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net/publication/316279004
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Armando Pinto
National Laboratory for Civil Engineering
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DEPARTAMENTO DE EDIFÍCIOS
NÚCLEO DE COMPONENTES E INSTALAÇÕES
Procº 0808/11/16210
I&D
EDIFÍCIOS
VENTILAÇÃO MECÂNICA DE EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO
RESUMO
Índice
1 - Introdução ............................................................................................................................. 1
2- Exigências aplicáveis a sistemas de ventilação de edifícios de Habitação .................... 2
2.1 - Directiva Comunitária relativa ao desempenho energético dos edifícios -
Directiva 2002/91/CE............................................................................................................. 2
2.2 - Certificação energética e da qualidade do ar interior, RCCTE e RSECE.................. 3
2.3 - Regulamentos do ruído e de segurança contra incêndio ........................................ 4
2.3.1 - Regulamento ruído.................................................................................................. 4
2.3.2 - Segurança contra incêndio ...................................................................................... 5
2.4 - Normalização Portuguesa .............................................................................................. 5
2.5 - Objectivos fundamentais................................................................................................ 5
3 - Aspectos gerais de sistemas de ventilação............................................................................ 7
3.1 - Ventilação Mecânica, Ventilação Natural e Ventilação híbrida .................................... 7
3.2 - Ventilação mecânica VMC ............................................................................................ 9
3.3 - Os sistemas VMC em Portugal .................................................................................... 13
4 - Regras de concepção e manutenção.................................................................................... 16
4.1 - Princípios gerais de concepção de sistemas de ventilação VMC ................................ 16
4.2 - Regras específicas de concepção do sistema VMC de fluxo simples.......................... 17
4.3 - Manutenção.................................................................................................................. 19
5 - Caudais de ventilação ......................................................................................................... 20
5.1 - Princípios para a definição dos caudais de ventilação ................................................. 20
5.1.1 - Aspectos gerais ..................................................................................................... 20
5.1.2 - Compartimentos principais ................................................................................... 24
5.1.3 - Compartimentos de serviço................................................................................... 27
5.1.4 - Apreciação dos caudais de ventilação................................................................... 29
5.2 - Síntese .......................................................................................................................... 31
6 - Dimensionamento da instalação VMC ............................................................................... 33
6.1 - Aberturas de admissão de ar e Permeabilidade ao ar da envolvente ........................... 33
6.1.1 - Aspectos gerais ..................................................................................................... 33
Índice de Figuras
Índice de Quadros
1 - Introdução
Este documento foi elaborado no âmbito de uma acção de divulgação sobre sistemas
de ventilação mecânica em edifícios de habitação.
No capítulo 2 deste documento sintetizam-se algumas das exigências regulamentares
aplicáveis aos sistemas de ventilação mecânica de habitações. No capitulo 3 referem-se os
aspectos gerais de sistemas de ventilação aplicáveis a edifícios de habitação e nos capítulos 4
a 6 referem-se os aspectos da concepção, manutenção e dimensionamento de um sistema de
ventilação mecânica centralizada (VMC). Algumas das recomendações apresentadas baseiam-
se em normas Francesas [30] e [31] e no projecto de norma NP 1037-2, que está a ser
preparada no âmbito da Comissão Técnica Adhoc CTA 17 - Ventilação e evacuação dos
produtos da combustão dos locais com vista à instalação dos aparelhos a gás. Contudo,
existem alguns aspectos que ainda não foram discutidos na CTA-17 e, portanto,
correspondem à opinião do autor quanto à concepção de um sistema VMC.
No capítulo 7 são apresentados caso de estudo de forma a ilustrar alguns dos
princípios de dimensionamento da instalação VMC, bem como os resultados da apreciação do
desempenho de uma instalação, principalmente do seu desempenho acústico.
No capítulo 8 são apresentadas as conclusões desta trabalho.
No anexo A, são apresentadas algumas recomendações para a concepção de sistemas
de ventilação mecânica descentralizados, os quais apresentam algumas limitações que podem
colocar em causa a segurança dos ocupantes, quando indevidamente concebidos e instalados.
No anexo B são apresentados os coeficientes de perda de carga das singularidades mais
correntes em sistemas VMC.
Compartimento
principal
Compartimento
de serviço
Conduta colectiva
vertical
Abertura
admissão de ar
Ramal de ligação
Boca extracção
Passagem de ar
interior
Além destes dois sistemas também existe o sistema de ventilação de simples fluxo
apenas com insuflação de ar, o qual é uma solução raramente utilizada em edifícios de
habitação.
Na caracterização dos tipos de sistema de ventilação usualmente também se utilizam
as designações:
− VMC-gás: que significa um sistema de ventilação VMC no qual é possível ligar
aparelhos a gás do tipo B1;
− VMC-higro: que significa um sistema de ventilação VMC no qual as bocas de
extracção são sensíveis à humidade do ar interior, fazendo variar os caudais em função
da humidade relativa do ar interior;
1
Aparelhos a gás do tipo B, são aparelhos de combustão concebidos para serem ligados a condutas de evacuação
dos produtos de combustão para o exterior, sendo o ar comburente captado directamente no local de instalação
2
Existem casos em que estas condicionantes são ultrapassadas pelos ocupantes, que adulteram o princípio de
funcionamento do sistema VMC, aplicando hotes de fogão com ventilador e aparelhos a gás do tipo B com
ventilação mecânica.
Depressão
compartimento
4.3 - Manutenção
Na concepção dos sistema de ventilação devem seleccionar-se materiais e componentes
duráveis e prever-se o acesso a estes para a sua limpeza, manutenção e eventual substituição
em caso de falha.
De forma a minimizar os tempos de paragem da instalação, a empresa de manutenção
deve dispor de um motor de reserva. Se a transmissão for efectuada por correia, deve existir
junto das caixas de ventilação uma correia de reserva.
As bocas de extracção devem poder ser desmontadas pelos utilizadores e laváveis.
Em França, nas instalações VMC e VMC-gás prevêem-se as seguintes tarefas de
manutenção a serem realizadas por profissionais qualificados:
Anualmente:
- Limpeza da caixa de ventilação
- Substituição da correia do ventilador
- Verificação de:
− tambores;
− ligações eléctricas, funcionamento dos alarmes de segurança;
− caudais evacuados;
− estado das bocas de extracção e demais componentes da instalação;
− verificação da ausência de ligação ao sistema VMC de hotes com
ventilador e outros dispositivos mecânicos.;
Todos os 5 anos:
- Controlo e regulação global da instalação.
Informação mais específica sobre a inspecção das instalações pode ser consultada no
documento [63].
1.4
1.2
Renovações por hora (h-1)
1.0
0.8
0.6
0.4
0.2
0.0
T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6
Proposta NP-1037 ASHRAE
França Bélgica Alemanha
Dinamarca, Noruega, Suécia Finlândia Holanda
CAUDAL MÁXIMO
4.0
3.5
Renovações por hora (h )
-1
3.0
2.5
2.0
1.5
1.0
0.5
0.0
T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6
3
PM10 corresponde às partículas cujo diâmetro aerodinâmico mássico médio é inferior a 10 µm
4
PM2,5 corresponde às partículas cujo diâmetro aerodinâmico mássico médio é inferior a 2,5 µm
5
1 olf é definido como a taxa de emissão de poluentes (bioefluentes) de uma pessoa de referência. Esta é uma
unidade subjectiva, baseada na apreciação da qualidade do ar por um conjunto de pessoas (painel de
observadores), com a qual outras fontes de poluição podem ser comparadas.
6
1 dp é a intensidade da percepção da poluição do ar causada por uma pessoa de referência (olf) submetida a
uma taxa de ventilação de 10 l/s, a qual é avaliada por um painel de observadores.
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Figura 8 - Evolução da humidade relativa interior do quarto com dois ocupantes para
Text=10ºC, HR=95%, Tint=18ºC e Qar=5 l/s.ocupante
(
Q quarto (l / s ) = MAX Vol / 3,6 ; 5 × n ocup ) eq. 1
Em que:
- Vol é o volume do compartimento em m3;
- nocup é o número de ocupantes.
80%
100%
70%
90%
60% 80%
50% 70%
40% 60%
50%
30%
40%
20%
30%
10% 20%
0% 10%
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 0%
h 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
h
Figura 9 - Evolução da humidade relativa interior da Figura 10 - Evolução da humidade relativa interior da
sala com 4 ocupantes para Text=10ºC, HR=95%, sala com 4 ocupantes para Text=10ºC, HR=95%,
Tint=18ºC e Qar=6 l/s.ocupante (1.6 ren/h) Tint=18ºC e Qar= 0.5 renovações/hora
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
h
Figura 11 - Evolução da humidade relativa interior da sala com 4 ocupantes para Text=10ºC, HR=95%,
Tint=18ºC e Qar= 1.0 renovações/hora
(
Q sala (l / s ) = MAX Vol / 3,6 ; 6 × n ocup ) eq. 2
Em que:
- Vol é o volume do compartimento em m3;
- nocup é o número de ocupantes.
Em que:
- Vol é o volume do compartimento em m3;
- nocup é o número de ocupantes.
7
Aparelho a gás do tipo A são aparelhos concebidos para não serem ligados a condutas ou dispositivos de
evacuação dos produtos de combustão para o exterior do local de instalação.
5.2 - Síntese
Caudal base
(
Q quarto (l / s ) = MAX Vol / 3,6 ; 5 × n ocup )
(
Q sala (l / s ) = MAX Vol / 3,6 ; 6 × n ocup )
Q instalação sanitária (l / s ) = MAX(4 × Vol / 3,6 ; 8,3)
Caudal máximo
Cozinha sem aparelhos a gás do tipo B:
(
Q cozinha (l / s ) = MAX 2 × Vol / 3,6 ; 50 ; 60 × L fogão )
Cozinha com aparelhos a gás do tipo B:
(
Q cozinha (l / s ) = MAX 2 × Vol / 3,6 ; 50 + Q aparelho gás ; 60 × L fogão + Q aparelho gás )
Qaparelho gas = 1,2 × Qn (l/s) aparelhos a gás do tipo B (exceptuando caldeiras)
Qaparelho gas = 1,4 × Qn (l/s) caldeiras
Qn é a potência útil nominal do aparelho a gás do tipo B em kW.
8
Os aparelho a gás do tipo são aparelhos concebidos de modo a que o circuito de combustão (admissão do ar
comburente, câmara de combustão, permutador de calor e evacuação dos produtos de combustão) seja estanque
relativamente ao local de instalação.
80
70
60
(m3/h)
50
40
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
DP (Pa)
O aspecto do conforto térmico [29] pode ser apreciado com base nos resultados dos
ensaios de acordo com a norma de ensaio EN 13141-1 [18]. Para apreciar as condições de
conforto, além de assegurar que a temperatura operativa se encontra na gama de conforto
(22ºC±2ºC [29]), deve ser verificado que a diferença de temperatura do ar entre o nível dos
pés e da cabeça não excede 3ºC e que o risco de corrente de ar (draught risk-DR, eq. 6) deve
ser inferior a 15%.
em que:
− DR é percentagem previsível de insatisfeitos devido ao desconforto associado a
corrente de ar, em %;
Estas condições de conforto devem ser satisfeitas na zona de ocupação, que pode ser
assumida como a zona delimitada por um afastamento às paredes exterior superior a 1,0 m; às
paredes interiores superior a 0,5 m e um afastamento ao pavimento superior a 0,1 m e inferior
a 1,8 m [26].
De acordo com resultados de estudos realizados em laboratório [48] o problema de
conforto [29] não é significativo para distâncias à parede superiores a 0,5 m, se as aberturas
de admissão de ar se situarem fora da zona de ocupação (acima de 1,8 m) e se for privilegiado
o desenvolvimento de um jacto de parede, Figura 16 e Figura 17. A aplicação de cortinas em
frente da abertura ou a utilização de unidades de aquecimento ambiente por baixo das grelhas
permite minimizar o risco de desconforto. Nas figuras, os valores apresentados correspondem
ao risco de corrente de ar (DR).
Janela
Altura
(m) Pavimento
aquecido
Distância (m)
Jacto simples
Altura
(m) Pavimento
aquecido
Distância (m)
Jacto de parede
Figura 19 - Modelação do escoamento com abertura situada na verga do vão (caixa de estore)
Figura 20 - Modelação do escoamento com abertura situada na parede por cima da janela
11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 ºC
6.1.2 - Dimensionamento
De forma a minimizar o impacte das infiltrações de ar pela envolvente o
dimensionamento das bocas de admissão de ar deve ser efectuado de forma a que o caudal
admitido para uma diferença de pressão de 20 Pa (módulo a 20 Pa) seja igual ao caudal base
de ventilação de cada compartimento.
Tendo em conta que os edifícios não são totalmente estanques, admite-se que o
número de grelhas seja reduzido de forma proporcional à permeabilidade ao ar da envolvente
para uma diferença de pressão de 20 Pa, que poderá ser obtida com base na permeabilidade
das janelas acrescido de uma permeabilidade não associada às janelas de 0,27 vezes o volume
interior, Quadro 5. Em qualquer dos casos de permeabilidade ao ar da envolvente, deve ser
assegurada a existência de pelo menos uma grelha de módulo 15 m3/h para uma diferença de
pressão de 20 Pa em cada compartimento principal. Deste modo, o caudal de ar a admitir
pelas aberturas de admissão de ar (grelhas auto-regulaveis) pode ser obtido pela eq. 5.
em que:
0
0a2 2a4 4a6 6a8 8 a 10 > 10
n50 (rph)
9
A taxa de ventilação nominal do apartamento e da moradia estudada é de 0,64 (h-1) e 0,84 (h-1),
respectivamente. Pelo que os valores de n50 considerados no estudo são ligeiramente diferentes dos valores
indicados no Quadro 6, no qual é considerada uma taxa de ventilação de 0,7 (h-1).
C Ctr
Recreio infantil X
Actividades domésticas (vozes, música, rádio, TV) X
Discotecas X
Tráfego rodoviário rápido, com V > 80 Km/h X
Tráfego rodoviário lento ou urbano X
Tráfego ferroviário com velocidade média ou rápida X
Tráfego ferroviário lento X
Indústrias com ruídos de médias e altas frequências X
Indústrias com ruídos de médias e baixas frequências X
150
100
50
0
30 80 130 180
DP (Pa)
160
M 20
140 M 30
M 45
120 M 75
M 90
100 M 105
Q (m3/h)
80
60
40
20
0
0 50 100 150 200
DP (Pa)
60
Q (m3/h) 50
40
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70
HR (%)
6.3.2 - Dimensionamento
O dimensionamento das bocas de extracção é efectuado conjuntamente com a restante
rede de extracção de forma a satisfazer ao princípio de funcionamento do sistema VMC.
De uma forma geral as bocas de extracção auto-reguláveis permitem assegurar uma
extracção de ar aproximadamente constante para diferenças de pressão de 50 Pa a 160 Pa. No
entanto, o ruído gerado na boca de extracção é tanto mais elevado quanto maior a diferença de
pressão de funcionamento, pelo que deve ser dada atenção especial ao ruído gerado, de forma
a não ser causa de desconforto, Quadro 10.
Quadro 10 - Exemplo de ruído gerado numa boca de extracção para diferentes diferenças de
pressão
Caudal Sem modulo acústico Com módulo acústico
3
(m /h) Lw dB(A) Dn,e,w Lw dB(A) Dn,e,w
70 Pa 100 Pa 130 Pa 160 Pa (C) dB 70 Pa 100 Pa 130 Pa 160 Pa (C) dB
15 19 27 31 34 60 19 27 31 34 64
30 27 30 33 36 59 27 30 33 36 64
15/30 27 30 33 36 59 27 30 33 36 64
20/75 24 27 30 33 56 26 30 32 34 64
30/90 25 31 34 36 56 27 31 34 37 63
45/135 27 33 34 37 55 28 31 34 36 62
Deste modo, para uma boca com Lw de 37 dB(A), obtém-se um nível de pressão
sonora de 33 dB(A), admitindo um volume interior de 30 m3. Este valor é inferior a 35 dB(A)
recomendado para cozinhas com porta, pelo que se consideraria a boca satisfatória10.
10
De acordo com a regulamentação francesa, em cozinhas com porta são admissíveis bocas de extracção com
Lw inferior ou igual a 36 dB(A) e uma atenuação acústica superior ou igual a 56 dB(A).
A espessura das paredes das condutas deve ser igual ou superior aos valores indicados
no Quadro 12.
A dimensão das condutas rígidas deve estar de acordo com as normas aplicáveis [37] e
[36].
Os materiais utilizados para garantir a estanquidade ao ar das condutas e componentes
devem obedecer às seguintes especificações:
- Resistência às temperaturas susceptíveis de ser atingidas quando existem aparelhos a gás
ligados (120ºC);
Água de condensação
No caso de sistemas VMC nos quais possam ser instaladas caldeiras de condensação,
deve ser assegurada a drenagem da água de condensação, junto do aparelho, na base da
conduta colectora vertical, bem como ao longo da rede de condutas horizontais introduzindo
declives na rede superiores a 3%, Figura 27 a Figura 31. A drenagem de água deve
igualmente ser assegurada nos locais da rede susceptíveis de ocorrência de condensações ou
para onde essa água possa escoar.
Outras características
Para optimizar o funcionamento do sistema de ventilação a permeabilidade ao ar da
rede de condutas deve ser tão baixa quanto possível, devendo desejavelmente pertencer no
mínimo à classe A, (EN 12237 [17]).
Nos sistemas VMC não é permitida a utilização de dispositivos de equilíbrio ao longo
do escoamento dos produtos da combustão, com exclusão dos incluídos nas bocas de
extracção. Poderão ser utilizados dispositivos de equilíbrio nas restantes condutas da
instalação, na condição de apenas serem instalados na rede colectora horizontal.
Para minimizar os problemas de transmissão de ruído e vibrações as condutas devem
estar isoladas do elemento de suporte (Figura 32).
6.4.2 - Dimensionamento
O dimensionamento da rede de condutas é efectuado conjuntamente com a restante
rede de extracção de forma a satisfazer ao princípio de funcionamento do sistema VMC.
Para minimizar os problemas de ruído a velocidade média do escoamento do ar nas
condutas deve ser inferior a:
- Condutas verticais: 5 m/s;
- Condutas horizontais na cobertura: 6 m/s.
De forma complementar o dimensionamento das condutas é realizado para uma perda
de carga de 0,7 Pa/m.
No Quadro 13 indica-se o caudal máximo recomendado para diferentes diâmetros
normalizados, que pode ser utilizado como ponto de partida para o dimensionamento da rede,
com base no critério de limitar a perda de carga a 0,7 Pa/m. Para os diâmetros típicos dos ramais
de ligação, o caudal apresentado corresponde a limitar a velocidade média do escoamento a
4 m/s.
Para assegurar um adequado isolamento sonoro, o topo de prumada deve ter cerca do
dobro do diâmetro da conduta colectora.
Na norma Francesa NF XP 50-410 [30] são apresentadas fórmulas para os coeficientes
de perda de carga das singularidades típicas de um sistema VMC, ver anexo B.
A perda de carga em linha das condutas circulares rígidas pode ser calculada pela eq. 7.
Q1,9
∆P = 3 ×10 6 L eq. 7
D5
D = 1,3
(a × b )0,625
eq. 8
(a + b )0,25
A localização da rejeição do ar deve evitar que esse ar seja admitido através das
aberturas de admissões de ar e não deve causar incomodo na vizinhança. Regra geral, deve
procurar-se assegurar que a exaustão seja efectuada com um ângulo α (Figura 35) inferior a
15º para os obstáculos fronteiros a menos de 10 m. Consideram-se obstáculos aqueles que
apresentam um ângulo β superior a 30º (Figura 35). Caso sejam utilizados “chapéus” na
conduta de exaustão, a secção de evacuação deve situar-se pelo menos 0,5 m acima dos
obstáculos referidos anteriormente. No caso de exaustão de produtos tóxicos ou com forte
odor, recomenda-se que a abertura de exaustão se situe num plano que assegure o
desenvolvimento da pluma (jacto) fora das zonas de recirculação da cobertura, por exemplo
respeitando os critérios definidos na norma NP 1037-1 [33].
6.5.2 - Dimensionamento
O dimensionamento do ventilador de extracção é efectuado conjuntamente com a
restante rede de extracção de forma a satisfazer ao princípio de funcionamento do sistema
VMC.
No dimensionamento dos sistemas VMC, em França utiliza-se a curva PVMC, a qual
traduz a diferença de pressão estática disponível na ligação das condutas à caixa de
ventilação, Figura 37. Este valor é inferior ao valor da pressão total do ventilador, pois inclui
a parcela referente à perda de carga da caixa de ventilação,
A verificação destas duas condições limites para cada tipo de boca de extracção
assegura que são extraídos os caudais de ar pretendidos nas condições nominais e de caudal
máximo e que a potência sonora das bocas de extracção é compatível com o nível de conforto
acústico pretendido.
Para o cálculo, na ausência de informação acerca da permeabilidade ao ar da rede de
condutas, considera-se uma taxa de fugas igual a 10% do valor do caudal máximo de cada
boca de extracção. Para efeitos de dimensionamento considera-se esse caudal situado junto às
bocas de extracção.
O dimensionamento da instalação é normalmente um processo iterativo, que pode
envolver a perda de carga nas condutas, a curva pressão-caudal característica do ventilador e
as características das bocas de extracção.
De forma a minimizar o risco de migração de produtos da combustão da conduta
colectora para o interior dos fogos quando o ventilador pára acidentalmente, a perda de carga
da boca de extracção e do ramal de ligação deve ser superior em 50 Pa à perda de carga desde
a ligação do último ramal da conduta colectora até à evacuação do ar para o exterior, para os
caudais máximos extraídos.
Figura 38 - Apenas uma conduta ligada à Figura 39 - Várias condutas ligadas à caixa
caixa de ventilação [2] de ventilação [2]
Categoria 1
A temperatura dos gases extraídos é inferior a 120ºC.
Categoria 2
A temperatura dos gases extraídos situa-se entre 120ºC e 200ºC.
Categoria 3
A temperatura dos gases extraídos situa-se entre 200ºC e 300ºC.
Categoria 4
A temperatura dos gases extraídos é superior a 300ºC.
A caixa moto-ventilador deve resistir, sem alterações sensíveis do seu regime de
funcionamento, à passagem de fumos a uma temperatura de 400ºC, durante meia hora,
comportamento que deve ser verificado em ensaio, de acordo com o procedimento
especificado no anexo C da norma EN 12101-3:2002.
6.8.2 - Dimensionamento
O potencial nível sonoro associado à instalação VMC pode ser previsto
aproximadamente com base em métodos simplificados [60].
Em relação às aberturas de admissão de ar, estas são condicionadas essencialmente
pelo isolamento sonoro requerido para a envolvente conforme referido na secção 2.3.1, não
sendo normalmente geradoras de ruído associado ao fluxo de ar que as atravessa.
Em relação à instalação de extracção de ar há que considerar:
- Ruído gerado pelo ventilador e propagado ao longo das condutas;
- Ruído atenuado ao longo do sistema de condutas bem como o ruído gerado pelo fluxo de ar;
- Ruído gerado e atenuado pelas bocas de extracção.
A atenuação nas curvas é pequena (curva a 90º composta por quatro segmentos) e será
negligenciada.
Nas ligações T a atenuação acústica pode ser obtida pela eq. 11, em que ∆Lw1 é obtido
do Quadro 14, Figura 42.
Sentrada eq. 11
∆L w = ∆L w1 − 10 log
Ssaida
Figura 42 - Representação do T
Se no topo das condutas colectoras for aplicado um pleno (topo de prumada), em vez
de uma curva, tal traduz-se numa atenuação de ruído, Quadro 14, Figura 43.
25
20
Lw (dB)
15
10
0
100 1000 10000
f (hz)
80
70
60
50
Dn,e (dB)
40
30
20
Boca simples, Dn,e,w(C)=58 dB
10
Boca com atenuador, Dn,e,w(C)=59 dB
0
100 1000 10000
f (hz)
Quadro 16 - Valor da correcção A para atenuação entre a conduta colectora e a saída na boca
f(Hz) 125 250 500 1000 2000 4000
Conduta colectora
∅ 250 0 -3 -6 -10 -10 -10
∅ 315 0 -3 -6 -9 -9 -9
∅ 400 0 -3 -6 -8 -8 -8
∅ 500 0 -3 -7 -7 -7 -7
∅ 630 0 -3 -6 -6 -6 -6
45
25
20
15
10
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
f(Hz)
Exemplo
Admita-se uma instalação com o ventilador a extrair um caudal de 1500 m3/h e com
uma pressão total de 250 Pa.
70
60
Lw ventilador
DL lig T
50 DL T-souche
DL Boca
LW eq vent
dB
40 Lw Boca
Lw total
Lp dB(A)
30
20
10
0
100 1000 10000
f(hz)
Fogo Sala Quarto Quarto Quarto Inst. Cozinha Cozinha Base Máximo
1 2 3 Sanit Qbase Qmáximo
T2 60 45 30 45 90 270 135 325
T3 90 45 30 30 45 150 270 180 325
Para estes caudais de ventilação por fogo, a gama de caudais totais do sistema é de
1450 m3/h para o caudal base e de 2770 m3/h para o caudal máximo, admitindo uma
permeabilidade ao ar das condutas de 10%.
Regista-se que nas condições nominais existe equilíbrio entre os caudais admitidos
nos compartimentos principais e o caudal extraído nos compartimentos de serviço. Para as
condições de caudal máximo, quando da utilização do fogão, será necessário actuar as
aberturas de compensações.
45 m3/h
45 m3/h
Cobertura
2º
1º
∆Pmax=
RC ∆Pmax=53 ∆Pmax=45 ∆Pmax=56 ∆Pmax=61 ∆Pmax=46
54
b) Consumo de energia
O consumo de energia associado à ventilação mecânica pode ser obtido pela equação:
Consumo (kWh ) =
( )
Q m 3 / s × Ptotal (Pa )
× horas funcionamento / 1000
ηaerodinamico × ηmotor
Se forem admitidos a extracção do caudal máximo durante 3 horas por dia e do caudal
base no restante período, uma pressão total de 220 Pa e rendimentos aerodinâmico do
ventilador de 80% e do motor de 80%, obtém-se um consumo energético mensal por
apartamento de 14 kWh, o que a preços actuais corresponde a um custo mensal de
sensivelmente € 1,50 por fogo.
COZINHA
60.0
L dB/oit.
55.0
50.0
45.0
40.0
35.0
30.0
25.0
Hote aberta
20.0
Hote fechada
15.0
10.0
125 250 500 1000 2000 4000
Freq. (Hz)
IS COMUNS
60.0
L dB/oit.
55.0
50.0
45.0
40.0
35.0
30.0
25.0
Fixa
20.0 Autorregulavel
Autorregulavel c/ Mod Acustico
15.0
10.0
125 250 500 1000 2000 4000
Freq. (Hz)
90.0
80.0
70.0
60.0
50.0
40.0
30.0
20.0
10.0
125 250 500 1000 2000 4000
Freq. (Hz)
Apesar do nível de ruído na cozinha com a hote aberta ser de 45,5 dB(A), salienta-se
que a utilização de exaustores pode conduzir a níveis de pressão sonora superiores a
56 dB(A), constituindo assim os sistemas VMC uma melhoria substancial relativamente ao
uso de exaustores autónomos.
VISTOS AUTORIA
O Chefe do Núcleo de
de Componentes e Instalações
João C. Viegas
Armando Teófilo Pinto
Mestre em Engª Mecânica
O Director do Departamento de
Assistente de Investigação
Edifícios
[1] - Arrêté du 24 mars 1982 modifié - Relatif aux dispositions relatives à l'aération des
logements.
[2] - Arrête du 31 Janvier 1986 - Relatif à la protection contre l’incendie des bâtiments
d’habitation.
[3] - Decreto-Lei n.º 38382 de 7 de Agosto de 1951 - Regulamento Geral das Edificações
Urbanas.
[4] - Decreto-Lei n.º 40/90 de 6 de Fevereiro - Regulamento das características de
comportamento térmico dos edifícios.
[5] - Decreto-Lei n.º 64/90 de 21 de Fevereiro - Regulamento de Segurança contra
Incêndio em Edifícios de Habitação.
[6] - Decreto-Lei n.º 118/98 de 7 de Maio - Regulamento dos sistemas energéticos de
climatização em edifícios
[7] - Decreto-Lei n.º 410/98 de 23 de Dezembro - Regulamento de Segurança contra
Incêndio em Edifícios do Tipo Administrativo.
[8] - Decreto-Lei n.º 521/99 de 10 de Dezembro - Normas a que ficam sujeitos os
projectos de instalações de gás a incluir nos projectos de construção, ampliação
ou reconstrução de edifícios, bem como o regime aplicável à execução da
inspecção das instalações.
[9] - Decreto-Lei n.º 292/2000, de 14 de Novembro - Regime Legal sobre a Poluição
Sonora.
[10] - Portaria n.º 362/2000 - Procedimentos Relativos às Inspecções e à Manutenção das
Redes e Ramais de Distribuição e Instalações de Gás e o Estatuto das Entidades
Inspectoras das Redes e Ramais de Distribuição e Instalações de Gás.
[11] - Decreto-Lei n.º 129/2002 de 11 de Maio - Regulamento dos requisitos acústicos dos
edifícios.
[12] - ASHRAE Standard 62.2: 2003 - Ventilation and acceptable indoor air quality in
low-rise residential buildings. Atlanta: ASHRAE, 2003.
[13] - BS 5295: 1991 - Code of practice. Ventilation principles and design for natural
ventilation. London: BSI, 1991.
[14] - EN 1026: 2000 - Windows and pedestrian doors - Air permeability - Test method.
Brussels: CEN, 2000.
3 - Caudais de ventilação
Os caudais de ventilação a assegurar pelo sistema de ventilação devem ser os
compatíveis com os apresentados no capítulo 5.
50
40
(m3/h)
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60
DP (Pa)
Q / 0,36 eq. 13
A=
C d 2∆P / ρ
em que:
− A, é a secção da abertura, em (cm2)
− Q, é o caudal base, em (m3/h)
− ∆P, é a diferença de pressão, em (Pa)
− Cd, é o coeficiente de descarga da abertura que usualmente toma o valor 0,61
− ρ, é a massa volúmica do ar, em (kg/m3)
11
A utilização deste tipo de solução deve ser evitada, pois devido à eventual sujidade que se acumular no interior
do registo anti-refluxo poder-se-á verificar a ausência da sua obturação total.
Q / 0,36 eq. 14
A=
C pb − C ps
Cd v
2
em que:
− A, é a secção da abertura, em (cm2)
− Q, é o caudal base, em (m3/h)
− Cd, é o coeficiente de descarga da abertura que usualmente toma o valor 0,61
− v, é a velocidade do vento, em (m/s)
− Cpb, é o coeficiente de pressão na fachada a barlavento
− Cps, é o coeficiente de pressão na fachada a sotavento
Em que:
− Q, é o caudal de ar, em (m3/h)
− Cd, é o coeficiente de descarga da abertura que usualmente toma o valor 0,61
− A, é a secção da abertura, em (cm2)
− ∆P, é a diferença de pressão, em (Pa)
− ρ, é a massa volúmica do ar, em (kg/m3)
Deste modo, a abertura de compensação a colocar na cozinha deve ter uma dimensão
compatível com a admissão de um caudal de 15 m3/h (235-220 m3/h), para uma diferença de
pressão de 10 Pa, ou seja uma abertura de sensivelmente 17 cm2, eq. 13.
4m
12 m
300.0
RC
3º Andar
250.0 Ventilador (70 W)
200.0
DP (Pa)
100.0
50.0
0.0
0 50 100 150 200 250 300
Q (m3/h)
Caso a conduta de evacuação fosse constituída por uma conduta flexível, a perda de
carga é cerca de 4 a 8 vezes superior à das condutas rígidas (cerca de 100 Pa), pelo que não é
aconselhável a sua utilização neste tipo de sistemas, recomendando-se que o seu
comprimento seja limitado a 2 m.
Refere-se que, de acordo com a informação fornecida pelo fabricante do ventilador
considerado na Figura 57, é estimado um nível de pressão sonora de 56 dB(A).
4m
12 m
100
RC
90
Caudal 45 m3/h 3º Andar
80 Ventilador (25 W)
Ventilador (13 W)
70
60
DP (Pa)
50
40
30
20
10
0
0 20 40 60 80 100 120
Q (m3/h)
1 - Expansões
2
⎡ ⎛ D ⎞2 ⎤
ζ = ⎢1 − ⎜⎜ 1 ⎟⎟ ⎥
⎢ ⎝ D2 ⎠ ⎥
⎣ ⎦
2
⎡ ⎛ D ⎞2 ⎤
ζ = 1,12 × ⎢1 − ⎜⎜ 1 ⎟⎟ ⎥
⎢ ⎝ D2 ⎠ ⎥
⎣ ⎦
2 - Curvas
Quadro 25 - Valores de ζ
θ (º)
r/D 30 45 60 75 90
0,5 0,54 0,73 0,95 1,09 1,22
0,7 0,25 0,33 0,43 0,50 0,57
1 0,12 0,17 0,22 0,25 0,29
3 - Derivações - Confluências
As perdas de carga em confluências são dadas para o caso em que os dois ramos a
montante fazem um ângulo de 90º ou de 45º. As confluências nas quais o escoamentos a
montante tem a mesma direcção, mas sentidos opostos, apresentam perdas de carga muito
elevadas e não são aqui tratadas.
Figura 61 - Confluência
Confluência a 90º:
ζ = 1,55 × a − a 2
Quadro 26 - Valores de A
Confluência a 45º:
Q1,9
∆P = 10 7 L
D5
5 - Topo de prumada