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Sumário
3. Instalações prediais de esgoto sanitário ............................................................................................. 3
3.1. Terminologia ................................................................................................................................. 3
3.2. Informações gerais ....................................................................................................................... 4
3.2.1. Saneamento básico no Brasil ................................................................................................ 4
3.2.2. Responsabilidade técnica ...................................................................................................... 5
3.2.3. Exigências a serem observadas no projeto ........................................................................... 5
3.3. Componentes dos sistemas prediais de esgoto sanitário ............................................................ 5
3.3.1. Subsistema de coleta e transporte de esgoto sanitário ......................................................... 6
3.3.1.1. Aparelhos sanitários ........................................................................................................ 6
3.3.1.2. Desconectores ................................................................................................................. 6
3.3.1.3. Ramais de descarga e de esgoto .................................................................................... 7
3.3.1.4. Tubos de queda ............................................................................................................... 8
3.3.1.5. Subcoletor e coletor predial ............................................................................................. 9
3.3.1.6. Caixa de gordura ............................................................................................................. 9
3.3.1.7. Caixa de inspeção ......................................................................................................... 10
3.3.2. Subsistema de ventilação .................................................................................................... 11
3.4. Dimensionamento dos componentes dos sistemas prediais de esgoto sanitário ...................... 15
3.4.1. Subsistema de coleta e transporte de esgoto sanitário ....................................................... 15
3.4.2. Subsistema de ventilação .................................................................................................... 19
3.5. Disposição dos efluentes do coletor predial ............................................................................... 25
3.5.1. Tanque séptico ..................................................................................................................... 25
3.5.1.1. Processo de funcionamento .......................................................................................... 26
3.5.1.2. Requisitos gerais ........................................................................................................... 26
3.5.1.3. Tipos e dimensões de tanques sépticos ....................................................................... 27
3.5.1.4. Dimensionamento de tanques sépticos ........................................................................ 29
3.5.2. Filtro anaeróbio .................................................................................................................... 32
3.5.2.1. Requisitos gerais ........................................................................................................... 33
3.5.2.2. Dimensionamento de filtros anaeróbios ........................................................................ 33
3.5.3. Vala de filtração.................................................................................................................... 34
3.5.3.1. Requisitos gerais ........................................................................................................... 34
3.5.3.2. Processo construtivo ..................................................................................................... 35
3.5.3.3. Dimensionamento de valas de filtração ........................................................................ 35
3.5.4. Vala de infiltração ................................................................................................................. 37
3.5.4.1. Requisitos gerais ........................................................................................................... 37
3.5.4.2. Processo construtivo ..................................................................................................... 37
3.5.4.3. Dimensionamento de valas de infiltração ...................................................................... 38
3.5.5. Sumidouro ............................................................................................................................ 39
3.5.5.1. Dimensionamento de sumidouros .................................................................................... 40
3.5.6. Procedimento para estimar a capacidade de percolação do solo (Kp) ............................... 42
3.5.6.1. Procedimento para vala de infiltração ........................................................................... 42
3.5.6.2. Procedimento para sumidouro ...................................................................................... 43
3.6. Apresentação do projeto ............................................................................................................. 46
3.7. Detalhe de tanque séptico utilizado em projeto .......................................................................... 47
Referências ........................................................................................................................................ 48
• NBR 7229 - Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos (ABNT, 1993);
• NBR 13969 - Tanques sépticos - Unidades de tratamento complementar e disposição final
dos efluentes líquidos - Projeto, construção e operação (ABNT, 1997).
3.1. Terminologia
Reproduz-se a seguir algumas das definições utilizadas nas normas e bibliografia técnica
especializada da área:
• Aparelho sanitário: aparelho ligado à instalação predial e destinado ao uso de água para fins
higiênicos ou para receber dejetos ou águas servidas;
• Bacia sanitária: aparelho sanitário destinado a receber exclusivamente dejetos humanos;
• Barrilete de ventilação: tubulação horizontal com saída para a atmosfera em um ponto,
destinada a receber dois ou mais tubos ventiladores;
• Caixa de gordura: caixa destinada a reter, na sua parte superior, as gorduras, graxas e óleos
contidos no esgoto, formando camadas que devem ser removidas periodicamente, evitando
que estes componentes escoem livremente pela rede, obstruindo a mesma;
• Caixa de inspeção: caixa destinada a permitir a inspeção, limpeza, desobstrução, junção,
mudanças de declividade e/ou direção de tubulações;
• Caixa sifonada: caixa provida de desconector, destinada a receber efluentes da instalação
secundária de esgoto;
• Coletor predial: trecho de tubulação compreendido entre a última inserção de subcoletor,
ramal de esgoto ou de descarga, ou caixa de inspeção geral e o coletor público ou sistema
particular (de disposição final ou tratamento particular);
• Coletor público: tubulação da rede coletora que recebe contribuição de esgoto dos coletores
prediais em qualquer ponto ao longo do seu comprimento;
• Coluna de ventilação: tubo ventilador vertical que se prolonga através de um ou mais andares
e cuja extremidade superior é aberta à atmosfera, ou ligada a tubo ventilador primário ou a
barrilete de ventilação;
• Demanda bioquímica de oxigênio de cinco dias, a 20ºC, [DBO5,20]: quantidade de oxigênio
consumido para estabilizar bioquimicamente o material orgânico biodegradável contido no
esgoto, no teste de incubação durante cinco dias, a 20ºC;
• Desconector: dispositivo provido de fecho hídrico destinado a vedar a passagem de gases no
sentido oposto ao deslocamento do esgoto;
• Diâmetro nominal (DN): simples número que serve como designação para projeto e para
classificar, em dimensões, os elementos das tubulações, e que corresponde,
aproximadamente, ao diâmetro interno da tubulação em milímetros;
• Dispositivos de tratamento de esgoto: unidades destinadas a reter corpos sólidos e outros
poluentes contidos no esgoto sanitário com o encaminhamento do líquido depurado a um
destino final, de modo a não prejudicar o meio ambiente;
• Esgoto industrial: despejo líquido resultante dos processos industriais;
• Esgoto sanitário: despejo proveniente do uso da água para fins higiênicos (ABNT, 1999);
• Fecho hídrico: camada líquida, de nível constante, que em um desconector veda a passagem
de gases;
• Instalação primária de esgoto: conjunto de tubulações e dispositivos onde tem acesso gases
provenientes do coletor público ou dos dispositivos de tratamento;
• Instalação secundária de esgoto: conjunto de tubulações e dispositivos onde não tem acesso
gases provenientes do coletor público ou dos dispositivos de tratamento;
• Projeto “como construído” (as-built): documento cadastral composto do projeto original
modificado por alterações efetuadas durante a execução do sistema predial de esgoto
sanitário;
• Ralo seco: recipiente sem proteção hídrica, dotado de grelha na parte superior, destinado a
receber água da lavagem de piso ou chuveiro;
• Ralo sifonado: recipiente dotado de desconector com grelha na parte superior, destinado a
receber água da lavagem de piso ou chuveiro;
• Ramal de descarga: tubulação que recebe diretamente os efluentes de aparelho sanitários;
• Ramal de esgoto: tubulação primária que recebe os efluentes dos ramais de descarga
diretamente ou a partir de um desconector;
• Ramal de ventilação: tubo ventilador que interliga o desconector, ou ramal de descarga, ou
ramal de esgoto de um ou mais aparelhos sanitários a uma coluna de ventilação ou a um
tubo ventilador primário;
• Sifão: desconector destinado a receber efluentes do sistema predial de esgoto sanitário;
• Sistema predial de esgoto sanitário: conjunto de tubulações e acessórios destinados a coletar
e transportar o esgoto sanitário, garantir o encaminhamento dos gases para a atmosfera e
evitar o encaminhamento dos mesmos para os ambientes sanitários;
• Subsistema de coleta e transporte: conjunto de aparelhos sanitários, tubulações e acessórios
destinados a captar o esgoto sanitário e conduzi-lo a um destino adequado;
• Subsistema de ventilação: conjunto de tubulações ou dispositivos destinados a encaminhar
os gases para a atmosfera e evitar que os mesmos se encaminhem para os ambientes
sanitários.
• Subcoletor: tubulação que recebe efluentes de um ou mais tubos de queda ou ramais de
esgoto;
• Sumidouro: poço seco escavado no chão e não impermeabilizado, que orienta a infiltração de
água residuária no solo;
• Tanque séptico (ou fossa séptica): unidade cilíndrica ou prismática retangular de fluxo
horizontal, para tratamento de esgotos por processos de sedimentação, flotação e digestão;
• Tubo de queda: tubulação vertical que recebe efluentes de subcoletores, ramais de esgoto e
ramais de descarga;
• Tubo ventilador: tubo destinado a possibilitar o escoamento de ar da atmosfera para o
sistema de esgoto e vice-versa ou a circulação de ar no interior do mesmo, com a finalidade
de proteger o fecho hídrico dos desconectores e encaminhar os gases para a atmosfera;
• Tubo ventilador de alívio: tubo ventilador ligando o tubo de queda ou ramal de esgoto ou
ramal de descarga à coluna de ventilação;
• Tubo ventilador de circuito: tubo ventilador secundário ligado a um ramal de esgoto e
servindo a um grupo de aparelhos sem ventilação individual;
• Tubulação de esgoto primário: tubulação a qual têm acesso gases provenientes do coletor
público ou dos dispositivos de tratamento de esgoto;
• Tubulação de esgoto secundário: tubulação protegida por desconector contra o acesso de
gases das tubulações primárias;
• Tubulação de ventilação primária: prolongamento do tubo de queda acima do ramal mais alto
a ele ligado com extremidade superior aberta à atmosfera situada acima da cobertura do
prédio;
• Tubulação de ventilação secundária: conjunto de tubos e conexões com a finalidade de
promover a ventilação secundária do sistema predial de esgoto sanitário;
• Unidade de Hunter de contribuição (UHC): fator numérico que representa a contribuição
considerada em função da utilização habitual de cada tipo de aparelho sanitário;
• Vala de infiltração: sistema de disposição do efluente do tanque séptico, que orienta sua
infiltração no solo e consiste em um conjunto ordenado de caixa de distribuição, caixas de
inspeção e tubulação perfurada assente sobre camada suporte de pedra britada;
• Ventilação primária: ventilação proporcionada pelo ar que escoa pelo núcleo do tubo de
queda, o qual é prolongado até a atmosfera, constituindo a tubulação de ventilação primária;
• Ventilação secundária: ventilação proporcionada pelo ar que escoa pelo interior de colunas,
ramais ou barriletes de ventilação, constituindo a tubulação de ventilação secundária.
A ausência de coleta, tratamento e disposição final adequada de esgotos sanitários têm como
conseqüências a degradação da qualidade das águas e do meio ambiente e a transmissão de
doenças. Cabe a sociedade civil, aos governantes e aos profissionais de engenharia ações para
promover o manejo eficiente de esgotos, eliminando assim a origem de problemas e propiciando o
uso racional dos recursos hídricos.
O projeto de instalações prediais de esgoto sanitário deve ser elaborado por projetista com formação
profissional de nível superior, legalmente habilitado e qualificado.
As instalações prediais de esgoto sanitário devem ser projetadas de modo que, durante a vida útil do
edifício que as contém, atendam aos seguintes requisitos:
Além das exigências enumeradas anteriormente o sistema predial de esgoto sanitário deve ser
totalmente separado do sistema predial de águas pluviais e deve ser evitada a passagem das
tubulações de esgoto em ambientes de permanência prolongada; porém, caso isto não seja possível,
devem ser tomadas medidas para atenuar a transmissão de ruído para os referidos ambientes.
A NBR 8160 divide os sistemas prediais de esgoto sanitário em subsistema de coleta e transporte e
em subsistema de ventilação, cujos principais componentes são mostrados na Figura 3.1.
Aparelhos ligados à instalação predial e destinados ao uso de água para fins higiênicos, para receber
dejetos ou águas servidas. Os principais aparelhos sanitários são: a bacia sanitária, o bidê, o
mictório, o lavatório, a pia de cozinha, o tanque e as máquinas de lavar louça ou roupa. No projeto de
instalações de esgoto devem ser observadas as informações dos fabricantes dos aparelhos sanitários
com relação as cotas de instalação desses e de seus respectivos ramais de descarga.
3.3.1.2. Desconectores
Todos os aparelhos sanitários devem ser protegidos por desconectores, a fim de impedir a passagem
de gases para os ambientes da edificação. Esses dispositivos podem atender a um aparelho ou a um
conjunto de aparelhos de uma mesma unidade autônoma. O sifão, a caixa sifonada e o ralo sifonado
são exemplos de desconectores como ilustra a Figura 3.2. Aparelhos sanitários que possuem um
desconector como parte integrante de sua estrutura, como é o caso das bacias sanitárias, dispensam
a utilização de dispositivos externos.
De acordo com a NBR 8160 (ABNT, 1999) a altura do fecho hídrico dos desconectores deve ser de
no mínimo 50 mm, como mostra a Figura 3.3 para um sifão e a Figura 3.4 para uma caixa sifonada. O
ralo sifonado, normalmente utilizado para captação dos efluentes do chuveiro, não atende a esta
altura e por este motivo deve ter sua tubulação de saída interligada a uma caixa sifonada a fim de
impedir a passagem de gases da tubulação primária para o ambiente.
As mudanças de direção nos trechos horizontais devem ser feitas com conexões com ângulo central
igual ou inferior a 45º, e nos trechos verticais (plano vertical para plano horizontal e vice-versa) com
conexões com ângulo central igual ou inferior a 90º (ABNT, 1999). Os ramais de descarga e de
esgoto não devem ser ligados a inspeção existente em joelho ou curva (Figura 3.5) ao ramal de
descarga da bacia sanitária.
Os ramais de descarga e de esgoto devem permitir fácil acesso para desobstrução e limpeza. Desse
modo, podem ser utilizadas conexões com visita, como mostra a Figura 3.5, ou outras conexões
dotadas de plugues em uma de suas extremidades, como mostra a Figura 3.6.
Figura 3.6. Conexões utilizadas para realizar desobstrução e limpeza de ramais de descarga e esgoto
Fonte: TIGRE (2007)
Os tubos de queda tem por finalidade conduzir os efluentes sanitários (por gravidade) nos
deslocamentos verticais e devem ser instalados sempre que possível em um único alinhamento.
Quando necessário, o desvio deve ser feito com conexões formando ângulo central igual ou inferior a
90º, de preferência com curvas de raio longo ou curvas de 45º (ABNT, 1999). A Figura 3.7 apresenta
exemplos de desvios horizontais para tubos de queda.
Devem ser previstos tubos de queda especiais para pias de cozinha e máquinas de lavar louças
providos de ventilação primária, os quais devem descarregar em caixas de gordura coletiva. Para
edifícios de dois ou mais andares, caso os tubos de queda recebam efluentes contendo detergentes
que provoquem a formação de espuma, devem ser adotadas soluções a fim de evitar o retorno de
espuma para os ambientes sanitários, tais como:
• não efetuar ligações de esgoto ou de ventilação nas regiões de ocorrência de sobrepressão;
• os desvios para a horizontal devem ser executados com curvas de raio longo de 45º ou 90º;
• instalar dispositivos que evitem o retorno de espuma.
Os subcoletores e o coletor predial devem atender aos seguintes requisitos da NBR 8160:
• o traçado dos trechos, sempre que possível, deve ser retilíneo, ou quando necessário devem
ser feitos desvios com peças com ângulo igual ou inferior a 45º;
• apresentar declividade mínima nos trechos de acordo com o estabelecido no item 3.3.1.3;
• a declividade máxima a ser considerada nos trechos é de 5%;
• não devem existir quaisquer dispositivos que possam causar dificuldades ao escoamento dos
efluentes, tais como desconectores, sendo permitida a inserção de válvulas de retenção;
• as interligações de ramais de descarga, ramais de esgoto e subcoletores devem ser feitas
através de junções a 45º, quando as tubulações forem aparentes, e através de caixas de
inspeção ou poços de visita, quando forem enterradas.
receptora, as gorduras, graxas e óleos ficam depositadas na superfície do líquido, formando camadas
que devem ser removidas periodicamente. A caixa de gordura deve ser instalada em local de fácil
acesso e com boas condições de ventilação, com tampa hermética e de fácil remoção.
É proibido o uso de caixas de gordura individuais nos andares dos edificíos, devendo ser adotada
caixas de gordura coletivas no pavimento inferior dessas construções (ABNT, 1999). A Figura 3.9
mostra o projeto de uma caixa de gordura construída em alvenaria.
As caixas de inspeção podem ser utilizadas para receber efluentes fecais. As Figuras 3.11 e 3.12
ilustram, respectivamente, o projeto de uma caixa de inspeção em alvenaria e uma caixa de inspeção
em PVC.
A ventilação primária é a proporcionada pelo ar que escoa no tubo de queda, o qual é prolongado até
a atmosfera, constituindo a tubulação de ventilação primária. Caso se adote essa estratégia de
ventilação, será necessário verificar sua suficiência através do modelo apresentado no Anexo C da
NBR 8160 (ABNT, 1999).
A extremidade aberta de um tubo ventilador primário ou coluna de ventilação, deve estar situada
acima da cobertura, conforme mostra a Figura 3.15, e a não menos de 4,00 m de qualquer janela,
porta ou vão de ventilação, salvo se elevada acima de 1,00 m das vergas dos respectivos vãos. No
topo do tubo ventilador ou coluna de ventilação deve ser instalado um terminal chaminé, tê ou outro
dispositivo que impeça a entrada de água pluvial no subsistema de ventilação.
A NBR 8160 elenca uma série de outros requisitos para concepção do projeto do subsistema de
ventilação, dentre os quais citam-se alguns:
• toda coluna de ventilação deve ter diâmetro uniforme;
• o tubo ventilador e a coluna de ventilação devem ser verticais e, quando necessárias as
mudanças de direção devem ser feitas mediante curvas de ângulo central não superior a 90º;
• em prédios de um só pavimento deve existir pelo menos um tubo ventilador, ligado
diretamente a uma caixa de inspeção, devendo-se prever a ligação de todos os
desconectores a um elemento ventilado, respeitando-se as distâncias máximas indicadas na
Tabela 3.1;
• quando não for conveniente o prolongamento de cada tubo ventilador acima da cobertura,
pode ser usado um barrilete de ventilação, executado com aclive mínimo de 1%;
• as ligações dos ramais de ventilação à coluna de ventilação devem ser feitas conforme
ilustram as Figuras 3.16 a 3.18;
• bacias sanitárias instadas em bateria, devem ser ventiladas por um tubo ventilador de
circuito ligando a coluna de ventilação ao ramal de esgoto na região entre a última e a
penúltima bacias sanitárias, conforme indicado na Figura 3.19;
• quando o ramal de esgoto servir a mais de três bacias sanitárias e houver aparelhos em
andares superiores descarregando no tubo de queda, é necessária a instalação de tubo
ventilador suplementar, ligando o tubo ventilador de circuito ao ramal de esgoto na região
entre o tubo de queda e a primeira bacia sanitária (Figura 3.19).
As tubulações e componentes dos sistemas prediais de esgoto sanitário podem ser dimensionados
pelo método das unidades de Hunter de contribuição (UHC) ou pelo método hidráulico apresentado
no Anexo B da NBR 8160.
Caso existam aparelhos sanitários não relacionados na Tabela 3.2, devem ser estimadas as UHC
correspondentes através dos valores indicados na Tabela 3.3.
Tabela 3.4. Diâmetro nominal da caixa sifonada em função do número máximo de UHC
Número máximo de unidades
Diâmetro nominal da caixa sifonada (mm)
de Hunter de contribuição (UHC)
6 100
10 125
15 150
Fonte: adaptado de ABNT (1999)
6o Levantar o número de UHC para cada tubo de queda em função dos ramais de descarga e de
esgoto interligados.
b) quando o desvio formar ângulo superior a 45º com a vertical deve-se dimensionar as partes
do tubo de queda acima e abaixo do desvio de acordo com os valores da Tabela 3.6 e a parte
horizontal do desvio de acordo com os valores da Tabela 3.7 (ver Figura 3.7.b, pág. 8).
Exercício 3.1. Determinar os diâmetros dos ramais de descarga, ramais de esgoto, caixas
sifonadas, ramal de ventilação, coluna de ventilação e tubo de queda para o banheiro residencial
esquematizado a seguir. Indicar o sentido de escoamento e a inclinação dos ramais de descarga e
de esgoto. Considerar dez pavimentos tipo.
9o Determinar o diâmetro nominal dos subcoletores e do coletor predial através da Tabela 3.7.
a) Caixas de gordura
As caixas de gordura devem ser dimensionadas de acordo com os valores da Tabela 3.8 em função
do número de cozinhas atendidas pelo dispositivo. Para a coleta de mais de 12 cozinhas, ou ainda,
para cozinhas de restaurantes, escolas, hospitais, quartéis, entre outros estabelecimentos, deve ser
prevista caixa de gordura especial, de formato prismático e com base retangular, dimensionada
através da equação 3.1.
V = 2N + 20 (3.1)
Onde:
V é o volume da câmara de retenção de gordura (litros);
N é o número de pessoas servidas pelas cozinhas que contribuem para a caixa de gordura no turno
em que existe o maior afluxo.
Observação: a caixa de gordura especial deve possuir altura molhada de 60 cm e distância mínima
entre o septo e a saída de 20 cm.
Tabela 3.8. Dimensões das caixas de gordura em função do número de cozinhas atendidas
Número de Diâmetro Parte submersa Diâmetro nominal da Volume de
Tipo
cozinhas interno (cm) do septo (cm) tubulação de saída (mm) retenção (litros)
pequena 1 30 20 75 18
simples 1 ou 2 40 20 75 31
dupla 2 a 12 60 35 100 120
especial mais de 12 - 40 100 -
Fonte: ABNT (1999)
b) Caixas de inspeção
c) Poços de visita
5o Quantificar o número de UHC para cada trecho do barrilete de ventilação (caso este exista).
O número de UHC de cada trecho do barrilete de ventilação é a soma das unidades de todos os
tubos ventiladores servidos pelo trecho e o comprimento a considerar é o mais extenso da base da
coluna de ventilação mais distante da extremidade aberta do barrilete, até essa extremidade.
6o Determinar o diâmetro nominal de cada trecho do barrilete de ventilação através da Tabela 3.10.
Exercício 3.2. Projetar o sistema de esgoto sanitário do banheiro abaixo. Considerar quatro
pavimentos tipo.
E xercício 3.3. Projetar as instalações prediais de esgoto sanitário da residência unifamiliar ilustrada
abaixo. Identificar na planta baixa: as tubulações com seus respectivos diâmetros, a(s) caixa(s)
sifonada(s), a caixa de gordura e a(s) caixa(s) de inspeção. Na planta de situação esquematizar a
tubulação externa (subcoletores e coletor predial) e a ligação com o coletor público.
Exercício 3.4. Projetar o sistema de esgoto sanitário do banheiro abaixo. Cada chuveiro deverá
possuir dispositivo individual para coleta de esgoto. Considerar dez pavimentos tipo.
Exercício 3.6. Dimensionar os tubos de queda TQ1, TQ2 e TG1, as colunas de ventilação CV1 e
CV2, e a caixa de gordura do edifício residencial abaixo. Considerar declividade de 1% para os
subcoletores e para o coletor predial no sentido do coletor público. Observação: todos os pavimentos
2
possuem os mesmos aparelhos sanitários. Cada apartamento tem três quartos com 11m cada um.
Exercício 3.7. Os tubos de queda do exercício 3.6 são do edifício cuja planta de locação está abaixo
representada. Posicionar as caixas de inspeção e a caixa de gordura, e dimensionar os subcoletores
e o coletor predial que ligará o esgoto doméstico ao coletor público.
A disposição do efluente do coletor predial de um sistema de esgoto sanitário deve ser feita em rede
pública de coleta de esgoto sanitário (quando ela existir) ou em sistema particular de tratamento de
esgoto (ABNT, 1999).
O sistema particular de tratamento deve ser concebido em função das características do esgoto
gerado na edificação e de acordo com a normalização brasileira pertinente. Em residências, edifícios
residenciais, comerciais e conjuntos habitacionais, o esgoto doméstico (ou sanitário) costuma ser
tratado em tanques sépticos e a disposição final dos efluentes ocorre em sumidouros ou em valas de
infiltração. De forma geral, o sistema de tratamento é composto de:
• tratamento primário: tanque séptico;
• tratamento complementar: filtro anaeróbio, filtro aeróbio, vala de filtração, filtro de areia,
escoamento superficial, desinfecção;
• disposição final: sumidouro, vala de infiltração, corpos de água, reuso, canteiro de infiltração,
galeria de águas pluviais.
Convém ressaltar que o esgoto doméstico é formado por todos os despejos de cozinhas, lavanderias,
chuveiros, lavatórios, bidês, banheiras, mictórios e ralos de pisos internos de uma edificação. O
esgoto doméstico possui os aspectos e as características de água suja, de cor cinzenta. Essa
coloração pode se alterar de cinza claro para escuro à medida que ocorre a fermentação anaeróbia,
com a redução do oxigênio dissolvido e exalação de mau cheiro devido à formação de gases
(MACINTYRE, 1996; SANEPAR, 2000).
Percebe-se portanto, que sem oxigênio não há condição para a estabilização da matéria orgânica
existente no esgoto. Essa avidez de oxigênio para atender o metabolismo das bactérias e a
transformação da matéria orgânica chama-se Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO). A DBO é,
assim, um índice de concentração de matéria orgânica presente na água e, por conseqüência, um
indicativo dos seus efeitos na poluição (MACINTYRE, 1996).
Quanto maior a poluição da água por esgoto sanitário, maior a quantidade de matéria orgânica
presente e maior será a demanda de oxigênio para estabilizar essa matéria orgânica. À medida que
ocorre a estabilização da matéria orgânica, diminui a DBO. Sua determinação se realiza medindo-se
a quantidade de oxigênio consumida em uma amostra de água a 20ºC, durante 5 dias, que
simbolicamente se representa por DBO5,20.
Nos esgotos domésticos, a DBO5,20 varia de 100 a 300 mg/litro e, quando o tratamento é eficiente, a
redução pode situar a DBO5,20 entre 20 e 30 mg/litro. A eficiência do tratamento é a relação expressa
entre a redução de parâmetros característicos de esgoto, tais como os sólidos em suspensão e a
DBO, após o tratamento, e os valores dessas mesmas grandezas para o esgoto bruto, isto é, não
tratado (MACINTYRE, 1996).
O tanque séptico (ou fossa séptica) é uma unidade de tratamento de esgoto doméstico, construída
em alvenaria (ou outro material estanque), que detêm os despejos por um período de tempo
estabelecido, permitindo a decantação dos sólidos, retenção de material graxo (ácidos encontrados
na gordura animal e vegetal, sabões, detergentes, xampus), promovendo a transformação bioquímica
em substâncias e compostos mais simples e estáveis (ANDRADE FILHO, 2003; MACINTYRE, 1996).
Todos os despejos do esgoto doméstico são encaminhados para o tanque séptico através do coletor
predial. No interior do tanque, esses despejos deslocam-se horizontalmente e com pequena
velocidade, nele permanecendo por um período de tempo que pode variar de 12 a 24 horas,
dependendo da contribuição diária de esgoto (ABNT, 1993; SANEPAR, 2000).
A pequena velocidade de escoamento do esgoto permite que os sólidos mais pesados dirijam-se ao
fundo do tanque para formar o lodo, e que os menos pesados subam para flutuar na massa líquida,
constituindo a escuma. O lodo acumulado no fundo sofre ação das bactérias anaeróbias, isto é, sofre
digestão anaeróbia e se transforma em substâncias sólidas parcialmente mineralizadas, que se
liquefazem e formam gases. Por fim, o lodo digerido fica com seu volume bastante reduzido e o
líquido, parcialmente clarificado, pode ser conduzido para a sua disposição final (SANEPAR, 2000). A
Figura 3.20 ilustra o processo descrito anteriormente.
De acordo com Macintyre (1996) a eficiência do tratamento do tanque séptico é baixa e por este
motivo o seu efluente deve receber uma destinação final adequada de modo que não possa ocorrer
contaminação de fontes de água e de plantações de alimentos. O autor elenca a eficiência do
tratamento para os seguintes parâmetros de controle:
• redução da DBO: 30 a 60%;
• redução de coliformes: 40 a 60%;
• remoção de sólidos em suspensão: 50 a 70%;
• remoção de graxas e gorduras: 70 a 90%.
O uso do sistema de tanque séptico somente é indicado em área desprovida de rede pública de
coleta ou para retenção prévia dos sólidos sedimentáveis quando a rede existente não tem diâmetro
e/ou declividade suficiente para o transporte dessas partículas. É proibido o encaminhamento de
águas pluviais ao tanque séptico, assim como de vazões afluentes que possam causar interferência
negativa no processo de tratamento (ABNT, 1993).
Os tanques sépticos devem ser localizados, preferencialmente, na frente das edificações para facilitar
a limpeza e futura ligação ao coletor público. Além disso, deve-se observar as seguintes distâncias
horizontais mínimas:
• 1,50 m de construções, limites do lote, sumidouro, vala de infiltração e ramal predial de água;
• 3,00 m de árvores e de qualquer ponto da rede pública de abastecimento de água;
• 15,00 m de poços freáticos e de corpos de água de qualquer natureza.
Azevedo Netto e Oliveira Melo (1988) apontam como vantagens para o tanque séptico de câmara
única o menor custo de construção e a viabilidade de industrialização, e para os tanques sépticos
compartimentados, a maior proteção contra o arrastamento de sólidos suspensos para o efluente,
melhorando, dessa forma, a remoção de sólidos em suspensão.
Tabela 3.11. Profundidade útil mínima e máxima, por faixa de volume útil
Volume útil (m³) Profundidade útil mínima (m) Profundidade útil máxima (m)
Até 6,0 1,20 2,20
De 6,0 a 10,0 1,50 2,50
Acima de 10,0 1,80 2,80
Fonte: ABNT (1993)
Além das dimensões mencionadas, todo tanque deve ter pelo menos uma abertura de inspeção com
a menor dimensão igual ou superior a 60 cm, para permitir a remoção do lodo e da escuma
acumulados, e também para a desobstrução dos dispositivos internos. A menor dimensão das demais
aberturas deve ser igual ou superior a 20 cm. As aberturas devem possuir tampa, estar posicionadas
de modo que permitam acesso direto aos dispositivos de entrada e saída de esgoto e possuir um raio
máximo de abrangência na horizontal de 1,50 m (ABNT, 1993).
Os tanques prismáticos com câmaras em série devem comunicar-se mediante aberturas com área
equivalente a 5% da seção vertical útil do tanque, no plano de separação entre elas. A distância
vertical mínima da extremidade inferior da abertura à soleira do tanque séptico deve ser igual a
metade da altura útil para tanques dimensionados para limpeza em intervalos de até 3 anos, e dois
terços da altura útil para tanques dimensionados para limpeza em intervalos acima de 3 anos (ABNT,
1993).
Figura 3.22. Esquema de um tanque séptico retangular com duas câmaras em série
Fonte: adaptado de ABNT (1993)
O dimensionamento do tanque séptico consiste em determinar o seu volume útil e a partir deste,
atribuir dimensões compatíveis à(s) sua(s) câmara(s) de acordo com os requisitos previstos na
NBR.7229 (1993). O volume útil é o espaço interno mínimo necessário ao correto funcionamento do
tanque, correspondente à somatória dos volumes destinados à digestão, decantação e
armazenamento de escuma, calculado através da equação 3.2.
V = 1000 + N ( CT + K Lf ) (3.2)
Onde:
V é o volume útil (litros);
N é o número de pessoas ou unidades de contribuição;
Observação 1: no caso de tanque séptico com duas câmaras em série, o volume útil é calculado
como se fosse um tanque séptico de câmara única, acrescido de 30%.
Tabela 3.12. Contribuição diária de esgoto (C) e de lodo fresco (Lf) por tipo de prédio e ocupante
Contribuição de Lodo fresco
Prédio Unidade esgotos (C) - (Lf) -
(litros/dia) (litros/dia)
1. Ocupantes permanentes
Residência - padrão alto pessoa 160 1
Residência - padrão médio pessoa 130 1
Residência - padrão baixo pessoa 100 1
Hotel (exceto cozinha e lavanderia) pessoa 100 1
Alojamento provisório pessoa 80 1
2. Ocupantes temporários
Fábrica em geral pessoa 70 0,3
Escritório pessoa 50 0,2
Edifícios públicos ou comerciais pessoa 50 0,2
Escolas e locais de longa permanência pessoa 50 0,2
Bares pessoa 6 0,1
Restaurantes e similares refeição 25 0,1
Cinemas, teatros e locais de curta permanência lugar 2 0,02
Sanitários públicos b.sanit. 480 4,0
Fonte: ABNT (1993)
Tabela 3.13. Período de detenção dos despejos, por faixa de contribuição diária
Período de retenção
Contribuição diária (litros)
Dias Horas
Até 1500 1,00 24
De 1501 a 3000 0,92 22
De 3001 a 4500 0,83 20
De 4501 a 6000 0,75 18
De 6001 a 7500 0,67 16
De 7501 a 9000 0,58 14
Acima de 9000 0,50 12
Fonte: ABNT (1993)
Tabela 3.14. Taxa de acumulação total de lodo (K), em dias, por intervalo entre limpezas
Intervalo entre Valores de K por faixa de temperatura ambiente (t), em ºC
limpezas (anos) t ≤ 10 10 ≤ t ≤ 20 t > 20
1 94 65 57
2 134 105 97
3 174 145 137
4 214 185 177
5 254 225 217
Fonte: ABNT (1993)
Exercício 3.8. Dimensionar um tanque séptico de câmara única para um restaurante localizado em
Florianópolis, que serve 100 refeições por dia, prevendo uma limpeza do tanque a cada 3 anos.
N = 100 refeições
C = 25 L/refeição/dia
N.C = 2500 L/dia
b
a
1,20 a 2,20
V= a . b . h = a . b . 1,20 = 4,75
a . b = 3,96
V= a . b . h = a . b . 2,20 = 4,75
a . b = 2,15
Exercício 3.9. Dimensionar um tanque séptico com duas câmaras em série para uma fábrica
localizada em Cuiabá, que possui 280 empregados, prevendo uma limpeza do tanque anual.
O filtro anaeróbio consiste em um reator biológico com esgoto em fluxo ascendente, composto de
uma câmara inferior vazia e uma câmara superior preenchida de meio filtrante submerso, onde atuam
microorganismos facultativos e anaeróbios, responsáveis pela estabilização da matéria orgânica
(ABNT, 1997). A Figura 3.23 ilustra um exemplo de filtro anaeróbio.
Um exemplo de sistema de tratamento de esgoto de alta eficiência pode ser visto no TCC de
Gladson Hoffmann da Silva, disponível no link
http://www.labeee.ufsc.br/antigo/publicacoes/trabalhos_conclusao.php
A seguir são apresentados alguns requisitos estabelecidos pela NBR 13969 (ABNT, 1997) para o
projeto de filtros anaeróbios.
A altura total do leito filtrante (h) corresponde à altura do fundo falso (câmara inferior) somada a altura
do meio filtrante (câmara superior) e, deve ser limitada a 1,20 m. O fundo falso deve possuir, no
máximo, 0,60 m de altura, já incluída a espessura da laje. Quando não for possível construir o fundo
falso, todo o volume do leito deverá ser preenchido por meio filtrante. Neste caso, o esgoto afluente
deve ser introduzido e distribuído em todo o fundo do filtro através de tubos perfurados.
A carga hidrostática mínima no filtro deve ser de 1 kPa (0,10 mca); portanto, o nível da saída do
efluente do filtro deve estar 0,10 m abaixo do nível de saída do tanque séptico.
A distribuição de esgoto afluente no fundo do filtro anaeróbio dever ser feita de acordo com uma das
seguintes opções:
a) tubos verticais com bocais inferiores perfurados, instalados a 0,30 m do plano de fundo do
filtro (neste caso a área de fundo abrangida por cada bocal deve ser inferior a 3,00 m²);
b) tubos perfurados (de PVC ou de concreto), instalados sobre o fundo inclinado do filtro, com
inclinação igual a 1% no sentido do poço de drenagem.
Os furos na laje do fundo falso devem possuir diâmetro de 2,5 cm. O espaçamento entre furos deve
ser definido de modo que o somatório das áreas individuais correspondam, no mínimo, a 5% da área
total do fundo falso. Caso sejam utilizados tubos perfurados, o diâmetro dos furos deve ser igual a
1.cm. A coleta de efluentes do filtro anaeróbio pode ser feita através de canaletas (tipo calha) ou por
meio de tubos perfurados devidamente fixados e em altura pré-estabelecida.
Os filtros anaeróbios devem ser limpos quando ocorrer a obstrução do leito filtrante. Assim, todos os
filtros devem possuir um dispositivo que permita a drenagem, conforme os casos a seguir:
a) filtros com fundo falso: tubo guia com diâmetro de 150 mm, para cada 3,00 m² de fundo;
b) filtros com distribuição de esgoto com tubos perfurados: canaleta receptora com poço de
drenagem e tampa removível.
O filtro anaeróbio pode ser construído em concreto armado, plástico de alta resistência ou em fibra de
vidro de alta resistência, de modo a não permitir a infiltração de água externa à zona reatora do filtro
o o
e vice-versa. São recomendados os seguintes materiais para o meio filtrante: pedra brita n 4 ou n 5,
peças de plástico (em anéis ou estruturados) ou outros materiais resistentes ao meio agressivo.
O volume útil do leito filtrante do filtro anaeróbio é obtido através da equação 3.3.
Vu = 1,6 x N x C x T (3.3)
Onde:
Vu é o volume útil do leito filtrante (litros);
N é o número de pessoas ou unidades de contribuição;
C é a contribuição de esgotos (litros/dia x unidade de contribuição), ver Tabela 3.12;
T é o tempo de detenção hidráulica (dias), ver Tabela 3.15;
Observação: o volume útil mínimo do leito filtrante deve ser de 1000 litros.
Tabela 3.15. Tempo de detenção hidráulica de esgotos (T), em dias, por faixa de vazão
Temperatura média do mês mais frio
Vazão (litros/dia)
Abaixo de 15ºC Entre 15ºC e 25ºC Acima de 25ºC
Até 1500 1,17 1,00 0,92
De 1501 a 3000 1,08 0,92 0,83
De 3001 a 4500 1,00 0,83 0,75
De 4501 a 6000 0,92 0,75 0,67
De 6001 a 7500 0,83 0,67 0,58
De 7501 a 9000 0,75 0,58 0,50
Acima de 9000 0,75 0,50 0,50
Fonte: ABNT (1997)
Exercício 3.10. Dimensionar um filtro anaeróbio para o restaurante do exercício 3.8, sabendo que a
temperatura média do mês mais frio do ano, para a cidade de Florianópolis, é de 13,0ºC.
D = 2,5m
Exercício 3.11. Dimensionar um filtro anaeróbio para a fábrica do exercício 3.9, sabendo que a
temperatura média do mês mais frio do ano, para a cidade de Cuiabá, é de 24,5ºC.
A seguir são apresentados alguns requisitos estabelecidos pela NBR 13969 (ABNT, 1997) para o
projeto de valas de filtração.
A vala de filtração se diferencia da vala de infiltração, porque suas paredes podem ser
impermeabilizadas. É necessário, ainda, que seu funcionamento seja intermitente; desse modo, os
intervalos de aplicação do efluente do tanque séptico na tubulação de distribuição devem ser iguais
ou superiores a 6 horas.
Para a aplicação intermitente de esgoto, recomenda-se o uso de uma caixa de reservação com
emprego de uma pequena bomba de recalque ou dosador. O volume da caixa deve ser dimensionado
de modo a permitir, no máximo, uma aplicação do efluente a cada 6 horas. A impermeabilização das
paredes laterais e do fundo da vala de filtração pode ser realizada com manta de PVC de modo a não
contaminar o lençol freático.
Para manutenção da condição aeróbia na vala de filtração e desobstrução dos poros do meio filtrante
devem ser previstos tubos de exaustão nas linhas de tubulação e uso alternado das valas. Assim, o
número mínimo de valas deve ser dois, cada um correspondendo a 100% da capacidade total
necessária. As valas devem ser alternadas a cada três meses no máximo.
A vala de filtração deve ser dimensionada considerando o mesmo volume de contribuição adotado
para o cálculo do tanque séptico, cujo valor é obtido através da equação 3.4.
Vc = N x C (3.4)
Onde:
Vc é o volume de contribuição diário (litros/dia);
N é o número de pessoas ou unidades de contribuição;
C é a contribuição de esgotos (litros/dia x unidade de contribuição), ver Tabela 3.12.
b) Área de filtração
Vc
Av = (3.5)
Km
Onde:
Av é a área de filtração da vala (m²);
Vc é o volume de contribuição diário (litros/dia);
Km é a taxa máxima de aplicação diária (litros/m² x dia).
Observação: a taxa de aplicação adotada não deve ser superior a 100 litros/m² x dia (ABNT, 1997).
Área = 1,6 m2
É um sistema de disposição final do efluente do tanque séptico, que orienta sua infiltração no solo,
através de um conjunto de tubulações assentado a uma determinada profundidade. Como utiliza o
solo como meio filtrante, seu desempenho depende do grau de saturação por água e de
características do solo do local onde será implantado o sistema (ABNT, 1997). A Figura 3.26 mostra
valas de infiltração em planta e, também, em corte.
A instalação de valas de infiltração deve ser precedida de avaliação técnica, de modo a não haver
contaminação do aqüífero utilizado na região. Para tanto, o número máximo de sistemas tanque
séptico / vala de infiltração deve ser limitado a 10 unidades (ABNT, 1997).
A seguir são apresentados alguns requisitos estabelecidos pela NBR 13969 (ABNT, 1997) para o
projeto de valas de infiltração.
Deve ser mantida uma distância mínima vertical de 1,50 m entre o fundo da vala de infiltração e o
nível do lençol freático. Caso exista poço para captação de água, as valas de infiltração deverão
manter uma distância horizontal de modo a permitir tempo de percurso do fluxo de água de três dias
até atingir o poço.
Para manutenção da condição aeróbia no interior da vala de infiltração devem ser previstos tubos de
exaustão nas linhas de tubulação (Figura 3.26) e uso alternado das valas. Assim, o número mínimo
de valas deve ser dois, cada um correspondendo a 100% da capacidade total necessária. É permitido
optar por três valas, cada uma com 50% da capacidade total. As valas devem ser alternadas a cada
seis meses no máximo.
Em local de alto índice pluviométrico deve ser evitado o ingresso de água pluvial nas valas de
infiltração para não causar o desprendimento dos agentes patogênicos retidos, sendo necessário
prever uma cobertura com material impermeável sobre a camada de pedra britada antes do aterro.
Deve-se prever, também, sistema de drenagem da água pluvial em torno do campo de infiltração.
A vala de infiltração deve ser dimensionada considerando o mesmo volume de contribuição adotado
para o cálculo do tanque séptico, cujo valor é obtido através da equação 3.6.
Vc = N x C (3.6)
Onde:
Vc é o volume de contribuição diário (litros/dia);
N é o número de pessoas ou unidades de contribuição;
C é a contribuição de esgotos (litros/dia x unidade de contribuição), ver Tabela 3.12.
Vc
Cv = (3.7)
Km x Cs
Onde:
Cv é o comprimento da vala de infiltração (m);
Vc é o volume de contribuição diário (litros/dia);
Km é a taxa máxima de aplicação diária (litros/m² x dia);
Cs é o comprimento da seção de infiltração, obtido conforme mostra a Figura 3.27b (m).
características correspondentes;
• a distância, em planta, dos eixos centrais das valas de infiltração paralelas não deve ser
inferior a 2 m.
Exercício 3.13. Dimensionar valas de infiltração para o restaurante do exercício 3.8. No teste para
estimar a capacidade de percolação do solo foram atendidas todas as exigências da ABNT. A última
leitura de rebaixamento do nível d'água foi igual nos três furos (10mm). O intervalo de tempo entre
leituras foi 10 minutos.
3.5.5. Sumidouro
O sumidouro funciona de maneira contrária ao poço de água. Recebe o esgoto líquido no seu interior
e através de suas paredes permite a infiltração no terreno, onde a maior parte das bactérias são
retidas e eliminadas. Para a construção do poço, pode ser utilizada alvenaria de tijolos ou anéis de
concreto, com juntas livres ou furos vazados, que permitam a infiltração do efluente do tanque séptico
no solo com facilidade (SANEPAR, 2000). A Figura 3.28 ilustra um sumidouro projetado com anéis de
concreto.
O sumidouro deve ser dimensionado considerando o mesmo volume de contribuição adotado para o
cálculo do tanque séptico, cujo valor é obtido através da equação 3.6, apresentada no item 3.5.4.3.
No item 3.5.6 é apresentado um procedimento para estimar a taxa de percolação do solo (Kp).
Depois de realizado o ensaio e obtido o coeficiente Kp, deve-se buscar junto à Tabela 3.16,
apresentada no item 3.5.4.3, a taxa máxima de aplicação diária (Km) para prosseguir o cálculo.
c) Altura útil
A altura útil do sumidouro deve ser determinada de modo a manter distância vertical mínima de
1,50.m entre o fundo do poço e o nível máximo do aqüífero. O valor a ser considerado, é a diferença
entre a cota da geratriz inferior do tubo de entrada de esgoto no sumidouro e a cota no nível de fundo
do poço. Caso haja necessidade de reduzir a altura útil devido à proximidade do aqüífero, pode-se
reduzir tanto o diâmetro quanto a altura do sumidouro, aumentando, porém, o número unidades a fim
de atender a área de infiltração necessária, como mostra a Figura 3.30.
Vc
A= (3.8)
Km
Onde:
A é a área de infiltração do sumidouro (m²);
Vc é o volume de contribuição diário (litros/dia);
Km é a taxa máxima de aplicação diária (litros/m² x dia).
E xercício 3.14. Dimensionar um sumidouro para o restaurante do exercício 3.8. No teste para
estimar a capacidade de percolação do solo foram atendidas todas as exigências da ABNT. O furo foi
de 5 metros e não houve variação do tipo de solo. A última leitura de rebaixamento do nível d'água
foi igual a 10mm. O intervalo de tempo entre leituras foi 10 minutos.
kp = 10 / 0,01=1000min/min
A = Vc/Km= 2500/47=53 m2
600 = 53 A= (3,14 . 2 . 2) + (2 . 3,14 . 2 . 4) = 62,8 m2
1000 = x
1200 = 37
x = 47 4m
A= (3,14 . 1) + (2 . 3,14 . 1 . 4)
A= 28,26 m2
A= (3,14 . 1,5 . 1,5) + (2 . 3,14 . 1,5 . 4)
A= 44,7 m2
O ensaio para estimar a capacidade de percolação, preconizado no Anexo A da NBR 13969 (1997),
deve ser feito cuidadosamente, tendo em mente que o modo de execução pode resultar em valores
bastante distintos para um mesmo tipo de solo. Previamente à realização do ensaio é necessário
realizar a saturação do solo conforme será indicado no procedimento. Deve-se conhecer também, o
nível máximo do aqüífero na área prevista para locação das valas de infiltração ou do sumidouro.
f) exceto para solo arenoso, o ensaio para estimar a capacidade de percolação não deve ser
feito depois de 30 horas após o início da etapa de saturação do solo;
O sumidouro é uma unidade de infiltração vertical, que atravessa freqüentemente algumas camadas
de solos com características distintas. Neste caso, o ensaio para estimar a capacidade de infiltração
do solo deve ser feito por camada (desde que estas camadas sejam consideradas áreas de infiltração
no sumidouro, ou seja, abaixo da tubulação de entrada do esgoto).
Os procedimentos para a realização do ensaio são idênticos aos elencados para a vala de infiltração,
conforme descritos a seguir:
a) a cota do fundo do buraco para ensaio deve ser aproximadamente igual a do fundo do
sumidouro;
b) quando o ensaio for realizado para diversas camadas, seu resultado é obtido através da
equação 3.9.
Kp =
∑ (K x H )
i i
(3.9)
∑ (H ) i
Onde:
Kp é a taxa de percolação do solo para o sumidouro (min/m);
Ki é a taxa de percolação para cada camada de solo (min/m);
Hi é a altura de cada camada de solo (m).
Exercício 3.15. Um hotel contratou um engenheiro para elaborar o projeto de disposição final de
efluentes sanitários, após ter sido notificado pela prefeitura por estar lançando os despejos em um
fundo de vale. Em um primeiro momento, não se descartou a hipótese de executar valas de
infiltração ou sumidouro. Para a determinação da taxa de percolação prevendo a execução de valas
de infiltração, fez-se 3 furos no terreno com 1,50 m de profundidade, e para a execução de
sumidouros, fez-se 1 furo com profundidade total de 8,00 m. Os resultados das leituras de
rebaixamento (realizadas a cada 30 minutos) são disponibilizados abaixo. Determinar a taxa de
percolação (Kp) para dimensionamento das valas de infiltração e para o sumidouro.
Exercício 3.17. Dimensionar um tanque séptico e um sumidouro para a residência do exercício 3.3,
considerando 2 pessoas por dormitório, residência de padrão médio, período de detenção de
24.horas, intervalo entre limpezas de 3 anos, nível máximo do lençol freático igual a 3,50 m da
superfície do terreno e taxa de percolação do solo de 600 min/m. A cidade onde será construída a
edificação localiza-se no planalto serrano catarinense e possui clima com temperaturas médias
mensais conforme o gráfico abaixo. Locar as unidades de tratamento e disposição final na planta de
situação, definindo as cotas de amarração.
30
27,2
26,4 25,7
25 22,8
21,3 22,5
Temperatura média (ºC)
19,2 20,2
18,9
20
16,3
15 12,2
11,0
10
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mês
Exercício 3.18. Dimensionar valas de infiltração para o exercício 3.3. Considerar alternância de uso
total e a seção abaixo esquematizada (seção do material filtrante 40 x 40 cm). Locar o tanque
séptico, a caixa de distribuição, as caixas de inspeção e as valas na planta de situação.
Todas as pranchas devem possuir legenda e selo. No selo devem estar identificados a obra e seu
endereço de localização, o nome do proprietário, o nome, a formação e o número de registro junto ao
CREA do responsável técnico, o conteúdo da prancha e a escala dos desenhos. O espaço acima do
selo deve ser reservado para carimbos de aprovação pelos órgãos competentes.
Planta
Corte AB
Corte CD
Referências
ABNT. NBR 7229: Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos. Rio de
Janeiro,.1993.
ABNT. NBR 8160: Instalação predial de esgoto sanitário - Procedimento. Rio de Janeiro, 1983.
ABNT. NBR 8160: Sistemas prediais de esgoto sanitário - Projeto e execução. Rio de Janeiro, 1999.
ABNT. NBR 13969: Tanques sépticos - Unidades de tratamento complementar e disposição final dos
efluentes líquidos - Projeto, construção e operação. Rio de Janeiro, 1997.
ANDRADE FILHO, A.G. Apostila de tratamento de águas residuárias. Universidade Estadual de
Ponta Grossa. Ponta Grossa, 2003.
AZEVEDO NETTO, J.M.; OLIVEIRA MELO, V. DE. Instalações prediais hidráulico-sanitárias.
1ª.ed. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1988.
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Brasília, 2004.
MACINTYRE, A.J. Instalações hidráulicas prediais e industriais. 3ª ed. Rio de Janeiro: Editora
LTC, 1996.
SANEPAR. Companhia de Saneamento do Paraná. Folheto explicativo sobre disposição final de
esgoto doméstico. Curitiba, 2000.
SILVA, G.H. Sistema de alta eficiência para tratamento de esgoto residencial - Estudo de caso
na Lagoa da Conceição. 2004. 88p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia
Civil) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.
TIGRE. Catálogo eletrônico de produtos. Disponível em: <http://www.tigre.com.br>. Acesso em:
janeiro de 2007.