Você está na página 1de 145

Análise técnico-económica da reabilitação de edifícios antigos no

âmbito das especialidades complementares de Engenharia Civil

Luís Fernando Gonçalves Brás

Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em:

Construção e Reabilitação

Orientador
Orientador: Prof. Doutor Albano Luís Rebelo da Silva das Neves e Sousa

Júri

Presidente: Prof. Doutor Pedro Manuel Gameiro Henriques


Orientador: Prof. Doutor Albano Luís Rebelo da Silva das Neves e Sousa
Vogal: Prof. Doutor Vítor Faria e Sousa

Outubro de 2015
ii
AGRADECIMENTOS
A realização da presente dissertação marca o fim de uma importante etapa na minha vida. Este
trabalho, mais do que individual, resulta da colaboração e do estímulo de várias pessoas. Por esta
razão quero expressar os meus sinceros agradecimentos a todos os professores, convidados e
colegas da componente lectiva do Mestrado de Construção e Reabilitação, que contribuíram para o
enriquecimento da minha formação, pelo seu apoio, motivação, simpatia, amizade e honestidade que,
de uma forma decisiva contribuiu para a conclusão de todo este processo bastante útil e
enriquecedor.
Quero também expressar o meu profundo agradecimento ao Prof. Doutor Albano Luís Rebelo da
Silva das Neves e Sousa pela excelente relação que sempre teve comigo ao longo de todo este
mestrado e por ter aceitado a orientação da minha dissertação bem como a sua grande
disponibilidade para me receber e acompanhar no desenvolvimento do presente trabalho, assim
como todas as recomendações, ideias e alertas que sempre me transmitiu e que contribuíram para o
enriquecimento desta dissertação, bem como para o meu desenvolvimento pessoal, técnico,
académico e profissional.
Manifesto também um sentido e profundo reconhecimento à minha família, nomeadamente aos meus
pais Etelvina e António, aos meus sogros Cecília e Manuel, à minha esposa Natália e ao meu filho
Ricardo, bem como a outros familiares e muitos amigos pelo estímulo e apoio incondicional que me
deram desde o início deste mestrado, pela paciência, grande amizade e sensatez com que neste
período me ajudaram a desenvolver este trabalho.
Finalmente, desejo também agradecer à Sra. Alexandra Baixo, à Sra. Cristina Ventura e às
funcionárias da Biblioteca de Civil do I.S.T., pela excelente colaboração que me prestaram.

iii
iv
RESUMO
O presente trabalho tem como objectivo fazer uma análise técnico-económica sobre o processo de
reabilitação de edifícios, especialmente os habitacionais.
Através de informação proveniente de fontes diversas verificaram-se as reais necessidades de
reabilitar o edificado em Portugal, em particular o parque habitacional que se encontra bastante
degradado e obsoleto.
De forma a se atingirem os objectivos propostos de minimização dos custos da reabilitação, fez-se
uma abordagem a este processo incidindo especialmente nas componentes térmica, acústica, redes
prediais e segurança contra os riscos de incêndio, com o objectivo de se reduzirem os encargos com
a reabilitação dos edifícios, mas garantindo um adequado nível de desempenho, conforto, eficiência e
qualidade de vida para os futuros utentes da habitação com o menor custo possível ao longo da vida
útil do edifício.
Para uma análise mais concreta foram utilizados dois edifícios de habitação que constituíram os
casos de estudo e sobre os quais incidiu o presente estudo.
Fez-se uma análise técnico-económica tendo sempre presente a legislação em vigor e procurando
avaliar a sua aplicabilidade à reabilitação.
Este estudo, embora limitado no número de casos estudados, fornece um conjunto de soluções
quantificadas técnica e economicamente que se poderão tornar importantes para quem pretenda
desencadear um processo de reabilitação em edifícios antigos, em particular em edifícios de
habitação.

Palavras-Chave: Reabilitação; Térmica; Acústica; Prediais; Incêndios; Técnico-económica.

v
vi
ABSTRACT
This study aims to provide a techno-economic analysis of the buildings rehabilitation process,
especially residential buildings. The real needs of rehabilitating the built heritage in Portugal were
examined through information from various sources, in particular the housing stock, which is quite
dilapidated and obsolete.
In order to achieve the proposed objectives of minimizing the rehabilitation costs, the approach to this
process addressed particularly the thermal and acoustic components, the building networks, and the
security against fire hazards (aimed at reducing the burden with the building rehabilitation, but
ensuring an adequate level of performance, comfort, efficiency and life quality for future users at the
lowest possible cost over the building lifetime).
Two residential buildings (which constituted the case studies examined and focused by this study)
were used for a more comprehensive analysis. A techno-economic analysis was performed in view of
the current legislation and seeking to evaluate its applicability to building rehabilitation.
Despite the limitation in the number of cases, this study offers a set of solutions technically and
economically quantified, which may be important for those wanting to start a process of rehabilitation
in old buildings, in particular residential buildings.

Keywords: Rehabilitation; Thermal; Acoustic; Building; Fires; Techno-economic.

vii
viii
ÍNDICE

1 – INTRODUÇÃO 1
1.1 – Enquadramento…………………………………………………………………………………….. 1
1.2 – Motivação …………………………………………..……………………..……….......................... 2
1.3 – Objectivos/metodologia…………………………………………………………………………… 4
1.4 – Estrutura da dissertação ………………………………………………………………….…..……. 5

2 – A REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS EM PORTUGAL 7


2.1 – Introdução ………………………………………………………………….………..………………. 7
2.2 – Caracterização do parque habitacional português ………………………..……..……………… 8
2.3 – Estado de conservação dos edifícios …………………………………………..……….………. 11
2.4 – Conjuntura económica/social …………………………………………………..………………… 13
2.5 – Regulamentação aplicável à reabilitação de edifícios ………………….……..……………. 14
2.5.1 – Regime Jurídico da Urbanização e Edificação ………………………..……………. 14
2.5.2 – Regime Jurídico da Reabilitação Urbana ………………………………..………….. 15
2.5.3 – Regime Excepcional para a Reabilitação Urbana …………………..……………… 15
2.5.4 – Regulamento Geral das Edificações Urbanas …………………………..………….. 15
2.6 – Conclusões ……………………………………………………………………………..………... 17

3 – REABILITAÇÃO ENERGÉTICA 19
3.1 – Introdução …………………………………………………………………..…………………… 19
3.2 – Exigências aplicáveis e regulamentação ………………………………………….………… 19
3.2.1 – Exigências aplicáveis ……………………………………………….…....................... 19
3.2.2 – Exigências regulamentares aplicáveis ……………………………….……………… 20
3.3 – Técnicas de reabilitação correntes ……………………………………………………………. 22
3.3.1 – Paredes: Fachadas e empenas ………………………………………………………. 25
3.3.2 – Pavimentos sobre espaços exteriores ou sobre espaços não-úteis (não-
-climatizados) ………………………...…………….…………………………………… 25
3.3.3 – Coberturas …………………………………..…………..……………………………… 27
3.3.4 – Envidraçados ………………………………………...…..……………………………... 32
3.4 – Discussão ………………………………………………………..……………………………….. 35

4 – REABILITAÇÃO ACÚSTICA 37
4.1 – Introdução ……………………………………………………………..……………………....... 37
4.2 – Exigências aplicáveis e regulamentação …………………………….……………………… 37
4.2.1 – Exigências de conforto acústico ……………………………….….………….………. 37
ix
4.2.2 – Regulamentação …………………………………………………..…………………… 37
4.3 – Técnicas de reabilitação correntes ……………………………………..…………………...... 38
4.3.1 - Paredes / vãos interiores ………….…………………..………………....................... 38
4.3.2 – Pavimentos ………………………………………………….………………….………. 40
4.3.3 – Coberturas …………………………………………………….……………….……….. 42
4.3.4 – Envidraçados / vãos exteriores ………………………………….…………….……… 43
4.3.5 – Redes prediais ……………………………………………………….………….……… 45
4.4 – Discussão ……………………………………………………………………….…….…………. 46

5 – REABILITAÇÃO DE REDES HIDRÁULICAS PREDIAIS 51


5.1 – Introdução …………………………………………………………………….…....................... 51
5.2 – Exigências aplicáveis e regulamentação …………………………………………………...... 51
5.2.1 – Exigências aplicáveis …………………………………………………........................ 51
5.2.2 – Regulamentação …………………………………………..………………………....... 51
5.3 – Técnicas de reabilitação correntes …………………………………..………………………… 52
5.3.1 – Redes de distribuição de águas …………………………………..…………………. 52
5.3.2 – Redes de drenagem de águas residuais…………………………………………… 53
5.4 – Discussão……………………………………………………………..………………………… 57

6 – REABILITAÇÃO NO ÂMBITO DA SEGURANÇA CONTRA OS RISCOS 59


DE INCÊNDIO
6.1 – Introdução …………………………………………………………………….....……………… 59
6.2 – Exigências aplicáveis e regulamentação ………………………………………….………… 59
6.2.1 – Exigências aplicáveis ………………………………………….……………….……... 59
6.2.2 – Regulamentação ……………………………………………………..……….……….. 59
6.3 – Técnicas de prevenção e de reabilitação …………………………………..………………… 60
6.4 – Discussão …………………………………………………………………………..……….…... 65

7 – CASOS DE ESTUDO 67
7.1 – Introdução ……………………………………………………………..……………………....... 67
7.2 – Caso de estudo 1…………………………………………… ……………………………...... 67
7.2.1 – Descrição detalhada ……………………………………………………....…………… 68
7.2.2 – Análise do desempenho térmico ……………………………………………………… 69
7.2.2.1 – Fracção A 1 (Piso -1)………………………………………………………… 71
7.2.2.2 – Fracção E (Duplex - Pisos 1/2) ……………...……………………………… 79
7.2.3 – Análise de desempenho acústico ……………………………………….……………. 86
7.2.4 – Análise de desempenho hidrodinâmico ……………………….………..…………… 92
7.2.5 – Medidas construtivas de redução de custos………………………………………… 96
7.3 – Caso de estudo 2………………………………………………. ……………………………… 97
x
7.3.1 – Descrição detalhada …………………………………….…………………...………… 97

8 – CONCLUSÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS 101


8.1 – Conclusões ……………………………………………………………………………………… 101
8.2 – Trabalhos futuros ………………………………………………..……………………………… 102

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 103

ANEXO I 109
ANEXO II 115

xi
xii
ÍNDICE DE FIGURAS

1 – Evolução dos processos construtivos do edificado de Lisboa - [4] ……………………..………. 8


2 – Distribuição do parque edificado segundo a época de construção (adaptado do Censos
2011 [10]) ……………………………………………….…………………………..………………... 9
3 – Evolução da distribuição do parque edificado habitacional – Fonte: EU (2008) [32] …............ 9
4 – Crescimento do número de edifícios em Portugal até 2011 (barras: valores anuais; linha:
valores acumulados) – adaptado Censos 2011 [10] …………………………………………….. 10
5 – Crescimento do número de edifícios em Portugal até 2011 (barras: valores anuais) –
adaptado Censos 2011 [10] ..................................................................................................... 10
6 – Edifícios com necessidades de reparação nos períodos considerados no parque edificado
português (adaptado do INE [31]) ………………….………………………………….…………... 12
7 – Consumo de energia / alojamento 2010 – INE/DGEG [55] …….………………………………... 19
8 – Despesa com energia / alojamento em 2010 – INE/DGEG [55] …….…………………………... 19
9 – Fardos de palha [65] ………………………………………………………………….………………. 22
10 – Juncos [65] ………………………………………………………………………….……….............. 22
11 – Fibras de coco [65] ………………………………………………………………………..………… 22
12 – Ilustração de aplicação de isolamento térmico de paredes pelo interior e pelo exterior [56] .. 25
13 – Exemplos de aplicação de isolamentos em pavimentos / tectos-falsos [69] …………………. 26
14 – Isolamento térmico intermédio com fibras celulósicas [69]……………………………………… 27
15 – Cobertura inclinada com desvão não-habitável: isolamento térmico nas vertentes [67] ……. 28
16 – Cobertura inclinada com desvão habitável / não-habitável: isolamento térmico nas
vertentes [67] …………………………………………………………………………………………. 29
17 – Aplicação de manta de fibras de cânhamo (ou outras) pela face inferior da cobertura [69]… 30
18 – Cobertura inclinada com desvão habitável: isolamento térmico nas vertentes [67] …………. 31
19 – Reabilitação térmica de telhados com incorporação de mantas ou placas de lã mineral [56]. 31
20 – Reabilitação térmica de telhados com placas de poliestireno extrudido sobre guarda-pó
contínuo [56] ………………………………………………………………………………………….. 32
21 – Duplicação de janelas [56]………………………………………………………………………….. 34
20
22 – Gama de coeficientes de transmissão térmica (U) de vãos envidraçados (w/m C)
[67]…..…………………………………………………………………………………………………. 34
23 – Coeficiente de transmissão térmica de componentes de janelas [64]……………………..…. 35
24 – Ilustração do conceito de factor solar [g=(Et+qi)/Eg] [67] ………………………………………... 35
25 – Utilização de mantas de lã de rocha sob placas de gesso cartonado, constituindo soluções
de reforço de isolamento acústico de paredes de frontal ou de alvenaria [56] ……………….. 39
26 – A duplicação de placas de gesso cartonado separadas por amortecedores acústicos
complementa o isolamento conferido pela incorporação de absorventes acústicos
[56]……………………………………………………………………………………………………... 39

xiii
27 – Reforço do isolamento acústico dos pavimentos de madeira com recurso a tectos falsos
suspensos incluindo amortecedores [56] …………………………………………...…………….. 41
28 – Soluções de reforço do isolamento acústico de pavimentos [56]………………………………. 41
29 – Inclusão de absorvente acústico entre vigas de madeira, de um pavimento [56] ……….…… 42
30 – Isolamentos de tectos nomeadamente com a colocação de amortecedores antivibráticos
[56] ………………………………………………………………….…………………………………. 42
31 – O recurso a caixilharia de vidro, com corte térmico e fecho de pressão, bem como a sua
duplicação, são soluções de reforço de isolamento térmico e acústico das fachadas dos
edifícios [72] ………………………………………………………………………………………….. 44
32 – Critérios nacionais, brasileiros e internacionais para isolamento de ruído aéreo em
partições verticais entre unidades habitacionais [99]………………………………………….. 47
33 - Critérios nacionais, brasileiros e internacionais para o ruído de percussão (impacto) em
partições horizontais entre unidades habitacionais [99]………………………………………… 49
34 – Exemplo de ligação com argamassa entre manilhas de grés.………………………………….. 54
35 – Protecção de estrutura com verniz ignífugo [56] …………………………….…………………... 61
36 – Protecção contra o fogo com vernizes e tintas intumescentes; o ripado do tecto é protegido
com uma camada contínua de linhadas de gesso [56] ……….……………………………..….. 62
37 – Protecção integral de estrutura e tecto (trabalho não concluído) com revestimento com
linhadas de gesso [56] ……………………………………………………………………..…….…. 62
38 – Protecção de lajes e vigas de aço com argamassas intumescentes (elementos que ficarão
ocultos por tectos falsos) [56]…………………………………………………………………..…… 63
39 – Casos de estudo 1 e 2. Fachadas principais…………………………………..………..…...…… 67
40 – Edifício 1 – Piso 01 (Cave – Fracção autónoma A1; Anexo – Fracção autónoma A2)………. 68
41 – Edifício 1 – Piso 0………………………………………………………………………………..…... 68
42 – Edifício 1 – Piso 1…………………………………………………………………………..………… 69
43 – Edifício 1 – Piso 2 – Sótão………………………………………………………………..…………. 69
44 – Parede PE.1 de alvenaria simples ordinária de pedra de calcário e argamassa de cal e
areia……………………………………………………………………………………………………. 71
45 – Parede exterior PE.1 a) em alvenaria simples ordinária de pedra de calcário e argamassa
de cal e areia ……………………………………………..…………………………………………. 72
46 – Parede interior PI.1 em alvenaria simples ordinária de pedra de calcário e argamassa de
cal e areia ……………………………………………………………………………………………... 73
47 – Parede interior PI.1.a) em alvenaria simples ordinária de pedra de calcário e argamassa de
cal e areia……………………………………………………………………………………………… 73
48 – Parede interior PI.2 em alvenaria simples ordinária de pedra de calcário e argamassa de
cal e areia……………………………………………………………………………………………. 74
49 – Parede PI.2.a) em alvenaria simples ordinária de pedra de calcário e argamassa de cal
e areia…………………………………………………………………………………………………. 75
50 – Pavimento – PAVI.1 – Solução de projecto……………………………………………………… 76
xiv
51 – Pavimento – PAVI.1.b)……………………………………………………………………………... 76
52 – Pavimento – PAVI.1.c)……………………………………………………………………………… 77
53 – Parede PE.3 em alvenaria simples ordinária de tijolo maciço ou perfurado …………………. 80
54 – Parede PE.3.a) em alvenaria simples ordinária de tijolo maciço ou perfurado ………………. 80
55 – Parede PE.3.b) em alvenaria simples ordinária de tijolo maciço ou perfurado com forra … 81
56 – Parede PE.4 em alvenaria simples ordinária de pedra de calcário e argamassa de cal e
areia……………………………………………………………………………………………………. 82
57 – Parede PE.4.a) em alvenaria simples ordinária de pedra de calcário e argamassa de cal e
areia…………………………………………………………………………………………………… 82
58 – Parede PE.4.b) em alvenaria simples ordinária de pedra de calcário e argamassa de cal e
areia……………………………………………………………………………………………………. 83
59 – Parede interior PI.3 constituída por alvenaria dupla de tijolo cerâmico furado……………..… 84
60 – Parede PI.3.a) interior em alvenaria de tijolo de 30x20x11 [cm]………………..………..…….. 85
61 - PI.3.b) de tijolo 30x20x15 [cm]……………………………………………………………………... 85
62 – Solução PAVI.1.a) de pavimento original, melhorada………………………………………….. 90

xv
xvi
ÍNDICE DE QUADROS

1 – Distribuição percentual (%) dos edifícios por estado de conservação (adaptado do Censos
2011) [10] …………………………………………………….……………………………………..… 11
2 – Períodos do edificado e necessidades de reparação – adaptado do Censos 2011 [10] ……... 12
3 – Níveis de classificação das intervenções [49] ……….………..…………………………………… 17
4 – Principais isolantes térmicos (adaptado de [65]) …………………………………..……………… 22
5 – Principais isolantes térmicos utilizados na reabilitação térmica dos elementos opacos da
envolvente – paredes (adaptado de [65]) ……………….……………..…………………………. 23
6 – Principais isolantes térmicos utilizados na reabilitação térmica dos elementos opacos da
envolvente – pavimentos e coberturas (adaptado de [65]) ……………………………………… 24
7 – Soluções de reforço do isolamento térmico das coberturas [67] ………………..……….……… 27
8 – Principais características energéticas e campos de aplicação de diferentes tipos de
materiais envidraçados [67] ………………………………………………………………………… 33
9 – Principais causas e efeitos das anomalias em instalações de distribuição de água [67] …… 53
10 – Principais anomalias em instalações de drenagem de água residuais domésticas, causa e
efeito [67] ………………………………………………………………………………………...…… 55
11 – Principais causas em instalações de drenagem de águas pluviais: causa efeitos [67] …...… 56
12 – Classes energéticas [55] ……..……………………………………………………………..……… 70
13 – Desempenho energético do edifício 1 .……………………………………………………………. 70
14 – Comparação entre as necessidades energéticas das diferentes soluções de pavimento
PAVI.1 (projecto e alternativas) e as necessidades regulamentares (referência) …...…..…... 77
15 – Envidraçados com g┴ ≤ 0,56 ………...………………………………………...…………………... 78
16 – Efeito, isolado, da aplicação das soluções alternativas de envidraçado no desempenho
energético da fracção …………………………………………………………………………….…. 79
17 – Valores de cálculo e de referência dos indicadores de desempenho energético da fracção
autónoma E …………………………………….……………………………………..……………… 79
18 – Comparação entre as necessidades energéticas das diferentes soluções (projecto e
alternativas) e as necessidades regulamentares (referência) …………………...….....…..…... 81
19 – Comparação entre as necessidades energéticas das diferentes soluções (projecto e
alternativas) e as necessidades regulamentares (referência) ………………………………..… 83
20 – Comparação entre as necessidades energéticas das diferentes soluções (projecto e
alternativas) e as necessidades regulamentares (referência) ………………………………..… 84
21 – Comparação entre as necessidades energéticas das diferentes soluções (projecto e
alternativas) e as necessidades regulamentares (referência) …………………………………. 86
22 – Alternativas em tabique param a parede PI.3…………………………………………………… 88
23 – Custos finais associados à execução de paredes PI.3……………………………………….… 89
2
24 – Custos unitários de construção (€/m )…………………………………………………………… 91

xvii
25 – Desempenhos acústicos das soluções de pavimento PAVI.1 e custos de intervenção
2
(€/m )………………………………………………………………………………………………….. 92
26 – Quantidades, custos unitários e custos totais da rede de distribuição de água
dimensionada para velocidade média de escoamento de 1,00 m/s …………………………… 93
27 – Quantidades, custos unitários e custos totais da rede de distribuição de água
dimensionada para velocidade máxima de escoamento de 2,0 m/s………………………... 93
28 – Quantidades, custos unitários e custos totais da rede de distribuição de água
dimensionada para velocidade máxima de escoamento de 2,5 m/s………………………… 94
29 – Quantidades, custos unitários e custos totais da rede de distribuição de água
dimensionada para velocidade máxima de escoamento de 3,0 m/s………………………… 94
30 – Resumo de soluções alternativas/velocidades/custos…………………………………………… 95
31 – Quadro comparativo de tubagens encastradas ou aplicadas superficialmente ……………… 96
32 – Custos de reabilitação do edifício 1 [117]..………………………………………………………. 98
33 – Custos de reabilitação do edifício 2 [117] ………………………………………………………… 98

xviii
ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

Caracteres romanos
C2015 – Custo actualizado em 2015;
Cn – Custo actualizado no ano n;
C0 – Custo em 2007;
d0 – Espessura do espaço de ar;
D nT,w – Ruído de Transmissão Aérea (dB);
D – Diâmetro da tubagem;
Ea – Energia Absorvida;
Eg – Energia Incidente;
Er – Energia Reflectida;
Et – Energia Transmitida;
f0 – Frequência própria do sistema de parede dupla;
g – Factor solar;
L’nT,w – Ruído de Percussão (dB);
n – Número de anos – 8
T – Taxa de juro média para os sete anos (1,5%);
m1 – Massa do pano 1;
m2 – Massa do pano 2;
2
Nic - Necessidades nominais de energia útil para aquecimento [KWh/m .ano];
2
Ni - Necessidades nominais de energia útil para aquecimento máximas [KWh/m .ano];
2
Nvc - Necessidades nominais de energia útil para arrefecimento [KWh/m .ano];
2
Nv - Necessidades nominais de energia útil para arrefecimento máximas [KWh/m .ano];
Nac - Necessidades nominais de energia útil para produção de águas quentes sanitárias
2
[KWh/m .ano];
Na - Necessidades nominais de energia útil para produção de águas quentes sanitárias máximas
2
[KWh/m .ano];
2
Ntc - Necessidades nominais globais de energia primária [KWh/m .ano];
2
Nt - Necessidades nominais globais de energia primária máximas[KWh/m .ano];
qe – Energia absorvida irradiada para o exterior;
qi – Energia absorvida que é irradiada para o interior;
2 0
Rse - Resistência térmica superficial exterior [m C/W];
2 0
Rsi - Resistência térmica superficial interior [m C/W];
2 0
Rj - Resistência térmica da camada j [m C/W];
20
RITE-50 - Resistência térmica [m C/w];
Rw – Isolamento sonoro [dB];
R’w – Isolamento sonoro [dB];
TL = Transmitância Luminosa;
xix
20
U – Coeficiente de Transmissão Térmica [w/m C];
20
Uw – Coeficiente de transmissão térmica do vidro[w/m C];
20
Uwdn – Coeficiente de transmissão térmica do conjunto - vidro + portada [w/m C];

Caracteres gregos
ITE-50 - Condutividade Térmica [w/m C];
0

Variação da condutividade térmica [%]


Coeficiente de Transmissão Térmica Linear;

Acrónimos
ADENE – Agência para a Energia;
ANPC – Autoridade Nacional de Protecção Civil;
ANQUIP – Associação Nacional para a Qualidade nas Instalações Prediais;
AI – Aço Inox;
AQS – Águas Quentes Sanitárias;
AS/NZS - Norma Australiana;
BEI – Banco Europeu de Investimento;
BS – Norma do Reino Unido;
CE – Comissão Europeia;
CSTB - Centre Scientifique et Technic du Bâtimant;
CPCI – Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário;
CYPE – Software para a Engenharia;
DVGW – Norma Alemã;
DGEG – Direcção Geral da Energia e Geologia;
D.L – Decreto-Lei;
ETICS - External Thermal Insulation Composite Systems;
ES – Vidros Espectralmente Selectivos;
EN – Norma Europeia;
EU – União Europeia;
EPAL – Empresa Portuguesa de Águas Livres;
EI60 – Portas corta-fogo 60 minutos;
EPS – Poliestireno Expandido;
ISO – Norma Internacional;
IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis;
IHRU – Instituto Habitação e Reabilitação Urbana;
INE – Instituto Nacional de Estatística;
ISE – Índice de Selectividade Espectral;
I.V.A. – Imposto sobre o Valor Acrescentado;
I.T.E.D. – Infra-estruturas de Telecomunicações;
xx
LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil;
MIME – Manual de Inspecção e Manutenção da Edificação;
MC – Sistema Multicamada;
MDF – Placa de Fibra de Madeira de Média Densidade;
NP – Norma Portuguesa;
NBR – Norma Brasileira;
NRAU – Novo Regime do Arrendamento Urbano;
OHSAS - Norma Internacional;
PIB – Produto Interno Bruto;
PVC – Policloreto de Vinila;
PEAD – Polietileno de Alta Densidade;
QAI – Qualidade do Ar Interior;
RCCTE – Regulamento das Características de Comportamento Térmico em Edifícios;
REBAP – Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado;
RERU – Regime Excepcional para a Reabilitação Urbana;
RJRU – Regime Jurídico da Reabilitação Urbana;
RJUE – Regime Jurídico da Urbanização e Edificação;
RGEU – Regulamento Geral das Edificações Urbanas;
RGE – Regulamento Geral das Edificações;
RJ-SCIE – Regime Jurídico da Segurança Contra Incêndio em Edifícios;
RT-SCIE – Regulamento Técnico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios;
RSCIE – Regulamento de Segurança Contra Incêndio;
RSCIEH – Regulamento de Segurança Contra Incêndio em Edifícios de Habitação;
REH – Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Habitação;
RECS – Regulamento do Desempenho Energético nos Edifícios de Comércio e Serviços;
RSA – Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes;
RGR – Regulamento Geral do Ruido;
RRAE – Regulamento dos Requisitos Acústicos dos Edifícios;
RGDAD – Regulamento Geral dos Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição de Água e de
Drenagem de Águas Residuais;
REI60 – Porta Corta-fogo Anti-incêndio a 60 Minutos;
SCIE – Segurança Contra Incêndio em Edifícios;
SCE – Sistema de Certificação Energética de Edifícios;
UT – Utilização Tipo;
V – Permeabilidade ao ar;
XPS – Polietileno Expandido Extrudido;

xxi
1 – INTRODUÇÃO
1.1 - Enquadramento
A reabilitação de edifícios deve ser vista como a realização de intervenções com o objectivo de
proporcionar um desempenho compatível com as exigências e os condicionalismos actuais. A
reabilitação pode incluir intervenções para a reparação das anomalias dos edifícios (conservação),
para a melhoria do nível de desempenho mantendo o uso, ou ainda para satisfazer novas exigências
funcionais resultantes de novos usos [1,2,3].
Em Portugal, verificou-se no final do século XX e na primeira década deste século, por várias razões,
um acréscimo do segmento da construção de habitação nova, porventura acima das necessidades
existentes. Neste contexto a reabilitação é o segmento do sector da construção que apresenta maior
potencial de crescimento. A reabilitação de edifícios em Portugal é mesmo considerada por muitos
especialistas e por muitas associações do sector da construção, como sendo a solução para a crise
actual que esta indústria atravessa [1,2].
No entanto, apesar do elevado ritmo de construção registado nos últimos anos e de algumas medidas
de apoio a intervenções de reabilitação, o parque edificado nacional e, em particular, o parque
habitacional existente, para além de sinais de envelhecimento, revela um desajuste funcional
pertinente face às exigências de conforto ambiental associadas à melhoria das condições económicas
e sociais registadas até ao final do século XX [3,4].
As desejadas condições de conforto não podem ser obtidas sem ter em consideração os custos de
intervenção e, no caso da reabilitação térmica, os consumos energéticos associados. Este aspecto,
além de constituir uma preocupação imediata do utilizador final, constitui também um objectivo
estratégico nacional e comunitário da maior importância na actualidade. Neste sentido, a reabilitação
térmica e energética dos edifícios tem como objectivo principal promover a obtenção de condições
confortáveis dos ambientes interiores, com um consumo mínimo ou quase nulo de energia de
aquecimento e/ou de arrefecimento. Em muitas situações este tipo de reabilitação permite ainda a
correcção de outras manifestações patológicas como as que surgem associadas à presença de
humidades. Também é frequente que a necessidade de se proceder à correcção destas anomalias
justifique e motive a intervenção de reabilitação térmica/energética, acústica, dos sistemas de
segurança contra incêndios ou das redes prediais como por exemplo, das redes de electricidade,
telecomunicações, de distribuição de água e/ou de gás natural e de drenagem de esgotos. Do modo
acima ilustrado, pode-se contribuir quer para reforçar o efeito de cada uma das intervenções, quer para
assegurar a obtenção da plena eficácia de medidas que, à primeira vista são independentes [4].
Analisando, em particular, o caso do parque habitacional, verifica-se ser fundamental incentivar os
proprietários, os investidores e a população em geral a reabilitar e manter os edifícios existentes. Para
tal, é necessário que estes intervenientes tenham uma noção correcta da viabilidade do investimento.
Assim, na análise da viabilidade de investimento num empreendimento de reabilitação, entre outros
aspectos a ponderar, importa que haja uma estimativa preliminar dos custos de construção que
sustente a decisão sobre esse investimento. A recolha de informação sobre custos é, assim, um dos
aspectos de base essenciais na aplicação das diferentes metodologias de estimativa preliminar de
custos de construção.

1
Em geral, o projecto de reabilitação fornece os dados necessários para esta recolha de informação,
pois envolve averiguar-se do uso que será dado ao mesmo e, consequentemente, envolve a
verificação da adequação do edifício ao fim a que se destina. Consequentemente a realização de um
levantamento que verifique o desempenho do edifício é uma ferramenta de trabalho fundamental que
permitirá definir os critérios de organização e gestão da intervenção no edifício [5,6].

1.2 - Motivação
A reabilitação de edifícios apresenta-se, hoje, como sendo a principal forma sustentável de
desenvolvimento do sector da construção em Portugal, atendendo, por um lado ao excesso de
construção nova, e por outro devido à elevada área de construção devoluta e degradada, que o país
tem neste momento.
Apesar de a reabilitação de edifícios, enquanto actividade económica, beneficiar do momento de
estagnação do mercado da construção, ela também enfrenta a presente conjuntura económica,
devendo-se portanto, reflectir sobre uma estratégia pró-activa que responda às necessidades de
reabilitação urgente da estrutura edificada.
Em geral, reabilitar uma construção existente apresenta, pelo menos, as seguintes vantagens
económicas por comparação com as actividades de demolição ou de reconstrução do edificado:
menores custos de demolição, menores custos em licenças e taxas, aprovação mais fácil do projecto,
menores custos de estaleiro e menor consumo de novos materiais. Pode-se também considerar como
uma vantagem económica o custo final de uma reabilitação. Mesmo quando o preço unitário dos
trabalhos de reabilitação é superior ao da nova construção, o custo total da intervenção de reabilitação
pode ser menor do que o da construção de um edifício novo. Adicionalmente, a reabilitação apresenta
vantagens de sustentabilidade ambiental, económica e social do parque habitacional, o que é muito
importante num contexto em que existe uma maior preocupação com a qualidade de vida do ser
humano, assim como a melhoria e preservação do meio ambiente, tanto no presente como para o
futuro [7].
O património construído apresenta, em muitos casos, estados de degradação preocupantes, quer ao
nível de edifícios antigos, construídos até 1955, onde, por vezes, não existem condições mínimas de
habitabilidade e de segurança, quer ao nível dos edifícios mais recentes, com estrutura de betão
armado, em que é frequentemente notório o envelhecimento precoce e acelerado dos seus elementos.
Em ambos os casos as anomalias construtivas e funcionais não correspondem à expectativa exigencial
dos utentes e conduzem à redução acelerada da vida útil dos edifícios [8].
De uma forma geral as principais patologias que se detectam nos edifícios antigos com paredes em
alvenaria e lajes em madeira relacionam-se com a perda de qualidade e de capacidade mecânica das
alvenarias, com a deterioração dos rebocos, pinturas e impermeabilizações, com a oxidação dos
elementos metálicos, a porosidade e quebra dos elementos, com a deterioração das redes técnicas em
geral, com o apodrecimento, quebra e deformação das madeiras, com a rotura, quebra e deformação
dos elementos decorativos exteriores, com a poluição, desgaste e rotura das cantarias de vãos e de
varandas e a degradação dos vãos exteriores [8].
As necessidades de reabilitação de edifícios nos centros históricos são bastante significativas. Estas
resultam do desenvolvimento tecnológico acompanhado pelas exigências legais que se registaram a

2
partir do séc. XX, especialmente na sua segunda metade. Assim, indicam-se de seguida, em termos
gerais, as carências mais relevantes neste tipo de edifícios como sendo as seguintes:
 Dimensões das divisões da habitação;
 Número insuficiente de instalações sanitárias e/ou equipamento sanitário incompleto;
 Equipamento de cozinha incompleto e/ou obsoleto;
 Ausência de instalação de rede de gás natural;
 Desconforto térmico;
 Desconforto acústico;
 Ausência de acessos verticais mecanizados (elevadores);
 Rede eléctrica subdimensionada e incipiente ou obsoleta;
 Canalização de distribuição de água e gás subdimensionadas e compostas por material
inadequado e/ou inoperacional;
 Ausência ou insuficiência de rede de telecomunicações;
 Falta de iluminação e ventilação natural;
 Outras situações que devem ser analisadas em cada caso [8].
Assim, num processo de reabilitação devem estudar-se estas e outras anomalias com vista a ajustar o
imóvel, de forma sustentável às exigências dos dias de hoje.
Neste quadro, estando o autor há cerca de 25 anos ligado à construção de edifícios de habitação e
comércio novos, bem como à reabilitação e admitindo que o futuro do sector da construção em
Portugal passará essencialmente pela reabilitação e manutenção do edificado, considerou-se
pertinente estudar e desenvolver o tema: ”Análise técnico-económica da reabilitação de edifícios
antigos no âmbito das especialidades complementares de Engenharia Civil”.
De facto, é relativamente consensual que neste momento estamos a atravessar um período de
mudança progressiva no processo e na forma de acesso à habitação. De um modelo fortemente
assente na construção de nova habitação e na sua aquisição para habitação própria, está a evoluir-se
para um modelo em que a reabilitação de edifícios e o arrendamento habitacional ganham algum
dinamismo [1,2].
A adequação do mercado de habitação à procura implicará um maior equilíbrio entre a oferta de
alojamentos, o número de famílias e a diversidade de quadros familiares. A maior mutabilidade na
composição da família, associada a um eventual incremento da mobilidade residencial em função do
mercado de trabalho, aconselha a uma maior flexibilidade do mercado de habitação. Porém, o
mercado de arrendamento, por natureza mais facilmente adaptável às opções individuais e familiares,
permanece ainda com uma expressão muito inferior à opção de aquisição de casa própria em Portugal,
embora pareça que o panorama está a mudar ligeiramente [1,2]. Neste contexto de mudança torna-se
importante a realização de estudos técnicos sobre a rentabilidade dos edifícios antigos de habitação,
tendo em consideração a actual regulamentação aplicável e as suas limitações.
O Decreto-Lei nº 53/2014, de 8 de Abril [9] veio alterar o quadro regulamentar existente e é um
exemplo extremo de um estímulo que por esta via acaba por considerar que a legislação em vigor é
excessiva mas depois liberaliza em demasia. A legislação não deve passar de extremamente exigente
para altamente liberal em termos regulamentares.

3
1.3 - Objectivos / metodologia
A presente dissertação tem como objectivos avaliar, no âmbito das especialidades complementares de
Engenharia Civil, o custo de intervenções de reabilitação compatíveis com as exigências
regulamentares colocadas aos edifícios antigos de habitação, bem como a apresentação de algumas
alternativas que permitam reduzir os custos da reabilitação.
A título ilustrativo proceder-se-á à análise da rentabilidade da reabilitação de edifícios com paredes em
alvenaria e pisos de madeira, no âmbito da actual regulamentação. Para tal será realizada uma análise
técnico-económica de dois edifícios considerando a legislação em vigor.
São analisadas as especialidades complementares da Engenharia Civil, mais especificamente a
reabilitação energética, a reabilitação acústica, as redes prediais (águas e esgotos), bem como as
exigências de segurança contra os riscos de incêndio. Neste tipo de edifícios, geralmente, há
necessidade de intervir nestas especialidades durante o processo de reabilitação.
Oportunamente são analisadas as questões térmicas relativamente ao tipo de edifícios em estudo na
presente dissertação, bem como são estudadas algumas soluções no sentido de melhorar o
desempenho térmico e energético deste tipo de edifícios antigos.
Analisar-se-á também a regulamentação aplicável, que introduzirá melhorias no conforto térmico e na
poupança de energia.
Conforme já foi referido, recentemente, a 8 de Abril de 2014 foi publicado o Decreto-Lei nº 53/2014 [9]
com o objectivo de ultrapassar as dificuldades que existem em aplicar em pleno a legislação em vigor
e, através de uma solução (temporária) mas radical da eliminação da obrigatoriedade da satisfação de
um conjunto alargado de regulamentos, em especial dos relativos ao conforto ambiental. Na presente
dissertação, iniciada antes da publicação do referido decreto-lei, procura-se uma solução menos
radical, onde se tentam identificar aspectos potenciais da regulamentação em vigor que possam ser
aligeirados com o objectivo de facilitar e estimular o sector da reabilitação. Assim, na presente
dissertação serão analisados dois casos de estudo e apresentar-se-ão algumas propostas de solução
de reabilitação no sentido de tornar este processo mais económico e logicamente mais rentável, mas
ainda com um bom nível de desempenho.
Os casos de estudo correspondem a dois exemplos de edifícios construídos antes da generalização,
na segunda metade do século XX, das estruturas de betão armado, como material estrutural
dominante. Até então, as tecnologias tradicionais utilizavam materiais predominantemente naturais e
pouco transformados, como madeiras na cobertura e pisos, tabiques nas paredes divisórias, alvenarias
de pedra nas paredes e com argamassa de cal.
No presente estudo vão também analisar-se as barreiras e as dificuldades que se apresentam na
reabilitação energética de edifícios, em todas as vertentes, sociais, económicas e técnicas.
No final far-se-á uma análise técnica e económica através dos casos de estudo e apresentar-se-ão
algumas propostas de actuação a nível de custos e do aligeiramento da legislação em vigor por forma
a tornar rentável a reabilitação de edifícios antigos. No entanto não se deve chegar ao extremo de
eliminar qualquer tipo de exigência regulamentar.
Como ferramentas disponíveis para a realização do estudo temos os projectos e opta-se por analisar
em particular as especialidades de comportamento térmico e acústico, distribuição predial de água,

4
drenagem de águas residuais e considera-se que o projecto de segurança contra incêndios deve ser
aplicado integralmente, privilegiando-se assim a segurança dos ocupantes. Nestas especialidades será
avaliado o impacto da alteração de concepção ou de limites de desempenho.
No entanto no âmbito desta dissertação será estudado um reduzido número de casos, mas pretende-
se definir uma metodologia para casos mais gerais.

1.4 - Estrutura da dissertação


No presente capítulo faz-se uma descrição geral da reabilitação, do seu potencial de crescimento, das
melhorias que devem ser introduzidas nos edifícios antigos ao nível do conforto térmico e acústico,
redes prediais e segurança contra incêndios de forma a melhorar o seu desempenho e tornar os
edifícios mais funcionais e ajustados às exigências de uso actuais.
Neste mesmo capítulo são também apresentadas as motivações que levaram o autor ao
desenvolvimento do tema da presente dissertação.
No capítulo 2 aborda-se a situação dos edifícios com necessidade de reabilitação, assim como
também é efectuada uma análise do parque edificado português com base no Censos 2011 [10] e
informações provenientes de outras fontes nomeadamente associações do sector [1,2].
Faz-se também uma apreciação da legislação aplicável e da situação regulamentar relativamente à
reabilitação de edifícios.
No capítulo 3 são analisadas as questões térmicas relativamente ao tipo de edifícios em estudo na
presente dissertação, bem como são estudadas algumas soluções técnicas no sentido de melhorar o
desempenho térmico e energético deste tipo de edifícios antigos.
Analisar-se-á também a regulamentação aplicável, que introduzirá melhorias no conforto térmico e na
poupança de energia.
No capítulo 4 será analisada a qualidade acústica destes edifícios, bem como são apresentadas as
melhorias a introduzir durante a reabilitação por forma a melhorar a performance relativamente ao
conforto acústico.
É também apresentada a legislação aplicável a estes edifícios, bem como a forma de melhorar o seu
desempenho acústico.
No capítulo 5 são analisadas particularmente as redes prediais que se situam no âmbito da presente
dissertação que são as redes de águas e esgotos (pluviais e domésticos). Apresentar-se-ão as
exigências regulamentares aplicáveis a estas redes.
São também abordadas algumas anomalias, geralmente graves, os seus efeitos neste tipo de edifícios
e as soluções preventivas para minimizar a ocorrência destas patologias.
No capítulo 6 são analisadas as exigências de segurança contra os riscos de incêndio nestes edifícios,
uma vez que eles apresentam algumas fragilidades resultantes, fundamentalmente, da sua estrutura
interior ser em madeira (elevada carga térmica) e das redes eléctricas que são muitas vezes as
principais causadoras (agravadas pelas instalações de gás) da ocorrência deste tipo de sinistros.
São apresentadas algumas soluções para ultrapassar os riscos de incêndio nestes edifícios, assim
como é analisada a legislação que deve ser cumprida na íntegra por forma a minimizar os riscos de
ocorrência de incêndios e, caso ocorram, estudar a forma de minimizar a perda de vidas humanas.
No capítulo 7 são analisados dois casos de estudo, especialmente o edifício 1, que é um imóvel que

5
representa em plenitude o âmbito de estudo da presente dissertação.
É feita uma abordagem técnico-económica destes edifícios e são apresentadas algumas soluções
técnicas alternativas que os permitam reabilitar minimizando os custos destas operações de forma que
a reabilitação destes edifícios seja uma solução para a revitalização dos nossos centros urbanos de
uma forma económica, rentável, e que os edifícios reabilitados apresentem bons níveis de
desempenho aceite pelos diferentes níveis de utentes futuros.
São sugeridas melhorias regulamentares de forma a obterem-se soluções de reabilitação razoáveis e
aceitáveis sem se ir para soluções extremas de aligeiramento exigencial como se pretende com o D.L.
nº 53/2014 [9].
No capítulo 8 são apresentadas as conclusões e os desenvolvimentos futuros relativamente às
intervenções de reabilitação em edifícios antigos.

6
2 – A REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS EM PORTUGAL
2.1– Introdução
Com a crise económica dos últimos anos, com particular incidência em Portugal, o excesso de edifícios
novos disponíveis e alguma dinâmica observada no mercado de arrendamento têm dado maior relevo
e importância à reabilitação de edifícios [1,2].
Assim, o presente capítulo tem como objectivo caracterizar o estado de conservação dos edifícios de
habitação em Portugal, o que será realizado com base no Censos 2011 [10] e em dados fornecidos por
associações do sector da construção [1,2]. O Censos 2011 [10] apresenta algumas debilidades e
limitações, as quais decorrem do seu carácter de inquérito generalista, cujas respostas podem ser
dadas por leigos, pelo que se torna fundamental analisá-las em conjunto com outros dados, de
preferência compilados por profissionais do sector da construção. De qualquer forma, pretende-se, no
presente capítulo, identificar as tipologias construtivas actualmente em pior estado de conservação e,
nessa base, avaliar, de forma grosseira, o potencial da reabilitação de edifícios em Portugal.
A análise efectuada no presente capítulo assenta numa divisão do património edificado em tipologias
construtivas e época de construção, a qual se baseia, de acordo com o Laboratório Nacional de
Engenharia Civil - LNEC [11], essencialmente no sistema estrutural adoptado:
 Edifícios com estrutura em alvenaria de pedra da época pré-Pombalina – Anteriores a 1755;
 Edifícios com estrutura em alvenaria de pedra reforçada com “gaiola” em madeira e similares
da época Pombalina – Entre 1755 e 1880;
 Edifícios com estrutura em alvenaria de pedra e tijolo tipo “gaioleiro” – Entre 1880 e 1930;
 Edifícios com estrutura mista de alvenaria e betão armado (“placa”) – Entre 1930 e 1940;
 Edifícios com estrutura em betão armado e alvenaria de tijolo – Entre 1940 e 1960;
 Edifícios com estrutura em betão armado:
o Posterior a 1960;
o Depois de 1980 - Após a aprovação: do Regulamento de Segurança e Acções para
Estruturas de Edifícios e Pontes – RSA [12], através do Decreto-Lei n.º 235/83, de 31 de
Maio; e do Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado – REBAP, com o
D.L. nº 349-C/83, de 30 de Julho [13];
o Depois de 1990 - Após a aprovação: do Regulamento das Características de
Comportamento Térmico em Edifícios – RCCTE [14], através do D.L. n.º 40/1990, de 6 de
Fevereiro; do Regulamento de Segurança contra Incêndio em Edifícios de Habitação –
RSIEH [15], com o D.L. n.º 64/90, de 21 de Fevereiro; e do Regulamento Geral dos
Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais
– RGDAD [16], com o Decreto Regulamentar n.º 23/95, de 23 de Agosto;
o Depois de 2000 - Após publicação das normas NP EN 1990 [17] a NP EN 1994 [18] e
NP EN 1996 [19] a NP EN 1998 [20] correspondentes aos Eurocódigos estruturais [21] (ver
Anexo I) e com aprovação: do Regulamento dos Requisitos Acústicos dos Edifícios –
RRAE, através da publicação do D.L. n.º 129/2002 [22], de 11 de Maio, e, posteriormente,
do D.L. n.º 96/2008 [23], de 9 de Junho; do Regime Jurídico da Segurança contra Incêndio
em Edifícios – RJ-SCIE [40], com o D.L. n.º 220/2008, de 12 de Novembro, e do

7
Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios – RT-SCIE [40], através
da Portaria n.º 1532/2008, de 29 de Dezembro [25]; do Sistema Nacional de Certificação
Energética e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios – SCE [25], através do Decreto-lei
n.º 78/2006, de 4 de Abril [27], que transpôs parcialmente para a ordem jurídica nacional a
Directiva n.º 2002/91/CE [28], do Parlamento Europeu, de 16 de Dezembro, relativa ao
desempenho energético dos edifícios; e de uma nova versão do RCCTE, com o D.L.
n.º 80/2006 [29], substituído em Dezembro de 2013 pelo Regulamento de Desempenho
Energético dos Edifícios de Habitação – REH e do Regulamento de Desempenho
Energético dos Edifícios de Comércio e Serviços – RECS, através da publicação do D.L.
n.º 118/2013 [26], de 20 de Agosto, que implementa o novo Sistema de Certificação
Energética dos Edifícios – SCE pela transposição para a ordem jurídica nacional da
Directiva n.º 2010/31/EU [30], do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Maio de
2010.

2.2 - Caracterização do parque habitacional português


Na Figura 1 é apresentada, a título ilustrativo, a evolução dos processos construtivos, na cidade de
Lisboa. As datas mencionadas são meramente indicativas, uma vez que não é possível assinalar com
exactidão a transição de uma época para outra, assistindo-se, em geral, a períodos de aplicação
simultânea de diferentes tipologias construtivas.

Figura 1: Evolução dos processos construtivos do edificado de Lisboa - [4]


Legenda: 1 e 2 – Edifícios anteriores a 1755; 3 - Edifícios pombalinos; 4 – Edifícios
gaioleiros; 5 – Edifícios de “placa”; 6 e 7 – Edifícios de betão armado.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística - INE [31], em Portugal, o número de edifícios anteriores a
1945, representava, em 2011, apenas 14% do parque edificado (Figura 2). Por outro lado, 61 % dos
edifícios tinham, em 2011, menos de 40 anos [31], o que mostra que o parque edificado português
manteve um forte ritmo de crescimento desde que, em 1970, se começou a efectuar o recenseamento
da habitação.

8
6% (<1918)
93 anos ou mais
8% (1918-1945)
66 a 92 anos

93 anos ou mais
29% (>1990)
até 20 anos 66 a 92 anos
41 a 65 anos
25% (1945-1970)
41 a 65 anos 21 a 40 anos
32% (1970-1990) até 20 anos
21 a 40 anos

Figura 2: Distribuição do parque edificado segundo a época de construção


(adaptado do Censos 2011 [10]).

O crescimento do número de edifícios nas três décadas compreendidas entre 1970 e 2001 foi superior
a 20%, tendo diminuído para 16% na década de 2001 a 2011 [10]. De acordo com um estudo realizado
pela Comissão Europeia [32], ilustrado na Figura 3, o número de edifícios cresceu fortemente na
Europa após a 2ª Grande Guerra, no âmbito do Plano Marshall, em particular na década de 1960. Em
Portugal este efeito foi menos evidente. Por outro lado o desenvolvimento do parque edificado
português após 1980 é muito superior ao da generalidade dos países europeus, sendo apenas
equiparável aos casos do Chipre e da Irlanda.

Figura 3: Evolução da distribuição do parque edificado habitacional – Fonte: EU (2008) [32].

As Figuras 4 e 5, relativas ao crescimento do número de edifícios em Portugal, confirmam estas


conclusões.

9
3544389
(16,8%)
3034384
(+22,6%)
2475913
(+30,5%)

1894068
(+40,0%)

1308210
(+45,5%)
899379
(+75,6%)
512039
(+248,1%)
588858 578845 558471 510005
387340 408831 (+44,0%) (-1,7%) (-3,5%) (-8,7%)
206343 305696 (+5,5%)
(48,1%) (+26,7%)

Figura 4: Crescimento do número de edifícios em Portugal até 2011 (barras: valores anuais; linha:
valores acumulados) – adaptado de Censos 2011 [10].

588858 578845
(+44,0%) (-1,7%) 558471
(-3,5%) 510005
(-8,7%)
387340 408831
(+26,7%) (+5,5%)
305696
(48,1%)

Antes de 1919-1945 1946-1960 1961-1970 1971-1980 1981-1990 1991-2000 2001-2011


1919

Figura 5: Crescimento do número de edifícios em Portugal até 2011 (barras: valores anuais) –
adaptado de Censos 2011 [10].

10
No que se refere à habitação, registou-se um crescimento significativo de 71 % entre 1981 e 2011,
passando o total de 3.435.633 alojamentos para 5.877.991 [10].

2.3 – Estado de conservação dos edifícios


Conforme se conclui da análise da Figura 2 por comparação com a Figura 3, Portugal é um dos países
europeus cujo edificado é mais recente. No entanto, o edificado pode ser classificado como degradado
ou envelhecido, atendendo a que, segundo o INE [10,31], em 2011, cerca de 29% dos edifícios
precisavam de reparações. Em particular, 26% dos edifícios apresentavam alguma necessidade de
reparação, enquanto 2% dos edifícios se encontravam bastante degradados. Dos edifícios que
apresentavam necessidades de reparação, 65% diziam respeito a pequenos trabalhos de reparações,
25% precisavam de reparações médias e 10% requeriam grandes obras de restauro. Esta
classificação das necessidades de reparação é apresentada com maior detalhe no Quadro 1 para
edifícios construídos em diferentes períodos.

Quadro 1: Distribuição percentual (%) dos edifícios por estado de conservação (adaptado do
Censos 2011) [10].

A necessitar de A necessitar de A necessitar de Muito


Sem necessidade
Período pequenas médias grandes degradado
de reparação (%)
reparações (%) reparações (%) reparações (%) (%)

Antes de 1919 37,50 23,30 18,00 10,60 10,60

De 1919 a 1945 41,35 26,35 17,20 9,20 5,90

De 1946 a 1960 50,83 27,50 13,40 5,00 3,27

De 1961 a 1970 60,83 25,42 9,17 2,91 1,67

De 1971 a 1980 72,50 20,00 5,55 1,10 0,85

De 1981 a 1990 80,80 15,00 3,40 0,75 0,05

De 1991 a 1995 85,83 11,66 1,73 0,73 0,05

De 1996 a 2000 90,00 8,10 1,65 0,20 0,05

De 2001 a 2005 94,17 4,58 1,00 0,20 0,05

De 2006 a 2011 96,25 2,55 0,95 0,20 0,05

Na Figura 6 apresenta-se a distribuição dos edifícios com necessidades de reparação por época
construtiva. Observa-se que, naturalmente, as necessidades de intervenção são maiores nos edifícios
mais antigos. De facto, de acordo com associações do sector [1,2], os edifícios “gaioleiros” e de “placa”
são o objecto maioritário das operações de reabilitação. Deve referir-se, no entanto, que a durabilidade
dos materiais de construção, bem como o uso dado às edificações, não constituem as únicas causas
de degradação dos imóveis, devendo considerar-se também a possibilidade de deficiente execução
das empreitadas e de erros de projecto, os quais chegam a ser identificados em cerca de um terço das
situações [33].

11
3%

32%

<1919
80% 1919-1945
1946-1990
>1990

58%

Figura 6: Edifícios com necessidades de reparação nos períodos considerados no parque edificado
português (adaptado do INE [31]).

No Quadro 2 são combinados os dados indicados na Figura 2 com os dados da Figura 5, concluindo-
se que apesar de os edifícios anteriores a 1945 representarem apenas 14% do número total de
edifícios existentes em 2011 (superior a 3,5 milhões), pertencem a este período cerca de um terço do
total de edifícios a reabilitar (cerca de 1 milhão de edifícios, de acordo com o Censos 2011 [10]).

Quadro 2: Períodos do edificado e necessidades de reparação – adaptado do Censos 2011 [10].

Percentagem Percentagem (%) de Distribuição


Número de Percentagem (%) do Número total
(%) do total de edifícios do período com percentual (%)
Períodos edifícios total de edifícios de edifícios a
edifícios necessidades de dos edifícios a
existentes existentes a reabilitar reabilitar
existentes reparação reabilitar

<1918 212.663 6 80 4,80 170.131 16,8

1918-1945 283.551 8 58 4,64 170.131 16,3

1945-1970 886.097 25
32 18,24 646.497 63,9
1970-1990 1.134.205 32

1990-2011 1.027.873 29 3 0,87 30.836 3,0


Totais 3.544.389 100 - 28,55 1.011.924 100,0

Apesar do elevado número de edifícios com necessidade de reparação em Portugal, investe-se apenas
cerca de 7% do total da actividade do sector da construção em renovação e reabilitação de edifícios,
quando a média europeia se situa nos 37% [1,9]. Ainda assim, verificou-se uma melhoria generalizada
do estado de conservação dos edifícios entre 2001 e 2011, destacando-se a diminuição de cerca de
40% no número de edifícios com necessidade de grandes reparações e de 36% no número de edifícios
degradados [10].

12
De acordo com o Censos 2011 [10], a Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário -
CPCI, e outras entidades [1,2,9,32,35,36] existem aproximadamente 2 milhões de fogos a
necessitarem de intervenção, o que corresponde a cerca de 34% do parque habitacional, em coerência
com os números apresentados acima. Destes, cerca de 820 mil fogos necessitam de obras de
reabilitação profundas e 335 mil fogos encontram-se muito degradados, exigindo intervenção urgente
[37].

2.4 – Conjuntura económica/social


Como já foi referido, existiam, em 2011, cerca de 1 milhão de edifícios (ou seja, cerca de 2 milhões de
fogos) a necessitar de intervenções de reabilitação [10]. Apesar deste número resultar, em grande
parte (caso do Censos 2011 [10]), da informação fornecida por indivíduos sem formação específica
neste domínio, o que pode traduzir-se em erros grosseiros de avaliação, parece existir suficiente
potencial para o desenvolvimento do sector da reabilitação em Portugal. Infelizmente, não é essa a
conclusão a que se chega pela análise dos indicadores económicos deste sector [1,2]. Esta situação
tem sido justificada, pelos profissionais do sector, com a falta de incentivos e de uma aposta forte
nesta área da reabilitação e conservação do edificado, em particular ao nível local [1,2]. Este tema tem,
no entanto, sido discutido com maior ênfase em consequência da crise profunda que se tem verificado,
na última década, em todos os sectores da economia portuguesa e, particularmente, no sector da
construção, o qual tem sido penalizado pela falta de liquidez da banca e do Estado, com a
consequente restrição ao financiamento imobiliário, assim como pelo excesso de fogos disponíveis e
pela perda do poder de compra da generalidade da classe média [2]. A indústria da construção tem
então que se reestruturar por forma a ultrapassar as dificuldades actuais e encontrar forma de intervir
mais na reabilitação urbana. A cooperação com as autarquias, interessadas na revitalização dos
centros históricos urbanos, deve ser explorada.
A fragilidade do mercado de arrendamento urbano, que ocupa tradicionalmente uma fatia muito
diminuta no mercado português de habitação, em contraponto com o que se verifica na generalidade
dos países europeus [2], tem sido historicamente apontada como um dos entraves ao desenvolvimento
mais acelerado do sector da reabilitação. De facto, a reforma do arrendamento urbano de 2006 (Lei n.º
6/2006, de 27 de Fevereiro [38]), não conseguiu dar uma resposta suficiente aos principais problemas
com que se debatia o arrendamento urbano, especialmente os relacionados com os contratos
anteriores a 1990, nomeadamente o congelamento das rendas e a consequente dificuldade de
realização de obras de reabilitação, bem como o complexo e moroso processo de despejo de inquilinos
incumpridores. O Novo Regime do Arrendamento Urbano – NRAU (Lei n.º 31/2012 [38]) procedeu a
nova revisão do regime jurídico do arrendamento urbano com o objectivo de corrigir estas situações.
Assim, a nova lei do arrendamento urbano [38], associada ao actual contexto de difícil acesso ao
crédito e redução do poder de compra pela via da redução dos rendimentos ou do aumento do esforço
fiscal, nomeadamente do IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) [39], surge como uma oportunidade de
dinamização do mercado de arrendamento, o que pode também estimular o sector da reabilitação.
Mais recentemente surgiram alguns programas governamentais que visam promover simultaneamente
a reabilitação e o mercado de arrendamento, tais como o programa “Reabilitar para Arrendar –
Habitação Acessível”, o qual arrancou no segundo semestre de 2015 com uma dotação de cerca de 50

13
milhões de euros financiados pelo Banco Europeu de Investimento – BEI (50%) e pelo Instituto de
Habitação e Reabilitação Urbana - IHRU (50%).
No entanto, o desenvolvimento do sector da reabilitação urbana enfrenta ainda outra dificuldade que
decorre da elevada exigência dos regulamentos aplicáveis, os quais, na maioria dos casos, não
distinguem a construção nova das obras de reabilitação [1,2]. Neste contexto, foi publicado o Decreto-
Lei n.º 53/2014, de 8 de Abril [9], o qual estabelece um regime excepcional e temporário (em vigor
durante um período de sete anos que termina em 2021) a aplicar à reabilitação, aligeirando ou mesmo
eliminando as exigências regulamentares aplicáveis à reabilitação de edifícios com mais de 30 anos
destinados maioritariamente à habitação. Dado o carácter extraordinário do D.L. n.º 53/2014 [9],
interessa analisar a regulamentação aplicável ao sector da reabilitação de edifícios.

2.5 – Regulamentação aplicável à reabilitação de edifícios


A legislação existente é essencialmente orientada para a construção nova, não havendo, salvo raras
excepções, regulamentos específicos para a reabilitação de edifícios. As excepções surgem nalguns
regulamentos relativos a especialidades de engenharia, os quais apresentam artigos, muitas vezes de
isenção, aplicáveis à reabilitação de edifícios existentes em geral ou de edifícios classificados. É o
caso do Decreto-Lei n.º 118/2013 [26], relativo ao desempenho térmico dos edifícios, e do Decreto-Lei
n.º 220/2008 [40], relativo à segurança contra riscos de incêndio. Neste último decreto prevê-se que,
em casos excepcionais, deva ser pedido parecer à Autoridade Nacional de Protecção Civil – ANPC
[41] sobre as medidas de segurança a aplicar.
Esta questão da distinção entre a obra nova e a obra de reabilitação é relevante porque, nas
operações de reabilitação, é, muitas vezes, difícil ou mesmo impossível cumprir os requisitos
regulamentares sem encarecer em demasia o custo da intervenção. Assim, é importante criar as
condições para o desenvolvimento de regulamentação aplicável à reabilitação de edifícios, a qual
deverá ter em consideração as especificidades da actividade, nomeadamente o desempenho dos
edifícios originais e o grau de melhoria a introduzir para satisfazer as exigências humanas e
económicas.
Com o objectivo de enquadrar este tema, efectua-se em seguida uma análise da regulamentação
aplicável à reabilitação de edifícios.

2.5.1 – Regime Jurídico da Urbanização e Edificação


O Regime Jurídico da Urbanização e Edificação (RJUE), o qual foi aprovado pelo Decreto-Lei
n.º 555/99, de 16 de Dezembro [42], foi sofrendo várias actualizações ao longo dos anos, sendo a mais
significativa a introduzida pelo Decreto-Lei n.º 26/2010, de 30 de Março [43]. A actualização mais
recente foi aprovada pelo D.L. n.º 136/2014, de 29 de Maio [44], com o objectivo de promover o
planeamento urbanístico ao nível autárquico, com identificação de áreas ou edifícios a reabilitar, com
maior responsabilização dos particulares e dos técnicos envolvidos nos projectos e obras.
O novo RJUE [42] impõe limitações temporais à execução de novos loteamentos, contribuindo, no
âmbito da possibilidade de reclassificação dos solos, para a redução das áreas urbanizáveis e das
operações urbanísticas que causam a expansão do solo urbano e a construção dispersa, promovendo
indirectamente a reabilitação. Outra das inovações relevantes para o sector da reabilitação decorre da
eliminação da necessidade de licenciamento das obras em interiores dos edifícios que não envolvam

14
intervenções em especialidades nucleares, como, por exemplo, a estrutura, nem a ampliação de áreas,
devendo, no entanto, garantir-se que, em nenhum caso, se agravam eventuais desconformidades
originais com as normas aplicáveis aos edifícios novos [42].

2.5.2 – Regime Jurídico da Reabilitação Urbana


O Decreto-Lei n.º 104/2004, de 7 de Maio [45], que estabelecia um regime jurídico excepcional de
reabilitação urbana de zonas históricas e de áreas críticas de recuperação e reconversão urbanística,
foi revogado com a aprovação do Decreto-Lei n.º 307/2009, de 23 de Outubro [46], que aprovou o
regime jurídico da reabilitação urbana. Posteriormente, este regime jurídico foi ainda alterado pela Lei
n.º 32/2012, de 14 de Agosto [47], que estabelece o actual Regime Jurídico da Reabilitação Urbana
(RJRU).
As alterações introduzidas pretendem flexibilizar e simplificar os procedimentos de criação de áreas de
reabilitação urbana, bem como criar um procedimento simplificado de controlo prévio das operações
urbanísticas. Estas alterações visam, ainda, estabelecer um regime para as obras de reabilitação
urbana de edifícios ou fracções, cuja construção tenha sido concluída há pelo menos 30 anos, e ainda
que se localizem fora daquelas áreas de reabilitação, desde que se justifique uma intervenção de
reabilitação destinada a conferir-lhes as características de desempenho e segurança adequadas.
Este regime jurídico fornece instrumentos legais para a obtenção de um equilíbrio entre os direitos dos
proprietários e a necessidade de eliminar os obstáculos à reabilitação, articulando o dever de reabilitar
edifícios em estado de degradação, a garantia de complementaridade entre as diferentes entidades e a
coordenação entre os diversos intervenientes [46,47].

2.5.3 – Regime Excepcional para a Reabilitação Urbana


O Regime Excepcional para a Reabilitação Urbana (RERU) foi aprovado pelo Decreto-Lei n.º 53/2014,
de 8 de Abril [9], com o objectivo de estabelecer, de forma excepcional e temporária, as exigências
técnicas mínimas para a reabilitação de edifícios antigos de habitação, visando, em complemento com
as medidas estabelecidas no RJRU [46,47], dispensar as obras de reabilitação urbana da aplicação de
normas técnicas que, tendo sido desenvolvidas para a construção nova, possam constituir um entrave
à actividade de reabilitação urbana, desde que não estejam em causa as condições de segurança e
salubridade do edifício ou fracção e que a generalidade das condições existentes não se agrave [9].
O RERU [9] prevê então a dispensa de observância dos requisitos resultantes dos regimes jurídicos
em vigor sobre aspectos relacionados com áreas mínimas de habitação, pé-direito, acessibilidades,
incluindo instalação de ascensores, desempenho acústico, eficiência energética e qualidade térmica,
instalação de gás e infra-estruturas de telecomunicações.
Apesar das facilidades introduzidas, esta alteração legislativa tem sido criticada por diversas
associações e entidades do sector, bem como pelo autor do presente trabalho, por ser radical na
abordagem efectuada, ignorando de todo alguns aspectos do conforto humano [1,2]. Este documento
evidencia a necessidade urgente de definição de requisitos técnicos aplicáveis, do domínio das
diversas especialidades de engenharia, à reabilitação dos edifícios.

2.5.4 - Regulamento Geral das Edificações Urbanas


O Regulamento Geral das Edificações Urbanas (RGEU) foi aprovado pelo Decreto-Lei n.º 38382, de 7
de Agosto de 1951 [48] com o objectivo de regulamentar a funcionalidade dos edifícios e garantir a
15
satisfação de exigências essenciais, nomeadamente as exigências de resistência mecânica e
estabilidade, de segurança na utilização, de segurança em caso de incêndio, de higiene, saúde e
salubridade. Em virtude da data de publicação, este regulamento apresenta, no entanto, um carácter
mais prescritivo e menos exigencial, encontrando-se hoje, apesar das várias adaptações ao longo dos
anos, bastante desactualizado face à evolução dos materiais e técnicas construtivas.
Foi criada uma subcomissão para a revisão do RGE [49] através da Portaria n.º 62/2003, de 16 de
Janeiro [50] e, além desta subcomissão outras entidades elaboraram anteprojectos para a revisão do
RGE [49], nomeadamente a Ordem dos Arquitectos [51]. Espera-se, há vários anos, a publicação de
uma nova versão do RGEU [48], existindo já um anteprojecto de revisão deste regulamento [49]. O
Regulamento Geral das Edificações (RGE) [49] constitui uma outra proposta de revisão do RGEU [48].
À semelhança do anteprojecto de revisão do RGEU [48], o RGE [49] aumenta também as exigências
relativas à integração urbana das edificações, permitindo, no entanto, uma maior flexibilidade na
concepção arquitectónica, com a vantagem, do ponto de vista processual, da introdução da obrigação
de apresentação de projecto de execução. Estas propostas de regulamentos abordam também as
acessibilidades e as barreiras físicas à mobilidade, devendo ser, contudo, articuladas com o Regime da
Acessibilidade aos Edifícios entretanto publicado em 2006 – Decreto-Lei n.º 163/2006, de 8 de Agosto
[52], que dispensa do cumprimento de certas exigências os edifícios sujeitos a obras de reabilitação.
Impõe-se, em ambos os casos, um aumento das áreas mínimas consideradas na actual versão do
RGEU [48]. São igualmente introduzidas exigências relativas à concepção de instalações técnicas, as
quais assumem actualmente uma grande importância nos edifícios [49].
No caso do RGE [49] prevê-se, no âmbito do projecto de execução, a elaboração do Manual de
Inspecção e Manutenção da Edificação (MIME) [53], que tem por objectivo planear inspecções
correntes e especiais, bem como eventuais trabalhos de manutenção e peritagens técnicas, ou mesmo
trabalhos de reparação [49].
O RGE [49] tem a vantagem de introduzir mecanismos legais aplicáveis no domínio das obras de
intervenção em edifícios existentes e das obras que impliquem a alteração da topografia local, com
excepção das obras de intervenção em edifícios classificados ou localizados em áreas classificadas
como históricas, salvaguardadas as exigências de segurança e de salubridade. A título ilustrativo,
salienta-se a proposta de verificação/saneamento do terreno em intervenções em edificações
existentes [49].
De acordo com o RGE [49], as intervenções nas habitações são classificadas em quatro níveis,
baseados na percentagem (Q) do custo da intervenção (Ci) relativamente ao custo da construção de
um edifício novo (Cn) com uma área bruta idêntica à do edifício original, calculado com base nos
preços por metro quadrado de área bruta de construção legalmente definidos. Assim, Q = (Ci/Cn) x
100. O nível de classificação pode ser determinado através do Quadro 3 e deve ser declarado pelo
projectista na fase do pedido de licenciamento, comunicação ou informação prévia.

Quadro 3: Níveis de classificação das intervenções [49].

Nível I II III IV

Q (%) Q≤5 5 < Q ≤ 25 25 < Q ≤ 50 Q > 50

16
Em função do nível de intervenção podem ser definidas diferentes exigências administrativas ou de
desempenho. Como exemplo, indica-se a obrigatoriedade de entrega de projecto de execução na
entidade licenciadora para intervenções de nível III e IV [49]. Os projectos de execução devem ser
elaborados de acordo com o especificado na legislação aplicável para obras públicas [49]. Ao nível das
exigências de desempenho, apresentam-se, a título ilustrativo, as exigências de segurança estrutural,
as quais, nas intervenções de nível I, não devem ser inferiores às existentes antes da intervenção, ao
passo que nas intervenções de nível II e III deverão ser garantidas as condições de segurança
estrutural das edificações novas, mas considerando coeficientes de segurança unitários nas
combinações de acções. Nas intervenções de nível IV deverão ser garantidas, na íntegra, as
condições de segurança estrutural aplicáveis às edificações novas. Nas intervenções em edifícios
classificados ou em edifícios incluídos em zonas de protecção, o nível de segurança estrutural deverá
ser definido pela entidade tutelar da edificação [49].
Não estando ainda aprovada qualquer revisão do RGEU [48], é o D.L. n.º 38382 [48] que permanece
em vigor. Entretanto, a entrada em vigor do RERU [9] veio dispensar, nos casos identificados em 2.5.3,
a verificação das imposições do RGEU [48] relativas à altura máxima dos degraus, às áreas mínimas
de fogos e compartimentos da habitação, à área mínima de vãos, ao pé-direito mínimo, à possibilidade
de habitação em caves e sótãos, bem como à dimensão mínima de logradouros, entre outras.

2.6 – Conclusões
Atendendo à situação económica e social que se vive em Portugal, apesar do elevado número de
edifícios que necessitam de ser reabilitados, por todo o país, as dificuldades na obtenção de crédito
para a reabilitação aliado à falta de dinamismo do mercado do arrendamento, há necessidade de criar
estímulos diversos e razoáveis para incentivar e facilitar a reabilitação.
Segundo um estudo sobre o “Mercado Imobiliário Português em 2014 – Perspectivas para 2015” [54], o
sector apresenta maior confiança, perspectivando que o corrente ano de 2015 seja um ano de
recuperação do sector imobiliário, isto devido a uma melhoria (ainda que instável) dos indicadores
económicos em Portugal e na Europa.
O regresso do investimento é apontado como sendo outro dos factores que contribui para o optimismo
deste mercado. Há um aumento significativo do investimento estrangeiro (de 45% para 70%). O estudo
destaca o efeito dos chamados “vistos dourados”, obtidos maioritariamente por cidadãos ingleses,
chineses, franceses, angolanos entre outros, em particular nos anos de 2013 / 2014, e, com maior
importância no ano de 2015.
Outro factor que gerou alguma confiança no sector imobiliário foi a nova lei do arrendamento urbano
na área da reabilitação urbana.
Observa-se actualmente um forte desenvolvimento de projectos de reabilitação nas principais cidades
portuguesas. Isto acontece fundamentalmente devido ao aumento da procura e do novo
enquadramento legal, nomeadamente o decorrente da nova lei do arrendamento urbano (NRAU) [38] e
do regime excepcional para a reabilitação urbana (D.L. 53/2014 [9]). O sector começa por beneficiar
do aumento da capacidade da banca para financiar projectos de reabilitação, especialmente os que
tiverem qualidade e viabilidade.
Resulta como conclusão principal da análise efectuada que o sector da reabilitação de edifícios em

17
Portugal deverá ser desenvolvido, interessando, portanto, identificar estratégias de reabilitação a
aplicar nos edifícios que constituem o principal objecto de intervenção, ou seja, os edifícios com mais
de 25 anos, e, em particular, os edifícios com mais de 70 anos (os quais são estudados na presente
dissertação).
Nos capítulos seguintes são analisadas as estratégias de reabilitação por especialidade de engenharia
civil, considerando-se como mais importantes as seguintes: desempenho térmico e acústico,
instalações hidraúlicas prediais e segurança contra incêndios. Não são tratados, no âmbito desta
dissertação, os aspectos relacionados com a reabilitação estrutural.

18
3 – REABILITAÇÃO ENERGÉTICA
3.1 – Introdução
As Figuras 7 e 8 mostram, respectivamente, o peso do aquecimento e arrefecimento dos ambientes
interiores no consumo de energia e na despesa associada por alojamento [55]. Mostra-se que, não
sendo a climatização a principal responsável pelo consumo energético dos edifícios de habitação,
representa ainda cerca de 20 % do total, o que corresponde a cerca de 12 % da factura energética.

Figura 7: Consumo de energia / alojamento 2010 – INE/DGEG [55].

Figura 8: Despesa com energia / alojamento em 2010 – INE/DGEG [55].

No que respeita ao consumo energético devido à climatização, a melhoria do desempenho global


depende não só da existência de isolamento térmico suficiente na envolvente, mas também do controlo
das infiltrações de ar e da melhoria da eficiência dos sistemas e equipamentos energéticos de
climatização [56,57], preferencialmente com recurso a energias renováveis. No entanto, uma vez que
estas medidas são independentes das tipologias construtivas, opta-se por estudar na presente
dissertação apenas as medidas de reabilitação térmica directamente aplicáveis aos elementos de
construção. Assim, neste capítulo apresentam-se algumas técnicas de reabilitação correntes para fazer
face às exigências regulamentares e normativas de conforto térmico aplicáveis aos edifícios, tais como
as relativas ao isolamento térmico, ocorrência de condensações, e necessidades de ventilação.

3.2 – Exigências aplicáveis e regulamentação


3.2.1 – Exigências aplicáveis
As exigências humanas que normalmente se colocam a nível do conforto térmico e da qualidade do ar

19
no interior das habitações, e às quais deve ser dada atenção durante o processo de reabilitação de
edifícios, são as seguintes [55]:
 Conforto térmico (temperatura de conforto);
 Qualidade do ar (ventilação);
 Ausência de humidades (condensações);
 Economia (custos energéticos).
Em seguida, discutem-se aspectos genéricos relativos a cada um dos pontos acima identificados, com
o objectivo de caracterizar de forma qualitativa o estado geral dos edifícios das épocas estudadas na
presente dissertação.
Estes edifícios apresentam, em geral, paredes exteriores constituídas por alvenaria de pedra
argamassada de elevada espessura e, portanto, de elevada inércia térmica. Os envidraçados originais
são, em geral, constituídos por caixilharia de madeira com quadrícula e vidro simples, com elevada
transmissão térmica e permeabilidade ao ar. Por outro lado, nalguns casos, as fachadas apresentam
vãos exíguos, o que contribui para a redução dos ganhos solares. A sensação térmica dos ocupantes
difere significativamente do piso térreo, em contacto com o solo, para o último piso, em contacto com
coberturas sem isolamento térmico adequado.
Originalmente, estes edifícios prevêem ventilação conjunta das zonas comuns, com admissão de ar na
porta de entrada e extracção natural através de clarabóia ou lanternim, a qual, na maioria dos casos,
se mantém actualmente em funcionamento. No interior das habitações, a admissão de ar era
efectuada pelas janelas e porta de entrada e a extracção pela chaminé da cozinha no período de
Inverno e pelas janelas no Verão. Em muitas situações, a introdução posterior de instalações sanitárias
sem ventilação e a substituição dos caixilhos originais por sistemas de maior estanquidade veio
dificultar as condições interiores de ventilação natural, com consequências ao nível da remoção de
poluentes e de odores [55].
A presença de humidades nos edifícios é um dos factores que mais afecta as condições de
salubridade. A ocorrência de humidades pode decorrer de infiltrações, ascensão por capilaridade de
água do solo, ou, no caso aqui relevante, de condensações no interior ou na superfície dos elementos
de construção. As paredes de alvenaria dos edifícios em estudo apresentam condições favoráveis à
ocorrência de fenómenos de condensação, agravados, em muitos casos, pelas deficientes condições
de ventilação acima referidas. Além das consequências para a saúde dos ocupantes, a presença de
água acelera a degradação dos materiais de construção, devendo também por esta razão garantir-se
uma adequada estanquidade.

3.2.2 – Exigências regulamentares aplicáveis


A Directiva n.º 2002/91/CE, de 16 de Dezembro de 2002 [28], relativa ao desempenho energético dos
edifícios foi transposta para o ordenamento jurídico nacional através dos seguintes Decretos-Lei:
 D.L. n.º 78/2006, de 4 de Abril [58], que aprovou o Sistema Nacional de Certificação
Energética e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios;
 D.L. n.º 79/2006, de 4 de Abril [59], que aprovou o Regulamento dos Sistemas Energéticos de
Climatização em Edifícios;

20
 D.L. n.º 80/2006, de 4 de Abril [60], que aprovou o Regulamento das Características de
Comportamento Térmico dos Edifícios.
O regime estabelecido pela Directiva n.º 2002/91/CE [28] foi reformulado com a publicação da Directiva
n.º 2010/31/EU, de 19 de Maio de 2010 [30], a qual veio clarificar alguns dos princípios do texto inicial
e introduzir novas disposições que visam o reforço do quadro de promoção do desempenho energético
nos edifícios, à luz das metas e dos desafios acordados pelos Estados-Membros da União Europeia
para 2020 [30]. A referida directiva foi transposta para o ordenamento jurídico nacional através do
Decreto-Lei n.º 118/2013, de 20 de Agosto [26]. Este diploma gerou a oportunidade de alterar, com
base na experiência acumulada com a aplicação do D.L. n.º 78/2006 [58], a sistematização e o âmbito
de aplicação do sistema de certificação energética e respectivos regulamentos, bem como de alinhar
os requisitos nacionais às imposições explicitamente decorrentes da mesma directiva. Assim, o D.L.
n.º 118/2013 [26] assegura não só a transposição da Directiva n.º 2010/31/EU [30], mas também uma
revisão da legislação nacional, que se traduz na inclusão, num único diploma, do Sistema de
Certificação Energética dos Edifícios (SCE) [26], do Regulamento de Desempenho Energético dos
Edifícios de Habitação (REH) [26] e do Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de
Comércio e Serviços (RECS) [26], assegurando assim uma separação clara do âmbito de aplicação
regulamentar aos edifícios de habitação e aos edifícios de comércio e serviços. Além da actualização
dos requisitos de qualidade térmica, são introduzidos requisitos de eficiência energética para os
principais sistemas técnicos dos edifícios, como os sistemas de climatização, de preparação de água
quente sanitária, de iluminação, de aproveitamento de energias renováveis e de gestão de energia, os
quais ficam assim igualmente sujeitos a padrões mínimos de eficiência energética. Mantém-se a
promoção, com a clarificação dos métodos de quantificação, da utilização de fontes de energia
renovável, nomeadamente do recurso solar, o qual é abundantemente disponível no nosso país. É
também incentivada a utilização de sistemas passivos de climatização nos edifícios, com a
consequente redução do recurso a sistemas activos. Neste contexto surge o conceito de edifícios com
necessidades quase nulas de energia, o qual deverá passar a constituir o padrão para a nova
construção a partir de 2020, ou de 2018, no caso de edifícios novos pertencentes a entidades públicas,
bem como uma referência para grandes intervenções no edificado existente [26].
No caso dos edifícios de habitação, a legislação considera a verificação das seguintes exigências:
 Necessidades de aquecimento;
 Requisitos mínimos de isolamento térmico (com o objectivo de minimizar a ocorrência de
situações patológicas de condensações superficiais ou internas [62,63]) e de eficiência
energética dos equipamentos;
 Necessidades de arrefecimento;
 Requisitos mínimos de protecção solar e de eficiência energética dos equipamentos;
 Necessidades de energia para Águas Quentes Sanitárias (AQS);
 Necessidades de energia primária [62].
Na secção seguinte analisa-se a aplicação destas exigências no âmbito da reabilitação de edifícios,
apresentando um conjunto de soluções correntemente adoptadas para a correcção de anomalias ou de
situações de incumprimento regulamentar.

21
3.3 – Técnicas de reabilitação correntes
As insuficiências de isolamento térmico em edifícios antigos surgem, geralmente, ao nível da
envolvente exterior, nomeadamente em:
 Fachadas e empenas;
 Pavimentos sobre espaços exteriores ou sobre espaços não úteis (não climatizados);
 Coberturas;
 Envidraçados.
A correcção destas insuficiências exige o reforço do isolamento térmico da envolvente dos edifícios
[64]. Para tal são correntemente utilizados materiais isolantes térmicos como os que se apresentam no
Quadro 4.

Quadro 4: Principais isolantes térmicos (adaptado de [65]).

DESIGNAÇÃO COMPLETA (PT) DESIGNAÇÃO COMPLETA (EU) SIGLA (Kg/m3) w/mK)

Algodão Cotton 20-60 0.040


Pedra-pomes Pumice 175-285 0.060-0.080
Vidro expandido Foamed glass 150-230 0.070-0.093
Perlite expandida Expanded perlite EPB 90-490 0.045-0.070
Argila expandida Expanded clay 260-500 0.085-0.100
Linho Flax 20-80 0.030-0.045
Cereal granulado Cereal granulate 105-115 0.050
Espuma gesso Gypsum foam 0.045
Cânhamo Hemp 20-68 0.040-0.050
Resina de ureia-formaldeído em Urea-formaldehyde resin in situ
UF 10 0.035-0.040
espuma foam
Fibras de madeira Wood fibres WF 30-60 0.040-0.090
Placa de lã de madeira Wood-wool boards WW 350-600 0.090
Espuma de silicato de cálcio Calcium silicate foam 115-300 0.045-0.065
Fibras cerâmicas, espumas
Ceramic fibres, ceramic foams 120-560 0.030-0.070
cerâmicas
Fibras de coco (Figura 11) Coconut fibres 70-120 0.040-0.050
Placa de cortiça isolamento Insulation cork board ICB 100-220 0.045-0.060
Lã Mineral Mineral wool MW 15-150 0.035-0.045
Poliestireno expandido Polystyrene, expanded EPS 15-30 0.032-0.040
Espuma de poliestireno extrudido Polystyrene foam, extruded XPS 25-45 0.030-0.040
Espuma rígida de poliuretano Polyurethane rigid foam PUR 30-100 0.024-0.030
Lã de ovelha Sheep`s wool 25-30 0.040-0.045
Vidro celular Cellular glass CG 115-220 0.040-0.060
Juncos (Figura 10) Reeds 120-225 0.055-0.090
Exfoliated vermiculite, expanded
Vermiculite, mica expandida EV 70-160 0.046-0.070
mica
Fibras de celulose Cellulose fibres 30-80 0.040-0.045
Fardos de palha (Figura 9) Straw bales 120-560 0.038-0.072

Figura 9: Fardos de Figura 10: Juncos [65]. Figura 11: Fibras de coco

palha [65]. [65].

22
Quadro 5: Principais isolantes térmicos utilizados na reabilitação térmica dos elementos opacos da
envolvente - paredes (adaptado de [65]).

Isolamento térmico Placas Mantas Material a granel


Espuma
Outros materiais
in situ
Grânulos Fibras
ELEMENTOS

Agregado de perlite expansiva

Epuma de ureia-formaldaído
TIPO

Fibras e lãs celulósicas

Espuma de polietileno
Localização

Manta de Algodão
E X P I
M

Lã de ovelha
Solução P P U C MW
W L L U W

Fenólico
Aerogel
S S R B

Fibras de lã mineral
E P E P

Linho
E E F C W W W C
P MW U P E
V C F F W - F H
S R B S
A A I C

leve
Sistemas
compósitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
(ETICS).
Exterior

Revestimento
independente
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
com isolante no
espaço de ar.

Rebocos
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
isolantes.
Simples
Parede-s de fachada

Painéis
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
isolantes.

Contra fachada
com isolante no
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
espaço de ar
Interior

(Figura 12).

Revestimentos
reflectores.

Rebocos
. . . . . .
isolantes.
Intermédio

Preenchimento
Dupla

total da caixa de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
ar.

Siglas dos isolantes térmicos:


EPS – Expanded Polystyrene (espuma rígida de poliuretano) EPB - Perlite expansiva
MW – Mineral Wool (lã mineral: lã de rocha ou lã de vidro) PES - Fibras de poliéster
ICB - Insulation Cork Board (aglomerado de cortiça expandida) WW - Wood-Wall boards (Placas de lã de madeira)
LEVA - Lightweight Expanded Vermiculite Aggregate (grânulos de vermiculite expandida) WW-C - Wood-Wall composit boards (composito places
LECA – Lightweight Expanded Clay Aggregate (grânulos de argila expandida) de parede madeira)
PUR – Polyurethane Foam Rubber (espuma de poliuretano) WF - Fibras de madeira
UFFI – Urea-Formaldehyde Foam Insulation (espuma de ureia-formaldeído) CH - Fibras de cânhamo
CF – Fibras cerâmicas XPS – Espuma rígida de poliestireno extrudido

23
Quadro 6: Principais isolantes térmicos utilizados na reabilitação térmica dos elementos opacos da
envolvente – pavimentos e coberturas (adaptado de [65]).

Material a
Isolamento térmico
granel

Espuma
Mantas

in situ
Grânulos
Placas Outros materiais

Fibras

Tectos falsos com e sem isolamento térmico


ELEMENTOS

Agregado de perlite expansiva


Localização
TIPO

Fibras e lãs celulósicas

Espuma de polietileno

Ligantes sintéticos

Rebocos isolantes
Manta de Algodão

Ligantes minerais
Isolante Termico
Solução

Lã de ovelha
L L U W

Fenólico
Aerogel
EXP I E P E P

Linho
M M EE M F C W W W C
PPU C P U P E
W W VC W F F W - F H
SSR B S R B S
AA I C

Sistemas
compósitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
(ETICS).
Exterior
Pavimentos

Tecto-falso com
isolante na caixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
-

de ar.

Colocação de
Interior

isolamento no
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
interior do
pavimento.

Suporte isolante de
. . . . . . . . .
impermeabilização.
Horizontais

Exterior

Cobertura
. . . . . . . . . .
"invertida".
Na esteira
horizontal
Coberturas

Sobre a esteira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Inclinadas

Sobre a estrutura
Nas vertentes

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
resistente.

Sob a estrutura
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
resistente.

Siglas dos isolantes térmicos:


EPS – Expanded Polystyrene (espuma rígida de poliuretano) EPB - Perlite expansiva
MW – Mineral Wool (lã mineral: lã de rocha ou lã de vidro) PES - Fibras de poliéster
ICB - Insulation Cork Board (aglomerado de cortiça expandida) WW - Wood-Wall boards (Placas de lã de madeira)
LEVA - Lightweight Expanded Vermiculite Aggregate (grânulos de vermiculite expandida) WW-C - Wood-Wall composit boards (composito places
LECA – Lightweight Expanded Clay Aggregate (grânulos de argila expandida) de parede madeira)
PUR – Polyurethane Foam Rubber (espuma de poliuretano) WF - Fibras de madeira
UFFI – Urea-Formaldehyde Foam Insulation (espuma de ureia-formaldeído) CH - Fibras de cânhamo
CF – Fibras cerâmicas XPS – Espuma rígida de poliestireno extrudido

24
Figura 12: Ilustração de aplicação de isolamento térmico de paredes pelo interior e pelo exterior [56].

3.3.1 – Paredes: Fachadas e empenas


O reforço do isolamento térmico das paredes exteriores pode ser efectuado pelo exterior, pelo interior
ou ainda através da criação de sistemas de parede dupla com preenchimento total ou parcial da caixa-
de-ar [66].
As soluções de aplicação de isolamento térmico aparente no exterior, do tipo ETICS (External Thermal
Insulation Composite Systems) [61], apresentam, quando não existem condicionamentos
arquitectónicos que as inviabilizem (por exemplo: revestimento incompatível com revestimento
existente a manter; ou espessura final do revestimento incompatível com cantarias existentes),
vantagens que decorrem do aproveitamento da inércia térmica interior das construções e da
continuidade conferida ao isolamento térmico [57]. Por outro lado, nas intervenções de reabilitação de
edifícios, é frequentemente necessário intervir no revestimento das paredes exteriores, pelo que se
torna oportuno considerar o isolamento térmico pelo exterior, eventualmente com a utilização de
rebocos isolantes [66].
A aplicação de isolamento térmico pelo interior surge quando estão inviabilizadas as intervenções
exteriores, permitindo reduzir a inércia térmica dos edifícios, o que pode ser benéfico em edifícios de
utilização intermitente, como os edifícios de serviços. Contudo, esta solução tem desvantagens que
decorrem da perda de área interior dos compartimentos e do aumento dos riscos de ocorrência de
condensações no interior das paredes [56]. A aplicação de isolamento térmico aparente pelo interior
pode ser também concretizada através de rebocos isolantes (Quadros 5, 6) [57,67], não sendo, no
entanto, recomendável a sua aplicação em zonas sujeitas a acções mecânicas, uma vez que estes
rebocos incorporam materiais isolantes térmicos com elevada porosidade, apresentando portanto
menor resistência mecânica.

3.3.2 – Pavimentos sobre espaços exteriores ou sobre espaços não-


úteis (não-climatizados)
A intervenção ao nível dos pavimentos é fundamental quando estes estão em contacto directo com o
exterior ou com espaços interiores não climatizados (garagens, arrecadações, caves não-habitáveis,
etc…). Tal como nas paredes, o reforço do isolamento térmico dos pavimentos pode ser efectuado
inferiormente (pelo exterior), superiormente (pelo interior) ou ainda através da criação de sistemas

25
duplos (com tectos falsos ou sobreelevação de revestimentos de piso) com preenchimento total ou
parcial do espaço de ar. No caso de pavimentos com vazios o isolamento térmico pode também usar-
se numa posição intermédia [66]. Esta solução obriga, no entanto, à alteração do tecto do piso inferior
e à redução do pé-direito desse piso, conduzindo ainda ao aumento dos riscos de ocorrência de
condensações no interior do pavimento [56, 66].
O isolamento térmico inferior é o indicado sempre que sejam efectuadas reabilitações térmicas não
destrutivas, quando a zona inferior do pavimento for acessível.

Figura 13: Exemplos de aplicação de isolamentos em pavimentos / tectos-falsos [69].

A aplicação de isolamento térmico através desta técnica é rápida, fácil, de custo reduzido e é bastante
eficiente do ponto de vista térmico já que é aplicado pelo exterior [66].
O isolamento térmico pela parte superior obriga a que este possua uma adequada resistência à
compressão por forma a reduzir os efeitos de redução do isolamento ao ruído a longo prazo devido ao
aumento da densidade do material comprimido.
Esta solução pode ser utilizada em casos de reabilitação não destrutiva, apresentando como
desvantagem o facto de reduzir o pé-direito da habitação e a inércia térmica interior, tornando-se assim
uma solução menos eficiente [66].
A introdução nos pavimentos de isolamento térmico intermédio exige uma intervenção destrutiva ou
parcialmente destrutiva. No caso de se optar por uma solução parcialmente destrutiva seria necessário
levantar parte do revestimento do pavimento para se introduzir o isolante térmico.

26
Figura 14: Isolamento térmico intermédio com fibras celulósicas [69].

No caso de uma intervenção destrutiva, como isolante podem aplicar-se, por exemplo, abobadilhas de
Poliestireno Expandido - EPS [68] que substituem os blocos cerâmicos ou o betão corrente, permitindo
o reforço térmico da laje e, simultaneamente, o seu aligeiramento [66], obrigando, no entanto, ao
reforço estrutural, pelo que apenas quando existe a necessidade de intervenção estrutural fará sentido
optar por este tipo de solução.

3.3.3 – Coberturas
As coberturas são a parte do edifício que está sujeita a maiores amplitudes térmicas. Durante o dia
atingem elevadas temperaturas devido à exposição directa à radiação solar, sendo, durante a noite,
a parte dos edifícios que mais calor perde por radiação. Assim, o isolamento térmico de coberturas em
telhado ou em terraço é fundamental.

Quadro 7: Soluções de reforço do isolamento térmico das coberturas [67].

Localização do isolamento térmico TIPO DE SOLUÇÕES


Painéis isolantes especiais (integrando varas, forro inferior e isolante térmico).
Superior: Mantas de material isolante (sobre laje inclinada).
Placas de material isolante (sobre laje inclinada).
Fixadas contra as varas da cobertura.
Fixadas contra réguas dispostas sob as varas e ao
Mantas de material isolante
Nas vertentes

logo destas.
(recobertas eventualmente
Cruzadas e de réguas normais às varas 2
com um forro inferior):
camadas com interposição.
Coberturas inclinadas

Inferior:
Fixada contra laje inclinada.
Fixada contra as varas da cobertura.
Placas de material isolante:
Fixada contra laje inclinada.
Projecção de espumas isolantes.
Solução reflectantes.
Mantas de material isolante (lã mineral ou outras).
Placas de material isolante.
Na esteira horizontal

Superior: Material isolante a granel: Fibras, flocos (ou outros).


Grânulos de material isolante (de argila
expandida, de betão celular autoclavado, etc.) .
Revestimento isolantes: Revestimentos descontínuos (placas fixadas
mecanicamente ou coladas).
Inferior: Tectos falsos: Tecto falso isolante.
Tecto falso suportando uma camada de isolante
térmico.
Cobertura invertida.
Superior:
horizontais
Coberturas

Suportes isolantes de impermeabilização.


Intermédio: Isolante entre a laje e a cobertura de forma.
Tectos falsos: Tecto falso isolante.
Inferior: Tecto falso suportando uma camada de isolante
térmico.

27
Em seguida serão analisadas as coberturas inclinadas e em terraço, tendo em consideração que para
cada um dos tipos de cobertura existem diferentes métodos de intervenção.
A melhoria das características térmicas de uma cobertura apresenta algumas diferenças consoante se
pense em conforto de Inverno ou de Verão. Neste último caso, interessa sobretudo associar as
melhorias do isolamento térmico à melhoria das condições de ventilação dos espaços de ar nas
propostas de coberturas ou nos eventuais desvãos entre as coberturas e os tectos. Este efeito é
conseguido, com certa eficácia, com a colocação de telhas de ventilação, dispostas em vertentes
opostas de modo a facilitar-se a criação de correntes de escoamento de ar. Esta solução de ventilação
é muitas vezes esquecida em inúmeras operações de reabilitação [56,70].
Nas coberturas inclinadas considera-se o reforço do isolamento da esteira horizontal no caso de
existência de desvão não habitável. Deve aplicar-se o isolamento térmico sobre a esteira horizontal
(protegida superiormente, se necessário, isto é, se o desvão for acessível) e deve garantir-se uma boa
ventilação do desvão.
Uma vez que a aplicação na esteira é menor do que na situação de isolamento das vertentes, dado
que a área dos elementos é menor, e tendo em conta que a sua aplicação é mais fácil por existirem
melhores condições de acessibilidade, esta solução é mais económica.
Assim, para esta situação poderão ser aplicadas como isolamento térmico, mantas, placas ou
materiais a granel como se pode verificar na Figura 15.

Legenda:
a) Mantas isolantes sobre tectos existente;
b) Isolantes a garnel sobre tectos existente;
c) Tecto isolante novo.

Figura 15: Cobertura inclinada com desvão não-habitável: isolamento térmico nas vertentes [67].

28
Legenda:
1 - Revestimento de tecto
2 - Lage de esteira
2a - Estrutura de madeira da esteira
3 - Isolamento Térmico
4 - Protecção superior (eventual) do
isolamento térmico
5 - Desvão
6 - Revestimento de cobertura

Figura 16: Cobertura inclinada com desvão habitável/não-habitável: isolamento térmico nas vertentes
[67].

Deve também garantir-se que a eventual penetração de água da chuva através do revestimento da
cobertura não prejudica o comportamento do isolamento térmico, uma vez que a molhagem do isolante
poderá comprometer as suas características. Para isso, deve aplicar-se sobre o isolante uma
protecção superior do tipo membrana microperfurada a qual permite a passagem do vapor, mas não da
água, tendo em atenção que esta não deve tornar-se uma barreira ao vapor, pois tal poderia dar
origem a condensações internas [56,70].
Por outro lado, o facto de o desvão não ser habitável faz com que não seja necessário garantir
aquecimento deste espaço no Inverno, permitindo assim menores consumos de energia. Na estação
quente, a ventilação do desvão potencia a dissipação do calor neste espaço [56,70] .
A solução de isolamento das vertentes deve ser adoptada nos casos em que o desvão seja habitável.
Nestas situações pode proceder-se ao isolamento quer na superfície superior da cobertura inclinada ou
na parte inferior desta com material de isolamento conveniente, conforme se pode verificar nas Figuras
15 a 20, bem como no Quadro 7.
No processo de reabilitação deve-se assegurar que exista um espaço de ar ventilado, entre o
revestimento exterior da cobertura (por ex. telha) e o isolamento térmico. Este não deve ser afectado
por humidades, conforme já foi referido anteriormente, nomeadamente com o objectivo de evitar a
degradação dos materiais.
Por outro lado no caso das coberturas em terraço antes de se proceder à reabilitação do ponto de vista
térmico é necessário verificar se esta não apresenta anomalias que necessitem de intervenção prévia
(como é o caso das que resultam de infiltrações de água, fendilhações, descolamentos, entre outras).

29
Neste tipo de coberturas, a solução de isolamento pode ser vista em paralelo com o descrito para
as paredes exteriores dos edifícios. Assim, para as coberturas em terraço existem três opções de
reforço do isolamento térmico em coberturas planas: isolamento térmico superior, intermédio e inferior
[56,70].
O isolamento térmico superior é das soluções a mais aconselhável pois prevê a colocação do
isolamento térmico acima da camada de forma.
No caso da aplicação de isolamento térmico superior existem dois tipos de cobertura: as coberturas
invertidas (em que a camada de impermeabilização se encontra abaixo do isolamento térmico, que
pode ser por exemplo XPS [71] – polietileno expandido extrudido – ficando assim protegida de grandes
amplitudes térmicas) que se apresenta como a melhor solução e as coberturas não invertidas, onde o
isolamento térmico serve de suporte ao sistema de impermeabilização [70].
A solução de isolamento da cobertura na parte superior, isto é, acima da camada de forma (cobertura
invertida), considera-se ser a melhor solução e existem diferentes materiais, no entanto as placas
isolantes auto-protegidas são as mais indicadas uma vez que permitem o acesso à cobertura para se
efectuarem eventuais operações de manutenção sem se danificar o isolamento, e aumenta o seu
tempo de vida útil, pois protege-o da incidência directa da radiação solar (Quadros 5, 6 e 7).
Na solução de isolamento intermédio exigem-se cuidados especiais quer na fase de concepção, quer
na fase de execução para que não ocorram fenómenos de choque térmico nas camadas acima do
isolante térmico. Nestas situações, o isolante térmico é colocado entre a esteira horizontal e a camada
de forma, e exige que todas as camadas actuais da laje de esteira sejam refeitas.
Se a opção for aplicar o isolamento térmico inferiormente tem de se integrar esta solução num tecto
falso independente da esteira. Ainda assim, não protege termicamente a estrutura. A aplicação do
isolante térmico directamente na face inferior da laje iria provocar deformações de origem térmica na
estrutura do edifício [56,57,70].
O Quadro 7, e as Figura 15 a 20, apresentam um conjunto de soluções tipo para coberturas horizontais
e inclinadas.

Figura 17: Aplicação de manta de fibras de cânhamo (ou outras) pela face inferior da cobertura [69].

30
Legenda:
1 - Revestimento de tecto
2 - Isolamento térmico
3 - Laje inclinada
4 - Varas
5 - Ripas
6 - Espaço de ar ventilado e drenado
7 - Revestimento de cobertura

Figura 18: Cobertura inclinada com desvão habitável: isolamento térmico nas vertentes [67].

Deve evitar-se que o espaço de ar sobreaquecido funcione como um acumulador de energia com
efeitos muito negativos no desempenho da cobertura, forçando a aplicação de sistemas de extracção
mecânica do ar quente, no que se refere ao conforto de Verão. No que se refere ao conforto de
Inverno, deve reforçar-se o isolamento térmico, para que se minimizem os consumos energéticos
ligados ao aquecimento dos espaços interiores do edifício e devem distinguir-se duas situações, que
são as coberturas inclinadas, nomeadamente as coberturas em telhado, e as coberturas em terraço.
Em edifícios antigos verifica-se deficiente qualidade térmica das coberturas em telhado, assim, deve-se
proceder ao seu correcto isolamento conforme se pode constatar nos exemplos das Figuras 19 e 20.

Figura 19: Reabilitação térmica de telhados com incorporação de mantas ou placas de lã mineral [56].

31
Figura 20: Reabilitação térmica de telhados com placas de poliestireno extrudido sobre guarda-pó
contínuo [56].

3.3.4 – Envidraçados
A janela é, provavelmente, o elemento mais complexo integrado na envolvente de um edifício, dadas
as múltiplas funções que deve satisfazer [72]:
 Transmissão luminosa;
 Permeabilidade ao ar;
 Isolamento térmico;
 Isolamento acústico;
 Resistência ao vento;
 Segurança contra o vandalismo e a intrusão;
 Facildade de manutenção e limpeza.
Estas exigências podem ser avaliadas através dos seguintes parâmetros:

2 0
Coeficiente de transmissão térmica, U (w/m C), depende das características técnicas dos
vidros, da qualidade da caixilharia e do grau de protecção oferecido pelo sistema de
sombreamento exterior;
 O factor solar do vidro a soma do fluxo transmitido e do fluxo irradiado pelo vidro com a
radiação solar incidente sobre o vão, deve ser o adequado para o contexto especifico em que
o vidro é aplicado;
 O coeficiente de transmissão luminosa do vidro, que é a parcela da luz visível (380 a 780 nm)
transmitida através do vidro, deve ser o adequado para as actividades que se exercem no
interior. A relação entre a transmissão luminosa e o factor solar é muito relevante sendo
designada por índice de selectividade e é calculada, dividindo a transmissão luminosa pelo
factor solar;
A reabilitação térmica dos vãos envidraçados deve visar, por um lado o reforço do respectivo
isolamento térmico e a redução das infiltrações de ar não controladas através das juntas da caixilharia
de modo a melhorar o seu desempenho na estação fria, sem prejudicar a sua função de “colector
solar” nessa estação e, por outro lado, o reforço da protecção contra a penetração indesejável da
radiação solar na estação quente mediante a instalação de dispositivos adequados de sombreamento
[57].

32
Na reabilitação de edifícios antigos, a intervenção em envidraçados deve visar não apenas satisfazer
as exigências anteriormente enunciadas, mas também gerar poupança de energia, comodidade e
conforto no interior das habitações dos edifícios reabilitados. Nas Figuras 21 a 24 [56,64,67] são
apresentadas técnicas de reabilitação correntes e no Quadro 8 [67] são indicados os tipos de
envidraçados a aplicar em cada caso.

Quadro 8: Principais características energéticas e campos de aplicação de diferentes tipos de


materiais envidraçados [67].

TIPO DE VIDRO PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS CAMPOS DE APLICAÇÃO

• Ganhos solares elevados. • Climas temperados (Inverno moderado e


• Transmitância luminosa elevada. curto e Verão curto e pouco quente).
Vidro simples
• Baixa resistência térmica. Áreas envidraçadas de dimensões pouco
transparente
• Não-alteração da cor da luz e das vistas para o significativas.
exterior.
• Ganhos solares reduzidos. • Climas temperados e quentes onde a
• Transmitância luminosa reduzida, com redução do minimização dos ganhos solares é prioritária.
Vidros coloridos encadeamento mas também dos níveis de iluminação • Situações em que o encandeamento deve
(na massa) natural. ser significativamente reduzido.
• Alteração da cor da luz mas as vistas para o exterior
não são significativamente afectadas.
• Ganhos solares reduzidos. • Edifícios não-residenciais.
• Transmitância luminosa reduzida, com redução do • Climas quentes onde a minimização dos
encandeamento mas também dos níveis de ganhos solares são prioritários.
Vidros reflectantes
iluminação natural. • Situações em que a redução do
• Possibilidade de reflexões encandeantes para o encandeamento é desejável.
exterior.
• Resistência térmica melhorada, com redução das • Edifícios residenciais com estação de
Unidades perdas térmicas de Inverno e dos ganhos solares aquecimento significativa.
envidraçadas térmicos de Verão. • Edifícios residenciais com estação de
múltiplas (vidros • Transmitância luminosa ligeiramente diminuída por arrefecimento significativa e uso frequente ou
duplos e triplos cada camada adicional de vidro. contínuo de ar condicionado.
transparentes) • Climas frios e muito frios onde a redução das
perdas térmicas é prioritária (vidros triplos).
• Os revestimentos podem ser concebidos de modo a • Revestimentos de baixa emissividade:
reflectirem a radiação térmica e a terem um • Climas frios onde a redução das perdas
coeficiente U melhorado, com redução das perdas térmicas é prioritária.
térmicas de Inverno. • Áreas envidraçadas de dimensões
Vidros com
• Temperaturas mais elevadas na superfície interior do significativas.
revestimentos de
vidro contribuindo para maior conforto e menores • Revestimentos espectralmente selectivos:
baixa emissividade
condensações no Inverno. • Climas temperados e quentes onde a
(low-E) e
• Os revestimentos ES podem ser concebidos de minimização dos ganhos ,solares térmicos é
espectralmente
modo a reflectirem a radiação térmica para o exterior, prioritária.
selectivos (ES)
resultando em ganhos solares térmicos de Verão
reduzidos.
• Os revestimentos ES podem ser concebidos de
modo que a transmitância luminosa seja apenas
ligeiramente reduzida.
• Resistência térmica aumentada com Argon e krípton, • Climas frios e muito frios onde a redução, das
Unidades com redução das perdas térmicas de Inverno e dos perdas térmicas é altamente prioritária.
envidraçadas ganhos solares térmicos de Verão por condução. • Situações onde o conforto térmico é
múltiplas com • Temperaturas superiores na face interior do vidro importante. Em particular em locais com áreas
preenchimento de durante o Inverno, contribuindo para maior conforto e envidraçadas significativas.
gás inerte menores riscos de condensações.
• Transmitância luminosa praticamente inalterada.

O coeficiente de transmissão térmica total (valor U) de uma janela pode ser reduzido drasticamente
com a aplicação de vários elementos, nomeadamente o vidro duplo (ou mesmo triplo em casos
extremos), a persiana isolante exterior, o isolamento interior suplementar (reposteiros especiais, entre
outros), entre outras soluções possíveis [73]. Podem também duplicar-se as janelas, embora tal
intervenção altere o aspecto estético da fachada, se estas forem aplicadas pelo exterior.

33
Figura 21: Duplicação de janelas [56].

2 0
Figura 22: Gama de coeficientes de transmissão térmica (U) de vãos envidraçados (w/m k) [67].

A caixilharia também deve ter características isolantes (corte térmico) por forma a reduzir a
transmissão térmica através deste elemento. Além disso, a janela deve ser preferencialmente
basculante e não de correr, pois a janela daquele tipo (basculante) influencia positivamente o seu
comportamento energético.

34
Figura 23: Coeficiente de transmissão térmica de componentes de janelas [64].

A caixilharia de madeira, apesar do seu elevado isolamento térmico, em caixilhos com pouca
manutenção, pode apresentar uma elevada permeabilidade ao ar e consequentemente um fraco
desempenho térmico em muitas situações, tendo em muitos casos de ser substituída.
Na reabilitação térmica devem ter-se alguns cuidados, nomeadamente aplicar os vidros em função da
orientação solar dos vãos e não aplicar os mesmos em todas as fachadas, atendendo às
especificidades da incidência solar em cada orientação. Em cada envidraçado devem usar-se os vidros
que tenham características mais adequadas à sua exposição solar [64].

Figura 24: Ilustração do conceito de factor solar [g=(Et+qi)/Eg] [67].

A aplicação de protecções solares, a adição de dispositivos de sombreamento exteriores e o


isolamento das caixas de estore também podem contribuir para um melhor desempenho
térmico/energético do vão envidraçado.
A maioria dos vãos envidraçados deve poder ser aberta para poder corrigir por ventilação os eventuais
excessos de ganhos nos períodos quentes.

3.4 – Discussão
Nas secções anteriores foram descritas diversas estratégias de reabilitação térmica de reabilitação da
envolvente passiva dos edifícios, as quais devem ser exploradas pelos projectistas, em cada caso, no
sentido de avaliar a sua adequação ao caso particular e o seu custo.
Em intervenções de reabilitação, a adequação da solução e o custo revestem-se de particular
importância, dependendo, não apenas das condicionantes arquitectónicas, mas também das soluções

35
construtivas existentes, podendo envolver maior ou menor grau de demolição e substituição, pelo que
as soluções mais adequadas e baratas podem não ser óbvias.
Na presente dissertação serão aplicados, nos caso de estudo, algumas das soluções tipo identificadas
neste capítulo, com o objectivo de demonstrar a necessidade de avaliar diferentes soluções.
Obviamente, este aspecto deve ser tido em conta no tempo e nos honorários de projecto, o que nem
sempre é bem compreendido pelos donos de obra.

36
4 – REABILITAÇÃO ACÚSTICA
4.1 - Introdução
A qualidade acústica depende da protecção contra os ruídos exteriores e, nalguns casos, pouco
correntes em reabilitação, das condições de reverberação dos espaços interiores.
Em relação aos edifícios antigos, os problemas colocam-se fundamentalmente no isolamento a sons
aéreos e de percussão assegurado pelos respectivos elementos de compartimentação horizontal
(pavimentos entre fogos e eventuais espaços comerciais existentes). O isolamento, a sons aéreos
deve ser ainda conferido pelas paredes delimitadoras de fogos adjacentes e pelas fachadas,
principalmente através dos envidraçados e restantes vãos, assim como pelas coberturas [74].
As redes e instalações prediais também criam algumas situações perturbadoras a nível acústico que
devem ser minimizadas principalmente em redes mais antigas com tubagens de secção reduzida.
Em seguida apresentam-se as exigências de conforto acústico, bem como a legislação aplicável em
vigor, e distinguem-se estratégias de reabilitação correntes.

4.2 – Exigências aplicáveis e regulamentação


4.2.1 – Exigências de conforto acústico
As exigências humanas de conforto acústico correspondem à manutenção de níveis sonoros reduzidos
no interior, de forma a permitir o descanso ou a realização de actividades que requeiram concentração.
A forma como são constituídos os edifícios antigos atribui-lhe características específicas em termos
acústicos. Como já foi referido, normalmente as paredes exteriores são de pedra argamassada,
geralmente com elevada espessura, resultando em elementos com satisfatório isolamento acústico.
Assim, tem de se actuar nos envidraçados, bem como nas portadas, sendo estes os elementos
responsáveis pela maior perda de isolamento acústico pelo exterior. No entanto, neste tipo de edifícios
também se colocam exigências relativamente ao isolamento sonoro das coberturas, principalmente
quando existem fontes sonoras em pontos elevados.
Em relação ao isolamento interior, é importante assegurar um bom isolamento entre fogos,
nomeadamente entre pisos distintos, visto que os pavimentos e escadas deste tipo de edifícios, são
em geral, muito pouco satisfatórios em termos acústicos [56]. As divisórias em edifícios antigos, com
massa reduzida conferem também um isolamento acústico deficiente [75].
No âmbito da reabilitação de edifícios antigos, com exiguidade de espaços, surge, por vezes, a
necessidade de eliminar vestíbolos interiores, pelo que os vãos da divisória para as zonas comuns
podem dar acesso imediato a uma sala, por exemplo, a qual apresenta exigências acústicas mais
importantes.

4.2.2 - Regulamentação
O actual enquadramento legal do ruído é estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 146/2006, de 31 de Julho
[76], que concretiza a transposição para o ordenamento jurídico interno da Directiva nº 2002/49/CE, de
25 de Junho [77], relativa à avaliação do ruído ambiente e pelo Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de
Janeiro [78], que aprovou o Regulamento Geral do Ruído (RGR) [78] em conjunto com o Regulamento
dos Requisitos Acústicos do Edifício (Decreto-Lei n.º 96/2008, de 9 de Junho (RRAE) [79]). Procedeu-
se, assim, à compatibilização com as disposições do RGR [78], em especial as relativas ao isolamento

37
sonoro das fachadas dos edifícios localizados em zonas próximas de vias de tráfego e definidas como
sensíveis, e ao isolamento sonoro das fachadas de novos edifícios a construir em zonas urbanas
consolidadas, para as quais não é possível, de imediato cumprir os valores limite de exposição, nos
termos previstos no RRAE [79].
O RRAE [79] aplica-se à construção, reconstrução, ampliação ou alteração de edifícios habitacionais e
mistos, comerciais e de serviços, escolares, hospitalares, recintos desportivos, estações de transporte
de passageiros, auditórios e salas.
Introduz-se um desagravamento dos requisitos exigíveis em termos de isolamento sonoro dos espaços
interiores em edifícios que são objecto de um processo de reabilitação, situados em zonas históricas,
de modo a tornar exequível a adopção de soluções construtivas que confiram identidade patrimonial e
histórica.
De acordo com este regulamento, os edifícios localizados em zonas históricas que sejam objecto de
acções de reabilitação, mantendo a sua utilização como edifícios habitacionais, mistos ou unidades
hoteleiras e a mesma identidade patrimonial, podem ter uma tolerância de 3 dB nos principais
indicadores de desempenho do ruído aéreo e de percussão [76,79].

4.3 – Técnicas de reabilitação correntes


Nas secções seguintes, discutem-se as estratégias de reabilitação correntes aplicáveis aos diferentes
elementos de construção: paredes, vãos, pavimentos e cobertura.

4.3.1 – Paredes / vãos interiores


Conforme já se referiu anteriormente os problemas acústicos não se colocam geralmente na parte
opaca das paredes exteriores, colocando-se, no entanto, aos vãos das fachadas, os quais serão
considerados em 4.3.4.
Analogamente, as paredes de separação de fogos, apresentam os mesmos problemas, mas as
soluções mais vulgares em edifícios antigos apontam para a existência de paredes meeiras, de grande
espessura, e totalmente cegas, o que permite resolver com facilidade o problema da transmissão dos
ruídos “aéreos”; também os ruídos de percussão não representam, nestas paredes, problema
complexo, já que a natureza dos rebocos e estuques usados, macios e pintados com sucessivas
demãos acumuladas de caiações, permite um grande amortecimento destes ruídos, funcionando de
forma idêntica a materiais resilientes.
Relativamente às paredes interiores é necessário, em primeiro lugar, ter a noção clara das dificuldades
que as operações de reforço do isolamento acústico destas podem apresentar, essencialmente por
duas razões. Por um lado, a generalidade das soluções de reforço implica a perda de espaços
interiores, que podem ser importantes, sobretudo em edifícios em que os espaços disponíveis são
exíguos, como aliás então se referiu. Em segundo lugar, não deve esquecer-se a possibilidade de
transmissões marginais, principalmente na ligação entre elementos de construção com massas muito
distintas, virem a prejudicar, de forma muito sensível, o isolamento acústico teórico que se alcança
com as operações de reforço, por exemplo, através da interacção entre paredes, pavimentos e tectos
[56] .
As soluções de reforço do isolamento sonoro mais eficazes consistem na aplicação de parede
suplementar, num dos lados da parede original a tratar, de preferência, em ambos os lados da mesma.

38
As paredes adicionais devem ser definidas de modo a assegurar frequências de corte do sistema duplo
ou triplo tão baixas quanto possível, maximizando assim o efeito das caixas-de-ar introduzidas. A
caixa-de-ar pode ser preenchida com materiais porosos ou fibrosos de elevada absorção sonora. As
novas paredes podem ser reforçadas, de alvenaria de tijolo ou blocos de betão leve, um exemplo pode
ser em placas de gesso cartonado, sobre prumos metálicos ou em madeira (Figuras 25 e 26) [56].

Figura 25: Utilização de mantas de lã de rocha sob placas de gesso cartonado, constituindo soluções
de reforço de isolamento acústico de paredes de frontal ou de alvenaria [56].

Figura 26: A duplicação de placas de gesso cartonado separadas por amortecedores acústicos
complementa o isolamento conferido pela incorporação de absorventes acústicos [56].

É fundamental minimizar a ocorrência de ligações rígidas entre os elementos existentes e os


elementos adicionados [72], mantendo-se apenas as imprescindíveis ligações ao pavimento e tecto.

39
Finalmente há ainda que resolver os problemas de isolamento acústico, em relação aos sons
produzidos no interior das habitações, e que interessam particularmente aos elementos de construção
que separam espaços com funções muito distintas [64].

4.3.2 – Pavimentos
O problema da transmissão sonora entre pisos coloca-se entre fogos diferentes em edifícios de
habitação, e no caso mais severo, entre zonas habitáveis e áreas comerciais ou industriais coexistindo
no mesmo edifício.
Nos edifícios antigos, ou com pavimentos em madeira constituídos por vigamento e soalho,
eventualmente com forro de tecto, a reduzida massa e a existência de frinchas contribuem para o
reduzido isolamento a sons aéreos e de percussão. A utilização de tectos falsos, com o preenchimento
do espaço de ar com materiais absorventes sonoros (Figura 27 a 30) [75], e a interposição de materiais
elásticos capazes de reduzir a transmissão de vibrações aos elementos estruturais do pavimento
(Figura 28), são soluções correntemente adoptadas em reabilitação para melhorar o isolamento sonoro
sem aumentar a massa do pavimento. No entanto, por vezes é efectivamente necessário recorrer ao
aumento da massa do pavimento, por exemplo, através da adição de novo soalho de revestimento do
tipo alcatifado ou de revestimentos de piso flutuantes os quais são especialmente condicionados pela
capacidade resistente da estrutura existente [56].

Figura 27: Reforço do isolamento acústico dos pavimentos de madeira com recurso a tectos falsos
suspensos incluindo amortecedores [56].

40
Figura 28: Soluções de reforço do isolamento acústico de pavimentos [56].

As exigências regulamentares actuais de isolamento acústico entre pisos colocam dificuldades no seu
cumprimento integral em edifícios antigos, podendo optar-se em intervenções ligeiras e médias, por
soluções de melhoramento dos níveis de isolamento sem que se atinjam os valores regulamentares;
estes impõem em pavimentos de madeira soluções pesadas e onerosas com forte impacto no edifício
existente, dando origem a aumentos de cargas que não podem desprezar-se e a eventuais reduções
de pés direitos que têm que ser tidas em conta [56].
O desacoplamento dos revestimentos da estrutura ou a introdução de mantas de isolamento acústico é
também uma solução que pode ser usada em escadas de madeira.
No caso dos pavimentos pesados, por exemplo, à base de abóbadas e arcos de alvenaria, o problema
da transmissão do ruído é, em geral, de mais fácil resolução, pelo menos em termos de ruído aéreo. A
transmissão de ruído de percussão é crítica quando os revestimentos aplicados são duros, isto é, não
resilientes, e praticamente indeformáveis. Nestes casos, as soluções mais simples e correntes
consistirão na colocação de tapetes de lã ou de fibras, que constituem uma base deformável de
elevada capacidade de absorção sonora; aplicação de pavimentos flutuantes, desde que sejam
possíveis alterações nas cotas dos pavimentos e mudanças de aspecto dos pisos [72].
O desacoplamento estrutural pode ser efectuado ao nível dos revestimentos de piso (Figura 29) ou ao
nível dos tectos falsos (em placas de gesso cartonado, ou placas de estafe), através da instalação de
amortecedores antivibráticos (Figura 30).

41
Figura 29: Inclusão de absorvente acústico entre vigas de madeira, de um pavimento [56].

Figura 30: Isolamentos de tectos nomeadamente com a colocação de amortecedores antivibráticos


[56].

Apesar das soluções apresentadas, constata-se que, nos edifícios antigos com pavimento de
madeira, é extremamente difícil cumprir as exigências da legislação vigente. Assim, julga-se pertinente
estabelecer um regime legal mais permissivo para edifícios deste género [74], apresentando-se no
capítulo 7 algumas sugestões que vão nesse sentido.

4.3.3 – Coberturas
A cobertura de um edifício é um elemento que tem de desempenhar funções múltiplas no âmbito do
conforto higrotérmico, protecção contra a entrada de águas pluviais, insolação e no domínio do
conforto acústico, essencialmente no que respeita ao último andar, em especial em relação ao ruído de
tráfego aéreo e, nalguns casos, em relação também a ruído de tráfego rodoviário ou ferroviário [72].
A maior parte das coberturas planas, com laje maciça, cumprem os requisitos que podem colocar-se
em termos de condicionamento acústico, embora em zonas particularmente afectadas por ruído aéreo
(vizinhança de aeroportos) ou quando ocorra a instalação de equipamentos sobre a cobertura

42
(ventiladores ou permutadores de calor de sistemas de condicionamento higrotérmico, a título de
exemplo) se coloque a necessidade de adoptar disposições visando aumentar o isolamento sonoro,
em particular através da instalação de tectos falsos com isolamento no seu interior [72].
As coberturas inclinadas com revestimentos descontínuos podem dar origem a problemas no domínio
do condicionamento acústico quando não exista laje de esteira ou pelo menos um forro continuo
segundo as vertentes, devido às juntas de descontinuidade entre os elementos de revestimento e à
massa reduzida por unidade de área que normalmente apresentam [72].
No caso de o desvão dessas coberturas não ser utilizado, o isolamento sonoro poderá conseguir-se
mediante a instalação de tecto horizontal constituído eventualmente por painéis compostos de placas
de gesso cartonado formando um elemento duplo – sublinha-se a necessidade de assegurar
estanquidade perfeita, dada a afectação possível do gesso por águas pluviais. Existe a possibilidade
de recorrer a painéis compostos, já existentes no mercado, em que, entre as placas de gesso
cartonado, são aplicados elementos resilientes, contribuindo para aumentar a dissipação de energia,
logo melhorar o isolamento sonoro proporcionado [72].
Nos casos em que exista ventilação forçada, normalmente proporcionada pela instalação de
ventiladores de extracção instalados em cobertura, deverá proceder-se, em regra, à instalação
adequada de atenuadores sonoros não só para evitar a propagação, para o interior do edifício, do
ruído dos equipamentos e do ruído exterior em geral, como para obviar a que ocorra condução sonora
guiada pelo sistema de condutas, reduzindo o isolamento sonoro entre fogos distintos ou entre
compartimentos do mesmo fogo [72].
Deverá, ainda, na instalação dos ventiladores, colocarem-se apoios resilientes dimensionados, de
modo a reduzir a transmissão de vibrações à estrutura do edifício. Haverá, igualmente, que atenuar
eventuais propagações do ruído produzido pelos equipamentos em causa para edifícios vizinhos [72].

4.3.4 – Envidraçados / vãos exteriores


Os vãos exteriores devem proteger o edificio em relação a ruídos produzidos, fundamentalmente, no
exterior deste. Por outro lado verifica-se que as necessidades de isolamento acústico da caixilharia
exterior são determinadas pelas características dos ambientes exteriores ao edifício, nomeadamente
os ruídos produzidos pelo tráfego rodoviário, ferroviário ou com outras origens e que, de acordo com a
regulamentação em vigor se torna necessário proceder à prévia caracterização das condições
ambientais da envolvente do edifício.
Na reabilitação de edifícios pretende-se, muitas vezes e quando possível, manter as janelas antigas.
No entanto, regra geral, estas não correspondem às actuais exigências construtivas [75].
Verifica-se, geralmente, que o mau estado das janelas (devido, muitas vezes, à falta de manutenção)
contribui para o agravamento dos fracos índices de desempenho (janelas de vidro simples)
nomeadamente pela existência de frinchas e por deficiências no sistema de fecho. As soluções a
adoptar não são simples, uma vez que se pode correr facilmente o risco de desvirtuar a imagem que
se deseja conservar dos edifícios antigos. Pode, no entanto, recorrer-se à execução de uma segunda
janela, passando a constituir-se uma caixilharia dupla, devendo assegurar-se um espaço de ar entre as
janelas de pelo menos 100/150 mm, conforme o apresentado na Figura 31 [72].

43
Figura 31: O recurso a caixilharia de vidro, com corte térmico e fecho de pressão, bem como a sua
duplicação, são soluções de reforço de isolamento térmico e acústico das fachadas dos
edifícios [72].

Outra solução consiste no reforço do isolamento acústico das janelas existentes, mantendo-se a
solução de janela simples habitualmente utilizada. Este reforço pode ser conseguido através da
correcção das anomalias que afectam o desempenho da janela, nomeadamente a vedação de
frinchas, fixação de vidros, reparação dos sistemas de fecho. No entanto, estas medidas são
geralmente insuficientes, tornando-se ainda necessário proceder a outros ajustamentos, que podem ir
desde a substituição dos vidros existentes por vidros mais espessos, ou por vidros duplos, à criação de
sistemas de vedação, à base de cordões de borracha ou PVC, ou à substituição das janelas por
elementos novos, em que todas estas questões sejam acauteladas [72].
A escolha de uma janela eficiente do ponto de vista acústico, deve atender à atenuação acústica da
janela, a qual depende do tipo de janela (de abrir ou de correr), do tipo de vidro e do sistema de
ferragens e vedantes existentes no caixilho [80].
As caixas de estore, quando existem constituem factor de redução sensível do isolamento sonoro dos
vãos, a menos que sejam tomadas medidas especiais como por exemplo, a aplicação de revestimento
absorvente sonoro no interior da caixa de estore [72].
A consecução de bom isolamento sonoro implica, como foi assinalado, a realização de estanquidade
ao ar, pelo que o tratamento acústico das janelas tem de associar-se à instalação de dispositivos para
ventilação que assegurem o bom isolamento sonoro.
No que diz respeito ao comportamento acústico, de uma forma geral, é fundamental a melhoria do
desempenho da caixilharia exterior, enquanto, no interior, o reforço do isolamento a sons de condução
aérea em paredes com vãos depende do isolamento sonoro conferido pelas portas.
As portas, relativamente ao isolamento sonoro, deve acentuar-se que, haverá que proporcionar a
massa adequada (por vezes conseguida com recurso à integração de lâminas metálicas), bem como
amortecimento interno apropriado (integração de elementos resilientes) e uma vedação eficiente das

44
frinchas do contorno, o que, aliás, deverá ser organizado em conjugação com as medidas de protecção
contra a propagação de incêndio, quando a questão se coloque [72].
Encontram-se no mercado portas cujo isolamento sonoro varia desde cerca de 15 a 20 dB (portas de
folha de madeira maciça ou não, de espessura reduzida e sem fechamento das frinchas no contorno),
até cerca de 40 dB (folhas compostas, com vedação adequada das frinchas no contorno, equipadas de
sistemas de fecho que impeçam a existência de um atravessamento directo da folha da porta no local
de inserção da chave) [72].

4.3.5 - Redes prediais


As redes de abastecimento de água e de saneamento nestes edifícios geralmente causam vibrações e
ruídos incómodos que se transmitem através dos elementos de construção em que estão embebidos
[74].
A circulação da água a velocidade excessiva em redes de abastecimento de água, provocada pelas
reduzidas secções e/ou a elevadas pressões constitui fonte de vibrações, as quais se propagam
através da água e das tubagens.
As mudanças bruscas de diâmetro, bem como a existência de singularidades (acessórios de ligação
entre troços de tubagens) nas redes, são causadoras de turbulências no escoamento e fenómenos de
cavitação, com a consequente produção de ruídos, os quais podem ser atenuados pelo recurso a
soluções de percurso simples, utilização de acessórios que evitem variações bruscas e a adopção de
mudanças graduais de diâmetros [74].
Se não forem tomadas medidas de precaução, as vibrações em tubagens são transmitidas ao edifício,
tornando-se também em fonte de ruídos. Estes fenómenos podem ser atenuados através do recurso à
interposição entre as tubagens e os acessórios de fixação, entre os acessórios de fixação e o suporte,
ou entre a tubagem e os elementos atravessados por estas, de isolamentos com características
elásticas (por ex., cortiça, borracha, etc.).
A protecção acústica ideal é obtida através do isolamento acústico com o auxílio de mangas isoladoras
e de outros elementos resilientes [75]. No entanto, a possibilidade de intervenções deste tipo em redes
existentes é, evidentemente, muito limitada, principalmente devido à precariedade normal destas
redes, a qual aponta para a lógica da sua ampliação e substituição integral, não se justificando, técnica
e economicamente, a sua reparação [56].
As instalações elevatórias e/ou sobrepressoras, sempre que entram em funcionamento, transmitem
vibrações quer às canalizações quer ao edifício, com a consequente produção de ruídos. Estes efeitos
poderão ser atenuados através da implantação destes elementos o mais longe possível das zonas
habitadas, recorrendo à interposição de embasamentos isolados e fixações elásticas na sua ligação
com os elementos de suporte e à inserção de juntas elásticas nas ligações entre os elementos de
bombagem e as tubagens [74].
Também alguns aparelhos e dispositivos de utilização (como autoclismos e banheiras) são, não
raramente, fonte de produção de ruído, pelo que deverá optar-se pela instalação de equipamentos
certificados ou homologados.
Nas redes de saneamento, o deficiente dimensionamento dos tubos de queda, através da adopção de
taxas de ocupação inadequadas, poderá ocasionar a formação de tampões, os quais rebentam devido

45
às variações de pressões verificadas, dando origem a descargas ruidosas. A única forma de obviar à
eclosão destes fenómenos é proceder a um correcto dimensionamento, tendo em conta os limites
estabelecidos regulamentarmente para as taxas de ocupação, de molde a que o escoamento se
processe de forma anelar e garantindo a sua adequada ventilação [74].
O calibre dos sifões instalados não deverá ser superior ao dos respectivos ramais de descarga, uma
vez que, quando tal se verifica, ocorrem depressões no escoamento, que dão origem à produção de
ruídos [74].
A utilização de tubagens de materiais muito rígidos, de elevada rugosidade e traçados sinuosos
conduz à eclosão de ruídos de choque e ressonância. Assim, e como forma de obviar a estes
fenómenos, deverá recorrer-se à utilização de tubagens de materiais com características absorventes,
com paredes não muito finas e interiormente lisas [74].
Há também situações relativas ao condicionamento de equipamentos, nomeadamente bombas ou
grupos hidropressores, elevadores, e outros, visando o estabelecimento de níveis de avaliação
compatíveis com o disposto regulamentarmente e, deve ter-se em atenção ao som de impacto
(utilização de apoios resilientes para o corte de vibrações) e aos sons aéreos (instalação de
equipamentos com potência sonora compatível) [74].

4.4 – Discussão
Nos edifícios antigos, os problemas acústicos (sons aéreos e de percussão) colocam-se
fundamentalmente nos pavimentos entre pisos e, especialmente, se houver actividades comerciais no
piso térreo. Na envolvente exterior, os envidraçados e os vãos exteriores, de uma forma geral,
apresentam deficiências que diminuem o nível de conforto acústico no interior do imóvel.
O Regulamento dos Requisitos Acústicos dos Edifícios – RRAE, através do Decreto-Lei n.º 96/2008,
de 9 de Junho [79], regula as exigências acústicas aplicáveis. Como se demonstra abaixo, a legislação
portuguesa a este nível é particularmente exigente quando comparada com a de outros países, pelo
que se questiona se não será possível aligeirar o nível de exigência na reabilitação.
Nalguns países, como, por exemplo, o Brasil, as normas aplicáveis consideram diferentes níveis de
desempenho em função da qualidade que se pretende para o edifício.
De facto, a norma NBR 15575 [98], que entrou em vigor em 2012, critérios para os diferentes níveis de
desempenho. Assim, são considerados três níveis de desempenho, sendo “M” o nível mínimo; “I” o
nível intermédio; e “S” o nível superior. Com diferentes níveis de desempenho existirão também
diferentes níveis de preços e a concorrência funcionará com maior eficácia.
Com base num trabalho desenvolvido por Neto [99], foi possível comparar os níveis de desempenho
acústico exigidos em diferentes países. Conclui-se que, sendo o nível de exigência brasileiro o mais
permissivo, a variação entre os diferentes países é ainda significativa, como se mostra nas Figuras 32
e 33.
A Figura 32 apresenta valores de isolamento ao ruído aéreo em partição vertical entre unidades
habitacionais, requeridos em critérios internacionais, além dos critérios brasileiros e português
(DnT,w = 50 dB). Não se deve fazer uma comparação directa, quantitativa, pois há vários parâmetros
acústicos diferentes. Dessa forma, pode-se fazer uma comparação qualitativa entre os critérios dos

46
diversos países, apresentados na Figura 32. As barras com um tom mais escuro são os países que
utilizam o mesmo parâmetro que o Brasil, podendo ser feita uma comparação quantitativa [98].

70

60

50

40

30

20

10

0
USA - STC
Chile - R´A,w

USA - FSTC
Argentina - Rw

Suíça - DnT,w + C
França - DnTA = DnTw + C

Áustria - DnT,w
Polônia - R´w + C
Portugal - DnT,w

Letôni - R´w
Canadá - FSTC

Itália - R´w
Japão -R´r

Reino Unido - DnT,w + CTr

Rep. Tcheca - R´w


Holanda (Classe III) - DnTw + C

Eslováquia - R´w
Eslovênia - R´w
Estônia - R´w

Islândia - R´w
Holanda (Classe II) - DnTw + C

Noruega - R´w

Dinamarca - R´w

Hungria - R´w

Lituânia - Dn,Tw ou R´wL´n,w

Suécia - R´w + C50 - 3150


Austrália - Rw + Ctr

Filândia - R´w
Afica do Sul - DnT,w
Alemanha - R´w

Bélgica (conf. Superior) - DnT,w


Bélgica (conf. Normal) - DnT,w

Espanha - DnTA

Nova Zelândia - Rw
Nova Zelândia - DnT,w + CTr

Critérios Internacionais . Critério BR - Nível M Critério Português - 50 dB

Figura 32: Critérios nacionais, brasileiros e internacionais para isolamento de ruído aéreo em partições
verticais entre unidades habitacionais [99].

Assim, verifica-se que alguns países que usam o mesmo índice (D nT,w) e que têm um nível de
desenvolvimento socioeconómico eventualmente superior ao nosso exigem um valor mais elevado a
nível regulamentar para o isolamento a sons de ruído aéreo (DnT,w), nomeadamente os seguintes:

 Suíça (54 dB);


 Lituânia (55 dB);
 Nova Zelândia (55 dB);
 Holanda (52/57 dB);
 França (53 dB);
 Bélgica (58/62 dB).

Verifica-se que os critérios para o isolamento a ruídos aéreos numa série de países (30 sem Portugal),
conduzem ao valor médio:
47
DnT,w médio = 1547/ (30 países sem Portugal e sem repetições) = 51,6 dB;

Verifica-se ainda que:

 DnT,w,máx = 58 dB;
 DnT,w,méd = 51,6 dB;
 DnT,w,min = 45 dB.

Tendo-se:

 13 países estão acima da média;


 7 países estão na média;
 10 países + Portugal estão abaixo da média.

Constata-se que o valor do isolamento a ruído aéreo, DnT,w min = 45 dB, ocorre em países tais como:
África do Sul; Chile; USA; Espanha; Reino Unido.
Portanto, através desta análise pode-se concluir que a nossa legislação relativamente ao ruído aéreo
poderia e deveria ser mais permissiva, pois permitiria uma redução de custos do processo de
construção e especialmente no caso em apreço da reabilitação de edifícios antigos.
A Figura 33 refere as exigências nacionais e internacionais de isolamento a ruído de percussão. As
barras com um tom mais escuro são dos países que utilizam o mesmo parâmetro acústico que o Brasil,
podendo ser feita uma comparação quantitativa em relação ao ruído de percussão.
Verifica-se que o nível mínimo brasileiro de ruído de percussão é inferior ao de uma série de países.
A Figura 33 mostra que o valor médio do isolamento a ruído de percussão é:

L’nT,w (média dos 28 países) = 56,3 dB

Conclui-se ainda que:

 L’nT,w máx = 75 dB;


 L’nT,w mín = 45 dB.

Com a seguinte distribuição:

 Países acima da média (≤ 56,29 dB) – 14 + Portugal;


 Países na média – 1 (Suécia);
 Países abaixo da média – 13.

48
90

80

70

60

50

40

30

20

10

0
USA - IIC

Filândia - L´n,w
Afica do Sul

Noruega - L´n,w
Alemanha - L´n,w

Chile - L´n,w
Austrália - L´nT,W + CI

Espanha - L´nT,w

Lituânia - L´n,w
Letôni - L´n,w
Bélgica (conf. Normal) - L´nT,w

USA - FIIC

França - L´nT,w
Argentina

Eslováquia - L´n,w

Suíça - L´nT,w + CI
Canadá - FIIC (piso zero)

Japão - LIA,w

Polônia - L´n,w
Portugal - L´nT,w

Rep. Tcheca - L´n,w


Suécia - L´nT,w + CI 50-2500
Itália - L´n,w

Áustria - L´n,w
Holanda (Classe III) - L´nT,w + CI

Eslovênia - L´n,w
Estônia - L´n,w
Nova Zelândia - L´nT,w + CI

Dinamarca - L´n,w

Hungria - L´n,w
Islândia - L´n,w
Reino Unido - L´nT,w
Holanda (Classe II) - L´nT,w + CI
Bélgica (conf. Superior) - L´nT,w

Critérios Internacionais . Critério BR - Nível M Critério Português - 60 dB

Figura 33: Critérios nacionais, brasileiros e internacionais para o ruído de percussão (impacto) em
partições horizontais entre unidades habitacionais [99].

Verifica-se que há também alguns países desenvolvidos (ou em vias de desenvolvimento) que usam o
critério regulamentar português (L’nT,w) e são mais tolerantes relativamente a este limite regulamentar
(L’nT,w ≤ 60 dB), aceitando um valor superior, nomeadamente os seguintes:

 Chile (75 dB);


 Espanha (65 dB);
 Itália (63 dB);
 Reino Unido (62 dB);
 Austrália (62 dB).

Assim, também a regulamentação portuguesa do ruído de percussão poderia ser mais permissiva, em
particular na reabilitação de edifícios, permitindo baixar os custos da reabilitação.

49
50
5 – REABILITAÇÃO DE REDES HIDRÁULICAS PREDIAIS
5.1 – Introdução
Em edifícios antigos, de uma forma geral, as redes de distribuição de água e drenagem de águas
residuais têm de ser integralmente substituídas por terem atingido o limite da sua vida útil com o
consequente desgaste dos materiais, pois apresentam defeitos e anomalias diversas que impedem
que elas se mantenham em funcionamento após a reabilitação.
Apresentam-se em seguida as exigências aplicáveis nestas redes, bem como a regulamentação a
respeitar quer na fase de projecto quer na fase de execução. Serão discutidas algumas anomalias
correntes, bem como algumas técnicas de reabilitação comuns.

5.2 – Exigências aplicáveis e regulamentação


5.2.1 – Exigências aplicáveis
Os edifícios devem dispor de redes de distribuição de água e de drenagem de águas residuais de
modo a satisfazerem as exigências humanas de disponibilidade de água e de higiene, as quais se
enquadram nas exigências de habitabilidade e salubridade. Igualmente importantes são as exigências
de economia, no âmbito das quais se pretende:
 Limitação do custo global (custo inicial acrescido da manutenção e conservação);
 Quantidade, durabilidade, assegurando que todas as exigências de desempenho são
cumpridas durante o período de vida útil do edifício reabilitado [74].

5.2.2 - Regulamentação
A norma europeia aplicável no cálculo e instalação de redes prediais de distribuição de águas é a EN
806-3 [81]. O dimensionamento de redes prediais de drenagem de águas residuais é coberto pela EN
12056 [82].
No entanto, actualmente, em Portugal, o documento que define as regras de concepção das redes
prediais de distribuição de água e de drenagem de águas residuais é o Decreto Regulamentar 23/95,
de 23 de Agosto – Regulamento Geral dos Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição de Água e de
Drenagem de Águas Residuais (RGDAD) [16]. Além das exigências regulamentares, devem ser tidos
em conta no dimensionamento e instalação as condicionantes impostas pelas entidades distribuidoras,
como, por exemplo a EPAL [81].
As exigências de desempenho dos sistemas de abastecimento de água para combate a incêndios são
definidas no Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de Novembro [40] e, em particular, na Portaria nº
1532/2008, de 29 de Dezembro [25]. Devem, neste caso, ser ainda observados os documentos
técnicos disponibilizados pela Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) [41].
De uma forma geral, a regulamentação e as normas aplicáveis às redes prediais de distribuição de
água estabelecem critérios de desempenho baseados no conforto e aumento da durabilidade das
redes, nomeadamente através da limitação da velocidade de escoamento (0,50 a 2.00 m/s) e, por
outro lado, através do estabelecimento de valores mínimos de pressão disponível nos dispositivos de
utilização.
Relativamente às redes de drenagem de águas residuais, os regulamentos e as normas definem as

51
condições de manutenção do fecho hidríco em sifões e das tensões de arrastamento necessárias para
assegurar o transporte do material drenado.
Na reabilitação de redes prediais não é corrente a adopção de estratégias de projecto e instalação
diferentes das que habitualmente se seguem para as novas instalações, o que tende a encarecer as
intervenções.
Na secção seguinte, apresentam-se técnicas correntes de reabilitação e discutem-se possíveis
estratégias de redução de custos.

5.3 – Técnicas de reabilitação correntes


5.3.1 – Redes de distribuição de águas
Como se referiu anteriormente, as condições de durabilidade (idade das tubagens associada a
eventual falta de manutenção) das tubagens de redes existentes em edifícios antigos, aliada aos
traçados, por vezes pouco racionais em virtude da execução das redes num momento posterior ao da
execução dos edifícios, tornaram, na maioria dos casos , inevitável a substituição integral das redes
[62].
Nalguns casos, observa-se também que as redes existentes não satisfazem as actuais exigências
regulamentares e normativas [67].
Por vezes nos pisos mais elevados das edificações, surgem deficiências no abastecimento em termos
de pressão e de caudal, as quais estão geralmente associadas a uma incorrecta determinação nos
projectos originais das características de desempenho dos elementos elevatórios e/ou sobrepressores,
ou a uma alteração das condições iniciais do fornecimento por parte das entidades gestoras dos
sistemas públicos de abastecimento, ou ainda por deficiente ponderação dos consumos e das
características físicas do edifício por parte do projectista [74].
Assim, no âmbito do projecto de uma rede de distribuição de água num edifício a reabilitar, tal como
num edifício novo, deverão ser obtidos, junto das entidades gestoras, dados fiáveis relativos às
condições de pressão e caudal, bem como à garantia da manutenção desses valores ao longo do
tempo.
Na selecção dos materiais constituintes dos sistemas , deverão ser considerados, além dos factores de
ordem económica e das condições de aplicação, a composição química das águas a transportar e a
sua temperatura, tendo em conta os diferentes comportamentos de cada material [74].
Noutros casos, a substituição das redes é motivada pela utilização, nas redes originais, de chumbo, o
qual conduz à concentração de sais de chumbo na água muito superiores aos limites máximos
admissíveis para o consumo humano [67]. Em redes mais recentes, com tubagem em ferro, os
problemas mais vulgares referem-se à insuficiência dos calibres, por deficiência original ou perda da
secção, por acumulação de depósitos calcários ao longo do tempo, e às roturas por corrosão dos
tubos, o que aliás é expectável em redes que ultrapassaram a sua vida útil [56].
Note-se que a corrosão pode ter origem interna ou externa, dependendo das condições de exposição e
da qualidade do material, bem como da temperatura do fluido circulante, no caso da corrosão interna.
A identificação das patologias em redes hidráulicas existentes é agravada pelo facto das tubagens
estarem, na maioria das vezes, embutidas, e portanto não visíveis, pelo que nem sempre será possível
avaliar com clareza o seu estado de conservação nem identificar as anomalias existentes [67]. A

52
corrosão pode ainda resultar da incompatibilidade entre os materiais utilizados nas uniões [67].
Geralmente poderão usar-se tubagens em aço galvanizado, em PVC ou noutro material disponível no
mercado (multicamada, pex, inox, etc.), sendo importante chamar à atenção para a necessidade de
garantir a protecção térmica das tubagens de água quente, com o duplo objectivo de reduzir as perdas
de aquecimento e de evitar o aquecimento inadequado de elementos de construção, podendo ter como
consequência a deterioração de materiais de acabamento [56].
Na reabilitação deve explorar-se a possibilidade de recorrer a soluções que não impliquem o
embebimento das tubagens nas paredes e nos pavimentos, de modo a minimizar o custo e âmbito de
intervenção, com vantagens ao nível da manutenção futura das redes [56].
No caso de tubagens instaladas à vista, existe o risco de agressão física dos utentes através de
eventuais queimaduras por contacto com os tubos, pelo que poderá ser necessário colocá-las a uma
altura de difícil acesso ou protegê-las com material isolante térmico. A utilização de calhas é outra
opção [64].
Em tubagens à vista é essencial cumprir escrupulosamente as regras de identificação por cores em
função do fluido transportado, de modo a evitar erros de utilização e manutenção com consequências
negativas [56].
No Quadro 9 apresenta-se um resumo das principais causas e efeitos de anomalias correntes em
redes prediais de distribuição de água.

Quadro 9: Principais causas e efeitos das anomalias em instalações de distribuição de água [67].

ANOMALIAS CAUSA EFEITO

• Degradação de componentes do sistema • Impossibilidade de anulação do caudal de


de tubagem. escoamento.

• Deficiente execução de juntas • Variações de pressão acentuadas


• Corrosão dos elementos metálicos. acompanhadas de ruído.
PERDA DE ESTANQUIDADE
• Tubagem não embutida: exsudação nas
• Cedência de juntas como consequência
zonas afectadas ou derrames no
de movimentos diferenciais dos elementos
pavimento.
de construção ou variação do comprimento
• Tubagem embutida: manchas de
dos tubos associados a variações de
humidade persistentes: consumo de água
temperatura.
excessivo sem explicação.
• Redução do caudal de escoamento,
dependente da espessura do depósito e da
• Produção de depósito calcário, tanto
ACUMULAÇÃO DE secção da tubagem, bem como uma
maior quanto maiores a dureza e a
INCRUSTAÇÕES redução da pressão disponível.
temperatura da água.
• Inoperância da instalação (em casos
limites).

• Deficiências no abastecimento em termos


• Concepção e dimensionamento
MÁ CONCEPÇÃO DA de pressão e caudal.
incorrectos do sistema.
INSTALAÇÃO • Vibrações e produção de ruído.
• Cavitação.

5.3.2 Redes de drenagem de águas residuais


No âmbito do projecto de uma rede de drenagem de águas residuais (domésticas ou pluviais) num
edifício a reabilitar, tal como num edifício novo, deverão ser obtidos, junto das entidades gestoras,

53
dados fiáveis, no que se refere à drenagem de águas residuais: as dimensões dos colectores, bem
como as cotas destes e das câmaras de visita [74].
No inicio do século XX, foram criadas, em muitos edifícios, pequenas e rudimentares instalações
sanitárias em edifícios de épocas anteriores, com tubagens de esgoto à base de manilhas de grés
atravessando pavimentos e paredes com elementos de madeira, não contemplando as deformações
normais destas estruturas, a que os tubos de grés, com juntas argamassadas, não dão resposta total
[56]. Aos repasses inevitáveis sucede-se a deterioração dos elementos estruturais, novas
deformações, mais repasses e roturas das redes num círculo vicioso que tem constituído um autêntico
flagelo para os edifícios antigos [56].
Na Figura 34 pode observar-se um exemplo desta situação.

Figura 34: Exemplo de ligação com argamassa entre manilhas de grés.

Este tipo de anomalias podem decorrer, como se observou acima, de assentamentos diferenciais dos
elementos de construção, ou, por outro lado, de má execução das juntas ou cedência das mesmas.
A cedência nas juntas pode ainda ser causada pela introdução de tensões inadmissíveis nas tubagens
provocadas por variação das suas dimensões lineares associadas a variações de temperatura [67].
Outra causa de patologias em redes de drenagem de esgotos domésticos é o ataque químico devido à
natureza do material transportado. Este problema coloca-se com maior relevo em tubagens de ferro
galvanizado.
As tubagens termoplásticas são as mais correntes, mesmo em edifícios antigos, os quais já terão sido
intervencionados ao longo da sua vida útil. A estas tubagens estão, por vezes, associados fenómenos
de envelhecimento prematuro e de redução das suas características iniciais de resistência mecânica,
com a consequente eclosão de perdas de estanquidade, por inadequação do polímero que as constitui
para funcionar a determinadas temperaturas.
Também a inadequação entre a secção dos tubos de queda e o caudal a escoar, dando origem a taxas
de ocupação inadequadas, pode ocasionar a formação de tampões, os quais provocam, com o seu
rebentamento, variações de pressão causadoras de vibrações e de ruído [67]. Estas situações podem
resolver-se através da instalação de válvulas de ventilação.
54
Verifica-se com alguma frequência situações de entupimentos nos sistemas de drenagem de águas
residuais domésticas, as quais advêm geralmente, de uma inadequada utilização, consubstanciada
através do lançamento de substâncias regulamentarmente interditas para o seu interior (pensos
higiénicos, fraldas descartáveis, etc.), ou por deficiente concepção e/ou dimensionamento [74].
No Quadro 10 apressenta-se um resumo das principais causas e efeitos de anomalias correntes em
redes prediais de drenagem de águas residuais domésticas.

Quadro 10: Principais anomalias em instalações de drenagem de água residuais domésticas, causa e
efeito [67].

ANOMALIAS CAUSA EFEITO

• Deficiências nas juntas resultantes


• Tubagem não-embutida: exsudação nas zonas
do envelhecimento dos materiais
afectadas ou derrames no pavimento.
constituintes.
• Má execução das juntas.
PERDA DE
ESTANQUIDADE
• Corrosão e/ou ataque químico.
• Cedência das juntas provocadas por • Tubagem embutida: manchas de humidade
assentamentos diferenciais dos persistentes.
elementos de construção.

• Deficiência original do projecto da


rede retenção de efluentes sólidos e • Impossibilidade de descarga dos efluentes
gorduras (dependente da natureza do provenientes dos diversos equipamentos com
efluente). ligação ao esgoto.
• Rugosidade na superfície interna da
tubagem.
OBSTRUÇÃO

• Descargas acidentais de efluentes


• Refluxo de descarga através de ralos, sifões e
inapropriados.
outros equipamentos ligados à rede de esgoto.
• Problemas de sifonagem nos
aparelhos de descarga.

• Maus odores.
• Concepção e dimensionamento do
MÁ CONCEPÇÃO DA • Impossibilidade de descarga completa dos
sistema incorrectos.
INSTALAÇÃO efluentes nos aparelhos.
• Ressonância, vibrações e produção de ruído.

As redes de esgotos pluviais estão essencialmente relacionadas com a captação e condução da água
da chuva que se escoa pelas vertentes das coberturas. Em certos casos, esta rede não existe, já que a
drenagem da água que atinge a cobertura é feita directamente pelos beirados, sem qualquer captação.
Esta solução não é geralmente aconselhada, devido à degradação que provoca nos pavimentos
exteriores, e pela possibilidade de se facilitarem infiltrações de água, em quantidade excessiva, até às
fundações do edifício. Deve-se no entanto procurar privilegiar as soluções de tubagens à vista, apenas
de evitar nos casos de manifesto prejuízo arquitectónico; os materiais recomendados poderão ir desde
a reutilização das tubagens de zinco, de secção rectangular, até às tubagens de plástico (geralmente
PVC), passando pelas de ferro galvanizado, estas ou similares “obrigatórias” nas zonas de maior
exposição a acções mecânicas violentas, como são os primeiros metros acima dos passeios dos

55
arruamentos em edifícios urbanos [56]. Estas soluções geralmente são mais económicas e permitem
aumentar a área útil no interior dos edifícios, conforme se confirmará nos casos de estudo.
Um outro factor associado à deterioração deste tipo de tubagens, tem a ver com a sua incapacidade
para resistir à acção de degradação do material pelos raios solares (ultravioletas).
Tal como no caso dos sistemas de drenagem de águas residuais domésticas, as anomalias em
tubagens embutidas manifestam-se, através de manchas de humidade persistentes nos paramentos
dos elementos de construção próximos das zonas afectadas. No caso de tubagens instaladas à vista,
câmaras de inspecção e caixas de reunião, as anomalias manifesta-se através de exsudações nas
zonas afectadas por derrames no pavimento subjacente a essas zonas [67].
No Quadro 11 apresenta-se um resumo das principais causas e efeitos em instalações de drenagem
de águas pluviais.

Quadro 11: Principais causas em instalações de drenagem de águas pluviais: causa e efeitos [67].

ANOMALIAS CAUSA EFEITO

• Entupimentos.
• Deficiências nas juntas resultantes do
envelhecimento dos materiais • Tubagem não embutida: exsudação nas
constituintes. zonas afectadas ou derrames no pavimento
• Anomalias nas ligações entre caleiras (com maior Incidência nos períodos chuvosos).
e embocaduras, e entre estas últimas e
tubos de queda.
PERDA DE ESTANQUIDADE

• Corrosão e/ou ataque químico


cedência das juntas provocadas. • Tubagem embutida: manchas de humidade
• Por assentamentos diferenciais dos persistentes (com maior incidência nos
elementos de construção. períodos chuvosos).
• Choques acidentais e/ou vandalismo.

• Deficiência original do projecto da


• Impossibilidade de descarga da água das
rede.
caleiras.
• Ausência de limpeza e manutenção.
OBSTRUÇÃO

• Rugosidade na superfície interna da • Manchas de humidade nas áreas adjacentes


tubagem. aos tubos de queda.

MÁ CONCEPÇÃO DA • Concepção e dimensionamento do


• Ressonância, vibrações e produção de ruído.
INSTALAÇÃO sistema incorrectos.

Finalmente, tem-se observado um aumento da frequência de chuvas intensas, com consequente


redução dos períodos de retorno, pelo que é mais provável a insuficiência das redes existentes. Tal
deverá ser tido em conta no dimensionamento de redes substitutas.
No âmbito da reabilitação, as necessidades de melhorar a eficiência energética conduzem à instalação
de equipamentos produtores de águas quentes sanitárias (AQS) que devem ser convenientemente
seleccionados.

56
Existem vários sistemas disponíveis para a produção de AQS. Verifica-se, no entanto, que os
acumuladores éctricos apresentam um maior rendimento. Isto deve-se à forma como estes realizam o
aquecimento. A fonte de calor está em contacto com a água, diminuindo o desperdício energético na
transferência de calor. No entanto o consumo de energia eléctrica por estes aparelhos constitui uma
desvantagem pois a energia eléctrica é mais cara do que o gás natural e a quantidade de água
aquecida é mais limitada [57].
Os esquentadores e as caldeiras a gás geralmente têm bons rendimentos e o gás consumido por estes
aparelhos é mais barato do que a energia eléctrica. Além disso têm uma produção instantânea de água
quente que os torna mais interessantes do que os termoacumuladores, principalmente em situações de
consumo concentrado em determinados períodos do dia/semana/mês.
Os equipamentos de produção de AQS e de aquecimento central apresentam bons resultados ao nível
do rendimento, podendo ser favorável a capacidade para realizar o aquecimento central. No entanto
estes equipamentos são mais dispendiosos e como apresentam uma potência útil mais elevada,
podem provocar um maior custo energético.
Do ponto de vista económico a solução mais barata e mais eficiente consiste na associação de
equipamentos de produção de água quente sanitária, como por exemplo caldeiras a gás, acopladas a
fontes de energia renováveis, como por exemplo painéis solares, com dispositivo de utilização de
mistura automática (termostatos). Quando a radiação solar é insuficiente para produzir AQS à
temperatura desejada, entrará em funcionamento a caldeira. Este aparelho deve ser estudado no
sentido de apresentar um elevado rendimento (eficiência) [57].
Esta solução (painéis solares + caldeira a gás), associada a equipamento de ar condicionado tipo
bomba de calor pode permitir obter uma classe energética mais elevada [16].

5.4 – Discussão
As redes hidráulicas prediais, e em especial, as redes de águas e esgotos contam-se entre as
principais causadoras de patologias nos edifícios. Em prédios antigos, é frequente estas redes
apresentarem defeitos e anomalias tais que obriguem à sua substituição integral.
As redes de distribuição de água substitutas a instalar no âmbito da reabilitação, devem respeitar a
legislação em vigor, segundo a qual as secções das tubagens devem ser convenientemente
dimensionadas de maneira a que a velocidade do escoamento seja inferior a 2,00 m/s. No entanto, há
países onde a legislação é mais permissiva, permitindo velocidades de escoamento superiores, como
são os casos seguintes:
 Brasil (NBR 5626/98 [124]: Vmáx = 3,00 m/s);
 EUA (Vmáx = 3,00 a 3,50 m/s [129, 131]);
 Espanha (Vmáx = 3,50 m/s [113] em tubagens termoplásticas ou em multicamada);
 Reino Unido (BS 6700 [100]): Vmáx = 3,00 m/s (Vconforto = 2,50 m/s);
 União Europeia (EN 806-3 [81]): Vmáx = 2,00 m/s em geral e Vmáx = 4,00 m/s em ramais de
alimentação individuais;
 Austrália (AS/NZS 3520 [102])- Vmáx = 2,20 m/s;
 Nova Zelândia – Segue o valor da Austrália.

57
Com o aligeiramento desta exigência regulamentar, poderia ser possível reduzir os custos da
instalação com uma redução ligeira do nível de conforto. Esta estratégia será testada no âmbito dos
casos de estudo da presente dissertação.
Uma alternativa que poderá ser equivalente e tem também benefícios ambientais passa pela redução
de caudais de consumo através da instalação de redutores de caudal. Esta via tem sido explorada pela
ANQUIP [130] mas enfrenta também problemas com a legislação em vigor [16].
Sabe-se que, em Portugal, os autoclismos e chuveiros são responsáveis por 60% do consumo de água
nos edifícios [103]. De acordo com a ANQUIP [103], os respectivos gastos podem ser facilmente
reduzidos em cerca de 40%, em média, o que pode representar uma diminuição de 20% na factura da
água. A poupança no consumo de água dos edifícios representaria uma economia adicional de
energia, nomeadamente em captações, bombagens, transporte e tratamentos, e, no caso dos
chuveiros em poupança com aquecimento de água.
A poupança de água também pode ser conseguida através do aproveitamento de águas residuais,
especialmente das pluviais. Efectivamente, a reutilização deve estar sempre presente na reabilitação.
Com o objectivo de promover a poupança de água, a ANQUIP [103] propõe um sistema de rotulagem
dos edifícios com a indicação da sua eficiência hídrica, à semelhança do que já existe para a eficiência
energética.
De acordo com a ANQUIP [103], as medidas a implementar seriam de custo reduzido e com períodos
de retorno do investimento relativamente curtos.
Outra via para a redução dos custos de instalação de redes de distribuição de água e, neste caso,
também de redes de drenagem passa pela opção por tubagens à vista, o que depende, obviamente,
da ausência de impedimentos arquitectónicos. Esta solução tem a vantagem adicional de facilitar a
inspecção e manutenção. Também este tipo de solução será testada nos casos de estudo.

58
6 – REABILITAÇÃO NO ÂMBITO DA SEGURANÇA CONTRA OS
RISCOS DE INCÊNDIO
6.1 – Introdução
Grande parte dos edifícios antigos existentes, em particular aqueles com mais de três pisos, não são
compatíveis com as actuais exigências de segurança contra riscos de incêndio preconizados na
legislação e normas em vigor. Consequentemente, nos projectos de reabilitação surgem dificuldades
acrescidas na verificação e satisfação dos requisitos regulamentares e normativos.
Nas secções seguintes serão discutidas as principais dificuldades correntemente encontradas em
processos de reabilitação. Apresentam-se também as principais normas, regulamentos e as exigências
regulamentares aplicáveis.

6.2 – Exigências aplicáveis e regulamentação


6.2.1 – Exigências aplicáveis
As exigências da segurança contra os riscos de incêndio em edifícios visam, fundamentalmente, a
salvaguarda de vidas humanas, devendo as construções, em caso de ocorrência de sinistro, garantir a
segurança pessoal dos utentes (com limitada probabilidade de risco) [56].
A filosofia de segurança ao fogo engloba várias vertentes de mitigação do risco, nomeadamente do
risco de ocorrência de sinistros, do risco associado à detecção e alarme, do risco associado às
condições de evacuação dos edifícios, e do risco associado à acessibilidade ao local e à
disponibilidade de meios de combate ao fogo. Assim, a regulamentação e normas em vigor definem
um conjunto de exigências nestas vertentes, as quais podem ser mais ou menos generosas em função
da categoria de risco do edifício e do tipo de utilização deste.

6.2.2 - Regulamentação
A publicação do Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de Novembro (SCIE) [40], isto é, o Regime Jurídico
da Segurança Contra Incêndio em Edificio (RJ – SCIE), veio sanar os problemas de dispersão da
legislação e concretizar a filosofia de abordagem que defendia a criação de um regulamento com
um “tronco comum”, com prejuízo da criação de regulamentos avulsos para cada tipo de utilização
dos edifícios e recintos.
No enquadramento da publicação do RJ – SCIE [40] foi ainda publicada a Portaria n.º 1532/2008, de
29 de Dezembro [25], que estabelece o Regulamento Técnico de Segurança Contra Incêndio em
Edifícios (RT - SCIE) [25], bem como demais regulamentação menos relevante no âmbito da presente
dissertação [92, 24, 93 a 96, 40 e 41].
O Decreto - Lei n.º 220/2008 [40] e a Portaria nº 1532/2008 [25] apresentam um conjunto amplo de
exigências técnicas aplicáveis à segurança contra incêndio, no que se refere à concepção geral da
arquitectura dos edifícios e recintos a construir, alterar ou ampliar, às disposições sobre construção, às
instalações técnicas e aos sistemas e equipamentos de segurança. Prevê ainda as necessárias
medidas de autoprotecção e de organização de segurança contra incêndio, aplicáveis quer em
edifícios existentes, quer em novos edifícios a construir. Por fim estabelece um regime sancionatório
para o incumprimento das regras de segurança consagradas.

59
O RSCIE [24] classifica os edifícios em função do tipo de utilização definindo 12 utilizações-tipo (UT I a
UT XII).
Para cada utilização são definidos um conjunto de factores de risco, como a altura do edifício, o
número de pisos abaixo do plano de referência (em geral o piso 0), o efectivo (número de ocupantes),
o tipo de ocupantes ou a carga de incêndio, que permite avaliar a categoria de risco da utilização-tipo
numa escala de 1 a 4, sendo a 4ª categoria de risco a que corresponde ao risco mais elevado [24]. São
ainda definidos locais de risco classificados numa escala de A (baixo risco) a F (risco elevado) [24].
As diferentes exigências de disponibilidade de espaço, acessibilidade, condições de detecção e
alarme, e de condições de compartimentação e combate ao fogo são definidos em função da categoria
de risco.
No caso da compartimentação ao fogo definem-se classes de resistência ao fogo dos elementos de
construção, de acordo com as Directivas Europeias 2000/367/CE [89] e 2003/629/CE [90].
A resistência ao fogo é um indicador do comportamento face ao fogo dos elementos de construção, em
termos da manutenção das funções que devem desempenhar em caso de incêndio. A resistência ao
fogo padrão avalia-se pelo tempo que decorre desde o início de um processo térmico normalizado a
que o elemento é submetido, até ao momento em que ele deixa de satisfazer determinadas exigências
relacionadas com as referidas funções [62].
Também se definem classes de reacção ao fogo dos materiais de revestimento, protecção ou de
elementos como condutas, com base nas Directivas Europeias 2000/147/CE [89] e 2003/632/CE [88].
No que se refere aos meios de combate aos incêndios, definem-se três níveis de intervenção:
automática (sem necessidade de intervenção humana); 1ª intervenção (pelos ocupantes ou equipas de
segurança / manutenção do edifício); 2ª intervenção (pelos bombeiros).

6.3 – Técnicas de prevenção e de reabilitação


Os problemas de segurança ao fogo em edifícios antigos relacionam-se com:
 Elevada probabilidade de deflagração de incêndio devido aos materiais de construção;
 Relativa facilidade de desenvolvimento e propagação do incêndio em virtude da ausência de
medidas passivas e activas de compartimentação do fogo;
 Dificuldade de evacuação do edifício em virtude da ausência de meios de detecção e alarme,
bem como da insuficiência de espaço ou mesmo da ausência de mecanismos de
desenfumagem;
 Dificuldade de combate ao incêndio em virtude da ausência de meios de combate ao fogo [41,
67, 97].
Em seguida desenvolve-se cada um dos aspectos acima:
Em geral nos edifícios antigos com estruturas em madeira é difícil garantir a resistência ao fogo, pois a
madeira é um material combustível. Assim, o que importa é, em primeiro lugar, garantir-se que se pode
atrasar, durante um determinado período de tempo, o início da combustão da madeira e, depois, saber
determinar qual o tempo durante o qual pode prosseguir essa combustão sem que as estruturas
colapsem.
As instalações eléctricas são as principais responsáveis pela ocorrência de incêndios em edifícios

60
antigos. De uma forma geral são redes eléctricas executadas há muitos anos, geralmente sem
projectos e percorridas por correntes muito superiores àquelas para as quais foram preparadas. Devido
a esta situação, há uma degradação do revestimento, que pode conduzir a focos de incêndio.
As instalações de gás também podem originar incêndios graves ou agravá-los, normalmente por falta
de conservação e manutenção da instalação, ou devido à colocação de botijas de gás no interior das
edificações em espaços mal ventilados pode originar explosões em caso de incêndio.
A instalação de determinada utilização-tipo, como oficinas ou restaurantes, as quais apresentam um
risco agravado de incêndio, nem sempre foi efectuado de acordo com a legislação vigente, existindo
assim desconformidades a resolver no âmbito da reabilitação.
A propagação de um incêndio no próprio edifício pode verificar-se entre pisos, ou seja, segundo a
vertical, ou num mesmo piso, ou seja segundo a horizontal.
Em muitos casos verifica-se que a resistência ao fogo dos elementos interiores de compartimentação é
insuficiente para evitar a generalização do incêndio desde o local de origem aos locais que lhe são
adjacentes. Esta insuficiência pode ocorrer em pavimentos, paredes, portas ou outros vãos interiores,
introduzindo assim dificuldades acrescidas quanto à limitação da propagação do incêndio [67]. A
caixilharia e os elementos de cerramento dos vãos, executados frequentemente em madeira, podem
também introduzir dificuldades adicionais, em especial quando se verifica uma grande proximidade
entre edifícios fronteiros, o que facilita a propagação do incêndio por radiação.
Quanto ao risco de propagação do incêndio pelo exterior, de um dado piso para o superior através das
janelas (sobretudo quando estas são altas e de sacada), a possibilidade de intervenção é reduzida. De
facto, neste caso, por razões de preservação da imagem dos edifícios e da imagem urbana, não é
conveniente reduzir a altura das janelas nem introduzir elementos que possam dificultar a propagação
do incêndio [67].
No que se refere à propagação do incêndio através dos pavimentos, é possível actuar de forma a
melhorar significativamente o respectivo desempenho, mesmo que continuem a utilizar pavimentos em
madeira. A forma de melhorar a capacidade de desempenho dos pavimentos pode passar pela sua
substituição integral por novos pavimentos ou pela aplicação nos pavimentos existentes de produtos
ignífugos, conforme se ilustra nas Figuras 35 a 37 [56], ou de produtos intumescentes, os quais
apresentam, em geral, melhor desempenho do que os produtos ignífugos [55, 56].

Figura 35: Protecção de estrutura com verniz ignífugo [56].

61
Figura 36: Protecção contra o fogo com vernizes e tintas intumescentes; o ripado do tecto é protegido
com uma camada contínua de linhadas de gesso [56].

Figura 37: Protecção integral de estrutura e tecto (trabalho não concluído) com revestimento com
linhadas de gesso [56].

No caso dos elementos metálicos, podem considerar-se quatro tipos de soluções de reforço da
resistência ao fogo: encamisamento maciço, encamisamento oco, revestimentos aplicados por
projecção e pinturas intumescentes. No primeiro caso, o elemento metálico, viga ou pilar, é totalmente
envolvido por material que faz a protecção contra o fogo. O material mais comum é o betão. Desde que
se garanta a aderência com a colocação de uma armadura fixa ao elemento metálico, bem como
recobrimentos mínimos não inferiores a 25 mm, garante-se uma boa protecção dos elementos
metálicos ao fogo. Para além do betão existem outros materiais como, por exemplo, o gesso, a argila,
a vermiculite e a perlite [64]. O gesso possui no estado seco cerca de 20% de água na sua
composição, facto que é da maior importância numa situação de incêndio, pois exige uma considerável
energia para transformar as moléculas de gesso em sulfato de cálcio e vaporizar a água que faz parte
da sua constituição.
Deve assinalar-se, como vantagem inequívoca deste tipo de soluções, a sua facilidade, associada ao

62
uso de um material corrente e bem conhecido. Como principais desvantagens, regista-se o facto de se
tratar de um trabalho pouco limpo e em que se perde a forma e a aparência das estruturas metálicas.
O encamisamento oco consiste em envolver totalmente o perfil metálico, com uma casca de um
material de protecção contra o fogo, deixando vazio o espaço limitado entre esta casca e o perfil
metálico. As soluções mais simples e vulgares baseiam-se na aplicação de massas de gesso em
placas ou sobre redes de material distendido. Salienta-se ainda o uso da vermiculite e de espumas de
silicatos de cálcio, entre outros produtos menos usuais [56].
As pinturas intumescentes (Figura 38) aumentam de volume por efeito do calor incrementado dessa
forma o efeito protector (estanquidade aos fumos, isolamento térmico e protecção por barreira não
combustível).

Figura 38: Protecção de lajes e vigas de aço com argamassas intumescentes (elementos que ficarão
ocultos por tectos falsos) [56].

Outra situação para evitar a propagação do fogo entre pisos pode passar pela aplicação de um
revestimento pelo lado inferior e de uma betonilha adicional pelo lado superior. Esta via permite
alcançar resistências significativas ao fogo quer pelo lado superior quer pelo lado inferior [67, 75].
No caso de os tectos existentes não apresentarem estuques trabalhados, madeira pintada, talha de
madeira, etc., pode efectuar-se o aumento da resistência ao fogo de pavimentos de madeira com a
aplicação de: gesso com armaduras de metal distendido fixa às vigas; com gesso e vermiculite com
armadura de metal distendido fixa às vigas; com placas de gesso de espessuras diversas fixa às vigas;
com placas à base de silicato de cálcio fixas às vigas, cobertas superiormente com manta de lã
mineral, entre outras soluções que conduzam a um aumento da resistência ao fogo dos pavimentos em
madeira [56]. Um novo tecto falso executado com painéis aramados rebocados pode reduzir a
exposição das vigas ao fogo pelo lado inferior [75].
Nos casos em que é necessário preservar os tectos, impõe-se o aproveitamento do espaço entre os
revestimentos de piso e de tecto, na altura correspondente à altura das vigas de madeira. Os materiais
usados para este efeito são espumas leves, preparadas no próprio local da colocação e podem ser,
por exemplo, baseadas em inertes leves de perlite. O material é colocado directamente no espaço
disponível entre os revestimentos, removendo-se para essa operação algumas tábuas de solho que
são recolocadas posteriormente [56].

63
Em pavimentos de madeira com vigas à vista, solução que, por vezes, interessa manter, é possível
recorrer à aplicação de materiais intumescentes, isto é, materiais que perante um aumento acentuado
de temperatura associado ao desenvolvimento de um incêndio, intumescem, ou seja, expandem-se,
aparentando o aspecto de uma espuma; com materiais deste tipo, é possível realizar camadas de
protecção com espessuras totais inferiores a 1 mm, o que permite manter a aparência da madeira,
resultando, por intumescência, uma camada de 50 a 75 mm de espessura [56].
É necessário, contudo, ter muito cuidado com a compatibilidade entre os produtos de preservação
biológica, de protecção contra o fogo e de protecção contra o envelhecimento e acabamento [56].
A generalidade das paredes exteriores e meeiras dos edifícios antigos não necessitam de intervenção
correctora quanto à sua resistência ao fogo, embora possam oferecer reservas alguns tabiques com
estrutura em madeira.
A limitação da propagação do fogo através de paredes divisórias e vãos, desde o compartimento onde
o incêndio teve origem até outros adjacentes, passa pela melhoria da resistência ao fogo dos
elementos de compartimentação e ligação entre os espaços [67].
Relativamente às paredes divisórias, é possível obter uma melhoria, por exemplo, através da aplicação
de forros e placas de gesso cartonado ignífugo.
As portas, nomeadamente as que estabelecem a ligação entre habitações e espaços comuns, e
aquelas que desempenham funções especiais no enclausuramento de caixas de escada, ou as que
estão inseridas em espaços de risco acrescido (caso de espaços comerciais, locais de armazenagem e
outros semelhantes), devem ter uma adequada qualificação da resistência ao fogo [67] e certificação
[56].
No que se refere às paredes exteriores tradicionais e coberturas , deve dar-se particular atenção aos
vãos abertos entre fachadas próximas e a ligação entre coberturas de fracções ou edifícios
geminados, por forma a evitar a propagação do incêndio.
É recomendável que as paredes de empena sejam prolongadas de 1 m, pelo menos, acima do ponto
de ligação com a cobertura, desde que fiquem arquitectonicamente bem enquadradas [56].
Uma outra forma de ultrapassar as insuficiências que os edifícios apresentam pode consistir na
introdução de meios activos de segurança ao incêndio [64].
Finalmente, nas medidas gerais destinadas a evitar ou reduzir a propagação do incêndio, incluem-se
também as simples medidas de manutenção do edifício, por exemplo as relativas a limpeza periódica
das coberturas e dos sótãos.
Na generalidade das situações, os caminhos de evacuação não estão convenientemente protegidos,
podendo facilmente ser invadidos pelo fumo e pelos gases. Verifica-se também, com alguma
frequência, que as escadas têm inclinações muito acentuadas e larguras reduzidas, o que dificulta a
sua utilização [67].
As medidas destinadas a facilitar a evaquação em caso de incêndio nem sempre são de fácil aplicação
em edifícios antigos, sobretudo nos de menor dimensão, passando, muitas vezes, pela aplicação de
sistemas de desenfumagem, pela introdução de escadas de emergência [56, 62, 67].
A ventilação/desenfumagem de escadas ou recintos em pátios interiores dentro ou entre edifícios pode
também ser um factor de retardamento de um aumento de temperatura e alastramento de um incêndio.
No que diz respeito à instalação da iluminação de emergência, verifica-se frequentemente a sua

64
inexistência, o que pode comprometer a evacuação do edifício. Numa intervenção de reabilitação,
deve-se providenciar para que os edifícios sejam equipados com este tipo de iluminação [9]. Devem
igualmente instalar-se sistemas automáticos de detecção e alarme, de forma a reduzir o período de
tempo que medeia entre o inicio do incêndio e a evacuação do edifício [67].
Finalmente, a dificuldade de combate ao incêndio resulta, não só da dificuldade de acesso, já referida
anteriormente, mas também da ausência de meios de combate adequados, como extintores, mantas
ignífugas, carretéis, ou outros meios de combate com água.
Por vezes, é também necessário adequar a distância de um hidrante aos edifícios a intervencionar, de
forma a garantir a efectiva possibilidade de o hidrante poder ser utilizado operacionalmente pelos
bombeiros no terreno de acesso ou próximo dele [56].

6.4 – Discussão
Os edifícios antigos que estamos a estudar na presente dissertação geralmente têm grande parte dos
seus elementos estruturais em madeira, pelo que o risco de incêndio é superior. A exiguidade de
espaço e a ausência de meios activos de detecção e alarme, bem como de meios de combate ao fogo
contribuem também para o aumento do risco associado.
A utilização de produtos que reforcem a resistência ao fogo dos elementos estruturais, bem como a
introdução de meios activos de detecção, alarme, protecção e combate são medidas correntes de
correcção no âmbito da reabilitação. Uma vez que nem sempre é possível adaptar o edifício às actuais
exigências de disponibilidade de espaço para evacuação e acesso dos bombeiros, as medidas activas
de combate como, por exemplo, as redes de combate a incêndios com água assumem particular
importância, na medida em que constituem medidas compensatórias de insuficiências do edifício que
são inultrapassáveis face à actual regulamentação.

65
66
7 – CASOS DE ESTUDO
7.1 - Introdução
Na presente dissertação serão estudados dois edifícios de habitação com o objectivo de testar o
desempenho de soluções de reabilitação e analisar o seu custo de implementação. Ambos os “casos
de estudo” estão localizados em Lisboa.
O edifício 1 localiza-se na zona da Lapa, em Lisboa. No total, o edifício possui três pisos superiores,
uma cave e um anexo.
O edifício 2 localiza-se na mesma zona da cidade de Lisboa. No total, o edifício possui 5 pisos
elevados.

Figura 39: Casos de estudo 1 e 2. Fachadas principais.

O edificio 1 foi objecto de reabilitação, embora parcial atendendo a que há duas fracções ocupadas
neste imóvel, pelo que será estudado com maior profundidade.
O edificio 2 será praticamente todo reconstruído, pelo que o seu estudo, no âmbito da presente
dissertação, será mais aligeirado.
Um dos objectivos da dissertação é avaliar o potencial aligeiramento das exigências regulamentares no
âmbito das diversas especialidades de engenharia civil em intervenções de reabilitação. Considera-se
que o caso de estudo 1 permite ilustrar o modo de avaliação deste potencial para aplicação numa
amostra mais larga de edifícios. O caso de estudo 2, por corresponder a uma intervenção de
reconstrução praticamente integral, não permite este tipo de análise, até porque se considera que,
nestes casos, não há justificação para qualquer aligeiramento regulamentar. Assim, este caso de
estudo 2 surge na presente dissertação com o objectivo de comparar os custos esperados nestas
situações com os custos de intervenções de reabilitação, no sentido de demonstrar, com um exemplo,
as vantagens potenciais da reabilitação sobre a reconstrução.
Nas secções seguintes é efectuada uma descrição detalhada dos edificios em estudo e são discutidas
soluções de intervenção nas diferentes especialidades de engenharia civil abordadas anteriormente.

7.2 – Caso de estudo 1


7.2.1 – Descrição detalhada
O edifício 1 localiza-se em Lisboa, na zona da Lapa, a 10 Km da costa marítima, a uma altitude de 58
metros, com a fachada principal orientada a Nordeste. Este edifício é composto por quatro fracções
autónomas de habitação correspondentes ao 1º direito (duplex que inclui toda a área de sótão-

67
Fracção autónoma E), 1º andar esquerdo, R/C esquerdo, R/C direito, e piso -1 (Fracção autónoma A 1)
com acesso através do logradouro, onde se localiza um anexo (Fracção autónoma A 2), (altitude de
54,5 m) com uma área técnica e um quarto com uma instalação sanitária de apoio. No total, o edifício
possui três pisos superiores, uma cave e um anexo, conforme se pode constatar nas plantas das
Figuras 40 a 43.

Figura 40 : Edifício 1- Piso 01 (Cave – Fracção autónoma A1; Anexo – Fracção autónoma A2).

Figura 41 : Edifício 1- Piso 0.

68
Figura 42 : Edifício 1- Piso 1.

Figura 43: Edifício 1 – Piso 2 – Sótão.

No piso 0 não haverá qualquer intervenção uma vez que as duas fracções do R/C estão ocupadas.
Nos pisos 1 e no sótão será criado um duplex (Fracção autónoma E). A fracção esquerda do piso 1
não será intervencionada por estar ocupada.

7.2.2 – Análise do desempenho térmico


A abordagem a efectuar tem por base a legislação anterior, D.L. n.º 80/2006, de 4 de Abril, isto é, o
Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) [60], tendo em

69
consideração que os projectos destes edifícios foram feitos com base nessa legislação e não de
acordo com o D.L. n.º 118/2013 (REH), de 20 de Agosto [26], que, como referido anteriormente,
substituiu o anterior e que entrou em vigor a 01 de Dezembro de 2013.
A classificação do desempenho energético dos edifícios é avaliada, de acordo com o SCE [26], através
da comparação das necessidades totais de energia primária (combustíveis fósseis), N tc, em
2
kgep/m .ano, com um valor de referência Nt.
A comparação é efectuada através do quociente R = Ntc/Nt (1), conduzindo às classificações indicadas
- +
no Quadro 12, das quais apenas a classificações B , B, A e A são admissíveis para edifícios
intervencionados.

Quadro 12: Classes energéticas [55].

Com base no projecto de condicionamento térmico do edifício, obtiveram-se as seguintes


classificações de desempenho energético:

 Fracção A 1: Ntc / Nt = 3,58 / 5,10 = 0,55 – Classe energética: B


 Fracção A 2: Ntc / Nt = 7,39 / 10,14 = 0,73 – Classe energética: B

 Fracção E: Ntc / Nt = 3,64 / 4,80 = 0,76 – Classe energética: B

De acordo com o RCCTE [60], no projecto térmico define-se a constituição das paredes, pavimentos,
pontes térmicas, etc., de modo a melhorar o conforto térmico e a eficiência energética nos edifícios.
Para o conforto térmico estar de acordo com o estabelecido no RCCTE [60] deve ter-se o seguinte:

Nic ≤ Ni ; Nvc ≤ Nv ; Nac ≤ Na ; Ntc ≤ Nt

No Quadro 13 apresentam-se as necessidades nominais de energia útil para aquecimento (N ic),


2
arrefecimento (Nvc) e aquecimento de águas sanitárias (Nac), em kwh/m .ano, as quais se comparam,
2
para cada fracção autónoma, com os valores de referência regulamentares Ni, Nv e Na (kwh/m .ano).
No Quadro 13 apresentam-se também as áreas úteis de pavimento de cada fracção autónoma e a taxa
de renovação do ar estimada.

Quadro 13: Desempenho energético do edifício 1.

Taxa Nic Ni Nvc Nv Nac Na Ntc Nt


Fracção Ap
Ren. (kWh/m2. (kWh/m2. (kWh/m2. (kWh/m2. (kWh/m2. (kWh/m2. (kgep/m2. (kgep/m2.
Autónoma (m2)
(RPH) ano) ano) ano) ano) ano) ano) ano) ano)
A1 73,39 0,85 26,76 51,51 10,58 32,00 7,95 32,23 3,18 5,10
A2 35,18 0,95 79,67 85,91 27,66 32,00 16,59 67,23 7,39 10,14
E 120,49 0,95 48,57 59,38 12,74 32,00 7,27 29,44 3,64 4,80

70
As declarações de conformidade regulamentar apresentadas juntamente com o projecto de
desempenho energético (Anexo II), as quais constituem ”pré-certificados” energéticos, definem as
seguintes propostas de melhoria do desempenho energético e da qualidade do ar, com vista à
+
melhoria da classe de desempenho de B para A :
 Instalação de sistema de ar condicionado (bomba de calor) para o aquecimento ambiente;
 Substituição do termoacumulador eléctrico padrão considerado por uma caldeira mural com
pelo menos 100 mm de isolamento térmico e eficiência padrão de 0,87.
No presente caso de estudo serão, contudo, estudadas diferentes alternativas, nomeadamente ao nível
das intervenções na envolvente, as quais podem mesmo considerar ligeiros aligeiramentos das
exigências regulamentares, as quais são, inclusivamente, já previstas na actual regulamentação de
desempenho térmico e energético (REH) para os edifícios existentes.

7.2.2.1 - Fracção A 1 (Piso -1)


Assim, considera-se, na fracção A1 (Piso -1), uma primeira intervenção sobre a parede exterior
indicada no projecto como PE.1 (Figura 44), a qual se localiza na fachada Sudoeste, voltada para o
2
logradouro, com uma área total de 17,98 m .
Esta é a solução adoptada no projecto para o tratamento térmico de uma parede de alvenaria ordinária
com 72,00 cm de espessura rebocada em ambas as faces.

Figura 44: Parede PE.1 de alvenaria simples ordinária de pedra de calcário e argamassa de cal e
areia.

O coeficiente de transmissão térmica é dado por:

2 o
U=1/(Rse+Rsi+Rj) ou U= 1/ (1/he+1/hi+Rj) [W/m C], (2)

em que:

2 0
Rse - Resistência térmica superficial exterior [m C/W];

2 0
Rsi - Resistência térmica superficial interior [m C/W];

2 0
Rj - Resistência térmica da camada j [m C/W].

71
Assim, resulta:

Uproj. = 1/(0,04 + 0,03/1,30 + 0,41 + 0,03/0,037 + 0,18 + 0,013/0,25 + 0,13)


20 2 0
= 0,61 W/m C < (Umáx = 1,80 W/m C).

Com a implementação desta solução, mantendo as restantes soluções de projecto, obtiveram-se os


indicadores Nic e Nvc constantes do Quadro 13.
Com o objectivo de avaliar a efectiva necessidade de um coeficiente de transmissão térmica tão
reduzido, testa-se, em seguida, uma solução oposta, com intervenção praticamente nula na parede
existente (Figura 45).

Figura 45: Parede exterior PE.1 a) em alvenaria simples ordinária de pedra de calcário e argamassa
de cal e areia.

Obtém-se um coeficiente de transmissão térmica admissível do ponto de vista regulamentar:

2 0 2 0
U = 1/(0,04+0,03/1.30+0,41+0,015/1.30+0,005/0,43+0,13) = 1,60 W/m C < (Umáx = 1,80 W/m C).

Ao nível dos indicadores de desempenho energético registam-se as seguintes alterações face ao


Quadro 13:

Nic = 33,27 kwh/m .ano (Variação = + 24,30%); Nvc = 11,12 Kwh/m .ano (= + 5,10 %) Ntc = 3,38
2 2

kgep/m2.ano (= + 6,30%);

Conclui-se assim que esta solução PE.1.a) conduz a uma situação que continua a ser regulamentar
em termos energéticos, mantendo-se a classe energética B para o desempenho energético da fracção.
O projecto prevê também uma intervenção ao nível da parte interior designada por PI.1, Figura
2
46, a qual apresenta uma área de 6,25 m e se encontra parcialmente enterrada contactando com a
rampa de acesso ao piso -1.

72
Figura 46: Parede interior PI.1 em alvenaria simples ordinária de pedra de calcário e argamassa de
cal e areia.

O coeficiente de transmissão térmica do projecto é:

Uproj. = 1/(0,13 + 0,01/0,43+0,02/1,30+0,24+0,03/0,037+0,18+0,27+0,02/1,30+0,01/0,43+0,13)


2 20
= 0,58 W/m ºC < (Umáx = 2,00 W/m C).

Uma vez que a parede está parcialmente enterrada, deve manter-se a caixa-de-ar para fazer face a
problemas originados por humidades na superfície interior da parede. Pode, no entanto, testar-se a
remoção do isolamento térmico com placas de poliestireno extrudido (XPS) e a substituição do tijolo de
30x20x11 cm por tijolo 30x20x7 cm. Esta opção permite uma redução de custos e permite também
2
obter um ganho de área significativo (9x4x0,05 = 1,80 m ) tendo em conta a área útil disponível.

Figura 47: Parede interior PI.1.a) em alvenaria simples ordinária de pedra de calcário e argamassa de
cal e areia.

Com esta opção PI.1.a) o coeficiente de transmissão térmica resultante é:

73
U = 1/ (0,1+0,01/0,43+0,02/1,30+0,24+0,18+0,19+0,02/1,30+0,01/0,43+0,13)
2 0 2 0
= 1,06 W/m C < (Umáx = 2,00 W/m C).

O efeito isolado da solução PI.1.a) (ou seja, ignorando a introdução da solução PE.1.a no projecto),
traduz-se nas seguintes alterações nos indicadores de desempenho:

2 2
Nic = 27,12 kwh/m .ano (= +1,30%); Ntc = 3,19 kwh/m .ano (= +0,30%).

Conclui-se que, comparando com a situação de projecto, a solução continua a ser regulamentar
mantendo-se a classe energética B para o desempenho da fracção.

Analisando agora o efeito combinado das soluções PE.1.a) e PI.1.a), obtém-se:

2 2 2
Nic = 33,74 kwh/m .ano (= +26,10%); Nvc = 11,12 kwh/m .ano (= +5,10%); Ntc = 3,39 kgep/m .ano
(= +6,60%).

Mais uma vez, a fracção continua regulamentar, e mantendo-se a classe energética B.


No projecto, prevê-se também a intervenção descrita na Figura 48 para parede interior PI.2, com uma
2
área de 2,05 m , localizada nas empenas, em contacto com o edifício adjacente a Sudeste, em
contacto com a rampa de acesso ao piso -1 (zona do nicho a Noroeste).

Figura 48: Parede interior PI.2 em alvenaria simples ordinária de pedra de calcário e argamassa de cal
e areia.

O coeficiente de transmissão térmica da solução de projecto é:

Uproj.= 1/(0,13+0,013/0,25+0,18+0,03/0,037+0,17+0,02/1,30+0,01/0,43+0,13)
2 0 20
= 0,66 W/m C < (Umáx = 2,00 W/m C).

Seguindo uma abordagem semelhante à adoptada com a solução PE.1.a), testa-se também a
substituição do revestimento por um dos lados da parede em alvenaria ordinária por reboco e estuque,

74
retirando o isolamento térmico (XPS), caixa-de-ar e gesso cartonado no revestimento final, de acordo
com a Figura 49.

Figura 49: Parede PI.2.a) em alvenaria simples ordinária de pedra de calcário e argamassa de cal
e areia.

Obtém-se :

2 0 2 0
U = 1/[(0,13+0,01/0,43+0,02/1.30)x2+0,17] = 1,97 W/m C < (Umáx = 2,00 W/m C ).

Conclui-se que a solução é ainda admissível em termos regulamentares, apesar de se encontrar


próxima do limite de aplicabilidade. O efeito isolado desta alteração ao projecto conduz aos seguintes
resultados:

2 2
Nic = 27,06 kwh/m .ano ( = +1,10%); Ntc = 3,19 kwh/m .ano (= +0,30%);

Mais uma vez, em virtude da reduzida área da parede, continuam a satisfazer-se as exigências
regulamentares em termos energéticos e mantém-se a classe energética B da fracção.
O efeito combinado das soluções PE.1.a, PI.1.a e PI.2.a conduz aos seguintes indicadores de
desempenho energético:

2 2 2
Nic = 34,04 kwh/m .ano ( = +27,20%); Nvc = 11,12 kwh/m .ano (= +5,10 %) e Ntc = 3,40 kgep/m .ano
(= +6,90 %).

Apesar dos aumentos das necessidades energéticas, a fracção autónoma continua a cumprir as
exigências regulamentares, mantendo a classe energética B.
No projecto prevê-se uma intervenção significativa, motivada por exigências de desempenho acústico,
no pavimento de separação entre o piso -1 e o vestíbulo da entrada do piso 0, a qual se descreve na
Figura 50. Com esta intervenção a espessura original do pavimento (142 mm) sofre um acréscimo de
107 mm para 249 mm. Considera-se que os tectos são forrados inferiormente por lâmina de madeira,
uma vez que esta era uma exigência do projecto de arquitectura.

75

Figura 50: Pavimento – PAVI.1 – Solução de projecto.

O coeficiente de transmissão térmica correspondente é obtido por média ponderada dos coeficientes
de transmissão térmica das diferentes zonas de pavimento (zona corrente e barrotes):


20
U1 = 0,31 w/m C (zona corrente de pavimento, fluxo ascendente);

20
U1 = 0,30 w/m C (zona corrente de pavimento, fluxo descendente);

20
U2 = 0,61 w/m C (zona de barrote, fluxo ascendente);

20
U2 = 0,56 w/m C (zona de barrote, fluxo descendente);

Os valores médios são então:


20
Umédio = 0,38 w/m C (fluxo ascendente);

20
Umédio = 0,37 w/m C (fluxo descendente);

2 0 2 0
Conclui-se que Uprojecto = 0,38 w/m C < (Umáx = 1,65 w/m C), pelo que a solução é regulamentar.
Com o objectivo de reduzir o custo da intervenção, testa-se uma solução PAVI.1.b), conforme
descrição da Figura 51. Com esta solução o aumento de espessura face à solução existente é de
apenas 15 mm.

Figura 51: Pavimento – PAVI.1.b).

Com a solução PAVI.1.b) obtém-se os seguintes coeficientes de transmissão térmica parciais:


20
U1 = 0,30 w/m C (zona corrente de pavimento, fluxo ascendente);

20
U1 = 0,29 w/m C (zona corrente de pavimento, fluxo descendente);

20
U2 = 0,74 w/m C (zona do barrote, fluxo ascendente);

20
U2 = 0,67 w/m C (zona do barrote, fluxo descendente);

Os valores médios dos coeficientes de transmissão térmica são:



20
Umédio = 0,43 w/m C (fluxo ascendente);

76

20
Umédio = 0,38 w/m C (fluxo descendente);

Observa-se que o desempenho térmico do pavimento se mantém praticamente inalterado face à


solução de projecto.
Finalmente, testa-se também uma solução alternativa PAVI.1.c) conforme descrição da Figura 52. Com
esta solução, o aumento de espessura face à solução de projecto é de 49 mm.

Figura 52: Pavimento – PAVI.1.c).

Obtêm-se, neste caso, os seguintes coeficientes de transmissão térmica:


20
U1 = 0,25 w/m C (zona corrente de pavimento, fluxo ascendente);

20
U1 = 0,24 w/m C (zona corrente de pavimento, fluxo descendente);

02
U2 = 0,50 w/m C (zona de barrote, fluxo ascendente);

20
U2 = 0,47 w/m C (zona de barrote, fluxo descendente);

Os valores médios dos coeficientes de transmissão térmica são:


20
Umédio = 0,31 w/m C (fluxo ascendente);

20
Umédio = 0,29 w/m C (fluxo descendente);

Esta solução é mais isolante do que a solução de projecto, onde se consideram apenas 10 cm de
isolamento entre os barrotes (a introdução de chapa em madeira entre os barrotes deixa apenas 10 cm
livres). A esta solução PAVI.1.c) tem 12 cm de lã de rocha, o que conduz a uma melhoria no
isolamento térmico. Portanto, em termos térmicos esta solução é preferível em relação à solução de
projecto.
No Quadro 14 apresentam-se os indicadores de desempenho energético obtidos com a aplicação das
soluções de pavimento PAVI.1, PAVI.1.b) e PAVI.1.c).

Quadro 14: Comparação entre as necessidades energéticas das diferentes soluções de pavimento
PAVI.1 (projecto e alternativas) e as necessidades regulamentares (referência).

Indicador de desempenho Projecto PAVI.1 Solução PAVI.1.b) Solução PAVI.1.c) Referência

Nic (kwh/m2.ano) 26,76 26,77 26,76 51,51


2
Ntc (kwh/m .ano) 3,18 3,18 3,18 5,10

77
Conclui-se que todas as soluções são regulamentares e não alteram o desempenho energético global
da fracção.
De acordo com o projecto de condicionamento térmico, os vãos envidraçados ENVE.1, os quais
2
ocupam uma área de 5,04 m com orientação solar a Sudoeste, são constituídos por caixilharia de
madeira pintada a cor branca sem quadrícula, com vidro duplo tipo SGG CLIMAPLUS ACOUSTIC
2
PLANILUX incolor 10+12+4, com Uw = 2,80 W/m ºC e factor solar g┴v = 0,67. O sistema de protecção
solar é conferido por portadas interiores de madeira de cor branca (com factor solar g’┴ = 0,35) com
permeabilidade ao ar baixa. O coeficiente de transmissão térmica do envidraçado, incluindo o efeito da
20
protecção solar, é Uwdn = 2,20 W/m C. O factor solar máximo admissível é gmáx = 0,56.
Existem diversas alternativas para os envidraçados que satisfazem esta exigência regulamentar
(gmv┴ = 0,56), as quais se listam no Quadro 15, juntamente com os respectivos indicadores de
desempenho:
Quadro 15: Envidraçados com g┴ ≤ 0,56.

TIPO DE VIDRO ESPESSURA (mm) g┴v Uw (w/m2 0C) Uwdn (w/m2 0C)

SIMPLES 6 0,82 5,70 3,63

SIMPLES 8 0,79 5,60 3,59

SIMPLES 10 0,76 5,60 3,59

DUPLO 6+8+4 0,71 3,10 2,37

DUPLO 6+8+6 0,68 3,00 2,31

DUPLO 6+10+4 0,71 2,90 2,25

DUPLO 6+10+6 0,68 2,90 2,25

DUPLO 8+10+4 0,68 2,90 2,25

DUPLO 8+10+6 0,66 2,90 2,25

DUPLO 10+10+4 0,65 2,90 2,25

DUPLO 10+10+6 0,63 2,90 2,25

DUPLO 10+12+4 0,65 2,90 2,25

O cálculo do coeficiente de transmissão térmica do envidraçado, Uwdn, foi efectuado, considerando uma
20
resistência térmica da portada Rportada = 0,10 m C/w, através da expressão:

1 1 20
U= 1 = 1 (w/m C) (3)
+𝑅𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎𝑑𝑎 +0,10
𝑈𝑤 𝑈𝑤

O Quadro 15 que com as soluções de vidro duplo com caixa-de-ar com espessura superior ou igual a
2 0
10 mm, obtem-se um valor constante do coeficiente de transmissão térmica (Uwdn = 2,25 w/m C) e
uma variação de apenas 6,5% em torno do valor médio do factor solar do vidro (g ┴v,m = 0,67).
Mesmo para as restantes soluções de vidro duplo, com caixa-de-ar com 8 mm de espessura, a
variação do coeficiente de transmissão térmica e do factor solar do vidro é reduzida. Assim, opta-se
por concentrar o estudo da alternativa nas soluções mais baratas de vidro simples. No Quadro 16
apresentam-se os indicadores de desempenho energético da fracção obtidos com a substituição do

78
envidraçado de projecto, ENVE.1, pelas alternativas ENVE.1.a (6 mm), ENVE.1.b (8 mm) e ENVE.1.c
(10 mm).

Quadro 16: Efeito, isolado, da aplicação das soluções alternativas de envidraçado no desempenho
energético da fracção.

ENVIDRAÇADO Nic (kwh/m2.ano) Nvc (kwh/m2.ano) Ntc (kgep/m2.ano)

ENVE.1 26,76 10,58 3,18

ENVE.1.a 28,79 (= +7,6%) 10,94 (= +3,4%) 3,25 (= +2,2%)
ENVE.1.b 28,84 (= +7,8%) 10,79 (= +2,0%) 3,25 (= +2,2%)
ENVE.1.c 27,97 (= +8,3%) 10,62 (= +3,8%) 3,25 (= +2,2%)

Conclui-se que, em todos os casos, as soluções alternativas permitem manter a classe B de


desempenho energético da fracção. Conclui-se também que os efeitos nos indicadores de
desempenho são muito semelhantes para todas as soluções de vidro duplo, pelo que se opta por
considerar o estudo do efeito combinado das soluções PE.1.a), PI.1.a) e PI.2.a) com a solução de
envidraçado mais barata, ENVE.1.a, obtendo-se:

2 2 2
Nic = 36,08 kwh/m .ano (= +34,80%); Nvc = 11,48 kwh/m .ano (= +8,50%) e Ntc = 3,46 kgep/m .ano
(= +8,80%).

Conclui-se que, apesar das variações significativas nos indicadores de desempenho energético, em
particular no que se refere às necessidades de energia para aquecimento ambiente, a classe
energética permanece inalterada (Ntc/Nt = 3,46/5,10 = 0,68). Observa-se também que os valores de
referência Ni, Nv e Nt (ver Quadro 13) não são excedidos, pelo que as soluções testadas são
admissíveis quando aplicadas em conjunto.
Note-se, no entanto, que, numa análise a longo prazo, a poupança conseguida na instalação dos
2 2
envidraçados ENVE.1.a (custo de 12,00 €/m ) face aos envidraçados de projecto (custo de 25 €/m )
pode ser anulada pelo aumento dos custos energéticos. O que aqui se demonstra é que o aumento
dos custos energéticos é relativamente baixo.

7.2.2.2 – Fracção E (Duplex – pisos 1/2)


De acordo com a “Declaração de Conformidade Regulamentar” desta fracção autónoma (Anexo II),
obtiveram-se, em projecto, os indicadores de desempenho energético indicados no Quadro 17.

Quadro 17: Valores de cálculo e de referência dos indicadores de desempenho energético da fracção
autónoma E.

Valores de cálculo Valores de referência Unidades

Nic = 48,57 Ni = 59,38 kwh/m2.ano


Nvc = 12,74 Nv = 32,00 kwh/m2.ano

Ntc = 3,64 Nt = 4,80 Kgep/m2.ano

79
-
Uma vez que Ntc/Nt = 3,64/4,80 = 0,76, a fracção encontra-se na classe de desempenho energético B .
Nesta fracção, a solução de parede exterior PE.1 (Figura 44) localiza-se na fachada Nordeste do piso 1
2
ocupando uma área de 4,50 m . Considerando a alternativa PE.1.a) descrita na Figura 47 aplicada
isoladamente, obtêm-se as seguintes variações de desempenho energético da fracção:

Nic = 49,60 kwh/m .ano (= +2,1%); Nvc = 12,80 kwh/m .ano (= +0,50%) e Ntc = 3,67 kgep/m .ano
2 2 2

(= +0,80%).

Conclui-se que esta solução satisfaz as exigências regulamentares em termos energéticos e permite
-
manter a classe energética que é B .
Esta fracção apresenta também uma solução de parede exterior, designada no projecto como PE.3
2 2 2
(Figura 53), com uma área de 5,72 m , sendo 3,17 m com orientação Nordeste e 2,55 m com
orientação Sudoeste, sempre sob os vãos envidraçados. A parede apresenta uma espessura total de
25,30 cm.

Figura 53: Parede PE.3 em alvenaria simples ordinária de tijolo maciço ou perfurado.

O coeficiente de transmissão térmica desta parede é:

Uproj = 1/(0,13+0,013/0,25+0,15+0,03/0,037+0,24+0,02/1,30+0,04)
2 20
= 0,70 W/m ºC < (Umáx = 1,80 W/m C).

Conclui-se que a solução de projecto satisfaz as exigências regulamentares. Com o objectivo de


simplificar a intervenção de reabilitação e minimizar custos, testa-se uma solução alternativa, PE.3.a) a
qual é constituída como indicado na Figura 54, com uma espessura total de 22,00 cm.

Figura 54: Parede PE.3.a) em alvenaria simples ordinária de tijolo maciço ou perfurado.

80
O coeficiente de transmissão térmica correspondente é:

20 20
UPE.3.a)=1/(0,13+0,005/0,43+0,015/1,30+0,24+0,02/1,30+0,04)=2,23 W/m C > (Umáx=1,80 W/m C).

Esta solução não satisfaz as exigências regulamentares, pelo que não é possível simplificar tanto o
nível de intervenção. Assim, testa-se uma solução alternativa, PE.3.b), a qual, conforme se mostra na
Figura 55, apresenta uma espessura total de 26,30 cm.

Figura 55: Parede PE.3.b) em alvenaria simples ordinária de tijolo maciço ou perfurado com forra.

Neste caso, obtém-se:

20 20
UPE.3 b) = 1/(0,13+0,008/0,43+0,035/1,30+0,10+0,24+0,04) = 1,80 W/m C ≈ (Umáx = 1,80 W/m C).

Conclui-se que esta solução permite cumprir os requisitos mínimos de qualidade térmica no limite.
No Quadro 18 apresentam-se indicadores de desempenho energético da fracção para as diferentes
soluções estudadas.

Quadro 18: Comparação entre as necessidades energéticas das diferentes soluções (projecto e
alternativas) e as necessidades regulamentares (referência).

Indicador de desempenho PE.1+PE.3 PE.1+PE.3.a) PE.1+PE.3.b) PE.1.a)+PE.3.a) PE.1.a)+PE.3.b) Referência

Nic(kwh/m2.ano) 48,57 50,60 50,05 51,64 51,10(=5,1%) Ni = 59,38

Nvc(kwh/m2.ano) 12,24 12,89 12,84 12,95 12,91(=1,3%) Nv = 32,00

Ntc(kgep/m2.ano) 3,64 3,70 3,68 3,73 3,71(=2,0%) Nt = 4,80


- - - - -
Classe B B B B B -

Os resutados do Quadro 18 permitem concluir que:


 Apesar de a PE.3.a) não ser regulamentar (UPE.3.a) > Umáx), satisfaz as exigências de consumo
energético e permite manter a classe de desempenho energético de projecto.
 Apesar de a solução PE.3.b) apresentar coeficiente de transmissão térmica elevado (UPE.3.b) =
20
Umáx = 1,80 w/m C), as exigências de consumo energético global são cumpridas.
 A combinação das alternativas PE.1.a) e PE.3.b), além de ser regulamentar e mais barata,
introduz apenas ligeiros acréscimos de consumo energético.

81
O projecto de condicionamento térmico considera ainda a parede exterior PE.4 (Figura 56), com uma
2
área de 5,88 m , e que se localiza na fachada Sudoeste, voltada para o logradouro, e, na fachada
Nordeste do piso 1. Esta parede tem uma espessura total de 47,30 cm.

Figura 56: Parede PE.4 em alvenaria simples ordinária de pedra de calcário e argamassa de
cal e areia.

O coeficiente de transmissão térmica correspondente é:

20 20
Uproj=1/(0,13+0,013/0,25+0,15+0,030/0,037+0,24+0,02/1,30+0,04)=0,70W/m C<(Umáx=1,80W/m C ).

Mais uma vez, com o objectivo de simplificar a intervenção de reabilitação e reduzir custos, testa-se
uma solução alternativa PE.4.a), com 44,00 cm de espessura total, conforme se ilustra na Figura 57.

Figura 57: Parede PE.4.a) em alvenaria simples ordinária de pedra de calcário e argamassa de
cal e areia.

Obtém-se:
20 20
UPE.4.a) = 1/(0,13+0,005/0,43+0,035/1,30+0,24+0,04) = 2,23 W/m C > (Umáx = 1,80 W/m C).

Tal como ocorreu com a alternativa PE.3.a), também a solução PE.4.a) se mostra incapaz de
satisfazer os requisitos mínimos de qualidade térmica. Assim, opta-se, novamente, pela aplicação de
uma forra com 4 cm de espessura numa solução alternativa PE.4.b) (Figura 58), aumentando a
espessura total para 48,30 cm.

82
Apesar do aumento de 1 cm de espessura face à solução de projecto, elimina-se a estrutura de
suporte do gesso cartonado , conseguindo-se alguma redução de custos.

Figura 58: Parede PE.4.b) em alvenaria simples ordinária de pedra de calcário e argamassa de cal e
areia.

O coeficiente de transmissão térmica resultante é:

20 20
UPE.4b) = 1/ (1/2,23+0,003/0,43+0,10) = 1,80 W/m C ≈ (Umax = 1,80 W/m C).

Tal como ocorreu com a solução PE.3.b), a forra cerâmica permite satisfazer os requisitos mínimos de
qualidade térmica.
No Quadro 19 apresentam-se os efeitos isolados e combinados destas soluções alternativas no
desempenho energético global da fracção autónoma.

Quadro 19: Comparação entre as necessidades energéticas das diferentes soluções (projecto e
alternativa) e as necessidades regulamentares (referência).

Indicador de PE.1+ PE.1+ PE.1+ PE.1.a)+ PE.1.a)+ PE.1.a)+ PE.1.a)+ Referência


desempenho PE.3+ PE.3+ PE.3+ PE.3.a)+ PE.3.b)+ PE.3.b)+ PE.3.b)+
PE.4 PE.4.a) PE.4.b) PE.4.a) PE.4.b) PE.4.a) PE.4.b)
Nic(kw/m2.ano) 48,57 50,66 50,10 57,73 53,17 53,19 52,63(=8,4%) Ni = 59,38

13,04(=2,4%)
2
Nvc(kw/m .ano) 12,74 12,91 12,86 13,13 13,08 13,09 Nv = 32,00

3,76(=3,3%)
2
Ntc(kgep/m .ano) 3,64 3,70 3,68 3,79 3,78 3,78 Nt = 4,80

Classe B- B- B- B- B- B- B- -

O Quadro 19 permite concluir que:


 Em nenhum caso se excedem os limites de consumo energético, mesmo quando estão
envolvidas as soluções alternativas PE.3.a) e PE.4.a), as quais não cumprem os requisitos
mínimos de qualidade térmica.
 Em todos os casos, a classe de desempenho energético mantém-se inalterada face à situação
de projecto.
 A combinação das alternativas PE.1.a), PE.3.b) e PE.4.b), além de ser regulamentar e
mais barata do que a solução de projecto, introduz apenas ligeiros acréscimos dos
consumos energéticos, com maior relevo no período de Inverno.

83
O duplex criado nos pisos 1 e sótão obriga ao aumento da altura total do edifício, pelo que as paredes
exteriores/cobertura do sótão/mansarda têm de ser executadas de raiz. Neste caso, tratando-se de
uma solução nova, não se encontram motivos para testar o aligeiramento das exigências
regulamentares, pelo que se mantém a solução de projecto conforme está descrita nas declarações de
20 2
conformidade regulamentar (Anexo II), com U = 0,34 w/m C e uma área total de 52,10 m .
2
Finalmente, a fracção inclui também a solução de parede interior PI.2 (Figura 48), com 84,33 m de
área, a qual contacta com o edificio adjacente.
Tal como se efectuou na fracção A1, testa-se novamente a solução alternativa PI.2.a) descrita na
Figura 49.
No Quadro 20 apresentam-se os efeitos isolados e combinados nos indicadores de consumo
energético que resulta da introdução desta alternativa.

Quadro 20: Comparação entre as necessidades energéticas das diferentes soluções (projecto e
alternativas) e as necessidades regulamentares (referência).

Indicador de PE.1+ PE.1+ PE.1.a)+ PE.1.a)+ PE.1.a)+ PE.1.a)+ Referência


desempenho PE.3+ PE.3+ PE.3.a)+ PE.3.a)+ PE.3.b)+ PE.3.b)+
PE.4+ PE.4+ PE.4.a)+ PE.4.b)+ PE.4.a)+ PE.4.b)+
PI.2 PI.2.a) PI.2.a) PI.2.a) PI.2.a) PI.2.a)
64,60 69,81 69,25 69,26 68,70
Nic(kw/m2.ano) 48,57 Ni = 59,38
(+8,8%) (+17,6%) (+16,6%) (+16,6%) (+15,7%)
Nvc(kw/m2.ano) 12,74 12,74 13,13 13,08 13,09 13,04 Nv = 32,00
Ntc(kgep/m2.ano) 3,64 4,10 4,26 4,24 4,24 4,23 Nt = 4,80
- - - - - -
Classe B B B B B B -

O Quadro 20 mostra que nenhuma das combinações envolvendo a solução alternativa PI.2.a) satisfaz
o limite de consumo para aquecimento.
No entanto o valor máximo das necessidades nominais de energia útil para aquecimento (N ic) não
excede os limites energéticos das necessidades nominais de energia útil para aquecimento máximas
(Ni) em mais de 17,60%, o que, de acordo com as actuais exigências do REH [26], seria aceitável uma
vez que este regulamento permite exceder os valores de referência em cerca de 25% para edifícios
existentes.
O projecto de condicionamento térmico considera ainda uma solução de parede interior, PI.3 (Figura
2
59), em contacto com a escada comum, com uma área de 9,82 m e uma espessura total de 26,00 cm.

Figura 59: Parede interior PI.3 constituída por alvenaria dupla de tijolo cerâmico furado.

84
Considerando uma alternativa PI.3.a) em alvenaria simples (Figura 60) com apenas 15,00 cm de
espessura e coeficiente de transmissão térmico:

20 20
UPI.3.a) = 1/(0,13+2x0,005/0,43+2x0,015x1,30+0,27+0,13) = 1,69 w/m C < (Umáx = 2,00w/m C).

Figura 60: Parede PI.3.a) em alvenaria de tijolo de 30x20x11 [cm].

Esta alternativa permite cumprir os requisitos mínimos de qualidade térmica, no entanto, como se verá
adiante, não permite satisfazer as exigências de conforto acústico.
Assim, considera-se uma alternativa PI.3.b), também em alvenaria simples, com 19,00 cm de
espessura (Figura 61).

Figura 61: Parede PI.3.b) de tijolo 30x20x15 [cm].

O coeficiente de transmissão térmica obtido é:

20 20
UPI.3.b) = 1/(0,13+2x0,005/0,43+2x0,015/1,30+0,39+0,13) = 1,44 w/m C < (Umáx = 2,00 w/m C).

O efeito de uma alternativa deste tipo, com esta área, no desempenho energético global da fracção
autónoma é pouco significativo (inferior a 5%).
Tal como na fracção A1, o projecto de condicionamento térmico considera também o pavimento
2
PAVI.1, com uma área de 5,30 m , entre as escadas comuns e a fracção. Considerando as alternativas
PAVI.1.b) e PAVI.1.c) anteriormente descritos (Figuras 51 e 52, respectivamente), obtêm-se os efeitos
no desempenho energético global da fracção indicados no Quadro 21.

85
Quadro 21: Comparação entre as necessidades energéticas das diferentes soluções (projecto e
alternativas) e as necessidades regulamentares (referência).

Indicador de
PAVI.1 PAVI.1.b) PAVI.1.c) Referência
desempenho
Nic (kw/m2.ano) 48,56 48,61 48,49 (Δ= - 0,15 %) Ni = 51,51
2
Nvc(kw/m .ano) 12,74 12,74 12,74 Nv = 32,00
2
Ntc(kgep/m .ano) 7,27 7,27 7,27 Nc = 5,10

A solução PAVI.1.c) é menos condutora do calor do que a solução de projecto, o que tem, como
consequência, uma melhoria, mas muito ligeira, do desempenho energético face à solução de projecto
em virtude da sua reduzida área.
No caso desta fracção autónoma, cujos vãos envidraçados estão orientados para a rua principal,
surgem preocupações de conforto acústico que, como se verá adiante, condicionam a escolha da
solução. Assim, considera-se adequada a solução de projecto para os envidraçados ENVE.3,
20
constituídos por caixilharia de madeira com vidro duplo 10+12+4 (Uw = 2,80 w/m C e g┴v = 0,67) com
2 0
portadas exteriores em madeira branca (g’┴ = 0,03), as quais permitem obter U wdn = 2,20 w/m Ce
g┴ = 0,03, satisfazendo as exigências regulamentares.

7.2.3 – Análise do desempenho acústico


O edifício em estudo localiza-se numa zona que, para efeitos de verificação regulamentar, se admite
corresponder a uma zona mista relativamente às actividades ruidosas, no âmbito do RGR [78].
Com objectivos semelhantes aos considerados na análise do desempenho térmico, estudam-se, em
seguida, soluções alternativas para os diferentes elementos da envolvente do edifício. Avalia-se, em
cada caso, o índice de isolamento sonoro esperado e comparam-se os custos de aplicação das
diferentes soluções.
Os elementos de fachada de um edifício existente apresentam, normalmente, massa elevada, pelo que
não são problemáticos do ponto de vista acústico. Como se viu na secção anterior, é isto que ocorre
com as soluções PE.1, PE.3 e PE.4. Em todos estes casos, o desempenho acústico é condicionado
pelos envidraçados. As soluções de envidraçado considerados no projecto (ENVE.1 e ENVE.3) e as
alternativas indicadas no Quadro 16 apresentam sempre índice de redução sonora, R, superior ou
igual a 29 dB [125], isto é, têm um REnv ≥ 29 dB. Assim, qualquer das soluções consideradas cumpre
as exigências regulamentares, pelo que se consideram satisfeitas as exigências de conforto acústico
[125].
Assim, resta analisar as soluções de parede interior (PI.3) e pavimentos (PAVI.1) em contacto com as
zonas comuns e, no caso dos pavimentos, também com outras fracções.
Conforme se descreve na Figura 59, a parede interior PI.3 considerada no projecto de
condicionamento térmico é constituída por alvenaria dupla de tijolo cerâmico furado com uma caixa-de-
ar livre com espessura d0 = 1 cm, apresentando o pano interior (tijolo de 11 cm e revestimentos) uma
2
massa m1 = 129,2 kg/m e o pano exterior (tijolo de 7 cm e revestimentos) uma massa m 2 = 73,40
2
kg/m .
Desta forma, considerando o método de cálculo do isolamento a ruído aéreo da EN 12354-1 [128],
obtem-se uma frequência de corte:

86
1 1 1 1 1 1
f0 = 60 √ ( + ) = 60 √0,01 (129,2 + 73,4) = 87,70 Hz (4)
d0 m1 m2

Uma vez que a frequência de corte é relativamente baixa, obtém-se um acréscimo de redução sonora
Rw = 32- R1,w/2, onde R1,w (dB) é a redução sonora do pano interior a, qual é dada,, conforme a EN
12354-1 [128], por:
R1,w = 37,5log m1 - 42 = 37,5log 129,2 – 42 = 37 dB (5)
O índice de redução sonora é então Rw = R1,w + Rw = 37/2 + 32 = 51 dB
Considerando o efeito da transmissão marginal de forma simplificada, obtém-se um índice de redução
sonora aparente:
R’w = 51-4 = 47 dB
Finalmente, a verificação regulamentar faz-se com base na diferença padronizada de níveis sonoros
estimada in situ, a qual é dada por:

DnT,w = R’w+10log (0,32V/S), (6)

3 2
Onde V = 34,02 m é o volume do local receptor e S = 9,82 m é a área da parede. Assim, obtém-se
DnT,w = 48 dB, satisfazendo-se, no limite, a exigência do artº 5º.1.c) do RRAE [76], segundo a qual as
divisórias para zonas comuns dos edifícios devem apresentar D nT,w ≥ 48 dB se não existirem
elevadores ou DnT,w ≥ 40 dB se estes existirem.
No entanto, a presença da porta de entrada da fracção afecta significativamente o desempenho
acústico da parede PI.3, pelo que no projecto acústico foi necessário considerar uma porta acústica
com Rw,porta = 45 dB e, simultaneamente, foi necessário melhorar a eficiência da caixa-de-ar da parede
dupla, o que foi conseguido substituindo-se o material isolante térmico (polietileno extrudido XPS com
3 cm de espessura) por lã de rocha. Desta forma, a frequência de corte passa, de acordo com a EN
12354-1 [128], a:

0,111 1 1 0,111 1 1
f1,2 = 160 √ ( + ) = 160 √ ( + ) = 38,96 Hz (7)
d0 m1 m2 0,04 129,2 73,4

pelo que a melhoria de isolamento sonoro conferido resultante é Rw = 35 – R1,w /2, ou seja, há uma
melhoria efectiva do isolamento sonoro da parede de 3 dB para Rw = 54 dB.
2 2
Assim, o desempenho global de parede, com S = 9,82 – 1,68 m = 8,14 m e a porta com Sporta = 1,68
2
m , é dado por:

S+Sporta 9,82
Rw = 10 log ( −Rw⁄ −Rw,porta ⁄ ) = 10 log ( −54⁄ −45 ⁄ ) = 51 dB (8)
S∗10 10 +Sporta∗10 10 8,14∗10 10 +1,68Sporta∗10 10

Considerando novamente, de forma simplificada, o efeito da transmissão marginal e aplicando a


expressão (6) para estimativa de DnT,w, obtém-se DnT,w = 48dB, cumprindo-se efectivamente a
exigência regulamentar, com o elevado custo de introdução de uma porta de elevado isolamento
sonoro.

87
Na óptica de simplificação e aligeiramento da intervenção de reabilitação que tem conduzido a
presente dissertação, propõe-se que em edifícios deste tipo, com poucas fracções autónomas por piso,
a distinção efectuada no RRAE [76] relativa à existência de elevador não se aplique, pelo que o índice
de isolamento a sons aéreos a cumprir seria D nT,w ≥ 40dB. A redução da exigência em 10 dB é muito
significativa e permite considerar outras soluções de parede.
Assim, testa-se a solução de parede simples PI.3.a) descrita na Figura 60. Com esta solução, obtém-
2
se m = 162,70 kg/m e Rw = 41 dB, por aplicação da equação (6). Considerando o efeito da
transmissão marginal, obtém-se R’w = 38 dB, o que conduz a DnT,w = 39 dB < DnT,w máx. Uma vez que
esta solução não satisfaz a exigência preconizada, testa-se uma solução PI.3.b), com tijolo cerâmico
furado de 15 cm de espessura (Figura 61), a qual conduz a um aumento da massa para m = 1010
2
kg/m , obtendo-se Rw = 46 dB e DnT,w = 43 dB, satisfazendo a exigência colocada. Note-se que a porta
continua a condicionar o desempenho desta parede, pelo que é necessário estudar o seu efeito.
Aplicando a expressão (8), conclui-se que seria necessária uma porta de redução sonora
Rw,porta = 35 dB, o que constitui um valor corrente, para obter um desempenho global DnT,w = 40 dB.
De facto, geralmente a largura da frincha das portas situa-se entre 0,50 e 1,00 mm, pelo que os índices
de iosolamento sonoro se situam entre 33 a 36 dB.
Com o objectivo de simplificar ainda mais a intervenção de reabilitação neste elemento de construção
e tentando reduzir custos e espessuras de parede, testam-se, em seguida, soluções de divisória leve.
Com base numa compilação de soluções de parede divisória efectuada por Ferreira [33], consideram-
se as soluções indicadas no Quadro 22, as quais apresentam Rw igual ou superior a 46 dB, ou seja
igual ou superior ao isolamento sonoro da solução PI.3.b).

Quadro 22: Alternativas em tabique para a parede PI.3.

Alternativa Constituição Espessura total (mm) Rw (dB)

Chapa dupla de gesso cartonado (13+13 mm)+lã de


PI.3.c) vidro (50 mm)+lâmina sintética de alta densidade (4 106 47
mm)+chapa dupla de gesso cartonado (13+13 mm).
Chapa dupla de gesso cartonado (13+13 mm)+lã de
PI.3.d) rocha (50 mm)+lâmina sintética de alta densidade (4 92 46
mm)+chapa dupla de gesso cartonado (13+13 mm).
Chapa dupla de gesso cartonado (13+13 mm)+lã de
PI.3.e) rocha (48 mm)+lâmina sintética de alta densidade (4 98 46
mm)+chapa dupla de gesso cartonado (13+13 mm).

Com o objectivo de seleccionar , entre as soluções PI.3.b) a PI.3.e) aquela que conduz a menores
custos de intervenção, estimaram-se os custos de execução de cada solução.
Após uma consulta ao mercado, obtiveram-se os seguintes custos unitários médios associados à
execução da solução PI.3.b):


2
Custo do tijolo de 30x20x15 cm..…………………………………………… 2,80 €/m ;

2
Custo da argamassa ………………………………………………………... 12,64 €/m ;

2
Custo da mão-de-obra (pedreiro + servente) …………………………….. 14,38 €/m ;

88

2
Custo do reboco com 1,50 cm de espessura (mão-de-obra + material)..17,81 €/m ;

2
Custo do estuque com 5 mm de espessura (mão-de-obra + material).....16,00 €/m .

2
Custo total………………………………………………………………………..63,63 €/m

Relativamente aos custos de execução das paredes divisórias leves PI.3.c) a PI.3.e), consideram-
se os custos C0, indicados em 2007, por Ferreira [33], actualizados a 2015, C, com base na
expressão:

n
C = C0 (1+t) , (9)

Onde t = 1,5% é a taxa de juro média para o período n = 8 anos.


Apresentam-se, em seguida, os custos, totais obtidos para as diferentes soluções:


2
PI.3.b) ……………………………….. 63,63 €/m ;

2
PI.3.c) …………………………………92,42 €/m ;

2
PI.3.d) …………………………………82,77 €/m ;

2
PI.3.e) …………………………………82,77 €/m .

Verifica-se que a solução mais barata é a solução PI.3.b), a qual é, no entanto, das quatro, a que
apresenta maior espessura (19,00 cm).
Portanto, nas soluções de tabique há um ganho de área significativo em relação à solução de parede
PI.3.b). Além disso, a execução da parede PI.3.b) em alvenaria, envolve mais sujidade, humidade, e
eventuais danos colaterais mais graves. Assim, apesar dos custos unitários superiores das soluções
de tabique, pode valer a pena optar por aplicar uma destas soluções, principalmente por haver um
ganho de área útil final.
Para avaliar o efeito do ganho de área útil disponível, consideram-se custos totais e não unitários.
2
Assim, considerando que a parede em causa, com uma área de 8,14 m , se desenvolve ao longo de
3,64 m de comprimento, apresentam-se no Quadro 23 os custos finais obtidos para cada solução.
2
Considera-se que o custo de oportunidade da área perdida é de 1.000,00 €/m .

Quadro 23: Custos finais associados à execução de paredes PI.3.

Área útil Custo de Custo


Custo unitário de Custo total de
Solução perdida oportunidade total final
execução (€/m2) execução (€) 2
(m ) (€) (€)
PI.3.b) 63,63 517,95 0,3567 356,72 874,67

PI.3.c) 92,42 768,58 0,0510 50,96 819,54

PI.3.d) 82,77 673,75 - - 673,75

PI.3.e) 82,77 673,75 0,0218 21,84 695,59

Conclui-se com este tipo de análise, que aquela que parecia ser a solução mais barata é, afinal, a mais
cara. Mesmo entre as soluções de tabique, o efeito da área útil perdida é significativo, principalmente
quando se consideram paredes de maior desenvolvimento linear do que as aqui estudadas.

89
Como se referiu anteriormente, o desempenho acústico de edifícios como o do presente caso de
estudo é fortemente condicionado pelos pavimentos, os quais são originalmente em madeira,
apresentando, portanto, fragilidades significativas ao nível do isolamento sonoro.
Para fazer face à exigência regulamentar de isolamento a ruído de percussão de pavimentos entre
fogos de habitação (DnT,w ≥ 50 dB e L’nT,w ≤ 60 dB [79]), foi preconizada, em projecto, a solução PAVI.1
(Figura 50). Com esta solução, obtém-se DnT,w = 62 dB e L’nT,w = 59 dB, satisfazendo os limites
regulamentares, mas aumenta-se a espessura do pavimento original de 142 mm para 249 mm.
Tendo em conta a discussão efectuada em 4.4 relativamente a eventuais aligeiramentos das
exigências de isolamento sonoro com base nas exigências mínimas aplicáveis a edifícios novos
noutros países, como por exemplo, no Brasil, onde DnT,w > 40 dB e L’nT,w ≤ 80 dB, analisaram-se, em
seguida soluções alternativas para o pavimento PAVI.1.
Considerando que o pavimento existente é constituído por soalho de madeira com 22 mm de
espessura sobre barrotes de madeira com 120 mm de espessura, procura-se uma intervenção com
alterações mínimas, nomeadamente a alternativa PAVI.1.a) que se apresenta na Figura 62, onde se
introduz lã mineral entre barrotes e uma placa de gesso cartonado inferior, com 13 mm de espessura,
desligado dos barrotes e fixada ao soalho por suspensores antivibráticos, ficando o ripado em madeira
colado à face inferior da placa de gesso cartonado. Desta forma, obtém-se Rw = 42 dB e Ln,w = 102 dB.
Considerando que o efeito de transmissão marginal se faz sentir apenas no ruído aéreo (3 dB) e que o
2
pavimento terá, na pior situação, uma área de 63,00 m , cobrindo um volume do compartimento
3
inferior de 175,77 m , obtém-se, pela equação (6), DnT,w = 39 dB, e

L’nT,w = L’n,w – 10log (0,032V) = 102 – 8 = 94 dB (10)

Figura 62: Solução PAVI.1.a) de pavimento original, melhorada.

Esta solução consegue aproximar-se muito das exigências normativas brasileiras relativas ao ruído
aéreo, mas estão francamente longe de cumprir os requisitos de isolamento a ruído de percussão
desse país particularmente permissivo no âmbito do isolamento sonoro. Uma das deficiências da
solução PAVI.1.a) reside na presença de juntas entre as tábuas de soalho. Assim, o tratamento dessas
juntas com material elástico e aplicação de parquet de 10 mm perpendicular ao existente, permite obter
DnT,w = 47 dB e L’nT,w = 86 dB, o que permite não cumprir os requisitos de isolamento a ruído aéreo nos
países menos exigentes (como Espanha e Reino Unido na Europa). Esta alternativa tem a vantagem
de introduzir um pequeno acréscimo de espessura superior, o que permite evitar adaptações de portas.
A melhoria do desempenho em termos de ruído de percussão obriga ao fecho mais efectivo do painel
superior e á introdução de material resiliente de dissipação de energia sob o revestimento de piso, o

90
que pode ser conseguido com a alternativa PAVI.1.b) (Figura 51), na qual se substitui o soalho por
placas de MDF separadas do parquet por espuma de polietileno extrudido.
Com esta solução, obtém-se Rw = 58 dB e Ln,w = 89 dB, o que conduz a DnT,w = 53 dB e L’nT,w = 81 dB.
Esta alternativa cumpre só os requisitos mínimos brasileiros, o que significa que, tal alternativa poderia
ser proposta no âmbito da reabilitação, caso a legislação portuguesa o permitisse.
A melhoria efectiva do isolamento a ruído de percussão pode ser conseguida com o aumento da
massa do revestimento flutuante conforme se apresenta na Figura 52 com a alternativa PAVI.1.c). Com
esta solução, e prevendo o tratamento das juntas do revestimento de soalho, obtém-se Rw = 82 dB e
Ln,w = 62 dB, ou seja, DnT,w = 76 dB e L’nT,w = 53 dB.
Com o objectivo de avaliar o impacto económico de cada uma destas alternativas, foram estimados os
2
custos unitários (€/m ) indicados no Quadro 24. Estes custos foram obtidos com base em consultas
diversas ao mercado.

2
Quadro 24: Custos unitários de construção (€/m ).

Custo unitário
Actividade
(€/m2)

Remoção e tratamento de soalho. 15,00

Fornecimento e aplicação de placas de MDF com 40 mm de espessura. 23,57

Fornecimento e aplicação de placas de MDF com 22 mm de espessura. 16,28

Fornecimento e aplicação de lã mineral de baixa densidade (20/35 kg/m 3). 6,77

Fornecimento e aplicação de suspensores (amortecedores/apoios) antivibráticos. 3,48

Fornecimento e aplicação de placa de gesso cartonado com 13 mm de espessura. 25,00

Fornecimento e aplicação de Isolmant Underslim – 5 absorvente ao ruído de impacto(Espessura: 5 mm;


8,00
Isolamento acústico: ΔLnw = 25 dB).

Fornecimento e aplicação de espuma de polietileno extrudido com 5 mm de espessura. 2,49

Fornecimento e aplicação de Fibra Felpada com 5 mm de espessura. 8,00

Fornecimento e aplicação de Isolmant absorvente ao ruído de impacto ( Espessura: 5mm; Isolamento


23,57
acústico: ΔLnw = 34 dB).

Fornecimento e aplicação de tábua de madeira com 22 mm de espessura. 8,33

Aplicação de soalho existente. 26,00

Fornecimento e aplicação de ripado em madeira com 25 mm de espessura. 16,67

Fornecimento e aplicação de parquet com 10 mm de espessura. 26,00

No Quadro 25 apresenta-se um resumo dos desempenhos acústicos dos pavimentos e comparam-se


2
os custos totais (€/m ) de cada intervenção alternativa.

91
Quadro 25: Desempenhos acústicos das soluções de pavimento PAVI.1 e custos de intervenção
2
(€/m ).

Solução Espessura (mm) DnT,w (dB) L’ nT,w (dB) Custo (€/m2)

PAVI.1 (projecto) 249 62 59 138,00

PAVI.1.a.1) (sem parquet) 155 39 94 45,00

PAVI.1.a.2) (com parquet) 165 47 86 71,00

PAVI.1.b) 192 53 81 92,00

PAVI.1.c.1) (espuma de polietileno) 214 76 53 108,00

PAVI.1.c.2) (isolmant) 214 76 53 114,00

Conclui-se que é possível cumprir as exigências regulamentares actuais (para edifícios novos) com
menor custo (PAVI.1.c) do que o correspondente à solução de projecto. No entanto, a intervenção
apresentará sempre um custo bastante elevado. Com uma solução (PAVI.1.b) que cumpre os
requisitos regulamentares de certos países menos exigentes é possível reduzir um terço do custo da
intervenção prevista em projecto.
Com uma solução (PAVI.1.a) que cumpre apenas parcialmente os requisitos de desempenho de
países menos exigentes, consegue-se reduzir o custo em dois terços.

7.2.4 – Análise de desempenho hidrodinâmico


Conforme se referiu no Capítulo 5, uma estratégia possível para a redução de custos associados às
redes de distribuição de água passa pela diminuição da secção das tubagens com o consequente
aumento da velocidade da água no seu interior, desde que se mantenha o caudal de escoamento.
Para testar a eficácia desta abordagem, considera-se o edifício 1, cuja rede de distribuição de água foi
dimensionada para velocidades de aproximadamente 1,00 m/s, a que correspondem condições de
conforto e durabilidade adequadas para tubagens metálicas [103] (recorda-se que a velocidade
regulamentar deve variar entre 0,50 e 2,00 m/s).
Consideram-se, em seguida, dimensionamentos alternativos para velocidades médias de escoamento
de 2,0, 2,5, 3,0 m/s. Mantiveram-se os materiais e comprimento de tubagem considerados no projecto
e alteraram-se apenas os diâmetros. Nos Quadros 26 a 29 apresentam-se as quantidades, custos
unitários e custos totais das redes de distribuição obtidas em cada caso.

92
Quadro 26: Quantidades, custos unitários e custos totais da rede de distribuição de água
dimensionada para velocidade média de escoamento de 1,0 m/s.

MATERIAL MULTICAMADA PEX PEAD AÇO INOX


DIÂMETRO Custo Custo Custo Custo Custo Custo Custo Custo
NOMINAL L (m) Unitário Total L (m) Unitário Total L (m) Unitário Total L (m) Unitário Total
(mm) (€/m) (€) (€/m) (€) (€/m) (€) (€/m) (€)
12 4,70 1,65 7,76
15 6,90 1,75 12,08
16 93,95 1,16 108,05
18 24,55 2,50 61,40
20 52,53 1,76 92,45 13,50 1,21 16,34
22 39,31 3,00 117,93
25 143,10 3,40 486,54 21,85 2,24 48,94
28
32 121,95 4,88 595,12 6,15 3,55 21,83
35
40 14,80 11,60 171,68
42 20,70 8,80 182,16
50 17,00 15,95 271,66 23,95 9,45 226,33 3,50 3,29 11,52
CUSTO TOTAL
POR
1.725,50 313,44 11,52 381,33
MATERIAL
(€)
CUSTO TOTAL
2.431,80
(€)

Quadro 27: Quantidades, custos unitários e custos totais da rede de distribuição de água
dimensionada para velocidade máxima de escoamento de 2,0 m/s.

MATERIAL MULTICAMADA PEX PEAD AÇO INOX


DIÂMETRO Custo Custo Custo Custo Custo Custo Custo Custo
NOMINAL L (m) Unitário Total L (m) Unitário Total L (m) Unitário Total L (m) Unitário Total
(mm) (€/m) (€) (€/m) (€) (€/m) (€) (€/m) (€)
12 6,75 1,65 11,14
15 22,45 1,75 39,30
16 121,85 1,16 141,35 13,56 0,82 11,12
18 36,71 2,50 91,78
20 136,75 1,76 240,68 13,90 1,21 16,82
22 11,05 3,00 33,15
25 104,45 3,40 355,13 11,55 2,24 25,87
28
32 64,50 4,88 314,76 3,05 3,55 10,83
35 20,70 6,20 128,34
40 17,00 11,16 197,20 24,15 6,08 146,83
42
50 3,50 3,29 11,52
CUSTO TOTAL
POR
1.249,12 211,47 11,52 303,71
MATERIAL
(€)
CUSTO TOTAL
1.775,82
(€)

93
Quadro 28: Quantidades, custos unitários e custos totais da rede de distribuição de água
dimensionada para velocidade máxima de escoamento de 2,5 m/s.

MATERIAL MULTICAMADA PEX PEAD AÇO INOX


DIÂMETRO Custo Custo Custo Custo Custo Custo Custo Custo
NOMINAL L (m) Unitário Total L (m) Unitário Total L (m) Unitário Total L (m) Unitário Total
(mm) (€/m) (€) (€/m) (€) (€/m) (€) (€/m) (€)
12 31,10 1,65 51,32
15 25,40 1,75 44,45
16 142,27 1,16 165,03 25,45 0,82 20,87
18 11,65 2,50 29,13
20 167,15 1,76 294,18 13,00 1,21 15,73
22 1,25 3,00 3,75
25 100,35 3,40 341,19 11,55 2,24 6,83 10,35 4,60 47,61
28
32 19,90 4,88 97,11 3,05 3,55 85,02
35 10,35 6,20 64,17
40 9,05 11,60 104,98 23,95 6,08 146,83
42
50 1,75 3,29 5,76
CUSTO TOTAL
POR
1.002,49 128,45 5,76 240,43
MATERIAL
(€)
CUSTO TOTAL
1.329,52
(€)

Quadro 29: Quantidades, custos unitários e custos totais da rede de distribuição de água
dimensionada para velocidade máxima de escoamento de 3,0 m/s.

MATERIAL MULTICAMADA PEX PEAD AÇO INOX


DIÂMETRO Custo Custo Custo Custo Custo Custo Custo Custo
NOMINAL L (m) Unitário Total L (m) Unitário Total L (m) Unitário Total L (m) Unitário Total
(mm) (€/m) (€) (€/m) (€) (€/m) (€) (€/m) (€)
12 33,90 1,65
15 36,15 1,75
16 195,05 1,16 226,26 26,90 0,82
18 5,00 2,50
20 153,00 1,76 269,28 11,55 1,21
22
25 55,45 3,40 188,53 3,05 2,24
28 20,70 4,60
32 18,05 4,88 88,08 323,95 3,55
35
40
42
50
CUSTO TOTAL
POR
684,07 127,89 226,92
MATERIAL
(€)
CUSTO TOTAL
1.038,88
(€)

94
Para a rede dimensionada para a velocidade máxima de escoamento de 2,5 m/s observa-se que a
velocidade máxima regulamentar de 2,0 m/s é excedida apenas em 60% dos troços, enquanto o
dimensionamento para velocidade máxima de 3,0 m/s conduz a 89% dos troços com velocidades
superiores a 2,0 m/s.
Nesta solução, com velocidade máxima de 3,0 m/s a pressão disponível no dispositivo condicionante
fica abaixo da regulamentarmente exigida (50 KPa). Assim, torna-se necessário instalar uma bomba
(ou grupo hidropressor) de 1,00 kw de potência e um reservatório hidropneumático de 100,00 litros de
capacidade, o que conduz a um aumento de custos com equipamentos, conforme se descreve abaixo:
 Execução da rede (mão-de-obra e material) ………………………………. € 1.038,88;
 Fornecimento de grupo hidropressor (Grundfoz Horizontal - Monofásica – Hidro Multi
S - 20- CM 05, quadro eléctrico e reservatório de 100,00 litros) …..………€ 2.816,00;
 Montagem de grupo hidropressor (mão-de-obra e material) ……………….. € 550,00.
 Custo total …….……….…………………………………………………………..€ 4.404,88

Assim, as diferentes redes de distribuição de água estudadas apresentam os custos totais listados no
Quadro 30.

Quadro 30: Resumo de soluções alternativas/velocidades/custos.

Soluções Velocidade (m/s) Custo (€)

Projecto Vmédia = 1,00 2.431,80

Alternativa 1 Vmáx = 2,00 1.775,82

Alternativa 2 Vmáx = 2,50 1.329,52

Alternativa 3 Vmáx = 3,00 4.404,88

Conclui-se que o dimensionamento efectuado no limite regulamentar (Vmáx = 2,0 m/s) conduz a uma
redução de custo de cerca de 27% face à solução de conforto considerada no projecto. A violação do
limite regulamentar de 2,0 m/s, que, como se referiu anteriormente, apenas ocorre em 60% dos troços
se o dimensionamento for efectuado para uma velocidade máxima de 2,5 m/s, permite reduzir os
custos previstos em projecto em cerca de 45%. O dimensionamento para velocidade de escoamento
máxima de 3,0 m/s já não permite uma redução dos custos globais devido aos custos de instalação de
um grupo hidropressor. No entanto, noutros casos de estudo, em edifícios maiores nos quais o grupo
hidropressor conste da solução de projecto para a situação de conforto, é possível que o aumento da
velocidade do escoamento para 3,0 m/s seja ainda compensada a nível económico.
Note-se que o aumento da velocidade de escoamento conduz sempre a aumento de perdas de
pressão. No presente caso, o dispositivo mais desfavorável apresentava 150 KPa disponíveis na
solução de projecto, mas apenas 50 KPa para Vmáx = 2,0 m/s e 59 KPa para Vmáx = 2,5 m/s, o que está
no limite regulamentar, com os consequentes riscos face à variabilidade da pressão na rede pública.
Na avaliação dos custos da solução alternativa dimensionada para V máx = 3,0 m/s também devem ser
considerados, além do investimento na bomba e restante equipamento, o encargo energético para o
seu funcionamento e os custos de manutenção dos equipamentos. Por outro lado, é importante ter em

95
conta que, por vezes, também é difícil encontrar espaço disponível neste tipo de edifícios para colocar
a bomba e o depósito, o que também pode constituir um obstáculo à sua instalação.

7.2.5 – Medidas construtivas de redução de custos


No âmbito da reabilitação, a instalação à vista, ou no interior dos tectos falsos, das redes de águas
frias e quentes, bem como das redes de gás, de electricidade, de telecomunicações e de drenagem de
águas residuais conduz em geral a menores custos do que a instalação embebida em paredes.
Na aplicação superficial das tubagens poupa-se na abertura e posterior fecho de roços. No entanto, a
aplicação superficial das tubagens também exige a sua fixação, pintura, isolamento e eventual
protecção. As tubagens de águas quentes têm de ser isoladas para reduzir as perdas térmicas e para
impedir eventuais queimaduras dos utentes. Existem ainda outras vantagens desta solução,
nomeadamente as que decorrem de não se abrirem roços, mantendo-se a integridade estrutural das
paredes existentes, e da facilidade de verificação rápida da rede e de eventual substituição de troços
da tubagem em caso de rotura ou fuga.
No Quadro 31 apresentam-se, com o objectivo de suportar as conclusões anteriores, os custos de
instalação de tubagens de diferentes materiais embebidos em paredes ou à vista no âmbito de
intervenções de reabilitação ou de construção nova. O Quadro 31 mostra que a instalação à vista é
efectivamente mais económica.

Quadro 31: Quadro comparativo de tubagens encastradas ou á vista.

Obra Custo
Rede Material Encastrada Superficial Reabilitação
Nova (€/ml)
Águas frias Aço Inox -  -  23,93
Águas frias Aço Inox  - -  36,72
Águas
Aço Inox -  -  24,98
quentes
Águas
Aço Inox  - -  37,77
quentes
Águas frias Aço Inox -   m - 23,93
Águas frias Aço Inox  -  m - 30,94
Águas
Aço Inox -   m - 24,98
quentes
Águas
Aço Inox  -  m - 31,99
quentes
PP-R (polipropileno
Águas frias -  -  9,02
copolímero random)
PP-R (polipropileno
Águas frias  - -  15,70
copolímero random)
Águas PP-R (polipropileno
 - -  16,75
quentes copolímero random)
Águas PP-R (poliprop-ileno
-  -  11,09
quentes copolímero radom)
PP-R (polipropileno
Águas frias -   m - 5,75
copolímero random)
PP-R (polipropileno
Águas frias  -  m - 10,01
copolímero random)
Águas PP-R (polipropileno
 -  m - 11,06
quentes copolímero random)
Águas PP-R (polipropileno
-   m - 6,62
quentes copolímero random)
Gás Cobre -  -  19,55
Gás Aço Inox  - -  36,33
Gás Cobre -   m - 11,75
Gás Aço Inox  -  m - 22,84

96
Este tipo de análise pode ser aplicado às redes pluviais, as quais podem ser instaladas pelo interior ou
pelo exterior dos edifícios, tendo em atenção os aspectos arquitectónicos.
A instalação destas redes pelo exterior reduz os custos com “enxalços”, para proteger os tubos, bem
como os custos com o isolamento sonoro e vibratório.
Outra vantagem da aplicação da rede de esgoto pluvial pelo exterior dos edifícios é o aumento da área
útil das edificações em virtude da redução da espessura das paredes, o que se traduz num ganho
económico.
Para ilustrar as vantagens económicas da instalação à vista, apresentam-se em seguida os custos por
metro linear (€/m) de aplicação de tubagens com 110 mm de diâmetro pelo interior (25,65 €/m) e pelo
exterior (9,84 €/m), concluindo-se que a diferença é muito significativa.
Custo total (€/m) de instalação de tubo pluvial Ø 110 pelo interior:
 Alvenaria de tijolo 30x20x7 cm…………………………………………. 1,00 €/m
 Argamassa………………………………………………………………… 0,80 €/m
 Isolamentos (manga + lã de rocha) ……………………………………. 9,47 €/m
 Mão-de-obra (pedreiro + servente) …………………………………….14,38 €/m
 Custo total para execução do “enxalço”………………………………...25,65 €/m
Custo total (€/m) de instalação de tubo pluvial Ø 110 pelo exterior:
 Abraçadeiras em aço inox (2 unidades/m)………………………………3,80 €/m
 Tubo metálico com 2 m na base do edifício
(altura média do edifício de 15 m)………………………………………..1,04 €/m
 Pintura………………………………………………………………………..5,00 €/m
 Custo total………….………………………………………………………..9,84 €/m

Note-se que não se considerou o fornecimento e a instalação do tubo da prumada em nenhum dos
casos, porque o tubo que se usa pelo interior é igual ao que é usado pelo exterior. Também não se
considerou o custo do andaime na colocação do tubo pelo exterior, pois este será sempre montado
nesta fase para a execução do reboco e pintura, independentemente da localização da rede pluvial.

7.3 – Caso de estudo 2


7.3.1 – Descrição detalhada
O edifício 2 localiza-se na zona da Lapa, em Lisboa, a 10 Km da costa marítima, a uma altitude de 28
metros. Trata-se de um edifício a reconstruir e ampliar com três fracções autónomas de habitação
correspondentes ao R/C (T 0+1), duplex T 2 dos pisos 1 e 2 e duplex (T 1+1) dos pisos 3 e 4 (sótão).
No total, o edifício possui 5 pisos elevados.
Uma vez que este caso de estudo corresponde a uma reconstrução praticamente integral, o tipo de
análise efectuado no caso de estudo 1 não é aplicável. De facto, não faz sentido procurar
aligeiramentos ao nível dos desempenhos em construção de raiz. Assim, não se procederá, em
seguida, a qualquer análise do desempenho térmico e acústico. Da mesma forma, não serão
estudados quaisquer tipos de aligeiramento de requisitos de desempenho ao nível das redes
hidráulicas.
Assim, o objectivo deste caso de estudo é permitir verificar as eventuais vantagens económicas da

97
reabilitação face à reconstrução.
A comparação ideal neste tipo de estudos seria entre os custos de reabilitação e reconstrução do
mesmo edifício. No entanto, os dados disponíveis no âmbito da presente dissertação impossibilitam
esta análise. Assim, opta-se por tentar identificar, nos casos de estudo considerados, as actividades
mais onerosas, com o objectivo de avaliar o potencial de redução de custos. Os Quadros 32 e 33
2
mostram que os custos de intervenção por m de área bruta são significativamente diferentes, sendo
bastante menores no caso do edifício 1 (reabilitado).

Quadro 32: Custos de reabilitação do edifício 1 [117].

Actividades Custos (€) Percentagem (%)


Caixilharia exterior 14.005,01 12,11
Comportamento térmico e

Vidros 8.839,49 7,64


Pavimentos 10.371,15 8,97
acústico
Envolvente exterior e interior

Paredes exteriores e interiores 25.946,23 22,44


Coberturas 15.253,82 13,19
Pontes térmicas 1.333,65 1,15
Portas 1.441,52 1,25
Sistemas de aproveitamento de energias renováveis 8.858,35 7,66
Águas frias e quentes 2.397,14 2,08
Redes prediais

Esgotos domésticos e pluviais 12.881,54 11,14


Gás 1.528,27 1,32
Electricidade 8.288,28 7,17
I.T.E.D. 3.751,18 3,25
Segurança contra incêndios 724,04 0,63
Valor total 115.619,67 100,00
2 2
Custo por m (Área bruta = 471m ) 245,48 -

Quadro 33: Custos de reabilitação do edifício 2 [117].

Actividades Custos (€) Percentagem (%)


Caixilharia exterior 10.095,72 7,97
térmico e acústico

Vidros 2.438,51 1,93


Comportamento

Pavimentos 12.522,09 9,88


Envolvente exterior e interior

Paredes exteriores e interiores 25.272,60 19,95


Coberturas 4045,49 3,20
Pontes térmicas 16.223,52 12,81
Sistemas de aproveitamento de energias renováveis 6.115,32 4,83
Águas frias e quentes 4.255,37 3,36
Esgotos domésticos e pluviais 20.352,35 16,06
prediais
Redes

Gás 2.501,71 1,97


Electricidade 13.928,93 11,00
I.T.E.D. 7.338,51 5,79
Segurança contra incêndios 1.587,84 1,25
Valor total 126.677,96 100,00
2 2
Custo por m (Área bruta = 286m ) sem estrutura 442,93 -
Estrutura 47.190,00
2 2
Custo por m (Área bruta = 286m ) com estrutura 607,93

98
Apesar de os casos de estudo não serem comparáveis, os resultados obtidos estão em linha com
outros estudos [11] que sugerem menores custos de reabilitação face à reconstrução pela redução do
tempo de intervenção entre 25 a 50%.
Note-se ainda que os custos de reconstrução obtidos no edifício 2 são relativamente baixos quando
2
comparados com o custo médio da construção de 482,40 €/m fixado pela Portaria nº 280/2014, de 29
2
de Dezembro [105], ou com o valor patrimonial de 603,00 €/m fixado no âmbito do IMI (Imposto
2
Municipal Sobre Imóveis) [39], ou ainda com o custo de construção nova de 801,06 €/m fixado para a
região de Lisboa pela Portaria nº 353/2013, de 4 de Dezembro [39, 104], o que permite considerar,
com alguma segurança, as vantagens económicas da reabilitação.
A comparação dos Quadros 32 e 33 mostra diferenças significativas nos itens relativos à cobertura e
partes térmicas. Tal pode ser justificativo pelo facto de a cobertura no edifício 1 ser efectivamente nova
(ampliação), tendo, portanto, um peso maior no custo total (inclui custo da estrutura). O tratamento de
pontes térmicas adquire um peso maior no edifício 2 em virtude da presença de elementos estruturais
em betão armado que não existem em edifícios de alvenaria resistente, mais uniformes e isentos de
pontes térmicas.
Os Quadros 32 e 33 também mostram um peso maior das redes prediais no edifício 2 do que no
edifício 1, o que é interessante visto que as redes são novas em qualquer dos casos. A diferença é que
no caso do edifício 1 se optou por uma instalação à vista com as consequentes vantagens económicas
já discutidas anteriormente.

99
100
8 – CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS
8.1 – Conclusões
Apesar da situação económica e social que se tem vivido em Portugal nos últimos anos e das
dificuldades na obtenção de crédito, verifica-se algum dinamismo na reabilitação de edifícios,
especialmente nos grandes centros urbanos, interessando, por isso, avaliar em que medida é
vantajoso considerar uma diferença nos requisitos de desempenho colocados à construção nova e aos
edifícios reabilitados.
Na presente dissertação foi efectuado este tipo de estudo de uma forma geral para as diferentes
especialidades de Engenharia Civil e de uma forma especifica com base em casos de estudo reais.
Mostrou-se que, na vertente do desempenho térmico, devem-se estudar as paredes, pavimentos em
contacto com espaços não aquecidos, tectos, coberturas, vãos envidraçados e outras situações
particulares, indo até aos limites regulamentares de transmissão térmica e dos índices energéticos
para edifícios existentes, obtém-se uma redução de custos (redução da espessura dos isolamentos e
ganho de área útil) sacrificando, em parte, o nível de conforto e a poupança de energia ao longo da
vida útil do edifício.
Ao nível do desempenho acústico mostrou-se que há espaço para um aligeiramento exigencial
baseado nos requisitos regulamentares de outros países desenvolvidos, o que permite uma redução
de custos e uma considerável simplificação das intervenções de reabilitação em pavimentos de
madeira e em paredes de locais receptores como salas sem vestíbulos de transição para espaços
comuns do edifício.
Outra especialidade importante devido às patologias que provoca nos edifícios são as redes prediais,
especialmente as redes de águas e esgotos (pluviais e domésticos), que são as que inserem no âmbito
da presente dissertação. Nestes edifícios, geralmente, estas redes têm de ser integralmente
substituídas e, sempre que possível, devem ser aplicadas superficialmente (não encastradas), por ser
a solução mais económica e permitir um mais fácil controlo/manutenção. Mostrou-se também que pode
haver tubagens, ou os novos materiais, em que é de esperar velocidades de escoamento mais
elevados do que as permitidas pela legislação.
As redes pluviais devem ser aplicadas preferencialmente pelo exterior dos edifícios pois, por esta via,
conduzem a uma redução dos custos de execução, permitem obter um ganho de área útil e facilitam o
controle e a manutenção destas redes.
A segurança contra incêndios é outra especialidade importante a considerar neste tipo de edifícios
antigos com estrutura fundamentalmente em madeira que determina a existência de uma elevada
carga térmica neste tipo de edifícios, com redes eléctricas obsoletas, muitas vezes executadas sem
projectos, e percorridas por correntes muito acima da sua real capacidade, pode originar os incêndios,
sendo estas situações agravadas pela instalação de gás que muitas vezes não é sujeita a operações
de manutenção regulares. Assim, para proteger e salvar as vidas humanas deve cumprir-se
integralmente a legislação em vigor durante o processo de reabilitação.
Por outro lado verifica-se que grande parte das situações patológicas observáveis em edifícios
habitacionais se deve, fundamentalmente, à quase completa ausência de uma adequada manutenção
nos seus diversos elementos, partes, equipamentos e instalações ao longo da sua vida útil. Importa,

101
por isso que as diversas entidades que promovem e gerem os processos de reabilitação se preocupem
com esta questão, nomeadamente exigindo o desenvolvimento de planos ou esquemas de
manutenção cíclica. Estas preocupações devem existir desde o início do planeamento de uma
operação de reabilitação, já que as diferentes opções nas fases de projecto, de execução e, depois, de
utilização condicionam as futuras necessidades de manutenção.

8.2 – Trabalhos futuros


Como nota final e relativamente ao futuro, devem-se assinalar e registar os últimos desenvolvimentos
na área da reabilitação habitacional com as medidas governamentais aprovadas pelo Decreto-Lei n.º
53/2014, de 20 de Fevereiro, e que entraram em vigor a de 8 de Abril de 2014 [9], a título excepcional
e transitório que prevê a dispensa, durante sete anos, de diversas obrigações técnicas na reabilitação
de edifícios, permitindo poupar entre 30 a 40% nos seus custos totais. Apesar deste diploma contribuir,
efectivamente, para a dinamização da reabilitação habitacional, fá-lo num período limitado e
esquecendo que os edifícios entretanto intervencionados apresentam durante muitos anos índices de
desempenho inferiores ao desejável. Assim, é importante identificar níveis mínimos de desempenho
aplicáveis a edifícios reabilitados que, por um lado, facilitam as intervenções de reabilitação e, por
outro lado, garantem a segurança e conforto dos utilizadores.
Relativamente ao presente trabalho, um dos aspectos que deve ser realçado é o que diz respeito ao
número de casos de estudo utilizados. Deve entender-se o estudo apresentado como sendo apenas a
definição de uma metodologia de abordagem a aplicar em trabalhos futuros na análise de um conjunto
mais representativo de casos de estudo.

102
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
[1] – AECOPS: “O Mercado da reabilitação, enquadramento, relevância e perspectivas“ –
(www.aecops.pt);
[2] – Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário – CPCI: “Programa de Vistos Gold”,
outros artigos, Setembro/2015, www.cpci.pt;
[3] – Appleton, João Guilherme: “ Reabilitação de edifícios gaioleiros “, Edições Orion,2005,ISBN: 972-
8620-05-5;
[4] – Silva, V. Cóias: “ Guia pático para a conservação de imóveis “, Publicações Dom Quixote, 2004,
ISBN: 972-20-2184-2;
[5] – Aguiar, José; Cabrita, A.M. Reis; Appleton, João G.:“Guião de apoio à reabilitação de edifícios
habitacionais”, LNEC, 2011,8ª Edição (Volumes I e II), ISBN 978-972-49-1726-9;
[6] – Santos, Diogo André de O. M.: ISEL – “Processos de construção na reabilitação estrutural de
edifícios antigos“;
[7] – Dinis, Rita Sofia de Carvalho, UNL/FCT: Rita Sofia de Carvalho Dinis: “Contributo para a
reabilitação sustentável de edifícios de habitação”;
[8] – Marques, Pedro Miguel da Silva; Guterres, João Manuel Antunes de Brito: ”Análise de riscos e
procedimentos de segurança na reabilitação de coberturas e fachadas de edifícios do Centro
Histórico de Lisboa. Caso da Baixa Pombalina”;
[9] – Decreto-Lei nº 53/2014, de 8 de Abril, do Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e
Energia;
[10] – Instituto Nacional de Estatística (INE): CENSOS 2011;
[11] – LNEC: “O Parque Habitacional e a sua Reabilitação – Análise e Evolução: 2001 – 2011” –
Edição de 2013;
[12] – Decreto-Lei nº 235, de 31 de Maio: Regulamento de Segurança e Acções em Edifícios e Pontes;
[13] – Decreto-Lei nº 349 – C/83, de 30 de Julho: Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-
esforçado;
[14] – Decreto-Lei nº 40/1990, de 6 de Fevereiro: Regulamento das Características de Comportamento
Térmico em Edifícios – RCCTE;
[15] – Decreto-Lei nº 64/90, de 21 de Fevereiro: Regulamento de Segurança Contra Incêndios em
Edifícios de Habitação;
[16] – Decreto-Lei nº 23/95, de 23 de Agosto: “Regulamento Geral dos Sistemas Públicos e Prediais de
Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais” – RGDAD;
[17] – NP EN 1990: Norma Portuguesa – Eurocódigo: “Bases para o projecto de estruturas”, 2009;
[18] – NP EN 1994: Norma Portuguesa – Eurocódigo 4: “Projecto de estruturas mistas aço-betão”,
Parte 1-1 e 1-2 , 2011/2014;
[19] – NP EN 1996: Norma Portuguesa – “Qualidade da água. Amostragem. Parte 2: Guia geral das
técnicas de amostragem”, (ISSO 5667-1), 1991;
[20] - NP EN 1998: Norma Portuguesa – Eurocódigo 8 – “Projecto de estruturas para resistência aos
sismos – Parte 1: Regras gerais, acções sísmicas e regras para edifícios”, 2009;
[21] – Eurocódigos: www.lnec.pt/qpe/eurocódigos;

103
[22] – D. L. nº 129/2002, de 11 de Maio;
[23] – D.L. nº 96/2008, de 12 de Novembro;
[24] – Regulamento Geral de Segurança Contra Incêndios em Edifícios – RSCIE (D.L. nº 220/2008,
Série I de 29/12/2008);
[25] – Portaria nº 1532/2008, de 29 de Dezembro;
[26] – Decreto- Lei nº 118/2013 (20/08/2013): Sistema de Certificação Energética dos Edifícios – SCE
[(SCE / REH / RECS)];
[27] – Decreto-Lei n.º 78/2006, de 4 de Abril;
[28] – Directiva nº 2002/91/CE, de 16 de Dezembro;
[29] – D.L. nº 80/2006;
[30] – Directiva nº 2010/31/EU, de 19 de Maio;
[31] – Instituto Nacional de Estatística – INE: “Seminário: O Parque Habitacional e a sua Reabilitação”,
12 de Novembro de 2011;
[32] – Estudo da Comissão Europeia: “Evolução da Distribuição do Parque Edificado Habitacional”,
2008;
[33] – Ferreira, Ana Rafaela: “Solução Técnicas para Isolamento Sonoro de Edifícios de Habitação”,
Tese do IST, 2007;
[34] – Produto Interno Bruto – PIB: “Contas Nacionais” – www.bportugal.pt, Novembro/2015;
[35] – Idealista: “Avaliação bancária: Valor dos imóveis volta a subir em Portugal”,
Idealista.pt/news, 26 de Novembro/2015;
[36] – CM - Construção Magazine: “Construção Magazine- Revista Técnico-Cientifica – Engenharia
Civil”, Publindústria, (Revista online),www.construcaomagazine.pt, Julho/2015;
[37] – Pereira, Bruno Elói Faria: “ A Crise na Construção e a Reabilitação como Solução”, Universidade
Fernando Pessoa – Porto, 2012;
[38] – Lei nº 6/2006, de 27 de Fevereiro: Lei do Arrendamento Urbano e Lei nº 31/2012, de 12 de
Novembro – Novo Regime do Arrendamento Urbano – NRAU;
[39] – Imposto Municipal sobre Imóveis – IMI: ”Código do Imposto Municipal Sobre Imóveis”, D.L. nº
287/2003, de 12 de Novembro;
[40] – D.L. nº 220/2008, de 12 de Novembro;
[41] – ANPC – Autoridade Nacional de Protecção Civil: “Lista de Regras de Prevenção de Incêndios”;
[42] - Portugal – Leis, Decretos, etc. Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de Dezembro “Regime Jurídico da
Urbanização e Edificação”;
[43] – D.L. n.º 26/2010, de 30 de Março;
[44] – D.L. n.º 136/2014, de 29 de Maio;
[45] – D.L. n.º 104/2004, de 7 de Maio;
[46] - Portugal – Leis, Decretos, etc. Decreto-Lei n.º 307/2009, de 23 de Outubro “Regime Jurídico de
Reabilitação Urbana”;
[47] - Portugal – Leis, Decretos, etc. - Lei n.º 32/2012, de 14 de Agosto;
[48] - Portugal – Leis, Decretos, etc. Decreto-Lei n.º 38382, de 7 de Agosto de 1951 “Regulamento
Geral das Edificações Urbanas”;
[49] – Branco, Fernando:”Regulamento Geral da Edificações – RGE” (Não publicado), IST, 2004;

104
[50] – Portaria n.º 62/2003, de 16 de Janeiro (Revisão do RGE);
[51] – Ordem dos Arquitectos (O.A.):” Parecer Sobre o Anteprojecto de Revisão do Regulamento Geral
das Edificações Urbanas (RGEU), 24 de Março/2003;
[52] – Lei n.º 163/2006, de 8 de Agosto (Acessibilidades);
[53] – Colen, Inês: “Manual de Inspecção e Manutenção de Edificios – MIME”, IST, 2011;
[54] – Jones Lang Lasalle: “O Mercado Imobiliário Português em 2014 – Perspectivas para 2015”,
www.jll.pt, 2014;
[55] – Santos, Carlos Pina dos: “Reabilitação de Edifícios para Promoção do Conforto e da Eficiência
Energética”, LNEC/LNEG, 2012;
[56] – Appleton, João: “Reabilitação de Edifícios Antigos – Patologias e Tecnologias de Intervenção”,
2ª Edição, Edições Orion, 2011, ISBN 972-8620-03-9;
[57] – Paiva, José A. Vasconcelos:LNEC: “Medidas de reabilitação energética em edifícios”, Edição
DGGE/IPE-3E, Tipog. Peres, Lisboa Nov./2004, www.p3e-portugal.com, ISBN 972-8268-33-5;
[58] – D.L. n.º 78/2006, de 4 de Abril;
[59] – D.L. 79/2006, de 4 de Abril;
[60] – D.L. n.º 80/2006, de 4 de Abril;
[61] – Freitas, Vasco Peixoto: ” Patologias dos Sistemas de Isolamento Térmico de Fachadas pelo
Exterior do Tipo Etics” - (External Thermal Insulation Composit Systems – ETICS) , FEUP /
APFAC – Porto - 2015 - 1;
[62] – Freitas, Vasco Peixoto: “Manual de apoio ao projecto de reabilitação de edifícios antigos”,1ª
Edição, O.E. – Norte, 2012, ISBN: 978-972-99918-7-5;
[63] – Carvalho, Jorge: “Revista Portuguesa de Estudos Regionais” - RPER, 2012;
[64] – Dias, José Miranda e Lopes, Grandão: “Edifícios / cadernos - Conservação e Reabilitação de
Edifícios Recentes”, LNEC, 1ª Edição, 2010, ISBN 978-972-49-2197-6;
[65] – Pfundstein, Margit e outros: “Insulating Materials – Principles / Materials / Appplications”,1ª
Edição, Christina Schuiz, 2008, ISBN 978-3-7643-8654-2;
[66] – EPS, Lda: “Poliuretano Expandido – Abobadilhas”, www.eps-lda.com;
[67] –Paiva, José Vasconcelos; Aguiar, José; Pinho, Ana: “Guia Técnico de Reabilitação Habitacional”
– (Volumes 1 e 2), INH/LNEC, 1ª Edição, 2006, ISBN 978-972-49-2081-8;
[68] – Dow – Building Solutions: Poliestireno Expandido – EPS, 2011;
[69] – Tectos falsos: “Remodelações e Reabilitação Urbana em Lisboa e Margem Sul” ,
www.obraefacil.com;
[70] – DGGE / IP -3E: Reabilitação Energética da Envolvente de Edificios Residenciais, Tipografia
Peres, 2014, ISBN 972-8268-33-5;
[71] – Dow – Building Solutions: Polietileno Expandido Extrudido – XPS, 2011;
[72] – Silva, Pedro Martins: ”A Componente Acústica na Reabilitação de Edifícios de Habitação”, 3ª
Edição, LNEC, 1998, ISBN 972-49-1743-6;
[73] – Moita, Francisco: “Energia Solar Passiva”, 2ª Edição, SRGUMENTUM, 2010, ISBN 978-972-
8479-73-2;
[74] – Paiva, José Vasconcelos e outros, 3º ENCORE – “Encontro Sobre Conservação e Reabilitação
de Edifícios”, LNEC, 1ª Edição (Volumes 1 e 2), 2003, ISBN 972-49-1960-9;

105
[75] – Beinhauer, Peter: “Atlas de Detalhes Construtivos na Reabilitação”, 1ª Edição, Gustavo Gili,
2013, ISBN 978-85-65985-17-8;
[76] – RRAE: “Regulamento dos Requisitos Acústicos dos Edifícios” – Decreto-Lei nº 129/2002, de 11
de Maio;
[77] – Directiva n.º 2002/49/CE, de 25 de Junho;
[78] – D.L. n.º 9/2007, de 17 de Janeiro: Regulamento Geral do Ruido – RGR;
[79] – D.L. n.º 96/2008, de 9 de Junho – RRAE;
[80] – Gomes, João Ferreira: “Reforço do Isolamento Térmico e Acústico dos Edifícios” (Revista),
ANFAJE: Associação Nacional dos Fabricantes de Janelas Eficientes, 2011;
[81] – EN 806: BS EN 806-5:”Specification for installations inside buildings conveying water for human
consumption. Operation and maintenance”, Março/2012;
[82] – EN 12056: BS EN 12056 – 3: “Gravity drainage systems inside buildings. Roof drainage, layaut
and calculation”, Set./2012;
[83] – ISO 9001: (International Organization for Standardization): “Certificação – Sistemas de gestão da
qualidade”, 2008;
[84] – ISO 14001: “Sensibilização de Sistemas de Gestão Ambiental”, 2004;
[85] – OHSAS 18001: “Sistemas de Gestão da Saúde e Segurança Ocupacional”, 2007;
[86] – Empresa Portuguesa das Águas Livres, S.A. (EPAL);
[87] – Directiva n.º 2000/147/CE, 8 de Fevereiro;
[88] – Directiva n.º 2003/632/CE, 26 de Agosto;
[89] – Directiva n.º 2000/367/CE, 3 de Maio;
[90] - Directiva n.º 2003/629/CE, 27 de Agosto;
[91] – Despacho n.º 2074/2009, de 15 de Janeiro;
[92] – Portaria n.º 64/2009, de 22 de Janeiro;
[93] – Portaria n.º 610/2009, de 21 de Julho;
[94] – Portaria n.º 773/2009, de 21 de Julho;
[95] – Portaria n.º 1054/2009, de 16 de Setembro;
[96] – ISO 15928-4: “Houses – Description of Performance” – Part 4: Fire Safety, 2011;
[97] – Castro, Carlos Ferreira de; José Barreira Abrantes: “Manual de Segurança Contra Incêndio em
Edificios”, 2ª Edição, 2009, Escola Nacional de Bombeiros, ISBN 9728792166;
[98] – NBR 15575: “Norma Brasileira de Desempenho de Edifícios”;
[99] – Neto, M.F.F.; Bertoli Stelamaris Rolo: Artigo científico da revista Acústica e Vibrações, nº 43 de
11 de Dezembro de 2011 – “Critérios de desempenho acústico em edifícios residenciais”;
[100] – Norma BS 6700: “Design, installation, testing and maintenance of services supplying water for
domestic use within building, and their curtilages specification”, 2006 + A1: 2009;
[101] – Norma DVGW 308:”Setting Stnadards for gas and water”;
[102] – Norma AS/NZS 3500: “Plumbing and drainage – Part 1: Water services [By Autority of New
South Wales Code of Pratice – Plumbing and Drainage ]”, 2003;
[103] – ANQUIP – Associação Nacional para a Qualidade nas Instalações Prediais: “Reutilização e
reciclagem de águas cinzentas” , outros artigos de estudo – www.anquip.pt;
[104] – Portaria nº 353/2013, de 4 de Dezembro, do Ministério do Ambiente, Ordenamento do

106
Território e Energia;
[105] – Portaria n.º 280/2014, de 29 de Dezembro;
[106] – Baião, Manuel; Dias, Miranda; Coelho, Leça; Marques, Ana - “Reabilitação de paredes de
alvenaria e pavimentos de madeira de edifícios antigos”, LNEC;
[107] – Cóias, Vítor: “Inspecções e Ensaios na Reabilitação de Edifícios”, 2ª Edição, IST PRESS,
2009, ISBN 978-972-8469-53-5;
[108] – Vítor Abrantes e Vasco Peixoto de Freitas: “O Isolamento Térmico da Envolvente dos Edifícios
Face ao Regulamento (RCCTE) ”;
[109] – Rull, Albert Soriano: Manual Técnico “Tuberias Plásticas em Edificacion”, Editorial AENOR,
2011;
[110] - Portugal – Leis, Decretos, etc. Decreto-Lei n.º 26/2010, de 30 de Março;
[111] – Portaria nº 370/2013, de 27 de Dezembro, do Ministério das Finanças;
[112] – Norma francesa: DTU 60.11: “Règles de calcul des installations de plomberie saitaire et des
installations d’ evacuation des eaux pluvials”, Outubro/2008;
[113] – Norma espanhola: UNE EN 806: “Especificationes para instalationes de conducción de agua
destinada al consumo humano en el interior de edifícios. Parte 5: Funcionamento y
mantenimento”, 2013;
[114] - http://www.epul.pt/archive/doc/MemoriaRGE.pdf, dia 21 de Novembro de 2012;
[115] – VERLAG DASHOFER: www.dashofer.pt;
[116] – ADENE – Agência Para A Energia: “Sistema de Certificação Energética”, www.adene.pt;
[117] – www.cype.pt (Programa Arquimedes - Orçamentação);
[118] –http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/103/norma-de-
desempenho-o-significado-de-desempenho-nas-edificacoes-282364-1.aspx;
[119] – Afonso, Armando Silva, Universidade de Aveiro:”Integração de Soluções de Sustentabilidade
nas Instalações Prediais de Água: Dois casos de Estudo”, 23 de Feveriro/2015:
www.regiaodeaveiro.pt;
[120] – Carla Alves - http://www.carla-alves.com/comportamento_ térmico_RCCTE.html, Serviços de
Engenharia Civil;
2
[121] – Atlas – Seguros: “Valor do M para edifícios em 2015”,
http://blog.sitedosseguros.com/2013/12/Valores-m2-em 2014-para-seguros-de-casas-restantes-
imóveis/;
[122] - https://dspace.ist.utl.pt/bitstream/2295/102173/1/c:%5Cdocuments%20and%20settings%
5Cjoaof%5Cmy%20documents%5Ca-dados%5Cdocencia%5Cdfa%20-%20tecnicas%20de%
20reabilitacao%20de%20construcoes%5Cdocumentos%20para%20alunos%5Crge_versao%2
0definitiva_jan2007.pdf, dia 21 de Novembro de 2012;
[123] – www.LNEC.pt/qpe/eurocodigos/situacao_em_portugal;
[124] – NBR 5626/98: “Instalação Predial de Água Fria”, Setembro de 1998;
[125] – EN 12354 – 3:”Building acoustics. Estimation of acoustic performance in buildings from the
performance of elements. Airborn sound insulation against out door sound”, Julho/2000;
[126] – EN 338: “Structural timber Strength classes English version of DIN EN 338”, Junho/1998;
[127] - “Declarações de Conformidade Regulamentar” das fracções A 1 e E;

107
[128] – EN 12354-1:”Building acoustics. Estimation of acoustic performance in buildings from
the performance of elements. Airborne sound insulation between rooms”, Julho/2000;
[129] – Pedroso, Vitor M.R., LNEC: “Manual dos Sistemas Prediais de Distribuição e Drenagem de
Águas”, 3ª Edição, CED 7, 2007, ISBN 9789724918495;
[130] – ENQUIP, 6º Seminário sobre: “ Eficiência Energética em Edificios”, Organização da
Construção Magazine no LNEC, www.contrucaomagazine.pt;
[131] – Normas americanas: ANSI, ASTM, AWWA;
[132] – ASHRAE – American Society of Heating, Refrigeration and Air Conditioning Engineers: “ 2015
ASHRAE Annual Conference – June 27 – July 01, 2015, Atlanta, GA, USA.

108
ANEXO I: EUROCÓDIGOS PUBLICADOS [123]

Nota: As NP EN referidas já incluem o respetivo Anexo Nacional.

Norma NP EN
Título Observações
(ou Emenda / Errata) correspondente

EUROCÓDIGO – BASES PARA O PROJECTO DE ESTRUTURAS


NP EN
EN 1990:2002
1990:2009
Emenda não incluída na
EN 1990:2002/A1:2005 Eurocódigo – Bases para o NP EN 1990:2009. Ver
projecto de estruturas Nota A
Errata não incluída na
EN
NP EN 1990:2009. Ver
1990:2002/A1:2005/AC:2010
Nota B
EUROCÓDIGO 1 – AÇÕES EM ESTRUTURAS
EN 1991-1-1:2002 Eurocódigo 1 – Acções em
estruturas – Parte 1-1:
NP EN 1991-1-
Acções gerais – Pesos Errata já incluída na NP
EN 1991-1-1:2002/AC:2009 volúmicos, pesos próprios, 1:2009
EN 11-1-1:2009
sobrecargas em edifícios
Eurocódigo 1 – Acções em NP EN 1991-1-
EN 1991-1-2:2002
estruturas – Parte 2:2010
1-2: Acções gerais – Acções NP EN 1991-1-
EN 1991-1- Errata não incluída na
em estruturas 2:2010
2:2002/AC:2013 NP EN 1991-1-2
expostas ao fogo /AC:2013
EN 1991-1-3:2003 Eurocódigo 1 – Acções em
estruturas – Parte
EN 1991-1- NP EN 1991-1- Errata já incluída na
1-4: Acções gerais – Acções
3:2003/AC:2009 3:2009 NP EN 1991-1-3:2009
do vento
EN 1991-1-4:2005
NP EN 1991-1-
EN 1991-1- Eurocódigo 1 – Acções em Errata já incluída na
4:2010
4:2005/AC:2010 estruturas – Parte 1-4: NP EN 1991-1-4:2010
Acções gerais – Acções do NP EN 1991-1- Emenda não incluída
EN 1991-1- vento 4:2005/ na NP EN 1991-1-
4:2005/AC:2010
/A1:2010 4:2010. Ver Nota C
Eurocódigo 1 – Acções em NP EN 1991-1-
EN 1991-1-5:2003
estruturas – Parte 1-5: 5:2009
Acções gerais – Acções Errata já incluída na NP
EN 1991-1-5:2003/AC:2009
térmicas EN 1991-1-5:2009
EN 1991-1-6:2005 Eurocode 1 - Actions on
structures Part 1-6: General
EN 1991-1-6:2005/AC:2013 actions - Actions during Errata
execution
EN 1991-1-7:2006 Eurocode 1 – Actions on
EN 1991-1-7:2006/AC:2010 structures – Part 1-7: General Errata
EN 1991-1-7:2006/A1:2014 actions – Accidental actions Emenda
EN 1991-2:2003 Eurocode 1 – Actions on
structures – Part 2: Traffic
EN 1991-2:2003/AC:2010 loads on bridges Errata
EN 1991-3:2006 Eurocode 1 – Actions on
structures – Part 3: Actions
EN 1991-3:2006/AC:2012 induced by cranes and Errata
machinery

109
Norma NP EN
Título Observaçõs
(ou Emenda / Errata) correspondente

EN 1991-4:2006 Eurocode 1 – Actions on


structures – Part 4: Silos and
EN 1991-4:2006/AC:2012 Errata
tanks
EUROCÓDIGO 2 – PROJECTO DE ESTRUTURAS DE BETÃO
NP EN 1992-1-
EN 1992-1-1:2004
Eurocódigo 2 – Projecto de 1:2010
estruturas de betão – Parte 1- NP EN 1992-1-
Errata não incluída na
EN 1992-1-1:2004/AC:2010 1: Regras gerais e regras 1:2010/
NP EN 1992-1-1:2010
para edifícios /AC:2012
EN 1992-1-1:2004/A1:2014 Emenda
Eurocódigo 2 – Projecto de NP EN 1992-1-
EN 1992-1-2:2004
estruturas de betão – Parte 1- 2:2010
2: Regras gerais –
Errata incluída na NP
EN 1992-1-2:2004/AC:2008 Verificação da resistência ao
EN 1992-1-2:2010
fogo
EN 1992-2:2005 Eurocode 2 – Design of
concrete structures – Part 2:
EN 1992-2:2005/AC:2008 Concrete bridges – Design Errata
and detailing rules
Eurocode 2 – Design of
concrete structures – Part 3:
EN 1992-3:2006
Liquid retaining and
containment structures
EUROCÓDIGO 3 – PROJECTO DE ESTRUTURAS DE AÇO
EN 1993-1-1:2005
Eurocódigo 3 – Projecto de NP EN 1993-1-
Errata já incluída na NP
EN 1993-1-1:2005/AC:2009 estruturas de aço – Parte 1-1: 1:2010
EN 1993-1-1:2010
Regras gerais e regras para
Emenda não incluída na
EN 1993-1-1:2005/A1:2014 edifícios
NP EN 1993-1-1:2010
EN 1993-1-2:2005 Eurocódigo 3 – Projecto de
estruturas de aço – Parte 1-2: NP EN 1993-1-
Errata já incluída na NP
EN 1993-1-2:2005/AC:2009 Regras gerais – Verificação 2:2010
EN 1993-1-2:2010
da resistência ao fogo
Eurocode 3 – Design of steel
structures – Part 1-3: General
EN 1993-1-3:2006 rules – Supplementary rules
for cold-formed members
and sheeting
EN 1993-1-3:2006/AC:2009 Errata
Eurocode 3 – Design of steel
structures – Part 1-4: General
EN 1993-1-4:2006
rules – Supplementary rules
for stainless steels
EN 1993-1-5:2006 Eurocode 3 – Design of steel
NP EN 1993-1-5:
structures – Part 1-5: Plated Errata já incluída na NP
EN 1993-1-5:2006/AC:2009 2012
structural elements EN 1993-1-5:2012
EN 1993-1-6:2007 Eurocode 3 – Design of steel
structures – Part 1-6:
EN 1993-1-6:2007/AC:2009 Strength and stability of shell Errata
structures
EN 1993-1-7:2007 Eurocode 3 – Design of steel
structures – Part 1-7: Plated
EN 1993-1-7:2007/AC:2009 structures subject to out of Errata
plane loading

110
Norma NP EN
Título Observações
(ou Emenda / Errata) correspondente

EN 1993-1-8:2005 Eurocódigo 3 – Projecto de


NP EN 1993-1-
estruturas de aço – Parte 1-8: Errata já incluída na NP
EN 1993-1-8:2005/AC:2009 Projecto de ligações 8:2010
EN 1993-1-8:2010
EN 1993-1-9:2005 Eurocódigo 3 – Projecto de
NP EN 1993-1-
estruturas de aço – Parte 1-9: Errata já incluída na NP
EN 1993-1-9:2005/AC:2009 Fadiga 9:2010
EN 1993-1-9:2010
EN 1993-1-10:2005 Eurocódigo 3 – Projecto de
estruturas de aço – Parte 1-
NP EN 1993-1-
EN 1993-1- 10: Tenacidade dos materiais Errata já incluída na NP
10:2010
10:2005/AC:2009 e propriedades segundo a EN 1993-1-10:2010
espessura
Eurocode 3 – Design of steel
structures – Part 1-11:
EN 1993-1-11:2006
Design of structures with
tension components
EN 1993-1-
Errata
11:2006/AC:2009
EN 1993-1-12:2007 Eurocode 3 – Design of steel
structures – Part 1-12:
EN 1993-1- Additional rules for the
extension of EN 1993 up to Errata
12:2007/AC:2009
steel grades S 700
EN 1993-2:2006 Eurocode 3 – Design of steel
structures – Part 2: Steel
EN 1993-2:2006/AC:2009 bridges Errata
EN 1993-3-1:2006 Eurocode 3 – Design of steel
structures – Part 3-1: Towers,
EN 1993-3-1:2006/AC:2009 masts and chimneys – Errata
Towers and masts
Eurocode 3 – Design of steel
structures – Part 3-2: Towers,
EN 1993-3-2:2006
masts and chimneys –
Chimneys
EN 1993-4-1:2007 Eurocode 3 – Design of steel
EN 1993-4-1:2007/AC:2009 structures – Part 4-1: Silos Errata
Eurocode 3 – Design of steel
EN 1993-4-2:2007
structures – Part 4-2: Tanks
EN 1993-4-2:2007/AC:2009 Errata
EN 1993-4-3:2007 Eurocode 3 – Design of steel
structures – Part 4-3:
EN 1993-4-3:2007/AC:2009 Errata
Pipelines
EN 1993-5:2007 Eurocode 3 – Design of steel
EN 1993-5:2007/AC:2009 structures – Part 5: Piling Errata
Eurocode 3 – Design of steel
EN 1993-6:2007 structures – Part 6: Crane
supporting structures
EN 1993-6:2007/AC:2009 Errata
EUROCÓDIGO 4 – PROJETO DE ESTRUTURAS MISTAS AÇO-BETÂO
EN 1994-1-1:2004 Eurocódigo 4 – Projecto de
estruturas mistas aço-betão NP EN 1994-1- Errata já incluída na NP
EN 1994-1-1:2004/AC:2009 – Parte 1-1: Regras gerais e 1:2011 EN 1994-1-1
regras para edifícios

111
Norma NP EN
Título Observações
(ou Emenda / Errata) correspondente

EN 1994-1-2:2005 Eurocódigo 4 – Projecto de


estruturas mistas aço-betão Errata já incluída na NP
EN 1994-1-2:2005/AC:2008 – Parte 1-2: Regras gerais – NP EN 1994-1-
EN 1994-1-2
Verificação da resistência ao 2:2011 Emenda não incluída na
EN 1994-1-2:2005/A1:2014 fogo
NP EN 1994-1-2
Eurocode 4 – Design of
composite steel and concrete
EN 1994-2:2005
structures – Part 2: General
rules and rules for bridges
EN 1994-2:2005/AC:2008 Errata
EUROCÓDIGO 5 – PROJETO DE ESTRUTURAS DE MADEIRA
EN 1995-1-1:2004
Eurocode 5 – Design of
EN 1995-1-1:2004/AC:2006 timber structures – Part 1-1: Errata
EN 1995-1-1:2004/A1:2008 General – Common rules and Emenda
rules for buildings
EN 1995-1-1:2004/A2:2014 Emenda
EN 1995-1-2:2004 Eurocode 5 – Design of
timber structures – Part 1-2:
EN 1995-1-2:2004/AC:2009 General – Structural fire Errata
design
Eurocode 5 – Design of
EN 1995-2:2004 timber structures – Part 2:
Bridges
EUROCÓDIGO 6 – PROJETO DE ESTRUTURAS DE ALVENARIA
Eurocode 6 – Design of
masonry structures – Part 1- NP EN 1996-1- Substitui a EN 1996-1-
EN 1996-1-1:2005+A1:2012 1: General rules for 1:2005 1:2005. Enviada ao IPQ
reinforced and unreinforced +A1:2013 para publicação
masonry structures
EN 1996-1-2:2005 Eurocode 6 – Design of
masonry structures – Part 1- NP EN 1996-1- Enviada ao IPQ para
EN 1996-1-2:2005/AC:2010 2: General rules – Structural 2:2013 publicação
fire design
EN 1996-2:2006 Eurocode 6 – Design of
masonry structures – Part 2:
Design considerations,
EN 1996-2:2006/AC:2009 Errata
selection of materials and
execution of masonry
EN 1996-3:2006 Eurocode 6 – Design of
masonry structures – Part 3:
Simplified calculation
EN 1996-3:2006/AC:2009 Errata
methods for unreinforced
masonry structures
EUROCÓDIGO 7 – PROJECTO GEOTÉCNICO
EN 1997-1:2004
NP EN 1997-
Eurocódigo 7 – Projecto Errata já incluída na NP
EN 1997-1:2004/AC:2009 1:2010
geotécnico – Parte 1: Regras EN 1997-1:2010
gerais Errata não incluída na
EN 1997-1:2004/A1:2013
NP EN 1997-1:2010
EN 1997-2:2007 Eurocode 7 – Geotechnical
design – Part 2: Ground
EN 1997-2:2007/AC:2010 investigation and testing Errata

EUROCÓDIGO 8 – PROJECTO DE ESTRUTURAS PARA RESISTÊNCIA AOS SISMOS

112
Norma NP EN
Título Observações
(ou Emenda / Errata) correspondente

Errata já incluída na
EN 1998-1:2004 Eurocódigo 8 – Projecto de NP EN 1998-1:2010
NP EN 1998-1:2010
estruturas para resistência
EN 1998-1:2004/AC:2009
aos sismos – Parte 1: Regras
gerais, acções sísmicas e Emenda não
NP EN 1998-1:2004
EN 1998-1:2004/A1:2013 regras para edifícios incluída na NP EN
/A1:2013
1998-1
EN 1998-2:2005
EN 1998-2:2005/A1:2009 Eurocode 8 – Design of Emenda
structures for earthquake
EN 1998-2:2005/AC:2010 resistance – Part 2: Bridges Errata
EN 1998-2:2005/A2:2011 Emenda
EN 1998-3:2005 Eurocode 8 – Design of
structures for earthquake Esta Errata inclui a
resistance – Part 3: anterior Errata EN
EN 1998-3:2005/AC:2013
Assessment and retrofitting 1998-
of buildings 3:2005/AC:2010.
Eurocode 8 – Design of
structures for earthquake
EN 1998-4:2006
resistance – Part 4: Silos,
tanks and pipelines
Eurocódigo 8 – Projecto de
estruturas para resistência
aos sismos – Parte 5: NP EN 1998-
EN 1998-5:2004
Fundações, estruturas de 5:2010
suporte e aspectos
geotécnicos
Eurocode 8 – Design of
structures for earthquake
EN 1998-6:2005
resistance – Part 6: Towers,
masts and chimneys
EUROCÓDIGO 9 – PROJEcTO DE ESTRUTURAS DE ALUMÍNIO
EN 1999-1-1:2007 Eurocode 9 – Design of
EN 1999-1-1:2007/A1:2009 aluminium structures – Part Emenda
EN 1999-1-1:2007/A2:2013 1-1: General structural rules Emenda
N 1999-1-2:2007 Eurocode 9 – Design of
aluminium structures – Part
EN 1999-1-2:2007/AC:2009 1-2: Structural fire design Errata
EN 1999-1-3:2007 Eurocode 9 – Design of
aluminium structures – Part
EN 1999-1-3:2007/A1:2011 1-3: Structures susceptible to Emenda
fatigue
EN 1999-1-4:2007 Eurocode 9 – Design of
EN 1999-1-4:2007/AC:2009 aluminium structures – Part Errata
1-4: Cold-formed structural
EN 1999-1-4:2007/A1:2011 sheeting Emenda
EN 1999-1-5:2007 Eurocode 9 – Design of
aluminium structures – Part
EN 1999-1-5:2007/AC:2009 Errata
1-5: Shell structures
NOTAS:
A) A Emenda EN 1990:2002/A1:2005, publicada em dezembro de 2005, tem um cariz peculiar;
com efeito, ela é integralmente constituída pelo Anexo A2 da EN 1990:2002, no qual são estabelecidas
as Bases de Projeto relativas a pontes e que não foi elaborado atempadamente de modo a ser incluído
na Norma Europeia, publicada em 2002. A versão portuguesa desta Emenda, em conjunto com o
respetivo Anexo Nacional, será disponibilizada aquando da publicação do conjunto de Normas
Portuguesas relativas a pontes.
B) A Errata EN 1990:2002/A1:2005/AC:2010, publicada em abril de 2010, introduz um conjunto de

113
correções editoriais à EN 1990:2002 e à sua Emenda EN 1990:2002/A1:2005. Saliente-se que esta
Errata incorpora a informação de uma outra Errata publicada em 2008, agora anulada por esta, mas
que já tinha sido incluída na Norma Portuguesa NP EN 1990:2009, publicada em dezembro de 2009.
C) A Emenda EN 1991-1-4:2005/A1:2010 não foi disponibilizada a tempo de ser incorporada na
NP EN 1991-1-4:2010 publicada pelo IPQ. Salienta-se entretanto que o conteúdo desta Emenda tem
um impacto reduzido face ao disposto na Norma Portuguesa, pois ela é basicamente constituída por
um conjunto de parâmetros para os quais é agora permitida uma opção nacional; sucede que, na
versão portuguesa da Emenda, foi decidido não introduzir prescrições nacionais, pelo que os valores
desses parâmetros estabelecidos na NP EN 1991-1-4:2010 se mantêm. As duas alterações
estabelecidas nesta Emenda que podem ser relevantes referem-se à secção 7.2.7 e ao quadro 7.14 da
NP EN já publicada.

114
ANEXO II: Certificados Energéticos das Fracções A1 e E [127]

115
116
117
118
119
120
121
122
123

Você também pode gostar