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INTERPRETAÇÃO DE TESTES

DE VAZÃO EM POÇOS

TUBULARES PROFUNDOS,

DIMENSIONAMENTO E

ESPECIFICAÇÕES DE BOMBAS

SUBMERSAS

Hélio Nóbile Diniz

Walter Jorge Michaluate


ÍNDICE
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 1

CAPÍTULO I. HIDRÁULICA DE POÇOS ................................... 2

1. CONCEITOS GERAIS..................................................................... 2

1.1. Aqüíferos, Aquicludes, Aquitardes e Aquifugos ......................... 2

1.1.1. Aqüíferos confinados, Livres e Semi-livres ............................ 2

1.1.2. Superfície Potenciométrica ................................................... 3

2. CARACTERÍSTICAS DOS AQÜÍFEROS ......................................... 3

2.1. O Fluxo em Meios Porosos: a Lei de Darcy ................................ 5

2.2. Fluxo em Estado de Equilíbrio e Fluxo Transitório .................... 6

2.3. Transmissividade e Coeficiente de Armazenamento ................... 6

2.4. Características dos Aqüíferos em Meios Fissurados ................... 7

3. HIDRODINÂMICA DOS AQÜÍFEROS ............................................ 8

3.1. Parâmetros Hidrodinâmicos dos Aqüíferos ................................ 8

3.2. Testes com Vazão Constante. Conceitos e Limitações ................. 8

3.3. Tipos de Aqüíferos .................................................................. 11

3.4. Testes Escalonados. Obtenção da Função do Poço .................... 13

3.5. Rebaixamento do Nível D’água em um Poço Inteiramente


Penetrante em um Aqüífero Confinado (ou Livre) ...................... 16

3.6. Método Logarítmico de Jacob ................................................. 19

3.7. Método da Superposição de Theis ............................................ 23

4. UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES EM HIDROGEOLOGIA .............. 26

4.1. Análise estatística de dados hidrogeológicos ............................ 26

4.2. Aquisição de base de dados através de planilhas eletrônicas:


parâmetros considerados ........................................................... 26

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4.3. A planilha eletrônica do EXCEL 97 da MICROSOFT. Utilização
e exemplos ................................................................................. 30

4.4. Utilização de Planilhas Eletrônicas para Armazenamento Digital


dos Dados .................................................................................. 32

4.5. Utilização do Software Gráfico ORIGIN 5.0 para Representação


e Interpretação dos Dados dos Testes de Vazão .......................... 34

4.5.1. Passos para obtenção de curvas e cálculo dos parâmetros


hidrodinâmicos .................................................................. 35

4.5.2. Valores da Função de Theis para aqüíferos livres ou


confinados ......................................................................... 37

5. A FUNÇÃO DE HANTUSH PARA CÁLCULO DOS PARÂMETROS


HIDRODINÂMICOS DOS AQÜÍFEROS SEMI-CONFINADOS ...... 41

5.1. Exemplo de Aplicação – Poço Perfurado em Aqüífero Semi-


confinado sem Armazenamento Importante no Aquitarde ........... 46

5.2. Rebaixamento do Nível D’água em Poços Perfurados em


Aqüíferos Semi-confinados com Armazenamento Importante no
Aquitarde .................................................................................. 49

5.3. Exemplo de Aplicação – Poço Perfurado em Aqüífero Semi-


confinado com Armazenamento Importante no Aquitarde ........... 51

5.4. Rebaixamento do Nível D’água em Poços Perfurados em


Aqüíferos Semi-livres ................................................................ 54

5.5. Exemplo de Aplicação – Poço Perfurado em Aqüífero Semi-


livre .......................................................................................... 59

5.6. Rebaixamento do Nível D’água em Poços Perfurados em


Aqüíferos Fissurados ................................................................. 59

5.7. Exemplo de Aplicação – Poço Perfurado em Aqüífero


Fissurado .................................................................................. 60

CAPÍTULO II. DIMENSIONAMENTO E ESPECIFICAÇÕES DE


BOMBAS SUBMERSAS ......................................................... 64

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6. USO DOS PARÂMETROS HIDRODINÂMICOS PARA DIMENSIO-
NAMENTO DOS EQUIPAMENTOS DE BOMBEAMENTO ............ 64

7. ESPECIFICAÇÃO DE CONJUNTO MOTO-BOMBA SUBMERSO .. 67

7.1. Curva Característica do Sistema ............................................. 67

7.1.1. Importância da Curva do Sistema ........................................ 67

7.1.2. Especificações de Compra .................................................. 68

7.1.3. Características do Sistema .................................................. 68

7.2. Definições ............................................................................... 71

7.2.1. Diâmetro do Equipamento para Instalação no Poço................ 73

7.2.2. Submergência Mínima Abaixo do Nível Dinâmico ................. 73

7.3. Exemplo de uma Específicação para Aquisição de Conjunto


Moto-Bomba Submerso .............................................................. 74

7.3.1. Seleção de Propostas dos Conjuntos Moto-bombas Submersos 76

8. CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DO CONJUNTO MOTO-BOMBA


SUBMERSO ................................................................................. 82

8.1. Inspeção, Ensaios e Testes Testemunhados .............................. 85

8.2. Informações Técnicas a Serem Fornecidas ............................... 87

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................. 89

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem o objetivo de divulgar técnicas sobre a realização e


interpretação de testes de vazão em poços tubulares profundos.
O teste de vazão é uma ferramenta usada para conhecer o
comportamento hidráulico dos poços tubulares profundos e sua interpretação
adequada possibilita o cálculo preciso do equipamento para extração de água
dos poços e a determinação dos parâmetros hidrodinâmicos dos aqüíferos.
Os conceitos apresentados neste manual são produtos de uma ampla
consulta e revisão bibliográfica realizada pelos autores, nas bibliotecas do
Instituto Geológico da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo,
Instituto Astronômico e Geofísico, Instituto de Geociências e Faculdade de
Engenharia Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Os métodos empregados e a utilização de softwares são produtos de
uma experiência de mais de 20 anos do Pesquisador Científico Hélio Nóbile
Diniz, na realização e interpretação dos testes de vazão realizados em poços
tubulares profundos, resultando em importantes dicas para os profissionais
menos experientes.
No dimensionamento dos conjuntos moto-bombas submersos o Eng o
Walter Jorge Michaluate fornece os parâmetros que utiliza há mais de 20 anos
na aquisição e instalação desses equipamentos para a SABESP, em uma
grande variedade de tipos de poços tubulares, alguns com profundidade de
poucas dezenas de metros e outros com centenas de metros, uns com vazões
de poucos m 3 /h outros com centenas de m 3 /h e, construídos em formações
geológicas cujas águas extraídas variam de temperatura entre 20 e 70 o C.

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CAPÍTULO I. HIDRÁULICA DE POÇOS

1. CONCEITOS GERAIS

1.1. Aqüíferos, Aquicludes, Aquitardes e Aquifugos

Um aqüífero é definido como sendo uma unidade geológica permeável


e saturada que pode transmitir quantidades significativas de água sob
gradientes hidráulicos ordinários, de forma a suprir diversos poços.
Uma camada confinante é uma unidade geológica que possui baixa ou
pequena permeabilidade (inferior a 10 - 2 darcy). As camadas confinantes
podem ser subdivididas em aquitardes, aquicludes e aquifugos.
Um aquitarde é uma camada de baixa permeabilidade dentro de uma
seqüência estratigráfica onde existem camadas mais permeáveis e que pode
armazenar água subterrânea em quantidade e transmitir, por gravidade, para
uma camada aqüífera subjacente.
Um aquiclude é definido como uma unidade geológica saturada incapaz
de transmitir água em quantidades significantes sob gradientes hidráulicos
ordinários.
Um aquifugo é uma camada ou formação geológica, absolutamente
impermeável.
Alguns autores usam para o aquiclude o termo camada confinante e,
para o aquitarde, o termo camada semi-confinante ou camada gotejante.

1.1.1. Aqüíferos confinados, Livres e Semi-livres

Um aqüífero confinado é um aqüífero que está confinado entre dois


aquicludes. Se o nível d’água de um poço perfurado neste aqüífero está acima
do topo do aqüífero, o poço é chamado de artesiano e o aqüífero possui
condições artesianas. Se o nível d’água atinge a superfície do terreno, o poço
é conhecido como poço com fluxo artesiano e o aqüífero existe sob
condições de fluxo artesiano. Normalmente esta é uma condição topográfica,
litológica e estratigráfica.
Um aqüífero livre é aquele em que o nível d’água é o seu limite
superior.

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Um aqüífero semi-confinado é aquele em que a camada confinante


superior é formada por um aquitarde.
Uma camada aqüífera subjacente a outra, menos permeável e que possua
o nível d’água, forma um aqüífero semi-livre.

1.1.2. Superfície Potenciométrica

Superfície potenciométrica é o lugar geométrico dos pontos que


determinam a altura do nível d'água de um aqüífero, determinada em relação a
um datum estabelecido (geralmente o nível do mar).
O conceito de superfície potenciométrica somente é válido para fluxo
horizontal em aqüíferos confinados e onde a condutividade hidráulica da
camada aqüífera é bem maior que a das camadas confinantes.
A interpolação dos valores das elevações dos níveis d’água tomados em
poços forma um mapa potenciométrico com indicações da direção do fluxo
do aqüífero.
Os mapas hidrogeológicos contendo superfície obtidas com dados de
nível d’água não podem ser considerados como mapas potenciométricos, mas
como mapas de superfície do aqüífero freático.

2. CARACTERÍSTICAS DOS AQÜÍFEROS

As aberturas e os poros existentes nas formações geológicas que


constituem aqüíferos possuem função de armazenamento e de condução da
água subterrânea, que flui das áreas de recarga em direção às de descarga.
As características de armazenamento estão diretamente relacionadas
com a Porosidade e o Armazenamento Específico.
A Porosidade é definida como sendo o volume de vazios dividido pelo
volume total (DAVIS & DeWIEST, 1966). A Porosidade eficaz é definida
como sendo o número de poros interconectados dividido pelo volume total da
rocha.
Exemplos:
Arranjo cúbico de esferas de igual tamanho: porosidade eficaz = 47%
ou 0,47 (Figura 1).
Arranjo romboédrico de esferas de igual tamanho: porosidade eficaz =
26% ou 0,26 (Figura 2).

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Figura 1. Arranjo cúbico

Figura 2. Arranjo romboédrico

O Armazenamento Específico é a quantidade de água liberada por 1 m 3


do aqüífero sob efeito da gravidade. A quantidade de água que fica retida por
efeito das forças capilares é definida como sendo a Retenção Específica do
aqüífero.
Assim, por exemplo, um aqüífero que possui porosidade eficaz de 25%
e armazenamento específico de 0,10 ou 10% tem uma retenção específica de
15% ou 0,15.

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As características de condução da água subterrânea do aqüífero estão


relacionadas com as propriedades de Permeabilidade, Condutividade
Hidráulica e Transmissividade.

2.1. O Fluxo em Meios Porosos: a Lei de Darcy

Considerando um aparato (Figura 3) constituído por um cilindro


preenchido com areia, inclinado, tamponado em ambas as extremidades, mas
com uma entrada d’água do lado superior e uma saída no lado inferior (ambas
com o mesmo diâmetro) e contendo dois tubos verticais com manômetros
(HARR,1962):

APARATO DE DARCY

nível d'água

nível d'água
L

h h2
1

z=0

Figura 3. Aparelho de Darcy.

Sendo z=0 ⇒ datum de referência


h 1 e h 2 ⇒ elevações dos níveis do fluido nos manômetros
∆l ⇒ distância entre as entradas dos manômetros
A ⇒ área da seção transversal do cilindro
A descarga específica através do cilindro é definida como v=Q/A;onde Q
possui a dimensão [L 3 /T] , A [L 2 ] e v a dimensão de velocidade [L/T] .

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Darcy, em 1856, observou que v é diretamente proporcional a h1 - h2


quando ∆l é tomado constante e inversamente proporcional a ∆l quando h 1 -
h 2 é tomado constante.
Definindo ∆h = h 2 - h 1 , a Lei de Darcy pode ser escrita como:
v = -K.(∆h/∆l),
onde a constante K é definida como a Condutividade Hidráulica do meio;
ou sob a forma diferencial v = -K (∂h/∂l),
onde ∆h é chamado de potencial hidráulico e ∂h/∂l gradiente hidráulico.
A Lei de Darcy ainda pode ser escrita: Q = -K (∂h/∂l)A
ou Q = -K i A, onde i é o gradiente hidráulico.
K possui dimensão [L/T].
K = k (σ g/µ) onde k = permeabilidade, σ a densidade do fluído, g a
aceleração da gravidade e µ a viscosidade dinâmica do fluido (DRISCOLL,
1989).
k possui dimensão [L 2 ].

2.2. Fluxo em Estado de Equilíbrio e Fluxo Transitório

Fluxo em estado de equilíbrio ou fluxo permanente ocorre quando,


em um dado ponto, o fluxo da água subterrânea possui magnitude, velocidade
e direção constantes.
Fluxo em estado de não equilíbrio ou fluxo transitório ocorre
quando, em um dado ponto, o fluxo da água subterrânea sofre modificações de
magnitude, velocidade e direção em função do tempo.

2.3. Transmissividade e Coeficiente de Armazenamento

Segundo FREEZE & CHERRY (1979), seis propriedades físicas dos


fluidos e do meio devem ser conhecidas para que se possa descrever os
aspectos hidráulicos do fluxo em meio poroso.
Para o fluido (água subterrânea) são: densidade (σ), viscosidade (µ) e
compressibilidade (β).
Para o meio (formação geológica) são: porosidade (η), permeabilidade
(k) e compressibilidade (α).

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Todos os outros parâmetros que descrevem as propriedades


hidrogeológicas das formações geológicas são derivados dessas seis
propriedades físicas.
Entre esses parâmetros os mais importantes são: Coeficiente de
Armazenamento Específico (S S ), Coeficiente de Armazenamento (S) e
Transmissividade (T).

TRANSMISSIVIDADE
Para um aqüífero confinado de espessura b a Transmissividade é
definida como sendo: T= K b . Possui dimensão [L 2 /T]

COEFICIENTE DE ARMAZENAMENTO
Para um aqüífero confinado o Coeficiente de Armazenamento é definido
como: S = S S b ou S= σ g b(α + η β). É adimensional.

COEFICIENTE DE ARMAZENAMENTO ESPECÍFICO


É definido como o volume de água que uma unidade volumétrica do
aqüífero libera por unidade de rebaixamento da superfície potenciométrica. A
água é liberada por dois mecanismos: (1) compactação do aqüífero causado
pelo aumento da pressão efetiva e (2) expansão da água causada pelo
decréscimo da densidade. O primeiro mecanismo é controlado pela
compressibilidade do aqüífero α e o segundo pela compressibilidade do fluido
β.
O Coeficiente de Armazenamento Específico é dado pela expressão:
S S = σ g (α + η β) onde g é a aceleração da gravidade.
Conhecendo o Coeficiente de Armazenamento Específico, a densidade
do fluido (igual a 1 para a água doce), a porosidade do meio e a
compressibilidade do fluido (igual a 1 para a água), é possível conhecer-se a
compressibilidade do aqüífero e o recalque, na superfície do terreno,
resultante do bombeamento em um poço.
A dimensão de S S é [L] - 1 .

2.4. Características dos Aqüíferos em Meios Fissurados

Nos aqüíferos fissurados, as águas subterrâneas estão acumuladas na


porosidade secundária, constituída por fissuras, e/ou primária, sendo esta
última constituída pelo manto de alteração.

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No Brasil geralmente esses aqüíferos compreendem fissuras, falhas e


fraturas do embasamento cristalino Pré-Cambriano; fissuras, diáclases e
disjunções colunares existentes nas rochas basalticas e; o sistema kárstico,
formado por dissolução em sistemas de juntas e diáclases das rochas calcárias
metamórficas Pré-Cambrianas.

3. HIDRODINÂMICA DOS AQÜÍFEROS

3.1. Parâmetros Hidrodinâmicos dos Aqüíferos

Os parâmetros hidrodinâmicos que caracterizam os aqüíferos quanto às


propriedades físicas de velocidade de escoamento e quantidade de água
armazenada são: a Condutividade Hidráulica, a Transmissividade e o
Coeficiente de Armazenamento. Os parâmetros hidrodinâmicos dos aqüíferos
podem ser calculados quando se dispõem de ensaios de bombeamento ou
testes de vazão em poços.

3.2. Testes com Vazão Constante. Conceitos e Limitações

Logo após o término da construção dos poços, as empresas de


perfuração realizam testes de vazão para fins de dimensionar o equipamento
de extração de água. Nestes testes de vazão são medidos: o nível estático, os
valores de rebaixamento do nível d’água em função do tempo de
bombeamento, a vazão e a recuperação do nível d’água após cessado o
bombeamento.
Os testes de vazão são realizados com compressor ou bomba submersa.
Eventualmente são realizados testes escalonados com variação controlada da
vazão extraída. Este tipo de teste somente pode ser realizado com bomba
submersa.
A partir da interpretação dos dados dos testes de vazão, pode-se
calcular: a Capacidade Específica do Poço, Transmissividade, Condutividade
Hidráulica, Coeficiente de Armazenamento do aqüífero no local do poço e a
vazão ótima de explotação.
A Capacidade Específica do Poço é obtida através da divisão simples
entre a vazão extraída e o rebaixamento produzido. Tem a dimensão (L 2 /T).
TOOD (1967) mostra que este parâmetro varia com o tempo e com a vazão

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extraída. Assim, dimensionar um equipamento para explotação de água do


poço, baseando-se unicamente neste parâmetro, torna-se uma temeridade.
Veremos adiante que a Transmissividade do aqüífero no local do poço é
um parâmetro que pode ser obtido com razoável precisão mesmo quando o
rebaixamento ou recuperação, durante o teste de vazão, é medido no próprio
poço bombeado, quando não se dispõe de um poço de observação. Sob esta
condição, o ponto de observação é considerado como sendo as paredes do
poço. Assim, a distância do poço onde a água está sendo extraída até o ponto
de observação é tomada como sendo o raio do poço.
A Transmissividade do aqüífero obtida no local do poço é uma média
aritmética das Transmissividades unitárias de cada tipo litológico em toda a
seção geológica atravessada.
A Condutividade Hidráulica também pode ser obtida a partir do
conhecimento da espessura das camadas aqüíferas. É uma média aritmética de
cada camada da seção geológica atravessada.
O Coeficiente de Armazenamento de uma camada aqüífera é
caracterizado pelo volume de água desprendido ou armazenado como
resultado de uma mudança de pressão unitária ou mudança de uma unidade do
potencial hidráulico (KOVÁCS, 1981).
O volume compreende a água desprendida por uma área horizontal da
camada multiplicada pelo comprimento. Sua quantidade depende da:
(1) compressibilidade dos grãos sólidos;
(2) compressibilidade da água;
(3) mudança da porosidade da camada saturada;
(4) mudança da razão da espessura saturada e insaturada.
O primeiro componente é muito pequeno, portanto é desprezível. O
segundo e terceiro componentes são praticamente nulos nos aqüíferos
constituídos por rochas consolidadas.
Nos aqüíferos confinados o sistema é sempre saturado, pois é recoberto
por uma formação absolutamente impermeável, então o quarto componente
não tem influência no processo.
Nos aqüíferos livres, freáticos, a mudança da razão espessura
saturada/insaturada é regra geral, devendo-se corrigir o valor do Coeficiente

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de Armazenamento obtido através da interpretação do teste de vazão, segundo


a expressão:
S=S a p (m-s)m
onde,
S = Coeficiente de Armazenamento,
m = espessura da camada saturada,
s = diferença entre o nível estático e o nível dinâmico e,
S a p = Coeficiente de Armazenamento Aparente, obtido a partir da Fórmula de
Theis.
Para os aqüíferos sedimentares, livres, duas aproximações devem ser
levadas em conta quando se calcula o Coeficiente de Armazenamento: a
ausência do poço de observação e as mudanças na relação entre a espessura
saturada e insaturada das camadas geológicas devido ao bombeamento dos
poços.
Quanto à ausência do poço de observação, as medidas de rebaixamento
e recuperação do teste de vazão são efetuadas no próprio poço bombeado. O
ponto de observação é considerado como sendo a distância do centro do poço
até as suas paredes e assim sendo, o meio é constituído apenas pela água
subterrânea e não pelo material que constitui o aqüífero. Desta forma, não é
considerado o efeito reservatório do espaço cilíndrico do poço que, para
vazões acima de 30 m 3 /h é pouco significativo mas, contudo, para vazões
menores, de até 3 m 3 /h, causa um retardamento na resposta do aqüífero ao
rebaixamento observado no poço.
Adiante, veremos que o Coeficiente de Armazenamento é uma grandeza
cujo cálculo incorpora o inverso da distância entre o poço bombeado e o
ponto de observação. Assim, uma medida imprecisa tomada na medida da
distância entre o poço bombeado e o ponto de observação resulta em um erro
exponencial no cálculo do Coeficiente de Armazenamento.
Pelas razões mencionadas, a ausência do poço de observação pode levar
a erros consideráveis no cálculo do Coeficiente de Armazenamento. Mesmo
assim, o valor obtido pode ser considerado aproximado e, é preferível ter-se
um valor estimativo do que nenhum valor.
Quando os níveis são medidos num poço de observação o efeito
reservatório do poço de extração somente retarda o início das medidas de

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rebaixamento, mas não influi nos valores rebaixamento x tempo. Nesta


condição, o Coeficiente de Armazenamento pode ser calculado com precisão.
Como regra geral, no Brasil, os testes de vazão são realizados no poço
que está sendo bombeado, com medidas de vazão através de um tubo de
descarga (normalmente de 2 1/2", 3" ou 4") e de rebaixamento através de um
tubo de medição de nível (normalmente com 1/2" ou 3/4"). Testes de vazão
com medidas de vazão em um poço e medidas de rebaixamento em um
piezômetro são exceções. Portanto, adiante será demonstrado que é possível
obter-se com precisão a Transmissividade de um aqüífero com os testes de
vazão existentes, mas quanto ao Coeficiente de Armazenamento este somente
pode ser estimado.

3.3. Tipos de Aqüíferos


A totalidade dos poços construídos em sedimentos apresentam 4 tipos
de comportamento distintos frente aos rebaixamentos observados durante os
testes de vazão e que definem o tipo do aqüífero em que captam água. Frente
a estes 4 tipos de comportamentos os aqüíferos considerados podem ser:
livres, confinados, semi-livres e semi-confinados.
Os aqüíferos constituídos por sistemas fissurados (típicos de rochas
cristalinas), em geral anisotrópicos, também podem ser descritos segundo os
tipos e modelos descritos acima, embora os testes de vazão em poços
construídos neste sistema apresentem diferenças no que se refere às curvas de
rebaixamento e recuperação, o que leva a uma interpretação diferenciada.
Nos aqüíferos sedimentares, em meio isotrópico, não há simetria entre
as curvas de rebaixamento e de recuperação, pois a vazão de extração varia
com o rebaixamento do poço, já que a queda dos níveis d'água durante o teste
provocam um aumento na altura manométrica de elevação do equipamento de
bombeamento e, como conseqüência, ocorre uma diminuição do seu
rendimento. A queda no rendimento do equipamento de extração utilizado
durante a etapa de rebaixamento, seja compressor ou bomba submersa, causa
uma queda nas vazões, que diminuem gradativamente durante o teste de
vazão.

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Durante a etapa de recuperação, o aqüífero se recupera do bombeamento


com uma vazão média que é igual ao volume total extraído dividido pelo
tempo total de bombeamento.
Assim, a vazão de extração não pode ser constante devido à queda de
rendimento do equipamento. Contudo, a vazão de recuperação é constante e
corresponde a uma média ponderada das vazões de extração.
Portanto, em um teste de vazão máxima de 24 horas deverá ser medida a
recuperação também por 24 horas quando, ao final deste tempo, deverá
ocorrer o retorno do nível d'água no poço às condições de potenciométricas
originais.
Nos aqüíferos fissurados, devido à anisotropia existente, a recuperação
do nível d’água se processa de maneira diferente do que nos aqüíferos
sedimentares isotrópicos. Nesses aqüíferos, a curva de recuperação possui
uma autêntica simetria com a curva de rebaixamento pois, como durante o
rebaixamento a vazão diminui gradativamente em função da queda do
rendimento do equipamento, o aqüífero anisotrópico responde de forma
similar após cessado o bombeamento, com uma correspondente queda
gradativa nas vazões de recuperação com o decorrer do tempo. Isto é devido à
anisotropia existente que provoca uma simetria na queda e recuperação do
potencial hidráulico do poço.
Uma vez determinados os parâmetros hidrodinâmicos do aqüífero,
usando os métodos apropriados, pode-se calcular o equipamento de extração
de água do poço empregando-se as tabelas fornecidas pelos fabricantes. Essas
tabelas geralmente contém gráficos com correspondentes alturas
manométricas, vazões de explotação e rendimento do equipamento, para cada
modelo disponível. Desta forma, a finalidade do teste de vazão (ou ensaio de
bombeamento) é a mesma da construção do poço, ou seja é de ordem
econômica e visa o dimensionamento do equipamento para a extração de água
do poço.
Apesar deste fato, os hidrogeólogos de empresas de perfuração podem
realizar de forma adequada os testes de vazão e a sua interpretação correta
permite a estimativa dos parâmetros hidrodinâmicos dos aqüíferos. O
conhecimento desses parâmetros permite prever o comportamento hidráulico

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do poço frente a qualquer regime de extração e, possibilitará prever a dos que


venham a ser perfurados futuramente nas vizinhanças.

3.4. Testes Escalonados. Obtenção da Função do Poço


Os testes de vazão escalonados são realizados após os de vazão máxima
(vazão constante) e decorrido algum tempo de recuperação do nível d’água do
poço (normalmente 3h após cessado o bombeamento). Inicia-se com uma
vazão mais elevada, próxima do valor da vazão máxima e, sucessivamente,
vão sendo aplicadas vazões menores a intervalos fixos de tempo. Isto é
conseguido através do fechamento do registro de saída d’água.
Nos testes escalonados são medidas: as vazões, os tempos e os
rebaixamentos correspondentes.
Usualmente utiliza-se nos testes de vazão escalonados medidas fixas de
vazões com 80%, 60% e 40% da vazão máxima extraída. Este tipo de teste
somente pode ser realizado com bomba submersa, pois exige o controle da
vazão extraída, o que não é possível com o uso de compressores.
Os testes de vazão escalonados realizados nos poços tubulares
profundos tem a finalidade precípua de determinar a equação do poço, ou
ainda, de determinar a capacidade específica do poço. A equação do poço é
dada pela expressão Dw= BQ + CQ 2 (CLARK, 1992), onde Dw é o
rebaixamento observado no poço frente à extração Q, BQ refere-se às perdas
de carga devida às características hidráulicas do aqüífero, e CQ 2 as perdas de
carga devido às características construtivas do poço, conforme o diagrama da
Figura 4. A capacidade específica é dada pela expressão Q/s, onde Q é a
vazão do poço e s a diferença entre o nível estático e o nível dinâmico
relativo a esta vazão considerada.
Dw= h 0 - h w = BQ + CQ 2

ln (r0 rw )
Dw = h0 − hw = Q + C Q2 (3.1)
2π K b

h 0 = nível estático (ou carga hidráulica do aqüífero) e r 0 = raio de


influência do poço;
h w = nível dinâmico (ou carga hidráulica no poço) e r w = raio do poço.
Para um poço em regime permanente:
ln (r0 rw )
B=
2π K b
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Verifica-se que as perdas de um poço podem ser minimizadas


conservando mínimas as velocidades da água para dentro do poço e no seu
interior. Para esta otimização deve-se equacionar a relação vazão e diâmetro
do poço.
Verifica-se na equação (3.1) que a vazão é inversamente proporcional à
relação ln(r 0 /r w ) para todas as outras variáveis mantidas constante. A análise
desta relação mostra que o aumento do diâmetro do poço influi pouco no
aumento da vazão. Por exemplo: um aumento no diâmetro do poço de 6” para
12” aumenta a vazão em apenas 10%.
Por outro lado, duplicando-se o raio do poço, reduz-se as velocidades
de entrada de água a quase metade, diminuindo-se em muito o efeito das
perdas no poço.

Q
Superfície do terreno

r0 Superfície piezométrica original

BQ
Curva de rebaixamento

Dw
h0
CQ 2

hw r
w

Aqüífero confinado

Figura 4. Desenho representativo das perdas de carga em um poço construído


em um aqüífero confinado.

14
15

Na Figura 5 é mostrado um teste de vazão escalonado realizado em


16/12/91, no poço tubular profundo n o 22 da SABESP, no Município de
Caçapava, SP, utilizando uma bomba submersa marca EBARA modelo 803
com 5 estágios e 60 HP. Os dados do teste se encontram na tabela 1.

Tabela 1. Dados obtidos no teste de vazão escalonado realizado no poço n o 22


da SABESP, em Caçapava, SP.

Dia Hora (início) Tempo (h) Rebaix. (m) Vazão (m³/h)


17/12/91 15:30 16 24,43 110,7
19/12/91 0:00 16 18,07 89,0
19/12/91 16:00 16 20,77 101,3
20/12/91 8:00 16 23,20 112,2

10
Rebaixamento (m)

15
16,4

20
20,6

25

30
0 20 40 60 80 100 120 140
3
Vazões (m /h)

Figura 5. Curva ∆s x Q do Poço n o 22 da SABESP, em Caçapava.

15
16

Para a obtenção da curva de dados rebaixamento x vazão, somente são


utilizadas as medidas obtidas após tempos iguais, já que ∆s é função do tempo
de bombeamento.
Como, Dw= ∆s = BQ + CQ 2 , para o gráfico da figura 5 temos:
16,4 = 80 B + 80 2 C (3.2)
e
20,6 = 100 B + 100 2 C (3.3).
Resolvendo a Eq. (3.2), vem: B = 0,205 – 80 C, substituindo em (3.3):
20,6 = 0,205 – 80 C + 10000 C
20,395 = 9920 C ⇒ C = 20,56 . 10 - 4
20,6 = 100 B + 10000 . 20,56 . 10 - 4 ⇒ B = 4 . 10 - 4
Assim, equação do Poço n o 22 da SABESP fica sendo:
∆s = BQ + CQ 2 = 4 . 10 - 4 Q + 20,56 . 10 - 4 Q 2
onde B = 4 . 10 - 4 corresponde às perdas de carga devido às características
construtivas do poço e C = 20,56 . 10 - 4 corresponde às perdas de carga devido
às características hidráulicas do aquífero.

3.5. Rebaixamento do Nível d’água em um Poço Inteiramente Penetrante


em um Aqüífero Confinado (ou Livre)
C.V. Theis foi o primeiro autor a resolver as equações que governam o
rebaixamento de um poço bombeando água em um aqüífero confinado,
utilizando da analogia entre o fluxo da água num aqüífero e o fluxo do calor
em um condutor térmico.
THEIS (1935), na analogia que desenvolveu, definiu 2 parâmetros
baseados na Lei de Darcy, a Transmissividade e o Coeficiente de
Armazenamento.
A tabela seguinte mostra as equações com os parâmetros análogos
comparados.

16
17

Tabela 2. Equações comparativas entre os parâmetros termodinâmicos e


hidrodinâmicos da analogia desenvolvida por THEIS (1935).
Para a termodinâmica Para a hidrodinâmica

ρ . Cp ∂ v S ∂ h
∇2 v = ( )( ) ∇ 2 h = ( )( )
K ∂t T ∂ t
onde onde
∇ 2 = operador de Laplace ∇ 2 = operador de Laplace
v = temperatura S = Coeficiente de Armazenamento
ρ = densidade T = Transmissividade
Cp = calor especifico h = rebaixamento
K = condutividade termica

A partir da lei de Darcy e utilizando o princípio de conservação da


massa (equação da continuidade), para um aqüífero radialmente simétrico
(isotrópico) e de extensão infinita, o fluxo radial é descrito pela expressão

1 ∂ (r∂h / ∂r ) S ⎛ ∂h ⎞
⋅ = ⎜ ⎟ (3.4)
r ∂r T ⎝ ∂t ⎠

onde: h = nível piezométrico (em metros), r = distância do poço


bombeado ao ponto de observação (em metros), t = tempo de bombeamento
(em horas) e S = Coeficiente de Armazenamento do aqüífero (adimensional).
Desenvolvendo a equação (3.4) , vem:

∂2 h 1⎛∂h⎞ S ⎛∂h⎞
+ ⎜ ⎟= ⎜ ⎟
∂ r 2 r ⎜⎝ ∂ r ⎟⎠ T ⎜⎝ ∂ t ⎟⎠

Para as condições de contorno: h→ h 0 (nível piezométrico inicial) para


r→ ∞ e t ≤ 0:

⎛ ∂h ⎞ Q
lim⎜ r ⎟ =
r →0
⎝ ∂r ⎠ 2πT

17
18

Para as condições iniciais h(r,0) = h 0 para t ≤ 0, a solução do problema


(JACOB, 1950) é dada por:

Q ∞ e−u
4 π T ∫u u
h 0− h = s = ∂u

Sendo o valor de u :
r2S
u= (3.5)
4T t

Fazendo
∞ e−u
W (u ) = ∫ u u
∂u

vem, h 0 -h = s = Q.W(u)/4π.T (3.6)


A equação (3.6) é conhecida como Fórmula de Theis (THEIS, 1935).
A Fórmula de Theis é definida para o cálculo do rebaixamento em
poços construídos em aqüíferos confinados. Para aqüíferos livres, esta
expressão também é valida, devendo-se acrescentar um coeficiente de
correção ao Coeficiente de Armazenamento calculado pela equação (3.5) que,
nestas condições é aparente (S a p ) .
Como o Coeficiente de Armazenamento (S) é função da espessura
saturada do aqüífero, o coeficiente de correção é dado pela expressão:
S = S a p .(m-∆s)/m
onde, m é a espessura do aqüífero livre e ∆s é a diferença entre o nível
estático e o nível dinâmico.
O desenvolvimento da fórmula de Theis resulta na expressão:

Q Q ⎛ u2 u3 u4 ⎞
h 0− h = s = W (u ) = ⎜
⎜ − 0,5772 − ln u + u − + − + L⎟⎟ (3.7)
4π T 4π T ⎝ 2 ⋅ 2 ! 3 ⋅ 3! 4 ⋅ 4 ! ⎠

O argumento u , como já foi visto, é dado por:

r2S
u=
4T t

18
19

3.6. Método Logarítmico de Jacob

COOPER & JACOB (1946) observaram que, para pequenos valores de r


e elevados valores de t, u é pequeno, de forma que os termos da série de Theis

Q Q ⎛ u2 u3 u4 ⎞
h 0− h = s =
W (u ) = ⎜⎜ − 0,5772 − ln u + u − + − + L⎟⎟
4π T 4π T ⎝ 2 ⋅ 2! 3 ⋅ 3! 4 ⋅ 4! ⎠
podem ser reduzidos aos primeiros dois termos da expressão entre parêntesis.

Assim,

h 0− h = s =
Q
W (u ) =
Q
(− 0,5772 − ln u )
4π T 4π T

Resolvendo a expressão acima no sistema métrico (DOMENICO &


SCHWARTZ, 1998) , resulta:

2,3 Q ⎛ 2,25 T t ⎞
s= log ⎜⎜ 2 ⎟⎟
4π T ⎝ r S ⎠

Esta fórmula, simples, conhecida como a Fórmula de Cooper-Jacob é


razoavelmente precisa e útil para cálculo do rebaixamento em poços
construídos em formações geológicas que constituem aqüíferos confinados ou
livres.
O gráfico do rebaixamento em função do logaritmo de t é uma reta.
Obtêm-se soluções rápidas (RAGHUNATH, 1982) através de:
T = 0,183 Q/∆s (3.8),
onde ∆s é a diferença de rebaixamento entre dois ciclos logarítmicos
consecutivos e;
S = 2,25 T t 0 /r 2 (3.9)
onde t 0 é o ponto onde a reta que contém os dados plotados do ensaio de
bombeamento intercepta o eixo dos tempos.
Para os aqüíferos livres deve-se corrigir S pela equação seguinte:
S = S a p (m-∆s)/m.

19
20

Exemplo de aplicação:
Como exemplo, utilizando os dados do teste de vazão máxima realizado
no Poço n o 4 da INFRAERO (DINIZ, 1996), conforme dados apresentados na
tabela 3. Este poço possui 134 m de profundidade e foi perfurado em
sedimentos terciários da Bacia de São Paulo, constituídos predominantemente
por arenitos contendo lentes de argilitos (aqüífero livre). O poço foi
perfurado em 22", é inteiramente revestido por tubos lisos e tubos de filtros
com diâmetros de 8".

Tabela 3. Teste de vazão máxima realizado no Poço n o 4 da INFRAERO.

POÇO Nº Nº POÇO ENDEREÇO DO PROPRIETÁRIO MUNICÍPIO


EMPR. PERF. LOCAL

4 H-621 Aeroporto Intern. INFRAERO GUARULHOS


de São Paulo
COORD. COORD. km COTA DA BOCA TIPO DE EQUIP. MARCA E MOD.
km EO NS
348,42 7407,86 741,5 m BOMBA SUBMERSA LEÃO BH-0507-8,
30HP
DATA: TIPO TESTE Coeficiente de Transmissividade Raio do poço (Rp)
Armazenamento
02/08/93 Vazão Máxima 0,012 5,8 m2/h 0,28 m (11”)

Hora Tempo (min) Nível (m) Rebaixamento (m) Vazão (m³/h)

07:00 0 64,93 0 50,00


1 70,39 5,46 50,00
2 70,75 5,82 50,00
3 71,02 6,09 49,00
4 71,07 6,14 48,40
5 71,24 6,31 48,40
6 71,42 6,49 50,00
7 71,45 6,52 50,00
8 71,53 6,60 50,00
9 71,62 6,69 50,00
10 71,70 6,77 50,00
12 71,80 6,87 50,00
14 71,90 6,97 50,00

20
21

16 72,00 7,07 50,00


18 72,06 7,13 50,00
20 72,15 7,22 49,40
25 72,30 7,37 49,40
30 72,40 7,47 49,40
35 72,51 7,58 49,40
40 72,61 7,68 48,90
50 72,75 7,82 48,90
60 72,8 7,87 48,90
70 73,02 8,09 48,50
80 73,14 8,21 48,50
90 73,23 8,30 48,50
100 73,33 8,40 48,90
120 73,49 8,56 48,10
150 73,67 8,74 48,10
180 74,12 9,19 48,10
210 74,04 9,11 47,80
240 74,18 9,25 47,00
270 74,30 9,37 47,00
300 74,35 9,42 47,00
360 74,40 9,47 47,00
420 74,43 9,50 47,00
480 74,47 9,54 47,00
540 74,49 9,56 47,50
600 74,50 9,57 47,50
720 74,54 9,61 47,50
840 74,58 9,65 47,50
960 74,58 9,65 47,50
1020 74,60 9,67 47,50
1140 74,70 9,77 47,20
1260 74,97 10,04 47,20
1380 75,28 10,35 47,20
1440 75,40 10,47 47,20

Qm=47,464

21
22

12

10

8
rebaixamento (m)

6,8
6
5,3
4

0
1E-4 1E-3 0,01 0,1 1 10 100 1000 10000
t (min)

Figura 6. Gráfico do rebaixamento em função de log(t).

Para o gráfico da figura 6, a diferença de rebaixamento entre dois ciclos


logarítmicos consecutivos: ∆s = 6,8 –5,3 = 1,5 m. Substituindo na expressão
(3.8), vem:
T = 0,183 Q/∆s = 0,183 . 47,464 / 1,5
Resolvendo:
T ≅ 5,8 m 2 /h.
O valor de t 0 no gráfico da figura 6 é 4.10 - 4 . Substituindo na expressão
(3.9), vem:
S = 2,25 . T . t 0 /r 2 = 2,25 . 5,8 . 4 . 10 - 4 / 0,0784
Resolvendo:
S ≅ 0,066

22
23

3.7. Método da Superposição de Theis

THEIS (1935) desenvolveu um método muito preciso para calcular


gráficamente os parâmetros hidrodinâmicos T e S para os aqüíferos
confinados. Ele observou que na equação. (3.6) há duas incógnitas para serem
determinadas (T e S ) em apenas uma equação. Para resolver o problema
elaborou o método da superposição. Neste método Theis partiu do pressuposto
que a curva de dados s x t, representada em papel bi-logarítmico, é análoga à
curva da Função W(u) x 1/u também representada em papel bi-logarítmico,
com a mesma escala do anterior.
Assim, sobrepondo a curva de dados à curva da Função W(u) x 1/u,
coincidindo o maior número possível de pontos, já que as curvas são
semelhantes, para qualquer ponto comum teremos duas equações e duas
incógnitas (T e S ) e o problema pode ser resolvido.
Os valores da Função W(u) x 1/u foram tabelados para a construção da
curva por diversos autores e são encontrados em diversas publicações (DAVIS
& DeWIEST, 1966; WALTON, 1970; CUSTODIO & LLAMAS, 1983;
BOWEN, 1986).
Até a década passada, a interpretação dos testes de vazão através do
método da superposição de Theis era trabalhoso pois era necessário ter uma
curva padrão plotada em papel opaco bi-logarítmico e a curva de dados
plotada em papel transparente bi-logarítmico, ambas as folhas com a mesma
escala. Atualmente, frente ao grande desenvolvimento das técnicas de
informática, não há necessidade de usar papel bi-logarítmico, podendo
executar o método com grande rapidez e maior precisão por meio de
avançados softwares gráficos.
Agora, para verificar a precisão do método da superposição de Theis e
compará-lo com o método simplificado de Cooper-Jacob, utiliza-se os mesmos
dados do teste de vazão realizado no Poço n o 4 da INFRAERO (tabela 3).
O ponto do gráfico bi-logarítmico (figura 7) contendo a curva padrão
W(u) x 1/u com coordenadas (1; 1.000.000) tem como correspondência o
ponto da curva de dados s x t com coordenadas (6,31; 333).
Utilizando a Fórmula de Theis:
h 0 -h = s = Q.W(u)/4π.T

23
24

teremos:
6,31 m = 47,464 m 3 /h . (1) / 4π.T ⇒ T = 5,46 m 2 /h

Curva de rebaixamento do Poço 4 da INFRAERO


GRÁFICO DA FUNÇÃO DE THEIS.100

Rebaixamento (m)
100
3
Q=47,464 m /h
2
T=5,46 m /h
S=0,012 10
10
W(u)

Tempo (min.)
1
1 1 10 100 1000 10000

Ponto coincidente
s=6,91 m
0,1 t=333 min
1 10 100 1000 10000 100000 1000000
1/u 1/u=1000000
W(u)=10

Figura 7. Utilização do método da superposição de Theis para cálculo dos


parâmetros hidrodinâmicos do aqüífero sedimentar no local do Poço n o 4 da
INFRAERO.

No próximo item são apresentadas técnicas utilizando softwares


modernos para cálculo dos parâmetros hidráulicos dos aqüíferos livres e
confinados através do método da superposição de Theis.
A interpretação dos parâmetros hidrodinâmicos dos aqüíferos a partir
unicamente do modelo que Theis desenvolveu para aqüíferos confinados pode
trazer erros que vão produzir, como conseqüência, cálculos subdimensionados
ou superdimensionados dos equipamentos de extração de água dos poços. Isto
poderá acarretar a diminuição da vida útil dos mesmos. Outros modelos, como
os de Hantush e Neuman devem ser considerados. A utilização destes modelos
será mostrada detalhamente adiante.
DAWSON & ISTOK (1991), de forma mais completa, propuseram 24
modelos para aqüíferos em meios porosos e fraturados, englobando todas as
variações possíveis, desde poços apresentando regime de fluxo transitório até
permanentes, aqüíferos anisotrópicos e isotrópicos, poços com penetração

24
25

parcial no aqüífero ou totalmente penetrantes, aqüíferos multi-camadas ou não


e várias outras possibilidades, conceituando o modelo matemático em
coordenadas polares para cada situação apresentada e propondo soluções
analíticas utilizando programação em BASIC.

25
26

4. UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES EM HIDROGEOLOGIA

4.1. Análise estatística de dados hidrogeológicos

Um importante método de trabalho em hidrogeologia é o cadastramento


dos pontos d'água, aqui incluindo fontes e poços (cacimba e tubulares
profundos). É muito conveniente que a área considerada no cadastramento
englobe uma bacia ou sub-bacia hidrográfica pois, embora os limites das
formações geológicas e, conseqüentemente, dos aqüíferos, não coincidam com
os limites das bacias hidrográficas, a água subterrânea é parte integrante do
ciclo hidrológico e o seu potencial deve ser avaliado nas mesmas condições
de contorno em que são avaliadas as águas superficiais.
Com o objetivo de avaliar o potencial hidrogeológico de uma bacia
hidrográfica, as águas de fontes e poços cacimba, que são águas subterrâneas
de pouca profundidade e circulação mais rápida, devem ser inventariadas
quando houver esta possibilidade. Já, o cadastramento de uma parcela
significativa dos poços tubulares profundos em operação, desativados,
soterrados ou tamponados, deve ser efetuado rigorosamente.
Na análise de uma bacia hidrográfica, os dados dos poços cadastrados,
tais como profundidade e cota do topo do embasamento cristalino,
profundidade do manto de alteração, espessura de sedimentos, distribuição
das vazões, etc., podem e devem ser tratados pelo software gráfico e de
interpolação, o SURFER FOR WINDOWS, da Golden Software (E.U.A),
atualmente na versão 6.0. É um software de uso corrente em sistema de
informações geo-referenciados.
As técnicas digitais utilizando computadores para levantamentos
hidrogeológicos foram iniciadas pioneiramente por PRICKETT &
LONNQUIST (1971).

4.2. Aquisição de base de dados através de planilhas eletrônicas:


parâmetros considerados

A metodologia empregada em uma pesquisa hidrogeológica consiste no


levantamento e cadastramento de todos os dados hidrogeológicos disponíveis
nos órgãos públicos, municipais, estaduais e federais, que monitoram o
recurso hídrico subterrâneo (que se referem à bacia hidrográfica em questão),

26
27

sejam: os Serviço Autônomos de Água e Esgoto das Prefeituras Municipais,


as Prefeituras Municipais, as companhias estaduais de saneamento e
distribuição de água, as entidades de gerenciamento ambiental e as de
gerenciamento estadual dos recursos hídricos.
Também, devem ser cadastrados os dados referentes à extração de água
por poços, fontes e cacimbas, nas indústrias, comércio local, condomínios e,
nas principais empresas de perfuração de poços da região.
Em alguns estados brasileiros como São Paulo, por exemplo, a
legislação permite o acesso dos usuários aos dados dos poços perfurados.
Quanto à qualidade das águas superficiais ou subterrâneas, os padrões
aceitáveis para os elementos poluentes são regidos pelo Decreto Federal n o
52.503, de 28/7/1970.
Deve se observar, para a utilização das águas, em que classes são
classificadas, de acordo com a resolução do Conselho Nacional do Meio
Ambiente - CONAMA, de 18 de junho de 1986, publicada no Diário Oficial
da União de 30/6/1986, isto é, se podem ser destinadas ao abastecimento
doméstico após tratamento convencional, à irrigação arbórea, cerealífera,
forrageira e à dessedentação de animais.
Geralmente, os dados geológicos obtidos pelas empresas de perfuração
durante a fase de perfuração dos poços são utilizados pelos hidrogeólogos das
empresas para completar os poços. O perfil de avanço da perfuração substitui
o perfil do caliper (ou calibre) do poço, necessário para dimensionar os
intervalos com baixa resistência da formação e que podem causar o colapso
das paredes dos poços. Por esta razão, estes intervalos devem ser revestidos.
O perfil geológico associado à perfilagem elétrica oferece subsídios
para dimensionar os intervalos nos quais deverão ser colocados os tubos de
filtros (intervalos onde as camadas aqüíferas apresentam fluxo horizontal e
permitem a entrada da água da formação para os poços).
As análises granulométricas são utilizadas para dimensionar o diâmetro
dos grãos do pré-filtro e a espessura da ranhura dos filtros, necessárias para
reter o material da formação impedindo que as partículas entrem no poço e
danifiquem o equipamento de extração.
Diversos tipos de fichas para o cadastro, de dados construtivos,
geológicos, hidrogeológicos, hidroquímicos e de explotação dos poços são

27
28

usadas pelas empresas de perfuração e órgãos públicos interessados na


manutenção de um arquivo de dados. Entre estes modelos podemos destacar,
no Estado de São Paulo, as do IPT–Instituto de Pesquisas Tecnológicas,
SABESP–Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo e DAEE–
Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica, sendo esta última
adotada oficialmente.
Normalmente, os diversos tipos de fichas cadastrais procuram
contemplar os seguintes dados:
(1) localização e identificação do poço através de coordenadas UTM
(km NS e km EO), cota, nome do proprietário e endereço;.
(2) uso da água; estado do poço, empresa perfuradora e data da
perfuração;
(3) aspectos construtivos do poço, tais como: diâmetros da perfuração,
tipos e diâmetros dos tubos de filtros, diâmetros e tipos de revestimentos
lisos, tipo e granulometria do pré filtro e parâmetros utilizados na perfilagem
geofísica;
(4) caracterização geológica através da descrição do perfil,
profundidades do embasamento, espessura do manto de alteração e posição
das fraturas;
(5) caracterização hidrogeológica através da obtenção dos níveis
piezométricos, profundidade das entradas de água, testes de vazão,
características químicas das águas, qualidade e quantidades explotadas.
Em São Paulo, diversos usuários e interessados nos recursos hídricos
subterrâneos, entre eles, professores da Universidade de São Paulo, técnicos e
hidrogeólogos do DAEE e SABESP, proprietários das empresas de perfuração,
associados da ABAS-Associação Brasileira de Águas Subterrâneas,
preocupados com a normatização da perfuração de poços que, até então, eram
construídos muitas vezes sem qualquer critério técnico, geológico ou
construtivo, enviaram à Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo um
projeto de lei contemplando o cadastramento dos poços e disciplinando o uso
das águas subterrâneas. Este projeto de lei tinha o objetivo específico de
suprir um banco de dados atualizado que permitisse definir as características
dos aqüíferos explotados e proporcionasse o uso racional do recurso hídrico
subterrâneo.

28
29

Este projeto , transformado na Lei Estadual n o 6.134 de 2 de junho de


1988, regulamentada pelo Decreto 32.955 de 7/2/1991, oferece subsídios
legais ao DAEE para inventariar e cadastrar os poços construídos no Estado
de São Paulo. A iniciativa da ABAS foi muito louvável como forma de
disciplinar a utilização dos recursos hídricos subterrâneos no Estado de São
Paulo embora há uma distância grande entre a existência da lei e o seu
cumprimento.
A ficha de cadastro oficial adotada pelo DAEE, embora contemple a
maior parte dos dados obtidos durante a perfuração e construção dos poços,
apresenta deficiências para obtenção de uma base de dados.
O problema é que o software usado para o cadastro, o FLOWCHART, é
específico para organogramas e não permite a interação dos dados cadastrais
em uma base de dados. Um programa mais indicado seria uma planilha que
permita a interação, como é o caso do LOTUS 123 e softwares compatíveis,
como o QUATTRO PRO, da Borland International, e EXCEL, da Microsoft.
Poderiam ser utilizadas planilhas que seriam enviadas anualmente pelas
empresas perfuradoras ao órgão competente, contendo os dados digitais
individualizados dos poços em colunas, que poderia servir para interpretações
estatísticas de forma ágil. Este formato também permitiria a execução de
interpretações analíticas a partir de dados digitais.
Para REBOUÇAS (1992), a falta de controle do poder público sobre a
extração das águas subterrâneas faz com que registros de dados referentes aos
poços sejam deficientes, principalmente para avaliar o número em operação e
o volume de água extraído. Ademais, os poços mal construídos se
transformam, com freqüência, em focos de contaminação das águas
subterrâneas, mormente em regiões de alta densidade populacional e
industrial.
A ausência de um cadastro completo no órgão público que gerencia o
recurso hídrico muitas vezes leva o pesquisador a um árduo trabalho,
desempenhando seu papel e o de relações públicas, principalmente junto às
empresas perfuradoras para a obtenção de dados dos poços e, junto aos
usuários, para complementação do cadastro obtido nas empresas perfuradoras.

29
30

4.3. A planilha eletrônica do EXCEL 97 da MICROSOFT. Utilização e


exemplos

O cadastramento de dados hidrogeológicos obtidos nos poços


perfurados podem ser facilmente digitalizados nas planilhas do software
EXCEL 97, da Microsoft. As planilhas do EXCEL 97 suportam até 256
colunas.

Na planilha deverá constar colunas com:


• o número do poço, de forma seqüencial segundo a ordem de
cadastramento;
• o número da folha topográfica onde o poço pode ser localizado, assim
como a escala e referências;
• o número do poço da empresa perfuradora, acompanhado do número
local (fornecido pelo proprietário);
• o nome e o endereço do proprietário, assim como o nome e telefone
do responsável pela manutenção;
• as coordenadas UTM do local, norte-sul e leste-oeste e a cota da boca.

Uma vez identificado o local, parte-se para a digitalização das


características construtivas da obra, em colunas, contendo:
• diâmetros e profundidades correspondentes da perfuração;
• diâmetro, profundidade e espessura do tubo de boca;
• diâmetro útil do poço;
• intervalos revestidos e tipo de revestimento;
• intervalos contemplados com seções filtrantes (profundidade do início
e do término dos filtros).

Após a caracterização da obra na planilha digital, esta deverá ser


expandida com as características geológicas das formações atravessadas pela
perfuração, tais como:
• tipo e profundidades das litologias encontradas;
• tipo e espessuras do solo;
• tipo e espessuras da rocha alterada;
• tipo e profundidades da rocha sã;

30
31

• topo do embasamento;
• entradas de água das fraturas.

Na planilha de cadastramento, devem seguir as características


hidrogeológicas no local da perfuração, que são:
• tipo de aqüífero;
• nível estático;
• nível dinâmico;
• vazão;
• tipo de teste de vazão;
• medidas de rebaixamento x tempo;
• data e duração do teste de vazão;
• capacidade específica do aqüífero no local.

Na seqüência da planilha seguem as características do sistema de


explotação e uso da água, a seguir:
• tipo de uso destinado à água;
• estado atual do poço;
• períodos de bombeamento;
• equipamento de explotação.

A definição dessas características na planilha deve ser criteriosa. Por


exemplo, quanto ao uso das águas subterrâneas de acordo com a atividade do
usuário, PACHECO (1986) cita os seguintes tipos:
-Uso domiciliar ou doméstico:
Utilizada para bebida, culinária, higiene, rega de jardim, lavagem de
pisos e de veículo particular.
-Uso público:
Utilizada em clubes recreativos, balneários, lagos ornamentais,
irrigação de praças e jardins, nas escolas e nas repartições públicas.
Quando é utilizada pela SABESP ou pelos Serviços Autônomos de Água
e Esgoto na rede de abastecimento público.
-Uso comercial:
Utilizada em escritórios e estabelecimentos bancários, hotéis, hospitais,
mercados, armazéns, postos de serviço e lavanderias.

31
32

Quando é transportada e vendida por proprietários de poços para o


abastecimento tanto público quanto industrial. Neste tipo de uso, o
proprietário geralmente procura legalizar a situação frente à administração
municipal, estadual e federal. Assim, geralmente encaminha pedido de
pesquisa junto ao DNPM, localizando o poço produtor dentro de uma área
máxima permitida para ser requerida pelo Código de Mineração, de 50 ha.
-Uso industrial:
Água para uso geral nas indústrias, usada como matéria prima e no
processamento.
-Uso em recreação:
Quando é utilizada pelos clubes de campo e associações desportivas
para o abastecimento de piscinas, na culinária, uso sanitário, rega de jardins,
etc.

4.4. Utilização de Planilhas Eletrônicas para Armazenamento Digital dos


Dados

Nos métodos que são mostrados neste trabalho para a interpretação dos
testes de vazão, será utilizado o software EXCEL 97, através de uma planilha
contendo os dados identificadores do poço e, abaixo, os valores de tempo,
rebaixamento e vazões do teste dispostos em colunas (conforme mostrado no
exemplo da tabela 3). Após, seguem os valores do tempo de recuperação com
os níveis correspondentes e os valores de rebaixamento e vazões dos testes
escalonados.
A planilha do EXCEL 97 elaborada, deve ser transformada em matriz
para o preenchimento com os dados obtidos durante o cadastramento nas
empresas de perfuração e no campo. Contém nas células que deverão ser
preenchidas os espaços para os dados identificadores do poço e colunas para
dispor os dados dos testes de vazão.
Os dados dos testes de vazão colocados nesta planilha são,
primeiramente, avaliados com os recursos gráficos do EXCEL 97, inserindo-
se um gráfico bi-logarítimico dos dados de rebaixamento x tempo. Este
gráfico permite identificar rapidamente o tipo de aqüífero que está sendo
considerado.

32
33

Os testes de vazão são interpretados através do método da superposição,


utilizando o modelo de Theis para os aqüíferos com comportamento livre e
confinado e o modelo de Hantush para os com comportamento semi-
confinado. Para os aqüíferos semi-livres (estratificados - water table aquifer)
é utilizado o modelo de Neuman. As equações matemáticas que governam
estes modelos foram desenvolvidas em coordenadas polares e são
apresentadas nos itens posteriores, da mesma forma que foram demonstradas
nos itens 3.5 e 3.6 para os aqüíferos livres e confinados.
Os valores de W(u) e 1/u da Fórmula de Theis, respectivamente das
equações (3.7) e (3.5) foram suficientemente tabelados por diversos autores
(DAVIS & DeWIEST, 1966; WALTON, 1970; CUSTODIO & LLAMAS, 1983;
BOWEN, 1986), como foi visto anteriormente. Na tabela 4 em anexo,
construída na planilha do EXCEL 97, são mostrados alguns destes valores.
Com os dados da tabela 4 constrói-se a curva de Theis, utilizando-se
gráfico logarítmico.
Os dados do teste de vazão plotados na matriz constituída por uma
outra planilha, também utilizando o software EXCEL 97 (como exemplo da
tabela 5). Esta matriz contém todos os elementos que identificam o poço
considerado.
Na coluna REBAIXAMENTO é colocada uma fórmula, onde o valor
plotado na coluna NÍVEL é subtraído automaticamente do nível estático. No
caso da tabela 5 a fórmula, na célula C8, seria (= D9-64,25). Esta fórmula é
copiada para todas outras células da coluna REBAIXAMENTO.
Ao lado da coluna VAZÃO é colocada uma fórmula que multiplica o
valor desta pela diferença entre o valor atual da coluna TEMPO pelo valor
anterior [= Q 2 (t 2 -t 1 )]. No caso da Tabela 4 a fórmula, na célula F9, seria
[=E9*(B9-B8)}. Esta fórmula é copiada para toda as células abaixo, até a
linha final do teste de vazão máxima. Após esta linha, é colocada uma célula
com a fórmula da soma dos valores dessa coluna dividida pelo tempo total, no
caso da tabela 5, na célula F54, a fórmula seria [= SOMA(F9..F53)/1440].
Este procedimento possibilita o trabalho com a vazão média do teste,
aumentando a precisão do cálculo.
Para poços construídos em aqüíferos sedimentares, isotrópicos, esta
vazão média será igual à vazão de recuperação com sinal trocado (negativa).

33
34

Nestas condições, a vazão é constante, pois o poço se recupera com uma taxa
uniforme que é igual ao volume extraído durante o teste de rebaixamento,
dividido pelo tempo de bombeamento. Quando se interpreta os dados do teste
de recuperação, esta vazão constante permite grande precisão na obtenção dos
parâmetros hidrodinâmicos dos aqüíferos.

4.5. Utilização do Software Gráfico ORIGIN 5.0 para Representação e


Interpretação dos Dados dos Testes de Vazão
Para a confecção dos gráficos contendo a curva padrão de Theis e a
cuva de dados de rebaixamento ou recuperação, utilizaremos o software
ORIGIN, versão 5.0, da Microcal. Trata-se de um software bastante
apropriado para esta finalidade pelas seguintes razões:
a) é um software para uso científico em química, matemática ou
estatística e é encontrado na maior parte dos centros de pesquisa;
b) o ORIGIN permite total controle do tipo de gráfico, dimensões e
escalas;
c) os gráficos são dispostos em camadas (layers), tipo de recurso do
AutoCad, e isto possibilita o movimento relativo entre gráficos construídos
com diferentes tabelas de dados, podendo ser comparados quando forem
cosntruídos na mesma escala. Isto permite o emprego do método da
superposição, com eficiência e rapidez.
Na figura 8, o gráfico logarítmico da função de Theis, W(u) x 1/u, é
construído utilizando o ORIGIN 5.0, da Microcal, a partir da tabela do
EXCEL 97, da Microsoft. Ambos operam em ambiente Windows e os dados
podem ser facilmente copiados e colados. O EXCEL 97 é bastante conhecido
como sendo uma das mais poderosas planilhas eletrônicas de uso geral.
Usando os recursos do software ORIGIN versão 5.0, da MICROCAL,
nas representações gráficas dos aqüíferos livres, confinados e semi-
confinados, as Equações de Theis e Hantush são transformadas em matrizes
contendo as curvas características. As matrizes serão representadas
graficamente nas figuras dos itens seguintes.
Com os dados de rebaixamento x tempo, dos testes de vazão realizados
em poços penetrantes em aqüíferos livres ou confinados pode-se determinar

34
35

os parâmetros hidrodinâmicos, utilizando o método da superposição (entre a


curva padrão e a curva de dados).

4.5.1. Passos para obtenção de curvas e cálculo dos parâmetros


hidrodinâmicos
Em ambiente WINDOWS é possível copiar os dados da tabela 4 (caso
esta planilha tenha formato EXCEL) para a planilha de dados do ORIGIN
[coluna A(x) ⇒ 1/u e coluna B(y) ⇒ W(u)]. Deve-se criar mais duas colunas
para que se possa digitar (ou copiar) os dados de rebaixamento x tempo. Esta
matriz constitui um arquivo que será salvo com terminação PJC (de project),
dada pelo software ORIGIN (anteriormente, a versão 3.5 salvava o documento
com a terminação ORG).
Primeiramente constrói-se o gráfico da função de Theis utilizando-se os
dados das colunas A e B. Para tanto usa-se o menu PLOT da planilha DATA1.
Após a plotagem dos dados da função de Theis utiliza-se o comando AXES,
no menu FORMAT, do gráfico PLOT1, para escolha do tipo de gráfico
(logarítmico), escalas dos eixos x e y , linhas, labels, ticks, etc. Estes
procedimentos criam e formatam a layer 1. O comando LAYER permite
controlar as dimensões do gráfico, que deve ser compatível com as escalas
utilizadas nos eixos x e y.
Após, deve-se criar uma nova camada (layer 2), para a plotagem dos
dados s x t (rebaixamento x tempo). Isto é conseguido a partir do comando
NEW LAYER, do menu EDIT, do gráfico PLOT1. Nesta nova camada utiliza-
se o comando FORMAT para escolha do tipo de gráfico (logarítmico), escalas
compatíveis para os eixos x e y, linhas, labels, ticks, etc. O comando LAYER
permite controlar as dimensões do gráfico, que deve ser compatível com as
escalas utilizadas nos eixos x e y dos gráficos das layers 1 e 2.
Pode-se, então, utilizar o método da superposição entre os dois gráficos
(da Função de Theis e da curva de dados), movimentando a layer 2,
coincidindo os pontos entre a Função de Theis e a curva de dados, por meio
de tentativa e erro, até obter-se a melhor sobreposição.
Com o comando TOOLBARS do menu VIEW escolhe-se um ponto
coincidente que será usado para o cálculo dos parâmetros hidrodinâmicos do
aqüífero no local do poço. Obtém-se os valores de W(u) e 1/u da layer 1 para

35
36

o ponto coincidente escolhido (qualquer ponto do gráfico) e os valores de s e


t na layer 2.
Na figura 9, é mostrado um exemplo de cálculo dos parâmetros
hidrodinâmicos de um aqüífero livre, utilizando os softwares ORIGIN 5.0 e
EXCEL 97, com os dados da tabela 5.
Para determinação dos parâmetros hidrodinâmicos procede-se da
seguinte maneira:
- na célula situada abaixo da célula TRANSMISSIVIDADE (na planilha
do EXCEL 97) é colocada a fórmula de Theis para cálculo da
transmissividade em m 2 /h [T= Q.W(u)/4π.s], onde Q é a vazão média obtida;
- na célula situada abaixo da célula COEFICIENTE DE ARMAZENA-
MENTO é colocada a fórmula para cálculo do coeficiente de armazenamento
[S =4 . T . t /u . r 2 ], sendo o tempo dado em horas e r em metros.
Os valores de s e W(u) encontrados são inseridos na Fórmula de Theis,
situada abaixo da célula TRANSMISSIVIDADE da matriz do EXCEL 97,
obtendo-se, desta forma, a Transmissividade do aqüífero. O valor de T
calculado e os valores de t e 1/u obtidos são inseridos na fórmula situada
abaixo da célula COEFICIENTE DE ARMAZENAMENTO para o calculo
deste parâmetro.

36
37

4.5.2. Valores da Função de Theis para aqüíferos livres ou confinados


Na tabela 4, são mostrados valores da função W(u) x 1/u , apropriados
para a construção da curva da Função de Theis. Esta curva possibilita o
cálculo dos parâmetros hidrodinâmicos dos aqüíferos livres ou confinados
através da aplicação do método da superposição de Theis comparando-a com
as curvas de rebaixamento x tempo obtidas em testes de vazão.
Na figura 8 é representado o gráfico obtido com os valores da tabela 4.

Tabela 4. Valores de 1/u correspondentes aos valores de W(u).


1/u W(u) 1/u W(u)
1,0204082 0,2269 1111,1111 6,4368
1,1111111 0,2694 1250 6,5545
1,25 0,3106 1428,5714 6,6879
1,4285714 0,3738 1666,6667 6,842
1,6666667 0,4544 2000 7,0242
2 0,5598 2500 7,2472
2,5 0,7024 3333,3333 7,5348
3,3333333 0,9057 5000 7,9402
5 1,2227 6250 8,1634
6,25 1,4092 8333,3333 8,4509
8,3333333 1,6595 10000 8,6332
10 1,8229 11111,111 8,7386
11,111111 1,9187 12500 8,8563
12,5 2,0269 14285,714 8,9899
14,285714 2,1508 16666,667 9,144
16,666667 2,2953 20000 9,3263
20 2,4679 25000 9,5495
25 2,6813 33333,333 9,8371
33,333333 2,9591 50000 10,2426
50 3,3547 62500 10,4657
62,5 3,5739 83333,333 10,7534
83,333333 3,8576 100000 10,9357
100 4,0379 111111,11 11,0411
111,11111 4,1423 125000 11,1589
125 4,2591 142857,14 11,2924
142,85714 4,3916 166666,67 11,4465
166,66667 4,5448 200000 11,6289
200 4,7261 250000 11,852
250 4,9482 333333,33 12,1397
333,33333 5,2349 500000 12,5451
500 5,6394 625000 12,7683
625 5,8621 833333,33 13,056
833,33333 6,1494 1000000 13,2383
909,09091 6,2363
1000 6,3315

37
38

2
10

1
10
W(u)

0
10

-1
10
0 1 2 3 4 5 6
10 10 10 10 10 10 10
1/u

Figura 8. Gráfico da função de Theis.

38
39

Tabela 5. Planilha do EXCEL 97 contendo dados de teste de vazão realizado


em poço tubular profundo com 122 m de profundidade e totalmente penetrante
em um aqüífero livre da Bacia Sedimentar de São Paulo.
A B C D E F
1 POÇO Nº Nº POÇO ENDEREÇO DO PROPRIETÁRIO MUNICÍPIO
EMPR. PERF. LOCAL
2 13E C-3225/1 Aeroporto Intern. INFRAERO - GUARULHOS
de São Paulo Poço P-03'
3 COORD. COORD. km COTA DA BOCA EQUIP. BOMB. MARCA E
km EO NS (m) MOD.
4 347,8 7407,71 739,4 BOMBA EBARA BHS- r = 0,22225
SUBMERSA 507-8 30HP m
2 2
5 DATA TIPO TESTE Coeficiente de Transmissividade Diâmetro da r = 0,05 m
Armazenamento perfuração
6 18/06/93 Vazão Máxima S=0,04 T=2,8 m³/h Ø=17 1/2"
7 Hora Tempo (min) Nível (m) Rebaixamento (m) Vazão (m³/h) Qi x (ti-ti-1)
8 09:00 0 64,25 0 0
9 1 68,25 4 30,80 30,80
10 2 68,19 3,94 30,80 30,80
11 3 68,54 4,29 30,80 30, 80
12 4 68,70 4,45 30,40 30,40
13 5 68,82 4,57 30,40 30,40
14 6 69,00 4,75 30,40 30,40
15 7 69,09 4,84 30,40 30,40
16 8 69,11 4,86 30,40 30,40
17 9 69,16 4,91 30,40 30,40
18 10 69,26 5,01 30,40 30,40
19 12 69,46 5,21 30,40 60,80
20 14 69,62 5,37 30,80 61,60
21 16 69,70 5,45 30,80 61,60
22 18 69,78 5,53 30,80 61,60
23 20 69,84 5,59 30,80 61,60
24 25 70,07 5,82 30,80 154
25 30 70,17 5,92 30,80 154
26 35 70,27 6,02 30,80 154
27 40 70,39 6,14 30,80 154
28 50 70,57 6,32 30,80 308
29 60 70,71 6,46 30,80 308
30 70 70,84 6,59 30,40 304
31 80 70,96 6,71 30,40 304
32 90 71,05 6,8 30,40 304
33 100 71,11 6,86 30,40 304
34 120 71,27 7,02 30,40 608
35 150 71,48 7,23 30,40 912
36 180 71,62 7,37 30,40 912
37 210 71,83 7,58 30,40 912
38 240 71,94 7,69 29,90 897
39 270 72,07 7,82 29,90 897
40 300 72,11 7,86 29,90 897

39
40

41 360 72,44 8,19 30,40 1824


42 420 72,6 8,35 29,90 1794
43 480 72,84 8,59 29,90 1794
44 540 73,02 8,77 29,90 1794
45 600 73,18 8,93 29,90 1794
46 720 73,34 9,09 29,90 3588
47 840 73,59 9,34 29,90 3588
48 960 73,63 9,38 29,90 3588
49 1020 73,66 9,41 29,90 1794
50 1140 73,66 9,41 29,90 3588
51 1260 73,62 9,37 29,90 3588
52 1380 73,65 9,40 29,90 3588
53 1440 73,67 9,42 29,90 1794
54 Qm=30 m³/h 30,007917
55 DATA TIPO DE TESTE
56 19/06/93 Recuperação
57 Hora Tempo (min) Nível (m) Recuperação (m) Vazão média (m³/h)
58 09:00 0 73,67 0 30
59 1 70,34 3,33 30
60 2 68,74 4,93 30
61 3 68,31 5,36 30
62 4 68,08 5,59 30
63 5 67,90 5,77 30
64 6 67,73 5,94 30
65 7 67,65 6,02 30
66 8 67,57 6,10 30
67 9 67,49 6,18 30
68 10 67,45 6,22 30
69 14 67,26 6,41 30
70 20 67,11 6,56 30
71 25 67,07 6,60 30
72 30 67,01 6,66 30
73 35 66,85 6,82 30
74 40 66,76 6,91 30
75 50 66,67 7,00 30
76 60 66,52 7,15 30
77 70 66,4 7,27 30
78 80 66,33 7,34 30
79 90 66,23 7,44 30
80 120 66,05 7,62 30
81 150 65,87 7,80 30
82 180 65,77 7,90 30
83 TIPO DE TESTE
84 ESCALONADO
85 Dia Hora Tempo (horas) Rebaixamento (m) Vazão (m³/h)
86 19/06/93 12:00 2 3,73 10,90
87 19/06/93 14:00 2 5,46 18,10
88 19/06/93 16:00 3 7,64 26,40

40
41

CURVA DE REBAIXAMENTO DO POÇO P- 03' DA INFRAERO


GRÁFICO DA FUNÇÃO DE THEIS Ponto coincidente
100
t = 10000 min
s = 8,5 m
1/u = 1000000

Rebaixamento (m) 10 W(u) = 10


10

3
Q = 30 m /h
W(u)

2
T = 2,8 m /h
1 S = 0,04
1
1 10 100 1000 10000
Tempo (minutos)

0,1
1 10 100 1000 10000 100000 1000000
1/u

Figura 9. Emprego do método da superposição de Theis utilizando o ORIGIN


5.0, para cálculo dos parâmetros hidrodinâmicos do aqüífero sedimentar da
Bacia de São Paulo, no local do Poço 03’ da INFRAERO, no Aeroporto
Internacional de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos.

5. A FUNÇÃO DE HANTUSH PARA CÁLCULO DOS PARÂMETROS


HIDRODINÂMICOS DOS AQÜÍFEROS SEMI-CONFINADOS

Para poços perfurados em aqüíferos situados sob um aquitarde,


HANTUSH (1956) desenvolveu um método onde é possível calcular o
rebaixamento para qualquer vazão possível de ser extraída.
O modelo considera que o aqüífero é homogêneo, isotrópico, de
extensão infinita e possui a mesma espessura em todos os pontos. O fluxo do
aqüífero para o poço, inteiramente penetrante, é radial e deriva inteiramente
do aquitarde que alimenta o aqüífero, por efeito gravitacional.
O modelo assume, também, que as linhas de fluxo entre o aquitarde e o
aqüífero são refratadas em ângulo reto com a interface aqüífero-aquitarde e
que nível d’água do aquitarde não é influenciado pelo fluxo do aqüífero para
o poço.
Este tipo de aqüífero, semi-confinado, é relativamente comum no
sudeste brasileiro, como por exemplo, pode-se citar que é a forma de
ocorrência predominante do Aqüífero Tubarão.

41
42

Devido à constante recarga proporcionada pelo aquitarde ao aqüífero, o


nível d’água em um poço se estabiliza quando este escoamento se iguala à
vazão extraída.
O parâmetro que determina o escoamento do aquitarde para o aqüífero é
conhecido como fator de gotejamento (r/B). Este fator relaciona a
Condutividade Hidráulica do aquitarde (K’), a espessura do aquitarde (m’) e a
Transmissividade do aqüífero (T), e pode ser calculado pela expressão:
B 2 = T/(K’/m’) .
Em notação de coordenadas polares o fluxo em regime transitório é
governado pela equação:
∂ 2 h 1 ∂ h h S ∂ h
+ ( )− 2 = ( )
∂ r 2
r ∂ r B T ∂ t

Nas condições onde os limites são: h → 0 para r → ∞ e t ≥ 0, temos


lim ∂ h Q
r =−
r→0 ∂ r 2π T

Nas condições iniciais, h = 0 para t<0, e para todos os valores de r, a


solução do problema é dada por HANTUSH (1956):
Q ∞ 1 ⎛ r2 ⎞
h0 − h = s =
4π T ∫
u y
exp ⎜ − y −

⎟d y
4 B2 y⎠

O desenvolvimento da expressão acima é complexo. Assim, o cálculo


algébrico do rebaixamento para uma determinada vazão e após um
determinado tempo de bombeamento, em um poço inteiramente penetrante em
um aqüífero semi-confinado, vai exigir o prévio conhecimento da
Condutividade Hidráulica e espessura da camada semi-confinante (aquitarde)
e, da Transmissividade do aqüífero.
Neste trabalho não será demonstrado o desenvolvimento da expressão
de Hantush acima citada. A demonstração dessa expressão pode ser
encontrada na bibliografia citada, por exemplo, em WALTON (1970).
Da mesma forma, a expressão algébrica para cálculo do rebaixamento
em aqüíferos semi-confinados, com armazenamento importante na camada
aquitarde, também desenvolvida por HANTUSH (1956) e a expressão
algébrica de NEUMAN (1975), utilizada para o cálculo do rebaixamento em
aqüíferos semi-livres (constituídos por uma camada contendo o aqüífero

42
43

freático superimposta ao aqüífero principal), também não serão demonstradas


neste trabalho que tem por objetivo somente a aplicação dos métodos citados.
Todavia, para os interessados, o desenvolvimento das expressões algébricas
podem ser encontradas nos artigos originais dos autores citados, cuja relação
bibliográfica consta do final do trabalho.

43
44

Na tabela 6, é mostrada a função W(u,r/B) x 1/u, para valores de r/B


apropriados para a construção da família de curvas da Função de Hantush.
Esta família de curvas possibilita o cálculo dos parâmetros hidrodinâmicos
dos aqüíferos semi-confinados, sem armazenamento importante no aquitarde,
através do método da superposição, comparando-a com os dados de
rebaixamento x tempo obtidos em testes de vazão.
Na figura 10 é representado o gráfico da Função de Hantush para os
valores de r/B mostrados na tabela 6.

Tabela 6. Valores de 1 / u e correspondentes valores de W ( u , r / B ), para valores


selecionados de r/B.

W( u,r/B)

1/u r/B=0 r/B=0,01 r/B=0,03 r/B=0,05 r/B=0,1 r/B=0,15 r/B=0,2 r/B=0,4 r/B=0,6

1 0 , 219 4 0 , 219 4 0 , 219 3 0 , 219 3 0 , 219 0 , 218 6 0 , 217 9 0 , 213 5 0 , 206 5

1,1111 0 ,260 2 0 ,260 2 0 ,260 1 0 ,260 1 0 ,259 7 0 ,259 1 0 ,258 3 0 ,252 7 0 ,243 6

2 0 , 559 8 0 , 559 8 0 , 559 6 0 , 559 4 0 , 558 1 0 , 556 1 0 , 553 2 0 , 534 4 0 , 504 4

3,3333 0 ,905 7 0 ,905 6 0 ,905 3 0 ,904 7 0 ,901 8 0 ,896 9 0 ,890 2 0 ,845 7 0 ,777 5

5 1 , 222 7 1 , 222 6 1 , 222 1 , 220 9 1 , 215 5 1 , 206 6 1 , 194 4 1 , 114 5 0 , 996 4

10 1 , 822 9 1 , 822 7 1 , 821 3 1 , 818 4 1 , 805 1 , 782 9 1 , 752 7 1 , 564 4 1 , 311 5

11,111 1 ,918 7 1 ,918 5 1 ,916 9 1 ,913 6 1 ,898 3 1 ,873 2 1 ,838 9 1 ,627 2 1 ,348 6

20 2 , 467 9 2 , 467 5 2 , 464 2 2 , 457 6 2 , 427 1 2 , 377 6 2 , 311 1 , 928 3 1 , 492 7

33,333 2 ,959 1 2 ,958 4 2 ,952 3 2 ,940 9 2 ,887 3 2 ,801 7 2 ,689 6 2 ,103 1 1 ,542 3

50 3 , 354 7 3 , 353 6 3 , 344 4 3 , 326 4 3 , 244 2 3 , 115 8 2 , 952 1 2 , 180 9 1 , 553

100 4 ,037 9 4 ,035 6 4 ,016 7 3 ,979 5 3 ,815 3 ,572 5 3 ,287 5 2 ,225 3 1 ,555

111,11 4 ,142 3 4 ,139 6 4 ,118 6 4 ,077 2 3 ,895 2 3 ,630 2 3 ,323 9 2 ,226 9 1 ,555

200 4 ,726 1 4 ,721 2 4 ,682 9 4 ,608 4 4 ,296 3 ,882 1 3 ,456 7 2 ,229 1 ,555

333,33 5 ,234 9 5 ,226 7 5 ,162 7 5 ,040 8 4 ,562 2 4 ,009 2 3 ,496 9 2 ,229 1 1 ,555

500 5 ,639 4 5 ,627 1 5 ,531 4 5 ,353 8 4 ,707 9 4 ,044 5 3 ,504 3 2 ,229 1 1 ,555

1000 6 ,331 5 6 ,306 9 6 ,120 2 5 ,796 5 4 ,829 2 4 ,059 5 3 ,505 4 2 ,229 1 1 ,555

44
45

10
W(u,r/B)

0,1
1 10 100 1000
1/u

r/B=0 r/B=0,1
r/B=0,01 r/B=0,15
r/B=0,03 r/B=0,2
r/B=0,05 r/B=0,4
r/B=0,6

Figura 10. Gráfico da função de Hantush, W(u,r/B) x 1/u, para valores selecionados
de r/B.

Visando simplificar a aplicação do seu método, HANTUSH (1956)


substituiu a função W(u,r/B) pela expressão K 0 (r/B)/2 cujos valores principais
estão discriminados na tabela 7.
A expressão K 0 (r/B)/2 proporciona o cálculo rápido do rebaixamento do
nível d’água dos poços construídos em aqüíferos semi-confinados a partir do
conhecimento da Transmissividade, para qualquer vazão possível de ser
extraída.

45
46

A função K 0 é conhecida como função de Bessel, modificada, de


segundo tipo e ordem zero e, a relação r/B é conhecida como fator de
gotejamento (HUISMAN, 1972).

Tabela 6. Valores de K 0 (r/B) tabelados por HANTUSH (1956).

Equação para poços em aqüíferos semi-confinados: s = Q K 0 (r/B)/2πT


N r/B = N x 10 - 3 r/B = N x 10 - 2 r/B = N x 10 - 1 r/B = N
1 7,0237 4,7212 2,4271 0,421
1,5 6,6182 4,3159 2,03 0,2138
2 6,3305 4,0285 1,7527 0,1139
2,5 6,1074 3,8056 1,5415 0,0623
3 5,9251 3,6235 1,3725 0,0347
3,5 5,7709 3,4697 1,2327 0,0196
4 5,6374 3,3365 1,1145 0,0112
4,5 5,5196 3,2192 1,0129 0,0064
5 5,4143 3,1142 0,9244 0,0037
5,5 5,319 3,0195 0,8466
6 5,232 2,9329 0,7775 0,0012
6,5 5,152 2,8534 0,7159
7 5,0779 2,7798 0,6605 0,0004
7,5 5,0089 2,7114 0,6106
8 4,9443 2,6475 0,5653
8,5 4,8837 2,5875 0,5242
9 4,8266 2,531 0,4867
9,5 4,7725 2,4776 0,4524

5.1. Exemplo de Aplicação – Poço Perfurado em Aqüífero Semi-confinado


sem Armazenamento Importante no Aquitarde
Na tabela 7 são mostrados os dados do teste de vazão realizado no Poço
n o 27 do Serviço Autônomo de Águas e Esgotos de Tietê. Este poço foi
perfurado em sedimentos predominantemente arenosos, flúvio-glaciais, do
Subgrupo Itararé, do Grupo Tubarão.
A interpretação gráfica dos dados do teste se encontra na figura 11.

46
47

Tabela 7. Teste de vazão máxima e de recuperação realizado no Poço n o 27 do


SAMAE de Tietê.

Poço no Perfurador Endereço do Proprietário Município Diâmetros e


local Profundidades
27 Instituto JD. BONANZA SAMAE Tietê 18" - 17 m
Geológico
Coord. km Coord. km Cota (m) Equipamento de Raio do poço 10" - 63 m
UTM EO UTM NS bombeamento
222,35 7444,25 Bomba submersa r = 0,135 m 8" - 217 m
r2 = 0,018 m2
Profund. Aqüífero Tipo Transmissividade r/B 6" - 251 m

251 m Sedimentar Semi-confinado 0,6 m2/h 0,1


Data TIPO TESTE
20/04/98 Vazão Máxima
Hora Tempo (min) Nível (m) Rebaixamento (m) Vazão (m³/h) Qi(ti-ti-1)

08:00 0 35,45 0 0
1 36 0,55 28,3 28,3
2 40,54 5,09 28,3 28,3
3 46,03 10,58 28,3 28,3
4 49,20 13,75 28,3 28,3
5 50,70 15,25 28,3 28,3
6 51,45 16 28,3 28,3
7 51,98 16,53 28,3 28,3
8 52,27 16,82 28,3 28,3
9 52,57 17,12 28,3 28,3
10 52,71 17,26 28,3 28,3
20 53,3 17,85 28,3 283
25 53,54 18,09 28,3 141,5
30 53,70 18,25 28,3 141,5
40 53,88 18,43 28,3 283
50 54,06 18,61 28,3 283
60 54,21 18,76 28,3 283
90 54,59 19,14 28,3 849
120 54,80 19,35 28,3 849
220 55,17 19,72 28,3 2830
320 55,53 20,08 28,3 2830
420 55,78 20,33 28,3 2830
520 55,95 20,50 28,3 2830

47
48

620 56,16 20,71 26,4 2640


720 56,25 20,8 26,4 2640
820 56,31 20,86 26,4 2640
920 56,40 20,95 26,4 2640
1020 56,49 21,04 26,4 2640
1120 56,55 21,10 26,4 2640
1220 56,62 21,17 26,4 2640
1320 56,67 21,22 26,4 2640
1420 56,69 21,24 26,4 2640
1440 56,69 21,24 26,4 528
Qm = 27,086111 m³/h

Data Tipo de teste


21/04/98 Recuperação
Hora Tempo(min) Nível (m) Recuperação (m) Vazão de recuperação (m³/h)
08:00 0 56,69 0 27,086
1 53,48 3,21 27,086
2 49,66 7,03 27,086
3 47,47 9,22 27,086
4 46,30 10,39 27,086
5 44,86 11,83 27,086
6 44,13 12,56 27,086
7 43,72 12,97 27,086
8 43,22 13,47 27,086
9 42,95 13,74 27,086
10 42,75 13,94 27,086
20 41,40 15,29 27,086
25 41,00 15,69 27,086
30 40,72 15,97 27,086
40 40,33 16,36 27,086
50 39,96 16,73 27,086
60 39,71 16,98 27,086
90 39,15 17,54 27,086
120 38,74 17,95 27,086
220 38,00 18,69 27,086
320 37,59 19,10 27,086
360 37,42 19,27 27,086
1470 36,48 20,21 27,086

48
49

3 s = Q.W(u,r/B)/4πT
Q = 27,086,36 m /h
2
3,62 = 27,086.4,5/4π.T
T = 0,6 m /h 2
T = 0,6 m /h
r/B = 0,1
r = 0,14 m
s = Q.K0(r/B)/2.π.T
s = Q.2,4271/2.π.0,6
s = 0,64.Q
Curva de recuperação do Poço do Jd. Bonanza, do SAMAE de Tietê.
100

GRÁFICO DA FUNÇÃO DE HANTUSH

10
Rebaixamento (m)

r/B=0
r/B=0,1
r/B=0,15
r/B=0,2
10
r/B=0,4 Ponto coincidente
r/B=0,6 W(u,r/B) = 1
W(u,r/B)

1/u = 1000
1
s = 3,62 m
t = 114 min
r/B = 0,1

1
1 10 100 1000 10000
Tempo (min)

0,1
1 10 1/u 100 1000

Figura 11. Aplicação do modelo de Hantush para o cálculo dos parâmetros


hidrodinâmicos do Poço no 27 do SAMAE, em Tietê.

5.2.Rebaixamento do Nível D’água em Poços Perfurados em Aqüíferos


Semi-confinados com Armazenamento Importante no Aquitarde
Equacionando o problema do rebaixamento em poços inteiramente
penetrantes em aqüíferos semi-confinados, com armazenamento importante no
aquitarde, HANTUSH (1956) chegou na seguinte expressão:

Q ⋅ H ( u, β ) r (S ' / S ) T
s = h0 − h = onde β= e B=
4π T 4B ( K ' / b' )
sendo: S ' = Coeficiente de Armazenamento do aquitarde; S = Coeficiente de
Armazenamento do aqüífero; K ' = Condutividade Hidráulica do aquitarde; b '
= espessura do aquitarde e; r = raio de influência.

49
50

Na Tabela 8 encontram-se os valores de H(u, ß) em função de u e ß. O


gráfico da função H(u, ß) x u encontra-se na figura 12.

Tabela 8. Valores de u e ß da função de Hantush para o cálculo do


rebaixamento em um poço construído em um aqüífero semi-confinado, com
armazenamento importante no aquitarde.

H (u, ß)
u ß = 0,001 ß = 0,005 ß = 0,01 ß = 0,05 ß = 0,1 ß = 0,2
1E-06 11,9842 10,5908 9,9259 8,3395 7,6497 6,959
5E-06 10,8958 9,7174 9,0866 7,5284 6,8427 6,1548
0,00001 10,3739 9,3203 8,7142 7,1771 6,4944 5,8085
0,00005 9,0422 8,3171 7,8031 6,3523 5,6821 5,0045
0,0001 8,4258 7,8386 7,3803 5,9906 5,3297 4,6581
0,0005 6,9273 6,6024 6,2934 5,1223 4,4996 3,8527
0,001 6,2624 6,0193 5,7727 4,729 4,1337 3,5045
0,005 4,6951 4,5786 4,4474 3,7415 3,2483 2,6891
0,01 4,0163 3,9334 3,8374 3,2752 2,8443 2,3325
0,05 2,459 2,4243 2,3826 2,1007 1,8401 1,4872
0,1 1,8172 1,7949 1,7677 1,5768 1,3893 1,1207
0,5 0,5584 0,553 0,5463 0,4969 0,4436 0,3591
1 0,2189 0,2169 0,2144 0,1961 0,1758 0,1427
5 0,00115 0,00112 0,00112 0,00104 0,00093 0,00076

u ß = 0,5 ß=1 ß=2 ß=5 ß = 10 ß = 20


1E-06 6,0463 5,3575 4,6721 3,7756 3,111 2,4671
5E-06 5,2459 4,5617 3,8836 3,0055 2,3661 1,7633
0,00001 4,9024 4,2212 3,5481 2,6822 2,059 1,4816
0,00005 4,109 3,4394 2,7848 1,9622 1,3943 0,8994
0,0001 3,77 3,1082 2,4658 1,6704 1,1359 0,6878
0,0005 2,9933 2,3601 1,7604 1,0564 0,6252 0,3089
0,001 2,665 2,0506 1,4776 0,8271 0,4513 0,1976
0,005 1,925 1,3767 0,8915 0,4001 0,1677 0,0493
0,01 1,6193 1,1122 0,6775 0,267 0,0955 0,0221
0,05 0,954 0,5812 0,2923 0,0755 0,016 0,00164
0,1 0,6947 0,397 0,1789 0,0359 0,00552 0,00034
0,5 0,2083 0,1006 0,0325 0,00288 0,00015 -
1 0,0812 0,0365 0,00993 0,00055 0,00002 -
5 0,00042 0,00017 0,00003 - - -

50
51

2
10

1
10

0
10
LEGENDA
-1 ß=0,001
10
ß=0,005
H(u,ß)

ß=0,01
-2 ß=0,05
10 ß=0,1
ß=0,2
ß=0,5
-3
10 ß=1
ß=2
ß=5
-4 ß=10
10
ß=20

-5
10
-1 0 1 2 3 4 5 6 7
10 10 10 10 10 10 10 10 10
1/u

Figura 12. Gráfico da função de Hantush para aqüíferos semi-confinados com


armazenamento importante no aquitarde.

5.3. Exemplo de Aplicação – Poço Perfurado em Aqüífero Semi-confinado


com Armazenamento Importante no Aquitarde
Na tabela 9 são mostrados os dados do teste de vazão realizado no Poço
da Companhia Brasileira de Cristais – CEBRACE, em Caçapava, Est. de São
Paulo.
A representação dos dados e interpretação gráfica desse teste se
encontra na figura 13.

51
52

Tabela 9. Teste de vazão máxima e escalonado realizado no Poço da


CEBRACE – Comp. Brasileira de Cristais, em Caçapava.

POÇO Nº Nº DO POÇO ENDEREÇO DO PROPRIETÁRIO MUNICÍPIO


EMPR.PERF. LOCAL
- H-SJ-198/89 Via Dutra km 136,1 - Cebrace-Cia.Bras. de Caçapava
Bairro Santa Luzia Cristais
COORD. km EO COORD. km NS COTA DA BOCA TIPO DE EQUIP. MARCA E MOD.

- - - Bomba Submersa Leão - 50 HP


DATA: TIPO TESTE Transmissividade Vazão média
2
30/08/89 Rebaixamento 5 m /h 86,75 (m³/h)
Hora Tempo (min) Nível (m) Rebaixamento (m) Vazão (m³/h)
06:30 0 44,40 0
2 51,00 6,60 87,90
3 51,05 6,65 87,90
4 51,08 6,68 87,90
5 51,13 6,73 87,90
6 51,30 6,90 87,90
7 51,37 6,97 87,90
8 51,41 7,01 87,90
9 51,52 7,12 87,90
10 51,60 7,20 87,90
12 51,65 7,25 87,90
14 51,85 7,45 87,90
16 51,90 7,50 87,90
18 51,93 7,53 87,90
20 52,00 7,60 87,90
25 52,20 7,8 87,90
30 52,27 7,87 87,90
35 52,38 7,98 87,90
40 52,60 8,20 87,90
50 52,78 8,38 87,50
60 52,93 8,53 87,50
70 52,98 8,58 87,50
80 53,00 8,60 87,50
90 53,08 8,68 87,50
120 53,29 8,89 87,00
150 53,55 9,15 87,00
180 53,70 9,30 87,00

52
53

210 53,80 9,40 87,00


240 53,87 9,47 87,00
270 54,00 9,60 87,00
300 54,15 9,75 87,00
360 54,25 9,85 87,00
420 54,35 9,95 87,00
480 54,50 10,10 86,70
540 54,55 10,15 86,70
600 54,70 10,30 86,70
720 54,90 10,50 86,70
840 55,00 10,60 86,70
900 55,00 10,60 86,70
1080 55,00 10,60 86,50
1320 55,00 10,60 86,50
1440 55,00 10,60 86,50

TIPO DE TESTE: Escalonado


DIA Hora Tempo (horas) Rebaixamento (m) Vazão (m³/h)
31/08/89 3 4,70 35,30
31/08/89 3 6,22 51,40
31/08/89 3 8,06 68,70

53
54

H(u,β) = 10
-7
100 u = 10
100

Rebaixamento (m)
s = 13,93 m
t = 5055 min
10 3
10 Q = 86,75 m /h
T = Q.H (µ , Β) / 4 π.s
1
T = 86,75.10 / 4 π.13,93
H(u,ß)

1 2
1 10 100 1000 10000 T = 5 m /h
Tempo (minutos)
0,1

LEGENDA
ß=0,001
0,01 ß=0,1
ß=0,2
ß=0,5
ß=1
1E-3
ß=2
ß=5
ß=10
1E-4 ß=20

u
1E-5
10 1 0,1 0,01 1E-3 1E-4 1E-5 1E-6 1E-7

Figura 13. Aplicação do modelo de Hantush para o cálculo dos parâmetros


hidrodinâmicos em aqüíferos semi-confinados com armazenamento
importante no aquitarde, no local do Poço da CEBRACE, em Caçapava.

5.4.Rebaixamento do Nível D’água em Poços Perfurados em Aqüíferos


Semi-livres
Para poços inteiramente penetrantes em aqüíferos semi-livres, isto é,
aqüíferos que produzem um retardamento da função rebaixamento x tempo
devido à contribuição da água armazenada na camada aqüífera freática,
superior, a função s x t é complexa. Nesta função são considerados os
parâmetros hidrodinâmicos da camada aqüífera freática superimposta à
camada aqüífera principal.
A água é extraída de um aqüífero semi-livre, através do bombeamento
de um poço, por dois mecanismos. Primeiramente a água provém do
armazenamento da camada aqüífera principal (S s ), da mesma forma como
ocorre em aqüíferos confinados. À medida em que o nível d’água sofre
rebaixamento, em decorrência da drenagem da água contida na camada
aqüífera freática que abastece a camada aqüífera principal, a água que está

54
55

sendo extraída passa a derivar do armazenamento específico dessa camada


freática (S y ).
Assim, há três fases distintas nas relações rebaixamento x tempo.
Primeiramente a água provém do aqüífero principal, o fluxo é horizontal e
deriva de toda a espessura desta camada aqüífera. Durante este período a
função rebaixamento x tempo do nível d’água do poço tem o comportamento
análogo ao de um aqüífero confinado e segue a curva de Theis para fluxo
transitório.
Seguindo esta fase, o nível d’água rebaixa e água passa a derivar da
drenagem gravitacional do aqüífero, havendo então dois tipos de fluxos:
vertical, proveniente da camada drenada e horizontal, proveniente da camada
aqüífera principal. A função rebaixamento x tempo do nível d’água do poço
passa a ter, então, um comportamento quase linear e horizontal.
À medida que o tempo passa, a taxa de rebaixamento decresce e o fluxo
volta a ser horizontal e provém inteiramente do armazenamento específico da
camada freática superior. A função rebaixamento x tempo do nível d’água do
poço tem, então, um comportamento análogo ao de um aqüífero livre cujo
Coeficiente de Armazenamento é igual ao armazenamento específico (S y ) e
segue a curva de Theis para fluxo transitório (FETTER, 1988).
NEUMAN (1965) desenvolveu curvas-padrão que mostram a resposta de
aqüíferos semi-livres ao bombeamento em poços.
A equação do fluxo é dado pela expressão:

W (u A , u B , Γ )
Q
s=
4π T
onde W(uA,uB,Γ) é a função dos aqüíferos semi-livres e,

r2S
uA = (para os dados do início do rebaixamento)
4Tt
r2S y
uB = (para os dados médios e finais do rebaixamento)
4Tt
r2 Kv
Γ=
b2 Kh

Sendo:
S = armazenamento específico;

55
56

K h = condutividade hidráulica horizontal;


K v = condutividade hidráulica vertical;
b = espessura inicial saturada do aqüífero.
Dois conjuntos de curvas-padrão são usados. O conjunto com padrão A
é bom para os dados do início até o meio do rebaixamento e o conjunto com
padrão B é usado para os dados medianos até o final do rebaixamento (BEAR,
1979).
Os valores da função W(uA,uB,Γ) x uA e uB foram calculados por NEUMAN
(1965). Uma seleção desses valores, apropriada para a construção das curvas-
padrão se encontram na tabela 10.

Tabela 10. Valores de u A x W (u A , Γ ) e u B x W(u B , Γ ) da função de Neuman para


o cálculo do rebaixamento em um poço construído em um aqüífero semi-livre.
Valores da função W (uA, Γ) para aqüíferos semi-livres

s = h0 –h =Q. W (uA,uB, Γ)
uA = r2.S/4.T.t onde S = Coeficiente de Armazenamento

Γ = r2.Kv / b2.Kh
1/uA Γ=0,001 Γ=0,01 Γ=0,06 Γ=0,2 Γ=0,6 Γ=1 Γ=2 Γ=4 Γ=6
0,4 0,0248 0,0241 0,023 0,0214 0,0188 0,017 0,0138 0,00933 0,00639
0,8 0,145 0,14 0,131 0,119 0,0988 0,0849 0,0603 0,0317 0,0174
1,4 0,358 0,345 0,318 0,279 0,217 0,175 0,107 0,0445 0,021
2,4 0,662 0,633 0,57 0,483 0,343 0,256 0,133 0,0476 0,0214
4 1,02 0,963 0,849 0,688 0,438 0,3 0,14 0,0478 0,0215
8 1,57 1,46 1,23 0,918 0,497 0,317 0,141 0,0478 0,0215
14 2,05 1,88 1,51 1,03 0,507 0,317 0,141 0,0478 0,0215
24 2,52 2,27 1,73 1,07 0,507 0,317 0,141 0,0478 0,0215
40 2,97 2,61 1,85 1,08 0,507 0,317 0,141 0,0478 0,0215
80 3,56 3 1,92 1,08 0,507 0,317 0,141 0,0478 0,0215
140 4,01 3,23 1,93 1,08 0,507 0,317 0,141 0,0478 0,0215
240 4,42 3,37 1,94 1,08 0,507 0,317 0,141 0,0478 0,0215
400 4,77 3,43 1,94 1,08 0,507 0,317 0,141 0,0478 0,0215
800 5,16 3,45 1,94 1,08 0,507 0,317 0,141 0,0478 0,0215
1400 5,4 3,46 1,94 1,08 0,507 0,317 0,141 0,0478 0,0215
2400 5,54 3,46 1,94 1,08 0,507 0,317 0,141 0,0478 0,0215
4000 5,59 3,46 1,94 1,08 0,507 0,317 0,141 0,0478 0,0215
8000 5,62 3,46 1,94 1,08 0,507 0,317 0,141 0,0478 0,0215
14000 5,62 3,46 1,94 1,08 0,507 0,317 0,141 0,0478 0,0215

56
57

Valores da função W (uB, Γ) para aqüíferos freáticos ⇒ s = h0 –h = Q. W (uA,uB, Γ)


uB = r2.Sy / 4.T.t onde Sy = Armazenamento específico
1/uB Γ=0,001 Γ=0,01 Γ=0,06 Γ=0,2 Γ=0,6 Γ=1 Γ=2 Γ=4 Γ=6
0,0004 5,62 3,46 1,94 1,09 0,508 0,318 0,142 0,0479 0,0215
0,0008 5,62 3,46 1,94 1,09 0,508 0,318 0,142 0,048 0,0216
0,0014 5,62 3,46 1,94 1,09 0,508 0,318 0,142 0,0481 0,0217
0,0024 5,62 3,46 1,94 1,09 0,508 0,318 0,142 0,0484 0,0219
0,004 5,62 3,46 1,94 1,09 0,508 0,318 0,142 0,0488 0,0221
0,008 5,62 3,46 1,94 1,09 0,509 0,319 0,143 0,0496 0,0228
0,014 5,62 3,46 1,94 1,09 0,51 0,321 0,145 0,0509 0,0239
0,024 5,62 3,46 1,94 1,09 0,512 0,323 0,147 0,0532 0,0257
0,04 5,62 3,46 1,94 1,09 0,516 0,327 0,152 0,0568 0,0286
0,08 5,62 3,46 1,94 1,09 0,524 0,337 0,162 0,0661 0,0362
0,14 5,62 3,46 1,94 1,1 0,537 0,35 0,178 0,0806 0,0486
0,24 5,62 3,46 1,95 1,11 0,557 0,374 0,205 0,106 0,0714
0,4 5,62 3,46 1,96 1,13 0,589 0,412 0,248 0,149 0,113
0,8 5,62 3,46 1,98 1,18 0,667 0,506 0,357 0,266 0,231
1,4 5,63 3,47 2,01 1,24 0,78 0,642 0,517 0,445 0,419
2,4 5,63 3,49 2,06 1,35 0,954 0,85 0,763 0,718 0,703
4 5,63 3,51 2,13 1,5 1,2 1,13 1,08 1,06 1,05
8 5,64 3,56 2,31 1,85 1,68 1,65 1,63 1,63 1,63
14 5,65 3,63 2,55 2,23 2,15 2,14 2,14 2,14 2,14
24 5,67 3,74 2,86 2,68 2,65 2,65 2,64 2,64 2,64
40 5,7 3,9 3,24 3,15 3,14 3,14 3,14 3,14 3,14
80 5,76 4,22 3,85 3,82 3,82 3,82 3,82 3,82 3,82
140 5,85 4,58 4,38 4,37 4,37 4,37 4,37 4,37 4,37
240 5,99 5 4,91 4,91 4,91 4,91 4,91 4,91 4,91
400 6,16 5,46 5,42 5,42 5,42 5,42 5,42 5,42 5,42
800 6,47 6,11 6,11 6,11 6,11 6,11 6,11 6,11 6,11
1400 6,67 6,67 6,67 6,67 6,67 6,67 6,67 6,67 6,67
2400 7,21 7,21 7,21 7,21 7,21 7,21 7,21 7,21 7,21
4000 7,72 7,72 7,72 7,72 7,72 7,72 7,72 7,72 7,72
8000 8,41 8,41 8,41 8,41 8,41 8,41 8,41 8,41 8,41
14000 8,97 8,97 8,97 8,97 8,97 8,97 8,97 8,97 8,97
24000 9,51 9,51 9,51 9,51 9,51 9,51 9,51 9,51 9,51
40000 19,4 19,4 1,94 19,4 19,4 19,4 19,4 19,4 19,4

57
58

A curva padrão é construída com o software ORIGIN 5.0 em duas


etapas:
- na primeira emprega-se os valores da função W(u A ,u B ,Γ) x u A utilizando a
layer 1 ,
- na segunda emprega-se os valores da função W(u A ,u B ,Γ) x u B utilizando a
layer 2.
Após estes procedimentos junta-se os dois gráficos, através de
tentativas, de forma que as curvas sejam contínuas, como na figura 14.

1/uA
-1 0 1 2 3 4 5
10 10 10 10 10 10 10
10 10

1 1
W(uA,uB,Γ)

0,1 0,1

0,01 0,01

1E-3 1E-3
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10

1/uB

Curva da função W(uA,uB,Γ) para determinar o rebaixamento Γ=0,001


Γ=0,01
de poços construídos em aqüíferos semi-livres. Γ=0,06
2 Γ=0,2
uA=r .S/4.T.t Γ=0,6
2
uB=r .Sy/4.T.t Γ=1
Γ=2
2 2
Γ= r .K /b .Kh Γ=4
Γ=6
v

Figura 14. Gráfico da função de Neuman para aqüíferos semi-livres.

58
59

5.5. Exemplo de Aplicação – Poço Perfurado em Aqüífero Semi-livre


Na figura 15 é mostrada a interpretação gráfica dos dados do teste de
vazão realizado no Poço n o 21 da SABESP, em Caçapava, Estado de São
Paulo.

s = 6,14 m Ponto coincidente


W(uA, uB, Γ) = 10 s = 6,14 m
r = 0,22 m 3 t = 5 min
2 2 Q = 122,9 m /h
r = 0,05 m
s = Q. W(uA, uB, Γ) / 4π.T W(uA, uB, Γ) = 10
2 1/uA = 1.000.000
1/uA T = 16 m /h
100
1/uB = 100
0,1 1 10 100 1000 10000 100000
10 10

Rebaixamento (m)
10
1 1
W(uA,uB,Γ)

1
1 10 100 1000 10000
0,1 0,1
Rebaixamento

0,01 0,01

1E-3 1E-3
1E-5 1E-4 1E-3 0,01 0,1 1 10 100 1000 10000 100000

1/uB
Γ=0,001 Γ=1
Γ=0,01 Γ=2
Γ=0,06 Γ=4
Γ=0,2 Γ=6
Γ=0,6

Figura 15. Curva da função W(u A ,u B ,Γ) para cálculo dos parâmetros
hidrodinâmicos do aqüífero Caçapava no local do poço n o 21, da SABESP.

5.6.Rebaixamento do Nível D’água em Poços Perfurados em Aqüíferos


Fissurados

MANOEL FILHO (1996) utiliza modelamento fractal para determinação


dos parâmetros hidrodinâmicos no meio fissurado. Para utilizar o
modelamento fractal MANOEL FILHO (1996) assume que o bombeamento no
poço de produção é realizado de forma transitória, não sendo constante.

59
60

O modelo que utiliza para superposição com os dados de rebaixamento


ou recuperação e determinação de T e S y são as curvas padrão de BOULTON
(1963) ou seja, o mesmo modelo que NEUMAN (1965) utiliza para aqüíferos
semi-livres.
A utilização das curvas padrões de BOULTON (1963) mostra que
MANOEL FILHO (1996) emprega os mesmos tipos de curvas e o método da
superposição utilizado para poços construídos em aqüíferos sedimentares
somente mudando as condições de bombeamento que passa a ser feito de
forma transitória, isto é, a vazão durante o bombeamento não é constante.
Assim, de uma maneira simples, para poços perfurados em aqüíferos
fissurados pode-se determinar a Transmissividade média das fissuras
utilizando-se as curvas padrões utilizadas para aqüíferos livres, confinados,
semi-confinados com ou sem armazenamento importante no aquitarde e semi-
livres. Para evitar as dificuldades matemáticas impostas pelo modelamento
fractal pode-se usar a vazão constante dos modelos empregados em aqüíferos
sedimentares admitindo-a como sendo a última vazão medida no período final
do bombeamento.

5.7. Exemplo de Aplicação – Poço Perfurado em Aqüífero Fissurado


Na tabela 11 são mostrados os dados do teste de vazão realizado no
Poço n o 0144 da SABESP, n o 2 do Distrito de Polvilho, em Cajamar,
Município da Região Metropolitana de São Paulo.
A representação dos dados e interpretação gráfica desse teste se
encontra na figura 16.
O poço n o 2 do Distrito de Polvilho apresentou o seguinte perfil
geológico:de 0 a 18 m - solo argilo-arenoso, cor castanho amarelado; 18 a 26
m - filito do Grupo São Roque, do Pré-Cambriano Superior, muito fraturado;
26 a 180 m - filito do Grupo São Roque, compacto. Entradas de água a 86 e
138 m. O poço foi revestido com tubos lisos de 8" até os 47 m.

60
61

Exemplo de aplicação:
Como exemplo, utilizando os dados do teste de vazão máxima realizado
no Poço n o 2 do Distrito de Polvilho, conforme tabela 11, a seguir.

Tabela 11. Teste de vazão máxima e recuperação realizado no Poço n o 2 do


Distrito de Polvilho.
POÇO Nº Nº POÇO ENDEREÇO DO PROPRIETÁRIO MUNICÍPIO
SABESP LOCAL
2 144 Polvilho SABESP Cajamar
COORD. COORD. km NS COTA DA BOCA TIPO DE EQUIP. MARCA E MOD.
km EO (m)
311,40 7410,30 700 Bomba Submersa Leão, 22 HP, 9 est.
DATA: TIPO TESTE Equação de Transmissividade Diâmetro final da
Hantush perfuração
09/07/1981 Vazão Máxima s = 2.Q 0,09 m³/h 6"
HORA TEMPO (min) NÍVEL (m) REBAIXAMENTO VAZÃO (m³/h)
INÍCIO (m)
13:10 0 5,00 0 0
1 26,68 21,68 72,000
2 38,20 33,20 60,923
3 46,64 41,64 56,571
4 49,33 44,33 49,500
5 50,84 45,84 46,588
6 50,70 45,70 39,800
7 50,49 45,49 41,684
8 51,15 46,15 41,684
9 51,88 46,88 41,684
10 52,40 47,40 41,684
12 52,95 47,95 41,684
14 53,21 48,21 41,684
16 53,29 48,29 41,684
18 54,35 49,35 39,800
20 54,68 49,68 39,800
25 55,06 50,06 37,714
30 55,08 50,08 37,314
35 55,02 50,02 36,000
40 55,05 50,05 36,000
50 55,07 50,07 36,000
60 54,96 49,96 36,000
70 54,92 49,92 36,000
80 54,85 49,85 36,000
90 54,88 49,88 36,000
120 54,70 49,70 36,000
150 54,69 49,69 36,000
180 54,67 49,67 36,000
210 54,65 49,65 36,000
240 54,77 49,77 36,000
270 54,77 49,77 36,000
300 54,77 49,77 36,000

61
62

360 54,77 49,77 36,000


420 54,77 49,77 36,000
480 54,77 49,77 36,000
540 54,77 49,77 36,000
600 54,77 49,77 36,000
720 54,77 49,77 36,000
840 54,77 49,77 36,000
900 54,77 49,77 36,000
1020 54,76 49,76 36,000
1140 54,73 49,73 36,000
1200 54,68 49,68 36,000
1320 73,65 68,65 36,000
DATA TIPO DE TESTE

10/07/1981 Recuperação
HORA TEMPO (min) NÍVEL (m) RECUPERAÇÃO VAZÃO REC. (m³/h)
(m)
09:00 0 73,65 0,00 0
1 41,85 31,80 72,000
2 32,13 41,52 60,923
3 22,89 50,76 56,571
4 17,14 56,51 49,500
5 12,32 61,33 46,588
6 9,08 64,57 39,800
7 7,62 66,03 41,684
8 6,97 66,68 41,684
9 6,62 67,03 41,684
10 6,59 67,06 41,684
14 6,48 67,17 41,684
16 6,41 67,24 41,684
18 6,37 67,28 39,800
20 6,34 67,31 39,800
25 6,18 67,47 37,714
30 6,13 67,52 37,314
35 6,08 67,57 36,000
40 6,01 67,64 36,000
50 5,81 67,84 36,000
60 5,8 67,85 36,000

TIPO DE TESTE
ESCALONADO
DIA HORA TEMPO (horas) REBAIXAMENTO VAZÃO (m³/h)
(m)
10/07/1981 14:10 2 2,08 6,000
10/07/1981 16:10 2 7,31 18,100
10/07/1981 18:10 2 15,80 26,400

62
63

Curva de recuperação do Poço 2 da SABESP,


GRÁFICO DA FUNÇÃO DE HANTUSH no Distrito de Polvilho, em Cajamar
10
r/B=0 Ponto coincidente
r/B=0,1
r/B=0,15 W(u,r/B) = 1
r/B=0,2 1/u = 1000
100
r/B=0,4 s = 30,80 m
r/B=0,6 t = 218 min
1 r/B = 0,4
W(u,r/B)

s = Q.W(u,r/B)/4.π.T
Recuperação (m)

10
30,8 = 36.1/4π.T
2
T = 0,09 m /h
0,1
1 10 1/u 100 1000
Tempo (min) s = Q.K0(r/B)/2π.T
s = Q.1,1145/2 π.0,09
1 1 10 100 1000 s = 2.Q

Figura 16. Aplicação do modelo de Hantush para a determinação da


Transmisssividade das fraturas e estabelecimento da equação do rebaixamento
para o Poço no 2 da SABESP do Distrito de Polvilho, em Cajamar.

A equação do rebaixamento para o Poço n o 2 da SABESP, do Distrito de


Polvilho, é reduzida à expressão s = 2 Q , graças à interpretação dos dados do
teste de vazão pelo método de Hantush para aqüíferos semi-confinados sem
armazenamento importante no aquitarde.
O fato do aquitarde apresentar uma drenança para o aqüífero, que
proporciona a estabilização do nível d'água do poço após um determinado
tempo de bombeamento, indica que há recarga advinda de fontes perenes
superficiais, tais como córregos ou rios, percolando pelas descontinuidades
do sistema fissurado até a profundidade das entradas de água (86 e 138 m).
Durante a explotação o rebaixamento máximo permitido é até a
profundidade da primeira entrada de água (86 m) para evitar o efeito
"cachoeira" que pode provocar danos importantes ao equipamento de
bombeamento devido à forte oxidação gerada no ambiente aquoso.

63
64

CAPÍTULO II. DIMENSIONAMENTO E ESPECIFICAÇÕES DE


BOMBAS SUBMERSAS

6. USO DOS PARÂMETROS HIDRODINÂMICOS PARA


DIMENSIONAMENTO DOS EQUIPAMENTOS DE BOMBEAMENTO

Nos métodos apresentados no Capítulo I, os testes de vazão são


considerados como sendo determinantes dos parâmetros hidráulicos dos
aqüíferos. Para tanto, o meio é considerado isotrópico e de extensão infinita
e, na natureza, não ocorrem meios homogêneos, isotrópicos nas três direções
vetoriais do espaço. Assim, a Transmissividade e o Coeficiente de
Armazenamento obtidos serão considerados médios para o aqüífero
determinado.
Os aqüíferos possuem ampla extensão lateral e, se considerarmos o
poço como um ponto no sistema o aqüífero terá extensão infinita.
Conforme foi visto no Capítulo I, uma avaliação do gráfico
rebaixamento x tempo construído com os dados do teste de vazão máxima
realizado em um poço tubular profundo, utilizando os recursos gráficos do
software EXCEL, em suas várias versões, é possível uma rápida definição do
tipo de aqüífero considerado.
Vimos, também, que a análise do teste de vazão máxima e de
recuperação, permite a determinação dos parâmetros hidrodinâmicos do
aqüífero no local do poço, utilizando o método da superposição entre a curva
padrão para o tipo de aqüífero determinado e a curva de dados rebaixamento x
tempo.
Como ficou demonstrado no Capítulo I, mesmo sem a existência de um
poço de observação onde as medidas de rebaixamento e recuperação seriam
realizadas, a Transmissividade do aqüífero principal, no local, é sempre
obtida com razoável precisão. O Coeficiente de Armazenamento calculado,
nestas condições, é um valor aproximado. No Brasil, poços de observação
para medições dos níveis durante os testes de vazão são exceções e,
geralmente, não se possui o poço de observação necessário para que a medida
do Coeficiente de Armazenamento seja exata.
Assim, na ausência do poço de observação, a distância do ponto de
medição do rebaixamento ao centro do poço de bombeado, passa a ser o raio

64
65

do poço. Em poços tubulares profundos, a distância das paredes até o centro


do poço é pequena, cerca de 0,1 m para poços de 8” e 0,076 m para os de 6”.
O Coeficiente de Armazenamento é calculado de forma
proporcionalmente inversa ao quadrado da distância do centro do poço
bombeado ao ponto de observação. Assim, quanto maior a distância do ponto
de observação ao poço bombeado maior será a precisão no cálculo de S pois
os fatores como armazenamento livre de água no poço e variações laterais no
armazenamento devido às características construtivas como filtros e pré-
filtros vão interferir pouco num ponto distante.
Sem poço de observação, os valores de r são pequenos, em torno de 0,1
ou 0,076 m, e r 2 iguais a 0,01 ou 0,0057 m 2 . Valores muito pequenos e que
sofrem todo o tipo de influência, tais como ausência do material constituinte
do aqüífero, presença de filtro e pré-filtro, variações do caliper do poço, etc.,
podem causar erros consideráveis nos cálculos do Coeficiente de
Armazenamento.
Apesar destas limitações é possível obter-se um valor aproximado do
Coeficiente de Armazenamento mesmo sem poço de observação.
Com as técnicas de interpretação gráfica mostradas no Capítulo I pode-
se determinar o rebaixamento que uma vazão de explotação vai acarretar no
nível d’água do poço considerado.
Revisando, para os aqüíferos livres e confinados usa-se a Função de
Theis para a determinação da Transmissividade e do Coeficiente de
Armazenamento. Substituindo-se os valores encontrados para estes
parâmetros hidrodinâmicos na simplificação de Cooper e Jacob, determina-se
qual vai ser o rebaixamento produzido por uma vazão constante após um
longo período de explotação. Em geral, utiliza-se para este período o tempo
de 10 anos ou seja, 87.600 horas.
Após o reconhecimento proporcionado pela análise do teste de vazão,
para os aqüíferos semi-confinados sem armazenamento importante no
aquitarde, utiliza-se a Função de Hantush para o cálculo da Transmissividade.
Com o valor encontrado para este parâmetro hidrodinâmico e substituindo a
função W(u,r/B) pela expressão K 0 (r/B)/2, de Hantush, a partir do
conhecimento do valor do coeficiente r/B, pode-se determinar o rebaixamento

65
66

produzido por uma vazão de extração, que permanecerá constante após um


determinado período de explotação.
Neste tipo de aqüífero, o poço entrará num regime de equilíbrio após
este determinado período de explotação, em geral pequeno (24 horas), graças
à contribuição da infiltração proveniente da camada semi-confinante.
Para aqüíferos semi-confinados com armazenamento importante no
aquitarde e para aqüíferos semi-livres, utiliza-se a Função de Hantush ou de
Neuman, conforme o caso, para a obter-se o valor da Transmissividade. Uma
vez encontrado o valor deste parâmetro substitui-se na expressão
correspondente, adota-se o valor de H(u,β) ou W(u A , u B , Γ) como sendo o
encontrado na curva padrão correspondente, após um longo período de tempo
(lembrar que 10 anos, ou 87.600 h, ou 5.256.000 min, equivalem a menos que
4 ciclos logarítmicos consecutivos a um teste de vazão de 24 h ou 1440 min.
O valor da função H(u,β) ou W(u A , u B , Γ), dependendo do caso, é
possível de ser estimado graças à facilidade da escala logarítimica onde os
valores são apresentados. Basta traçar uma reta passando pelo último valor do
teste de vazão representado gráficamente com a mesma inclinação do final da
curva de dados. Após os 4 ciclos logarítimicos mencionados, teremos o valor
de H(u,β) ou W(u A , u B , Γ) e, assim, substituindo o valor encontrado consegue-
se determinar o rebaixamento produzido para uma vazão requerida.
Desta forma, fica demonstrado que para qualquer tipo de aqüífero pode-
se conhecer o rebaixamento produzido em um poço, para uma determinada
vazão requerida, com boa precisão, mesmo considerando um longo período de
explotação como, por exemplo, por dez anos.
Após este tempo, devemos considerar que o equipamento de extração
deverá ser substituído ou retirado para manutenção, e um novo teste de vazão
deverá ser realizado para a continuidade da explotação do poço pois, é
provável que o aqüífero, nas imediações do poço tenha sofrido mudanças nas
condições de armazenamento frente ao longo período de explotação.
As técnicas aqui mostradas não permitem avaliar a interferência entre
poços vizinhos e conseqüente queda nos níveis d’água de aqüíferos
explotados acima da capacidade natural de recarga.

66
67

Estes tipos de determinações não são objeto deste trabalho e somente


serão conhecidas através de medidas históricas diárias de níveis (estáticos e
dinâmicos) e vazões, por um período razoável, como por exemplo, 10 anos.

7. ESPECIFICAÇÃO DE CONJUNTO MOTO-BOMBA SUBMERSO

Em poços tubulares profundos são utilizados, de forma geral, conjuntos


moto-bombas submersos para extração da água subterrânea. Outros tipos de
bombeadores, como compressores, bombas ejetoras e bombas de eixo
prolongado, possuem baixo rendimento e são de uso restrito. Por esta razão
não serão descritos neste manual.
Os conjuntos moto-bomba submersos foram desenvolvidos pelos russos
e chegaram à Europa Ocidental por volta do ano de 1920.
Os conjuntos moto-bombas submersos tem um custo baixo em relação
ao sistema recalque e poço, mas são vitais para o funcionamento do mesmo.
O funcionamento do sistema de recalque depende do conjunto moto-
bomba, que deve ser operado de forma correta para evitar perdas ou danos em
todo o sistema. A escolha do conjunto moto-bomba submerso, deve obedecer
a certas regras de aquisição descritas a seguir.

7.1. Curva Característica do Sistema

7.1.1. Importância da Curva do Sistema


Os sistemas de bombeamento geralmente são compostos por vários
elementos, tais como, bombas, tubulações, válvulas e acessórios, que são
necessários para obter-se a transferência do fluido de um ponto para outro.
Os parâmetros vazão (Q) e altura manométrica total (Hm), são
fundamentais para selecionar a bomba adequada ao sistema.
A curva característica típica de um sistema de bombeamento (figura 16)
apresenta duas partes distintas: a estática e a dinâmica.
A parte estática correspondente à altura estática e independente da
vazão do sistema. É função, principalmente, do desnível geométrico.
A parte dinâmica compreende a altura dinâmica, que corresponde às
perdas do sistema. É função, principalmente, de perdas de carga na tubulação
e outras.

67
68

Altura manométrica (m)


Curva do sistema

Parte dinâmica

Parte estática
3
Vazão (m /h)

Figura 17. Curva do sistema poço x conjunto moto-bomba submerso.

7.1.2. Especificações de Compra


Para especificar um conjunto moto-bomba submerso devemos pensar em
adquirir um equipamento que tenha o melhor rendimento, uma vida útil longa
e com um mínimo de manutenção corretiva.
Os equipamentos e implementos a serem adquiridos devem estar de
acordo com os itens solicitados na “Especificação”. No caso, de ser
impossível ao fornecedor atender a certos detalhes da “Especificação” devido
às técnicas diferentes de fabricação, o mesmo deverá descrever os aspectos
que estão em desacordo com o solicitado.
Para a elaboração de uma especificação de compra de um conjunto
moto-bomba submerso, devem ser considerados os fatores descritos a seguir.

7.1.3. Características do Sistema

Líquido
Sendo a água de um poço tubular profundo, deverá ser analisada a
quantidade de areia que vai passar pelo sistema de bombeamento e informada
ao fornecedor através da especificação de compra. A quantidade de areia que
passa pelo sistema é importante para definir os materiais que serão utilizados
na construção do equipamento.

68
69

Temperatura
A temperatura da água do poço também é importante. Geralmente situa-
se em torno de 24°C. Até 30 o C (40 o C para alguns fabricantes) o equipamento
é comum. Quando for superior a 30 o C (ou 40 o C para alguns fabricantes) o
projeto do equipamento de bombeamento deve ser especial.
O motor trabalha submerso, na posição vertical, e tem sua forma de
construção feita para operar em poços tubulares profundos, em alguns casos
podem ser montados dentro de tubos verticais e, neste caso, devem ser
operados da mesma forma que em poços tubulares profundos.
Os motores das bombas submersas são arrefecidos pelo fluxo
ascendente da própria água bombeada que circula entre a carcaça do motor e
as paredes do poço.
A parte interna do motor é preenchida com água na fábrica. A água
interna do motor tem duas funções: resfriar através da troca de calor e
controlar a pressão interna do motor.
Antes de entrarem em operação os motores devem ser novamente
preenchidos internamente com água limpa, sem aditivos, para compensar
eventuais perdas durante o transporte. Para tanto, na carcaça do motor
existem dois bujões, um para a entrada da água e outro para a saída do ar. Os
bujões deverão ser fechados após a completação da água.
Um fator que pode prejudicar o arrefecimento é a velocidade da água
junto da parede do motor. Esta especificação será abordada com detalhes no
item 7.2.2 (Submergência Mínima Abaixo do Nível Dinâmico).

Vazão
É aquela que estará disponível na saída do sistema.
O crivo da bomba submersa deverá ter uma submergência mínima de 7
metros abaixo do nível dinâmico final ou a submergência mínima fornecida
pelo fabricante. Isto evitará o efeito "vórtice", isto é, a entrada de ar pela
sucção da bomba, resultante do rodamoinho formado quando é pequena a
submergência do conjunto. O efeito "vórtice" pode prejudicar o rendimento do
conjunto pois haverá uma queda na eficiência da bomba.

69
70

Altura manométrica total.


Altura manométrica de uma bomba é a energia por unidade de peso que
a bomba fornece ao fluido bombeado.
A altura manométrica da bomba é dada normalmente em metros.
O nível dinâmico é o ponto mais baixo da curva do sistema para cálculo
da altura manométrica total, por essa razão deve ser calculado com precisão,
pois todo o dimensionamento do sistema de recalque dependerá desta
informação.
Na figura 18 é mostrado o esquema de instalação de uma bomba
submersa.

Figura 18. Esquema de instalação de um conjunto moto-bomba submerso


(autorizado pela EBARA - Ind. Mecânicas e Com. Ltda).

70
71

7.2. Definições

POTÊNCIA
Há dois tipos de potências envolvidas nos conjuntos moto-bomba
submerso: potência hidráulica e potência consumida pela bomba.

POTÊNCIA HIDRÁULICA (Ph)


Potência hidráulica é a potência que a bomba transmite ao fluido, sendo

γ QH
Ph =
270
onde:
Ph = potência hidráulica, em CV
γ = peso específico do fluido,em Kgf/dm 3
Q = vazão, em m³/h
H = altura de elevação, em metros.

POTÊNCIA CONSUMIDA PELA BOMBA (P)


É a potência que a bomba recebe do acionador seja o motor ou turbina,
em CV.

RENDIMENTO ( η )
É a relação entre a potência hidráulica e a potência consumida.

Ph
η=
P

Como Ph = γ Q H/270, podemos escrever que potência consumida é


igual:
γ QH
P=
270 η
CURVAS CARACTERÍSTICAS
Normalmente os fabricantes apresentam em seus catálogos, as chamadas
curvas características das bombas, que são visualizadas na forma dos
seguintes tipos de gráficos:
altura manométrica x vazão
potência consumida x vazão
rendimento x vazão

71
72

Na figura 20 são mostrados gráficos de alturas manométricas x vazão


para um equipamento de bombeamento. Os números ao longo da curva
separados por um hífem indicam, respectivamente, o número de estágios da
bomba e a potência consumida (em HP).

Shut off Curva da bomba


Altura manométrica (m)

Curva do sistema

3
Vazão (m /h)

Figura 19. Curva da bomba submersa e do sistema.

Figura 20. Curvas características de alguns modelos de bombas submersas


(sob autorização da EBARA Ind. Mecânicas e Com. Ltda).

72
73

7.2.1. Diâmetro do Equipamento para Instalação no Poço


O diâmetro máximo do conjunto submerso está indicado na folha da
curva característica do fornecedor, que considera o diâmetro do motor e do
bombeador mais o cabo e o protetor do cabo ao longo do bombeador.
O cálculo do diâmetro total do conjunto deve considerar ainda o
diâmetro do tubo edutor (tubo de recalque da bomba) e o da emenda do cabo.

7.2.2. Submergência Mínima Abaixo do Nível Dinâmico


O nível dinâmico para uma determinada vazão é calculado conforme foi
visto no Capítulo I. A submergência mínima da bomba submersa deve prever
o efeito "vórtice" e ser instalada 7 m abaixo do nível dinâmico previsto.
Outro efeito que pode ocorrer é o rebaixamento adicional do nível
dinâmico causado pela velocidade excessiva da água junto ao motor e
bombeador. Isto ocorre quando a distância do motor, ou da bomba, à parede
do poço é pequena.
Para evitar-se esse efeito e manter-se o arrefecimento do motor, os
fabricantes recomendam para a velocidade do fluxo da água ao longo do
motor entre 1 e 3 m/s (dependendo do modelo e da potência).
A velocidade do fluxo de água, assim como o rebaixamento adicional
do nível dinâmico pode ser calculado através das seguintes fórmulas:

π (D12 − D22 )
A=
4
Q
v=
3600 A
1,5 v 2
a=
2g

onde:
D 1 = diâmetro interno do revestimento do poço (m);
D 2 = diâmetro do motor ou bombeados (m);
A = área livre do fluxo ao longo do motor ou bombeador (m 2 );
a = rebaixamento adicional do nível dinâmico (m);
Q = vazão da bomba (m³/h);
v = velocidade da água junto à parede do motor ou bombeador (m/s);
g = 9,81 m/s 2 .

73
74

Por outro lado, a distância entre o motor e ou bombeador com relação


ao diâmetro do revestimento do poço, não deve ser muito grande pois, a área
( A ) é inversamente proporcional à velocidade, e quanto maior a área menor a
velocidade do fluxo de água junto à parede do poço, o que pode prejudicar o
arrefecimento do motor.
Assim, quando se escolhe o diâmetro da bomba que será adquirida,
deve-se considerar o diâmetro do conjunto e o do poço (ou do revestimento do
poço) de forma que a velocidade do fluxo seja adequada ao arrefecimento do
motor e não provoque rebaixamento adicional do nível dinâmico.

7.3. Exemplo de uma Especificação para Aquisição de Conjunto Moto-


Bomba Submerso
A seguir é mostrado um exemplo de como deve ser feita uma solicitação
de compra de um conjunto moto-bomba submerso, segundo os critérios
adotados pela SABESP, no Estado de São Paulo.

OBJETO DO FORNECIMENTO: Conjunto moto-bomba submerso e


respectivos implementos, para instalação em poço tubular profundo.

DISPOSIÇÕES TÉCNICAS GERAIS

INTRODUÇÃO
A presente especificação refere-se ao fornecimento de conjuntos moto-
bombas submersos e respectivos implementos, para instalação em poços
tubulares profundos, conforme caracterizados a seguir e nas Disposições
Técnicas Específicas.
Os equipamentos e implementos deverão ser como aqui especificados.
No caso de não ser possível ao fornecedor atender a certas características das
especificações, devido às diferentes técnicas de fabricação, o mesmo deverá
descrever completamente os aspectos que estão em desacordo com as
especificações.

74
75

CARACTERIZAÇÃO DAS PROPOSTAS


A seleção das propostas tecnicamente qualificadas deverá ser realizada
levando-se em consideração o custo inicial de aquisição e os custos
operacionais de desempenho (o valor presente das despesas de energia elétrica
e utilização média diária) decorrentes da utilização do equipamento durante
sua vida útil.

Os custos operacionais de desempenho e os valores de referência para a


seleção das propostas, deverão ser calculados através das fórmulas que são
apresentadas no item 7.3.1. Os parâmetros de eficiência (vazão, altura
manométrica, rendimento do conjunto moto-bomba no ponto de trabalho) a
serem utilizados no cálculo dos custos operacionais de desempenho, deverão
ser aqueles apresentados por cada fornecedor, em sua proposta técnica de
fornecimento (valores garantidos).

COMPROVAÇÃO DOS VALORES GARANTIDOS DO EQUIPAMENTO


Os parâmetros de eficiência (vazão, altura manométrica, rendimento da
bomba e fator de potência) reais de ensaio de cada conjunto deverão ser
levantados em testes de bancada, utilizando-se instrumentação e equipamentos
devidamente aferidos.
As referidas aferições deverão ser atestadas por certificados atualizados
emitidos pelo INMETRO ou Laboratórios de Metrologia Aplicada
reconhecidos nacionalmente ou ainda, por instituições particulares desde que
aprovado pelo requisitante.
Os testes e ensaios de desempenho deverão ser executados conforme
estabelecidos nestas Disposições Técnicas Gerais.
Sempre que nos testes testemunhados, o rendimento do conjunto no
ponto de trabalho especificado for inferior aquele apresentado pela
proponente em sua proposta técnica de fornecimento, a Inspeção deverá
anotar o ocorrido em seu relatório e enviá-lo à unidade requisitante para que
o pedido referente a esse item seja cancelado.

75
76

7.3.1. Seleção de Propostas dos Conjuntos Moto-bombas Submersos

Definição do Valor de Referência de Cada Proposta


O valor de referência de uma proposta é dado pela fórmula:

Vr = Vb + Vp{Di}i + Vc + Ve + Vt
n

onde:
Vr = valor total da proposta em reais;
Vb = preço do equipamento apresentado na proposta em reais;
Vp { Di } i n = valor presente das despesas anuais de energia elétrica, em reais,
verificado durante uma vida útil definida ( n , em anos) do equipamento,
capitalizado a uma taxa de remuneração ( i ) previamente definida;
Vc = preço do cabo;
Ve = preço dos ensaios referentes a cada item do equipamento;
Vt = preço do transporte do equipamento.

Definição dos Parâmetros a Serem Utilizados no Cálculo


- vida útil do conjunto moto-bomba submerso ( n ): 4 anos
- período médio diário de funcionamento do conjunto (pmh): 16 horas
- potência total consumida no ponto de trabalho:

Ph
Ptc (kW) =
Nb ⋅ Nm

- potência hidráulica, em kW :

Q ⋅ Hm
Ph = ⋅ 0,736
75
Q = vazão no ponto de trabalho em L/s
Hm = altura manométrica no ponto de trabalho, em m.c.a.(metros de coluna
d’água)
Nb = rendimento da bomba no ponto de trabalho
Nm = rendimento do motor no ponto de trabalho

Custo da Energia Elétrica


No cálculo das despesas de energia elétrica, serão considerados dois
tipos de tarifas, a seguir:

76
77

- tarifa de saneamento (A) com 15% de desconto sobre os valores nominais


praticadas pelas Companhias de distribuição de energia elétrica, de acordo
com o valor da potência total consumida, anteriormente definida e,
- tarifa comum (B), sem desconto sobre os valores nominais.
Os valores das tarifas a serem incluídas no cálculo serão os vigentes no
dia da apresentação das propostas.
- Ptc menor ou igual a 15 kW
Será adotada a tarifa B, onde somente é considerado o consumo em
kWh - será simbolizada por Tb.
- Ptc maior que 15 kW
Será adotada a tarifa A, onde é considerado o consumo em kWh
(simbolizado por Ta) mais a demanda (simbolizada por Td) em kW.

Despesa Anual com Energia Elétrica


No caso da tarifa B, a fórmula é :
Di = (Ptc x 16 x 365) x Tb
No caso da tarifa A, a fórmula é :
Di = [(Ptc x 16 x 365) x Ta] + (PTC x 12 x Td)

Valor Presente das Despesas com Energia Elétrica

Vp[ Di ] =
(1 + i) − 1
n
⋅ Di
i (1 + i )
n

i = taxa de remuneração estipulada


n = vida útil do conjunto moto-bomba submerso

EXEMPLO DE UTILIZAÇÃO:
Seleção de Propostas dos Conjuntos Moto-bombas Submersos

Dados:
Vazão (Q) = 60 m 3 /h (ou 16,67 l/s)
Altura manométrica (Hm) = 120 m.c.a.

Propostas:

Conjunto I:
Rendimento da bomba (Nb) = 50%
Rendimento do motor (Nm) = 90%

77
78

Custo do conjunto = R$ 3.000,00


Custo do cabo, ensaios e transporte = R$ 600,00

Conjunto II:
Rendimento da bomba (Nb) = 70%
Rendimento do motor (Nm) = 90%
Custo do conjunto = R$ 3.800,00
Custo do cabo, ensaios e transporte = R$ 600,00

Valor de referência de cada proposta:

Vr = Vb + Vp {Di}i + Vc + Ve + Vt
n

Definição dos parâmetros a serem utilizados no cálculo


• vida útil do conjunto moto-bomba submerso (n): 4 anos
• taxa de remuneração (i): 12 % ao ano
• período médio diário de funcionamento (pmh): 16 horas
• potência total consumida no ponto de trabalho:

Ph
Ptc (KW) =
Nb ⋅ Nm
• potência hidráulica, em KW:

Q ⋅ Hm
Ph = ⋅ 0,736
75
Custo de energia elétrica:
Para Ptc ≤ 15 kW será adotada a tarifa B, onde é considerado o
consumo (Tb), em kWh:
Di = (Ptc x pmh x 365) x Tb
Para Ptc > 15 KW será adotada a tarifa A, onde é considerado o
consumo (Ta), em kWh, e a demanda (Td), em kW:
Di = [(Ptc x pmh x 365) x Ta] + (Ptc x 12 x Td)

Análise das propostas:


Proposta I
-Cálculo da potência total consumida:

78
79

Q ⋅ Hm
Ptc (kW) = ⋅ 0,736
75 ⋅ Nb ⋅ Nm
16,67 ⋅ 120
Ptc (kW) = ⋅ 0,736 ⇒ Ptc = 43,62 kW
75 ⋅ 0,50 ⋅ 0,90
Como Ptc > 15KW, será considerada a tarifa A.

Ta = 0,07598 R$ / kWh (tarifa referente à Jan/98)


Td = 7,31 R$ / KW

-Cálculo das despesas anuais com energia elétrica:


Di = [(Ptc x pmh x 365) x Ta] + (Ptc x 12 x Td)
Di = [(43,62 x 16 x 365 ) x 0,07598] + (43,62 x 12 x 7,31)
Di = R$ 23.181,55

Vp[ Di ] =
(1 + i) − 1
n
⋅ Di ⇒ Vp[ Di ] =
(1 + 0,12 ) − 1
4
⋅ 23181,55
i (1 + i ) 0,12 (1 + 0,12 )
n 4

Vp[Di] = R$ 70.410,47

-Cálculo do valor da proposta:

Vr = Vb + Vp {Di}i + Vc + Ve + Vt
n

sendo Vc + Ve + Vt = R$ 600,00
Vr = 3.000,00 + 70.410,47 + 600,00
Vr = R$ 74.010,47

Proposta II
-Cálculo da potência total consumida:
Q ⋅ Hm
Ptc (kW) = ⋅ 0,736
75 ⋅ Nb ⋅ Nm

16,67 ⋅ 120
Ptc (kW) = ⋅ 0,736 ⇒ Ptc = 31,16 kW
75 ⋅ 0,70 ⋅ 0,90

Como Ptc > 15 KW, será considerada a tarifa A.


Ta = 0,07598 R$ / kWh (tarifa referente à Jan/98)
Td = 7,31 R$ / kW

-Cálculo das despesas anuais com energia elétrica:


Di = [(31,16 x 16 x 365 ) x 0,07598] + (31,16 x 12 x 7,31)

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Di = R$ 16.559,77

Vp[ Di ] =
(1 + i )n − 1 ⋅ Di ⇒ Vp[ Di ] =
(1 + 0,12 )4 − 1 ⋅ 16559,77
i (1 + i ) 0,12 (1 + 0,12 )
n 4

Vp[Di] = R$ 50.297,81

-Cálculo do valor da proposta:

Vr = Vb + Vp {Di}i + Vc + Ve + Vt
n

sendo Vc + Ve + Vt = R$ 600,00
Vr = 3.800,00 + 50.297,81 + 600,00
Vr = R$ 54.697,81
Conclusão
Apesar do Conjunto II, ter um custo inicial maior do que o conjunto I,
ao longo de quatro anos o custo total investido neste conjunto será menor.

JULGAMENTO E CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSTAS


As propostas serão classificadas pela ordem crescente do valor de
referência por item licitado, sendo que será considerada a primeira colocada,
a proposta que apresentar o menor valor de referência, conforme calculado
pelas fórmulas descritas no item 7.3.1.

DISPOSIÇÕES TÉCNICAS ESPECÍFICAS


OBJETO DO FORNECIMENTO: Conjunto(s) moto-bomba(s) submerso(s) e
respectivos implementos, para instalação em poço tubular profundo.

Características hidráulicas (e respectivas unidades) do poço para a licitação


do conjunto moto-bomba submerso:

Vazão m 3 /h
Altura manométrica total máxima m.c.a
Tensão de trabalho (trifásico) V
Enrolamento do motor V
Diâmetro do revestimento mm
Profundidade m
Profundidade do nível estático m
Profundidade do nível dinâmico m
Profundidade de lançamento da bomba m
Diâmetro da tubulação edutora mm

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Cabo elétrico submersível tipo chato:


• quantidade a fornecer para somente um conjunto (m)
• tensão (V)
• distância da boca do poço ao quadro elétrico (m).

Tabela 12. Queda de tensão no cabo.

Seção Capacidade de corrente Queda de Tensão (V Cos ∅/A)


nominal(mm 2 ) (Amperes) - 3 condutores - Sistema Trifásico
carregados
2,5 21 12,00
4 28 7,60
6 36 5,10
10 50 3,10
16 68 2,00
25 89 1,30
35 111 0,96
50 134 0,74
70 171 0,54
95 207 0,40

Tipo de partida.

Rendimento mínimo da bomba no ponto de trabalho (%).

Potência máxima do conjunto (CV).

O motor deverá ser totalmente fechado, trifásico e com freqüência de 60 Hz,


sendo que deverá ter potência suficiente para cobrir toda a curva de potência
consumida pela bomba, para o diâmetro do rotor selecionado.

Quando o motor for usado em água com temperatura superior a 30 o C, o


fabricante deverá informar os materiais de construção.

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8. CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DO CONJUNTO MOTO-BOMBA


SUBMERSO
O conjunto moto-bomba submerso deverá ser adequado ao trabalho com
água potável, em temperatura ambiente e com teor de areia de 15 g/m 3 .
O conjunto moto-bomba submerso possui bomba com rotor radial
geralmente para vazões até 35 m 3 /h e rotor semi-axial para vazões maiores.

Figura 21. Conjunto moto-bomba submerso com rotor radial (direita) e rotor
semi-axial (esquerda). Autorizado pela EBARA Ind. Mec. e Com. Ltda.
Bomba
Na figura 22 é mostrado o corte transversal de um conjunto moto-
bomba submerso.
Materiais aceitos empregados na construção da bomba:
• carcaças - ferro fundido GG-20, GG-25 ou aço inox;
• rotor - bronze SAE 40;
• eixo - aço inox;
• luva do mancal - aço AISI 420 ou AISI 316;
• parafusos, porcas e arruelas que ficam em contato com a água - aço inox
(obrigatoriamente);
• crivo - aço inox.

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Tipo de construção para alguns componentes:


• carcaça - concêntrica;
• rotor - radial ou semi-axial;
• lubrificação - pela própria água bombeada;

O acoplamento do eixo do bombeador com o eixo do motor deverá ser


rígido, tipo luva ou através de luva de encaixe tipo macho-fêmea.
No projeto do bombeador deverá ser prevista proteção contra areia.

Figura 22. Corte transversal de conjuntos moto-bomba submersos (sob


autorização da EBARA Ind. Mec. e Com. Ltda.).

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Motor
O motor deverá ser totalmente fechado, trifásico e com freqüência de
60 Hz. Para o diâmetro do rotor selecionado, deverá ter potência suficiente
para cobrir toda a curva da potência consumida pela bomba.

Cabo Elétrico de Alimentação (norma da SABESP)


O cabo elétrico deverá ser trifásico, do tipo chato, próprio para o
trabalho submerso.
O cabo deverá ser provido de dispositivos de conexão com o terminal
do motor.
Tendo-se em conta a distância do conjunto ao quadro elétrico de
comando e proteção, no dimensionamento do cabo deverá ser considerada uma
queda máxima de tensão de 3%, adotando-se como critério a tabela 12,
constante das Disposições Técnicas Específicas, sendo adotados os valores da
coluna trifásica, tanto para queda de tensão como para amperagem.
Cos ∅ adotado - 0,8.
O cabo elétrico deverá ser cotado em separado ao do fornecimento do
conjunto.

Garantia e Controle da Qualidade


Cada proponente deverá elaborar um programa simplificado da garantia
e controle da qualidade (PCQ), de forma a assegurar que o fornecimento dos
conjuntos estejam de acordo com as condições técnicas estabelecidas.
Caso a proponente já possua a certificação das Normas ISO 9001 ou
9002, estará dispensada de apresentar o PCQ, devendo anexar à proposta
técnica, cópia do certificado das normas ISO acima mencionadas.
O PCQ (em papel ou disquete 3 ½") deverá ser incluído na proposta
técnica, quando da apresentação da mesma, para apreciação e/ou
complementação, sendo que deverão ser informados os dados seguintes:
• no recebimento de materiais e componentes para equipamentos descrever
como é realizada a inspeção dos mesmos e em que norma é baseada;
• caso algum dos materiais e/ou componentes é considerado "não-conforme",
de que forma é realizado o retrabalho ou a recusa dos mesmos;
• em ambos os casos acima, descrever como a empresa atua junto aos seus
fornecedores;

84
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• descrever resumidamente o CQ da fundição e usinagem, apresentando os


critérios de aprovação e rejeição;
• descrever de forma sucinta, como é realizado o CQ durante todo o
processo de montagem dos conjuntos moto-bombas;
• descrever o processo de auditagem interna sobre os produtos produzidos,
incluindo a abrangência, responsabilidade e procedimentos da auditagem;
• quanto aos instrumentos, padrões e equipamentos de calibraçäo e aferição,
informar a data da última aferição, a periodicidade e os órgãos que
realizam as aferições dos instrumentos e equipamentos:
a) manômetro de trabalho ou manômetro padrão;
b) manômetros de aferição;
c) medidor de vazão (informar o tipo);
d) amperímetro;
e) voltímetro;
f) watímetro;
g) medidor de Cos ∅;
h) megger;
i) Ponte de Wheatstone.
• informar quais os outros testes e ensaios realizados internamente,
excetuando-se aqueles constantes desta especificação, tais como:
- ensaio de balanceamento;
- teste de aderência e espessura da película de tinta;
- análise química de materiais;
• quanto aos ensaios acima, informar para cada um deles, se são realizados
por amostragem ou individualmente em cada produto.

8.1. Inspeção, Ensaios e Testes Testemunhados

A adquirente, através de pessoa habilitada, se reserva o direito de


inspecionar as instalações de testes do fabricante para a verificação das
condições das mesmas.
Caso estas instalações não permitam a execução dos testes, o fabricante
deverá providenciar a realização dos mesmos em laboratório de renome. Nesta
condição, o fabricante deverá indicar na ocasião da proposta, o laboratório

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que efetuará os testes bem como uma declaração do mesmo que está apto a
executá-los, dentro do prazo de entrega indicado na proposta.
Se durante os testes, determinado conjunto não atender aos requisitos
especificados e propostos, o fabricante deverá efetuar as necessárias
alterações e os testes serão repetidos até que o equipamento atenda ao
especificado, sem qualquer ônus ao requisitante.
A inspeção deverá ser avisada com uma antecedência mínima de cinco
dias úteis antes da data marcada para a realização dos testes.
O preço para a realização dos testes deverá ser cotado em separado ao
do fornecimento do(s) conjunto(s).

Verificação dos Documentos de Aferição dos Instrumentos


Antes da execução de cada teste solicitado nesta especificação, a
proponente deverá obrigatoriamente apresentar à Inspeção, os certificados de
aferição dos instrumentos e ou equipamentos que serão utilizados no teste a
realizar.
A inspeção deverá conferir se as datas das últimas aferições dos
instrumentos e ou equipamentos estão dentro das respectivas periodicidades
apresentadas na proposta técnica.
Caso a data da última aferição de algum instrumento e ou equipamento
não esteja dentro da periodicidade apresentada, ou seja, fora da validade, o
teste não será realizado até que seja providenciado um novo certificado de
aferição.

Teste Hidrostático
A bomba deverá ser submetida a testes hidrostáticos de 1,5 vezes a
pressão de Shut-Off ou de 2 vezes a pressão de trabalho, durante pelo menos
cinco minutos. Além disso, o teste hidrostático deverá ser realizado sem a
pintura de fundo.

Teste de Performance
Deverão ser levantados seis pontos da curva sendo um o de Shut-Off,
outro o de trabalho e os demais, dois abaixo e dois acima do ponto de
operação especificado, sendo que a norma a ser seguida será a do Hidraulic
Institute.
Durante este teste, os seguintes itens deverão ser levantados:

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• vazão e pressão;
• corrente (amperagem) e tensão;
• potência (consumo em Watts);
• rendimento da bomba e do conjunto no ponto de trabalho.
Com base nesses itens, deverão ser elaboradas as seguintes curvas: Q x
Hm, curva de potência (saída) e curva de rendimento da bomba.

Teste do Motor
O motor deverá ser submetido aos seguintes ensaios:
• alta tensão - o motor deverá ser submetido à duas vezes a tensão de
trabalho mais 1.000 V durante um minuto, com um mínimo de 1.500 V,
após o conjunto ficar imerso em água durante 24 horas;
• resistência de isolação com tensão de 1.000 V (cc);
• resistência ôhmica entre os enrolamentos;
• ensaio em vazio, onde serão determinados:
- corrente de partida;
- corrente com rotor bloqueado;
- potência absorvida;
- cos ∅ na partida.
Deverão ser ainda obtidos, o rendimento do motor a plena carga e a
corrente nominal de partida à tensão nominal.

Transporte
Deverá fazer parte do fornecimento o transporte do(s) conjunto(s) e
implementos até o almoxarifado da adquirinte, no local indicado na planilha
de orçamento.

8.2. Informações Técnicas a Serem Fornecidas


O fabricante deverá apresentar na proposta técnica, as seguintes curvas
características e informações:
a) curva - vazão (Q) x altura manométrica (Hm);
b) curva - rendimento da bomba em função de Q e Hm e do número de
estágios;
c) curva da potência consumida pela bomba;
d) curva do motor;

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e) tipo e diâmetro do rotor selecionado;


f) número de estágios da bomba;
g) vazões mínima e máxima para a curva do rotor projetado;
h) rendimento da bomba e do conjunto moto-bomba no ponto de trabalho
especificado;
i) rendimento do motor no ponto de trabalho e a plena carga;
j) potência consumida pela bomba no ponto de trabalho especificado;
l) potência nominal do motor;
m) amperagem a plena carga;
n) fator de potência e fator de serviço;
o) lista de materiais empregados na construção dos principais componentes da
bomba e do motor;
p) especificação da pintura;
q) cronograma de fornecimento;
r) Lista de divergências com esta especificação, ressaltando os pontos em
desacordo com o solicitado, com a declaração explícita da total conformidade
dos demais itens em relação à esta especificação;
s) catálogos e desenhos com dimensões gerais e peso do conjunto;
t) termo de garantia.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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