonas singulares do
revestimento cerâmico. Inexistência ou patologia dos elementos
periféricos do revestimento cerâmico;

Deformações excessivas do suporte;

Humidade ascensional do terreno.

Erros de Execução Utilização de materiais não prescritos e/ou incompatíveis entre si;

Aplicação em condições ambientais extremas;


Desrespeito pelos tempos de espera entre as várias fases de
execução;

Aplicação em suportes sujos, pulverulentos ou não regulares;


Desrespeito pelo tempo aberto do adesivo;

Espessura inadequada do material de assentamento;

Contacto incompleto do ladrilho – material de assentamento;


Assentamento de ladrilhos nas juntas de dilatação do suporte;

Colagem simples em vez de dupla;

Utilização de material de assentamento ou de preenchimento de


juntas de retração elevada;

Preenchimento de juntas sujas;

Execução de juntas com largura ou profundidade inadequada/não


execução;

46
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

Preenchimento incompleto das juntas de assentamento;

Desrespeito pela estereotomia do revestimento cerâmico;

Encastramento de acessórios metálicos não protegidos nas juntas.

Ações de origem Choques contra o revestimento cerâmico;


mecânica exterior do
Vandalismo/grafitti;
revestimento cerâmico
Concentração de tensões no suporte;

Deformação do suporte.

Ações ambientais Vento;

Radiação solar;

Exposição solar reduzida;


Choque térmico;

Lixiviação dos materiais do revestimento que contém cimento;

Humidificação do revestimento;
Ação biológica;

Poluição atmosférica;

Criptoflorescências;

Envelhecimento natural.

Falhas de manutenção Falta de limpeza do revestimento cerâmico ou de zonas


adjacentes;

Limpeza incorreta do revestimento cerâmico.

Alteração das Aplicação de cargas verticais excessivas em revestimentos de


condições inicialmente paredes.
previstas

4.2. CARATERIZAÇÃO DA AMOSTRA

O trabalho de campo teve como objetivo a inspeção de um total de 8 edifícios com revestimentos
cerâmicos em fachadas sobre ETICS em todo o país especialmente zona Norte, sendo a sua finalidade
registar as patologias visualmente detetáveis. As patologias normalmente não surgem de forma
isolada, no entanto o levantamento destas foi efetuado de forma independente, de maneira a
simplificar e sua caracterização e classificação.

47
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

Quadro 21 – Identificação da Amostra

EDIFICIO

1- A Edifício Comercial – Anadia


2- B Edifício Comercial – Marco de Canaveses
3- C Estação de Comboios – Vila Nova de Famalicão

4- D Edifício Multifamiliar Porto


5- E Edifício Comercial – Viana do Castelo

6- F Conjunto Habitacional – Porto

7- G Edifício de Serviços – Anadia


8- H Edifício de Comércio e Habitação – Matosinhos

4.3. ESTRUTURA DA FICHA

A informação recolhida no trabalho de campo foi efetuada, conforme já se referiu através de uma
Ficha de Avaliação e Inspeção para Revestimento de Fachadas em Cerâmicos sobre ETICS e foi
dividida nas seguintes nove partes:
1. Identificação do Edifício;
2. Caracterização do Edifício;
3. Intervenções após construção;
4. Tipo de Obra;
5. Identificação das patologias;
6. Descrição construtiva do elemento;
7. Orientação;
8. Reparações efetuadas;
9. Metodologias das intervenções.

1. Para a identificação do edifício criou-se uma letra para cada ficha de avaliação e indicou-se:
 A morada;
 Ano de construção do edifício;
 Intervenções posteriores.
2. Na caracterização do edifício, indicaram-se os seguintes aspetos:
 Opções formais e construtivas;
 Identificação fotográfica;

48
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

3.Nas intervenções após construção define-se as intervenções que foram feitas no edifício após a sua
construção.
4.No tipo de obra, indicaram-se os seguintes aspetos:
 Habitação Unifamiliar;
 Comércio;
 Serviços;
 Industria;
 …
5.Na identificação de patologias, indicaram-se os seguintes aspetos:
 Tem patologias;
 Não tem patologias;
 Avaliação.
6.Na descrição construtiva do elemento define-se a constituição da fachada.
7.Na descrição orientação indicou-se:
 Norte;
 Sul;
 Este;
 Oeste (poente);
 Nordeste;
 Noroeste;
 Sudeste;
 Sudoeste.
8.Nas reparações efetuadas é descrito as possíveis reparações feitas na fachada do edifico, se aplicação
feita já é ou não uma reabilitação.
9.Nas metodologias de intervenção, são descritas as metodologias usadas nessas reabilitações.

4.4. FICHAS

49
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

 Ficha Edifício A

FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : A

IDENTIFICAÇÃO : Edificio de Comércio e Serviços

LOCAL : Anadia

ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Ainda em ContruçãoANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: -

CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :

OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:


Edificiode Serviços e Comércio, composto por 2 pisos acima da cota da soleira.
Sistema laminar de paredes de tijolo e lajes de betão armado, com cobertura
plana.

DISTÂNCIA À COSTA: Mais de 5 Km

IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA

LOCALIZAÇÃO VISTA GERAL

APLICAÇÃO DO ISOLAMENTO PORMENOR

50
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

TIPO DE OBRA : EDIFICIOS DE SERVIÇOS E COMÉRCIO

FASE DE COLOCAÇÃO DA CERÂMICA PORMENOR DE ASSENTAMENTO

FACHADA REVESTIDA A CERÂMICA

TIPO DE OBRA : EDIFICIO HABITACIONAL

Parede simples de betão armado de 0,30 m,


CONSTRUTIVA DO

com reboco de regularização hidrofugado com


DESCRIÇÃO

ELEMENTO

placas de poliestireno expandido com 60 mm de


espessura, assente com junta travada,
argamassas, armadura de fibra de vidro e
posterior colagem de cerâmica da "CINCA"
50*210 mm de cor beje.
ORIENTAÇÃO

Está a ser aplicada em toda a envolvente do


edificio.
REPARAÇÕES
EFETUADAS

Não se aplica.
INTERVENÇÕES
METODOLOGIA

Não se aplica.
DAS

51
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

 Ficha Edifício B

IDENTIFICAÇÃO : EDIFICIO COMERCIAL

LOCAL : Avenida Gago Coutinho - Marco de Canaveses

ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: 1990 ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: 2009

CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :

OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:


Edificio Comercial, várias frações de comércio e serviços em Marco de Canaveses.
Desenvolve-se em 4 pisos, um abaixo da cota de soleira e três acima, destinados a
comércio e serviços.
Sistema de paredes de tijolo e lajes aligeiradas, com cobertura plana.

DISTÂNCIA À COSTA: Mais de 5 Km

IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA

LOCALIZAÇÃO ALÇADO POENTE

ALÇADO POENTE e SUL

52
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

TIPO DE OBRA : EDIFICIO DE COMÉRCIO E SERVIÇOS

AVALIAÇÃO
NÃO TEM TEM
GERAL FREQUENTE PONTUAL

FISSURAS NO
VIDRADO
X
FISSURAS
LOCALIZADAS
X
MANCHAS DE
HUMIDADE
X
PATOLOGIAS

DESTACAMENTO/
DESCOLAMENTO X
MATERIAL
PERDA MATERIAL
PREENCHIMENTO X
DAS JUNTAS
EFLORESCÊNCIAS X
ENODAMENTO
DANOS POR AÇÕES
HUMANAS
X
DO ELEMENTO
CONSTRUTIVA
DESCRIÇÃO

Parede dupla de alvenaria de tijolo de 11+11 cm, com caixa de ar


de 3 cm, rebocada interiormente com 2 cm de gesso,
exteriormente aplicação de XPS, com 4 cm e posterior colagem
de cerâmica de 50*210 mm.
ORIENTAÇÃO

A envolvente do edificio onde foi aplicada a cerâmica sobre o


sistema ETIC's, encontra-se maioritáriamente a poente, havendo
uma pequena fachada também a sul.

Não se aplica.
REPARAÇÕES EFETUADAS

Até ao momento não há qualquer patologia visivel, não obstante de se proceder à sua manutenção
METODOLOGIA DAS

durante o tempo.
INTERVENÇÕES

53
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

 Ficha Edifício C
FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : C

IDENTIFICAÇÃO : ESTAÇÃO DE COMBOIOS

LOCAL :Estação de Caniços da Linha de Guimarães - BAIRRO – VILA NOVA DE FAMALICÃO

ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Entre 2000 e 2004 ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: 2005

CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :

OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:

A Estação de Caniços fica localizada na freguesia de Bairro, no concelho de Vila Nova de


Famalicão, junto à estrada EN 310.Foi construída no âmbito das obras para reconversão em via
larga e electrificação da Linha de Guimarães.O edifício da estação está orientado segundo a
direcção Este/Oeste e é composto por dois pisos. O piso inferior (Piso 0) é parcialmente
enterrado e destina-se a zonas técnicas e de serviço(sala de equipamentos de telecomunicações,
“unit power system”, perdidos e achados,posto de transformação, grupo gerador, arrumos e
resíduos sólidos) e áreas reservadas aos funcionários (sala, balneários, vestiários e instalações
sanitárias). No Piso 1, cuja cota de pavimento é idêntica às das plataformas de embarque, ficam
situados os serviços de apoio à estação (gabinete de circulação, arquivo geral, sala de contagem,
divisão de limpeza, bilheteiras, quiosque, bar e cozinha), as áreas de circulação e espera e as
instalações sanitárias públicas. A estabilidade do edifício é garantida por uma estrutura porticada
de betão armado. A fachada Sul do Piso 1 está apoiada sobre lajes em consola.As paredes
exteriores do edifício foram realizadas em betão ou em alvenaria simples de tijolo vazado.

DISTÂNCIA À COSTA: Mais de 5 Km

IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA

LOCALIZAÇÃO ALÇADO SUL

ALÇADO NASCENTE VISTA SUL

54
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

TIPO DE OBRA : EDIFICIO DE SERVIÇOS

AVALIAÇÃO
NÃO TEM TEM
GERAL FREQUENTE PONTUAL

FISSURAS NO
VIDRADO X
FISSURAS
LOCALIZADAS X
MANCHAS DE
HUMIDADE X
PATOLOGIAS

DESTACAMENTO/
DESCOLAMENTO X (1) X
MATERIAL
PERDA MATERIAL
PREENCHIMENTO DAS X
JUNTAS
EFLORESCÊNCIAS X (2) X
ENODAMENTO X (3) X
DANOS POR AÇÕES
HUMANAS X
CONSTRUTIVA DO

Parede simples de alvenaria de tijolo ou betão de 0,20 m, com


reboco de regularização hidrofugado com placas de poliestireno
DESCRIÇÃO

ELEMENTO

expandido com 30 mm de espessura (coladas por pontos),


argamassas da gama “COTETERM” da TEXSA MORTEROS,
armadura de fibra de vidro com tratamento de protecção anti-
alcalino, primário e perfis de alumínio e posterior colagem de
cerâmica de 200*200 mm, da série “ARTE NOVA” da PAVIGRÉS.
ORIENTAÇÃO

A envolvente do edificio onde foi aplicada a cerâmica sobre o


sistema ETIC's, foi na globalidade do edificio (todas as
orientações).

Este edificio sofreu intervenção após a sua construção, no ano de 2005, a nivel de fachadas
exteriores.METODOLOGIA ADOPTADA: 1- Análise das superfícies por percussão para avaliar a
REPARAÇÕES EFETUADAS

aderência ao suporte dos ladrilhos e remoção daqueles que se encontrem descolados;2- Limpeza e
eventual regularização do suporte, eliminando todas as partículas desagregadas;3-Criação de junta
estrutural vertical no muro da rampa de acesso à plataforma com configuração adequada;4-
Realização das juntas; 5- Recolocação dos ladrilhos cerâmicos respeitando as recomendações do
documento “Revêtements de murs extérieurs en carreaux céramiques ou analogues collés au moyen
de mortiers colles (Cahiers du CSTB, n.º 3266, octobre 2000)”. Deverá ser utilizado um cimento-cola
da classe C2S;6-Preenchimento das juntas entre ladrilhos com um produto cujo módulo de
elasticidade não superior a 8000 MPa. Estas juntas deverão ter uma espessura não inferior a 4 mm
(a este valor deve ser adicionada a tolerância dimensional dos ladrilhos).
METODOLOGIA DAS

Existem atualmente algumas patologias, nomeadamente enodamento, eflorescências e descolamento


INTERVENÇÕES

pontual do ladrilho.
(1) proceder à sua substituição respeitando a o tempo de colagem do ladrilho conforme
especificações do fabricante;
.(2) Eliminar possiveis infiltrações e proceder `a lavagem da superfície do revestimento; ☺ - limpeza do
revestimento cerâmico;
.(3) proceder à lavagem da superfície das juntas.

55
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

 Ficha Edifício D
FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : D

IDENTIFICAÇÃO : Edifício Multifamiliar

LOCAL :Rua Júlio Dantas - Pedroços – Maia - Porto

ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Entre 2007 e 2008 ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: -

CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :

OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:


Edificio Multifamiliar, composto por 3 blocos de apartamentos e garagem. Desenvolve-
se em 5 pisos, um abaixo da cota de soleira destinado a garagem e três acima,
destinados a habitação. Sistema laminar de paredes de tijolo e lajes aligeiradas, com
cobertura plana.

DISTÂNCIA À COSTA: Mais de 5 Km

IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA

LOCALIZAÇÃO ALÇADO NORTE

ALÇADO POENTE PORMENOR DE REMATE NO CUNHAL

56
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

TIPO DE OBRA : EDIFICIOS HABITACIONAIS

AVALIAÇÃO
NÃO TEM TEM
GERAL FREQUENTE PONTUAL

FISSURAS NO
VIDRADO X
FISSURAS
X (1) X
LOCALIZADAS X
MANCHAS DE
HUMIDADE X
PATOLOGIAS

DESTACAMENTO/
DESCOLAMENTO X
MATERIAL
PERDA MATERIAL
PREENCHIMENTO X
DAS JUNTAS
EFLORESCÊNCIAS X
ENODAMENTO X
DANOS POR
AÇÕES HUMANAS X
CONSTRUTIVA DO

Parede simples de alvenaria de tijolo ou betão de


DESCRIÇÃO

0,20 m, com reboco de regularização hidrofugado


ELEMENTO

com placas de poliestireno expandido com 50 mm


de espessura, armadura de fibra de vidro com
tratamento de protecção anti-alcalino, primário e
perfis de alumínio e posterior colagem de cerâmica
de 200*200 mm, grés branco da "cinca".
ORIENTAÇÃO

A envolvente do edificio onde foi aplicada a


cerâmica sobre o sistema ETICS, foi na orientação
Norte e Poente, nas restantes tem sistemas ETICS
normal.
REPARAÇÕES
EFETUADAS

Não há reparações feitas até à data.

Existem atualmente pequenas patologias, nomeadamente pequenas fissuras


METODOLOGIA

INTERVENÇÕES

pontuais.
DAS

(1) proceder à sua substituição respeitando a o tempo de colagem do ladrilho


conforme especificações do fabricante e tendo em conta a dilatação do material;

57
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

 Ficha Edifício E

FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : E

IDENTIFICAÇÃO : Edificio Comercial


LOCAL :Praça da Liberdade – Viana do Castelo
ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Entre 2000 e 2004 ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: 2005

CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :

OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:


O Edifício é constituído por dois Corpos constituido por dois pisos, ambos acima da
cota soleira para comércio e serviços. Ao nível do 1º piso e de parte do R/Chão, as
fachadas opacas são revestidas com “azulejos rústicos” de cor branca, com superfície
quadrada de cerca de 13 × 13 cm². As paredes exteriores são em betão, com 25 a 30
cm de espessura.

DISTÂNCIA À COSTA: Menos de 5 Km

IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA

LOCALIZAÇÃO ALÇADO SUL

ALÇADO NORTE PORMENOR

58
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

TIPO DE OBRA : EDIFICIO DE COMÉRCIO E SERVIÇOS

AVALIAÇÃO
NÃO TEM TEM
GERAL FREQUENTE PONTUAL

FISSURAS NO
VIDRADO X
FISSURAS
X (1) X
LOCALIZADAS
MANCHAS DE
HUMIDADE X
ANOMALIAS

DESTACAMENTO/
DESCOLAMENTO X (2) X
MATERIAL
PERDA MATERIAL
PREENCHIMENTO DAS X
JUNTAS
EFLORESCÊNCIAS X
ENODAMENTO
DANOS POR AÇÕES
HUMANAS X
DESCRIÇÃO CONSTRUTIVA DO

Parede simples de betão de 0,25 a 0,30 m, encontrando-se


isoladas termicamente pelo exterior, tendo os ladrilhos sido
colados directamente sobre o sistema ETICS, com cimento-
cola “weber.col flex”, da Weber & Broutin. O sistema ETICS
ELEMENTO

aplicado é do tipo “Capotto”, da VIERO, sendo constituído por


placas de poliestireno expandido (4 cm), fixadas
mecanicamente ao suporte com buchas “IZP”, da HILTI. Sobre
as placas foi aplicado um reboco delgado do tipo “Adesan
CPS-B”, armado com rede de fibra de vidro (150 g/m2), com
tratamento anti-alcalino e posterior colagem dos cerâmcios de
cor branca de 13*13 cm.
ORIENTAÇÃO

A envolvente do edificio onde foi aplicada a cerâmica sobre o


sistema ETIC's, foi na globalidade do efificio (todas as
orientações).
REPARAÇÕES
EFETUADAS

Não há reparações feitas até à data.

Existem atualmente algumas patologias, nomeadamente descolamento pontual do ladrilho


METODOLOGIA

INTERVENÇÕES

fissuração pontual.
(1) proceder à sua substituição respeitando o tempo de colagem do ladrilho conforme
DAS

especificações do fabricante e tendo em conta a dilatação do material;


(2) proceder à sua substituição respeitando a o tempo de colagem do ladrilho conforme
especificações do fabricante;

59
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

 Ficha Edifício F
FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : F

IDENTIFICAÇÃO : Conjunto Habitacional


LOCAL :Rua do Falcão - Porto
ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Anterior ao ano 2000 ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: -

CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :

OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:


Este conjunto habitacional é composto por 8 blocos de apartamentos. As paredes exteriores
são em alvenaria de tijolo, com cerca de 25cm de espessura.Sistema laminar de paredes
de tijolo e lajes aligeiradas, com cobertura plana. Pavimentos em soalho/flutuante, com
exeção das zonas húmidas, cozinha e garagem.

DISTÂNCIA À COSTA: Mais de 5 Km

IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA

LOCALIZAÇÃO VISTA INTERIOR DO BAIRRO

VISTA GERAL PORMENOR DE FACHADA

60
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

TIPO DE OBRA : EDIFICIOS HABITACIONAIS

AVALIAÇÃO
NÃO TEM TEM
GERAL FREQUENTE PONTUAL

FISSURAS NO
VIDRADO
X
FISSURAS
X (1) X
LOCALIZADAS
MANCHAS DE
HUMIDADE
X
ANOMALIAS

DESTACAMENTO/
DESCOLAMENTO X (2) X
MATERIAL

PERDA MATERIAL
PREENCHIMENTO X
DAS JUNTAS
EFLORESCÊNCIAS X X (3) X
ENODAMENTO X (4) X
DANOS POR
AÇÕES HUMANAS
X X (5) X

Parede simples de alvenaria de tijolo de 0,24 m, com


DO ELEMENTO
ORIENTAÇÃO CONSTRUTIVA
DESCRIÇÃO

reboco de regularização hidrofugado com placas de


poliestireno expandido com 40 mm de espessura,
argamassas, armadura de fibra de vidro e posterior
colagem de cerâmica de 50*210 mm, da CINCA de cor
vermelha.

A envolvente do edificio onde foi aplicada a cerâmica


sobre o sistema ETIC's, foi na globalidade do edificio
(todas as orientações).
REPARAÇÕES
EFETUADAS

Não se aplica

Existem atualmente algumas patologias, nomeadamente descolamento/destacamento


frequente do cerâmico, fissuração pontual, eflorescências gerais, enodamentos frequentes e
METODOLOGIA DAS

danos por ações humanas pontuais.


INTERVENÇÕES

(1) ☻ - proceder à sua substituição respeitando a o tempo de colagem do ladrilho conforme


especificações do fabricante e tendo em conta a dilatação do material;
(2) ☺ - proceder à sua substituição respeitando a o tempo de colagem do ladrilho conforme
especificações do fabricante;
(3) ☻- Eliminar possiveis infiltrações e proceder `a lavagem da superfície do revestimento;
☺ - limpeza do revestimento cerâmico,
(4) ☺- proceder à lavagem da superfície das juntas

61
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

 Ficha Edifício G

FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : G

IDENTIFICAÇÃO : Edificio de Serviços


LOCAL :Rua 2 de Abril - Candieira - Avelãs de Cima - Anadia
ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Meados de 2007 ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: -

CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :

OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:


Este edificio de serviços é composto por dois pisos e serve as instalações da
Candigrês em Avelãs de Cima. As paredes exteriores são em alvenaria de tijolo, com
cerca de 25cm de espessura.Sistema laminar de paredes de tijolo e lajes aligeiradas,
com cobertura plana.

DISTÂNCIA À COSTA: Mais de 5 Km

IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA

LOCALIZAÇÃO PORMENOR DE ASSENTAMENTO

VISTA PRINCIPAL

62
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

TIPO DE OBRA : EDIFICIO SERVIÇOS

AVALIAÇÃO
NÃO TEM TEM
GERAL FREQUENTE PONTUAL

FISSURAS NO
VIDRADO
X
FISSURAS
LOCALIZADAS
X
MANCHAS DE
HUMIDADE
X
PATOLOGIAS

DESTACAMENTO/
DESCOLAMENTO X
MATERIAL
PERDA MATERIAL
PREENCHIMENTO DAS X
JUNTAS
EFLORESCÊNCIAS X
ENODAMENTO X
DANOS POR AÇÕES
HUMANAS
X
DO ELEMENTO
CONSTRUTIVA

Parede simples de alvenaria de tijolo de 0,24 m, com


DESCRIÇÃO

reboco de regularização hidrofugado com placas de


poliestireno extrudido com 50 mm de espessura,com
encaixe macho fêmea, argamassas, armadura de fibra
de vidro e posterior colagem de cerâmica de 50*210
mm, da CINCA de cor vermelha.
ORIENTAÇÃO

A envolvente do edificio onde foi aplicada a cerâmica


sobre o sistema ETICS, foi na globalidade do edificio
(todas as orientações).
REPARAÇÕES
EFETUADAS

Não há reparações feitas até à data.


METODOLOGIA

INTERVENÇÕES
DAS

Este edificio tem sido alvo de testes e ensaios para provável homologação da colagem do
cerâmico sobre ETICS.

63
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

 Ficha Edifício H

FICHA DE CARATERIZAÇÃO DO EDIFICIO EDIFICIO : H

IDENTIFICAÇÃO : Edificio de Habitação e Comércio


LOCAL : Rua de Almeiriga Norte- Perafita - Matosinhos
ANO (s) DE CONSTRUÇÃO: Ainda em Contrução ANO(s) DE INTERVENÇÕES POSTERIORES: -

CARACTERIZAÇÃO DO EDIFICIO :

OPÇÕES FORMAIS e CONSTRUTIVAS:


Edificio Multifamiliar e comércio, composto por 4 pisos acima da cota da soleira, o rés-
do-chão destinado a comércio e os outros três a habitação unifamiliar. Sistema laminar
de paredes de tijolo e lajes aligeiradas, com cobertura plana.

DISTÂNCIA À COSTA: Primeira linha da costa

IDENTIFICAÇÃO FOTOGRÁFICA

LOCALIZAÇÃO PORMENOR DE APLICAÇÃO ISOLAMENTO

FASE INICIAL DE CONSTRUÇÃO

64
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

TIPO DE OBRA : EDIFICIOS HABITACIONAIS

FASE DE COLOCAÇÃO DA PASTILHA PORMENOR PASTILHA COLADA

TIPO DE OBRA : EDIFICIO HABITACIONAL

Parede simples de alvenaria de tijolo de 0,24 m, com


DO ELEMENTO
CONSTRUTIVA
DESCRIÇÃO

reboco de regularização hidrofugado com placas de


poliestireno expandido com 60 mm de espessura,
assente com junta travada, argamassas, armadura de
fibra de vidro e posterior colagem de pastilha da
"cinca" 5*5 cm de cor branca e castanha.
ORIENTAÇÃO

Está a ser aplicada em toda a envolvente do edificio.


REPARAÇÕES EFETUADAS

Não se aplica.
METODOLOGIA

INTERVENÇÕES

Não se aplica.
DAS

65
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

4.5. ANÁLISE DE RESULTADOS

Os revestimentos cerâmicos sobre ETICS começa cada vez mais a ser uma escolha nos revestimentos
de fachadas em Portugal.
Para compreender melhor os casos estudados, apresenta-se de seguida um quadro onde se
correlacionam os edifícios inspecionados e as patologias verificadas em cada um deles. Com o intuito
de facilitar a leitura dos dados, a localização das patologias será identificada com um número
sequencial, conforme o Quadro 22, em que cada uma delas pode ser generalizada (G), frequente (F) ou
pontual (P), conforme Quadro 23.

Quadro 22 – Identificação das patologias

PATOLOGIA

1 Fissuras no vidrado
2 Fissuras localizadas
3 Manchas de Humidade
4 Destacamento/Deslocamento do material
5 Perda do material no preenchimento das juntas
6 Eflorescências
7 Enodamento
8 Danos por ações humanas

No Quadro 23 identificaram-se as situações patológicas dos revestimentos cerâmicos nas fachadas dos
edifícios observados.

Quadro 23 – Identificação das patologias nos cerâmicos colados sobre ETICS nos edifícios observados

EDIFICIO PATOLOGIAS EM FACHADAS DE EDIFICIOS REVESTIDOS A CERÂMICO


SOBRE O SISTEMA ETIC’S
1 2 3 4 5 6 7 8
G F P G F P G F P G F P G F P G F P G F P G F P
A
B
C X X X
D X
E X X
F X X X X X
G
H

66
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

O gráfico da Fig.17 resume os resultados do quadro anterior, contemplando todas as patologias


observadas em função da localização da patologia. Foram excluídos deste gráfico as obras do edifício
A e H, pelo facto de à data ainda se encontrar em construção, não podendo servir para análise de
patologias. Serve sim de base para trabalhos futuros, como referência.

Quadro 24 – Quantificação dos edifícios com determinadas patologias

Fissuras
localizadas 3

Destacamento/descolamento do material 3

Perda do material no preenchimento juntas 0

Eflorescências 2

Enodamento 2

Danos por ações humanas 1

3,5 3 3
3
2,5 2 2
N.º Patologias observadas

2
1,5 1
1
0,5 0
0

Patologias

Fig.17 - Identificação das patologias mais relevantes

Apesar de a amostra ser reduzida para o nosso estudo, realizou-se uma pequena estatística, por forma a
percebermos quais serão os “maiores” problemas que podemos enfrentar na aplicação deste sistema.
Pode no futuro servir de base de comparação com estudos mais alargados e aprofundados. De certa
forma ainda não passou tempo suficiente para termos uma amostra significativa, da qual possamos ter
resultados fiáveis em maior escala para sustentarmos os estudos feitos até ao momento, devido à
aplicação recente do sistema.
Analisando na perspetiva do total das patologias registadas (Fig.18), verificou-se que as patologias a
ter maior ocorrência são o grupo das fissuras e do destacamento /descolamento do material.

67
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

Distribuição percentual detalhada das anomalias


Fissuras localizadas
Danos por acções humanas 9,1%

Destacamento/descolamento do
Enodamento 18,2% material

Eflorescências 18,2% Perda do material no


preenchimento juntas
Perda do material no
0,0% Eflorescências
preenchimento juntas
Destacamento/descolamento do
27,3% Enodamento
material

Fissuras localizadas 27,3% Danos por acções humanas

Fig.18 - Distribuição percentual das patologias registadas nas inspeções

O conjunto de revestimentos cerâmicos estudados apresenta várias de épocas de construção (Quadro


25), que se inicia no século 20 e termina nos dias de hoje.

Quadro 25 – Idades dos Edifícios observados com sistema do cerâmico sobre ETICS

ANOS DE CONSTRUÇÃO N.º EDIFICIOS OBSERVADOS

0-1 2

1-2 0

2-3 1

3-4 2

4-5 2

Mais de 5 3

Através do Quadro 25 e do número de patologias associadas da figura 17 verifica-se que quanto maior
é o número de anos do edifício maior é a incidência de patologias.
Também se pode constatar que quanto maior a dimensão do ladrilho (Fig. 19), maior é a incidência de
patologias.

68
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

8
7
6

Patologias
5
4
3
2
1
0
20*20 5*21 5*5
Dimensão cerâmica - cm

Fig.19 – Incidência de Patologias conforme dimensão da cerâmica

4.6 IDENTIFICAÇÃO DAS PATOLOGIAS OBSERVADAS NO SISTEMA ETICS

Para a identificação das patologias da amostra estudada foi necessário definir quais as principais
patologias a registar. A respetiva escolha foi determinada tanto pela gravidade da patologia como pela
frequência de ocorrências e importância na evolução do estado de degradação geral da fachada do
edifico.
Observando as várias classificações e aos critérios já mencionados, considerou-se que as principais
patologias poderiam ser agrupadas em:
 Fissuras;
 Destacamentos/Descolamentos do material;
 Deterioração das juntas;
 Patologias estéticas;
 Outras Patologias.
O descolamento/destacamento e as fissuras foram escolhidas pela frequência em que estas patologias
ocorrem em fachadas revestidas a cerâmicos e sendo este um dos principais princípios de estudo da
aderência do material ao sistema ETICS.
A opção da escolha da patologia deterioração das juntas foi motivada pela consequência que a mesma
tem no estado de degradação dos cerâmicos em fachada.
Em relação às patologias estéticas decidiu-se por reuni-las, incluindo assim as manchas de humidade,
enodamento e eflorescências sendo que, apesar destas patologias apenas comprometerem a camada
superficial, contribuem para a degradação geral das fachadas.
Considera-se em “Outras Patologias” todas as outras que puderam ser observadas, tais como danos por
ações humanas.
O objetivo desta identificação foi a determinação da patologia mais recorrente na aplicação de
cerâmicos sobre ETICS.

69
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

Na identificação das patologias pretende-se reconhecer as causas associadas a estas, utilizando o


Quadro 21, indicado abaixo, de forma a classificar as patologias segundo as suas causas presumíveis
(erros de projeto, erros de execução, ações de origem mecânica exterior do revestimento cerâmico,
ações ambientais, falhas de manutenção e alteração das condições inicialmente previstas).

Quadro 26 - Patologias mais correntes cerâmicos aplicados em fachadas sobre sistema ETICS

PATOLOGIAS SINTOMAS CAUSAS EXEMPLO DO CASO DE


ESTUDO

FISSURAÇÃO Fissuras no - Retração de secagem


seio do inicial (irreversível) do
produto, produto de preenchimento
afetando toda das juntas ou contrações
a profundidade – expansões cíclicas
da junta devidas a variações
termo-higrométricas;

- Extensões de rotura, em
Fissuras
tração ou compressão,
afetando
insuficientes para
apenas o
absorverem os
vidrado, que
movimentos transmitidos
se
à junta pelo revestimento
entrecruzam
ou pelo suporte.
em forma de
rendilhado - Coeficiente de dilatação
térmica do vidrado
superior ou não suficiente
à base cerâmica do
ladrilho, que o coloca em
tração, ou
insuficientemente
comprimido
subsequentemente à
cozedura;

- Choque térmico;

-Contração dos produtos


cimentícios de
assentamento dos
ladrilhos transmitida ao
vidrado.

DESTACAMENTO / Abertura de Aderência insuficiente do


DESCOLAMENTO uma fissura produto de preenchimento
entre o de junta aos bordos dos
produto e os ladrilhos, particularmente
bordos do quando estes são pouco

70
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

ladrilho. porosos ou quando são


vidrados e há escorrência
Descolamento
do vidrado para os
do produto dos
bordos;
bordos dos
ladrilhos e no - Inadequação da
fundo da junta, granulometria ou na
soltando-se consistência do produto à
em seguida. largura ou profundidade
da junta;

- Relação inadequada
largura / profundidade da
junta
- Evolução dos
fenómenos que dão
origem aos tipos de
patologias
precedentemente
descritos;

- Expansão do produto de
preenchimento, de base
cimentícia, provocada por
sulfatos contidos em
produtos de limpeza

EFLORESCÊNCIAS Manchas Presença de sais solúveis


esbranquiçada nos ladrilhos, no material
s dos ladrilhos de assentamento ou no
suporte que, em
consequência de uma
humidificação (resultante
do assentamento ou do
uso do revestimento), são
transportados para a
superfície e aí se
depositam / cristalizam, à
medida que a água se vai
evaporando

ENODAMENTO Alteração Absorção e retenção, pelo


inestética da produto de preenchimento
cor das juntas de juntas, de produtos
devida à enodoantes, em forma de
fixação de pó ou veiculados pela
sujidade água

71
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

4.7. PREOCUPAÇÕES A TER NA EVENTUAL APLICAÇÃO DE CERÂMICA SOBRE ETICS

Tal como referido no capítulo 02, a aprovação técnica europeia (ETA) ou o documento de
homologação a sistemas compósitos de isolamento térmico pelo exterior associado a cerâmico, ainda
não foi desenvolvida, não havendo até ao momento qualquer documento de homologação ou ETA.
Todavia a cada vez maior procura deste sistema no nosso país, como solução para as “nossas”
fachadas por parte de diversas empresas [36], faz com que os especialistas de diferentes áreas
comecem a ver esta solução como uma aposta de futuro e como tal já começaram a estudar se é viável
a homologação do sistema.
Assim, tal como se disse anteriormente as principais desvantagens do sistema tradicional ETICS são a
resistência ao choque e o aparecimento de manchas. A introdução da cerâmica pode ser vista como
uma solução para essas desvantagens.
Desta forma propõe-se a realização de ensaios de choque e de aderência (comportamento mecânico)
para desenvolver a aprovação deste novo sistema, que inclui novos componentes face ao tradicional
sistema ETICS (a cerâmica, a argamassa de juntas e a cola do cerâmico).
Propõe-se deste modo, estudar o comportamento mecânico deste sistema através da execução do
ensaio de aderência. Aconselha-se que o ensaio de aderência seja adaptado a partir do previsto na
ETAG 004 para ETICS com acabamentos por pintura. Este ensaio tem como objetivo analisar a
aderência da camada base ao isolante e do acabamento cerâmico à camada base. Será sempre um
processo feito em comparação com o sistema ETICS, pois é para o qual está concebida a ETAG 004, a
nossa base de estudo.
No Quadro 7 e 8 encontram-se as exigências neste momento definidas pela ETAG 004 para o sistema
tradicional ETICS.

4.8. ANÁLISE CRITICA

No decorrer da elaboração deste capítulo observou-se que a utilização de cerâmicos em fachadas


exteriores deverá ser planeada desde a conceção, à sua execução passando pela sua exploração, na
medida que o desempenho do revestimento cerâmico diversas vezes é menos satisfatório que o
previsto.
Uma das principais garantias de durabilidade destes revestimentos é a qualidade do “projeto” dos
revestimentos cerâmicos, de forma que é essencial a realização de manutenção ou mesmo reabilitação
precoces, de maneira a controlar e diminuir os riscos das patologias na realização integral dos
revestimentos cerâmicos.
Consequentemente, os revestimentos cerâmicos podem apresentar ainda uma durabilidade maior em
comparação com os restantes revestimentos de fachada, só quando o acabamento dos revestimentos é
cuidado e quando se desenvolve um sistema de manutenção.
Face à desvantagem do sistema ETICS convencional em assegurar um nível de resistência aceitável
em termos de ações de corte, apresenta-se a possibilidade de usar a aplicação de elementos cerâmicos
como revestimento final do sistema.

72
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

Quando associada (cerâmica) ao sistema ETICS, todas estas preocupações são muito maiores. A
constante manifestação de patologias, relacionada com a qualidade dos materiais, da mão-de-obra,
com a sensibilidade dos revestimentos cerâmicos aos agentes atmosféricos, e da aplicação, aliados à
falta de homologação, fazem deste sistema uma solução menos competitiva em semelhança a outras
soluções atuais no mercado.
Face a tudo isto avaliou-se o processo de elaboração de uma ETA, para podermos responder ou
esclarecer algumas das dúvidas pertinentes sobre o sistema. Procedeu-se à caraterização do cerâmico,
à classificação das juntas, bem como à identificação das patologias principais associadas ao sistema de
aplicação de isolamento térmico pelo exterior tipo ETICS associado ao revestimento cerâmico por
forma a conseguir avaliá-la no seu desempenho.
Por esse facto foi feito um levantamento “in situ” de 8 edifícios para identificação das patologias.
Para o efeito foi elaborada uma ficha de avaliação e inspeção, onde estão identificados os principais
parâmetros ligados a essas mesmas patologias.
Estas fichas foram usadas na observação e deteção de patologias em operações de reabilitação ou
construções novas, por forma a avaliar a qualidade da edificação, onde o aspeto estético tem por
norma ser um parâmetro importante.
Considera-se que os resultados adquiridos possibilitaram a identificação das diversas patologias
existentes nos parâmetros de cerâmicos colados sobre o sistema ETICS inspecionados, são bastantes
demonstrativos da viabilidade do sistema. Em suma ficou demonstrado que com um pouco mais de
conhecimento de causa, cuidado de aplicação e manutenção da aplicação de cerâmica sobre o sistema
ETICS, se trata de um sistema fiável de exploração.
O comportamento dos ETICS com acabamento por pintura é avaliado de acordo com um Guia
designado por ETAG 004, onde se encontram definidas as várias exigências. Para analisar o
comportamento destes acabamentos sobre ETICS é necessário começar a pensar num Guia para o
mesmo. Para isso fez-se um modelo de proposta para esse mesmo guia, que poderá ser estudo e
desenvolvido no sentido de dar resposta às exigências do mercado.

73
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

74
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

05
CONCLUSÃO

Os estudos de concessão de Aprovações Técnicas Europeias (ETA) de ETICS destinam-se a


comprovar a aptidão ao uso de cada sistema desse tipo, com base nos requisitos e métodos
estabelecidos na ETAG 004. Desta forma surge a necessidade de criar um documento semelhante que
viabilize a colagem de cerâmica sobre este sistema.
A conjugação de um revestimento tradicional (cerâmica) sobre um isolamento térmico pelo exterior,
apresenta-se com potencial, para se dedicar a um conjunto de avaliações de compatibilidade e
durabilidade por forma a garantir um sistema sustentável de revestimento de fachadas. Considerando-
se que o sistema não está refletido na ETAG 004, torna-se urgente rever o tema e expor à
consideração.
O estudo de observação “in situ” de edifícios em que foi aplicado o sistema é animador, no entanto o
seu tempo de vida é ainda reduzido para validação do sistema.
Para já, verifica-se que, ao nível de solicitações mecânicas puras, o sistema apresentado revela um
grau de confiança aceitável ao nível de compatibilidade de elementos. Por outro lado é prudente
limitar utilizações de cerâmicos em função da sua dimensão, dadas as elevadas deformações
adjacentes ao sistema de suporte, mesmo considerando a utilização de armadura de rede.

PROPOSTA PARA TRABALHOS FUTUROS


Apesar de já existirem alguns estudos sobre a colagem de cerâmicos sobre sistema ETICS, o tema é
ainda de conhecimento não consolidado. Deste modo, no final desta dissertação é fundamental:
 a continuação do desenvolvimento de fichas de avaliação e inspeção, aplicadas em obra e na
fase de exploração, com condições de acesso ao projeto e aos responsáveis, para prevenir de
forma mais abrangente e consequente o aparecimento de patologias ou reduzir os seus efeitos;
 a elaboração de estudos sobre a influência do projeto e da execução na durabilidade do
sistema, assim como a identificação dos fatores que contribuem para a dispersão dos
resultados; salienta-se a necessidade dos projetistas procederem sempre à execução de peças
escritas e desenhadas mais detalhadas, nomeadamente no que diz respeito à pormenorização
construtiva (ligações dos cerâmicos na envolvente dos vãos, por exemplo);

75
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

 a criação de bases de dados de estudos relacionados com as edificações, que fornecessem toda
a informação relativa ao tipo de soluções, técnicas de construção, e materiais utilizados, entre
outros;
 por último e deveras bastante importante um estudo fundamentado para a criação da ETA do
sistema;

76
Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

06
BIBLIOGRAFIA

[1] ETAG004 – Guideline for European Technical Approval of External Thermal Insulation, Brussels:
EOTA, January 2002.
[2] LUCAS, J. A. Carvalho; Exigências funcionais de revestimentos de paredes, ITE 25. LNEC, 2001.
[3] - FREITAS, Vasco Peixoto de; Sousa, Augusto Vaz Serra e; Silva, J. A. Raimundo Mendes;
Manual de Aplicação de Revestimentos Cerâmicos. Coimbra, Março de 2003; APPICER.
[4] Decreto-Lei n.º 4/2007, de 8 de Janeiro.
[5] FREITAS, Vasco Peixoto de; Isolamento térmico de fachadas pelo exterior. Reboco delgado
armado sobre poliestireno expandido – ETICS – relatório HT191A/02, Porto, Portugal, Dezembro de
2002.
[6]DIAS, José Miranda; Lopes, Grandão, Cadernos Edifícios 0, LNEC, Julho 2010.
[7] EOTA – External termal insulation composite systems with rendering. Russels :EOTA, 2000.
[8] LUCAS, J.A. Carvalho, Anomalias em revestimentos cerâmicos colados. Lisboa: LNEC, 2001
[9] FREITAS, Vasco Peixoto de; Barreira, EVA; Gonçalves, Pedro Filipe; Envolvente de edifícios,
Construção Magazine,n.º42 . Março|Abril 2011, pp.19-23.
[10] FREITAS, Vasco Peixoto de; Conforto Térmico, Construção Magazine,n.º35. Janeiro| Fevereiro
2010, pp.4-8.
[11] ABREU, Isabel; CORVACHO, Helena; Conforto Térmico, Construção Magazine, pp.23-27.
[12] PAIVA, José Vasconcelos; Revestimentos de paredes e Isolamento Térmico, Construção
Magazine,n.º32. Julho| Agosto 2009, pp.4-8.
[13] VEIGA, Maria do Rosário; SANTOS, Carlos Pina dos, Revestimentos de paredes e Isolamentos
Térmicos, Construção Magazine,pp.12-18.
[14] VICENTE, Romeu; SILVA, J.A. Raimaundo Mendes da; TORRES, Maria Isabel Morais;
ABALADA, Vitor Hugo; Revestimentos de Paredes e Isolamentos Térmicos, Construção
Magazine,pp.24-29.

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

[15] BARREIRA, Eva; Degradação Biológica de Fachadas com Sistemas de Isolamento Térmico pelo
Exterior devido ao Desempenho Higrotérmico. Tese de Doutoramento, FEUP, Porto, Portugal,2010.
[16] LUCAS , J. Classificação e descrição geral de revestimentos para paredes de alvenaria ou de
betão. ITE 24, 6º edição, LNEC, 2008, pp. 70-132.
[17] DUARTE, C.; Contribuição das Argamassas e dos ETICS para a Eficiência Energética dos
Edifícios. In: Seminário Contribuição das Argamassas e dos ETICS para a Eficiência Energética dos
Edifícios, Lisboa: Tektónica, 13 Maio, www.apfac.pt, 4 p, 2010.
[18] LADEIRA, J.; Avaliação em serviço de sistemas de isolamento térmico pelo exterior em
fachadas. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, IST, 116p, 2011.
[19] SANTOS, C. A. Pina; MATIAS, L., Coeficientes de transmissão térmica de elementos da
envolvente dos edifícios, Edifícios ITE 50, LNEC 2006.
[20] BARONNIE, P.; Amélioration de la résistance aux chocs des revêtements minces sur isolants.
CSTB, Paris, 1981.
[21] Regulamento das Características do Comportamento Térmico dos Edifícios. Decreto-Lei no
80/2006, de 04 de Abril.
[22] SILVESTRE, J. Dinis. Sistema de Apoio à inspeção e diagnóstico de anomalias em revestimentos
cerâmicos aderentes. Dissertação do Mestrado em Construção, Instituto Superior Técnico da
Universidade Técnica de Lisboa, Setembro de 2005.
[23] Centre Scientifique et Technique du Batiment (CSTB). Revêtements de murs extérieures en
carreaux cerámiques ou analogues collés au moyen de mortiers–colles. Cahier 3266, Livraision 413,
Outubro de 2000.
[24] VEIGA, Maria do Rosário; MALANHO, Sofia (2010). Sistemas Compósitos de Isolamento
Térmico pelo Exterior (ETICS): Comportamento global e influência dos componentes. Apresentação
oral. APFAC 2010 - 3º Congresso Português de Argamassas de Construção. Lisboa: LNEC, 18 e 19
Março.
[25] MALANHO, Sofia; VEIGA, Maria do Rosário (2011). Performance of External Thermal
Insulation Composite Systems (ETICS) with finishing ceramic tiles. Apresentação oral. 12th
International Conference on the Durability of Building Materials and Components. Porto (Portugal):
FEUP. 12th – 15th April.
[26] MALANHO, Sofia; VEIGA, M. Rosário (2011). Análise do desempenho das juntas entre
ladrilhos cerâmicos aplicados sobre ETICS. In IX SBTA – Simpósio Brasileiro de Tecnologia de
Argamassas. Belo Horizonte,17 a 20 de Maio (Atas em CD).
[27] MALANHO, Sofia; VEIGA, M. Rosário; Velosa, Ana Luísa. Adaptação do ensaio de aderência
para análise de ETICS com acabamento cerâmico. Comunicação aceite para apresentação oral em:
APFAC 2010 – 4º Congresso Português de Argamassas de Construção. Coimbra: Universidade de
Coimbra, 29 e 30 de Março.
[28] MALANHO, Sofia; VEIGA, M. Rosário; Velosa, Ana Luísa. Análise do comportamento de
argamassas de juntas entre ladrilhos cerâmicos aplicados sobre ETICS através do ensaio de
ultrassons. Comunicação aceite para apresentação oral: PATORREB 2012 – 4º Congresso de
Patologia e reabilitação de edifícios. Santiago de Compostela, 12 a 14 de abril.

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Aplicação de Isolamento Térmico pelo Exterior Tipo ETICS Associado a Revestimento Cerâmico

[29] MALANHO, Sofia; Desempenho de ETICS com acabamento a ladrilhos cerâmicos –


desenvolvimento de uma metodologia de ensaio e avaliação. Dissertação de Mestrado em Engenharia
Civil, Universidade de Aveiro,2010.
[30] MALANHO, Sofia; VEIGA, M. Rosário. Regras para a concessão de uma aprovação técnica
europeia (ETA) ou de um documento de homologação (DH) a sistemas compósitos de isolamento
térmico pelo exterior (ETICS). Trabalho, LNEC, Lisboa, Dezembro 2010.
[31] SILVA, Luís; PEREIRA, Vasco; SEQUEIRA, Pedro; SOUSA, António. Avaliação da
compatibilidade de fixação de elementos cerâmicos com o sistema ETICS. Trabalho Saint Gobain
Weber, 2010-2011.
[32] SILVA, Luís; PEREIRA, Vasco; SEQUEIRA, Pedro; SOUSA, António. Fixação de elementos
cerâmicos no sistema ETICS. Pormenores que fazem a diferença. Apresentação oral, APFAC 2012 –
4º Congresso Português de Argamassas e ETICS. Saint Gobain Weber, Coimbra, 2012.
[33] BENTO, João José Jorge. Patologias em revestimentos cerâmicos colados em paredes interiores
de edifícios. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, FEUP, Porto, Portugal, 2010.
[34] http://www.lnec.pt/qpe.
[35] http://maps.google.pt.
[36] http://www.candigres.com/candiwallpt.html.
[37] http://www.apfac.pt.

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