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Notas de Aula em Tubulações e Bombas Industriais

Versão II, 2023

Autor

Rodrigo do Nascimento Faria


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro - IFRJ
Paracambi, RJ, Brasil

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro


2023
Notas de aulas em Tubulações e Bombas Industriais

Rodrigo do Nascimento Faria


rodrigo.faria@ifrj.edu.br

Mestre em Ciências Mecânicas - COPPE /UFRJ


Especialista em Engenharia Ferroviária - PUC/MG
Especialista em Docência para a Educação Profissional e Tecnológica - IFRJ
Engenheiro Mecânico - POLI/UFRJ

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro

Paracambi - RJ, Brasil


2023
Dedico
A minha amada Aurea Freitas e
Ao meu filho Nestor Faria
Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus por possibilitar o encontro com professores fantásticos


que em mim despertaram o gosto pelas Ciências Mecânicas.
Aos meus alunos de ontem e hoje, meu sincero muito obrigado. Vocês são a mo-
tivação para constante atualização desta nota técnica em relação a Tubulações e Bombas
Industriais.
Quero destacar a participação na construção deste trabalho, o incentivo das instâncias
superiores do Instituto Federal do Rio de Janeiro - Campus Paracambi (IFRJ/CPar) por
disponibilizarem toda a infraestrutura necessária para o desenvolvimento deste trabalho.
Conteúdo

Prefácio xi

1 Tubos / Materiais / Processos e Fabricação / Uso tı́pico 1


1.1 Definições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Finalidade de tubulações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.4 Processos de fabricação em tubos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2 Meios de ligações de tubos 9


2.1 Ligações Rosqueadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.2 Ligações Soldadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.2.1 Solda de topo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.2.2 Solda de encaixe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.2.3 Brasagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.2.4 Solda branca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.3 Ligações Flangeadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.4 Ligações Ponta e bolsa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.5 Outros meios de ligação de tubos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3 Válvulas 17
3.1 Válvulas que controlam fluido/gás em quaisquer direção . . . . . . . . . . . 17
3.1.1 Válvulas de bloqueio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.1.2 Válvulas de regulagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.1.3 Válvulas que controlam fluido/gás apenas em uma direção . . . . . . 18
3.1.4 Válvulas de controle a pressão de jusante (lado da entrada) e a
pressão de montante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.2 Operação de válvulas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.3 Aspecto construtivo de válvulas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

vii
viii

4 Acessórios de tubulações 25
4.1 Conexões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.2 Juntas de expansão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.2.1 Caracterı́sticas construtivas de juntas . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

5 Projeto de tubulações 31
5.1 Fluxogramas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
5.2 Plantas de tubulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
5.3 Desenhos isométricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
5.4 Padronização de cor e simbologia do fluido em desenho técnico . . . . . . . 33
5.5 Número de Reynolds . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

6 Bombas industriais 37
6.1 Classificação de bombas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
6.2 Máquinas hidráulicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
6.2.1 Máquinas motrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
6.2.2 Máquinas mistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
6.2.3 Máquinas geratrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
6.3 Bombas de deslocamento positivo (ou bombas volumétricas) . . . . . . . . . 40
6.3.1 Tipos de bombas volumétricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
6.4 Bombas dinâmicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
6.5 Instalação de bombas centrı́fugas [2] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
6.6 Operação de bombas centrı́fugas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
6.7 Problemas durante a operação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
6.8 Cavitação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
6.8.1 Consequências da cavitação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
x
Prefácio

O estudo de Tubulações e Bombas Industriais é uma disciplina curricular presente nos


cursos técnicos profissionalizantes do eixo Controle e Processos Industriais em que há uma
enorme carência de material didático em português sobre o tema. A maioria esmagadora
destes materiais disponı́veis em português são baseados no trabalho do professor Eng.
Pedro da Silva Telles e do professor Reinaldo de Falco, que construiu um material didático
capaz de transcender o tempo, com trabalhos que são referência há mais de 20 anos.
No entanto, a Engenharia tem evoluı́do bastante na questão da aplicação de novos
materiais de engenharia para aplicações que outrora eram restritas ao aço e suas ligas.
Isto motivou o surgimento destas notas, como forma apenas de dar uma atualização ao
trabalho pioneiro do professor Eng. Pedro da Silva Telles, baseando-se a atualização por
meio de consulta a normas, a catálogos técnicos e em materiais didáticos empregados por
centros de pesquisa no exterior.
Esta nota é estruturada de acordo com a ementa do curso técnico em Mecânica do
IFRJ/Campus Paracambi e visa suprir tais deficiências e dar ao estudante aspectos básicos
e em cada tópico, por meio de ilustrações, conhecer o estado da arte de tubulações indus-
triais.

Paracambi, fevereiro de 2023.

Rodrigo do Nascimento Faria


Mestre em Ciências Mecânicas - COPPE /UFRJ
Especialista em Engenharia Ferroviária - PUC - MG
Engenheiro Mecânico - POLI/UFRJ

xi
Capı́tulo 1

Tubos / Materiais / Processos e


Fabricação / Uso tı́pico

Neste capı́tulo será abordado definições usuais empregadas no universo de tubulação,


os materiais tı́picos de Engenharia, processos de fabricação e aplicação destes materiais
em processos industriais. Também é discutido etapas de implementação e manutenção de
linhas (tubulações).

Figura 1.1: Instalações industriais de processamento [4]

1.1 Definições
Tubo ou cano: Conduto fechado rı́gido destinado ao transporte de fluido ou vapor. Em
geral, apresentam seção transversal de coroa circular e o fluido/vapor preenche toda
a seção transversal do conduto. Exceções: Sistemas de água e esgoto (Galerias
pluviais / abastecimento)

Denominação Em projetos cada vez mais internacionalizados (globalização da produção


e do consumo), tubos são denominados de acordo com a substância transportada.
2 Tubos / Materiais / Processos e Fabricação / Uso tı́pico

Figura 1.2: Manuais tı́picos para seleção de tubos [7]

Pipe conduz fluido em geral e tubing conduz gases, vapores, condensados e esgoto.

Tubulação É o conjunto tubo e os respectivos acessórios empregados na montagem do


sistema de condução do fluido/vapor

Figura 1.3: Acessórios de tubulação [6]

Tubos flexı́veis ou condutos flexı́veis ou mangueiras São condutos destinados ao


transporte de fluidos e vapores

1.2 Materiais
Cada especialidade da indústria (mecânica, naval, aeronáutica, mineração, processa-
mento quı́mico, alimentı́cia, farmacêutica, dentre outras) faz uso de uma gama de tipos
Tubos / Materiais / Processos e Fabricação / Uso tı́pico 3

de tubos.
Genericamente, segue uma classificação orientativa

Tubo metálico ferroso

• Aço-carbono: São os materiais mais comuns em tubulações industriais em que


a especificação depende da composição quı́mica (% de carbono) e pela tem-
peratura de serviço. Acima de 370o C, os tubos ficam sujeitos a deformação
permanente por fluência. Se o tubo alcançar a 530o C, verifica-se oxidação su-
perficial quando exposto ao ar (scaling ou carepas, em português). Na aquisição
de tubos de aço-carbono atentar para serviços com fluidos corrosivos, em que
a prática geral é instalar tubos com sobre-espessura. Consultar sempre que
possı́vel a norma ASME B.31, catálogo de normas técnicas Petrobras, dentre
outras.

• Aço-liga: destacam-se as ligas de cromo-molibdênio e nı́quel. As ligas contendo


cromo-molibdênio são resistentes a oxidação, a corrosão e a deformação por
fluência. Já as ligas de nı́quel são indicadas para temperatura de serviço em
baixas temperaturas.

• Aço inoxidável: consistem em aços com 12% de cromo, capazes de resistir a


corrosão para serviços sob alta temperatura, sob processos que promovem alta
corrosão, em serviços que exigem de baixa contaminação e segurança.

• Ferro fundido: São usados para aplicações de água, água salgada, gás e es-
goto em especificações de acordo com ABNT (normas EB-43 e P-EB-137) para
pressões de até 3 MPa.

• Ferro forjado galvanizado: São usados em aplicações que exigem baixa re-
sistência mecânica e boa resistência a corrosão. É importante atentar para
a norma ASME B.31.3 para o transporte de hidrocarbonetos dentro de ins-
talações industriais.

Tubo metálico não-ferroso

• Cobre / latão (liga cobre-zinco) / bronze (liga cobre-estanho): trabalham em


uma faixa de temperatura (−180o C a 200o C), possuem alto coeficiente de trans-
ferência de calor (por isso o amplo uso em sistemas de refrigeração e trocadores
de calor) e não podem ser utilizados na industria farmacêutica / alimentı́cia
(pois corroem com amônia e derivados).
4 Tubos / Materiais / Processos e Fabricação / Uso tı́pico

• Nı́quel / Metal monel (67%Ni, 30%Cu) / Inconel (80%Ni, 13%Cu): Possuem


alta resistência a corrosão associado a elevado custo de aquisição.
• Chumbo (em desuso): é o único material que consegue trabalhar com ácido
sulfúrico
• Alumı́nio (em alta): material leve de baixa resistência mecânica, resistente a
corrosão usado em serviços de troca de calor ou baixo peso. Trabalham na faixa
de temperatura (−270o C a 200o C) em aplicações de criogenia/refrigeração. Não
suportam exposição a chama.

Tubo não-metálico

• Material plástico (PVC, PTFE(TEFLON), Poliestireno, ABS, Epóxi, dentre


outros): baixo peso, resistente a corrosão, baixo coeficiente de atrito, baixa
resistência ao calor sujeitos a deformação por fluência sob qualquer tempera-
tura, não necessidade de pintura (permite padronização pela cor), baixo custo.
Deve-se atentar ao tipo de plástico usado (termofixo ou termoplástico). Os ter-
moplásticos amolecem conforme se aumenta a temperatura até a fusão enquanto
os termofixos se degradam instantaneamente impedindo qualquer processo de
reciclagem ou recondicionamento.
• Vidro: Uso para servições de alta corrosão. São especificados para φ inferior a
100 mm.
• Concreto armado: possuem baixa resistência mecânica e alta resistência a cor-
rosão, pois é um material inerte com amplo emprego em tubulações de grande
diâmetro destinas a condução de água e esgoto. São fabricados com argamassa
de cimento e areia com armação de aço. A especificação de tais tubos obedece
a norma EB-103 da ABNT.
• Cerâmica: tem uso amplo para em operações de remoção de impurezas. São
especificados para φ inferior a 100 mm.
• Borracha: São destinadas a tubulações flexı́veis, sejam de origem natural ou
sintética. Apresentam um reforço em arame de aço espiral acrescido de lonas em
aplicações severas. Apresentam alta sensibilidade a radiação UV, se degradando
muito rapidamente quando exposta ao calor.
• Cimento-amianto (em desuso): possuem baixa resistência mecânica e alta re-
sistência a corrosão, pois é um material inerte com amplo emprego em tu-
bulações de esgoto. São fabricados com argamassa de cimento e areia com
Tubos / Materiais / Processos e Fabricação / Uso tı́pico 5

armação de fibras de amianto. A especificação de tais tubos obedece a norma


EB-69 da ABNT.

Tubo metálico revestidos

• aço-carbono revestido de borracha


• dentre outras aplicações...

1.3 Finalidade de tubulações


As tubulações quanto a finalidade são didaticamente classificadas em:

tubulações de processo : destinadas ao armazenamento, processamento e distribuição


de fluidos

Figura 1.4: Tubulação de processo

tubulações de utilidades : servem ao funcionamento da indústria (sistemas de refri-


geração, aquecimento e vapor para acionamento de máquinas)

Figura 1.5: Tubulação de utilidades


6 Tubos / Materiais / Processos e Fabricação / Uso tı́pico

tubulações de instrumentação : empregadas na transmissão de sinais de ar compri-


mido para válvulas de controle

Figura 1.6: Tubulação de instrumentação

tubulações de transporte : servem ao transporte de fluidos e gases a longas distâncias


para fora da instalação industrial

1.4 Processos de fabricação em tubos


Segundo TELLES [5], os processos de fabricação de tubos consistem em tubos sem
costura (seamless pipe) e tubos com costura (welded pipe).

Tubos sem costura

• fundição (casting): faz uso de um molde e os materiais mais usados são o ferro
fundido, barro-vidrado e cimento. Destaca-se o processo de centrifugação na
confecção de tubos. O material no estado lı́quido é despejado em um molde,
que é submetido a centrifugação até a solidificação do material.

Figura 1.7: Fundição processo de centrifugação na fabricação do tubo

• forjamento
Tubos / Materiais / Processos e Fabricação / Uso tı́pico 7

Figura 1.8: Forjamento parcial para a fabricação de extintores de incêndio

• extrusão: materiais mais comuns utilizados empregando esta técnica: aço com
φ < 80mm, alumı́nio, cobre, latão, chumbo, plásticos. O processo consiste
em colocar tais materiais no estado pastoso em um recipiente de aço sob uma
prensa, de atuação vertical. Em seguida, tais tubos com a finalidade de reduzir
o diâmetro e promover o desempeno de tubos.
• laminação: é o processo de fabricação mais utilizado para tubos sem costura
em tubos de aço- carbono, aço-liga e aços inoxidáveis. Utiliza-se na fabricação
o processo Mannesmann, que consiste em impor a um lingote aplicar dois rolos
cônicos em que uma ponteira produz o tubo.

Figura 1.9: Laminação - processo Mannesmann

Tubos com costura : A fabricação é realizada por meio do processo de soldagem, para
materiais aço-carbono, aço-liga e ferro fundido. Destacam-se os processo de soldagem
por arco submerso e por resistência elétrica sem adição de material. Os tipos de solda
mais usados são:
8 Tubos / Materiais / Processos e Fabricação / Uso tı́pico

• topo (butt-weld)
• sobreposta
• longitudinal (mais usada)

Figura 1.10: Soldagem longitudinal

• espiral (2a opção)

Figura 1.11: Soldagem em espiral


Capı́tulo 2

Meios de ligações de tubos

Diversas são as formas de conectar tubos entre varas (emenda), tubo-válvula (tubo e
acessórios de tubulação em geral), bem com equipamentos de processo (serpentinas, radia-
dores, entradas e saı́das de ar, aquecedores, condensadores, turbinas, bombas, resfriadores,
vasos de pressão, queimadores, fornos, silos, misturadores, poços, dentre outros).
Didaticamente, TELLES [5] organizou a classificação dos principais métodos em:

• ligações rosqueadas (screwed joints)

• ligações soldadas (welded joints)

• ligações flangeadas (flanged joints)

• ligações de ponta e bolsa (bell and spigot joints)

A escolha do tipo de ligação é condicionada aos fatores: tipo de material empregado


no tubo, segurança, custo, facilidade de desmontagem, localização, pressão / temperatura
de serviço, fluido e diâmetro.

2.1 Ligações Rosqueadas

As ligações rosqueadas são ligações de baixo custo, relativa facilidade de operação,


limitadas a tubos de pequeno diâmetro (4in) e a aplicações voltadas para instalações
domiciliares ou servições secundários em instalações industriais (água, ar condensado de
baixa pressão).
A natureza das roscas (leia-se a propriedade molhabilidade do fluido) induz a facilidade
de vazamentos e baixa resistência mecânica. Os tubos são ligados por meio de luvas ou
10 Meios de ligações de tubos

Figura 2.1: Tubo em aço inoxidável roscado

uniões rosqueadas, em que a vedação é garantida se usando massas vedantes e roscas


cônicas.
TELLES [5] afirma que nos tubos galvanizados a única forma de ligar possı́vel é por
ligação rosqueada devido a proibição pelas normas existentes.

2.2 Ligações Soldadas


As ligações soldadas são as mais empregadas em tubulações industriais devido ao
largo emprego de materiais metálicos em tubos e acessórios (aço e as respectivas ligas,
ferro fundido, chumbo, dentre outros). A mão de obra na instalação deve ser qualifi-
cada (assegurando-se qualidade na confecção da solda). Esta escolha confere as seguintes
vantagens:

• resistência mecânica equivalente ao tubo

• estanqueidade perfeita e permanente

• boa aparência

• facilidade na aplicação de isolamento térmico

• necessidade mı́nima de manutenção

A seguir, é listado os tipos de solda possı́veis em ligações soldadas.

2.2.1 Solda de topo

Este é o sistema mais usado para ligação de tubos com φ > 2 in de aços de quaisquer
denominação. A solda é feita de acordo com norma ASME B.16.25 ou outras normas, que
estabelecem o formato do chanfro. Seguem recomendações da norma ASME B.16.25
Meios de ligações de tubos 11

3
Para φ 6 16 in : Ponta lisa e esquadrejadas

3 3
Para 16 6φ6 4 in : Chanfro em V com angulo de 75o

3
Para φ > 4 in : Chanfro em J duplo

Em tubos de diâmetro acima de φ > 20 in, são colocados anéis com a finalidade de
melhorar a solda devido ao alinhamento dos tubos e fornece melhor abertura da fresta
para a execução da solda.

Figura 2.2: Adição de anéis visando alinhamento de tubulações

2.2.2 Solda de encaixe

As varas de tubos são ligadas uma as outras por meio de luvas ou uniões, em que a
solda é feita com um único cordão externo de solda, a ser executada solda elétrica.
1
São usadas em tubulações de aço com φ > 2 in. É também empregada em tubos
não-ferrosos ou de plástico de até 4 in.

2.2.3 Brasagem

A brasagem é empregada em tubos metálicos não-ferrosos em que o material de adição


da solda (no estado lı́quido) apresenta metal de adição com temperatura de fusão superior
a 450o C porém inferior a temperatura de fusão do material que constitui o tubo.
12 Meios de ligações de tubos

Figura 2.3: Ligação soldada usando a técnica de brasagem

2.2.4 Solda branca

Empregada em tubos de cobre sem costura destinado ao abastecimento de água doce,


em que o metal de adição da solda é a base de chumbo e estanho. Tal solda é executada
com solda de baixa potência ou maçaricos de GLP.

Figura 2.4: Ligação soldada usando a técnica de solda branca


Meios de ligações de tubos 13

2.3 Ligações Flangeadas


As ligações flangeadas são caracterizadas pela união de dois flanges usando um jogo de
parafusos com porca e uma junta, o que facilita a montagem/desmontagem de tubulações.
Via de regra, tem amplo uso para tubos com mais de 200 (pol) para conectar válvulas,
bombas, compressores dentre outros equipamentos em que o flange está integrado ao equi-
pamento.

Figura 2.5: Ligação flangeada [4]

Deve-se atentar para os tipos de flange conforme norma ANSI B.16.5 que sistematiza
os tipos de flanges.

• Flange integral: Apresenta alta resistência mecânica e uso restrito a tubos de ferro
fundido ou plástico laminado.

• Flange de pescoço: É o flange não-integral mais usado podendo ser submetido a


uma ampla faixa de pressão e temperatura. Montagem permite melhor aperto e
gera menor tensão residual, porém exige boa tolerância na fabricação.

• Flange sobreposto: Apresenta baixo custo de fabricação e uso restrito a serviços não-
severos, evitando-se corrosão e erosão. Possui limitações de pressão e temperatura
prevista nas normas ASME B.31.1 e ASME B.31.3

• Flange rosqueado: Usado em tubulações não-soldáveis (materiais não metalicos e


plásticos) voltadas para aplicações de serviço secundário e prediais. A rosca gera
tensões e é fonte de vazamentos.

• Flange de encaixe: Tem a mesma recomendação do flange sobreposto, sendo usado


em tubulações até 1 1/200 .

• Flange lap-joint ou Van Stone: o flange desliza ao longo da tubulação exigindo


um batente denominado virola. São usados em classe de pressão inferior a 150lb e
14 Meios de ligações de tubos

temperatura de 600 C.

• Flange cego: São usados na extremidade de linhas ou fechamento de bocais flange-


ados.

Repare que em toda ligação rosqueada, a junta é o elemento de vedação, sendo esta sub-
metida aos esforços mecânicos de compressão (devido a ação dos parafusos) e cisalhamento
(devido a pressão do fluido circulante). Afim de assegurar adequada deformabilidade, as
juntas usuais em flanges são:

• não-metálicas: Apresentam formato plano de espessura variável de 1/3200 a 1/800 .


Normalmente são fabricadas em material conforme aplicação:

– Borracha natural: água, ar, condensado até 1000 C.


– Borracha sintética: óleos até 1200 C.
– Amianto grafitado: vapor e óleo até 4000 C.
– Materiais plásticos: fluidos corrosivos sob baixa pressão e temperatura
– Papelão hidráulico: água, ar, condensado em baixa pressão e temperatura.

• metálicas: São fabricadas em aço inoxidável e são classificadas em

– em espiral: Possuem uma lâmina metálica em espiral com enchimento de ami-


anto em volta. Tem uso para grandes variações de pressão e temperatura.
– folheadas: O revestimento interno é feito com material macio (amianto) en-
quanto a parte externa é feita de aço laminado. São usados em flanges com
ressalto sob alta pressão e temperatura com espessura de 1/1600 a 1/800 .
– maciças: Uso em planges com ressalto e flanges de encaixe (macho/fêmea).
– de anel: São anéis metálicos de seção ovalada empregados em flages com face
para anel, padronizadas pela norma ABNT EB-307, apresentado a menor força
de aperto dentre as juntas metálicas.

Na montagem de tubulações, é fundamental observar a temperatura de serviço (se a tu-


bulação sofre grandes variações de temperatura, montar o sistema na maior temperatura)
e o aperto dos parafusos em dois estágios

• aperto inicial: deve promover o escoamento das juntas

• aperto residual: deve ter pressão igual a 1, 5 a 2 vezes o valor da pressão interna do
fluido no tubo.
Portanto o aperto total é a soma dos apertos inicial e residual.
Meios de ligações de tubos 15

2.4 Ligações Ponta e bolsa


Tem emprego em aplicações de água, esgotos e gás, conforme recomendação.

Figura 2.6: Ligação Ponta e bolsa [1]

• ferro fundido para gás: Apresenta material vedante constituı́do de chumbo e estopa
alcatroada e anéis retentores de borracha ou de plástico

• barro vidrado e cimento-amianto para água e esgoto: Apresenta material vedante


constituı́do de argamassa de cimento ou cimento com anéis de borracha

2.5 Outros meios de ligação de tubos


Os tubos plásticos são normalmente conectados fazendo uso de uma colas que cura
(polimeriza) no local. Em tais tubos é realizada a operação de lixamento visando limpar
o tubo e/ou acessório e aumentar a área de contato de colagem.
Atente que determinadas colas exigem uma preparação especial que envolve o uso de
catalizador. É muito importante o uso de EPI e material de aplicação adequado.
Há ainda a operação de emenda de tubos plásticos que exige um pedaço de tubo menor
ou niple de ligação que envolve a colagem interna e posterior polimerização externa do
tubo fazendo uso de fibra de vidro.
Em tubos metálicos, prestar atenção a revestimentos anticorrosivos e emendas, que
devem ser evitadas.
16 Meios de ligações de tubos
Capı́tulo 3

Válvulas

Por via de regra, válvulas são dispositivos que controlam e interrompem o fluxo de
fluido/gás em uma tubulação. Neste capı́tulo será feito o estudo deste acessório, que
é considerado mais importante em tubulações. Deve-se evitar um número excessivo de
válvulas pois as mesmas introduzem vazamentos, perda de carga em tubulações e apre-
sentam alto custo. Ainda, as válvulas devem ser fáceis de operar e acessar.

3.1 Válvulas que controlam fluido/gás em quaisquer direção


Duas operações básicas de válvulas que controlam a vazão de fluido/gás consistem no
bloqueio e na regulagem de fluxo.

3.1.1 Válvulas de bloqueio

Apresentam diâmetro nominal com seção equivalente da tubulação e só devem funcio-
nar completamente abertas ou fechadas.

• gaveta

• macho

• de comporta

3.1.2 Válvulas de regulagem

Possuem a finalidade de regular o fluxo de fluido/gás em uma determinada linha.

• globo
18 Válvulas

• agulha

• controle

• borboleta

• diafragma

3.1.3 Válvulas que controlam fluido/gás apenas em uma direção

• retenção

• retenção e fechamento

• de pé

3.1.4 Válvulas de controle a pressão de jusante (lado da entrada) e a


pressão de montante

• redutora e reguladora de pressão

• retenção e fechamento

• de segurança e de alı́vio

• de contrapressão

3.2 Operação de válvulas


A operação de válvulas depende das condições de serviço da tubulação (pressão, tem-
peratura, tipo de fluido a ser transportado, dentre outros). São utilizados os métodos de
operação

• manual

– por meio de volante


– por meio de alavanca
– por meio de engrenagens e parafuso sem fim

• motorizada

– hidráulica
– pneumática
Válvulas 19

– elétrica

• automatizada

– por diferença de pressão gerada


– pelo fluido
– por meio de molas ou contrapesos

3.3 Aspecto construtivo de válvulas

Figura 3.1: Válvula gaveta

Figura 3.2: Válvula macho


20 Válvulas

Figura 3.3: Válvula de comporta

Figura 3.4: Válvula globo

Figura 3.5: Válvula agulha


Válvulas 21

Figura 3.6: Válvula de controle

Figura 3.7: Válvula borboleta


22 Válvulas

Figura 3.8: Válvula diafragma

Figura 3.9: Válvula de retenção

Figura 3.10: Válvula de retenção e fechamento


Válvulas 23

Figura 3.11: Válvula de pé

Figura 3.12: Válvula de segurança e alı́vio


24 Válvulas
Capı́tulo 4

Acessórios de tubulações

Aqui vamos enumerar três acessórios complementares as válvulas: conexões, juntas de


expansão e equipamentos. É importante destacar que a introdução destes acessórios junto
com as válvulas introduz fonte de vazamentos, concentração de tensões e perda de carga
na linha de tubulações.

4.1 Conexões
Conexões são peças usadas para união entre tubos, permitindo a mudança de direção
na linha, a redução de bitola, derivação e fechamento de extremidades, facilitando a mon-
tagem/desmontagem de linha. São fabricadas em metal ou não-metal (PVC) e devem
mandativamente ser do mesmo tipo de material do tubo.
As conexões são classificadas segundo TELLES [5] conforme finalidade e tipos

Permitir mudanças de direção em tubos

• curvas de raio longo


• curvas de raio curto
• curvas de redução
• joelhos
• joelhos de redução

Observação: Não existe distinção entre os termos curva e joelho. Curva se denomina
para raio grande e joelho para raio pequeno. As curvas em geral apresentam menor perda
de carga e maior custo quando comparadas com joelhos.
26 Acessórios de tubulações

Observação: Para unir conexões não-rosqueadas e não-soldáveis a tubos e/ou equi-


pamentos, são empregados elementos vedantes com a finalidade de evitar vazamento de
fluido, gás ou vapor da linha. A vedação exige uso de material diferente da tubulações
(fios de sisal ou algodão, teflon, massa de zarcão, tinta de base e cordão de amianto).

Fazer derivações em tubos

• Tê de 900
• Tê de 450
• Tê de redução
• Y
• cruzetas
• cruzetas de redução
• selas
• anéis de reforços

Permitir mudanças de diâmetro em tubos

• redução concêntrica
• redução excêntrica
• redução bucha

Ligações de tubos entre si

• luvas
• uniões
• flanges
• niples
• virolas

Fazer o fechamento da extremidade de um tubo

• tampão
• bujão
• flange cego
Acessórios de tubulações 27

As curvas tem a finalidade de alterar a direção da tubulação, com o objetivo de au-


mentar a flexibilidade (apesar de introduzir perda de carga na linha) sendo fundamental
em tubulações sujeitas a variações de temperaturas e reduzindo deformações.

Figura 4.1: Exemplo de derivações

4.2 Juntas de expansão

São peças não-rı́gidas que se intercalam nas tubulações com a finalidade de absorver
total ou parcialmente as dilatações provenientes das variações de temperatura e impedir
propagação de vibrações.
Empregam-se juntas de expansão quando

• o espaço disponı́vel para o trajeto possui pouca disponibilidade

• em tubulações de ∅2000 ou de material caro com necessidade de realizar trajeto mais


curto

• em tubulações sujeitas a vibrações

• conectadas a equipamentos sensı́veis a esforços mecânicos da tubulação

As juntas de expansão são consideradas o elo mais fraco da tubulação sujeito a desgastes
e defeitos que podem acarretar em acidentes sérios. As juntas de expansão estão sujeitas
a diferentes graus de liberdade: axial, angular, lateral e torção.
28 Acessórios de tubulações

Figura 4.2: Tipos de movimentação de juntas de expansão

4.2.1 Caracterı́sticas construtivas de juntas

Aqui se dá destaque aos principais tipos de juntas quanto as caracterı́sticas construti-
vas.
As juntas de fole ou sanfona de movimento axial (juntas axiais) absorvem movimento
longitudinal em trecho de tubo reto, usadas em serviços severos que envolvem a operação de
fluidos inflamáveis, tóxicos, dentre outros. Não apresentam gaxetas e o risco de vazamento
se dá com a ruptura da fole, o que exige submissão constante do acessório a ensaios não-
destrutivos. As juntas de fole ou sanfona de movimento angular ou lateral permitem
conferir outros graus de liberdade a tubulação e drenagem de fluido retido nos gomos.
As juntas universais absorvem movimentos laterais, com aplicações em bomas, turbinas
ou equipamentos sensı́veis.
As juntas cardânicas possuem rotação angular, absorvem movimento em planos dis-
tintos e é uma junta de expansão articulada.
As juntas telescópio consistem no deslizamento de tubulações entre si, com uso em
tubulações de vapor ou condensado, voltadas para serviços leves com movimentação não
frequente a fim de evitar vazamentos.
Acessórios de tubulações 29

Figura 4.3: Juntas universais

Figura 4.4: Junta Cardânica

Figura 4.5: Junta Telescópio


30 Acessórios de tubulações
Capı́tulo 5

Projeto de tubulações

Em um projeto de tubulações deve constar 05 tipos de desenhos: fluxogramas, plantas


de tubulação, desenhos isométricos, desenhos de detalhes e de fabricação, desenhos de
suportes.

• fluxogramas

• plantas de tubulação

• desenhos isométricos

• desenhos de detalhes e de fabricação

• desenhos de suportes

5.1 Fluxogramas

São desenhos esquemáticos, sem escala que mostram toda rede de tubulações e os
diversos acessórios, com a finalidade de mostrar o funcionamento de um sistema e não se
destinam a nenhum efeito de fabricação, construção e montagem.

5.2 Plantas de tubulação

São desenhos em escala contendo todas as tubulações de uma determinada área repre-
sentadas em projeção horizontal, olhando-se de cima para baixo.
32 Projeto de tubulações

Figura 5.1: Fluxograma

Figura 5.2: Planta de tubulação

5.3 Desenhos isométricos

São desenhos feitos em perspectiva isométrica sem escala. Devem conter todas as
válvulas, acessórios e a localiza ]ao de emendas dos tubos e acessórios.
Observação: Não se faz desenho isométrico para tubulações subterrâneas e para tu-
bulações fora da área de processamento.
Projeto de tubulações 33

Figura 5.3: Desenho isométrico

5.4 Padronização de cor e simbologia do fluido em desenho


técnico
São adotadas segundo a norma NBR 6493, as seguintes cores básicas na pintura das
tubulações, aplicadas em toda a sua extensão, ou na seção média das faixas, quando
divididas conforme o estabelecido em 4.2.2:

• alaranjado: produtos quı́micos não gasosos

• amarelo: gases não liquefeitos

• azul: ar comprimido

• branco: vapor

• cinza-claro: vácuo

• cinza-escuro: eletroduto

• cor-de-alumı́nio: gases liquefeitos, inflamáveis e combustı́veis de baixa viscosidade


(por exemplo: óleo Diesel, gasolina, querosene, óleo lubrificante, solventes)

• marrom-canalização: materiais fragmentados (minérios), petróleo bruto

• preto: inflamáveis e combustı́veis de alta viscosidade (por exemplo: óleo combustı́vel,


asfalto, alcatrão, piche)

• verde-emblema: água, exceto a destinada a combater incêndio

• vermelho-segurança: água e outras substâncias destinadas a combater incêndio.


34 Projeto de tubulações

As faixas de identificação das tubulações devem ter a largura de 40 cm.

Figura 5.4: Cores em tubulação industrial

5.5 Número de Reynolds

Define o tipo de escoamento presente em uma tubulação. Os escoamentos são classifi-


cados em

laminar Todos os filetes lı́quidos são paralelos entre si e as velocidades em cada ponto
são invariáveis em direção e grandeza

Turbilhonar ou turbulento As partı́culas lı́quidas se movem em todas as direções com


velocidades variáveis em direção e grandeza.

É calculado por meio da equação

Vd
Re = (5.5.1)
ν
Projeto de tubulações 35

em que Re é o número de Reynolds (adimensional), V é a velocidade em m/s, d é o


diâmetro da tubulação em mm e ν é a viscosidade cinemática em St (Stokes).
Observação: 1 centiStokes = 0, 01 Stokes
36 Projeto de tubulações
Capı́tulo 6

Bombas industriais

Define-se bombas como máquinas operatizes hidráulicas que conferem energia ao lı́quido
com a finalidade de transportá-lo de um ponto para outro obedecendo às condições do pro-
cesso.
EM = K + P + L (6.0.1)
em que EM é a energia mecânica do fluı́do, K é energia cinética, P é a energia potencial e
L é a energia dissipada pelas perdas acarretadas pelos acessórios (curvas, joelhos, válvulas,
dentre outros).

6.1 Classificação de bombas


A classificação de bombas segue a estruturação de FALCO e MATTOS [3]

Figura 6.1: Classificação de bombas

As aplicações consistem em

• abastecimento de água
38 Bombas industriais

• sistema de esgoto

• drenagem

• rede de incêndio

• indústria quı́mica / alimentos e bebidas / papel / biomédica, dentre outras

• servições hidráulicos

• produção e processamento de petróleo

• sistemas de lubrificação

Observação: Em bombas centrı́fugas, pode existir mais de um impelidor (múltiplo


estágio)
Observação: Fabricantes Alston, DANCOR, SCHNEIDER, SULZER, FLOWSERVE,
dentre outros

6.2 Máquinas hidráulicas


As máquinas hidráulicas são subdividas em motrizes, mistas e geratrizes.

6.2.1 Máquinas motrizes

São máquinas que transformam energia hidráulica em trabalho mecânico. São exemplo
de máquinas motrizes, a roda d’água ou moinho d’água e as turbinas: pelton, francis e
kaplan.

Figura 6.2: Roda d’água ou moinho d’água

O rendimento em tais máquinas é dado por


PM
ηt = (6.2.2)
Qt Ht
Bombas industriais 39

Figura 6.3: Turbinas hidráulicas

em que ηt é o rendimento da máquina motriz (adimensional), PM é potência mecânica de


eixo [kW], Qt é a vazão na entrada da turbina [m3 /s] e, Ht é a altura manométrica na
entrada da turbina [m].

6.2.2 Máquinas mistas

São máquinas que transformam a energia hidráulica em energia hidráulica. Um im-


portante exemplo é o carneiro hidráulico, muito empregado em áreas rurais.

Figura 6.4: Carneiro hidráulico

O rendimento de um carneiro hidráulico é dado por

Qs h
ηt = (6.2.3)
Qe H
40 Bombas industriais

em que ηt é o rendimento da máquina motriz (adimensional), Qs a vazão na saı́da [m3 /s],


Qe é a vazão na entrada [m3 /s], h é altura manométrica na saı́da [m] e H é altura ma-
nométrica na entrada [m].

6.2.3 Máquinas geratrizes

São máquinas que transformam energia mecânica em energia hidráulica. Tais máquinas
são acionadas por motores elétricos, estacionários, dentre outros.
A subdivisão destas máquinas consiste em:

• Bombas de deslocamento positivo (ou bombas volumétricas)

• Bombas dinâmicas

6.3 Bombas de deslocamento positivo (ou bombas volumétricas)


Caracterı́sticas:

• Emprego em circuitos hidráulicos (circuitos em que o acionamento do atuador linear


ou motor hidráulico movimenta uma carga)

• Vedação mecânica que impede a recirculação do fluido por meio de uma válvula de
retenção na entrada e na saı́da do dispositivo

• provoca pressões elevadas para vazões baixas, na ordem de 6 kgf/cm2 até 700 kgf/cm2 .

6.3.1 Tipos de bombas volumétricas

Figura 6.5: Tipos de bombas volumétricas


Bombas industriais 41

Bomba rotativa de engrenagem

Figura 6.6: Rotativa - engrenagem

Caracterı́sticas Rotativa - engrenagem

• Fazem uso de dentes reto, dentes helicoidal ou dentes em espinha de peixe

• Fluido segue pelos vãos dos dentes da engrenagem

• Há recuperação na bomba de fluido, lubrificando o engrenamento

• Deslocamento de fluido fixo

• Vazão depende do engrenamento e da rotação

Observações Bomba Rotativa de engrenagem

• Dentes reto: muito ruido e baixa eficiência

• Dentes helicoidais: Engrenamento suave sem retenção de lı́quido

• Dentes em espinha de peixe: Componentes axiais e radiais são anuladas. Muito


silenciosas e com maior eficiência volumétrica
42 Bombas industriais

Figura 6.7: Rotativa - parafuso

Bomba rotativa parafuso

Caracterı́sticas Rotativa - parafuso

• São dotadas de dois parafusos que tem movimentos sincronizados por meio de um
par de engrenagens sincronizadoras.

• O rendimento destas bombas depende das folgas existentes no conjunto

• Uso para fluidos com elevada viscosidade (acima de 500 cSt)

• Vazão uniforme

• Boa tolerância a presença de ar e gás

• São compactas

• Apresentam baixa vibração

• Possuem alto custo de aquisição devido ao processo de fabricação que exige precisão
de folgas.
Bombas industriais 43

Figura 6.8: Rotativa - palheta

Bomba rotativa palheta

Caracterı́sticas Rotativa - palheta

• Carcaça que define o extrator

• Rotor excêntrico com relação a carcaça

• Existência de ranhuras no rotor

• Tempo de regulação extremamente curto

• Baixo nı́vel de ruido operacional

• Aplicável em combinação de bombas

• Surgimento de força radial desbalanceadora

• Deslocamento fixo

• Vazão dependente das dimensões, excentricidade e rotação


44 Bombas industriais

Figura 6.9: Rotativa - lóbulos

Bomba rotativa lóbulo

Caracterı́sticas Rotativa - lóbulos

• Funcionamento similar ao da bomba de engrenagens, em que o fluido é transportado


no espaço entre lóbulos

• Uso para fluidos não emulsificantes, com alta viscosidade (Exemplos: lodo, óleos,
pomadas, melaços, massas alimentares)

• Gera pressões de até 20 bar

Bombas alternativa de pistão

Caracterı́sticas Alternativa - pistão

• Usam um plugue ou pistão para forçar o lı́quido a se deslocar da entrada até a


descarga da bomba

• Contém um virabrequim, engrenamento, biela, cruzeta, gaxetas, pistão, camisa,


válvula de sucção e válvula de descarga
Bombas industriais 45

Figura 6.10: Alternativa - pistão

Bombas alternativa de êmbolo

Caracterı́sticas Alternativa - êmbolo

• São bombas de pistão em que o pistão é dotado de ranhuras para a instalação de


elementos de vedação. Uso em pressões maiores que as bombas de pistão

Bombas alternativa de diafragma

Caracterı́sticas Alternativa - diafragma

• Consiste em uma bomba de pistão em que o elemento proporcionador do desloca-


mento é um diafragma.

• Esta membrana pode ser fabricada em borracha sintética, teflon, aço inox, dentre
outros

• Uso como bomba dosadora de produtos quı́micos

• Não há requisito para selagem da bomba

• Acionamento por ar comprimido


46 Bombas industriais

Figura 6.11: Alternativa - diafragma

• Uso voltado para alta pressão

• Uso fluido com sólido em suspensão ou gás dissolvido em lı́quido.

• Possui baixa vazão

• Não necessita escorvar a bomba

• Melhor eficiência dentre as bombas (95 œ)

• Ocupam grande espaço e vibram muito


Bombas industriais 47

6.4 Bombas dinâmicas

As bombas dinâmicas apresentam como caracterı́stica a não existência de vedação


mecânica separando a entrada da saı́da, o que provoca a existência de vazamento interno.

Figura 6.12: Componentes de uma bomba dinâmica

As bombas dinâmicas apresentam um curva caracterı́stica contendo 4 elementos básicos:


altura manométrica, vazão, diâmetro do rotor e rendimento. A vazão Q = 0 é denominada
shut-off (partida) da bomba que serve para ter noção do fundo de escala do manômetro a
ser colocado na saı́da da bomba.

Figura 6.13: Curva caracterı́stica de uma bomba dinâmica


48 Bombas industriais

A classificação de impelidores (rotores) consistem em

• Fechado: as pás são protegidas pela existência de uma tampa traseira e uma tampa
dianteira. Uso para fluidos limpos, pois tais rotores estão sujeitos a entupimentos

• Semi-aberto: as pás são protegidas somente por uma tampa traseira

• Aberto: Não possuem tampas, pois as pás são originadas no cubo

Figura 6.14: Bombas centrı́fuga

As bombas dinâmicas são subdividas para efeito de estudo em

• Centrı́fuga radial: O fluido é expulso do rotor na direção do raio, por meio da


força centrı́fuga

• Centrı́fuga helicoidal (Francis): O fluido entra axialmente ao impelidor (rotor),


cujas pás são de dupla curvatura ou em dois planos, segue uma trajetória que é uma
curva reversa, atinge o bordo de saı́da das pás, que pode ser ligeiramente inclinado
ou paralelo ao eixo e é lançado no impelidor (rotor) na direção do raio ou numa
direção levemente inclinada

• Centrı́fuga diagonal: O fluido entra axialmente no rotor. O impelidor impõe ao


fluido uma trajetória de hélice cônica.

• Centrı́fuga axial: O fluido entra axialmente no rotor e ao passar pelo impelidor,


impõe ao fluido uma trajetória de hélice cilı́ndrica.
Bombas industriais 49

Figura 6.15: Tipos de impelidores (rotores) de uma bomba dinâmica


50 Bombas industriais

6.5 Instalação de bombas centrı́fugas [2]


Consiste nas etapas a seguir:

1a etapa: Identificar o produto Toda bomba possui uma plaqueta de identificação


contendo dados importantes tais como vazão [m3 /h], diâmetro do rotor [mm], mo-
delo, dentre outros

2a etapa: Inspeção Verificar se há algum componente danificado ou ausência de peças


ou violação de embalagem. Reprove o recebimento se estes itens apresentarem pro-
blemas

3a etapa: Transporte Carregar a bomba pelo flange de recalque (descarga)

4a etapa: Armazenamento sem operação, com prazo máximo de 60 dias

• Manter o local seco e protegido de umidade


• Mancais e acoplamentos protegidos contra entrada de pó e elementos extratores
• proteção nos locais de sucção e recalque
• Lubrificar mancais
• Eixo deve ser girado 1 vez por semana para evitar oxidação e consequente
travamento

5a etapa: Cuidados antes da instalação

• Se a bomba for armazenada por mais de 60 dias, esta deve ser lavada com
querosene
• Óleo dos mancais deve ser substituı́do por óleo novo e superfı́cies lavadas com
água

6a etapa: Tubulações

• Deve ser simples, utilizando o mı́nimo necessário de conexões


• Uso de redução excêntrica para evitar a formação de bolhas de ar
• Verificar se não há pontos de entrada de ar na sucção
• A tubulação nunca deve se apoiar na bomba (caso contrário, ocorrerá trinca ou
quebra na carcaça, além do desalinhamento do conjunto)
Bombas industriais 51

Figura 6.16: Tipos de sucção em uma bomba centrı́fuga

• Observar o tipo de sucção


52 Bombas industriais

• Se o lı́quido bombeado sofrer grandes variações de temperatura, deve-se colocar


juntas de expansão para evitar esforços mecânicos da tubulação danifiquem a
bomba
• Onde se aplicar válvulas de ré com crivo, a área de passagem deve ser no mı́nimo
3 vezes a área da tubulação
• Reduções na saı́da da bomba deve ser concêntrica
• A tubulação deve estar alinhada e apoiada
• Deve-se instalar uma válvula gaveta logo após o recalque da bomba
• Instalar uma válvula de retenção entre a bomba e a válvula de gaveta.
• A tubulação de recalque deve ser mais curta e reta possı́vel para evitar perdas
de carga desnecessária e também ser totalmente estanque, impedindo a entrada
de ar.
• Utilizar curvas de 900 de raio longo pois propiciam menores perdas de carga
• O manômetro deve ser instalado na saı́da da bomba
• Completar com água o rotor da bomba (escorva). Escorva: enchimento da
tubulação de sucção com lı́quido a ser bombeado antes da operação
• O alinhamento deve ser feito com um relógio comparador, laser ou régua.

6.6 Operação de bombas centrı́fugas


Partida da bomba

• Registro de sucção totalmente aberto


Observação Se a tubulação de recalque estiver vazia, o registro de recalque
deve ser fechado antes da partda com exceção dos casos de bombas operando
com ácidos. Este registro deve ser aberto tão logo o motor atinja a rotação de
trabalho.
• Dê a partida no motor
Observação Se o motor da boma possuir potência inferior a 7,5 cv, o aciona-
mento elétrico é direto. Caso contrário, consultar manual da bomba e reco-
mendações técnicas previstas em norma própria.
Observação Caso o motor seja de combustão interna, atentar para o sistema de
escape de gases, qualidade do combustı́vel usado e regulagem do motor.
Bombas industriais 53

• Verificar se a bomba está recalcando por meio da leitura do manômetro na saı́da


da bomba

Parada da bomba

• Fechar o registro de gaveta no recalque


• Desligar o motor
• Fechar as instalações auxiliares
• A carcaça e a caixa de gaxetas devem ser drenadas

6.7 Problemas durante a operação


1. A bomba não recalca

• A canalização de sucção e bomba não estão bem cheias de água


• Profundidade de sucção elevada
• Entrada de ar pela canalização de sucção
• Válvula de pé presa, parcial ou totalmente entupida
• Altura de recalque maior que aquela indicada
• Corpo estranho no rotor
• Junta defeituosa provocando entrada de ar
• Corpo da bomba furado
• Selo mecânico com desgaste

2. Vazão menor que a requerida

• Profundidade de sucção elevada


• Entrada de ar pela tubulação de sucção
• Válvula de pé subdimensionada (muito pequena)
• Válvula de pé presa, parcial ou totalmente entupida
• Tubos de sucção e recalque de pequeno diâmetro
• Altura de recalque maior que aquela indicada
• Viscosidade do lı́quido diferente que aquela indicada
• Corpo estranho no rotor
54 Bombas industriais

• Junta defeituosa provocando entrada de ar


• Vazamento de água pelo selo mecânico

3. Pressão da bomba insuficiente

• Altura de recalque maior que aquela indicada


• Viscosidade do lı́quido diferente que aquela indicada
• Corpo estranho no rotor
• Rotor ou corpo da bomba quebrado, gasto ou furado

4. Bomba perde escorvamento após a partida e deixa gradativamente de puxar

• Profundidade de sucção elevada


• Entrada de ar pela tubulação de sucção
• Retorno da água da tubulação de recalque cai em cima ou próxima da tubulação
de sucção nos sistemas de circuito fechado (formação de bolhas de ar na sucção)
• Nı́vel dinâmico da água no poço de sucção, abaixo do recomendado
• Vazamento de água pelo selo mecânico

5. Bomba esquenta

• A canalização de sucção e bomba não estão bem cheias de água


• Eixos desalinhados (bombas mancalizadas)
• Rotor raspando a carcaça
• Mancais ou rolamentos defeituosos
• Altura de recalque maior que aquela indicada
• Canalização de recalque entupida

6. Bomba sobrecarrega o motor

• Sentido de rotação invertido (motores trifásicos, bombas mancalizadas)


• Altura de recalque menor que aquela indicada
• Peso especı́fico do lı́quido diferente que aquele indicado
• Viscosidade do lı́quido diferente que aquele indicado
• Corpo estranho no rotor
• Eixos desalinhados (bombas mancalizadas)
Bombas industriais 55

• Eixos empenados
• Rotor raspando na carcaça

7. Motor da bomba não gira

• Eixo empenado
• Eixo preso, travado
• Rotor raspando na carcaça
• Mancais ou rolamentos defeituosos
• Falta de lubrificação dos rolamentos
• Motor em curto circuito ou queimando

6.8 Cavitação
Fenômeno associado a processos que envolvem a deterioração das superfı́cies do impe-
lidor e da carcaça.

Figura 6.17: Cavitação em bombas centrı́fugas

Isto ocorre quando a pressão absoluta em qualquer ponto de um sistema de bombe-


amento atinge valor igual ou inferior a pressão de vapor do lı́quido na temperatura de
bombeamento.
Em bombas centrı́fugas, isto fica restrito ao ”olho”do impelidor, pois a pressão é
mı́nima neste local.

6.8.1 Consequências da cavitação

Barulho e vibração : O colapso das bolhas no olho do impelidor afetam a selagem,


mancais e o próprio impelidor
56 Bombas industriais

Alteração das curvas caracterı́sticas das bombas

Dano do material

As situações que favorecem o surgimento de cavitação

• Obstrução nas linhas de sução / filtro entre o flange de sucção e o olho do impelidor

• Vazamento excessivo pelos anéis de desgaste

• Operação em vazões abaixo ou acima dos limites recomendados


Bibliografia

[1] ARTSUL. Tubos de concreto. Brasil: Artsul, 2015.

[2] EH, B. Manual de instalacao, operacao e manutencao de bombas centrifugas. [S.l.].

[3] MATTOS, E. E. de; FALCO, R. de. Bombas industriais. [S.l.]: Interciência, 1998.

[4] PETROBRÁS. Instalaç0̃es industriais de processo. Brasil: Petrobrás, 2000.

[5] TELLES, P. da S. Tubulacoes industriais: materiais, projeto e montagem. [S.l.]: Livros


Técnicos e Cientı́ficos, 2001. ISBN 9788521612896.

[6] TUPY. Manual técnico. Brasil: Tupy, 2005.

[7] VALLOREC. Manual técnico. Brasil: Vallorec, 2005.

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