Você está na página 1de 96

PREFÁCIO

O ebook “Alvenaria Estrutural “ advém de uma paixão pessoal construída


desde os últimos semestres de minha graduação em Engenharia Civil na
então Universidade Católica de Goiás, em meados de 2002. Em especial
lembrança nas disciplinas de Construção Civil ministrada pelo Professor
Dario Dafico, hoje professor titular na Pontifícia Universidade Católica de
Goiás.
Entretanto, a principal motivação de apresentar o conteúdo deste ebook
foi a entrada em vigor da nova norma de projeto, execução e controle
tecnológico de obras em Alvenaria Estrutural, a ABNT NBR 16868 partes
um, dois e três, que passo a ter validade em agosto de 2020.
Desse modo, percebi a necessidade de atualizar minhas aulas da pós-
graduação, na qual pude ministrar mais de uma centena de módulos de
pós-graduação desde 2012 em diversas instituições de ensino sobre o
tema em Alvenaria Estrutural.
A sequência de apresentação dos assuntos procurou seguir a lógica do
projeto de estruturas em Alvenaria Estrutural e a boas práticas de
execução de obras em Alvenaria Estrutural.
O primeiro capítulo são apresentados os conceitos básicos da alvenaria
estrutural, bem como os aspectos históricos e estratégicos para utilização
desse sistema construtivo. Por fim, são apresentados os principais
componentes e definições de acordo com a norma técnica Brasileira ABNT
NBR 16868 (2020).
No segundo capítulo são apresentadas informações relevantes para a
concepção de ações nos elementos e componentes de alvenaria
estrutural. Assim sendo, aponta as principais instruções normativas para
correta e segura definição de ações para posterior dimensionamento de
tais elementos de alvenaria estrutural.
No Capítulo 3 são apresentados os principais modelos analíticos de análise
estrutural de edifícios em alvenaria estrutural, avaliando o comportamento
frente as ações verticais quanto às ações horizontais. Tais análise
apresentadas são confrontadas com a norma técnica ABNT NBR 16868 -
parte 1 (2020).
São apresentados no Capítulo 4 os procedimentos normativos para o
dimensionamento de elementos de alvenaria estrutural atendendo as
condições em Estados Limites Últimos (ELU) de acordo com a norma
técnica ABNT NBR 16868 - parte 1 (2020).
No Capítulo 5 são apresentados as disposições construtivas que vão
impactar no detalhamento dos projetos de estruturas em Alvenaria
Estrutural. As informações apresentadas atendem as condições impostas
na ABNT NBR 16868 - parte 1 (2020) e ainda indica os procedimentos de
produção e controle da execução de obras em alvenaria estrutural.
No capítulo 6 são apresentados os requisitos exigíveis, conforme a ABNT
NBR 16868 - parte 2 (2020) quanto aos procedimentos de controle de
execução de obras em Alvenaria Estrutural. Assim, são apresentados as
orientações iniciais antecessor a execução das obras, bem como os
procedimentos de controle tecnológico dos materiais.
Finalmente, no Capítulo 7 são apresentados os requisitos de produção dos
elementos de alvenaria. Os procedimentos apresentados são os descritos
na ABNT NBR 16868 - parte 2 (2020) e são de grande importância para
definição dos Plano de Qualidade da Obra (PQO) bem como para
atualização das Instruções de Trabalho (IT) para fins de atendimento de
qualidade e treinamento da equipe de gestão, controle e produção de obras
em alvenaria estrutural.
Por fim, esta publicação é fruto da experiência na participação de
inúmeros projetos de estruturas e execução de obras em Alvenaria
Estrutural, além da experiência acadêmica em diversas instituições de
ensino, em cursos de graduação e pós-graduação.

Rodrigo Carvalho da Mata


SUMÁRIO
Capítulo 1 – Introdução a alvenaria estrutural.................................................... 1
2
1.1 - CONCEITO ESTRUTURAL BÁSICO..................................................................................................................................
1.2 - ASPECTOS HISTÓRICOS ALVENARIA ESTRUTURAL.......................................................................................... 4
6
1.3 - SITUAÇÃO ATUAL NO BRASIL.........................................................................................................................................
1.4 - COMPONENTES DA ALVENARIA ESTRUTURAL..................................................................................................... 8
1.5 - DEFINIÇÕES DA ABNT NBR 16868 – parte 1 (2020)........................................................................................... 9
Capítulo 2 – Concepção ações na alvenaria estrutural..................................... 12
2.1 - REQUISITOS PARA O PROJETO ESTRUTURAL...................................................................................................... 13
2.2 - PRINCIPAIS SISTEMAS ESTRUTURAIS..................................................................................................................... 14
2.3 - AÇÕES NA ANÁLISE ESTRUTURAL - AÇÕES VERTICAIS................................................................................. 16
2.4 - AÇÕES HORIZONTAIS – AÇÃO DO VENTO............................................................................................................... 19
2.5 - AÇÕES HORIZONTAIS – DESAPRUMO E SISMOS................................................................................................ 22
2.6 - AÇÕES HORIZONTAIS – EXEMPLO DE APLICAÇÃO............................................................................................. 23
Capítulo 3 – Análise estrutural de edifícios em alvenaria estrutural............. 29
3.1 - DISTRIBUIÇÃO DE AÇÕES VERTICAIS – IDEALIZAÇÕES E NÍVEIS DE
APROXIMAÇÕES......................................................................................................................... 30
3.2 - DISTRIBUIÇÃO DE AÇÕES VERTICAIS – INTERAÇÕES ENTRE PAINÉIS DE
31
ALVENARIA.................................................................................................................................
3.3 - DISTRIBUIÇÃO DE AÇÕES VERTICAIS – PROCEDIMENTOS DE DISTRIBUIÇÃO DE
33
AÇÕES NAS PAREDES...............................................................................................................
3.4 - DISTRIBUIÇÃO DE AÇÕES VERTICAIS – EXEMPLO DE APLICAÇÃO......................... 35
3.5 - DISTRIBUIÇÃO DE AÇÕES HORIZONTAIS – PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS........... 37
3.6 - DISTRIBUIÇÃO DE AÇÕES HORIZONTAIS – EXEMPLO DE APLICAÇÃO................... 39
Capítulo 4 – Dimensionamento de elementos em alvenaria estrutural........ 44
4.1 - PREMISSAS DOS CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO EM ELU ................................. 45
4.2 - VERIFICAÇÃO À COMPRESSÃO SIMPLES – PROCEDIMENTOS NORMATIVOS.......... 47
4.3 - VERIFICAÇÃO À COMPRESSÃO SIMPLES – EXEMPLO DE APLICAÇÃO...................... 48
4.4 - VERIFICAÇÃO AO CISALHAMENTO – PROCEDIMENTOS NORMATIVOS..................... 50
4.5 - VERIFICAÇÃO AO CISALHAMENTO – EXEMPLO DE APLICAÇÃO 1.............................. 52
4.6 - VERIFICAÇÃO AO CISALHAMENTO – EXEMPLO DE APLICAÇÃO 2.............................. 53
4.7 - VERIFICAÇÃO AO CISALHAMENTO – EXEMPLO DE APLICAÇÃO 3.............................. 54
4.8 - VERIFICAÇÃO AO CISALHAMENTO – EXEMPLO DE APLICAÇÃO 4.............................. 56
4.9 - VERIFICAÇÃO À FLEXOCOMPRESSÃO EM PAREDES -
PROCEDIMENTOS NORMATIVOS................................................................................................ 58
4.10 - VERIFICAÇÃO À FLEXOCOMPRESSÃO EM PAREDES – EXEMPLO DE APLICAÇÃO. 59
4.11 - VERIFICAÇÃO À FLEXÃO SIMPLES EM VIGAS – PROCEDIMENTOS NORMATIVOS. 61
4.12 - VERIFICAÇÃO À FLEXÃO SIMPLES EM VIGAS – EXEMPLO DE APLICAÇÃO............. 62
Capítulo 5 – Disposições construtivas e detalhamento................................... 65
5.1 - COBRIMENTOS MÍNIMOS................................................................................................................................................... 66
5.2 - ARMADURA MÍNIMA............................................................................................................................................................ 66
5.3 - ARMADURA MÁXIMA........................................................................................................................................................... 67
5.4 - DIÂMETRO MÁXIMO DAS ARMADURAS..................................................................................................................... 67
5.5 - ESPAÇOS ENTRE BARRAS............................................................................................................................................... 67
5.6 - ESTRIBOS DE PILARES...................................................................................................................................................... 67
5.7 - ANCORAGEM............................................................................................................................................................................ 67
5.8 - EMENDAS.................................................................................................................................................................................. 68
5.9 - GANCHOS E DOBRAS.......................................................................................................................................................... 68
5.10 - LIMITE DE FISSURAÇÃO EM VIGAS............................................................................................................................ 68
5.11 - ARMADURA INTERMEDIÁRIA EM VIGAS.................................................................................................................. 69

Capítulo 6 – Requisitos gerais de controle de execução de obras em


Alvenaria Estrutural................................................................................................... 70
6.1 - REQUISITOS GERAIS DE CONTROLE............................................................................................................................. 71
6.2 - MATERIAIS E COMPONENTES......................................................................................................................................... 72
6.3 - RECEBIMENTO E ARMAZENAMENTO DOS MATERIAIS E COMPONENTES............................................... 73
6.4 - PRODUÇÃO DA ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO E DO GRAUTE.............................................................. 75
6.5 - CONTROLE DA RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS, COMPONENTES E DAS ALVENARIAS À
COMPRESSÃO AXIAL....................................................................................................................................................................... 77

Capítulo 7 – Requisitos de produção das alvenarias.......................................... 83


7.1 - REQUISITOS................................................................................................................................................................................ 84
7.2 - LOCAÇÃO DAS PAREDES DE ALVENARIAS............................................................................................................... 84
7.3 - ELEVAÇÃO E RESPALDO DAS PAREDES DE ALVENARIA.................................................................................. 85
Referências bibliográficas........................................................................................ 90
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO A ALVENARIA
ESTRUTURAL

Neste capítulo são apresentados os conceitos


básicos da alvenaria estrutural, bem como os
aspectos históricos e estratégicos para
utilização desse sistema construtivo. Por fim,
são apresentados os principais componentes e
definições de acordo com a norma técnica
Brasileira ABNT NBR 16868 (2020).

página 1
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO A ALVENARIA ESTRUTURAL
1.1 CONCEITO ESTRUTURAL BÁSICO
O princípio fundamental da Alvenaria Estrutural é quando os componentes
estejam submetidos predominantemente a compressão axial, mesmo que haja
flexo-compressão. Esse conceito considera que mesmo que haja tensões de
trações estas não podem prevalecer em na totalidade das paredes do pavimento
do edifício. Caso prevaleça, isso significa que as ações horizontais devido a ações
do vento, desaprumo e também da altura do edifício geram essa necessidade,
fazendo com que a o consumo de aço e por fim a viabilidade econômica do
sistema construtivo seja penalizado e assim o sistema em concreto armado possa
a deter melhor viabilidade econômica.

Imagem 1.1 - Ações nos componentes de alvenaria estrutural.

A alvenaria historicamente foi amplamente utilizada para vencer vãos de pontes,


catedrais e também aquedutos. Os arcos é o exemplo do comportamento em que
prevalece a compressão.

Imagem 1.2 e 1.3 - Arcos simples.

página 2
O palácio de Ctesiphon no Iraque foi construído entre 531-579 AC e é um grande
exemplo de obra executada em alvenaria, na qual detém 36,6m de altura livre e
25,3m de vão livre.

Imagem 1.4 - Palácio de CTESIPHON (531-579 AC) – Iraque.

Os arcos contraventados amplamente utilizados no período arquitetônico Gótico


era a solução para minimizar efeitos de segunda ordem em pilares de alvenaria.

Imagem 1.5 e 1.6 - Arcos contraventados de alvenaria.

página 3
1.2 ASPECTOS HISTÓRICOS ALVENARIA ESTRUTURAL
Destaca-se também o complexo de pirâmides de Guizé, datados em 2600 AC. A
pirâmide principal detém dimensões superlativas com base quadrada de 230
metros e altura total de 147 metros. A pirâmide é composta por aproximadamente
2,3 milhões de blocos de pedra com peso estimado em 2,5 toneladas.

Imagem 1.2.1 - Ruínas da cidade da Mesopotâmia..

Destaca-se também o complexo de pirâmides de Guizé, datados em 2600 AC. A


pirâmide principal detém dimensões superlativas com base quadrada de 230
metros e altura total de 147 metros. A pirâmide é composta por aproximadamente
2,3 milhões de blocos de pedra com peso estimado em 2,5 toneladas.

Imagem 1.2.2 - Pirâmide de Guizé (2600 AC)..

página 4
Na modernidade, destaca-se o edifício
Monadnock (imagem 1.10), construído em 1890
na cidade de Chicago nos EUA. Dezesseis
pavimentos e 65 metros de altura. Suas paredes
no primeiro pavimento detém espessura de
180cm, na qual com as técnicas modernas
poderiam atender condições de serviço e
segurança com apenas 30cm de espessura.
Segundo o Ramalho & Correa (2003) o primeiro
edifício construído em alvenaria estrutural não-
armada data-se de 1950 e foi construído por
Paul Haller na Suíça. Tal edifício detém 13
pavimentos, 42 m de altura, espessura das
paredes internar de 15cm e as externas de
37,5cm. (Imagem 1.11 e 1.12) Imagem 1.2.3 - Edifício
Monadnock (1980).

Imagem 1.2.4 - Edifício construído por Paul Haller na Suíça em


1950. (RAMALHO & CORREA, 2003)

Conforme Amrhein, apud Hamid & Draysdale (2004) o edifício em alvenaria


estrutural armada mais alto do mundo é as torres do Hotel Excalibur em Las
Vegas. Complexo hoteleiro construído em 2003, composto por torres com 28
pavimentos tipo sob pilotis em concreto armado devidamente articulado para
ações de sismos. A resistência à compressão dos blocos de concreto na base do
primeiro pavimento foi de 28MPa.

página 5
1.3 SITUAÇÃO ATUAL NO BRASIL
O sistema construtivo em alvenaria estrutural teve seu início no Brasil na década
de 60, com os primeiros empreendimentos executados pela extinta e saudosa
construtora Encol. A tipologia das unidades comumente encontrada nas obras
são os blocos de concreto e cerâmico e o tijolo cerâmico. As tipologias de obras
são desde obras industriais, comerciais e mais comuns as residenciais.

Imagem 1.3.1 e 1.3.2 - Obras residenciais em alvenaria estrutural de bloco de


concreto e de bloco cerâmico

1.3.1 Alvenaria estrutural em blocos de concreto


Segundo Ramalho & Correa (2003) é viável tecnicamente e economicamente
edifícios em alvenaria armada em blocos de concreto até 25 pavimentos. Para
alvenaria não-armada até 13 pavimentos. A espessura das paredes estruturais
até 20cm. Por fim, para pré-dimensionamento sugere-se 1,0 MPa de resistência a
compressão característica do bloco de concreto para cada pavimento do edifício.

1.3.2 Alvenaria estrutural em blocos cerâmicos


Ainda segundo Ramalho e Correa (2003) é viável tecnicamente e
economicamente edifícios em alvenaria armada em blocos cerâmicos até 15
pavimentos. Para alvenaria não-armada até 10 pavimentos. A espessura das
paredes estruturais até 20cm. Por fim, para pré-dimensionamento sugere-se 1,5
MPa de resistência a compressão característica do bloco de concreto para cada
pavimento do edifício.

página 6
O maior rigor entre as condições de pré-dimensionamento da alvenaria estrutural
em blocos e tijolos cerâmicos se dá ao fato que o fator de eficiência entre
resistências de paredes de alvenaria e a resistência da unidade (bloco ou tijolo)
serem menores do que o fator de eficiência entre resistências parede de
alvenaria e bloco de concreto. Na ABNT NBR 16868-1:2020, em seu anexo F
apresenta os fatores de eficiência entre resistências características de blocos e
prismas de alvenaria para blocos de concreto e cerâmico e tijolo cerâmico.
Aspectos técnicos e econômicos entre alvenaria estrutural e
estrutura convencional em concreto armado
A alvenaria estrutural detém limitações que podem influenciar nas
seguintes características:
Altura da edificação: o que pode implicar em edifícios de menor
altura em relação ao sistema em convencional; influencia na
quantidade de pontos de grauteamento, e por consequência
diminuindo a produtividade em canteiro de obra; influência no
quantitativo de armaduras passivas solicitadas à tração e ao
cisalhamento, na qual é diretamente proporcional às ações
horizontais que são amplificadas conforme aumenta-se a altura
do edifício.
Arranjo arquitetônico: implica em ambientes com densidades de
paredes de 0,5 a 0,7 metros de paredes estruturais por metro
quadrado do ambiente/pavimento; implica em vão limitados
livres; a tipologia de laje armada em duas direções prevalece em
relação às lajes pré-fabricadas armadas em uma direção;
Tipo de uso: O uso residencial é preponderante em relação ao uso
comercial e industrial, mas obras comerciais podem também
serem executadas em alvenaria estrutural, respeitando as
possibilidades de variação de layout que esse tipo de obra
necessite.
Dentre as principais vantagens do sistema em alvenaria estrutural
em relação ao sistema convencional em concreto armado são:
Economia de formas;
Redução significativa dos revestimentos;
Redução dos desperdícios de material e mão de obra;
Redução do número de especialidades;
Flexibilidade no ritmo de execução da obra (lajes içadas).
página 7
Quanto às desvantagens, destacam-se:
Dificuldade de se adaptar arquitetura para um novo uso;
Necessidade de qualificação para a mão-de-obra;
Interferência entre proj. de arquitetura/estruturas/instalações.
1.4 COMPONENTES DA ALVENARIA ESTRUTURAL
BLOCOS E TIJOLOS
É o componente mais importante, pois constitui a maior parte da
alvenaria.Os blocos podem ser classificados como estruturais e não-
estruturais. Esse último utilizado apenas para vedação e
compartimentação dos ambientes.Quanto ao material de
composição, os blocos e tijolos podem ser:
Concreto: atendendo as especificações da ABNT NBR 6136;
Cerâmico: atendendo as especificações da ABNT NBR 15270-1;
Sílico-calcáreo: atendendo as especificações da ABNT NBR
14974-1.

Imagem 1.4.1 - Bloco de Imagem 1.4.2 - bloco Imagem 1.4.2 - blocos


concreto. cerâmico estrutura. sílico-calcáreos

1.4.2 ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO


Função principal: solidarizar os blocos; transmitir e uniformizar
tensões.
As argamassas destinadas ao assentamento de blocos em paredes
de alvenaria devem atender aos requisitos estabelecidos na ABNT
NBR 13281 (2005).
Principais características:
Composição: cimento, areia, CAL e água (RECOMENDÁVEL);
Resistência à compressão;
Aderência;
Trabalhabilidade;
Plasticidade.

página 8
Segundo a ABNT NBR 16868 – 1 (2020) para evitar risco de fissuras,
recomenda-se especificar a resistência à compressão da argamassa
limitada a 1,5 vez da resistência característica especificada para
bloco. No Anexo F apresenta sugestões quanto a resistência a
compressão média da argamassa em relação a resistência a
compressão do bloco fbk.

A resistência da argamassa deve ser determinada de acordo com a


ABNT NBR 13279. Alternativamente, podem-se utilizar as
especificações da ABNT NBR 16868-2:2020, Anexo A.
GRAUTE
Concreto com agregados de pequena dimensão e relativamente
fluido, eventualmente necessário para o preenchimento dos vazios
dos blocos.
Quando especificado o graute, sua influência na resistência da
alvenaria deve ser verificada em laboratório, nas condições de sua
utilização. A avaliação da influência do graute na compressão deve
ser feita mediante o ensaio de compressão de prismas, pequenas
paredes ou paredes. Para consideração das sugestões da Tabela F.1
da ABNT NBR 16868, parte 1, a resistência à compressão
característica deve ser especificada com valor mínimo de 15 MPa.
A resistência característica do graute deve ser determinada de
acordo com as ABNT NBR 5738 e ABNT NBR 5739.
AÇO/ARMADURA
Barras de aço colocadas em furos e canaletas grauteadas ou na
argamassa. Considerações importantes:
Contribuição na compressão é pouco significativa;
Envolvidas por graute ou argamassa;
Tensão admissível relativamente baixa (165 MPa);
Diâmetro máximo na argamassa 3,8 mm.
1.5 DEFINIÇÕES DA ABNT NBR 16868 – PARTE 1 (2020)
Para amplo conhecimento dos procedimentos de projeto e execução
em Alvenaria Estrutural, aplicam-se os seguintes termos e
definições:

página 9
BLOCO: Componente básico da alvenaria com altura menor que 115
mm, podendo ser perfurado ou maciço.
TIJOLO: Componente básico da alvenaria com altura maior ou igual a
115 mm, podendo ser vazado, perfurado ou maciço.
GRAUTE: Material cimentício fluido, utilizado para preenchimento de
espaços vazios da alvenaria, com a finalidade de solidarizar
armaduras à alvenaria ou aumentar a sua capacidade resistente.
JUNTA DE ARGAMASSA: Componente utilizado na ligação dos blocos
ou dos tijolos.
COMPONENTE: Menor parte constituinte dos elementos da
estrutura.Os principais componentes são: bloco ou tijolo, junta de
argamassa, graute e armadura.
ELEMENTO: Parte da estrutura suficientemente elaborada,
constituída da reunião de dois ou mais componentes.
ELEMENTO DE AVENARIA ARMADA: Elemento de alvenaria no qual
são utilizadas armaduras PASSIVAS que são necessárias para
resistir aos esforços solicitantes.
ELEMENTO DE ALVENARIA NÃO ARMADO: Elemento de alvenaria no
qual não há ARMADURA DIMENSIONADA para resistir aos esforços
solicitantes.
ELEMENTO DE ALVENARIA PROTENDIDO: Elemento de alvenaria no
qual são utilizadas armaduras ATIVAS.
VERGA: Viga alojada sobre abertura de porta ou janela,com a função
exclusiva de transmissão de cargas verticais para os apoios
adjacentes à abertura.
CONTRAVERGA: Elemento estrutural armado colocado sob o vão de
abertura, com a função de prevenir de fissuração nos seus cantos.
COXIM: Elemento estrutural não contínuo, apoiado em uma parede,
com a finalidade de distribuir cargas concentradas.
CINTA: Elemento estrutural armado apoiado continuamente na
parede, ligado ou não às lajes, vergas ou contra-vergas.
VIGA: Elemento linear que resiste predominantemente à flexão e cujo
vão seja maior ou igual a três vezes a altura da seção transversal.

página 10
ENRRIJECEDOR: Elemento vinculado a uma parede estrutural, com a
finalidade de produzir um enrijecimento na direção perpendicular ao
seu plano.
FLANGE: Comprimento de trecho de alvenaria, fora do plano da
seção, considerado para aumento de rigidez da seção transversal. O
comprimento efetivo de flange em painéis de contraventamento deve
obedecer ao limite b f ≤ 6t.
AMARRAÇÃO NO PLANO DE PAREDE: Padrão de distribuição dos
blocos ou tijolos no plano da parede, no qual as juntas verticais se
defasam em no mínimo 9 cm e no mínimo 1/4 do comprimento dos
blocos ou tijolos.
AMARRAÇÃO INDIRETA DE PAREDES: Padrão de ligação de paredes
com junta vertical a prumo, em que o plano da interface comum é
atravessado por armaduras normalmente constituídas por grampos
metálicos devidamente ancorados em furos verticais adjacentes
grauteados ou por telas metálicas ancoradas em juntas de
assentamento.
JUNTA NÃO AMARRADA NO PLANO DE PAREDE:
Padrão de distribuição dos blocos ou tijolos MENOS que 9 cm e no
mínimo 1/4 do comprimento dos blocos ou tijolos. Usualmente as
juntas verticais são alinhadas a PRUMO nessa configuração.
PAREDE: Elemento laminar que resista predominantemente a cargas
de compressão e cuja maior dimensão da seção transversal exceda
cinco vezes a menor dimensão.
PEQUENA PAREDE: Corpo de prova que tenha no mínimo um
comprimento equivalente a dois blocos ou dois tijolos e altura
equivalente a cinco vezes a espessura do bloco ou tijolo, e não
inferior a 70 cm.
PILAR: Elemento linear que resiste predominantemente a cargas de
compressão e cuja maior dimensão da seção transversal não excede
cinco vezes a menor dimensão.
PRISMA: Corpo de prova obtido pela superposição de blocos ou
tijolos unidos por junta de argamassa.
PRISMA CHEIO: Prisma de blocos vazados ou perfurados, preenchido
por grauteamento.
PRISMA OCO: Prisma de blocos vazados ou perfurados,
sem grauteamento.
página 11
CAPÍTULO 2
CONCEPÇÃO DAS AÇÕES NA
ALVENARIA ESTRUTURAL
Nesta seção deste ebook, são apresentados
informações relevantes para a concepção de
ações nos elementos e componentes de
alvenaria estrutural. Assim sendo, aponta as
principais instruções normativas para correta e
segura definição de ações para posterior
dimensionamento de tais elementos de alvenaria
estrutural.

página 12
CAPÍTULO 2 – CONCEPÇÃO DAS AÇÕES NA ALVENARIA
ESTRUTURAL
2.1 REQUISITOS PARA O PROJETO ESTRUTURAL

Conceitos básicos e definições:


A solução estrutural adotada em projeto deve atender aos requisitos
de qualidade estabelecidos relativos à capacidade resistente, ao
desempenho em serviço e à durabilidade da estrutura, detendo
capacidade resistente, desempenho em serviço e durabilidade da
estrutura.
Capacidade resistente:
O projeto deve ser consistente de modo a assegurar a segurança à
ruptura.
Desempenho em serviço:
A estrutura não pode apresentar danos que comprometam em parte
ou totalmente o uso para o qual foi projetada e deve ter capacidade
de manter-se em condições plenas de utilização durante sua vida
útil.
Durabilidade da estrutura:
A estrutura deve ter capacidade de resistir às influências ambientais
previstas e definidas em conjunto pelo projetista estrutural e seu
contratante, no início dos trabalhos de elaboração do projeto.
Qualidade do projeto:
O projeto de uma estrutura de alvenaria deve ser elaborado,
adotando-se:
1. Sistema estrutural adequado à função desejada para a edificação;
2. Ações compatíveis e representativas;
3. dimensionamento e verificação de todos os elementos estruturais
presentes;
4. Especificação de materiais e componentes apropriados e de
acordo com os dimensionamentos efetuados;
5. Procedimentos de controle para projeto.

página 13
O projeto estrutural, antes de ser liberado para execução, deve ser
devidamente compatibilizado com os projetos das demais
especialidades técnicas. As interferências desses outros projetos
em elementos de alvenaria estrutural devem ser solucionadas antes
de sua aprovação final.
Documentação do projeto:
O projeto de estrutura de alvenaria deve ser constituído por
desenhos técnicos e especificações.
Avaliação da conformidade do projeto - ACP:
Entende-se por avaliação de conformidade do projeto de estruturas
de alvenaria a verificação e a análise crítica do projeto, realizadas
com o objetivo de avaliar se o projeto atende aos requisitos
aplicáveis.
Segundo a ABNT NBR 16868-1 (2020):
5.4.5 A avaliação da conformidade do projeto é obrigatória
e deve ser realizada antes da fase de construção e, de
preferência, simultaneamente com a fase de projeto.
NOTA: É recomendável que o profissional escolhido para
realizar a avaliação da conformidade do projeto possua
experiência em estruturas de alvenaria.
5.4.6 Recomenda-se ao projetista da estrutura alertar o
seu contratante sobre a obrigatoriedade da avaliação da
conformidade do seu projeto nos termos previstos nesta
subseção. Cabe ao contratante informar ao projetista da
estrutura quem é o profissional responsável pela
avaliação da conformidade do projeto.

2.2 PRINCIPAIS SISTEMAS ESTRUTURAIS


Concepção Estrutural:
Determinar paredes estruturais ou não-estruturais para resistir a
ações verticais e horizontais.
Fatores condicionantes:
Utilização da estrutura;
Simetria;
Etc.

página 14
Sistema estrutural:
Conjunto de elementos estruturais definidos durante a concepção da
estrutura.
Paredes Transversais:
Utilizações principais:
Hotéis, hospitais, escolas, etc;
Edificações de planta alongada em geral.

imagem 2.1 - Sistema estrutural de paredes transversais. Ramalho &


Correa (2003)

Paredes Celulares:
Utilizações principais em edifícios residenciais.

imagem 2.2 - Sistema estrutural de paredes celulares. Ramalho &


Correa (2003).

página 15
Sistema complexo:
Utilizações principais em edifícios de plantas mais complexas.

imagem 2.3 - Sistema estrutural de sistema


complexo. Ramalho & Correa (2003).

2.3 AÇÕES NA ANÁLISE ESTRUTURAL - AÇÕES VERTICAIS


Ações a considerar
Na análise estrutural deve ser considerada a influência de todas as
ações que possam produzir efeitos significativos para a segurança
da estrutura, levando-se em conta os possíveis estados-limite
últimos e os de serviço.
As ações a serem consideradas classificam-se em:
a) ações permanentes;
b) ações variáveis;
c) ações excepcionais.
a) Ações permanentes:
São ações que apresentam valores com pequena variação em torno
de sua média durante praticamente toda a vida da estrutura.
Ações permanentes diretas:
Peso Específico:
Na falta de uma avaliação precisa para o caso considerado, podem-
se utilizar os seguintes valores como peso específico aparente de
alvenarias, sem revestimentos, devendo-se acrescentar o peso do
graute, quando existente:

página 16
Sistema complexo:
Valor de 14 kN/m3 para a alvenaria de blocos de concretos
vazados;
Valor de 12 kN/m3 para a alvenaria de blocos cerâmicos vazados
com paredes vazadas;
Valor de 14 kN/m3 para a alvenaria de blocos cerâmicos vazados
com paredes maciças;
Valor de 18 kN/m3 para a alvenaria de tijolos maciços;e) Valor de
24 kN/m ³ para o graute.
Elementos construtivos fixos e instalações permanentes:
As massas específicas dos materiais de construção usuais podem
ser obtidas na ABNT NBR 6120.
As ações devidas às instalações permanentes devem ser
consideradas com os valores nominais fornecidos pelo fabricante.
Empuxos permanentes:
Consideram-se permanentes os empuxos que provêm de materiais
granulosos ou líquidos não removíveis.
Os valores para a massa específica dos materiais granulosos mais
comuns podem ser obtidos na ABNT NBR 6120.
Ações permanentes indiretas:
São ações impostas pelas imperfeições geométricas, que podem ser
consideradas locais ou globais.
b) Ações variáveis:
São aquelas que apresentam variação significativa em torno de sua
média durante toda a vida da estrutura.
Cargas acidentais:
As cargas acidentais são aquelas que atuam sobre a estrutura de
edificações em função do seu uso (pessoas, móveis, materiais
diversos, veículos etc). Seus valores podem ser obtidos na ABNT
NBR 6120.

página 17
Ação do vento:
As forças devidas ao vento devem ser consideradas de acordo com a
ABNT NBR 6123. Ver item 4.
c) Ações excepcionais:
Consideram-se excepcionais as ações decorrentes de explosões,
impactos, incêndios, sismos etc. No caso de considerar ações como
explosões e impactos, recomendações são indicadas no Anexo 2 da
ABNT NBR 16868, parte 1.
Para edifícios residenciais:
Reações das lajes dos pavimentos;
Peso próprio das paredes.
Cargas provenientes das lajes:
Permanentes;
Variáveis.
Cargas permanentes:
Peso próprio;
Contrapiso;
Revestimento;
Paredes não-estruturais.
Cargas variáveis:
Sobrecarga de utilização.
Cargas provenientes das paredes:
Peso próprio das Paredes:
P=γ.t.l.h
Onde: Eq. 2.1
P : peso da alvenaria [kN] l: largura da parede [m]
γ : Peso específico da parede [kN/m ³ ] h : altura da parede

página 18
2.4 AÇÕES HORIZONTAIS – AÇÃO DO VENTO
Para edifícios residenciais as ações horizontais que são submetidos
os edifícios são:
Ação dos Ventos;
Desaprumo;
Sismos.
A ação do vento pode ser entendida no esquema da figura 4 a seguir:

imagem 2.4 - Ação do vento no edifício.

Velocidade Característica:

v k = S1 S2 S3 v0
Eq. 2.2
Onde:
vk : velocidade característica do vento;
v0 : velocidade básica (figura 1 da NBR 6123);
s1 : fator topográfico (item 5.2 da NBR 6123);
s2 : fator de rugosidade e regime (tabela 2 da NBR 6123);
s3 : fator estatístico (tabela 3 da NBR 6123).
A velocidade básica v0 pode ser obtida com o mapa das isopletas da
ABNT NBR 6123 (1988), conforme apresentada nas imagens 2.5 e
2.6.

página 19
imagem 2.5 - ABNT NBR 6123 (1988); imagem 2.6 - Revisão ABNT NBR 6123.

Velocidade Característica:

θ ≤ 3° : S1 = 1,0
6° ≤ θ ≤ 17° : S1 (z) = 1 + ( 2,5 - z / d ) tg ( θ - 3° )
θ ≥ 45° : S1 (z) = 1 + ( 2,5 - z / d ) 0,31
Onde:
z: altura do ponto a partir da superfície do terreno.
Fator de Rugosidade e Regime S2
Categoria do Terreno:
1. Superfícies lisas de grandes dimensões (mais de 5 km na
direção eSentido do vento incidente);
2. Terreno aberto, em nível, poucos obstáculos isolados (árvores
ou pequenas construções);
3. Terrenos planos com obstáculos como muros, edificações
baixas e esparsas; 0
4. Terreno com obstáculos numerosos em zonas florestal,
industrial e urbanizada;
5. Terreno com obstáculos numerosos e altos, como centro de
grandes Cidades.

página 20
Classe da Edificação:
A : edificações com maior dimensão menor que 20 m;
B : edificações com maior dimensão entre 20 e 50 m;
C : edificações com maior dimensão maior que 50 m.
Fator de Rugosidade e Regime S2:

Onde: Eq. 2.3


Fr e p : fatores meteorológicos (NBR 6123);
z: Altura da edificação em metros (m);

Fator Estatístico – Coeficiente S3:

Pressão de obstrução:

q = 0,613 vk2
Onde: Eq. 2.4

q : pressão de obstrução em N/m2;


vk : velocidade característica em m/s.
Pressão de obstrução:

FV = Ca q As
Eq. 2.5
Onde:
FV : força do vento (ao nível de cada pavimento);
Ca : coeficiente de arrasto;
q : pressão de obstrução;
As : área da superfície na qual o vento atua;

página 21
Fator Estatístico – Coeficiente S3:
O regime do vento para uma edificação pode ser considerado de alta
turbulência quando sua altura não excede a duas vezes a altura
média das edificações da vizinhança estendendo-se estas, na
direção do vento incidente a uma distância mínima de :
500 m para edificação até 40 m de altura;
1000 m para edificação até 55 m de altura;
2000 m para edificação até 70 m de altura;
3000 m para edificação até 80 m de altura.

2.5 AÇÕES HORIZONTAIS – DESAPRUMO E SISMOS


Pressão de obstrução:

Eq. 2.6
Onde:
θa : ângulo de desaprumo (em radianos);
H : altura da edificação.

imagem 2.4.1 - Imperfeições geométricas ABNT NBR 16868, parte 1 (2020)

Força horizontal equivalente:

Fd = Δ P θa
Onde: Eq. 2.7

Fd : força horizontal por pavimento;


Δ P : peso total de um pavimento;
θa : ângulo de desaprumo (em radianos).
página 22
imagem 2.4.2 - Ação horizontal equivalente para
consideração do desaprumo.RAMALHO & CORREA (2003).

2.6 AÇÕES HORIZONTAIS – EXEMPLO DE APLICAÇÃO


Edifício de exemplo:
15 pavimentos tipo;
Pé direito de 2,6 metros;
Espessura da parede possuindo 14 cm;
Espessura da laje possuindo 10 cm;

2.6.1 - Planta baixa 2.6.2 - Abertura das Janelas

2.6.3 - Abertura das Portas


imagem 2.6.1; 2.6.2 e 2.6.3 - Edifício exemplo ações horizontais.

página 23
Passo 1: Cálculo da ação do VENTO:
São adotadas as recomendações da ABNT NBR 6123:1988 para a
consideração das ações do vento nas estruturas dos edifícios. As
pressões do vento são transformadas em forças estáticas, atuando
na superfície perpendicular à direção do vento. A força do vento que
atua horizontalmente é chamada força de arrasto, sendo obtida pela
equação 8 apresentada pela ABNT NBR 6123:1988.

F=Ca x q x A
Eq. 2.8
Em que, Ca é o coeficiente de arrasto, q é a pressão dinâmica e A é a
área da superfície perpendicular à direção do vento. A pressão
dinâmica, também de acordo com a norma, é obtida pela equação 9.

q=0,613 x Vk2
Eq. 2.9
Em que, Vk é a velocidade característica do vento dada pela equação
10, a seguir:

Vk =V0 x S1 x S2 x S3
Eq. 2.10
Dados de entrada:
A velocidade básica na cidade de Goiânia, determinada no gráfico
das isopletas, é aproximadamente 33 m/s da ABNT NBR 6123
(1988);
Tratando-se de um terreno levemente acidentado, S1 é igual a
1,00;
O edifício é residencial, sendo o fator S3 igual a 1,00.
A rugosidade do terreno enquadra-se na categoria IV – terreno
coberto por obstáculos numerosos e pouco espaçados, com topo de
cota média igual a 10 metros, em zona florestal, industrial ou
urbanizada – e, sendo a maior dimensão do edifício menor que 20
metros, esse enquadra-se na classe A. Assim, foram obtidos os
parâmetros meteorológicos necessários para o cálculo de S2 que
relaciona Categoria e Classe e varia conforme a altura da edificação,
podendo ser calculado pela equação 11.

página 24
_
S2=b x Fr (10z ) p
Eq. 2.11
Em que: b, Fr e p são parâmetros meteorológicos retirados da Tabela
1 da ABNT NBR 6123:1988 e z é altura da edificação.
Para Categoria IV e Classe A, tem-se: b = 0,86, Fr = 1,00, p = 0,12.
Para cada pavimento, obteve-se o fator S2 e, por conseguinte, a
velocidade característica do vento (V k ) e a pressão dinâmica (q)
determinadas através das equações 11 e 10, respectivamente, sendo
apresentados a seguir:
Para z = 2,65m:

Para demais cotas:

página 25
Para o cálculo da força horizontal atuante, foram determinados os
coeficientes de arrasto para ventos de alta e baixa turbulências
(Figuras 4 e 5 da ABNT NBR 6123:1988) utilizando-se o valor médio
desses nas direções x e y.

Vento direção x:
h = 39,75 m;
l1 = 4,8 m;
l2 = 9,6 m;
l1/l2 = 0,5;
h/l1 = 8,4;

Vento direção x:
C a = 1,12 (vento de baixa turbulência); C a = 0,96 (vento de alta
turbulência);
C a,médio,x = 1,04 valor adotado para o exemplo.

página 26
Vento direção x:
Vento direção y:
h = 39,75 m;
l1 = 9,6 m;
l2 = 4,8 m;
l1/l2 = 2;
h/l1 = 4,2;
Ca = 1,49 (vento de baixa
turbulência);
Ca = 1,18 (vento de alta
turbulência);
C a,médio,y = 1,34
valor adotado para cálculo

Logo, as forças horizontais para cada pavimento são calculadas


conforme a equação 2.8.

Logo, as forças horizontais para cada pavimento são calculadas


conforme a equação 2.8.
Passo 2: Cálculo do DESAPRUMO:

Eq. 2.12

página 27
Em que, H é a altura total da edificação em metros e Φ é o ângulo
para o desaprumo do eixo da estrutura em radianos.
Para um edifício de 15 pavimentos e um pé-direito de 2,65 metros, a
altura total é de 39,75 metros. Assim, o ângulo de desaprumo foi
calculado através da equação 5, obtendo-se ɸ = 0,0016 radianos.
A ação lateral equivalente ao desaprumo, Fdes , a ser aplicada ao nível
de cada pavimento é dada pela Equação 13, em que Δ P é o peso total
do pavimento considerado.
Fdes =∆PxΦ
Eq. 2.13

Com base nos dados da edificação fornecidos anteriormente e um


peso específico de 24 kN/m ³ para a alvenaria estrutural de bloco de
concreto e de 25 kN/m ³ para a laje em concreto armado, o peso de
um pavimento foi calculado, conforme mostrado a seguir:
∆P=24×0,14×[2,6×(4,8×2+9,6×2)
-(2,2×0,8+1,2×2)]+25×0,1×4,8×9,6
∆P=353,5 kN
A ação lateral devido ao desaprumo nas direções x e y ao longo da
altura da edificação foi obtida através da equação 13, obtendo-se:
Fdes =353,5×0,0016 Fdes =0,56 kN
Passo 3: Forças horizontais RESULTANTES:
Somando-se as forças do vento e do desaprumo tem-se a força total
resultante a cada pavimento nos sentidos x e y de atuação, conforme
Tabela a seguir:

página 28
CAPÍTULO 3
ANÁLISE ESTRUTURAL DE
EDIFÍCIOS EM ALVENARIA
ESTRUTURAL
Neste capítulo são apresentados os principais
modelos analíticos de análise estrutural de
edifícios em alvenaria estrutural, avaliando o
comportamento frente as ações verticais quanto
às ações horizontais. Tais análise apresentadas
são confrontadas com a norma técnica ABNT
NBR 16868 - parte 1 (2020).

página 29
CAPÍTULO 3 – ANÁLISE ESTRUTURAL DE EDIFÍCIOS EM
ALVENARIA ESTRUTURAL
3.1 DISTRIBUIÇÃO DE AÇÕES VERTICAIS – IDEALIZAÇÕES E NÍVEIS
DE APROXIMAÇÕES
Idealização das Ações:
A previsão das ações depende de diversos fatores:
Função;
Arranjo arquitetônico;
Materiais;
Dimensões;
Interações.
Exemplo importante de interação:

imagem 3.1.1 - Parede sobre viga - ação usual.

imagem 3.1.2 - Parede sobre viga - ação alternativa.

página 30
O Modelo Mecânico:

imagem 3.1.3 - Análise de versão idealizada (substituto do real).

Melhoria da representatividade:
Teorias;
Interações;
Ampliação de domínios.
Métodos numéricos – MEF e MEC:
Permitem consideração de modelos relativamente complexos;
Utilização relativamente recente (computadores).
Níveis de Aproximação na Análise Estrutural:

imagem 3.1.4 - Níveis de aproximação na análise estrutural.

3.2 DISTRIBUIÇÃO DE AÇÕES VERTICAIS – INTERAÇÕES ENTRE PAINÉIS


DE ALVENARIA
Interação entre paredes:
Segundo a ABNT NBR 16868 – PARTE 1 o espalhamento de cargas se
dará à 45o, conforme imagem 3.2.1.

página 31
imagem 3.2.1 - ABNT NBR 16868 – PARTE 1: espalhamento de cargas à 45°.

Forças de interação:
Tais forças ocorrerão em cantos e aberturas conforme figura 3.2.2.

imagem 3.2.2 - Forças de interação em cantos e aberturas, respectivamente.

Importância da uniformização:
O Problema para as paredes sem uniformização:
Tensões podem ser muito diferentes em um mesmo nível;
Blocos de mesma resistência em um determinado nível.
As consequências:
Parede mais solicitada define resistência dos blocos;
Folga de resistência para maioria das paredes;
Penalização da economia;
Cargas para estruturas de apoio podem não ser adequadas.
Com uniformização:
Menor resistência necessária para os blocos;
Maior economia;
Carregamento mais realista para estruturas de suporte.
No entanto, para considerar a uniformização de ações e tensões,
devem ser garantidos as forças de interação entre componentes de
alvenaria. Assim sendo, para garantir e aumentar tais forças de
interação entre componentes devem ser executados:
página 32
Em cantos e bodas:
Amarração das paredes sem juntas a prumo;
Existência de cintas sob a laje e à meia altura;
Pavimento em laje maciça.
Em regiões de aberturas:
Existência de vergas;
Existência de contra-vergas.

imagem 3.2.3 - Exemplo de elementos construtivos na elevação da


parede. TAUIL & NESE (2010)

3.3 DISTRIBUIÇÃO DE AÇÕES VERTICAIS – PROCEDIMENTOS DE


DISTRIBUIÇÃO DE AÇÕES NAS PAREDES
Paredes Isoladas:
Cada parede é considerada independente das demais.
Vantagens:
Simples e rápido para se executar;
É bastante seguro para a alvenaria.
Desvantagens:
Penaliza a economia com cargas pouco uniformes;
Podem ocorrer distorções nas cargas para os apoios.

imagem 3.3.1 - Procedimento de distribuição em paredes isoladas.

página 33
Grupos de Paredes Isolados:
Um grupo é um conjunto de paredes totalmente solidárias Cada grupo
não interage com os demais.
Vantagens:
Ainda é simples e rápido;
É normalmente seguro;
É favorável à economia;
Resulta em cargas adequadas para estruturas de apoio.
Desvantagens:
Depende da correta definição dos grupos;
Depende de ocorrerem forças de interação entre paredes.

imagem 3.3.2 - Procedimento de distribuição em grupos de paredes isoladas

Grupos de Paredes com Interação:


Cada grupo pode interagir com os demais, de acordo com taxas de
uniformização definidas.
Vantagens:
É seguro, quando bem utilizado;
É muito favorável à economia;
Resulta em cargas adequadas para estruturas de apoio.

Desvantagens:
Depende da definição dos grupos e taxas de interação;
Depende de forças de interação entre paredes e grupos.

página 34
Taxa de interação adotada:%
de área de parede
descontando a abertura.
imagem 3.3.3 - Procedimento de distribuição em grupos de paredes com interação.

3.4 DISTRIBUIÇÃO DE AÇÕES VERTICAIS – EXEMPLO DE APLICAÇÃO


Seja um edifício residencial de oito pavimentos, nas quais são conhecidas as
ações permanentes e acidentais, na qual será destacado parte do pavimento
tipo, apresentando as paredes P1, P2, P3, P4, P5 e P6, conforme figura 3.4.1 a
seguir.

imagem 3.4.1 - Edifício residencial de oito pavimentos.

As ações de dimensionamento às ações verticais são apresentadas na tabela a


seguir:

página 35
1. Paredes Isoladas:
Dados de projeto e esforços nas paredes no pavimento TÉRREO.

Logo, adota-se o maior valor do fbk,nominal para o pavimento. Neste caso:


fbk ,nominal = 16,0 MPa.
E se grautearmos a parede P6? Logo:
Adotando fbk = 8,0 MPa;
Adotando f gk = 20,0 MPa (Anexo F);
Adotando relação fpk */fpk = 1,75, teremos:
f bk,P6, GRAUTEADO = fbk x fpk*/fpk 39.00
f bk,P6, GRAUTEADO = 8,0 x 1,75 = 14,0MPa.
Logo: fbk ,nominal = 8,0 MPa.
2. Grupo de Paredes Isoladas:
Os grupos foram definidos conforme figura 12 a seguir:

imagem 3.4.2 - Grupos de paredes isoladas.

Dados de projeto e esforços nas paredes no pavimento TÉRREO.

página 36
Logo, adota-se o maior valor do fbk,nominal para o pavimento. Neste caso:
fbk ,nominal = 16,0 MPa.

Grauteando a parede P6 (grupo G3), mantem-se a avaliação do


procedimento em paredes isoladas. Logo: fbk ,nominal = 8,0 MPa.
3. Grupo de Paredes com Interação:
Dados de projeto e esforços nas paredes no pavimento em todos os
pavimento são:

Logo, adota-se o maior valor do f bk,nominal para o pavimento.


Neste caso: fbk,nominal = 12,0 MPa.

3.5 DISTRIBUIÇÃO DE AÇÕES VERTICAIS – EXEMPLO DE APLICAÇÃO


Considerações Básicas:
As lajes devem ser consideradas como diafragmas rígidos.
Alguns cuidados devem ser tomados com:
Lajes pré-moldadas;
Lajes maciças com grandes aberturas.
página 37
Estruturas de Contraventamento Simétricas e Assimétricas:
Estruturas simétricas: simplicidade na análise;
Estruturas assimétricas: maior complexidade,

imagem 3.5.1 - Diafragma rígido com deslocamento simétrico e assimétrico,


respectivamente.
Consideração de Abas ou Flanges:
Essa consideração das abas dobra a inércia dos painéis.
Consequências importantes:
Deslocamentos são reduzidos à metade;
Tensões devidas às ações horizontais são reduzidas à metade.
Segundo a ABNT NBR 16868:1 (2020) o comprimento da aba ou da
flange tem que ser maior ou igual a seis vezes a espessura da
parede.
Trechos Rígidos (“Offsets”):
Os trechos rígidos simulam dimensão finita dos nós para paredes
com aberturas, e podem ser utilizados na horizontal ou vertical.
Assim, alteram de forma significativa a distribuição de esforços.
“Offsets” podem ser considerados por dois procedimentos:
Recurso especial do programa de análise;
Colocação nós e barras adicionais.
Contraventamento Simétrico:
Essa consideração de projeto impõe que ocorram apenas translações
para as lajes dos pavimentos.
Dessa forma, são apresentados os seguintes modelos analíticos:
1. Sistema de pórtico plano equivalente:
Painéis são vigas engastadas/livres;
Lajes impõem mesmos deslocamentos para os painéis;
Inércia das paredes calculadas com ou sem flange;
Discretização por elementos de pórticos planos;
Lajes impõem mesmos deslocamentos para os painéis;

página 38
Inércia das paredes calculadas com ou sem flange;
Pode considerar ou não trechos rígidos.
2. Associação plana de painéis:
Barras que fazem a ligação entre painéis;
Colocação das forças no primeiro painel modelado;
Tensões relativamente pequenas nas paredes;
Tensões nos lintéis.
Contraventamento assimétrico:
Os pavimentos transladam e rotacionam como planos rígidos.
No entanto, são limitantes do processo:
Utilização de um programa de pórtico tridimensional;
Recurso indispensável: nós mestres;
Inércia das paredes com ou sem consideração dos flanges.
Dessa forma, o modelo analítico mais de melhor concepção neste
caso é o Pórtico espacial equivalente. Logo, é importante levar em
consideração os seguintes itens:
Existirão barras horizontais para simular os lintéis;
Inércia das paredes calculadas com ou sem flange;
Pode-se considerar ou não trechos rígidos.
É muito importante levar em consideração as definições quanto à nó
mestre, tensões nas paredes e nos lintéis.

3.6 DISTRIBUIÇÃO DE AÇÕES VERTICAIS – EXEMPLO DE APLICAÇÃO


Neste capítulo será apresentado a aplicação prática de um dos
modelos apresentados no capítulo 5, na qual compreende a maior
parte dos problemas encontrados nas concepções usuais de projetos
de edifícios em alvenaria estrutural.
Deve-se então determinar as ações horizontais, utilizando o método
de PÓRTICO EQUIVALENTE nas paredes de alvenaria estrutural da
planta baixa a seguir, sendo 15 pavimentos tipo.
Edifício exemplo:
15 pavimentos tipo;
Pé direito de 2,6 metros;
Espessura da parede possuindo 14 cm;
Espessura da laje possuindo 10 cm;
fbk = 16,0 MPa (resistência caract. do bloco);
f pk= 0,7 × fbk = 11,2 MPa;
E = 800 × fpk = 8960 MPa (módulo de elasticidade).
página 39
Planta baixa Abertura das Janelas

Abertura das Portas


imagem 3.5.1 - Edifício exemplo ações horizontais.

PASSO 1: Determinar as ações horizontais resultantes (vento e desaprumo):


As forças horizontais resultantes foram determinadas passo a passo
no capítulo 2, e na Tabela a seguir são apresentados os resultados
obtidos:

página 40
PASSO 2: Determinar sistema estrutural do
edifício utilizando o método de PÓRTICO

ervil-adatsagne arrab :laruturtse ametsiS - 2.5.3 megami


PLANO EQUIVALENTE:
O SISTEMA ESTRUTURAL será uma barra
“engastada-livre”, conforme sistema
estrutural da imagem 3.5.2.

Se você já chegou até aqui,


parabéns, é sinal que está
focado em aprender.
Vamos em frente que atrás
vem gente!

PASSO 3: Inserir ações horizontais no sistema estrutural:


Dir. x: Dir. y:

imagem 3.5.4 - Ações no pórtico equivalente na direção x e y.

página 41
PASSO 4: Aplica-se o equilíbrio do corpo e determina-se o Diagrama de
Esforço Cortante [kN]:
Dir. x: Dir. y:

imagem 3.5.5 - Diagramas de esforços cortantes, em kN e nas


direções x e y.

Particularizanando a distribuição das ações horizontais no primeiro


pavimento. Logo: Fx = 123,55 kN; Fy = 305,22 kN.

PASSO 5: Distribuição das ações nas paredes:


Para as paredes na direção x, temos:
Fx = 123,55 kN
a) Considerando as paredes
P1 e P2 resistentes às
ações na direção x, temos:

página 42
a.1) Quinhão de carga nas paredes:

Fy = 305,22 kN b) Considerando as paredes


P3 e P4 resistentes às ações
na direção y, temos:

b.1) Quinhão de carga nas


paredes:

Resumidamente, as ações horizontais resultantes produzem


solicitações características cortantes no topo das paredes do
primeiro pavimento iguais a:
Na direção x:
Parede 1: V P1x =40,97kN;
Parede 2: VP2
x =82,58kN.

Na direção y:
Parede 3: VP3y =122,09kN;
Parede 4: V yP4 =183,13kN.

página 43
CAPÍTULO 4
DIMENSIONAMENTO DE
ELEMENTOS EM ALVENARIA
ESTRUTURAL
São apresentados neste capítulo os
procedimentos normativos para o
dimensionamento de elementos de alvenaria
estrutural atendendo as condições em Estados
Limites Últimos (ELU) de acordo com a norma
técnica ABNT NBR 16868 - parte 1 (2020).

página 44
CAPÍTULO 4 – DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS EM
ALVENARIA ESTRUTURAL
4.1 PREMISSAS DOS CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO EM ELU
Disposições Gerais:
Para um elemento de alvenaria em estado-limite último, o esforço
solicitante de cálculo, Sd, deve ser menor ou no máximo igual ao
esforço resistente de cálculo Rd, conforme a inequação a seguir.

Sd <- Rd
Eq. 4.1
O dimensionamento deve ser realizado considerando-se a seção
homogênea e com sua área bruta, exceto quando especificamente
indicado, como é o caso do espalhamento horizontal parcial (em
cordões) de argamassa.
Alvenaria não-armada:
No projeto de elementos de alvenaria não armada submetidos a
tensões normais, admite-se o seguinte:
As seções transversais se mantêm planas após a deformação;
As máximas tensões de tração devem ser menores ou iguais à
resistência à tração da alvenaria, conforme Tabela 3 (ABNT NBR
16868-1:2020);
As máximas tensões de compressão deverão ser menores ou
iguais à resistência à compressão da alvenaria determinada com
base no ensaio de paredes ou ser estimada com 70% da
resistência característica de compressão simples de prima fpk ou
85% da resistência a compressão de pequena parede fppk,
resumidamente conforme a inequação abaixo para compressão
simples. Para o comportamento da alvenaria a compressão na
flexão deve-se multiplicar por 1,5 o valor da tensão de
compressão (fk ): fk ={0,7 fpk , ou 0,85 fppk .
As seções transversais submetidas à flexão e flexocompressão
são consideradas no Estádio I (alvenaria não fissurada e
comportamento elástico linear dos materiais).
Alvenaria armada:
No projeto de elementos de alvenaria armada submetidos a tensões
normais, admite-se o seguinte:

página 45
As seções transversais se mantêm planas após a deformação;
As armaduras aderentes têm a mesma deformação que a alvenaria
em seu entorno;
A resistência à tração da alvenaria é nula;
As máximas tensões de compressão devem ser menores ou iguais
à resistência à compressão da alvenaria indicada em 6.2.2.3 da
ABNT NBR 16868-1 (2020);
A distribuição de tensões de compressão nos elementos de
alvenaria submetidos à flexão pode ser representada por um
diagrama retangular, conforme 11.3.2 da ABNT NBR 16868-1
(2020);
Para flexão ou flexocompressão, o máximo encurtamento da
alvenaria se limita a 0,30 %;
O máximo alongamento do aço se limita a 1 %.
Na figura 1 são apresentadas as ações e solicitações no edifício em
alvenaria estrutural.

imagem 4.1.1 - Ações e solicitações no edifício em alvenaria estrutural.

página 46
4.2 VERIFICAÇÃO À COMPRESSÃO SIMPLES – PROCEDIMENTOS
NORMATIVOS
Resistência de cálculo em paredes e pilares não armados:
Para um elemento de alvenaria em estado-limite último, o esforço
solicitante de cálculo, Sd, deve ser menor ou no máximo igual ao
esforço resistente de cálculo Rd, conforme a equação 1.
Em resumo, a resistência à compressão é verificada por:

Eq. 4.2
Normalmente com γf =1,4 e γm =2,0, em que:
γ f , γm – coeficientes de ponderação de ações e das resistências;
N k – força normal característica;
A – área bruta da seção transversal;
f k – resistência caraterística de compressão simples da alvenaria;
t ef , h ef – espessura e altura efetiva.
Quando a argamassa for disposta apenas em dois cordões laterais
(ver imagem 4.2.1) deve-se reduzir a resistência da alvenaria,
calculada e controlada a partir de um ensaio de prisma com
argamassa sobre todo o bloco, em 20%.

imagem 4.1.2 - Armassamento dispostos em toda seção liquida do bloco e em


apenas em cordões laterais, respectivamente.

página 47
Resistência de cálculo em pilares armados, com índice de esbeltez menor
ou igual a 30:
Em pilares de alvenaria estrutural, a resistência de cálculo é
calculada conforme a seguinte equação:

Eq. 4.3

Em que:
fs – é a tensão na armadura, limitada a:
fs ≤ fpk × Es /Em ;
f s ≤ fyk;
f s ≤ 250 MPa, para espaçamento de estribos ≤ 24 × diâmetro da
barra longitudinal;
f s ≤ 500 MPa, para espaçamento de estribos ≤ 12 × diâmetro da
barra longitudinal.

4.3 VERIFICAÇÃO À COMPRESSÃO SIMPLES – EXEMPLO DE APLICAÇÃO


Considerando a utilização de blocos de concreto (fpk / fbk = 0,80) de
14 cm de espessura e a parede apoiada em cima e em baixo com hef=
280 cm, determine a resistência do bloco, considerando:

a) O espalhamento de argamassa em
toda a face superior dos blocos;
b) O espalhamento de argamassa em
dois cordões laterais apenas.

Dados:
Nk = NGk + NQk ;
N Gk = 360kN;
N Qk = 160kN

página 48
PASSO 1: Passo 1: Determinar a resistência da alvenaria f k :

fk ≥ 3.051 kN/m ² ou 3 ,05 MPa


PASSO 2: Determinar a resistência do prisma fpk :
a) O espalhamento de argamassa em toda a face superior dos blocos:

fpk ≥ 3 ,05/0,70
fpk ≥ 4,36 MPa

Passo 3: Determinar a resistência do bloco fbk :


a) O espalhamento de argamassa em toda a face superior dos blocos:

fbk ≥ 4,36/0,80
fbk ≥ 5,45 MPa
f bk NOMINAL = 6,0 MPa

página 49
Para o espalhamento de argamassa em dois cordões laterais a partir do
Passo 2: Determinar a resistência do prisma fpk :
b) O espalhamento de argamassa em dois cordões laterais apenas:

f pk ≥ 4,36/(0,8x0,7)
f pk ≥ 5,45 MPa

Passo 3: Determinar a resistência do bloco fbk:


b) O espalhamento de argamassa em dois cordões laterais apenas:

f bk ≥ 5,45/0,80
f bk ≥ 6,81 MPa
f bk NOMINAL = 8,0 MPa

Em resumo, houve um acréscimo de resistência a compressão nominal de


2,0 MPa quando se altera a configuração do armagamassamento do
componente de alvenaria.
4.4 VERIFICAÇÃO À COMPRESSÃO SIMPLES – EXEMPLO DE APLICAÇÃO
Resistência característica ao cisalhamento - fvk :
Segundo a ABNT NBR 16868-1 (2020), os valores característicos da
resistência ao cisalhamento em juntas horizontais de paredes são
apresentados a seguir.

página 50
Para resistência média a compressão da argamassa:
Entre 1,5 e 3,4 MPa: fvk = 0,10 + 0,5 𝞂 ≤ 1,0 MPa;
Entre 3,5 e 7,0 MPa: fvk = 0,15 + 0,5 𝞂 ≤ 1,4 MPa;
Acima de 7,0 MPa: fvk = 0,10 + 0,5 𝞂 ≤ 1,7 MPa.
Sendo “ 𝞂 ” a tensão normal de pré-compressão na junta, considerando-se
apenas as ações permanentes ponderadas por coeficiente igual a 0,90
(ação favorável)
Para peças de alvenaria estrutural submetidas à flexão e quando existirem
armaduras perpendiculares ao plano do cisalhamento e envoltas por
graute, a resistência característica ao cisalhamento pode ser obtida por:
f vk
armado
=0,35+17,5 ρ ≤0,7 MPa
Eq. 4.4
Em que, “ ρ ” é a taxa geométrica de armadura = A s /(bd).
Resistência característica ao cisalhamento em Vergas e Vigas:
Para peças de alvenaria estrutural submetidas à flexão e quando existirem
armaduras perpendiculares ao plano do cisalhamento e envoltas por
graute, a resistência característica ao cisalhamento pode ser obtida pela
equação 4.5.
Para vigas de alvenaria estrutural biapoiadas ou em balanço, a resistência
característica ao cisalhamento pode ser multiplicada pelo fator:

Eq. 4.5
Armadura de cisalhamento em Vergas e Vigas:
1. Parcela do cisalhamento resistido pela alvenaria:

Eq. 4.6
2. Armadura de cisalhamento:
Sendo “s” o espaçamento da armadura:
s≤{d/2 30 cm para vigas 60 cm para
paredes para PILARES:{50 x diâmetro}
Eq. 4.7

página 51
4.5 VERIFICAÇÃO AO CISALHAMENTO – EXEMPLO DE APLICAÇÃO 1
Verificar a capacidade resistente da parede de alvenaria estrutural
submetida a ação horizontal Vk de intensidade igual a 60 kN. Considere a
utilização de blocos de f bk = 6,0 MPa e argamassa com resistência à
compressão de 6,0 MPa:

Dados:
Nk = NGk + NQk ;
N Gk = 360kN;
N Qk = 160kN

Passo 1: Determinar a resistência da alvenaria ao cisalhamento fvk :


Para argamassa com resistência à compressão de 6,0 MPa:
f vk = 0,15 + 0,5 𝞂 ≤ 1,4 MPa;
Cálculo σ :
σ = 0,90 . NGk / A;
σ = 0,90 . 360 / (3,89 x 0,14);
σ = 595kPa = 0,595 MPa

Logo:
f vk = 0,15 + 0,5 . 0,595
f vk = 0,45 MPa
Passo 2: Verificação em ELU (Sd ≤ Rd):
Para argamassa com resistência à compressão de 6,0 MPa:

Eq. 4.8

página 52
0,15MPa≤0,22 MPa (VERIFICADO)

4.6 VERIFICAÇÃO AO CISALHAMENTO – EXEMPLO DE APLICAÇÃO 2


Verificar a capacidade resistente da parede de alvenaria estrutural
submetida a ação horizontal Vk de intensidade igual a 100 kN. Considere a
utilização de blocos de fbk = 6,0 MPa e argamassa com resistência à
compressão de 6,0 MPa:

Dados:
Nk = NGk + NQk ;
N Gk = 360kN;
N Qk = 160kN

Passo 1: Determinar a resistência da alvenaria ao cisalhamento f : vk

Para argamassa com resistência à compressão de 6,0 MPa:


f vk = 0,15 + 0,5 𝞂 ≤ 1,4 MPa;
Cálculo σ :
σ = 0,90 . NGk / A;
σ = 0,90 . 360 / (3,89 x 0,14);
σ = 595kPa = 0,595 MPa
Logo:
f = 0,15 + 0,5 . 0,595
f = 0,45 MPa
Passo 2: Verificação em ELU (Sd ≤ Rd):
Logo, deve-se verificar conforme a equação 8:

página 53
0,26MPa≤0,22 MPa (NÃO VERIFICADO)
Passo 3: Determinar a resistência da alvenaria ao cisalhamento f vk ARMADO :
Considerando duas barras de aço construtivas de 8mm, temos:

Substituindo na equação 4, temos:


fvk ARMADO = 0,35 + 17,5 . 0,0184% = 0,353 MPa
Passo 4: Verificação em ELU (Sd ≤ Rd):
Admitindo também a capacidade de resistência da junta de argamassa,
temos:
fvk = f vk NÃO-ARMADO + f vk ARMADO
fvk = 0,45+ 0,353 = 0,803 MPa
Passo 5: Verificação em ELU (Sd ≤ Rd):
Logo, deve-se verificar a equação 8:

0,26 MPa≤0,40 MPa(VERIFICADO)


4.7 VERIFICAÇÃO AO CISALHAMENTO – EXEMPLO DE APLICAÇÃO 3
Dimensione a verga abaixo considerando blocos de concreto de fbk = 6,0
MPa, As = 0,5 cm ² (1 φ 8,0mm) e argamassa com resistência à compressão
de 6,0 MPa:

página 54
Passo 1: Análise estrutural:

Vão efetivo = 1,0 + 0,095 + 0,095 ≈ 1,2m

Passo 2: Cálculo da resistência ao cisalhamento:

Cálculo da taxa de armadura:

Logo:

Aumento do fvk para viga biapoiada:

Passo 3: Verificação em ELU (Sd ≤ Rd):


Deve-se verificar em ELU:
200kN/m ² ≤392kN/m ²
(VERIFICADO)

página 55
4.8 VERIFICAÇÃO AO CISALHAMENTO – EXEMPLO DE APLICAÇÃO 3
Dimensione a verga abaixo considerando blocos de concreto de f bk = 6,0
MPa, A s = 0,5 cm ² (1 φ 8,0mm) e argamassa com resistência à compressão
de 6,0 MPa:

Passo 1: Análise estrutural:

Vão efetivo = 1,0 + 0,095 + 0,095 ≈ 1,2m

Passo 2: Cálculo da resistência ao cisalhamento::

Cálculo da taxa de armadura:

página 56
Logo:
Aumento do fvk para viga biapoiada:

Passo 3: Verificação em ELU (Sd ≤ Rd):


Deve-se verificar em ELU:

600kN/m ² ≤392kN/m ² (NÃO VERIFICADO)


Passo 4: Cálculo do espaçamento mínimo dos estribos:

s≤{d/2 30 cm para vigas s≤ 7,5cm

Passo 5: Cálculo do cortante resistente da alvenaria:

Passo 6: Cálculo do Asw:

Logo: Asw = φ 5,0 mm (0,2cm ² ) a cada 7,5cm


Detalhamento proposto:

página 57
4.9 VERIFICAÇÃO À FLEXOCOMPRESSÃO EM PAREDES – PROCEDIMENTOS
NORMATIVOS
Para a verificação dos esforços causados pelo momento fletor resultante
na base de peças de alvenaria não armada, as tensões normais da seção
transversal devem ser obtidas mediante superposição das tensões
normais devido à tensão normal proveniente de movimento de corpo rígido
com a tensão normal uniforme devido à força axial de compressão.
Assim sendo, as tensões normais devem satisfazer à seguinte inequação:

Eq. 4.9
Em que:
Nd é a força normal de cálculo;
Md é o momento fletor de cálculo;
fd é a resistência à compressão de cálculo da alvenaria;
A é a área da seção resistente;
W é o mínimo módulo de resistência à flexão da seção resistente
- W = (t.c ² )/6;
R é o coeficiente redutor devido à esbeltez do elemento;
K é o fator que ajusta a resistência a compressão na flexão:
K = 1,5 para trecho não grauteado de alvenaria;
K = 2,0 para trecho totalmente grauteado de alvenaria.
A compressão máxima deve ser calculada separando a compressão
simples e a compressão devida à flexão, reduzindo as ações acidentais
simultâneas, conforme as equações abaixo:

Para o dimensionamento à flexo-compressão considera-se todas as


ações favoráveis, logo:

página 58
Verificação usual em edifícios:

Sendo,
Qacidental = Tensão de compressão devido a ação acidental na parede;
G = Tensão de compressão devido a ação permanente na parede;
Q vento = Tensão de compressão devido a ação do vento.
Caso exista TENSÃO DE TRAÇÃO, seu valor máximo deve ser menor ou
igual à resistência à tração da alvenaria ftd .

Eq. 4.10 Eq. 4.11

Os valores característicos da resistência à tração na flexão devem ser


determinados de acordo com a Tabela 3 da ABNT NBR 16868-1 (2020).
Para ações favoráveis, tem-se:

Logo:
Eq. 4.12

Sendo:
G = Tensão de compressão devido a ação permanente na parede;
Q = Tensão de TRAÇÃO devido a ação do vento.

4.10 VERIFICAÇÃO À FLEXOCOMPRESSÃO EM PAREDES – PROCEDIMENTOS


NORMATIVOS
Verificar a capacidade resistente da parede de alvenaria estrutural
submetida a ação horizontal Vk de intensidade igual a 60 kN. Considere a
utilização de blocos de fbk = 6,0 MPa e argamassa com resistência à
compressão de 6,0 MPa:

página 59
Dados:
Nk = NGk + NQk ;
N Gk = 360kN;
N Qk = 160kN

Passo 1: Determinar as tensões causadas pelas ações vertical permanente,


vertical acidental e devido a ação do vento Vk:
Cálculo das tensões verticais permanentes:

Cálculo das tensões verticais acidentais:

Cálculo das tensões verticais devido a flexão causada pelo vento:

Passo 2: Determinar a resistência nominal do bloco f bkNOMINAL :


Verificação em ELU:
1.

2.

Logo:
f bk NOMINAL = 12,0 MPa

página 60
Passo 3: Determinar a resistência da argamassa:
A partir da resistência característica do bloco de concreto, determina-se a
partir da tabela F da ABNT NBR 16868-1 (2020) a resistência média à
compressão da argamassa de assentamento. Logo:
fa = 8,0 MPa
Passo 4: Verificar a resistência à tração da alvenaria:
A partir da resistência média a compressão da argamassa de
assentamento, determina-se a resistência característica à tração da
alvenaria, de acordo com a Tabela 3 da ABNT NBR 16868-1 (2020). Logo,
para fa = 8,0 MPa temos:
f tk = 0,25 MPa (direção da tração perpendicular à fiada)
Logo, deve-se verificar:

4.11 VERIFICAÇÃO À FLEXÃO SIMPLES EM VIGAS – PROCEDIMENTOS


NORMATIVOS
Para verificar à flexão simples em vigas admite-se estado limite último
(ELU) no Estádio III com as seguintes hipóteses:
As tensões são proporcionais às deformações;
As seções permanecem planas após a deformação;
Os módulos de deformação são constantes;
Há aderência perfeita entre o aço e a alvenaria;
Máxima deformação na alvenaria igual a 0,35%;
A alvenaria não resiste à tração, sendo esse esforço resistido apenas
pelo aço;
A tensão no aço é limitada a 50% da tensão de escoamento.

imagem 4.11.1 - Diagrama de tensões e deformações no estádio III (Fonte:


PARSEKIAN, et. al., 2012).
página 61
Seção balanceada:
Para o estádio III o Momento máximo para seção subarmada:
Logo, o momento solicitante máximo (M d,MAX ) será:

, sendo:
Armadura à flexão 50% de

Roteiro para verificação à flexão de vigas e vergas:


1. Determinar o momento solicitante (Mk);
2. Determinar a resistência à compressão da alvenaria (fk);
3. Determinar a posição da linha neutra (x34) e o braço de alavanca (z34)
da seção balanceada (x/d = 0,628);
4. Verificar o Md ≤ Md,MAX;
5. Determinar x e z;
6. Calcular As;
7. Verificar As,MIN.
4.12 VERIFICAÇÃO À FLEXÃO SIMPLES EM VIGAS – EXEMPLO DE
APLICAÇÃO
Determine a armadura à flexão da verga abaixo considerando blocos de
concreto de fbk = 6,0 MPa e argamassa com resistência à compressão de
6,0 MPa:

página 62
Passo 1: Análise estrutural:

Vão efetivo = 1,0 + 0,095 + 0,095 ≈ 1,2m

Passo 2: Determinar a resistência à compressão da alvenaria fk e fd :

- Prisma Cheio com 75% de eficiência (Anexo F - NBR 16868)

Passo 3: Determinar a posição da linha neutra (x34) e o braço de alavanca


(z34) da seção balanceada (x/d = 0,628):

Passo 4: Verificar o M d ≤ M d,MAX :

página 63
, sendo:

2940 . (0,8 .0,094 . 0,14) . (0,15-0,056)


2,91 kN.m
Logo, Md ≤ M d,MAX : 1,26 kN.m ≤ 2,91 kN.m (VERIFICADO - Seção Subarmada)

Passo 5: Determinar x e z:

Passo 6: Calcular área de aço As:

Passo 7: Verificar a armadura mínima: A s,MIN :

Finalmente: As=0,50 cm ²
1 x φ 8,0 mm

página 64
CAPÍTULO 5
DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS
E DETALHAMENTO

Neste capítulo são apresentados as


disposições construtivas que vão impactar no
detalhamento dos projetos de estruturas em
Alvenaria Estrutural. As informações
apresentadas atendem as condições impostas
na ABNT NBR 16868 - parte 1 (2020) e ainda
indica os procedimentos de produção e
controle da execução de obras em alvenaria
estrutural.

página 65
CAPÍTULO 5 – DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS E DETALHAMENTO
5.1 COBRIMENTOS MÍNIMOS:
As barras de armadura horizontais dispostas nas juntas de assentamento
devem ter proteção contra corrosão como galvanização, uso de aço
inoxidável ou outras, exceto no caso de elementos construídos em classe I
de agressividade ambiental, conforme a ABNT NBR 6118, quando admite-
se uso de armadura convencional totalmente envolvida pela argamassa,
com um cobrimento mínimo de 15 mm na horizontal da face externa da
parede.
No caso de armaduras envolvidas por graute, o cobrimento mínimo é de 15
mm, considerando apenas as dimensões da região grauteada.
5.2 ARMADURA MÍNIMA:
Em elementos predominantemente fletidos, como vigas de alvenaria
armada, a área da armadura longitudinal principal não pode ser menor que
0,15 % b × d.Em vigas altas, a armadura mínima deve ser igual a 0,10 % b ×
d, podendo ser levada em conta toda a área de armadura longitudinal até a
altura de 0,5 d.
Em paredes de alvenaria armada, a área da armadura longitudinal principal
não pode ser menor que 0,10 % da área da seção transversal, tomada
como a área da alma. Essa armadura mínima deve ser disposta na região
tracionada. Esta especificação de armadura mínima pode ser prescindida
quando a armadura efetivamente disposta levar a um momento resistente
de cálculo maior ou igual a 1,4 vez o momento solicitante de cálculo: M Rd ≥
1,4 × M Sd .
Em paredes de alvenaria armada calculada no Estádio III, deve-se dispor
uma armadura secundária, perpendicular à principal, com área mínima de
0,05 % da seção transversal correspondente. No caso de paredes
calculadas no Estádio II, dispensa-se a exigência de armadura secundária
mínima.
Em pilares de alvenaria armada, a área da armadura longitudinal não pode
ser menor que 0,30 % da área da seção transversal.
Em vigas com necessidade de armadura transversal, esta deve ter taxa
mínima entre 0,07 % e 0,14 % da área da seção, igual ao produto da largura
da viga pelo espaçamento da armadura de cisalhamento, para graute de
resistência característica à compressão de 15 MPa e 40 MPa,
respectivamente, podendo os valores das taxas ser interpolados para
outras resistências de graute.

página 66
5.3 ARMADURA MÁXIMA:
Armaduras alojadas em um mesmo espaço grauteado (furo vertical ou
canaleta horizontal) não podem ter área da seção transversal superior a 8
% da área correspondente da seção do graute envolvente, considerando-
se eventuais regiões de traspasse.
Exemplo: Furo do bloco 14x19x39 = 7 x 14 cm ² = 98cm ² 8% x 98
= 7,98 cm ² Equivale a 1 φ 25mm ou 2 φ 20mm ou 4 φ 16mm.
5.4 DIÂMETRO MÁXIMO DAS ARMADURAS:
As barras de armadura não podem ter diâmetro superior a 6,3 mm, quando
dispostas ao longo de cordões de argamassa em juntas de assentamento,
e 25 mm em qualquer outro caso.
5.5 DIÂMETRO MÁXIMO DAS ARMADURAS:
As barras de armaduras devem estar suficientemente separadas, de modo
a permitir o correto lançamento e compactação do graute que as envolve.
A distância livre entre barras adjacentes não pode ser menor que:O
diâmetro máximo do agregado mais 5 mm;1,5 vez o diâmetro da
armadura;20 mm.
A distância livre entre barras adjacentes não pode ser menor que:
O diâmetro máximo do agregado mais 5 mm;
1,5 vez o diâmetro da armadura;
20 mm.
5.6 ESTRIBOS DE PILARES:
Nos pilares armados, deve-se dispor estribos com diâmetro mínimo de 5
mm e espaçamento que não exceda 50 vezes o diâmetro do estribo.
Os detalhes construtivos dos estribos, previstos em projeto, devem
assegurar o efetivo contraventamento da armadura longitudinal.
5.7 ANCORAGEM:
Nos elementos fletidos, excetuando-se as regiões dos apoios das
extremidades, toda barra longitudinal deve se estender além do ponto em
que não é mais necessária, pelo menos por uma distância igual ao maior
valor entre a altura útil d ou 12 vezes o diâmetro Φ da barra.
As barras de armadura podem ser interrompidas em zonas tracionadas,
quando uma das seguintes condições for atendida:

página 67
As barras se estendam pelo menos pelo seu comprimento de
ancoragem além do ponto em que não são mais necessárias;
A força cortante de cálculo resistente na seção onde se interrompe a
barra seja maior que o dobro da força cortante de cálculo atuante;
As barras contínuas na seção de interrupção provejam o dobro da área
necessária para resistir ao momento fletor atuante na seção.
Em uma extremidade simplesmente apoiada, cada barra tracionada deve
ser ancorada de um dos seguintes modos:
Um comprimento efetivo de ancoragem equivalente a 12 Φ além do
centro do apoio, assegurandos e que nenhuma curva se inicie antes
desse ponto;
Um comprimento efetivo de ancoragem equivalente a 12 Φ mais
metade da altura útil d, desde que o trecho curvo não se inicie a uma
distância inferior a d/2 da face do apoio.
Ancoragem de barras que nascem em elementos de concreto ou graute
deve ser projetada conforme a ABNT NBR 6118.
5.8 EMENDAS
O comprimento de emenda deve ser projetado conforme a ABNT NBR 6118.
5.9 GANCHOS E DOBRAS:
Ganchos e dobras devem ter dimensões e formatos tais que não
provoquem concentração de tensões no graute ou na argamassa que os
envolve.
O comprimento efetivo de um gancho ou de uma dobra deve ser medido do
início da dobra até um ponto situado a uma distância de quatro vezes o
diâmetro Φ da barra além do fim da dobra, e deve ser tomado como o maior
entre o comprimento real e o seguinte:
Para um gancho, 8 vezes o raio interno, até o limite de 24 Φ;
Para uma dobra a 90°, 4 vezes o raio interno da dobra, até o limite de 12 Φ.
Quando uma barra com gancho for utilizada em um apoio, o início do trecho
curvo deve estar a uma distância mínima de 4 Φ sobre o apoio, medida a
partir de sua face.
5.10 LIMITE DE FISSURAÇÃO EM VIGAS:
Estão dispensadas de verificação mais precisa de abertura de fissuras as
vigas onde o diâmetro e o espaçamento da armadura não ultrapassem os
limites da Tabela 12, calculada no Estádio II na combinação frequente do

página 68
ELS, para elementos em ambientes de Classes I e II de agressividade
ambiental (conforme a ABNT NBR 6118).
12. Tabela - Valores máximos de diâmetro e espaçamento de armadura passiva de alta
aderência.

As barras se estendam pelo menos pelo seu comprimento de


ancoragem além do ponto em que não são mais necessárias;
A força cortante de cálculo resistente na seção onde se interrompe a
barra seja maior que o dobro da força cortante de cálculo atuante;
As barras contínuas na seção de interrupção provejam o dobro da área
necessária para resistir ao momento fletor atuante na seção.
5.11 ARMADURA INTERMEDIÁRIA EM VIGAS:
Para blocos de 14 cm e 19 cm, deve-se detalhar uma barra longitudinal de
10 mm a cada 20 cm até 2/3 da altura a partir da face tracionada, para
vigas com quatro ou mais fiadas.

imagem 5.11.1 - Armadura intermediária para vigas com


quatro ou mais fiadas. ABNT NBR 16868 (2020)

página 69
CAPÍTULO 6
REQUISITOS GERAIS DE
CONTROLE DE EXECUÇÃO DE
OBRAS EM ALVENARIA
ESTRUTURAL
No capítulo 6 são apresentados os requisitos
exigíveis, conforme a ABNT NBR 16868 - parte
2 (2020) quanto aos procedimentos de controle
de execução de obras em Alvenaria Estrutural.
Assim, são apresentados as orientações iniciais
antecessor a execução das obras, bem como os
procedimentos de controle tecnológico dos
materiais.

página 70
CAPÍTULO 6 – REQUISITOS GERAIS DE CONTROLE DE
EXECUÇÃO DE OBRAS EM ALVENARIA ESTRUTURAL
6.1 REQUISITOS GERAIS DE CONTROLE:
Planejamento de controle:
O controle da execução da alvenaria estrutural deve ser planejado,
considerando-se, minimamente, os seguintes aspectos:
1. Atendimento a um projeto estrutural elaborado conforme a ABNT NBR
16868-1 e devidamente compatibilizado com os projetos das demais
especialidades técnicas;
2. Determinação dos responsáveis pela execução do controle e circulação
das informações;
3. Determinação dos responsáveis pelo tratamento e resolução das não
conformidades;
4. Definição da forma de registro e arquivamento das informações;
5. Estabelecimento de procedimentos específicos para o controle dos
materiais e componentes, do processo de execução da alvenaria e para
a sua aceitação.
1. Atendimento a um projeto estrutural elaborado conforme a ABNT NBR
16868-1 e devidamente compatibilizado com os projetos das demais
especialidades técnicas;
2. Determinação dos responsáveis pela execução do controle e circulação
das informações;
3. Determinação dos responsáveis pelo tratamento e resolução das não
conformidades;
4. Definição da forma de registro e arquivamento das informações;
5. Estabelecimento de procedimentos específicos para o controle dos
materiais e componentes, do processo de execução da alvenaria e para
a sua aceitação.
Procedimentos de controle:
Os procedimentos definidos no Planejamento de Controle, devem
contemplar:
1. Controle dos materiais, componentes e alvenaria, considerando:
Especificações dos materiais e componentes (item 2);
Recebimento e armazenamentos dos materiais e componentes (item 3);
Controle de produção da argamassa de assentamento e do graute (item 4);
Caracterização prévia dos materiais, componentes e da alvenaria (item 5);
Controle sistemático dos blocos, argamassa, graute e prismas (item 5).

página 71
1. Controle do processo de execução da alvenaria (Capítulo 7):
Locação das paredes;
Elevação das paredes;
Grauteamento.
6.2 MATERIAIS E COMPONENTES
Bloco ou tijolo:
O bloco ou tijolo deve atender integralmente às especificações das ABNT
NBR 6136, ABNT NBR 15270-1 além das resistências e outras
especificações do projeto estrutural.

imagem 6.1 - Bloco de concreto e cerâmico estrutural.

Argamassa de assentamento:
A argamassa deve atender integralmente às especificações da ABNT NBR
13279, além da resistência e outras especificações do projeto estrutural.
O ensaio de resistência à compressão deve ser realizado de acordo com o
Anexo A, ou conforme a ABNT NBR 13279.
A aderência da argamassa com o bloco ou tijolo deve ser determinada
pelos ensaios de resistência de tração na flexão do prisma, conforme a
ABNT NBR 16868-3.
Esses procedimentos devem ser atendidos tanto pelas argamassas
preparadas em obra quanto pelas industrializadas.
No caso das argamassas preparadas em obra, que utilizem os materiais
listados abaixo, as seguintes normas devem ser atendidas nas suas
especificações:
1. cimento: ABNT NBR 16697;
2. cal: ABNT NBR 7175;
3. areia: ABNT NBR 7211.
Graute
O graute deve atender às especificações do projeto estrutural.

página 72
A resistência à compressão do graute deve assegurar que a resistência do
prisma grauteado atinja a especificada pelo projetista. O graute deve ser
ensaiado quanto à resistência à compressão, conforme a ABNT NBR 5739.
O graute deve ter características no estado fresco que garantam o
completo preenchimento dos furos e não pode apresentar retração que
provoque o seu descolamento das paredes dos blocos.
A critério do projetista, pode-se empregar argamassa de assentamento
utilizada na obra para preenchimento dos vazados, em elementos de
alvenaria não armados e sem qualquer tipo de armadura, seja construtiva
ou dimensionada, e desde que os ensaios do prisma apresentem os
resultados especificados pelo projetista.
No caso dos grautes preparados em obra, que utilizem os materiais
listados abaixo, as seguintes normas devem ser atendidas nas suas
especificações:
1. cimento: ABNT NBR 16697;
2. cal: ABNT NBR 7175;
3. areia: ABNT NBR 7211;
4. aditivos: ABNT NBR 1768-1 e ABNT NBR 1768-2.
Aço para as armaduras:
O aço utilizado na estrutura de alvenaria deve atender à ABNT NBR 7480.
As armaduras imersas em juntas de argamassa devem ser de aço
galvanizado ou de metal resistente à corrosão, exceto no caso de
elementos construídos em regiões da classe I de agressividade ambiental,
conforme definido na ABNT NBR 6118. No caso da utilização de armaduras
galvanizadas, estas devem atender ao especificado na ABNT NBR 16300.

6.3 RECEBIMENTO E ARMAZENAMENTO DOS MATERIAIS E COMPONENTES


Bloco ou tijolo:
O recebimento dos blocos ou tijolos deve atender às ABNT NBR 6136 e
ABNT NBR 15270-1.
Características visuais e geométricas:
Não apresentar defeitos sistemáticos;
Características visuais e geométricas:
Avaliação das dimensões:
± 5mm (valores individuais);
± 3mm (valores médios);
Desvio em relação ao esquadro (D) < 3 mm;
Planeza das faces (F) < 3 mm;
Identificação: empresa e dimensões de fabricação.
página 73
Os blocos ou tijolos devem ser descarregados em uma superfície plana e
nivelada que assegure a estabilidade da pilha.
Deve haver indicação das resistências, identificando o número do lote de
obra. Recomenda-se a identificação física dos blocos ou tijolos, incluindo a
classe de resistência e o local de sua aplicação.
Os blocos ou tijolos devem ser armazenados sobre lajes devidamente
cimbradas ou sobre o solo, desde que seja evitada a contaminação direta
ou indireta por ação da capilaridade da água.
Os blocos ou tijolos devem ser protegidos da chuva e de outros agentes
que possam prejudicar o desempenho da alvenaria.
Bloco ou tijolo:
No momento do recebimento e no armazenamento dos insumos, devem-se
tomar as seguintes medidas:
1. No caso de não estarem enquadrados nas situações previstas em 6.1.2,
assegurar que a cal e o cimento atendam, respectivamente, às ABNT
NBR 7175 e ABNT NBR 16697;
2. Verificar se o cimento e a cal estão dentro do prazo de validade e
acondicionados em sacos secos e íntegros;
3. Armazenar o cimento e a cal em espaços cobertos, de preferência com
piso argamassado ou de concreto. Os produtos devem ser mantidos
secos e protegidos da umidade do solo e não podem estar em contato
com paredes, tetos e outros agentes que possam afetar as suas
características. Devem ser armazenados sobre superfícies
impermeáveis e protegidos da ação do tempo. Devem ser descartados
se estiverem úmidos;
4. Evitar o empilhamento de mais de dez sacos de cimento ou de cal. No
caso específico de tempo de armazenamento de até 15 dias, as pilhas
podem ser de até 15 sacos.
Aço para as armaduras
No momento do recebimento e no armazenamento dos insumos, devem-se
tomar as seguintes medidas:
1. Estar de acordo com a legislação vigente;
2. Armazenar o aço de forma a manter inalteradas suas características
geométricas e suas propriedades, desde o recebimento até o seu
posicionamento final na estrutura;
3. Armazenar por cada tipo e classe de aço especificado no projeto,
identificando-os claramente logo após seu recebimento, de modo que
não ocorra troca involuntária quando de seu posicionamento na
estrutura;
4. Impedir, durante o seu armazenamento, o contato com qualquer tipo de
contaminante (solo, óleos, graxas, entre outros)
página 74
5. Colocar as barras cortadas e dobradas em locais que impeçam a
ocorrência de danos e deformações que possam prejudicar seu uso no
local especificado.
No caso do emprego de barras de aço galvanizado nas juntas de
assentamento, cuidados especiais precisam ser tomados no seu
armazenamento e também em relação à sua movimentação no canteiro de
obra, devendo atender a ABNT NBR 16300.
Aditivos
Os aditivos devem ser armazenados nas embalagens fornecidas pelos
fabricantes em locais secos, frescos e ao abrigo das intempéries. Devem
atender aos requisitos das ABNT NBR 11768-1 e ABNT NBR 11768-2.
Diferentes lotes devem ser identificados, armazenados isoladamente e
empregados na ordem do recebimento.
Concreto estrutural
O controle de recebimento de concretos de uso estrutural (utilizados em
lajes, fundações, pilares e vigas etc.) deve ser feito de acordo com os
procedimentos descritos na ABNT NBR 12655, inclusive a definição de
lotes. Não é estabelecida, para a construção de edifícios em alvenaria
estrutural, especificação adicional alguma para este controle de
recebimento.
6.4 PRODUÇÃO DA ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO E DO GRAUTE
Argamassa de assentamento – DISPOSIÇÕES GERAIS:
A produção da argamassa deve ser feita de modo a assegurar um
coeficiente de variação inferior a 20 % nos ensaios de controle de obra.
A resistência da argamassa deve ser determinada de acordo com a ABNT
NBR 13279. Alternativamente, podem-se utilizar as especificações da
ABNT NBR 16868-2:2020, Anexo A.
A argamassa deve ser acondicionada em recipiente metálico ou plástico
que assegure a estanqueidade. O volume do recipiente deve ser tal que
toda a argamassa seja consumida no prazo máximo de 2 h 30 min, exceto
se houver uso de aditivos retardadores de pega.
Argamassa de assentamento – DISPOSIÇÕES GERAIS:
A trabalhabilidade da argamassa deve ser compatível com as
características dos materiais constituintes da alvenaria e com os
equipamentos a serem empregados na mistura, transporte e aplicação.

página 75
Durante o período de uso, a argamassa pode ter a consistência ajustada
mediante a adição de água no máximo UMA VEZ. Em climas quentes ou
com ventos acentuados, é recomendável que a perda de água seja
amenizada cobrindo-se o recipiente da argamassa.
A proporção dos materiais deve ser conforme descrito a seguir:
1. Cimento e cal hidratada: medidos em massa ou volume, com tolerância
de 3 % quando utilizados a granel; quando ensacados, pode ser
considerado o peso nominal do saco;
2. Agregados miúdos: medidos em massa ou volume, ambos com
tolerância de 3 %;
3. Água: medida em volume ou massa com tolerância de 3 %;
4. Aditivo: medido em volume ou massa com tolerância de 5 %;
5. Produtos a granel: medidos em massa ou volume com tolerância de 3
%. No caso de produtos úmidos, deve-se levar em conta a água
presente neles.
Argamassa de assentamento – DOSAGEM:
A proporção dos materiais deve ser conforme descrito a seguir:
1. Cimento e cal hidratada: medidos em massa ou volume, com tolerância
de 3 % quando utilizados a granel; quando ensacados, pode ser
considerado o peso nominal do saco;
2. Agregados miúdos: medidos em massa ou volume, ambos com
tolerância de 3 %;
3. Água: medida em volume ou massa com tolerância de 3 %;
4. Aditivo: medido em volume ou massa com tolerância de 5 %;
5. Produtos a granel: medidos em massa ou volume com tolerância de 3
%. No caso de produtos úmidos, deve-se levar em conta a água
presente neles.
Argamassa de assentamento – MISTURA:
A argamassa deve ser misturada, com auxílio de misturador mecânico para
argamassa. O misturador deve assegurar a mistura homogênea de todos
os materiais. A mistura não pode ser realizada manualmente.
A argamassa deve ser armazenada durante suas etapas de produção em
locais limpos e secos.
Tempo de mistura: Para betoneira de 400 litros, diâmetro de 2,65m e eixo
inclinado: t = 240 √d t = 390 segundos ( 6,5 minutos).
Graute – DISPOSIÇÕES GERAIS:
A produção do graute deve ser feita de modo a assegurar o valor
característico especificado no projeto e de acordo com os ensaios de
controle de obra. São considerados estruturais e aplicáveis à alvenaria

página 76
estrutural grautes com resistência a partir de 15 MPa (classe C15 e acima).
Graute – DOSAGEM:
A medida dos materiais deve ser feita conforme descrito a seguir:
1. Cimento e cal hidratada: medidos em massa ou volume, com tolerância
de 3 % quando utilizados a granel; quando ensacados, pode ser
considerado o peso nominal do saco;
2. Agregados miúdos: medidos em massa ou volume, ambos com
tolerância de 3 %;
3. Água: medida em volume ou massa com tolerância de 3 %;
4. Aditivo: medido em volume ou massa com tolerância de 5 %;
5. Produtos a granel: medidos em massa ou volume com tolerância de 3
%. No caso de produtos úmidos, deve-se levar em conta a água
presente neles.
Graute – MISTURA:
A mistura dos materiais deve ser feita conforme descrito a seguir:
1. O graute deve ser produzido com misturador mecânico;
2. Tempo de mistura: Para betoneira de 400 litros, diâmetro de 2,65m e
eixo inclinado: t = 240 √d t = 390 segundos ( 6,5 minutos);
3. O graute deve ser utilizado dentro 2 h 30 min, contadas a partir da
adição de água, a não ser que seja utilizado um aditivo retardador de
pega, neste caso, devem ser seguidas as instruções do fabricante do
aditivo;
4. O graute deve ser transportado sem que haja segregação e perda de
componentes, não sendo recomendado o uso de depósitos
intermediários.

6.5 CONTROLE DA RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS, COMPONENTES E DAS


ALVENARIAS À COMPRESSÃO AXIAL
Caracterização prévia dos materiais, componentes e da alvenaria:
Antes do início da obra, deve ser feita a caracterização da resistência à
compressão dos materiais, componentes e da alvenaria a serem utilizados
na construção.
Para argamassas industrializadas, ou dosadas em obra com adição de
incorporadores de ar, a resistência de à tração na flexão deve ser
determinada. No caso de argamassa industrializada, o ensaio pode ser
fornecido pelo fabricante, realizado por laboratório de terceira parte,
sendo aceitos resultados realizados com o mesmo tipo de bloco ou tijolo e
argamassa.
A caracterização da alvenaria deve ser feita por meio de ensaios de
prisma, ou pequena parede ou parede, executados com blocos ou tijolos,

página 77
argamassas e grautes de mesma origem e iguais características dos que
serão efetivamente utilizados na estrutura, e em quantidade conforme
Tabela 1 da ABNT NBR 16868-2 (2020).

Os ensaios dos elementos de alvenaria devem ser realizados de acordo


com a ABNT NBR 16868-3.
Para projetos em que há grauteamento para aumento de resistência à
compressão da alvenaria, o ensaio de elementos da alvenaria deve ser
realizado em igual número e com corpos de prova completamente
grauteados.
No caso de já ter sido realizada a caracterização da alvenaria, com os
mesmos materiais e componentes que são utilizados, dentro do prazo de
360 dias que antecedem o início da obra, ESTE PROCEDIMENTO SE TORNA
DESNECESSÁRIO, podendo ser utilizados os resultados desta
caracterização anterior.
IMPORTANTE: Sempre que houver mudanças dos tipos de materiais de
obra deve ser feita nova caracterização dos materiais.
Controle dos materiais, componentes e alvenaria em obra:
Blocos ou tijolos:
O controle dos blocos ou tijolos pela obra pode ser dispensado nas
seguintes condições:
1. Se os blocos ou tijolos possuem certificação de conformidade com as
ABNT NBR 15270 e ABNT NBR 6136;
2. Se o fbk for menor ou igual a 14 MPa;
3. Se forem realizados ensaios de controle de prisma em todos
pavimentos.
Quando alguma condição anterior não for atendida, devem ser controladas
ao menos as dimensões e a resistência característica à compressão dos
blocos ou tijolos. Os ensaios de absorção e área líquida são opcionais, a
critério do responsável pela obra.

página 78
Blocos ou tijolos – DEFINIÇÃO DE LOTE:
O lote, para efeito do controle definido nesta Norma, deve ser composto
por blocos ou tijolos de mesmo fbk e atender aos limites indicados na
Tabela 2, segundo a ABNT NBR 16868-2 (2020).

Blocos ou tijolos – DEFINIÇÃO DE AMOSTRAGEM:


O número de exemplares da amostra de cada lote é estabelecido pelas
seguintes condições:
Até 5000 blocos: 12 blocos para ensaios a compressão e 6 blocos para
ensaio de absorção e área líquida;
De 5001 à 10000: 16 blocos para ensaios a compressão e 6 blocos
para ensaio de absorção e área líquida;
De 10.001 À 20.000: 20 blocos para ensaios a compressão e 6 blocos
para ensaio de absorção e área líquida.
A especificação dos blocos ou tijolos deve atender as ABNT NBR 6136 e
ABNT NBR 15270-1 e os procedimentos de ensaio as ABNT NBR 12118 e
ABNT NBR 15270-2.
Blocos ou tijolos – ACEITAÇÃO:
O lote de bloco ou tijolo é aceito se o valor da resistência à compressão
característica da amostra ou contraprova for maior ou igual ao
especificado no projeto, e se as suas dimensões estiverem de acordo com
as ABNT NBR 6136 e ABNT NBR 15270-1.
Para a determinação da resistência à compressão de blocos vazados de
concreto os procedimentos estão descritos na ABNT NBR 12118 (2013).
Segundo a ABNT NBR 6136 (2014), a resistência característica à
compressão do bloco, fbk,est, que corresponde ao quantil de 5% da
distribuição de resistências do lote de blocos, deve ser estimada pela
equação:
... Eq. 6.1

Onde:
n = é o número de blocos ensaiados;
m = n/2 se n for par ou m = (n+1)/2 se n for ímpar e fb1 , fb2 , ... fbn são os
valores de resistência à compressão, em ordem crescente.

página 79
Não se deve adotar para fbk,est valor menor do que Ψ6 fb1 , sendo Ψ6 dado
pela Tabela abaixo:

Argamassa e graute:
Devem ser controlados em obra ao menos a resistência característica à
compressão do graute e a resistência à compressão média da argamassa.
Argamassa e graute – DEFINIÇÃO DE LOTE:
É considerado lote para efeito do controle da qualidade da argamassa e do
graute a condição mais restritiva dos seguintes limites:
1. 600 m2 de área construída em planta;
2. Dois pavimentos para construções com blocos ou tijolos de fbk ≤ 6,0
MPa;
3. Um pavimento para construções com blocos ou tijolos de fbk > 6,0
MPa;
4. Duas semanas de produção;
5. Argamassa ou graute fabricados com matéria-prima de mesma
procedência, mesma dosagem e mesmo processo de preparo.
Argamassa e graute – DEFINIÇÃO DE AMOSTRA:
A amostra de ARGAMASSA deve conter SEIS EXEMPLARES. Cada
exemplar é constituído de um corpo de prova. Recomenda-se a construção
adicional de igual número de exemplares para eventual contraprova. A
moldagem e o ensaio devem ser realizados de acordo com o Anexo A ou
ABNT NBR 13279.
No caso de recebimento de GRAUTE dosado em central, pode ser utilizado
o critério da ABNT NBR 12655. Em outros casos, a amostra de graute deve
conter SEIS EXEMPLARES. Cada exemplar é constituído de um corpo de
prova. Recomenda-se a construção adicional de igual número de
exemplares para eventual contraprova. A moldagem dos corpos de prova
deve ser feita de acordo com a ABNT NBR 5738. O ensaio é realizado de
acordo com a ABNT NBR 5739.
Argamassa e graute – ACEITAÇÃO:
O lote de argamassa é aceito se o coeficiente de variação da amostra ou
contraprova for inferior a 20 % e o valor médio for maior ou igual ao
especificado no projeto. No caso de resultado de resistência de argamassa
com valor médio uma vez e meia superior ao especificado em projeto,
deve-se rever o procedimento de recebimento e dosagem desta e
monitorar a alvenaria em relação ao aparecimento de fissuras.
página 80
O lote de graute é aceito se o valor característico da amostra ou
contraprova for maior ou igual ao especificado no projeto. O controle do
graute pode seguir o especificado na ABNT NBR 12655, desde que
respeitando os valores máximo de tamanho de lote e mínimo de
amostragem.
Prisma de alvenaria:
Não há a necessidade do controle da alvenaria por ensaio de prisma
quando a resistência característica do prisma obtida no ensaio de
caracterização, seja maior ou igual ao dobro da resistência característica
especificada para o prisma no projeto. A dispensa de ensaios de prisma
não elimina a obrigatoriedade de recebimento de blocos e tijolos, da
argamassa e do graute.
Para as situações não incluídas anteriormente, devem ser construídos no
MÍNIMO SEIS PRISMAS OCOS POR LOTE. Deve ser construído um número
igual de prismas completamente grauteados para projetos em que há
grauteamento para aumento de resistência à compressão da alvenaria.
Recomenda-se a construção adicional de igual número de prismas para
eventual contraprova.
Após o ensaio de pelo menos quatro lotes, com obtenção de coeficiente de
variação inferior a 15 % em todos os lotes, pode ser dispensada a
realização de ensaios dos prismas já construídos. No caso de não
atendimento da resistência à compressão de blocos ou tijolos, argamassa
e graute, esses prismas devem ser ensaiados.
Prisma de alvenaria – DEFINIÇÃO DE LOTES:
É considerado lote para efeito do controle da qualidade da alvenaria o
menor dos seguintes limites:
1. 600 m2 de área construída em planta;
2. Dois pavimentos quando o bloco foi controlado pela obra, ou um
pavimento quando o controle do bloco pela obra foi dispensado;
3. Blocos ou tijolos do mesmo fabricante, classe de resistência,
espessura e família;
4. Um ano de produção;
5. Alvenarias que utilizem os mesmos materiais e componentes, e
procedimentos para a execução.
Prisma de alvenaria – DEFINIÇÃO DE AMOSTRA:
A amostra-padrão de prisma deve conter seis exemplares. Cada exemplar
é constituído de um corpo de prova. Recomenda-se a construção adicional
de igual número de exemplares para eventual contraprova.
A amostra pode ser composta por um número mínimo de três exemplares,
com o valor característico calculado conforme ABNT NBR 16868-3:2020,
Anexo A.
página 81
Prisma de alvenaria – ACEITAÇÃO:
Para a alvenaria, de um determinado lote, ser aceita, a resistência
característica estimada da amostra ou contraprova de prisma deve ser
maior ou igual à resistência especificada de projeto. Caso o controle da
resistência da alvenaria não preveja o ensaio de prisma, a aceitação deve
ser feita por meio da aprovação dos ensaios de recebimento dos blocos e
tijolos, argamassa e graute.

... Eq. 6.2

Aceitação da alvenaria, no todo ou em parte:


Para a alvenaria ser aceita, no todo ou em parte, devem ser atendidos os
requisitos de controle do materiais e componentes e dos procedimentos
de produção da alvenaria em canteiro de obra.
No caso de não atendimento dos requisitos a alvenaria, no todo ou em
parte, deve ser submetida a uma nova avaliação, adotando-se os
seguintes métodos:
1. Revisão do projeto para determinar se a estrutura, no todo ou em parte,
pode ser considerada aceita, observando os valores obtidos nos
ensaios;
2. Verificação da resistência à compressão da alvenaria por meio de
ensaios no local ou da extração de testemunhos, conforme ABNT NBR
16868-3.
Caso os métodos propostos ainda assim não atendam as condições de
atendimento de ELU e ELS de projeto, deve-se adotar uma das seguintes
ações:
Providenciar o reforço da estrutura;
Determinar as restrições de uso da estrutura;
Decidir pela demolição parcial ou total.
Decidindo-se pela restrição de uso da estrutura, esta informação deve
constar nos documentos entregues aos usuários da edificação, tais como
os projetos “como construído” e o manual de uso, operação e manutenção
da edificação.

página 82
CAPÍTULO 7
REQUISITOS DE PRODUÇÃO
DAS ALVENARIAS
Neste capítulo são apresentados os requisitos
de produção dos elementos de alvenaria. Os
procedimentos apresentados são os descritos
na ABNT NBR 16868 - parte 2 (2020) e são de
grande importância para definição dos Plano de
Qualidade da Obra (PQO) bem como para
atualização das Instruções de Trabalho (IT) para
fins de atendimento de qualidade e treinamento
da equipe de gestão, controle e produção de
obras em alvenaria estrutural.

página 83
CAPÍTULO 7 – REQUISITOS DE PRODUÇÃO DAS ALVENARIAS
7.1 REQUISITOS:
Antes do início da elevação, deve-se verificar:
1. A locação, esquadros e nivelamento da base de assentamento da
alvenaria conforme tolerâncias a ser apresentada nas Aulas 2 e 3 e
também, conforme especificadas no projeto;
2. O posicionamento dos reforços metálicos e das tubulações de acordo
com o projeto;
3. A limpeza do pavimento onde a alvenaria será executada quanto a
materiais que possam prejudicar a aderência da argamassa entre o
bloco e o pavimento;
4. A limpeza dos blocos ou tijolos e peças pré-fabricadas, que devem
estar isentos de materiais que prejudiquem sua aplicação e
desempenho.
Durante a elevação, deve-se assegurar que:
Os blocos e tijolos depois de assentados não sejam movidos da sua
posição para não perder a aderência com a argamassa;
As paredes de alvenaria sejam executadas apenas com blocos inteiros
e seus complementos. Para serem utilizadas peças cortadas, pré-
fabricadas ou pré-moldadas, estas devem estar previstas no projeto de
produção e obtidas mediante condições controladas.
7.2 LOCAÇÃO DAS PAREDES DE ALVENARIAS
Eixos referenciais planimétricos:
A marcação da alvenaria influencia na precisão geométrica do conjunto de
paredes que são elevadas. Os eixos de referência das medidas que
localizam as paredes, a cada pavimento, devem estar indicados no projeto.
Tolerâncias da variação do nível da superfície de apoio da alvenaria:
A variação do nível da superfície de apoio da alvenaria não pode
ultrapassar ± 10 mm em relação ao plano especificado. Na Figura abaixo
está indicado o caso de apoio sobre laje. Para o apoio sobre viga, o critério
é o mesmo.

imagem 7.1 - Variação do nível da superfície da laje de apoio da


alvenaria. ABNT NBR 16868 – 2 (2020).
página 84
Tolerâncias da variação do nível da superfície de apoio da alvenaria:
O valor mínimo da espessura da junta horizontal de argamassa de
assentamento dos blocos ou tijolos da primeira fiada é de 5 mm e o valor
máximo não pode ultrapassar 20 mm, conforme figura 2. Pode–se admitir
espessuras de no máximo 30 mm em trechos de comprimento inferiores a
500 mm. Caso seja verificada a necessidade de espessura superior ao
valor máximo, deve ser feito um nivelamento com material com a mesma
resistência da laje ou da viga.

imagem 7.2 - Variações máximas da espessura das juntas de


argamassa. ABNT NBR 16868 – 2 (2020).

7.3 Elevação e respaldo das paredes de alvenaria


São considerados essenciais para o desempenho da parede o cumprimento
das tolerâncias de prumo (alinhamento vertical da parede), de nível
(alinhamento horizontal da parede), a execução correta das espessuras
das juntas de argamassas de assentamento dos blocos e dos reforços na
alvenaria especificados
Assentamento dos blocos e tijolos:
Durante a elevação das paredes, os blocos ou tijolos devem ser
assentados e alinhados segundo especificado em projeto e de forma a
exigir o mínimo possível de ajuste. Os blocos ou tijolos devem ser
posicionados enquanto a argamassa estiver trabalhável e plástica e, em
caso de necessidade de reacomodação do bloco ou tijolo, a argamassa
deve ser removida e o componente deve ser assentado novamente de
forma correta.
Os cordões de argamassa devem ser aplicados sobre os blocos ou tijolos
em uma extensão tal que sua trabalhabilidade não seja prejudicada por
exposição prolongada ao tempo e evitando-se a queda nos vazados dos
blocos.
página 85
Espessura das juntas horizontais e verticais:
As juntas horizontais devem ter espessuras de 10 mm, exceto as juntas
horizontais da primeira fiada. As juntas verticais devem ter espessuras de
10 mm, exceto se forem especificados valores diferentes no projeto,
conforme figura 2.
Execução das juntas de argamassa e da fiada de respaldo:
A junta vertical deve sempre ser preenchida. Para edifícios de até cinco
pavimentos, o preenchimento da junta pode ser posterior à elevação total
da parede. Esse deve ser feito com argamassa não retrátil após a
construção da parede, utilizando bisnaga aplicada com compressão
suficiente para assegurar largura mínima do filete de argamassa vertical.
Nesse caso deve-se reduzir a resistência ao cisalhamento da parede. Nos
demais casos, o preenchimento da junta deve ser feito durante a elevação
da parede.
A menos que especificado no projeto de produção das alvenarias:
1. As juntas horizontais devem ser feitas com a colocação de argamassa
sobre as paredes longitudinais e transversais dos blocos ou tijolos;
2. As juntas verticais devem ser preenchidas mediante a aplicação de dois
filetes de argamassa na parede lateral dos blocos ou tijolos,
assegurando que cada um dos filetes tenha largura de no mínimo 30
mm.
É vedado o uso de qualquer tipo de calço no assentamento dos blocos ou
tijolos.
A argamassa não pode obstruir os vazios dos blocos ou tijolos e aquela
retirada em excesso das juntas pode ser misturada novamente à
argamassa fresca. Entretanto, argamassa em contato com o chão ou
andaime deve ser descartada e não pode ser reaproveitada.
Alvenarias recém-elevadas devem ser protegidas da chuva, evitando
remoção da argamassa das juntas. Deve-se prever escoramento lateral de
alvenarias recém-elevadas e não travadas.
Qualquer parede que ficar com a fiada de respaldo exposta ao tempo deve
ser protegida da chuva, seja por meio de concretagem ou proteção de
topo, evitando-se que o excesso de umidade se acumule nos vazados dos
blocos.
Prumo, nível e alinhamento dos elementos de alvenaria:
O desaprumo e o desalinhamento máximo das paredes e pilares do
pavimento não podem superar 10 mm, além de atender ao limite de 2
mm/m, conforme figura abaixo. Na altura total do prédio, o máximo
desaprumo admitido é de 25 mm.

página 86
imagem 7.3 - Limites máximos para o desaprumo e desalinhamento das
paredes e desnível da fiada de respaldo. ABNT NBR 16868 – 2 (2020).

O nível superior da fiada de respaldo deve ser tal que a variação do pé-
direito final do pavimento não seja menor do que 5 mm ou maior do que 10
mm do pé-direito especificado em projeto.
A descontinuidade vertical de pilares e paredes de um pavimento para
outro pode ser no máximo de 5 mm, conforme Figura abaixo. No caso das
alvenarias periféricas, a tolerância do desalinhamento em relação à laje é
de 5 mm.

imagem 7.4 - Descontinuidade máxima das paredes e pilares entre os


andares. ABNT NBR 16868 – 2 (2020).

Variáveis de controle geométrico na produção da alvenaria:


Junta horizontal:

página 87
Junta horizontal:

Nível superior das paredes:

Alinhamento e locação da parede:

Vigas, contravergas e cintas:


As contravergas em vãos de janela e as vergas sobre vãos de porta e
janela podem ser executadas com canaletas preenchidas com graute e
armadura, peças moldadas no local ou peças pré-moldadas, conforme
especificado no projeto.
Em cada pavimento, preferencialmente na fiada de respaldo, deve ser
executada uma cinta contínua, solidarizando todas as paredes. Esta cinta
pode ser executada com blocos especiais, tipo canaleta, ou com formas.
Em todas as situações, deve-se assegurar o completo preenchimento da
cinta.
O grauteamento dessa cinta deve preceder a montagem das formas de
laje, exceto se for assegurada a não movimentação dos blocos de
canaletas assentados, durante todas as etapas do processo de produção.
Armaduras:
As armaduras devem ser colocadas de tal forma que se mantenham na
posição especificada durante o grauteamento para garantir o cobrimento
especificado em projeto.
É admitido um erro máximo no posicionamento das armaduras igual a 1 cm
para seções fletidas com dimensão inferior a 20 cm, no plano de flexão.

página 88
Para seções comprimidas ou de dimensão superior a 20 cm, o erro máximo
admitido para posicionamento da armadura é igual a 2 cm. Em caso de
ocorrência de erros maiores, deve-se informar o projetista da estrutura,
que deve revisar os cálculos.
Em nenhum caso é permitido o contato de metais de naturezas diferentes.
Os fios, barras e telas de reforço imersos em juntas de argamassa devem
ser de aço galvanizado ou de metal resistente à corrosão, exceto no caso
de elementos construídos em classe I de agressividade ambiental
conforme ABNT NBR 6118.
Grauteamento:
Quanto à operação de grauteamento, deve ser observado o seguinte:
1. Nas posições em que é executado o grauteamento, a argamassa de
assentamento horizontal deve ser disposta tanto nas paredes
transversais como longitudinais dos blocos;
2. Antes de verter o graute, os furos devem estar alinhados e
desobstruídos, conforme figura abaixo. Para tal, deve-se remover
rebarbas de argamassa;
3. A ligação da armadura por transpasse, que deve seguir as
recomendações do projeto;
4. A altura máxima de lançamento do graute deve ser de 1,6 m, exceto se
o graute for devidamente aditivado, garantida a coesão sem
segregação;
5. Antes do lançamento do graute, deve-se molhar os vazados a serem
grauteados;
6. No adensamento, sempre manual, deve-se empregar haste entre 10
mm e 15 mm de diâmetro, devendo a haste ter comprimento suficiente
para atingir toda a extensão do vazado, não sendo permitido utilizar a
própria armadura da parede para esse adensamento; no caso de graute
autoadensável, isto não é aplicável;
7. Devem ser criadas janelas de visita nos pontos a serem grauteados
para realizar a limpeza destes e a inspeção da operação de
grauteamento.

imagem 7.5 - Desobstrução dos furos. ABNT NBR 16868 – 2 (2020).

página 89
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6136: Blocos


vazados de concreto simples para alvenaria: Requisitos. Rio de Janeiro,
2016.
NBR 6118: Projeto e execução de obras de concreto simples, armado e
protendido - Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
NBR 6120: Cargas para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de
Janeiro, 2019.
NBR 6123: Forças devidas ao vento em edificações. Rio de Janeiro,
1988.
NBR 6136: Blocos vazados de concreto simples para alvenaria -
Requisitos: Forças devidas ao vento em edificações. Rio de Janeiro,
2016.
NBR 15270-1: Componentes cerâmicos. Parte 1: Blocos cerâmicos para
alvenaria de vedação — Terminologia e requisitos. Rio de Janeiro, 2005.
NBR 15270-2: Componentes cerâmicos. Parte 2: Blocos cerâmicos para
alvenaria estrutural – Terminologia e requisitos. Rio de Janeiro, 2005.
NBR 16868-1: Alvenaria estrutural. Parte 1: Projetos. Rio de Janeiro,
2020.
NBR 16868-2: Alvenaria estrutural. Parte 2: Execução e controle de
obras. Rio de Janeiro, 2020.
NBR 16868-3: Alvenaria estrutural. Parte 3: Métodos de ensaio. Rio de
Janeiro, 2020.
NBR 16868-3: Alvenaria estrutural. Parte 3: Métodos de ensaio. Rio de
Janeiro, 2020.
LA ROVERE. Alvenaria Estrutural. 1997. Notas de aula, curso de pós-
graduação em Engenharia Civil., Universidade Federal de Santa Catarina.
MATA, R. C. . Influência do padrão de argamassamento na resistência à
compressão de prismas e mini-paredes de alvenaria estrutural de blocos
de concreto. Florianópolis: UFSC, 2006.
MATA, R.C. Análise experimental e numérica do comportamento de junta
em painéis de contraventamento de alvenaria estrutural. São Carlos:
EESC-USP, 2011.
PARSERKIAN, G. A. Parâmetros de projeto de alvenaria estrutural de
blocos de concreto. São Carlos: EdUFSCar, 2012.
PARSEKIAN, G. A.; HAMID, A A.; DRYSDALE, R. G. Comportamento
e dimensionamento de alvenaria estrutural. São Carlos: EDUFSCar, 2012.

página 90
RAMALHO, M. A.; CORRÊA, M. R. S. Projeto de Edifícios de. Alvenaria
Estrutural. São Paulo, PINI, 2003.
ROMAN, H. R., MUTTI. C. N. e ARAÚJO, H. N. Construindo em alvenaria
estrutural. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC.
1999.
TAUIL, C.A.; NESE, F.J.M.. Alvenaria estrutural. São Paulo, PINI, 2010.

página 91

Você também pode gostar