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Sumário
Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Lista de ilustrações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Lista de tabelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1 REGIMES DE ESCOAMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.1 Regimes quanto à organização das partículas . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2 Regimes quanto à variação dos parâmetros no espaço . . . . . . . . . . . 10
1.3 Regimes quanto à variação dos parâmetros no tempo . . . . . . . . . . . 11
1.4 Regimes quanto ao movimento de rotação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
II FORONOMIA 19
3 ORIFÍCIOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.1 Classificação dos Orifícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.1.1 Orifícios pequenos em paredes delgadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.1.2 Orifícios de grandes dimensões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.1.3 Contração incompleta da veia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.1.4 Orifícios afogados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.1.5 Escoamento com nível variável: esvaziamento de reservatórios . . . . . . . . 27
3.1.6 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2
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5 PERDAS DE CARGA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
5.1 Perdas de carga distribuídas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
5.1.1 Forças relacionadas ao escoamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
5.1.2 Equação universal da perda de carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
5.1.3 Equação de Hazen-Williams . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
5.1.4 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5.2 O fator de atrito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.2.1 Número de Reynolds . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.2.2 Fator de atrito em escoamento laminar - Equação de Poiseuille . . . . . . . . 45
5.2.3 Fator de atrito em escoamento turbulento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
5.2.4 O diagrama de Moody . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
5.3 Perdas de carga localizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
5.3.1 Método dos coeficientes k . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
5.3.2 Método dos comprimentos equivalentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
5.4 Perda de carga total . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
5.4.1 Exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
5.5 Linhas Piezométrica e de Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
5.5.1 Exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
6 CONDUTOS EQUIVALENTES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
6.1 Associação de Condutos em Série . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
6.2 Associação de Condutos em Paralelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
3
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Lista de ilustrações
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Lista de tabelas
5
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Parte I
6
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INTRODUÇÃO À UNIDADE I
A Hidráulica (hydra – água + aulos – condutos) constitui um ramo da mecânica dos fluidos
destinada a estudar seu comportamento, seja em repouso ou em movimento. Desta forma, en-
volve o conhecimento das leis que regem a transformação de energia em função das variáveis
do fluido para seu transporte.
As bases do conhecimento de hidráulica tem caráter multidisciplinar, uma vez que sua
utilização abrange os ramos das engenharias mecânica, hidráulica e sanitária.
Esta seção aborda os conceitos que constituem a base para a compreensão e condições
de utilização das equações que regem o comportamento do fluido nos mais variados tipos de
conduto.
7
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Regimes de Escoamento
1
Regime de escoamento corresponde ao modo como o fluido se comporta, quando em trans-
porte, em função de suas diversas variáveis. Desta forma, as seguintes classificações são
comumente utilizadas:
É importante salientar que para a caracterização dos regimes de escoamento será anali-
sada a variação dos parâmetros de fluxo (vazão, velocidade) em função das variáveis supraci-
tadas (partículas de fluido, espaço, tempo, energia no transporte, rotação).
• Laminar e
• Turbulento.
Segundo Porto (2006), no regime turbulento as linhas de fluxo não seguem um padrão
bem definido, ocorrendo de forma caótica. As partículas se movem de forma desordenada, tal
como ilustra a Figura 8.
8
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• Regime uniforme;
• Regime variado;
Os conceitos relacionados aos regimes uniforme e variado serão importantes para os es-
coamentos em condutos livres, os quais serão estudados nas UNIDADES III, IV e V.
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• Permanente e
• Transiente.
Ressalta-se que ao longo deste curso serão abordados somente alguns conceitos relaci-
onados aos transientes hidráulicos, uma vez que se trata de um fenômeno o qual apresenta
formulações matemáticas que requerem estudos mais detalhados, além de exigir do enge-
nheiro o conhecimento prévio de conceitos mais básicos da hidráulica, estes sim abordados.
• Rotacional e
• Irrotacional.
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• o fluido é incompressível;
• o regime é permanente.
m1 = ρ1 · A1 · ∆x1 (2.1)
m2 = ρ2 · A2 · ∆x2 (2.2)
m1 = ρ1 · A1 · V1 · ∆t (2.3)
m2 = ρ2 · A2 · V2 · ∆t (2.4)
A1 · V1 = A2 · V2 (2.5)
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2 2'
Dx 2
V2 F2
1 1'
Dx1
A2
F1 V1
z2
A1
z1
Datum
• Regime permanente;
• Fluido incompressível.
1 2 1 2
∆E1−2 = E2 − E1 = m · · v + g · z2 −m· · v + g · z1 (2.7)
2 2 2 1
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Em que,
m: massa do fluido;
v: velocidade do escoamento;
g: aceleração da gravidade;
z: altura do eixo de fluxo em relação a um referencial (datum), ou cota;
m = ρ · Vol (2.8)
1 2 1 2
∆E1−2 = E2 − E1 = ρ · Vol · · v − g.z2 − ρ · Vol · · v − g · z1 (2.9)
2 2 2 1
Observa-se que (3.4) somente pode ser representada desta forma porque o fluido é con-
siderado incompressível, ou seja, a massa específica (ρ) é constante em qualquer ponto do
escoamento. Para conclusão da demonstração, trate-se agora de desmembrar o segundo
membro de (3.1), tem-se (3.5).
Note que as forças F1 e F2 tem sentidos opostos, por isso o sinal positivo para F1 e negativo
para F2 . Representando-se força em função de pressão (P ), tem-se (3.6)
F =P ·A (2.11)
Em que,
P : pressão;
Note que:
Vol = A · ∆x (2.13)
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1 2 1 2
ρ · Vol · · v − g.z2 − ρ · Vol · · v − g · z1 = (P1 − P2 ) · Vol (2.16)
2 2 2 1
P1 1 P2 1
+ · v12 + z1 = + · v 2 + z2 (2.17)
ρ·g 2·g ρ·g 2·g 2
A Equação (3.14) pode ainda ser escrita em termos do peso específico do fluido (γ) uma
vez que (3.15).
γ =ρ·g (2.18)
P1 v2 P2 v2
+ 1 + z1 = + 2 + z2 (2.19)
γ 2·g γ 2·g
M · L−1 · T −2
P
= = [L]
γ M · L−2 · T −2
.
Isto significa que a unidade de cada uma das parcelas de energia da equação 2.19 é uma
unidade de comprimento [L]. Dar-se-á preferência à representação das energias, neste texto,
em metros (m).
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Na equação de Bernoulli então apresentada, observa-se que entre 2 pontos não há varia-
ção da energia total do sistema, não interessando a distância entre esses pontos, ou seja, esta
se baseia no princípio da conservação de energia. Isto ocorre porque entre esses 2 pontos
não foi considerada a ação de nenhuma força dissipativa, fato que na prática não se verifica.
Assim, nos próximos capítulos, serão estudados os conceitos para que se determine essa
dissipação de energia ao longo de um conduto em situações reais.
2.5 Exemplos
Exemplo 1: Uma vazão de 25 l/s escoa por uma tubulação de 150 mm de diâmetro. A
tubulação apresenta uma redução para 100 mm. De acordo com os dados fornecidos, calcule
as velocidades em ambos os trechos.
Solução:
O principal objetivo deste exemplo é revisar um dos conceitos da mecânica dos fluidos que
será bastante utilizado no decorrer do curso: o de continuidade. Como o regime é permanente
e o fluido é incompressível, a taxa de variação volumétrica que passa pela seção 1 é a mesma
na seção 2, portanto:
Q = V · A = cte → V1 · A1 = V2 · A2
π · D12 π · 0, 1521
A1 = → A1 = = 0, 0177m2
4 4
π · D22 π · 0, 1021
A2 = → A1 = = 0, 0079m2
4 4
Q 0, 025
V1 = → V1 = = 1, 41m/s
A1 0, 0177
Q 0, 025
V2 = → V1 = = 3, 18m/s
A2 0, 0079
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Solução:
Observe que a vazão a velocidade no ponto A pode ser calculada através da equação de
Bernoulli (2.19).
PA v2 PB v2
+ A + zA = + B + zA
γ 2·g γ 2·g
2
vA 12
3+ +0=1+ +5
2·g 2 · 9, 81
vA = 7, 74 m/s
VA · AA = VB · AB
π·DA2 π·DB2
7, 74 · 4 =1· 4
2
π·0,22 π·DB
7, 74 · 4 =1· 4
DB = 0, 556 m = 556 mm
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Parte II
Foronomia
18
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INTRODUÇÃO À UNIDADE II
A foronomia tem suas bases em teorias simples (como Teorema de Torricelli) em conjunto
com resultados experimentais.
Como exemplos de algumas obras hidráulicas que se utilizam dos conceitos de foronomia
podem ser citados, dentre outras:
• Bueiros;
• Comportas hidráulicas.
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Orifícios
3
Segundo Porto (2006), orifício é definido como uma abertura de forma geométrica definida
e realizada na parede ou no fundo de um reservatório ou conduto em pressão, pela qual o
líquido, em repouso ou movimento escoa em virtude de uma energia potencial. A Figura 7
representa vista e corte de um recipiente com um orifício.
H
e
d
20
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• Quanto à relação entre as dimensões: diz-se que um orifício é pequeno quando sua
H
dimensão principal é menor que o terço da carga hidráulica (vide Figura 7 - d < 3 ).
H
Caso contrário (d > 3) diz-se de um orifício de grande dimensão;
• Quanto à contração da veia: denomina-se veia o jato de fluido expelido pelo orifício, este
pode ser parcialmente ou completamente contraído, conforme será tratado com mais
detalhes nas seções subsequentes.
H
Dor Dc
Dor
Ac
Cc = (3.1)
Aor
Segundo Netto et al. (1998), o valor médio prático para o coeficiente de contração é de
0,62, o que pode ser verificado na Tabela 1.
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P1 v2 P2 v2
+ 1 + z1 = + 2 + z2
γ 2·g γ 2·g
Ressalta-se que algumas observações devem ser realizadas nesta aplicação de Bernoulli:
v12
P1
• Os termos γ e
podem ser considerados nulos, uma vez que a água se encontra sob
2·g
pressão somente atmosférica e o nível do reservatório permanece constante, anulando-
se velocidade no sentido de 1 para 2;
Diâmetro (cm)
H (m) 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0
0.20 0.685 0.656 0.626 0.621 0.617
0.40 0.681 0.646 0.625 0.619 0.616
0.60 0.676 0.644 0.623 0.618 0.615
0.80 0.673 0.641 0.622 0.617 0.615
1.00 0.67 0.639 0.621 0.617 0.615
1.50 0.666 0.637 0.62 0.617 0.615
2.00 0.665 0.636 0.62 0.617 0.615
3.00 0.663 0.634 0.62 0.616 0.615
5.00 0.663 0.634 0.619 0.616 0.614
10.00 0.662 0.633 0.617 0.615 0.614
Fonte: Netto et al. (1998)
v22 /(2 · g) = H
p
v2 = 2·g·H (3.2)
Note que v2 , doravante denominada vt , corresponde a uma velocidade teórica, a qual ocor-
reria somente sob hipótese da não ocorrência de nenhuma perda. No entanto, é notório que,
no ponto 2, a velocidade resultante real vr é menor que a teórica. Portanto, faz sentido expres-
sar um coeficiente de velocidade (Cv ) que represente a relação entre ambas as velocidades,
como apresentado em (3.3).
vr
Cv = (3.3)
vt
Observe que Cv é sempre menor que a unidade, sendo seu valor médio, determinado
experimentalmente, de 0,98. Assim, combinando-se (3.3) e (3.2), tem-se (3.4).
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vr = Cv · vt
p
vr = Cv · 2·g·H (3.4)
Q d = v r · Ac
p
Qd = Ac · Cv · 2·g·H (3.5)
Ac = Cc · Aor
p
Qd = Aor · Cc · Cv · 2·g·H (3.6)
p
Qd = Aor · Cd · 2·g·H (3.7)
Uma das principais aplicações dos conceitos de orifícios é a medição de vazões em condu-
tos forçados. A Figura 9 apresenta um esboço de um aparelho denominado diafragma (o qual
será trabalhado em laboratório). Trata-se de um orifício de parede delgada que caracteriza
uma forma de medir a vazão em um conduto forçado mediante medição de carga hidráulica
entre dois pontos do conduto, sendo um ponto antes e outro após a passagem do fluxo pelo
diafragma.
Dor Vena
Contracta
Carga
Hidr. (H)
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H H1
H2
dH
Dor
L
Assim, a análise deve ser realizada considerando-se essa variação de carga hidráulica ao
longo de D a partir de um valor infinitesimal dH. Note que, a partir de então, dH torna-se a
dimensão do orifício infinitesimal estudado, podendo-se aplicar a equação geral dos pequenos
orifícios para cada um desses elementos. Portanto, em cada uma dessas unidades o elemento
de vazão dQ é representado por (3.8).
√
dQ = Cd · dAor · 2·g·H
Então,
p
dQ = Cd · L · dH · 2·g·H (3.8)
Em que:
Z H2 Z H2 p 1
dQ = Cd · L · 2 · g · H 2 · dH
H1 H1
Z H2 p Z H2 1
dQ = Cd · L · 2·g· H 2 · dH
H1 H1
2 3
Q|H · Cd · L · 2 · g · H 2 |H
p
2 2
H1 = H1
3
Resultando em (3.9).
2 p 3 3
Q= · Cd · L · 2 · g · (H22 − H12 ) (3.9)
3
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Notem que este é um caso particular para um orifício retangular. Para solucionar o pro-
blema analisando-se outros tipos de geometrias, observe-se uma seção de geometria hipo-
tética como mostrado na Figura 11. Note que a dimensão horizontal x varia em função da
posição vertical H
H H1
H2 x
dH
Dor
Z H2 1
Q = Cd · x · H 2 · dH
H1
a
b
A contração parcial da veia acarreta em diferenças entre esta vazão e a vazão ocorrida
em um orifício com contração total da veia. Para realizar a compensação, aplica-se um fator
de correção ao coeficiente de descarga Cd , obtendo-se um coeficiente corrigido Cd0 como em
(3.10a) para orifícios retangulares e em (3.10b) para orifícios circulares.
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Cd0 = Cd · (1 + 0, 15 · K) (3.10a)
Cd0 = Cd · (1 + 0, 13 · K) (3.10b)
b
K = Cd · (3.11)
2 · (a + b)
• para orifício junto a uma parede lateral e separada ligeiramente do fundo ou junto ao
fundo do reservatório e separado da lateral, K = 0, 25;
Para efeito de cálculos, a equação para orifícios se mantém válida. Embora os coeficientes
Cd . sejam ligeiramente inferiores, para efeitos práticos devem ser considerados os mesmos.
Com relação à carga hidráulica, esta é determinada pela diferença entre os níveis de montante
e jusante H = (H1 − H2 ).
H1
H2
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de tempo.
Q = Vol/t
Vol = Q·t
C C
dH
A
CC
dVol = AR · dH
dVol = Q · dt (3.12)
AR · dH
dt = √ (3.13)
Aor · Cd · 2 · g · H
H2
AR · dH
Z
t= √
H1 Aor · Cd · 2 · g · H
2 · AR 1/2 1/2
t= √ · (H1 − H2 ) (3.14)
Cd · Aor · 2 · g
Note que a equação 3.14 deve ser utilizada somente até o ponto em que o orifício pode ser
considerado como de pequena dimensão (Dor > H2 /3).
2 · AR √
t= √ · H (3.15)
Cd · Aor · 2 · g
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3.1.6 Exemplos
Exemplo 1: Qual a velocidade do jato e qual a descarga de um orifício padrão (Cv = 0, 98 e
Cd = 0, 61), com 6 cm de diâmetro, situado na parede vertical de um reservatório, com o centro
3 m abaixo da superfície da água.
Solução: Este exemplo trata da aplicação simples da equação geral dos pequenos orifícios.
Basicamente, trata da aplicação direta das equações (3.4) e (3.5).
Para que se calcule a velocidade real vr utiliza-se a equação (3.4), sendo a carga H = 3, 0m.
p
vr = Cv · (2 · g · H)
p
vr = 0, 98 · (2 · g · 3, 0)
vr = 7, 52 m/s
Calculando a vazão:
p p
Q = Cd · Aor · (2 · g · H) = 0, 61 · 0, 0283 · (2 · g · 3, 0) = 0, 1323 m3 /s
Q = 13, 23 l/s
16,5
3,35
5,5
A
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2 · AR p 2 · (5, 5 · 16, 5) p
t= √ · H1 = √ · 3, 35 → t = 1345 s
Cd · Aor · 2 · g 0, 62 · 0, 09 · 2 · 9, 81
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• 1, 5 ≤ L/D ≤ 5, 0 → bocal;
30
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Outros autores divergem sobre os valores destes limites, bem como sobre a denomina-
ção que caracteriza o bocal quanto ao critério de dimensão relativa. Netto et al. (1998), por
exemplo, recomendam a seguinte caracterização:
• 1, 5 ≤ L/D ≤ 3, 0 → bocal;
p
Qd = Cd · Aor · 2·g·H
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Parte III
Condutos Forçados
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Os conceitos a serem estudados nesta unidade tratam do transporte da água mediante for-
necimento de energia ao sistema. Estes conceitos serão de suma importância para aplicação,
por exemplo, em dimensionamento de adutoras, emissários de esgotos, dentre outros.
Esta unidade tratará, portanto, dos principais conceitos e metodologias para determinação
das perdas de energia relacionadas ao escoamento permanente em um conduto forçado.
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Perdas de Carga
5
O escoamento de um líquido dentro de uma tubulação está condicionado a uma perda de
energia ou de carga. Esta sempre ocorrerá em qualquer tubulação. Esta perda de carga se
deve a:
• Viscosidade do fluido;
• Interação conduto-fluido;
• Singularidades na tubulação.
Nos itens que se seguem serão estudados os conceitos e as metodologias para a determi-
nação das perdas de carga em condutos forçados em função do tipo de dissipação de energia
(localizada ou distribuída).
Para se computar a energia total associada ao escoamento em cada ponto soma-se a ener-
gia potencial gravitacional (z) com a energia de pressão (P/γ) e a energia cinética (V 2 /2 g).
Na Figura 18, a linha que une as alturas medidas nos tubos piezométricos conectados
aos pontos 1 e 2 não é paralela à tubulação. Isto ocorre porque, além de o escoamento ser
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z1 z2
Datum
p1 v2 p2 v2
+ z1 + 1 = + z2 + 2 + ∆H
γ 2·g γ 2·g
p1 p2
∆H = + z1 − + z2 (5.1)
γ γ
p
Cada termo γ + z na equação (5.1) é denominado cota piezométrica. Portanto, se em
cada ponto do escoamento é possível se determinar uma cota piezométrica, a energia dissi-
pada pelo escoamento entre esses dois pontos corresponde à diferença entre suas respectivas
cotas piezométricas. Ressalte-se que a premissa básica para que esta equação seja verdade
é que o escoamento seja permanente e uniforme.
∆H
J= (5.2)
L
O problema agora passa a ser determinar uma equação que determine a perda de carga
em função das variáveis conhecidas (vazão, tipo e comprimento da tubulação, dentre outras).
Algumas metodologias correntes são trabalhadas na hidráulica e, destas, serão trabalhadas
principalmente duas:
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• Equação de Hazen-Williams.
X
Fx = 0
L
t0 p2.A
p1.A
q
W z2
z1
Datum
• p1 · A; p2 · A : forças de pressão;
• τ0 : tensão de cisalhamento;
p1 · A − p2 · A − τ0 · P · L − W · sin θ = 0
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z2 − z1
sin θ =
L
W = γ · V ol = γ · A · L
(p1 − p2 ) · A − τ0 · P · L − γ · A · (z2 − z1 ) = 0
p1 p2 τ0 P
+ z1 − + z2 = · ·L (5.3)
γ γ γ A
τ0 P
∆H = · ·L (5.4)
γ A
Destaca-se na equação (5.4) a relação A/P entre área e perímetro da seção do esco-
amento, doravante denominada raio hidráulico Rh . Note que o raio hidráulico corresponde
a uma razão de forma, ou razão de aspecto entre as dimensões da seção de escoamento.
Portanto, substituindo-se o raio hidráulico e combinando-se as equações (5.4) e (5.2), tem-se
(5.5).
τ0 = γ · Rh · J (5.5)
Segundo Porto (2006), esta equação pode ser utilizada tanto para condutos forçados
quanto para condutos livres. Será abordada em seções posteriores principalmente para o
segundo tipo de conduto, sobretudo quando considerarmos o escoamento da água transpor-
tando algum sedimento.
38
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• D : diâmetro da tubulação;
• L : comprimento da tubulação;
• : rugosidade da tubulação;
• τ0 : tensão de cisalhamento.
∆H = F (v, µ, ρ, D, L, ) (5.6)
Com (5.6) denota-se que a variação de pressão ao longo da tubulação ocorre em função
dos parâmetros apresentados entre parênteses. Aplicando-se o Teorema da Análise Dimensi-
onal (MUNSON; YOUNG; OKIISHI, 2004), para o caso de escoamento permanente em regime
uniforme, a perda de carga pode ser expressa através de 3 grupos adimensionais indepen-
dentes.
τ0
Π1 =
ρ · v2
ρ·v·D
Π2 =
µ
Π3 =
D
(5.7)
Em que,
Assim, pode-se concluir a existência de uma função adimensional (Φ) que relacione:
Π1 = Φ (Rey, R.R)
Assim,
τ0
= Φ (Rey, R.R)
ρ · v2
39
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γ · Rh · ∆H
= Φ (Rey, R.R) (5.8)
ρ · v2 · L
Note-se que a análise da perda de carga está sendo realizada para um conduto forçado
circular (a seção plena portanto), o qual conduz um escoamento em regime uniforme e perma-
nente. Desta forma, a determinação do Rh é simples.
A
Rh =
P
Em que,
π · D2
A=
4
P =π·D
π·D2
4 D
Rh = =
π·D 4
ρ · g · D · ∆H
= Φ (Rey, R.R)
4 · ρ · v2 · L
L v2
∆H = 4 · · · Φ (Rey, R.R)
D g
L v2
∆H = 8 · · · Φ (Rey, R.R)
D 2·g
40
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L v2
∆H = f · · (5.9)
D 2·g
Q1,85
∆H = 10, 641 · ·L (5.10)
C 1,85 · D4,87
Em que,
Q : vazão em m3 /s;
C : coeficiente de Hazen-Williams;
D : diâmetro da tubulação em m;
L : comprimento da tubulação em m.
• Tubulações com diâmetro interno menor que 50 mm ou maiores que 3.500 mm;
41
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Note-se que na Tabela 2 os coeficientes são apresentados para três condições de uso do
material, para quando este se encontra em estado de novo, para aproximadamente 10 anos
de uso e para cerca de 20 anos. Isso ocorre por conta de a interação água-conduto ao longo
do tempo favorecer o aumento da rugosidade da tubulação.
5.1.4 Exemplos
Exemplo 1: Calcule a perda de carga distribuída ao longo de um conduto forçado de seção
circular, o qual aduz uma vazão Q = 30, 0 l/s. O conduto apresenta diâmetro D = 200 mm e
42
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Solução: Este exemplo trata da aplicação simples da equação universal da perda de carga.
Note que foi fornecido o valor do fator de atrito. Assim, atentemo-nos inicialmente às transfor-
mações de unidades, para que se trabalhe no S.I.
Q = 30, 0 l/s = 0, 03 m3 /s
D = 200 mm = 0, 2 m
4·Q 4 · 0, 03
V = 2
= = 0,955 m/s
π·D π · 0, 22
Agora, aplicando-se os parâmetros fornecidos na equação (5.9).
L V2 2500 0, 9552
∆H = f · · = 0, 022 · · = 12, 78 m
D 2g 0.2 2g
Exemplo 2: Considere a vazão do exemplo anterior aduzida por uma tubulação em ferro
fundido com revestimento de cimento com mesmo diâmetro. Calcule a perda de carga pela
metodologia de Hazen-Williams.
C = 130
Q1,85 0, 031,85
∆H = 10, 643 · · L = 10, 643 · = 12, 61 m
C 1,85 · D4,87 1301,85 · 0, 24,87
43
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• Laminar;
• Transição;
• Turbulento.
ρ·v·D
Rey = (5.11)
µ
Em que,
D : diâmetro da tubulação;
t0 v
44
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r 2
v(r) = vmax · 1 − (5.12)
R
dv dv
τ0 = µ · = −µ · (5.13)
dy dr
Note que o sinal negativo é necessário para que a tensão de cisalhamento seja sempre po-
sitiva, uma vez que o gradiente de velocidade (dv/dr) é negativo quando calculado a partir do
eixo central da tubulação até suas extremidades, significando um decréscimo das velocidades
do centro em direção às paredes do conduto.
γ · ∆H
τ0 = ·r (5.14)
2·L
dv γ · ∆H
−µ · = ·r (5.15)
dr 2·L
γ · ∆H
dv = − · r dr
2·µ·L
0 R
γ · ∆H
Z Z
dv = − · r dr
v r 2·µ·L
0 R
γ · ∆H 2
v =− ·r
v 4·µ·L r
γ · ∆H
· R2 − r 2
−v(r) = −
4·µ·L
γ · ∆H
· R2 − r 2
v(r) = (5.16)
4·µ·L
45
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γ · ∆H
vmax = · R2 (5.17)
4·µ·L
Em uma seção, como visto na seção 2.3, é bastante representativa a velocidade média na
seção, de forma que a vazão pode ser representada por:
Q=V ·A
Z
Q= v(r) · dA (5.18)
A
Z R r 2
Q = vmax · 1 − · 2 · π · r dr =
0 R
Z R Z R r 2
= vmax · 2 · π · r dr − vmax · · 2 · π · r dr =
0 0 R
Z R Z R
r 2
= vmax · 2 · π · r dr − · r dr =
0 0 R
!
1 2R 1 1 4R
= vmax · 2 · π · ·r − 2 · ·r =
2 0 R 4 0
2 1 1 4
= vmax · π · R − · 2 · R
2 R
1
· vmax · π · R2
Q= (5.19)
2
1
Q= · vmax · A = V · A
2
vmax = 2 · V (5.20)
γ · ∆H
· R2 = 2 · V
4·µ·L
46
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8·µ·V ·L 8·µ·V ·L
∆H = = 2
γ · R2 γ· D
2
32 · µ · V · L
∆H = (5.21)
γ · D2
Pode-se igualar a equação (5.21) à equação universal da perda de carga. Desta forma:
32 · µ · V · L L V2
= f· ·
γ · D2 D 2g
64 · µ · V · L · D · g
f = =
L · V 2 · ρ · g · D2
64 · µ
=
ρ·V ·D
64
f= (5.22)
Rey
Note que a equação (5.22) demonstra que, para o regime laminar, o fator de atrito é de-
pendente somente do número de Reynolds e independente das condições de rugosidade do
conduto.
Para o comportamento do fator de atrito, de forma analítica, Von Kármán estabeleceu uma
equação que o relaciona ao número de Reynolds, apresentada em (5.23). Note-se que a
equação estabelece o fator de atrito função somente do escoamento (número de Reynolds).
Isto porque ela se estabelece somente para tubulações lisas.
1 p
√ = 2 log (Rey f ) − 0, 8 (5.23)
f
1 D
√ = 1, 74 + 2 · log (5.24)
f 2
47
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Note que ambas as equações anteriormente apresentadas deixam uma lacuna para a de-
terminação do fator de atrito. Trata-se da situação compreendida entre a ocorrência de tubos
lisos e a zona de turbulência completa (vide Figura 22). Para preencher tal lacuna, Colebrook-
White propuseram a utlização da equação .
1 2, 51
√ = −2 · log + √ (5.25)
f 3, 7 D Rey f
É importante salientar que (5.25) corresponde uma equação implícita, ou seja, não é pos-
sível isolar o valor de f em somente um dos membros da equação, sendo necessário, para
a solução de f , a utilização de métodos iterativos. Para facilitar o processo, lança-se mão do
uso de ferramentas computacionais. A Figura 21 apresenta uma proposta de algoritmo para o
cálculo de f pela equação de Colebrook-White.
Rugosidade e diâmetros
Para aplicação do
determinados
algoritmo, considerem-se
as equações (I) a (III)
como se seguem. Chute inicial para o valor
de f
ε 2 ,51
( I ) a 2 ,0 log
3,7 D Re y f
Calcula-se a utilizando-se a
( II ) a b equação (I)
(III) b
1 1
f' 2 Iguala-se a e b (II), seguindo
f = f’
f a com a aplicação de (III), p/ f’.
Swamee & Jain apresentaram uma equação explícita a qual permite o cálculo do fator de
atrito sem restrições para número de Reynolds e rugosidade (PORTO, 2006)
6 #−16 0,125
"
8
64 5, 74 2500
f= + 9, 5 · ln + − (5.26)
Rey 3, 7 D Rey 0,9 Rey
A literatura traz uma série de outras equações empíricas para a determinação do fator de
atrito para regime turbulento. No entanto, as equações supracitadas são suficientes para a
construção de um diagrama que relaciona f = φ(Rey, /D).
48
−1
10
__
Regime → Zona ← Zona Transição →← Turbulência completa, tubos rugosos, R > 3500/r, 1/√f = 1.14 − 2 log r
9 laminar crítica
0.07
8
Profº Alberto Teixeira
0.06
0.05
7
0.045
0.04
6 0.035
0.03
5.5
0.025
5
0.02
0.0175
4.5
0.015
0.0125
4
0.01
3.5 0.008
0.006
3
49
0.004
0.003
2.5
Material ε (mm) 0.002
Aço Rebitado 0.9−9 0.0015
Concreto 0.3−3
2 Madeira 0.18−0.9 0.001
Rugosidade relativa r (mm/mm)
0.25
uma gama de pares tubo-escoamento, nota-se que esta faixa é muito ampla e suficiente para
delimitada pelos números de Reynolds 4 · 103 e 108 . Analisando-se valores recorrentes em
de parâmetros do escoamento. Pode-se observar que a faixa não laminar do diagrama é
O diagrama de Moody, apresentado na Figura 22, cobre uma faixa bastante abrangente
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V2
∆Hloc = k · (5.27)
2g
Para efeitos de aplicação, observa-se que o coeficiente k varia somente em função da ge-
ometria da peça. Segundo Netto et al. (1998), alguns trabalhos desenvolvidos em laboratórios
de hidráulica demonstram que para escoamentos cujo número de Reynolds excedem 5 · 104 ,
o comportamento de k se apresenta muito próximo a constante. A Tabela 4 apresenta os
valores dos coeficientes de perda de carga das principais peças e acessórios utilizados em
tubulações.
50
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comprimentos que se equiparam à mesma perda de carga que causariam as peças que a
compõem. Ou seja, a cada peça corresponde um certo comprimento fictício adicional. Quando
se consideram todas as singularidades e demais perdas, obtém-se o comprimento virtual de
tubulação (NETTO et al., 1998).
Le V 2 V2
∆Hdist = f = ∆Hloc = k (5.28)
D 2g 2g
kD
Le = (5.29)
f
Desta forma, segundo Porto (2006), o método dos comprimentos equivalentes consiste em
substituir, com o simples objetivo de cálculo, cada acessório da instalação por comprimentos
de tubos retilíneos fictícios, de igual diâmetro, nos quais a perda de carga seja igual àquela
impressa pelo próprio acessório, uma vez que a vazão em ambos seja a mesma. Portanto,
cada comprimento equivalente é adicionado ao comprimento real da tubulação, a fim de sim-
plificar o cálculo, resolvendo-se o problema através de um simples cálculo de perda de carga
distribuída.
• De forma distribuída;
X X
∆Htot = ∆Hdist + ∆Hloc (5.30)
Observa-se que para a determinação da dissipação de energia total, basta que se defina
qual metodologia utilizar para se calcular cada tipo de perda. Analisemos a combinação de
fórmula universal da perda de carga distribuída com a expressão geral para a perda de carga
51
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m n
X Li Vi2 X V2
∆Htot = fi · · + ki · i (5.31)
Di 2 g 2g
i=1 i=1
5.4.1 Exemplo
Considere a tubulação de recalque, com diâmetro D = 150 mm, em aço galvanizado (f =
0, 025), apresentada na figura. Sabendo-se que o escoamento ocorre do ponto A para B e que
as cotas de pressão PA /γ e PB /γ são respectivamente 6, 0 e 4, 5 m, calcule a velocidade na
tubulação de recalque.
4
B
2
1,02
3
2 1
4
A
RELAÇÃO DE MATERIAIS
ITEM DESCRIÇÃO PN L (mm) QTD.
1 Tubo com flanges 10 1000 2
2 Tubo 10 250 2
3 Válvula de gaveta - - 1
4 Curva 90° 10 - 2
52
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Solução: O passo inicial para a solução desse problema é Aplicar Bernoulli entre A e B. Assim:
PA V2 PB V2
+ zA + A = + zB + B + ∆Htot
γ 2g γ 2g
Note que, como não há alteração de diâmetro, as velocidades em A e B são as mesmas.
Assim, a equação (5.31) pode ser trabalhada da seguinte forma:
m n
!
X Li X V2
∆Htot = fi · + ki ·
Di 2g
i=1 i=1
m n
!
f X X V2
∆Htot = · Li + ki ·
D 2g
i=1 i=1
X
Li = 2 · 1, 0 + 2 · 0, 25 = 2, 5 m
X
ki = 1 · 0, 2 + 2 · 0, 4 = 1, 0
Substituindo-se:
V2 V2
0, 021
∆Htot = · 2, 5 + 1 · = 1, 35 ·
0, 15 2g 2g
Finalmente, solucionando-se a equação de Bernoulli:
PA PB
∆Htot = − + zA − z B
γ γ
V2
1, 35 · = 6, 0 − 4, 5 − 1, 02
2g
V2 0, 48
=
2g 1, 35
p
V = 2 · 0, 356 · 9, 81
V = 2, 64 m/s (5.32)
px
y(x) = + zx
γ
53
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DH
V 12 / 2g L. energia
L. piezométrica V 22 / 2g
p1 / g 1 2 p2 / g
x
z1 z2
y
x Datum
de cotas piezométricas entre dois pontos corresponde à perda de carga nesse trecho. Desta
forma, conhecida uma cota piezométrica p0 /γ + z0 para x = 0, cada cota px /γ + zx pode ser
determinada da seguinte forma.
p0 px
+ z0 − + zx = ∆H(0→x)
γ γ
px p0
+ zx = + z0 − ∆H(0→x) (5.33)
γ γ
y(x)
z }| {
f V2
px p0
+ zx = + z0 − · ·x (5.34)
γ γ D 2g
| {z } | {z }
b a
Note que (5.34) corresponde à equação do tipo y = a x + b. Desta forma pode-se con-
cluir que em regime permanente e uniforme, para conduto com rugosidade constante, a linha
piezométrica corresponde a uma reta e esta é decrescente, já que o coeficiente angular a é
negativo.
A linha de energia, ou linha de carga total, corresponde ao lugar geométrico que representa
a energia total em qualquer parte x do conduto. Assim, constitui-se do resultado da soma da
cota piezométrica à carga de energia cinética no ponto.
Px V2
y(x) = + zx + (5.35)
γ 2g
Observe-se que as linhas de energia e piezométrica são paralelas, uma vez que o termo
V 2 /2 g é constante ao longo de todo o conduto. O termo correspondente à energia cinética
também mede a distância entre ambas as linhas (piezométrica e de carga total).
54
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5.5.1 Exemplo
Considere um reservatório alimentado por outro, situados a 1, 5 km um do outro, como mos-
trado na figura. A distância do reservatório da esquerda ao ponto A, assente 30 m abaixo do
reservatório da esquerda, é de 1, 0 km. Sabendo que a tubulação tem diâmetro de 200 mm e
que o desnível entre os reservatórios é de 20 m, calcule a pressão disponível no ponto A. Trace
as linhas piezométrica e de carga total, desconsiderando as perdas localizadas. Despreze as
perdas localizadas e cinéticas e utilize um fator de atrito f = 0, 021.
55
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px p0 f V2 pA p0 0, 021 1, 932
+ zx = + z0 − · ·x⇒ + zA = + z0 − · · 1.000 ⇒
γ γ D 2g γ γ 0, 20 2g
pA
⇒ = 0 + (z0 − zA ) − 13, 33 = 30 − 13, 33
γ
pA
= 16, 67 m
γ
A figura a seguir apresenta o traçado das linhas piezométrica e de carga total.
y
V 2/2g
DH
Q Q
pA / g
A
zA
x
L. de carga
L. piezom.
Observe que a distância entre as linhas é calculada pela carga cinética. Assim:
V2 1, 932
= = 0, 19 m
2g 2 · 9, 81
56
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Condutos Equivalentes
6
Dois condutos de características diferentes são equivalentes quando para o escoamento de
uma mesma vazão, ambos produzem igual perda de carga. Este conceito é bastante aplicado
para o estudo de associações de condutos, seja em série ou paralelo.
L V2
∆H = f · ·
D 2g
4Q
V =
π D2
4Q 2 1
L
∆H = f · · ·
D π D2 2g
L Q2
16
∆H = 2
·f · ·
π · 2g D D4
L
∆H = 0, 0827 · f · · Q2
D5
L
∆H = α · f · · Q2 (6.1)
D5
57
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As ideias a serem tratadas nos itens que se seguem tem por objetivo apresentar uma
alternativa de solução de problemas peculiares caracterizados por ligações entre dois ou mais
condutos de propriedades diferentes. Tratam-se das topologias de sistemas de tubulações.
De acordo com Porto (2006), um conduto pode ser equivalente a um sistema de tubulações
cuja topologia pode pertencer a quatro formas: tubulações em série, em paralelo, ramificadas
e em rede.
L. P DH 1
iezom
.
DH 2 DH eq
DH 3
f1 f2 f3
Q Q
L1 D1 L2 D2 L3 D3
A partir da figura supracitada, é possível se constatar que a perda de carga total (ou equiva-
lente) dos trechos ligados em paralelo corresponde à soma das perdas de carga que ocorrem
em cada trecho. Além disso, uma vez analisando-se o escoamento em regime permanente, a
vazão passante pelos condutos permanece constante, não importando o trecho observado.
A partir destas premissas, suponhamos que seja possível a substituição dos condutos em
série por somente um conduto o qual atenda ao conceito de equivalência, conforme descrito
no início deste capítulo. Assim a perda de carga equivalente pode ser calculada por (6.2)
enquanto a vazão passante pelo conduto hipotético (equivalente) permanece como em (6.3).
n
X
∆Heq = ∆Hi (6.2)
i=1
Qeq = Q (6.3)
58
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L. P DH 1
iezom
.
DH 2 DH eq
DH 3
f1 f2 f3
Ligação Q Q
em Série L1 D1 L3 D3
L2 D2
L. P
iezom
. DH eq
Conduto
Equivalente
f eq
Leq Deq
Leq 2
∆Heq = 0, 0827 feq Q (6.4)
D5eq eq
O termo em destaque (negrito) na equação (6.4) pode ser compreendido, a critério de aná-
lise, como um fator de resistência do conduto (embora f dependa da vazão Q) ao escoamento.
Para determinar a equivalência do conduto, substitui-se (6.4) em (6.2). Assim:
n
Leq 2 X Li
0, 0827 feq 5
Qeq = 0, 0827 fi 5 Q2i (6.5)
Deq Di
i=1
Observe-se que, combinando-se (6.3) e 6.5, pode-se colocar em evidência o termo 0, 0827 Q2 ,
sendo este termo retirado do somatório no segundo membro da equação. Assim:
n
Q2 f Leq Li
X
0,
0827
=
0, Q2
0827
fi
eq 5 Deq Di5
i=1
n
Leq X Li
feq = fi (6.6)
5
Deq
i=1
Di5
59
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Lin
ha P
iezo
mét
rica
Q
DH
Q1
A
Q2
f1
L1
D1
f2
Q3 L2
D2
f3
L3
D3
B
Q
A principal característica deste tipo de ligação pode ser observada nos pontos A e B da
Figura 26. Nota-se que a diferença de cargas piezométricas entre é somente uma não inte-
ressando por qual das três tubulações conectadas esta diferença esteja sendo analisada. A
partir desta verificação, pode-se concluir que a vazão de chegada Q se decompõe entre os
três trechos, de forma tal que:
Q = Q1 + Q2 + Q3 (6.7)
Pela Figura 26 é possível constatar que, sendo a perda de carga constante, esta pode ser
calculada através das tubulações de qualquer um dos três trechos. Assim:
L1
∆H = ∆H1 = 0, 0827 · f1 · · Q21 =
D15
L2
= ∆H2 = 0, 0827 · f2 · 5 · Q22 =
D2
L3
= ∆H3 = 0, 0827 · f3 · 5 · Q23 resolvendo-se para Q :
D3
60
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0,5
∆H · D15
Q1 = (6.9)
0, 0827 · f1 · L1
0,5
∆H · D25
Q2 = (6.10)
0, 0827 · f2 · L2
0,5
∆H · D35
Q3 = (6.11)
0, 0827 · f3 · L3
Note que, embora a demonstração da equação (6.12) tenha sido realizada para uma li-
gação de três condutos em paralelo (n = 3), esta vale para uma quantidade n qualquer de
condutos associados com este tipo de ligação.
61
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Referências
BRUNETTI, F. Mecânica dos Fluidos. 2a . ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.
MUNSON, B. R.; YOUNG, D. F.; OKIISHI, T. H. Fundamentals of Fluid Mechanics. 1a . ed. Sao
Paulo: Edgard Blucher, 2004.
NETTO, A. et al. Manual de Hidráulica. 8a . ed. Sao Paulo: Edgard Blucher, 1998.
SANTOS, S. L. dos. Bombas & Instalações Hidráulicas. 1a . ed. São Paulo: LCTE Editora,
2007.
62