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Engenharia de Projeto
O conteúdo apresentado ao longo deste texto foi desenvolvido com a preparação das discipli-
nas “Projeto Mecânico Integrado”, “Projeto de Elementos de Máquinas” e “Complementos de
Elementos de Máquinas”. A necessidade deste material foi por proporcionar aos estudantes
uma base para estudo na situação de pandemia devido ao Covid-19 e da adaptação do curso à
modalidade de Ensino Não Presencial Emergencial no ano de 2020/2021. Conteúdo de diversas
referências foram compilados nestas notas de aula de modo a facilitar o acesso à bibliogra-
fia fundamental dos cursos para os alunos que estão impossibilitados de acessar a Biblioteca
Comunitária da UFSCar.
iii
iv
Sumário
1 Introdução 1
1.1 Fadiga dos Materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Métodos para Prever o Comportamento a Fadiga . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
v
vi SUMÁRIO
ANEXOS 80
E Deflexão de Vigas 99
E.1 Viga engastada com força na extremidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
E.2 Viga engastada com força em posição intermediária . . . . . . . . . . . . . . . . 100
E.3 Viga engastada com carga distribuída . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
E.4 Viga engastada com momento concentrado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
E.5 Viga biapoiada com força em posição intermediária . . . . . . . . . . . . . . . . 101
SUMÁRIO vii
APÊNDICES 127
2.1 Expressões para estimativa de A95 em algumas seções sob carregamento de flexão. 12
2.2 Fator de superfície para aço com diversos tipos de acabamentos. . . . . . . . . . 13
2.3 Fator de superfície para aço em função da rugosidade [µin] e tensão de resistência
à tração [kpsi]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.4 Diagrama S-N para material com limite de endurança. . . . . . . . . . . . . . . 16
2.5 Diagrama S-N para material sem limite de endurança. . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.6 Visualização gráfica do critério de Goodman. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.7 Visualização gráfica do critério de Goodman modificado. . . . . . . . . . . . . . 19
2.8 Visualização gráfica do critério de Gerber. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.9 Visualização da concentração das “linhas de tensões” em peças submetidas a
esforços alinhados com a linha de centro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.10 Concentrador de tensões: Eixo escalonado submetido a força axial. . . . . . . . . 24
2.11 Modificações em componente para diminuir concentração de tensões no escalo-
namento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.12 Sensibilidade de entalhe para aços e alumínios em carregamento de tração ou
flexão reversos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.13 Sensibilidade de entalhe para aços e alumínios em carregamento de torção reversa. 29
ix
x LISTA DE FIGURAS
3.22 Inclinações e deflexões no plano yz. Figuras dos resultados por elementos finitos
geradas pelo software ANSYS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
xii LISTA DE FIGURAS
Lista de Tabelas
3.1 Recuos padronizados formas E e F segundo DIN 509 (Fonte: adaptado de [8]). . 45
3.2 Dados de referencia para comprimento do cubo (l) e espessura do cubo (s).
Adaptada de [13]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.3 Chavetas paralelas segundo DIN 6885-1 (1968-08) - dimensões em [mm]. Adap-
tado de [8]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.4 Estimativas iniciais para kt e kts (Devem ser recalculadas quando dados mais
consistentes estejam disponíveis) [5]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.5 Valores admissíveis de referência para inclinações e deflexões. . . . . . . . . . . . 57
3.6 Rolamento FAG rígido de esferas aberto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3.7 Rolamento FAG de esferas de contato angular (α = 15°). . . . . . . . . . . . . . 64
3.8 Anéis elásticos do catálogo Seeger (DIN 471). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3.9 Retentores do catálogo Vedabrás. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
3.10 Pontos críticos e valores dos respectivos concentradores de tensão. . . . . . . . . 68
3.11 Parâmetros para estimativa de critério e de carregamento máximo. . . . . . . . . 69
3.12 Deflexões e inclinações nos pontos de análise. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.13 Deflexões e inclinações nos pontos de análise. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
3.14 Dimensões de saída para assentos retificados de rolamentos. . . . . . . . . . . . 77
xiii
xiv LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 1
Introdução
Neste texto serão tratados problemas classificados como fadiga de alto ciclo, cujo tratamento
é baseado no estudo das tensões atuantes contra a quantidade de ciclos que o componente
suporta. O foco será dado nas estimativas para elaboração do critério de falha assumindo-se
que poucos dados referentes à fadiga do material estão disponíveis. Obviamente, caso dados
melhores estejam disponíveis para o projetista, recomenda-se fortemente que eles sejam utili-
zados. As hipóteses, correlações propostas e recomendações de valores são feitas utilizando-se
como fonte os trabalhos de [14], [5], [10] e [12]. Informações complementares, utilizadas para
facilitar o projeto de componentes, utilizam também os trabalhos de [7], [13], [11]. Dentre as
referências com exemplos diversos de equipamentos que podem ser utilizadas como base para o
desenvolvimento de um projeto, pode-se, adicionalmente, citar [19], [9], [17], [16]. Além destas
referências, diversos catálogos de elementos comerciais ([20], [22], [15], [23], [21]) e manuais
com fórmulas e tabelas de engenharia metal mecânica ([6], [8]) são recomendados. Para o cál-
culo de alguns parâmetros, diferentes autores sugerem diferentes correlações. Neste texto não
são apresentadas todas as opções disponíveis, apenas algumas são escolhidas e devidamente
referenciadas para dar uma ideia ao aluno de como pode ser feita a estimativa.
1
2 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
Sy
Sadm = (1.1)
nd
Para designar tensões ao longo deste texto, as letras gregas σ e τ serão utilizadas, respecti-
vamente, para tensões normais e de cisalhamento atuantes no componente e a letra maiúscula
S será utilizada para valores de tensões normais utilizados como critério de avaliação. Caso o
critério seja uma tensão de cisalhamento, um subescrito “ s ” será adicionado (derivado do termo
em inglês shear ). Por exemplo, a tensão de escoamento ao cisalhamento será designada como
Sys .
No entanto para o caso de carregamentos variáveis em que uma tensão de tração é cicli-
camente aplicada ao componente o raciocínio acima apresentado não é válido. É comum o
componente apresentar falha mecânica mesmo nunca tendo atingido os valores máximos pre-
vistos na teoria estática. No entanto tal falha não ocorre logo ao início da entrada em serviço
do componente, e sim após determinado tempo em serviço, sendo submetido a carregamentos
cíclicos. Tal comportamento sugere que a aplicação e sucessiva retirada de carregamento em
um componente pode causar um pequeno dano. A contínua repetição deste processo pode levar
a um acúmulo de dano que, ao atingir um valor crítico, causa a falha repentina do componente.
Para explicar o comportamento de falha à fadiga foi utilizado o termo carregamento cíclico.
Inicialmente serão apresentadas caracterizações dos tipos de carregaemtos cíclicos.
Carregamentos alternados simétricos: São assim designados carregamentos em que a
tensão varia de um valor máximo (σmax ) a um valor mínimo (σmin ) e que tais extremos tem
mesma intensidade (σmax = −σmin ) (Figura 1.1).
Para caracterizar qualquer destes tipos de carregamentos cíclicos são utilizados os termos
tensões médias e alternadas. A tensão média, como o próprio nome diz, é a média entre os
valores máximo e mínimo. A tensão alternada é o quanto ela diverge da linha média até atingir
algum extremo. Assim:
σmax + σmin
σmed = (1.3)
2
σmax − σmin
σalt = (1.4)
2
O caso de carregamentos alternados simétricos é, portanto, uma condição particular na qual
σmed = 0 e σalt = σmax . O segundo caso, carregamentos pulsantes, é a condição particular na
qual σmed = σalt = σmax /2 e o terceiro, a situação geral.
Outro ponto a ser ressaltado é a necessidade já citada de haver pelo menos um componente
trativo de carregamento. O motivo é o mecanismo de como ocorre a formação da falha por
fadiga. A explicação apresentada de uma maneira simplificada, porém didática, para entender
o mecanismo de formação e propagação da falha por fadiga consiste na hipótese em que se
assume que os materiais utilizados em engenharia não são perfeitos, apresentam micro-falhas,
4 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
que podem ser, por exemplo, devido a diversos problemas na formação do lingote base. Im-
purezas, micro bolhas, ou mesmo as discordâncias na estruturta cristalina do material podem
atuar como iniciadores de falhas por fadiga. A existência de tais micro falhas inerentes ao
material leva à ocorrência de micro trincas. No material, ao ser submetido a carregamentos
cíclicos com componente trativo, pode, em alguns pontos, acontecer que tais micro falhas sejam
sucessivamente abertas e fechadas, de maneira repetitiva fazendo com que se tornem trincas.
Dependendo do nível de esforços a que o componente é submetido, as trincas podem não ser
estáveis, e com determinada quantidade de ciclos de abertura e fechamento da trinca, propa-
garem formando uma trinca maior. Tal processo continua internamente no material (portanto,
em geral, invisível a inspeções simples), aumentando o tamanho da falha conforme a peça re-
cebe os carregamentos cíclicos de serviço até o momento em que a trinca cresce ao ponto de
comprometer a seção transversal da peça, deixando-a de um tamanho que já não suporta mais
o carregamento aplicado, ocorrendo então a quebra repentina do componente.
A maneira com que a falha por fadiga se desenvolve faz com que o aspecto da seção rompida
da peça tenha características que permitam identificar o motivo da quebra. O início da falha
ocorre com a trinca inicialmente nucleada abrindo e fechando e propagando-se lentamente.
Esta primeira região, devido ao contato de abertura e fechamento contínuo apresenta-se com
um aspecto mais polido, com um acabamento liso e brilhante. Com a propagação da trinca
por etapas (ao atingir uma condição crítica a trinca se propaga, fica estável por um tempo,
até atingir as condições propícias para se propagar novamente), muitas vezes aparecem marcas
conhecidas como “marcas de praia” em torno da região em que originalmente se nucleou a trinca.
As marcas tem esse nome pela similaridade com as marcas que as ondas deixam na areia da
praia. Por fim, nos pontos mais afastados da região da trinca inicial, ocorre uma região áspera,
resultado da quebra repentina que ocorre na peça, na qual não houve o fenômeno cíclico de
atrito entre as interfaces da trinca, portanto não houve o degaste entre as interfaces que dá o
aspecto mais polido em suas superfícies. O fenômeno e sua progressão são ilustrados na Figura
1.4 (reproduzida de [5]), na qual são registradas três regiões características da falha por fadiga,
identificadas e brevemente comentadas na legenda da figura.
As marcas de falha por fadiga assumem diferentes padrões conforme o tipo de carrega-
mento cíclico a que o componente é submetido. Também tem influência a geometria da seção
transversal na região de falha. Uma ilustração como diferentes padrões de falha por fadiga é
apresentada por [3] e reproduzida na Figura 1.5.
São vários os possíveis fatores que influenciam a formação e propagação da falha por fadiga,
por exemplo: mudanças abruptas na seção transversal do componente, como em escalonamen-
tos, rasgos e furos na peça, por exemplo, falhas e descontinuidades que aparecem nos processos
de fabricação, como bolhas de fundição, partículas mais duras, segregação, entre outras, marcas
de ferramentas durante a manufatura do componente, problemas de montagem, elementos com
movimentação e diversos outros podem ser citados. Também as condições de carregamento po-
dem ter influência, como tensões residuais de tração, temperaturas elevadas, ciclagem térmica,
ambiente corrosivo e outras. A abordagem do problema de fadiga leva então a dois rumos de
investigação:
1.2. MÉTODOS PARA PREVER O COMPORTAMENTO A FADIGA 5
Figura 1.4: Falha por fadiga de um parafuso sob flexão unidirecional cíclica: Falha teve início
na raiz da rosca (ponto A), propagou-se ao longo da seção transversal como evidenciado pelas
marcas de praia (região B) até a falha súbita (região C).
1. Como estabelecer um critério que leve em conta os aspectos que podem influir a formação
e propagação da falha por fadiga de modo a projetar o componente para que esta falha
não ocorra ou que só ocorra depois de um determinado tempo de operação;
Figura 1.5: Padrões de superfície de falha em componentes com entalhe ou lisos de seções
circular ou retangular sob diversos tipos de carregamentos e níveis de tensão nominal.
1.2. MÉTODOS PARA PREVER O COMPORTAMENTO A FADIGA 7
ciclos até a falha. Uma vez que relaciona tensão limite (S) com número de ciclos (N ) o gráfico
é conhecido como diagrama S-N e método de análise como tensão-vida.
Este tipo de abordagem, que utiliza a relação tensão contra número de ciclos é mais adequada
para tratar problemas classificados como fadiga de alto ciclo, que abrange problemas nos quais
a falha por fadiga ocorre com uma quantidade igual ou superior a 103 ciclos.
Como resumido por [5], uma falha por fadiga quase sempre começa em uma descontinuidade
local, tal qual um entalhe, uma trinca ou uma área de concentração de tensão. Quando a tensão
na descontinuidade excede o limite elástico, ocorre deformação plástica. Se uma fratura por
fadiga está para acontecer, lá devem existir deformações plásticas cíclicas, havendo portanto a
necessidade de investigação do comportamento de materiais sujeitos à deformação cíclica. Tal
abordagem caracteriza o método da deformação-vida.
O método, embora formulado de maneira mais precisa que o anterior, apresenta dificul-
dades de uso prático, pois depende de uma estimativa da deformação total no entalhe ou na
descontinuidade, que é de difícil obtenção pois não são apresentados na literatura fatores de
concentração de deformação. A opção mais viável para utilização deste método é através de
análises por elementos finitos, utilizando tipos de elementos e densidade de malha adequados
para estimar as deformações nos pontos de interesse.
Apesar das dificuldades de implementação, uma vez de posse de parâmetros coerentes de
entrada, tal modelo pode ser mais preciso que o método de tensão-vida, e é o modelo mais
adequado para tratar problemas de fadiga de baixo ciclo.
Uma terceira maneira de abordar o problema é através do método da mecânica da fratura
linear elástica. Faz-se a identificação da trinca e seu contínuo monitoramento ao longo de
inspeções de manutenção periódicas programadas. A teoria da mecânica da fratura permite
determinar um tamanho crítico de trinca, a partir do qual não é seguro conviver com tal
falha pois ela pode, a partir desse tamanho, propagar-se rapidamente. Naturalmente, quando
este método é empregado, uma margem de segurança adequada é especificada. Tal método
depende do monitoramento constante das micro-trincas já existentes e da identificação de novas
ocorrências, ou seja, está associada a um plano de manutenção cuidadosamente elaborado e
executado.
Neste texto será abordado o método da tensão-vida, por ser o mais prático e ter boa cor-
relação para resultados em fadiga de alto ciclo, tipo de falha mais provável em equipamentos
mecânicos gerais.
8 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 2
De maneira similar, o mesmo pode ser feito para outros materiais. Assim, para ferro tem-se:
9
10 CAPÍTULO 2. ANÁLISE TEÓRICA DE FALHA POR FADIGA
0, 4S
ut para Sut < 400MPa
Se0 = (2.2)
160 MPa para S ≥ 400MPa
ut
Para alumínio:
0, 4S
ut para Sut < 330MPa
Sf0 @5E8 = (2.3)
130 MPa para S ≥ 330MPa
ut
O valor proposto de Se0 ou Sf0 é uma aproximação para os resultados obtidos em ensaios
com corpos de provas. Para que se faça uma correlação com componentes em operação devem
ser considerados diversos aspectos de correção, sendo os principais:
1. Tipo de carregamento;
2. Tamanho do componente;
3. Acabamento superficial;
4. Temperatura de operação;
5. Confiabilidade do componente;
6. Outros efeitos.
Desta maneira, cada um destes aspectos pode ser calculado como um coeficiente de correção
que leva a um critério relacionado á fadiga que é específico para cada componente e região
analisada. O critério pode ser escrito como:
Métodos para estimativa dos coeficientes de correção são reproduzidos aqui por conveniência,
como sugeridos por [14].
Coeficiente de carregamento
O ensaio mais comum de fadiga é feito através da flexão de um corpo de provas cilíndrico
girando sobre seu eixo. Assim, caso o componente analisado tenha um carregamento diferente
uma correção deve ser aplicada. São sugeridos então:
2.1. ESTIMATIVA DOS CRITÉRIOS DE FALHA POR FADIGA 11
1, 0 flexão
cload = (2.7)
0, 7 carregamento axial
Para carregamentos de torção pura cload pode ser adotado como 0,577. Para carregamento
combinado de flexo-torção deve-se calcular a tensão equivalente por von Mises e usar cload = 1,
de acordo com [14].
Coeficiente de tamanho
Para carregamento axial adota-se csize = 1, 0. As correlações são válidas para peças cilín-
dricas. Para seções não circulares deve-se estimar, se necessário, um diâmetro equivalente para
utilizar a equação corretamente. Maiores detalhes em [14], [5].
Basicamente, para seções não circulares ou não girantes calcula-se o diâmetro equivalente a
partir de uma área denominada A95 . A área A95 é entendida como a porção da seção transversal
de uma seção qualquer que é tensionada entre 95% e 100% da máxima tensão atuante no
componente. Em seções circulares, com distribuição linear de tensões, essa faixa ocorre na
coroa circular compreendida entre os diâmetros 0, 95d e d. Em algumas outras seções, como
retangular, e perfis U ou I, os valores de A95 são tabelados.
s
A95
deqv = (2.9)
0, 0766
Na expressão do diâmetro equivalente usa-se o fato de a A95 de uma seção circular ser igual
a 0, 0766d2 . Assim, compara-se a A95 da seção desejada com a da seção circular isolando-se o
diâmetro. Na Figura 2.1 apresentam-se os valores tabelados de A95 disponibilizados por [14].
Apresenta a seção circular (cheia ou vazada) rotativa ou não, e as outras seções apenas na
condição não-rotativas.
Coeficiente de superfície
Um corpo de provas de fadiga tem sua superfície altamente polida para evitar que imperfeições
atuem como iniciadores de trincas. Acabamentos piores devem diminuir a resistência a fadiga.
Dentre as correlações sugeridas por diversos autores a forma de uma equação exponencial é
uma das mais práticas de se empregar:
12 CAPÍTULO 2. ANÁLISE TEÓRICA DE FALHA POR FADIGA
Figura 2.1: Expressões para estimativa de A95 em algumas seções sob carregamento de flexão.
Acabamento superficial A b
Retificado 1,58 -0,085
Usinado ou laminado a frio 4,51 -0,265
Laminado a quente 57,7 -0,718
Forjado 272 -0,995
Valores compatíveis com Sut em [MPa]
Outros resultados são disponibilizados por diversos autores. Apresenta-se na Figura 2.2
um gráfico reproduzido por [14] que é bastante útil por apresentar informações de peças em
condições adversas.
[14] também reproduz um estudo aplicado a superfícies usinadas e retificadas que relacionam
o fator csurf com a tensão de resistência à tração e a rugosidade superficial média Ra . O gráfico
é reproduzido na Figura 2.3.
Tratamentos superficiais também podem influenciar o comportamento a fadiga de compo-
nentes. O revestimento com cádmio, cobre, zinco, chumbo e estanho tem pouco efeito quanto
a fadiga. No entanto, materiais como cromo e níquel, mais duros, abaixam significativamente o
limite de resistência à fadiga, não sendo recomendados para estas situações sem que algum tra-
tamento adicional seja executado ([14] cita o tratamento de shot-peening, que introduz tensões
residuais compressivas, diminuindo efeitos de fadiga).
2.1. ESTIMATIVA DOS CRITÉRIOS DE FALHA POR FADIGA 13
Figura 2.2: Fator de superfície para aço com diversos tipos de acabamentos.
Figura 2.3: Fator de superfície para aço em função da rugosidade [µin] e tensão de resistência
à tração [kpsi].
14 CAPÍTULO 2. ANÁLISE TEÓRICA DE FALHA POR FADIGA
Coeficiente de temperatura
Expressões válidas para aços em geral, não devendo ser utilizadas para outros metais, como
alumínio, magnésio e ligas de cobre.
Em [5] sugere-se o uso de uma aproximação polinomial de quarta ordem feita sobre dados
reportados na bibliografia técnica para aços carbono e aço liga. A correlação sugerida é dada
por:
ctemp = 0, 975 + 0, 432 × 10−3 TF − 0, 115 × 10−5 TF2 + 0, 104 × 10−8 TF3 − 0, 595 × 10−12 TF4 (2.12)
Coeficiente de confiabilidade
o coeficiente para a confiabilidade em 50% é igual a um. Caso deseje-se garantir que uma
porcentagem maior de amostras esteja no campo seguro, o fator de correção deve ser aplicado
conforme sugerido em 2.13.
Condições ambientais podem ter grande influência sobre os efeitos de fadiga. Por exemplo, o
efeito de ambientes que possam ser corrosivos ao longo do tempo, diminuindo a resistência a
fadiga. A existência de tensões residuais provenientes de processos anteriores ou tratamentos
térmicos que podem afetar significativamente o limite de resistência (aumentar ou diminuir,
dependendo da natureza das tensões). Materiais com propriedades não uniformes (por exem-
plo diferentes propriedades em diferentes direções em processos como a laminação, que gera
uma direção preferencial com maior resistência) fazem com que as propriedades relacionadas à
fadiga também apresentem variação, o que nem sempre é considerado nas informações dispo-
nibilizadas do material. Tratamentos como a nitretação (processo de endurecimento superficial
de aços, aquecidos e mantidos em atmosfera rica em nitrogênio) podem melhorar a resistência
à fadiga em até cerca de 50%. O coeficiente é incluído como um aviso para que sejam incluídas
considerações sempre que necessário, no entanto, não são sugeridos valores de coeficientes uma
vez que os efeitos podem ser os mais diversos e devem ser cuidadosamente avaliados caso a caso.
O diagrama S-N pode ser estimado como trechos lineares no espaço log-log caracterizado
pelos seguintes pontos: para materiais ferrosos, nos quais há um limite de endurança (conforme
ilustração na Figura 2.4), a fadiga de alto ciclo é definida para uma quantidade de ciclos superior
a 103 ciclos. Caso a máxima tensão atuante no componente seja inferior a Se , a vida infinita
pode ser obtida. Caso a máxima tensão no componente seja superior a Se e inferior a Sm uma
quantidade finita de ciclos pode ser calculada e a vida do componente estará no intervalo de
103 a 106 ciclos.
Então, considerando-se uma tensão com valor máximo σ atuante no componente de forma
alternada simétrica ao longo do tempo, a vida do componente pode ser equacionada como:
Se σ < Se , a vida é infinita.
16 CAPÍTULO 2. ANÁLISE TEÓRICA DE FALHA POR FADIGA
Caso o material não apresente limite de endurança (conforme ilustração na Figura 2.5),
para uma vida mínima desejada N2 ciclos, as tensões máximas alternadas no componente não
podem ser superiores a Sf . Para uma tensão σ atuante tal que Sf < σ ≤ Sm , a mesma relação
pode ser empregada para estimar a vida do componente mantendo-se N2 ao invés dos 106 ciclos
utilizados anteriormente:
Assim, para N2 assumindo o valor comumente adotado de 5 × 108 nas informações disponi-
bilizadas de Sf , tem-se:
log(σ/Sf )
N = exp 8, 69897 − 5, 69897
log(Sm /Sf )
2.2. INFLUÊNCIA DA TENSÃO MÉDIA 17
σmax − σmin
σalt = (2.15)
2
σmax + σmin
σmed = (2.16)
2
Esta é uma generalização da situação até então apresentada, pois quando σmax e σmin tem
mesma intensidade (|σmax | = |σmin | = σ) e sentidos opostos σmed assume o valor zero e σalt
assume o valor de σ.
O efeito da existência de uma tensão média diferente de zero foi estudada, e constatou-se
que ela provoca uma diminuição no limite de resistência à fadiga do material. Diversos autores
equacionaram o problema fazendo suas hipóteses para a modelagem matemática proposta,
assim existem alternativas para o cálculo, cada qual mais adequada a um tipo de situação.
Neste texto serão apresentados o equacionamento proposto por Goodman e por Gerber. O
primeiro apresenta uma solução mais conservadora, mas com uma matemática mais simples.
Tais características fazem com que seja mais adequado para o projeto inicial de um componente.
18 CAPÍTULO 2. ANÁLISE TEÓRICA DE FALHA POR FADIGA
O segundo apresenta uma proposta que se ajusta melhor a resultados experimentais, com pouca
margem de segurança (menos conservador, portanto), e utilizando uma matemática um pouco
mais complicada. Esta abordagem torna-se muitas vezes mais adequada para análise de falha de
um componente ou para tratar um componente do qual já se tenham informações que permitam
trabalhar com uma margem de segurança mais apertada.
σmed σalt
+ =1 (2.17)
Sut Se
Segundo o critério, a região abaixo da reta de Goodman é considerada segura quanto a
fadiga. Adicionalmente à reta de Goodman, outro efeito deve ser considerado. Em projetos
estruturais, antes de se avaliar a fadiga deve-se considerar a resistência estática do componente,
assim as tensões não devem ultrapassar a tensão de escoamento Sy . Assim deve ser adicionada
esta condição ao gráfico. A soma das tensões média e alternada não deve ultrapassar a tensão
de escoamento. A linha limitante é, portanto, dada por:
σmed σalt
+ =1 (2.18)
Sy Sy
Graficamente, o critério pode ser apresentado conforme a Figura 2.6, no qual as duas linhas
limitantes são apresentadas e a região segura é aquela delimitada pelos eixos coordenados, a
linha de escoamento e a reta de Goodman.
Cabe ressaltar que a região segura ressaltada na Figura 2.6 refere-se ao uso de um coeficiente
de segurança igual 1,0. Considerações referentes à inclusão de outro valor de coeficiente serão
feitas adiante.
estado de tensão que deve ser avaliado, pois pode se tratar de uma solicitação simples ou de um
estado combinado e, neste caso, as solicitações podem ser biaxiais (planas) ou tridimensionais.
Em geral os componentes individuais podem ser estimados por uma das seguintes correlações,
em relação aos carregamentos avaliados (força normal, força cortante, momento fletor e torque):
Em uma peça genérica, caracterizada por uma área de seção transversal A em sua seção crítica,
submetida a força axial F , a tensão normal é dada por:
F
σ0 = (2.20)
A
Quando o esforço tende a “cortar” a peça como uma tesoura, por duas forças transversais ao
componente que estão no plano da área que resiste ao carregamento gera-se uma tensão de
cisalhamento direto dada por:
F
τ0 = (2.21)
A
Quando uma peça é fletida através da aplicação de uma força transversal os diagramas de
esforços solicitantes mostram a existência de uma combinação de força cortante e momento
fletor no componente. Com isso pode-se demonstrar o aparecimento de tensões de cisalhamento,
cujo valor máximo depende do formato da seção. Genericamente pode-se escrever a tensão de
cisalhamento como:
F
τ0 = D (2.22)
A
Na qual o valor de D pode assumir diferentes valores de acordo com a seção transversal da
peça. Para seções retangulares D = 3/2, para seções circulares cheias D = 4/3 e para seções
tubulares D ≈ 2.
M
σ0 = c (2.23)
I
Para seções circulares, com diâmetro D, o momento de inércia é dado por:
π 4
I= D
64
22 CAPÍTULO 2. ANÁLISE TEÓRICA DE FALHA POR FADIGA
π
I= (D4 − d4 )
64
T
τ0 = r (2.24)
J
Para seções circulares, com diâmetro D, o momento de inércia polar é dado por:
π 4
J= D
32
π
J= (D4 − d4 )
32
ilustradas situações geriasi de entalhes que também produzem tal efeito de concentrar o fluxo
de esforços. Pontualmente, a região de concentração de esforços está submetida a uma tensão
máxima que não é igual ao valor nominal σ02 e sim significativamente mais elevada, sobretudo
se o raio r do entalhe for pequeno. Estudos mostram que além do raio de arredondamento
o tamanho relativo do degrau (dado pela relação D/d) também tem influência. Peterson [18]
apresenta os resultados mostrados na figura 2.10. Através de diferentes relações geométricas
D/d e r/d são estimados valores para uma variável kt , chamada de fator de concentração de
tensões. A partir da tensão nominal e do valor de kt pode-se estimar o valor da tensão máxima
atuando localmente no filete de raio r como sendo:
σmax = kt σ0 (2.25)
(a) Eixo escalonado e visualização das (b) Eixo escalonado com raio r de alívio
linhas de carregamento e respectivas linhas de carregamento
(c) Barra com entalhes externos e visu- (d) Placa com furo central e visualiza-
alização das linhas de carregamento ção das linhas de carregamento
Figura 2.9: Visualização da concentração das “linhas de tensões” em peças submetidas a esforços
alinhados com a linha de centro.
Para o exemplo a tensão máxima é dada pelo fator kt multiplicado pela máxima tensão
nominal atuante na seção, ou seja, σ02 . Note que este máximo ocorre em uma região muito
pequena e próximo a este ponto já diminui para a tensão nominal. Para uma relação entre
diâmetros de 1,5 e um raio r tomado como 0, 05d (raio pequeno) o concentrador de tensões
chega a 2,4, ou seja, a tensão máxima é 2,4 vezes a tensão nominal. As boas práticas de
projeto sempre aconselham a, na medida do possível, manter os arredondamentos no maior
valor, justamente para evitar concentrações de tensões.
Diversas correlações e gráficos para a estimativa de concentradores de tensão em compo-
nentes de diferentes geometrias quando submetidos à carregamento axial, flexão ou torção
foram levantados por Peterson e têm sido mantidos atualizados por [18]. Os concentradores
comumente encontrados em elementos de máquinas são apresentados no Anexo F. Encoraja-se
fortemente ao projetista que consulte a referência [18] para tomar conhecimento das diversas
possibilidades de concentradores estudados e listados por Peterson.
24 CAPÍTULO 2. ANÁLISE TEÓRICA DE FALHA POR FADIGA
Mudanças de diâmetro (escalonamentos), furos, canais para anéis, rasgos para chavetas,
ajustes prensados, filetes de rosca são apenas alguns exemplos de recursos necessários para
que os componentes mecânicos executem apropriadamente sua função. Assim não é possível
evitar concentradores de tensões em muitas peças mecânicas, de modo que seu efeito deve
ser calculado e considerado no dimensionamento do componente para que este cumpra seus
requisitos de projeto.
Os concentradores de tensão são aplicados tanto a tensões normais como a tensões de ci-
salhamento. Para a distinção entre os coeficientes utiliza-se o termo kts para o cisalhamento.
Assim:
Algumas técnicas de projeto da geometria do componente podem ser utilizadas para di-
minuir o efeito de concentradores. Em geral envolvem uma usinagem adicional, podem ser
soluções que ocupam mais espaço ou que incluem peças adicionais ao conjunto. O exemplo
aqui demonstrado é proposto por [14]. Em relação ao eixo escalonado mostrado na Figura 2.9
(a) e (b), algumas soluções são mostradas para manter a funcionalidade da peça (a) e mesmo
assim ter o alívio de tensões proporcionados pelo arredondamento na base do escalonamento.
Um escalonamento é utilizado para o posicionamento axial de algum componente sobre o eixo.
Assim, o degrau proporciona uma superfície plana de encosto, que permite sua utilização como
referência para o posicionamento. Um raio muito grande diminui a concentração de tensões
mas, ao mesmo tempo, diminui a área de encosto, podendo inviabilizar seu funcionamento re-
ferência de posicionamento. Um componente, por exemplo, um rolamento, precisa do encosto
para ser referência axial de posicionamento de sua pista interna. Exige um raio de canto muito
pequeno, como representado Na Figura 2.11 (a). Na situação (b) o raio é aumentado a superfí-
2.3. CARREGAMENTOS CÍCLICOS ATUANTES NO COMPONENTE 25
(a) Eixo escalonado com rolamento (b) Eixo escalonado alívio que permite
montado manter o perpendicularismo da referên-
cia
(c) Eixo escalonado com alívio externo (d) Eixo escalonado com raio de alívio
orientando as linhas de tensão grande e espaçador para garantir o po-
sicionamento axial
kf − 1
q= (2.27)
kt − 1
Sendo de interesse a utilização dos coeficientes kf ou kf s torna-se mais conveniente escrever:
kf = 1 + q(kt − 1) (2.28)
kf s = 1 + qs (kts − 1) (2.29)
Uma vez que as tensões máximas podem ser escritas em função das tensões nominais e dos
concentradores para fadiga, a condição pode ser reescrita como:
O valor de kf m pode ser definido por três situações, apresentadas agora e explicadas logo a
seguir:
k para kf σ0alt + kf σ0med ≤ Sy
f
Sy −kf σ0alt
kf m = para kf σ0alt + kf σ0med > Sy (2.34)
σ0med
para kf σ0alt > Sy
0
1
q= √
a
(2.37)
1+ √
r
Aqui as unidades de a e r devem ser compatíveis para que o coeficiente seja adimensional.
[5] apresenta algumas correlações para a estimativa da constante de Neuber aplicada a aços.
Para carregamentos de flexão ou axial, sugere-se:
√
a = 0, 246 − 3, 08 × 10−3 Sut + 1, 51 × 10−5 Sut
2
− 2, 67 × 10−8 Sut
3
(2.38)
√
a = 0, 190 − 2, 51 × 10−3 Sut + 1, 35 × 10−5 Sut
2
− 2, 67 × 10−8 Sut
3
(2.39)
Ambas as correlações são válidas para aço e para Sut dado em [kpsi]. Pela compatibilidade
√
dimensional, a é dada em [in0,5 ].
A referência [14] apresenta a Tabela 2.2 com valores da constante de Neuber para aços e
alumínios. Valores intermediários podem ser interpolados a partir dos dados fornecidos.
Alguns autores também elaboraram gráficos nos quais o valor de q é fornecido diretamente ao
se cruzar as informações de raio do entalhe com as curvas de tipo de material e correspondente
valor de resistência à tração. São reproduzidas aqui as versões utilizadas pelos autores [5] e [14],
28 CAPÍTULO 2. ANÁLISE TEÓRICA DE FALHA POR FADIGA
que possuem abordagens similares mas levam a valores um pouco diferentes de acordo com a
situação analisada. Os conjuntos de curvas apresentados por cada autores são mais detalhados
em aspectos diferentes, assim, neste texto fez-se a opção por apresentar os gráficos de ambas
as referências.
As cartas de sensibilidade ao entalhe apresentadas por [5] foram levantadas para aços e
ligas de alumínio forjado UNS A92024-T. O gráfico mostrado na Figura 2.12 são para peças
submetidas a flexão reversa ou cargas axiais reversas. O gráfico mostrado na Figura 2.13 refere-
se a materiais submetidos a torção reversa. A recomendação para uso destas cartas diz que
caso o entalhe tenha raio superior ao máximo apresentado no gráfico, o valor para o entalhe
com raio de 4 mm deve ser utilizado.
As curvas apresentadas por [14] são mais detalhadas em relação ao alumínio, no entanto
não são apresentadas recomendações para o uso em carregamentos de torção. Para a curva
referente ao aço, a análise da situação de torção é feita tomando-se uma curva cuja tensão
Sut seja 20 kpsi (138 MPa) superior ao material realmente selecionado. Ressalta-se que seu
uso é recomendado para entalhes cuja profundidade é menor que quatro vezes o raio em sua
raiz, assim recomenda-se cautela em sua aplicação para entalhes mais profundos. As curvas
referentes ao aço são mostradas na Figura 2.14 e as curvas referentes ao alumínio termicamente
tratado (condição T) e recozido ou encruado (condição O ou H) são mostradas respectivamente
nas Figuras 2.15 e 2.16.
2.3. CARREGAMENTOS CÍCLICOS ATUANTES NO COMPONENTE 29
Figura 2.13: Sensibilidade de entalhe para aços e alumínios em carregamento de torção reversa.
30 CAPÍTULO 2. ANÁLISE TEÓRICA DE FALHA POR FADIGA
Figura 2.14: Sensibilidade de entalhe para aços em carregamento de tração, torção ou flexão
reversos.
Para a realização do ultimo tópico, referente à comparação com o critério adequado, algumas
situações devem ser consideradas para quando as tensões são alternadas e outras quando há a
32 CAPÍTULO 2. ANÁLISE TEÓRICA DE FALHA POR FADIGA
existência de tensões médias diferentes de zero. A seguir então separam-se estes dois grupos a
as possibilidades de análise são discutidas.
Para a situação bidimensional, muitas vezes condizente com os problemas tratados, a equa-
ção é obtida zerando-se todos os termos que apresentam o subíndice referente à direção principal
2:
q
σa0 = σ12 − σ1 σ3 + σ32 (2.42)
Calculada a tensão alternada equivalente, ela pode ser comparada diretamente com o limite
de resistência à fadiga Se ou Sf . Adiante serão feitas considerações sobre o resultado obtido
dessa comparação e recomendações sobre como definir qual deve ser o objetivo ideal do fator
de segurança para atender as especificações de cada tipo de projeto. Um fator de segurança,
neste texto, será definido sempre como a razão entre o critério e o valor atuante, de modo que
para o projeto estar conforme o fator de segurança calculado nunca pode ser menor que 1,0.
Se
Nf = (2.43)
σa0
ponto crítico buscando-se a obtenção de um carregamento alternado equivalente (σa0 , dado pela
tensão equivalente representativa de todos os carregamentos alternados) e um carregamento
médio equivalente (σm0
, dado pela tensão equivalente representativa de todos os carregamentos
médios).
Com o carregamento efetivo dado pela combinação de σa0 e σm 0
, quatro abordagens podem
ser sugeridas, segundo [14], para comparação com o critério de Goodman:
Cada uma das possíveis situações é ilustrada graficamente a seguir, e seu equacionamento de
comparação com o critério (seja a linha de Goodman ou a linha de escoamento) é apresentado.
A situação 1 assume que o fator de risco existente afeta apenas o componente alternado,
assim, como este carregamento pode estar sujeito a flutuações não previstas, apenas sua margem
de segurança em relação à linha de Goodman deve ser verificada. O equacionamento é dado
por:
0
Sf σm
Nf = 0 1− (2.44)
σa Sut
Para a falha ocorrendo pela intersecção com a linha de Goodman. E também existe a
possibilidade:
σ0
Sy
Nf = 0 1− m (2.45)
σa Sy
Para a falha ocorrendo pela intersecção com a linha de escoamento.
A situação 2 é bastante similar à situação 1, apenas que busca-se uma segurança adicional
em relação aos carregamentos médios. O equacionamento para este caso é:
σa0
Sy
Nf = 0 1− (2.46)
σm Sy
Para a falha ocorrendo pela intersecção com a linha de escoamento. Novamente, também
existe a possibilidade:
σa0
Sut
Nf = 0 1− (2.47)
σm Sf
Para a falha ocorrendo pela intersecção com a linha de Goodman.
A situação 3 é a que será empregada neste texto. Assume que pode haver um fator de risco
capaz de causar algum tipo de sobrecarga ou que exista algum tipo de falha que afeta simul-
taneamente tanto o componente médio como o componente alternado de tensão equivalente.
34 CAPÍTULO 2. ANÁLISE TEÓRICA DE FALHA POR FADIGA
Também assume que tal efeito ocorre na mesma proporção em ambos os tipos de carregamentos.
Pode ser equacionado como:
Sf Sut
Nf = (2.48)
σa0 Sut+ σm 0 S
f
A outra possibilidade, em que o limite do critério é dado pela linha de escoamento, fornece:
Sy
Nf = (2.49)
σa0 + σm
0
Este equacionamento representa o comprimento da linha que inicia no ponto (0,0) e termina
em (σa0 , σm
0
) como sendo o carregamento atuante e o comprimento de linha de mesma inclinação,
iniciando novamente em (0,0) mas terminando na intersecção com a linha de Goodman como
sendo o critério. A razão entre o critério e o carregamento atuante dá o coeficiente de segurança
equacionado.
A situação 4 é a mais geral de todas. Busca-se o menor coeficiente de segurança possível, o
que não se restringe ao caso em que cargas médias e alternadas possam ser afetadas proporcio-
nalmente. Busca-se o coeficiente de segurança referente à menor distância entre o carregamento
e a linha de Goodman. Seu equacionamento é feito trecho a trecho. ZS pode ser obtido da
expressão de distância de um ponto qualquer a uma reta. As tensões no ponto S podem ser
obtidas utilizando a equação de círculo com centro em (σm 0
; σa0 ). OZ é obtido por Pitágoras,
assim, as expressões são:
0
Sut (Sf2 − Sf σa0 + Sut σm
0
)
σm@S = 2 2
Sf + Sut
0 Sf 0
σa@S =− (σ ) + Sf
Su t m@S
p
OZ = (σa0 )2 + (σm0 )2
OZ + ZS
Nf = (2.50)
OZ
A mesma condição pode, novamente, ser reformulada para a situação em que o critério
limitante passa a ser a linha de escoamento ao invés da linha de Goodman. A formulação agora
considera um ponto S 0 , localizado na linha de escoamento e, portanto, altera o cálculo de ZS 0
e novas expressões para σm@S
0
0 e σa@S 0 podem ser deduzidas pelo leitor:
0
|σa0 + σm
0
− Sy |
q
0 0 − σ0 2 + (σ 0 − σ 0
ZS = (σm m@S 0 ) a a@S 0 )2 = √
2
OZ + ZS 0
Nf = (2.51)
OZ
Cada um desses casos pode ser ilustrado graficamente conforme apresentado na Figura
2.4. COMPARAÇÃO ENTRE CARREGAMENTO ATUANTE E CRITÉRIO 35
2.17, indicando a respectiva equação. Cada caso é apresentado subdividido em duas possíveis
situações, uma em que o fator limitante é a linha de Goodman e outro no qual o limite é
dado pelo escoamento do material. Na prática, o coeficiente pode ser calculada pelas duas
equações dadas para cada situação (identificados como Caso (a) e Caso (b) na figura) e o fator
de segurança real é o menos favorável entre os dois.
(a) Caso 1(a), Equação 2.44 (b) Caso 1(b), Equação 2.45
(c) Caso 2(a), Equação 2.46 (d) Caso 2(b), Equação 2.47
(e) Caso 3(a), Equação 2.48 (f) Caso 3(b), Equação 2.49
(g) Caso 4(a), Equação 2.50 (h) Caso 4(b), Equação 2.51
Figura 2.17: Visualização gráfica das possibilidades para o fator de segurança quanto ao critério
de Goodman.
A Figura 2.17 ilustra uma condição de carregamento em que o ponto está dentro da região
segura, portanto em que existe um fator de segurança maior do que um. No entanto muitas
vezes é necessário que se defina como requisito de projeto a necessidade de um fator de segurança
de projeto (então chamado de “fator de projeto”) que deve ser maior que um devido a possíveis
36 CAPÍTULO 2. ANÁLISE TEÓRICA DE FALHA POR FADIGA
incertezas nos dados utilizados para o projeto. No tópico seguinte discutem-se valores de
referência e técnicas possíveis para sua determinação sem que ele seja escolhido demasiadamente
pequeno, a ponto de poder comprometer a segurança do projeto, e nem demasiado grande, de
modo a levar a um projeto superdimensionado, causando o desperdício de recursos.
Se
Nf =
σa0
Se Sut
Nf =
σa0 Sut+ σm 0 S
e
A menos que alguma informação adicional seja fornecida, neste texto estas serão as duas
formas de cálculo do fator de segurança obtido com as dimensões escolhidas. Um fator calculado
como maior que 1,0, à princípio, diz que o projeto feito não sofrerá falha desde que as hipóteses
adotadas para seu cálculo estejam corretas. No entanto é rara a situação em que se utilize
um coeficiente tão próximo do limite. Inúmeras variáveis podem invalidar as escolhas feitas
durante o dimensionamento. Como exemplo podem-se citar a variação nas propriedades dos
materiais utilizados, condições adversas de operação (eventuais sobrecargas, ambiente hostil,
corrosão, ambiente com muito pó, ciclos de cargas de trabalho muito diferentes do previsto),
gravidade dos efeitos resultantes de uma falha (envolvendo, por exemplo, risco às pessoas que
trabalham próximas ao equipamento) entre diversos outros. Tais variáveis muitas vezes podem
somente ser tomadas em consideração através da especificação de um fator de segurança dese-
jado (chamado de “fator de segurança de projeto”) que seja tanto maior que a unidade quanto
maiores as incertezas em relação às variáveis citadas que podem causar uma falha prematura
do equipamento. Muito desta estimativa é feita com base na experiência acumulada e regis-
trada em cada área mas, em geral, este conhecimento é de difícil acesso, pois está restrito ao
conhecimento dos desenvolvedores mais experientes que levam muito tempo para passar tal
experiência aos desenvolvedores mais novos. Alguns autores buscam diminuir esses problemas
sugerindo recomendações gerais aos projetistas iniciantes. Cabe lembrar que são apenas orien-
tações, e cada segmento da indústria tem suas próprias características, sendo assim o que será
passado a seguir não é algo válido em todas as situações, apenas serve como modelo para ser
continuamente adaptado ao setor em que o projetista iniciante se encontre.
2.5. FATOR DE SEGURANÇA 37
Fatores de projeto apresentados por [10] seguem as recomendações sugeridas por Joseph
Vidosic e são baseados na resistência ao escoamento:
• nd = 1,25 a 1,5: para materiais excepcionalmente confiáveis a serem utilizados sob condi-
ções controladas, sujeitos a cargas e tensões que possam ser determinadas com alto grau
de precisão – utilizados quase que invariavelmente onde o baixo peso é uma consideração
particularmente importante;
• nd = 1,5 a 2,0: para materiais bem conhecidos, sob condições ambientais razoavelmente
constantes, sujeitos a cargas e tensões que podem ser determinadas facilmente;
• nd = 2,0 a 2,5: para materiais cujas propriedades sejam conhecidas em termos de médias,
operados em ambientes comuns e sujeitos a cargas e tensões que possam ser determinadas;
• nd = 2,5 a 3,0: para materiais pouco testados ou materiais frágeis sujeitos a condições
ambientais,cargas e tensões médias;
• nd = 3,0 a 4,0: para materiais não testados, utilizados sob condições médias de ambiente,
de cargas e de tensões;
• nd = 3,0 a 4,0: também podem ser utilizados para materiais cujas propriedades sejam
bem conhecidas eque devem ser utilizados em ambientes incertos ou sujeitos a tensões
incertas;
38 CAPÍTULO 2. ANÁLISE TEÓRICA DE FALHA POR FADIGA
• Materiais frágeis: nos casos em que o limite de resistência é utilizado como valor máximo
teórico, os fatores acima devem ser aproximadamente dobrados;
• Nos casos em que fatores mais altos possam parecer mais apropriados, uma análise mais
detalhada do problema deve ser realizada antes da decisão sobre o valor desses fatores.
Tabela 2.3: Fatores usados para determinação de fator de projeto para materiais dúcteis. Fonte:
[14].
O fator global é assumido como sendo o maior valor entre os três fatores propostos. Dadas
as incertezas envolvidas, um fator de segurança tipicamente não é escolhido com mais de uma
casa decimal. Assim:
nd = M AX(F 1, F 2, F 3) (2.52)
nd = 2 × M AX(F 1, F 2, F 3) (2.53)
Na referência [14] ressalta=se que os fatores apresentados na Tabela 2.3 são apenas uma
orientação geral para uma estimativa inicial, estando sujeitos ao julgamento do projetista na
seleção do fator para cada categoria. O projetista tem a responsabilidade final de assegurar
que o projeto é seguro.
Em [7] sugere-se a utilização de oito fatores de penalização para a implementação de um
fator de projeto:
1. A precisão com que podem ser determinadas as cargas, forças, deflexões ou outros agentes
indutores de falhas;
3. A precisão com que resistências à falha ou outras medidas de falha podem ser determi-
nadas para o material selecionado segundo o modo de falha adequado;
7. As condições de operação;
Uma avaliação semiquantitativa destes fatores de penalização pode ser obtida atribuindo-se
um valor para cada fator de penalização variando entre -4 e +4. O significado destes valores é
dado por:
8
X
t= (N Pi ) (2.54)
i=1
40 CAPÍTULO 2. ANÁLISE TEÓRICA DE FALHA POR FADIGA
O elemento que é tipicamente utilizado como exemplo para a aplicação dos conceitos apresen-
tados nos capítulos anteriores é o eixo rotativo de máquinas. Comumente ele possui diversos
tipos de entalhes (escalonamentos e rasgos de diversos tipos), pode apresentar carregamentos
fixos em conjunto com a peça rotativa ou carregamentos rotativos, como no caso de massas
desbalanceadas. Como elementos na transmissão de movimento, está sujeito a torque, flexão e
carregamentos axiais, que podem ser constantes (médios) ou variáveis (alternados).
O procedimento de dimensionamento é iterativo: define-se um coeficiente de segurança, um
geometria teste, um material inicial e verifica-se se os fatores de segurança são ou não atendidos.
Caso não sejam, alguma alteração é feita para diminuir as tensões atuantes (por exemplo,
aumento da seção transversal, aumento de raio de concordância em entalhes, substituição de
material).
1. Os eixos devem ser tão curtos quanto possível, com os mancais próximos das cargas
aplicadas. Tal condição reduz os deslocamentos e momentos devido à flexão e aumenta
as velocidades críticas permitidas;
2. Se possível coloque os concentradores de tensão obrigatórios longe das regiões do eixo que
apresentam maiores tensões. não sendo possível, utilize raios maiores e bons acabamentos
superficiais. Considere a utilização de processo que aumentam a resistência superficial
local (como jateamento ou laminação a frio);
3. Utilize os aços mais baratos quando as deflexões dos eixos são críticas, uma vez que todos
os aços possuem, essencialmente, o mesmo módulo de elasticidade;
41
42 CAPÍTULO 3. APLICAÇÃO AO PROJETO DE EIXOS
4. Quando o peso é crítico considere o emprego de eixos vazados de modo a se obter uma
baixa relação peso-rigidez, o que permite, por exemplo, manter as velocidades críticas
mais elevadas.
Quanto às deflexões que o eixo pode sofrer, [10] fornece valores de orientação geral para
aplicação a engrenagens e mancais. Assim:
2. Mancais de deslizamento devem apresentar uma deflexão máxima ao longo de seu compri-
mento que seja pequena comparada com a espessura do filme de óleo. Caso as deflexões
angulares nos mancais sejam excessivas, o eixo irá travar a menos que se usem mancais
auto-alinhantes;
3. Para mancais de rolamento, em geral, a deflexão angular não deve exceder 0,04°a menos
que sejam utilizados rolamentos auto-alinhantes.
Figura 3.2: Adição de elementos para auxiliar montagem, efetivar a transmissão de torque e
diminuir as concentrações de tensões.
arruela, em caso de forças axiais grandes ou por anéis elásticos para forças moderadas, entre
outras opções. Qualquer uma vai exigir a adição de entalhes adicionais, como, para o caso
citado, uma rosca ou um canal para posicionamento do anel. Na Figura 3.3 mostra-se o eixo
com três canais para anel elástico, um para cada rolamento e um para a engrenagem.
Faz-se assim a concepção de um eixo cuja geometria atende aos requisitos do problema: os
elementos para acoplamento (chavetas) estão previstos para a engrenagem e para a ponta do
44 CAPÍTULO 3. APLICAÇÃO AO PROJETO DE EIXOS
Figura 3.3: Adição de entalhes para fixação axial dos componentes ao longo da direção de
montagem.
Tabela 3.1: Recuos padronizados formas E e F segundo DIN 509 (Fonte: adaptado de [8]).
r ± 0, 1 Diâmetro d1
série t1 +0,1
+0
+0,2
f+0 g t2 +0,05
+0 Solicitação Resistência
R1 R2 normal alternativa
- 0,2 0,1 1,0 (0,9) > 1 até 3 -
0,1
0,4 - 0,2 2,0 (1,1) > 3 até 18 -
0,2 2,0 (1,4) 0,1 > 10 até 18 -
- 0,6
(2,1) -
0,3 2,5 0,2 > 18 até 80
0,8 - (2,4) -
0,2 2,5 (1,8) 0,1 - > 18 até 50
- 1
0,4 4,0 (3,2) 0,3 > 80 -
0,2 2,5 (2,0) 0,1 - > 18 até 50
1,2 -
0,4 4,0 (3,4) 0,3 > 80 -
1,6 0,3 4,0 (3,1) 0,2 > 50 até 80
2,5 - 0,4 5,0 (4,8) - > 80 até 125
0,3
4 0,5 7,0 (6,4) > 125
Todas as formas de recuos aplicam-se a eixos e a furos.
A associação com o intervalo de diâmetro d1 não se aplica a ressaltos
curtos e peças com paredes finas. Para peças com diâmetros diferentes
pode ser adequado projetar todos os recuos para todos os diâmetros
com a mesma forma e o mesmo tamanho.
Forma E Forma F
(para superfície cilíndrica a usi- (para superfícies planas e cilíndri-
nar) cas a usinar)
apresenta um eixo completamente diferente, é através do uso do eixo estriado, com os discos
sendo posicionados axialmente com ajuste folgado e o torque sendo suportado pelas estrias.
Cada solução tem vantagens e desvantagens, considerando-se aspectos como, por exemplo,
facilidade de montagem, forma única ou não de montagem dos componentes, dificuldade de
fabricação.
Figura 3.4: Esquema de desmontagem do eixo: (a) e (b) Duas possibilidades com ajuste inter-
ferente entre rolamentos e carcaça. (c) Ajuste interferente entre rolamentos e eixo.
Torque de saída, sentido de rotação e diâmetro da coroa permitem o cálculo da força tan-
gencial atuando no diâmetro primitivo da engrenagem. Ângulo de pressão e de hélice permitem
o cálculo das componentes radial e axial de força. O posicionamento axial da engrenagem e
a distância entre apoios permite o cálculo das reações de apoio nos mancais. Com as forças
externas e reações de apoio calculadas, podem-se levantar os diagramas de forças normal e
cortante, momentos fletor e torsor.
Alguns autores fornecem recursos para algumas estimativas iniciais que auxiliam muito o
esboço inicial do projeto.
Em [13] apresenta-se uma estimativa para as dimensões referentes ao cubo de um elemento
montado no eixo em função do torque de trabalho. A tabela apresentada por [13] é reproduzida
aqui, adaptada para unidades de medida mais utilizadas em bibliografias mais atuais, conforme
mostrado na Tabela 3.2 e Figura 3.6.
48 CAPÍTULO 3. APLICAÇÃO AO PROJETO DE EIXOS
Tabela 3.2: Dados de referencia para comprimento do cubo (l) e espessura do cubo (s). Adap-
tada de [13].
100
Nas quais os parâmetros x, y e y 0 vêm da Tabela 3.2 e o torque T é dado em [N mm].
Outra estimativa útil pode ser encontrada em [11]. Para eixos solicitados à combinação de
momento fletor e torque e com concentradores de tensão típicos, como escalonamentos e rasgos
de chaveta, o menor diâmetro sujeito aos carregamentos pode ser inicialmente estimado como:
3.4. ESFORÇOS SOLICITANTES E ESTIMATIVA INICIAL 49
r
T
d = (5 a 6) 3 (3.4)
Sut
Na qual o torque T é dado em [N mm] e a tensão de resistência à tração Sut do eixo em
[MPa], para obtenção do diâmetro d em [mm].
Caso os concentradores de tensão sejam muito pequenos ou o eixo esteja solicitado apenas
por torção, [11] diz que a estimativa pode ser mais baixa, sendo dada por:
r
T
d = (2, 5 a 3) 3 (3.5)
Sut
Usualmente, quando necessita-se de um apoio axial funcional, ou seja, um escalonamento que
servirá de apoio axial para um componente, costuma-se adotar uma relação D = d(1, 1 a 1, 2),
na qual D e d são, respectivamente, o maior e o menor diâmetro. Assim, o maior diâmetro
aumenta em algo na faixa de 10 a 20%.
Rasgos de chaveta são padronizados em função do diâmetro do eixo. Como exemplo, a
norma DIN 6885-1 (1968-08) fornece como dimensões de chavetas paralelas de formato alto os
valores reproduzidos na Tabela 3.3, adaptada de [8]:
Tabela 3.3: Chavetas paralelas segundo DIN 6885-1 (1968-08) - dimensões em [mm]. Adaptado
de [8].
Para chavetas, os gráficos de concentração de tensões levantados por [18] são apresentados
no Anexo F. Há uma recomendação do American Nartional Standards Institute (ANSI) para
que a relação entre o raio no fundo do rasgo e o diâmetro do eixo seja tomada como aproxima-
damente r/d = 0, 021 quando o diâmetro é menor que 165 mm. [14] ilustra a condição sugerida
sobreposta ao gráfico de concentração de tensões em um rasgo de chaveta feito com fresa de
topo, conforme Figura 3.7.
Figura 3.7: Fatores de concentração de tensões kt e kts para rasgo de chaveta feito com fresa
de topo. Fonte: [14].
(a) Rasgo de chaveta termi- (b) Rasgo de chaveta termi- (c) Rasgo de chaveta cortado
nando no início do raio de es- nando antes do início do raio sobre o escalonamento.
calonamento. de escalonamento.
Tabela 3.4: Estimativas iniciais para kt e kts (Devem ser recalculadas quando dados mais
consistentes estejam disponíveis) [5].
Ajustes interferentes entre eixo e cubo, como esquematizado na Figura 3.9, criam um estado
de tensões em que uma pressão de compressão é feita sobre a superfície do eixo. Para uma
interferência diametral δ no ajuste, a pressão p pode ser estimada através de:
0, 5δ
p= 2 2 (3.6)
r ro2 +r2 r +r
Eo ro2 −r2
+ νo + Eri r2 −ri2 − νi
i
r2 + ri2
σteixo = −p (3.7)
r2 − ri2
σreixo = −p (3.8)
Para o cubo:
52 CAPÍTULO 3. APLICAÇÃO AO PROJETO DE EIXOS
δ/2
ro
r
r
ri
δ/2
Figura 3.9: Ajuste eixo-cubo interferente.
ro2 + r2
σtcubo = −p (3.9)
ro2 − r2
σrcubo = −p (3.10)
Nas quais os componentes tangencial e radial das tensões são identificados respectivamente
pelos índices t e r.
No ajuste interferente também ocorrem concentrações de tensões no contato entre as ex-
tremidades do cubo e o eixo, principalmente devido à forma abrupta com que o carregamento
de compressão termina. Um eixo submetido a um carregamento adicional de flexão através da
aplicação de um momento fletor apresenta fatores de concentração de tensões que se comportam
de maneira similar ao apresentado na Figura 3.10. Para utilizar a Figura, o termo p/σ refere-se
à razão entre a pressão nominal do ajuste e a tensão nominal de flexão e o termo l/d refere-se
à razão entre o comprimento do cubo e o diâmetro do eixo. Para carregamentos estáticos o
concentrador deve multiplicar o carregamento nominal para determinar se há risco de haver
um escoamento plástico do material que comprometa o ajuste interferente. Para carregamentos
cíclicos, o concentrador deve ser modificado por um fator de sensibilidade de entalhe para poder
ser aplicado para o projeto quanto à fadiga.
Elementos comerciais, como rolamentos, possuem diversas informações em catálogo, in-
cluindo o valor máximo e mínimo recomendados para o escalonamento, larguras possíveis para
um determinado diâmetro, bem como raio de filete máximo que pode ser utilizado no escalona-
mento. Anéis elásticos possuem recomendações completas sobre o tamanho do rasgo, bem como
a distância mínima que devem estar da borda da peça. Assim sendo, tendo a concepção inicial
de como será o formato do eixo e dos elementos que se espera colocar, o projetista deve ter em
mãos catálogos de todos os elementos comerciais que deseja utilizar para diminuir a quantidade
de iterações para atingir o projeto satisfatório do eixo. Para eixos como o exemplo, em que
uma ponta sai do equipamento para acoplar-se a outro componente, necessita-se um elementos
3.5. PONTOS CRÍTICOS 53
candidatos é o mais crítico. Uma vez que já se tem uma estimativa inicial, uma opção pode ser
o cálculo do fator de segurança em todos os pontos considerados, e identificação do ponto em
que é calculado o menor valor. Este procedimento é feito de maneira muito eficiente com uma
planilha de cálculos bem estruturada.
3.6 Dimensionamento
Para o dimensionamento é comum adotar-se duas abordagens: dado o diâmetro, calcula-se
um coeficiente de segurança em relação ao critério adotado, ou o inverso, dado o coeficiente de
segurança mínimo desejado, calcula-se o correspondente diâmetro. No tópico anterior sugeriu-se
a primeira abordagem pelo fato de as bibliografias utilizadas fornecerem diversos recursos para
uma estimativa de geometria de eixo. Uma vez que os diâmetros são estimados, seria necessário
o cálculo dos coeficientes de segurança nos pontos críticos e posterior análise de resultados e
adequação da geometria ou material para que o projeto do eixo seja refinado.
O equacionamento mais utilizado para o dimensionamento supõe que o eixo possa estar su-
jeito a um carregamento de flexão e torção flutuantes simultaneamente. Assim existem tensões
de normais e cisalhantes, ambos com componentes médias e alternadas. Normalmente em eixos
o carregamento axial aparece com um componente médio. As tensões equivalentes média e
alternada podem ser escritas como:
p
σa0 = σa2 + 3τa2
q
0
σm = (σm + σmaxial )2 + 3τm
2
Cada uma dessas tensões é dada por um momento fletor ou torsor alternado ou médio, ou
por uma força axial. Assim:
Ma d Ma
σa = kf = 32kf 3
I 2 πd
Ta d Ta
τa = kf s = 16kf s 3
J 2 πd
Mm d Mm
σm = kfm = 32kfm 3
I 2 πd
Tm d Tm
τm = kfsm = 16kfsm 3
J 2 πd
Fmaxial Fm
σmaxial = kfm = 4kfm axial
A πd2
A combinação de cargas médias e alternadas leva à utilização do critério de Goodman, que,
com a inclusão de um fator de segurança, pode ser escrito como:
3.7. VERIFICAÇÃO DE DEFLEXÃO E TORÇÃO 55
1 σ0 σ0
= a + m
Nf Sf Sut
Substituindo-se progressivamente as equações listadas no critério de Goodman:
p p
1 σa2 + 3τa2 (σm + σmaxial )2 + 3τm
2
= +
Nf Sf Sut
r 2
q Fmaxial 2
Ma 2 32kfm M Tm
2
Ta m
+ 4kfm + 3 16kfms πd
1 32kf πd3 +3 16kfs πd 3 πd3 πd2 3
= + (3.11)
Nf Sf Sut
Assim, calculados para cada ponto crítico em potencial as forças axiais, torques e momentos
fletores médios e alternados, considerando o diâmetro inicialmente estimado para cada escalo-
namento e calculado o valor de Sf em cada ponto, pode-se estimar os coeficientes de segurança.
Nota-se que para a obtenção direta do diâmetro deve-se resolver um polinômio de ordem 3.
No entanto, caso não haja força axial, todos os termos em d estão elevados à mesma potência,
e neste caso a equação pode ser resolvida diretamente. Nesta situação, dado um fator de
segurança desejado, o diâmetro necessário para atender o requisito pode ser calculado como:
q q 1
2 3 2 2 3 2 3
32 (kf Ma ) + 4 (kfs Ta ) (kfm Mm ) + 4 (kfsm Tm )
d = Nf + (3.12)
π Sf Sut
1 M
= (3.13)
ρ EI
Das expressões derivadas nos cursos de cálculo, o raio de curvatura pode ser escrito como:
1 d2 y/dx2
= 3/2 (3.14)
ρ 1 + (dy/dx)2
56 CAPÍTULO 3. APLICAÇÃO AO PROJETO DE EIXOS
dy
α= (3.15)
dx
Nos equipamentos de interesse espera-se que as deflexões obtidas sejam pequenas, de modo
a não danificar ou desgastar os componentes mecânicos envolvidos. Desta maneira, o termo
(dy/dx)2 da equação 3.14 pode ser desprezado. Procedendo-se desta maneira e substituindo-se
na equação 3.13, tem-se:
1 d2 y M
= 2 = (3.16)
ρ dx EI
Assim, é necessária a obtenção da função M/EI ao longo de todo o comprimento da viga
(ou eixo) para que se possa proceder com o cálculo de integrais sucessivas para estimativa das
inclinações ao longo do componente e suas deflexões. Então, para um eixo de comprimento
total l:
d2 y M
2
=
dx EI
Z l
dy M
=α= dx + C1 (3.17)
dx 0 EI
Z lZ l
M
y= dxdx + C1 x + C0 (3.18)
0 0 EI
Nas quais as constantes de integração C0 e C1 já foram explicitadas. Para a aplicação
a eixos, sua obtenção é feita através de condições de contorno de deflexão y na posição dos
mancais, uma vez que nestes pontos a deflexão deve ser igual a zero.
Diferente de uma viga comum, cuja seção é constante ao longo de seu comprimento, um
eixo é normalmente formado por diferentes seções transversais. Para a obtenção de M/EI em
função das coordenadas x, [14] recomenda o uso de funções de singularidade para construir
uma expressão única, válida para todo o comprimento do eixo e explicitamente escrita em
função de x, o que facilita a integração. Neste texto sugere-se o uso de planilha de cálculos
e discretização do eixo em uma grande quantidade de pontos. O diagrama de momento fletor
pode ser facilmente construído, bem como o momento de inércia calculado ponto a ponto. A
integração faz-se calculando a área abaixo do gráfico. Um exemplo será desenvolvido adiante,
mostrando o passo a passo deste procedimento.
Caso as deflexões encontradas sejam excessivas em relação aos requisitos de projeto, um
novo diâmetro pode ser estimado para
nd (y)antigo 1/4
dnovo = dantigo
(3.19)
yadm
3.7. VERIFICAÇÃO DE DEFLEXÃO E TORÇÃO 57
E caso as inclinações sejam excessivas frente aos requisitos de projeto, um novo diâmetro
pode ser estimado através da expressão:
1/4
nd dy
dx antigo
dnovo = dantigo (3.20)
αadm
Inclinações (α)
Elemento: αadm [rad] αadm [°]
Rolamentos de rolos cônicos 0,0005 a 0,0012 rad 0,03 a 0,07°
Rolamentos de rolos cilíndricos 0,0008 a 0,0012 rad 0,04 a 0,07°
Rolamentos de esferas de sulco profundo 0,001 a 0,003 rad 0,06 a 0,17°
Rolamentos de esferas 0,0026 a 0,006 rad 0,15 a 0,35°
Rolamentos de esferas autoalinhantes 0,026 a 0,052 rad 1,5 a 3,0°
Engrenagens retas não coroadas < 0,0005 rad 0,03°
Deflexões transversais (y)
Elemento: Módulo m [mm] yadm [mm]
m ≥ 2, 5 0,25 mm
Engrenagens de dentes retos 1,25 ≤ m < 2,5 0,13 mm
0,5 ≤ m < 1,25 0,08 mm
Na qual o ângulo de torção total é θ, para cada trecho é θi . São escritos em função do torque
em cada trecho Ti , o comprimento do trecho li , o momento de inércia polar Ji e o módulo de
cisalhamento Gi . Ressaltando que o módulo de cisalhamento pode ser escrito em função do
módulo de elasticidade E e coeficiente de Poisson ν como G = E/[2(1 + ν)].
Para a aplicação em eixos, o material é o mesmo para todos os trechos, assim o termo G
pode ficar fora do somatório. Também para um torque constante ao longo de todo o eixo,
pode-se reescrever a expressão ângulo de torção como:
58 CAPÍTULO 3. APLICAÇÃO AO PROJETO DE EIXOS
n
T X li
θ= (3.22)
G i=1 Ji
Ressalta-se em [14] que esta expressão deve ser utilizada como estimativa inicial. Na prática
encontram-se valores maiores que os calculados, assim verificações devem ser conduzidas caso
a caso para adequar os valores calculados.
Figura 3.11: Disposição dos elementos, cotas, identificação dos pontos, tipos de apoios e sistema
de coordenadas.
• Vida: infinita;
3.8. EXEMPLO DE APLICAÇÃO 59
• Coeficiente de segurança: 2,0 (sugerido por [10] para materiais cujas propriedades sejam
conhecidas em termos de médias, operados em ambientes comuns e sujeitos a cargas e
tensões que possam ser determinadas);
• Acoplamento da ferramenta: Ferramenta acoplada via cone íngreme DIN2080 A30, con-
forme Figura 3.12. A extremidade do eixo deve receber esse padrão;
• As cargas de trabalho podem ser representadas por uma força cortante e um momento
fletor tanto no plano xz como no plano yz aplicados no ponto A. A força Ax = Ay = 200
N. O momento MAxz = MAyz = 10 Nm. Forças e momentos estão no sentido positivo em
relação ao sistema de coordenadas;
• Pré-cálculos referentes à correia indicam que a transmissão de potência pode ser realizadas
por três correias em V com seção tipo A, trabalhando em paralelo, cada uma delas
com força F1 = 140, 5 N no lado mais tensionado e F2 = 30, 5 N no lado mais frouxo,
totalizando as forças F1total = 421, 5 N e F2total = 91, 5 N aplicadas no centro geométrico
da polia. As forças da correia são alinhadas com a direção −y.
Para início do projeto, algumas hipóteses devem ser assumidas (e posteriormente verifica-
das). referem-se às soluções que serão empregadas para se construir o desenho previsto do eixo,
sua configuração e os sistemas de montagem e fixação dos componentes:
60 CAPÍTULO 3. APLICAÇÃO AO PROJETO DE EIXOS
1. Fixações axiais: anéis elásticos (não são esperadas cargas axiais grandes, mas um sistema
de fixação axial que não apenas por interferência pode ser desejável);
2. Transmissão de torque (polia): assento cônico (conicidade de 1:5 para desmontar facil-
mente a polia e travamento por rosca no final do eixo);
5. Apoio deslizante: próximo à polia (variações de posição, como dilatação por exemplo, não
trazem grandes influências à transmissão por correias);
6. Vedações: anéis para vedação de óleo em ambas as pontas de eixo (evitar a contaminação
e perda do óleo responsável por lubrificar os mancais de rolamento);
7. Confiabilidade das propriedades de materiais: 99% (em uma fase de projeto preliminar
não é necessário uma confiabilidade superior).
Figura 3.13: Visualização das forças atuantes e reações de apoio para o eixo em análise.
By = 431, 6 N
Bz = 0, 0 N
Cx = 88, 0 N
Cy = 744, 5 N
T = 17, 325 Nm
(c) Momento fletor no plano xz. (d) Momento fletor no plano yz.
de contato angular dispostos em “O” de uma linha específica para eixos de máquinas operatri-
zes. Inicialmente a possibilidade de uso de espaçadores entre os escalonamentos e rolamentos
foi considerada, devendo esta hipótese ser reavaliada ao longo do desenvolvimento do projeto,
conforme o eixo ganhe proporções que o permitam. Para a polia adotou-se um eixo cônico
(conicidade de 1:5, para fácil desmontagem), e existe a possibilidade de se incluir em conjunto
um rasgo de chaveta como uma garantia de transmissão de torque sem escorregamento da polia
em seu assento (não está representado no croqui).
Material
A princípio será escolhido como material um aço AISI 1040 estirado a frio, com as propriedades
conforme fornecidas no Anexo B. Assim:
Sy = 490 MPa
Sut = 586 MPa
Pode ser estimado a partir do torque de trabalho, T = 17325 Nmm. Como é previsto uma
conicidade de 1:5 para fácil desmontagem da polia, será utilizado o maior comprimento sugerido.
Assume-se qpolia de aço.
q
l = 3, 5 3 T
100
= 3, 5 3 17325
100
≈ 19, 5 mm
Utilizando-se l = 20 mm tem-se o assento da polia com D = 21 mm e d = 17 mm.
6005, cujas dimensões de catálogo são apresentadas na Tabela 3.6. Maiores detalhes sobre os
rolamentos escolhidos podem ser encontrados em [20].
Anéis elásticos
Designação
Dimensões [mm] A25 A35
d1 25 35
d2 23,9 33
m (min.) 1,30 1,60
n 1,7 3,0
t 0,55 1,00
s 1,20 1,50
d3 23,2 32,2
Vedações
Elementos de vedação possuem uma variedade maior de diâmetros comerciais, pois dvem dar
maior flexibilidade para o projeto. De acordo com o tipo de vedação a ser utilizada e o ele-
mento a ser controlado (graxa, óleo ou outro tipo de fluído), diversas configurações podem ser
encontradas. Como exemplo pode-se citar o catálogo da referência [23], que passa uma ideia
bem completa dos diversos tipos de elementos, instruções de uso, geometrias de alojamentos e
respectivas tolerâncias e acabamentos.
Como exemplo será utilizado aqui um retentor Vedabrás R-5, que possui as características:
apresenta o anel metálico revestido de borracha, o que lhe permite no diâmetro externo um
assento estanque, além da vantagem de tanto em serviço quanto em estoque não sofrer ataque
por corrosão, evitando danificações no alojamento e não exigindo que o alojamento tenha
acabamento polido.
Dois retentores possíveis (dentre diversos outros) são mostrados na Tabela 3.9. Verifica-se
que existem diversas opções viáveis tanto para as dimensões radiais como para as dimensões
axiais, inclusive pode-se constatar pelo esboço preliminar do eixo, mostrado no tópico a seguir,
que as dimensões axiais são até bastante grandes para qualquer uma das opções de retentores,
sendo candidatas a revisão ao final do projeto para uma compactação do sistema.
Com os dados estimados mais informações iniciais é possível propor um desenho inicial do eixo,
a ser verificado. Uma representação já em dimensões proporcionais é apresentada na Figura
3.17. As dimensões mostradas em catálogos são respeitadas e algumas das dimensões restantes
são deixadas á escolha do projetista. os raios de concordância são inicialmente escolhidos o
maior possível. Para os canais de anel elástico foi adotado um raio de 0,1 mm para o canto
da ferramenta que faz o sangramento. Para os escalonamentos em que o degrau é funcional
partiu-se de uma razão entre diâmetros de 1,2 e fez-se as adequações em função dos tamanhos
padronizados de elementos comerciais dos catálogos selecionados.
66 CAPÍTULO 3. APLICAÇÃO AO PROJETO DE EIXOS
RS R-5 0725714
dn = 45, 0 mm
Dn = 60, 0 mm
h = 12, 0 mm
Montagem usual com a mola voltada para o fluído a ser vedado;
Para evitar que na troca do retentor o mesmo gire na pista formado pelo elemento anterior:
1. Utiliza-se uma bucha como pista do retentor;
2. Utiliza-se um anekl espaçador no alojamento do retentor;
3. Usina-se a profundidade do alojamento do retentor.
Figura 3.18: Pontos críticos baseados em altos carregamentos nominais e/ou fatores de concen-
tração de tensões.
3.8.7 Verificação
São feitos os cálculos dos parâmetros referentes aos critérios estático (comparação com Sy ) e
quanto ao critério de Goodman (existem carregamentos tanto alternados como médios). Para
este último são necessários valores de Se e Sut , mas deve também ser verificada a condição
em relação à linha de escoamento, utilizando-se também Sy . Os carregamentos em cada ponto
devem ser calculados, já com os devidos concentradores de fadiga considerados. A comparação
fornece os coeficientes de segurança calculados em cada ponto crítico. Os resultados para os
pontos de A a J são mostrados na Tabela 3.11.
A primeira parte da tabela estabelece as tensões de referência para estimativa de segurança
ponto a ponto. Assim, a partir do material escolhido são anotados os valores de Sy e Sut e
calculado para cada ponto crítico o valor de se . A seguir os parâmetros de inércia (I e J) são
calculados para posterior estimativa de tensões atuantes. A partir do momento fletor e torque
em cada ponto são feitas as estimativas das tensões nominais. Neste caso, todos os momentos
fletores causam tensões alternadas simétricas e o torque causa uma tensão de cisalhamento
média. Os concentradores de tensões em cada ponto já haviam sido calculados então, através do
coeficiente de sensibilidade de entalhe, são calculados os coeficientes de concentração de fadiga
(kf , kf s e kf sm ), o que permite o cálculo da máxima tensão alternada e média em cada ponto (σalt
e τmed ). Para cálculo do fator de segurança, é necessário o uso de tensões normais alternadas e
médias, assim, como o problema possui componentes normais e de cisalhamento em diferentes
direções, faz-se necessário o cálculo de tensões equivalentes alternada e média. A seguir, na
última parte da tabela são apresentadas as estimativas de coeficiente de segurança. Aqui adotou-
se a hipótese de que tanto a tensão média como a alternada podem variar proporcionalmente,
utilizando-se então as equações 2.48 e 2.49 para cálculo do fator em relação à linha de Goodman
ou à linha de escoamento, respectivamente. Dentre estes dois valores, o coeficiente de fadiga
em si é a verificação em relação à linha de Goodman. A verificação em relação à linha de
escoamento é colocada para avaliação de um possível escoamento plástico localizado que pode
ocorrer devido ao concentrador de tensão. Note que a avaliação do coeficiente estático (Ny )
refere-se à tensão média da seção como um todo comparada à tensão de escoamento, ou seja não
considera concentrações de tensões. O coeficiente Nf y refere-se a um ponto com concentração
de tensões comparado à tensão de escoamento.
Encontra-se o ponto G como o mais crítico, com um coeficiente Nf de 2,7, e muito próximo
a ele o ponto H, com Nf de 2,8. Ambos estão seguros em relação ao obletivo inicialmente
estabelecido, que era de 2,0.
Neste ponto do projeto pode-se verificar se é possível obter-se um coeficiente mais próximo
68 CAPÍTULO 3. APLICAÇÃO AO PROJETO DE EIXOS
do objetivo inicial. Para tanto, deve-se calcular o diâmetro do ponto G através da equação
3.12. Assim, para este ponto e nas condições de trabalho do eixo:
3.8. EXEMPLO DE APLICAÇÃO 69
Ponto: A B C D E F G H I J
Parâmetros referentes aos critérios:
Sy [MPa] 490
Sut [MPa] 586
Se0 [MPa] 293
csize 0,842 0,842 0,842 0,855 0,870 0,870 0,870 0,885 0,885 0,842
cload 1,0
csurf 0,919 0,919 0,833 0,833 0,919 0,919 0,833 0,833 0,833 0,833
creliab 0,814
ctemp 1,0
Se [MPa] 184,6 184,6 167,3 169,9 190,7 190,7 172,8 175,8 175,8 167,3
Cálculos de inércias de área:
I [mm ] 4 66851 69162 57196 72644 19175 19175 16016 9547 7854 72644
J [mm4 ] 133702 138324 114392 145288 38350 38350 32033 19093 15708 145288
Parâmetros referentes aos carregamentos:
Malt [Nm] 26,3 31,1 27,3 20,0 32,2 35,9 32,8 30,8 10,3 28,6
σalt0 [MPa] 6,9 7,9 6,6 4,8 21,0 23,4 21,4 33,8 13,1 2,4
kt 2,17 1,0 5,4 1,89 2,19 1,0 4,2 1,89 2,00 -
q 0,73 0,0 0,44 0,76 0,65 0,0 0,44 0,73 0,62 -
kf 1,85 1,0 2,94 1,68 1,77 1,0 2,41 1,65 1,62 6,00
σalt [MPa] 12,8 7,9 23,1 8,1 37,2 23,4 58,9 55,9 21,2 14,2
Tmed [Nm] 17,3
τmed0 [MPa] 2,3 2,2 2,5 2,1 5,6 5,6 6,5 9,5 11,0 0,7
kts 1,92 1,0 3,10 1,51 1,87 1,0 2,50 1,59 3,00 -
qs 0,76 0,0 0,52 0,80 0,71 0,0 0,52 0,76 0,67 -
kf s 1,70 1,0 2,09 1,41 1,62 1,0 1,78 1,45 2,34 6,00
kf sm 1,70 1,0 2,09 1,41 1,62 1,0 1,78 1,45 2,34 6,00
τmed [MPa] 3,8 2,2 5,2 2,9 9,1 5,6 11,5 13,8 25,8 4,3
Tensões equivalentes:
0 [MPa]
σalt 12,8 7,9 23,1 8,1 37,2 23,4 58,9 55,9 21,2 14,2
σmed [MPa]
0 6,7 3,8 9,0 5,1 15,8 9,8 19,9 23,9 44,6 7,4
Coeficientes de segurança:
Ny 45,3 42,0 48,1 58,1 15,9 14,8 15,7 9,7 15,2 136,1
Nf ( )1 12,4 20,4 6,5 17,8 4,5 7,2 2,7 2,8 5,1 10,3
Nf y (2 ) 25,2 42,0 15,2 37,2 9,2 14,8 6,2 6,1 7,4 22,7
Nf 12,4 20,4 6,5 17,8 4,5 7,2 2,7 2,8 5,1 10,3
(1 ) Coeficiente em relação à linha de Goodman;
(2 ) Coeficiente em relação à linha de escoamento: verificação se houve escoamento plástico localizado.
q 1/3
3 2
32 p(k M )2
f alt 4
(k f s m Tm )
d = Nf +
π Se Sut
q 1/3
3
32 (2, 41 × 32800) 4
× 17300)2
(1, 78
d= 2, 0 + = 21, 7 mm
π 172, 8 586
70 CAPÍTULO 3. APLICAÇÃO AO PROJETO DE EIXOS
Para o coeficiente ser exato no ponto, o diâmetro da garganta do sulco para anel elástico
poderia diminuir de de 23,9 mm para 21,7 mm. Assim, uma vez obtido o diâmetro, deve-se
verificar se existem dimensões padronizadas próximas que atendam os elementos comerciais
necessários, repetindo a fase de estimativa das dimensões iniciais. Outra possibilidade é a
alteração do material para um nível mais baixo de carbono ou para um material trabalhado a
quente ao invés do aço encruado a frio escolhido neste exemplo.
Deve-se comentar que, em geral, os raios aqui utilizados foram adotados como o valor
máximo sugerido nos catálogos de elementos comerciais. Assim, caso preveja-se que o uso de
valores máximos poderá trazer problemas na montagem destes componentes, eles podem ser
levemente diminuídos, o que causará uma diminuição nas margens de segurança já calculadas.
Cabe portanto ao engenheiro avaliar até que ponto devem ser trabalhadas as variáveis para
a obtenção do melhor projeto que atenda com segurança aos requisitos solicitados.
Plano xz
São apresentados graficamente na Figura 3.19 os diagramas que apresentam os passos sequen-
ciais para obtenção das deflexões no plano xz a partir do correspondente diagrama de momento
fletor. Em (a) reproduz-se o diagrama de momento fletor já calculado anteriormente. Para sua
elaboração em planilha o eixo foi discretizado de 1 em 1 milímetro. Em (b) a curva de M (em
Nmm) é dividida por E (tomado como 210000 MPa) e pela inércia de área de cada ponto, I (em
mm4 ). A seguir em (c) calcula-se a integral indefinida da curva de M/EI linearizando-se cada
trecho da curva e calculando-se a área do trapézio abaixo do último incremento e somando-se ao
valor anterior. Note que foi calculada a integral indefinida, portanto a constante de integração
ainda não foi considerada, portanto o gráfico mostra a informação “não corrigida” no título
desta curva, que corresponde à inclinação. Em (d) o processo é repetido, com a integral inde-
finida da curva inclinação sendo estimada pela área de trapézios resultantes da linearização da
curva entre pontos consecutivos. Obtém-se então a deflexão do eixo, ainda sem a aplicação das
constantes de integração, portanto a curva é novamente identificada como “não corrigida”. Em
(e) e (f) são apresentados os resultados de inclinação e deflexão já com as condições de contorno
aplicadas. Sua obtenção é feita através da curva mostrada em (f): a deflexão nas coordenadas
referentes aos mancais deve ser igual a zero. Desta forma, calcula-se a equação de uma reta
3.8. EXEMPLO DE APLICAÇÃO 71
que intercepta a curva de deflexão nas coordenadas correspondentes aos mancais. A diferença
entre a curva não corrigida e a reta calculada faz com que os dois pontos em que há intersecção
de curvas passem a ter ordenada igual a zero, atendendo então as condições de contorno dos
mancais. Como mostrado na Equação 3.18, os termos com as constantes de interação para o
cálculo de deflexão constituem a equação de uma reta. Além disso, a condição de contorno de
inclinação é o coeficiente angular desta reta, determinando completamente o problema.
R RR
(c) M/(EI)dx no plano xz. (d) M/(EI)dxdx no plano xz.
Plano yz
De maneira análoga, também são apresentados graficamente na Figura 3.20 os diagramas que
apresentam os passos sequenciais para obtenção das deflexões no plano yz a partir do corres-
pondente diagrama de momento fletor.
R RR
(c) M/(EI)dx no plano yz. (d) M/(EI)dxdx no plano yz.
Verifica-se que para este caso que as deflexões mais acentuadas ocorrem no plano yz, como
esperado, dadas as magnitudes das cargas aplicadas na polia em comparação aos demais car-
3.8. EXEMPLO DE APLICAÇÃO 73
z αxz αyz ux uy
Posição
[mm] [rad] [°] [rad] [°] [mm] [mm]
Ferramenta 0 -2,37E-4 -0,0136 -5,75E-5 -0,00329 1,34E-2 2,64E-3
Mancal fixo 60 -1,97E-4 -0,0113 -1,69E-5 -0,000963 0,0 0,0
Mancal livre 310 1,10E-4 0,00630 -3,19E-4 -0,0183 0,0 0,0
Centro da polia 380 1,10E-4 0,00630 -8,83E-4 -0,0506 7,72E-3 -4,65E-2
3.8.9 Adequação
Os limites, tanto de fadiga como de deflexão, devem ser comparados com valores admissíveis.
Para este exemplo foram já apresentados os coeficientes de segurança de fadiga. Para que o
projeto seja aceito, tais coeficientes devem ser maiores ou iguais ao coeficiente de segurança de
74 CAPÍTULO 3. APLICAÇÃO AO PROJETO DE EIXOS
(a) Modelo em elemento viga mostrado com seção (b) Deslocamentos totais vista a partir do plano yz,
expandida. escala ampliada em 300x.
(c) Modelo em elemento sólido. (d) Deslocamentos totais vista a partir do plano yz,
escala ampliada em 300x.
Figura 3.21: Modelo de elementos finitos e resposta de deslocamentos totais. (a) e (b) Modelo
com elemento viga; (c) e (d) Modelo em elemento sólido. Figuras geradas pelo software ANSYS.
(a) Deflexão no plano xz: EF. (b) Deflexão no plano xz: planilha.
(c) Deflexão no plano yz: EF. (d) Deflexão no plano yz: planilha.
Figura 3.22: Inclinações e deflexões no plano yz. Figuras dos resultados por elementos finitos
geradas pelo software ANSYS.
pelo fabricante.
Uma situação que pode acontecer é aquela em que o eixo atende todos os requisitos referentes
à fadiga através da análise de tensões, com coeficientes de segurança atendendo os critérios de
projeto, no entanto as deflexões encontradas sejam excessivas para as condições especificadas.
Neste caso, um reprojeto das dimensões do eixo deve ser feita através das equações 3.19 e 3.20.
Aqui, como se trata das propriedades elásticas do material, a mudança de uma liga de aço para
outra não surtirá muito efeito, pois ambas devem possuir praticamente o mesmo módulo de
elasticidade. Assim atua-se na alteração do diâmetro nos pontos considerados críticos, seguido
da adequação das demais dimensões para que sejam compatíveis com os elementos comerciais
que serão empregados. Assim, todo o processo descrito para a concepção do eixo deve ser
repetido, agora com maior conhecimento do problema, o que leva a decisões mais acertadas
para os pontos em que uma decisão de projeto tem maior liberdade. Como resultado deste
aumento dos diâmetros, os coeficientes de segurança quanto a tensão (análise de fadiga) tornar-
se-ão as vezes significativamente maiores que o coeficiente de projeto. Tal hipotética situação
é aceitável pela demonstração de que o problema de deflexão é mais crítico que o de tensões.
O procedimento de ajuste de um projeto é algo a ser feito com paciência, pois muitas ve-
zes mais de uma iteração deverá ser feita para que se obtenha o resultado mais adequado ao
76 CAPÍTULO 3. APLICAÇÃO AO PROJETO DE EIXOS
sentarão as recomendações cabíveis para o correto uso de seus componentes, como também
recomenda-se a bibliografia [1], que embora mereça uma atualização em virtude das novas tec-
nologias desenvolvidas desde sua publicação, fornece uma boa referência inicial que pode ser
um ponto de partida para esta área de conhecimento. A forma de cotagem do eixo também
tem influência sobre os processos que serão utilizados para a fabricação do produto, sendo ne-
cessário trabalho em conjunto com a equipe de engenharia responsável pela fabricação para
deixar claro a importância das condições ressaltadas no desenho e das tolerâncias especificadas,
para que possam desenvolver a melhor sequência de fabricação, elaborando as diversas folhas
de operação para as várias etapas de fabricação de moda a atingir a funcionalidade desejada
para o equipamento.
A fabricação também pode ser melhorada se algumas características forem incluídas no eixo,
um exemplo seria um furo de centro na extremidade com o assento da polia. Com isso permite-
se o posicionamento entre centros do eixo para futura inspeção e verificação das tolerâncias
especificadas. Assim um furo de centro ISO 6411 - A4/8,5 (formato A com dimensões de
diâmetro maior de 8,5 mm e diâmetro menor de 4 mm equivalente à DIN 332) pode ser utilizado.
Outras dimensões segundo a norma DIN podem ser encontradas em [8].
Ao invés de arredondamentos simples nos escalonamentos que recebem os rolamentos, um
rebaixo de perfil arredondado pode ser utilizado, o que providencia uma saída de rebolo, vi-
abilizando o processo de retificação desses colos do eixo. Catálogos de rolamentos ([22], [15])
sugerem um perfil adequado para esse tipo de raio, conforme a Tabela 3.14.
Rolamento Rebaixo
b
r (mín.) b t rc
[mm] [mm] r (mín.)
t
Neste texto não se tem a pretensão de fazer um projeto completo do eixo até o final, apenas
ilustrar sua concepção até a obtenção da primeira versão cujas dimensões foram verificadas em
relação aos esforços estáticos, carregamentos de fadiga e deflexão sofrida. Ao longo do processo
de um produto real diversas alterações surgem ao longo de seu desenvolvimento, que muitas
vezes exigem a inserção de detalhes no desenho e a realização de novas atualizações de cálculos.
Por exemplo, no desenho apresentado a seguir foram inseridos detalhes no diâmetro de 21 mm
(próximo à polia, detalhado no desenho no corte F-F) para permitir que as peças rosqueadas
78 CAPÍTULO 3. APLICAÇÃO AO PROJETO DE EIXOS
possam ser desmontadas com facilidade. Assim, esses rebaixos permitem que se coloque uma
chave fixa com abertura de 18 mm, com a qual pode-se impedir a rotação do eixo quando se
deseja retirar a polia ou o cone porta-ferramenta. Outra consideração que pode ser feita é a
respeito dos anéis de vedação: eles foram inicialmente pensados para serem posicionados de
modo a apoiarem o lábio de vedação diretamente sobre o eixo. Uma outra opção alternativa
de montagem é a utilização de buchas sobre os eixos e o apoio dos anéis de vedação sobre as
buchas e não diretamente sobre o eixo. Dessa forma, em caso de desgaste da superfície ao longo
do tempo, o mesmo ocorreria sobre uma peça que pode ser facilmente substituída de acordo
com um plano de manutenção ou quando se constatasse alguma perda de funcionalidade da
vedação. Um pequeno reprojeto na região dos elementos de vedação faria-se então necessário,
o que poderia, eventualmente, modificar as condições já calculadas. Sugestões de formas de
montagem com o anel de vedação apoiado em uma bucha podem ser encontradas no catálogo,
devendo ser devidamente adaptadas para o projeto em questão. No caso de entalhes, como
o sugerido para a desmontagem de elementos apoiados nos assentos cônicos, é interessante
posicioná-los sempre que possível em uma região acessível e que não seja crítica em termos de
carregamentos e deflexões. Uma vez que agora já se tem uma boa ideia do comportamento do
eixo, o projetista pode avaliar como posicionar o entalhe de modo a fazer a melhor escolha em
termos de influência no desempenho a longo prazo do equipamento.
Conclui-se esta seção ressaltando-se a quantidade de detalhes, e aspectos que surgem no
desenvolvimento de um produto, para que o jovem engenheiro não tenha a ilusão de que um
projeto é algo extremamente simples, mas que ao se mergulhar no problema novos aspectos
devem ser considerados, e que eles muitas vezes exigem a revisão de considerações anteriormente
tomadas.
6 5 4 3 2 1
0,3
94 4
45
)
D 70,4 0,05 ) n. D
n. (m
R1 0
,5
(m ,1
1,7
R1
2,4 ,5 0 0
0,006 AB 0 ,1 R
R 2x Recuo de rosca conforme
2x
M12x1.75 - 6H
ISO-DIN 76-1 Forma B
+0,00
33 - 0,25
0,011 AB
Conicidade 1:5
0,00
23,9 +0,21
0,005 AB
M16x2 - 6g
Conicidade 7:24
-
0,009 AB
E D E-E ( 1 : 1 )
B
17,4 H7
C
31,75
21
35 j6
25 j6
30
45
C F C
0,6 X 60
18 h12
R0
E
R1
R1
,60
A ,5
0,1
A 1,6 +0,0 B
43 0,05 -
8,5
4
60
294 0,05
B 317,3 0,05 B
7,4 (m n.)
320
Furo de centro
351 5 DIN 322
ISO 6411 - A4/8,5
360
380
400
A = bh Jz = Ix + Iy
Seção retangular q
bh3
Ix = kx = IAx
maciça: 12
q
hb3
Iy = 12
ky = IAy
πD2 πD4
A= 4
Jz = 32
Seção circular q
πD4 Ix
Ix = kx =
maciça: 64
q
A
πD4 Iy
Iy = 64
ky = A
A = π4 (D2 − d2 ) Jz = π
32
(D4 − d4 )
Seção tubular q
π Ix
Ix = (D4 −d )4
kx =
cilíndrica: 64
q
A
π Iy
Iy = 64
(D4 −d )4
ky = A
πD2
A= 8
a = 0, 4244R
Seção
Ix = 0, 1098R4 b = 0, 5756R
semi-circular: q
Iy = π8 R4 kx = IAx
q
Jz = Ix + Iy ky = IAy
bh
A= Jz = Ix + Iy
Seção triangular 2
q
(triângulo- Ix = bh3
36
kx = IAx
retângulo): q
hb3
Iy = 36
ky = IAy
81
82 APÊNDICE A. PROPRIEDADES DE ÁREA DA SEÇÃO TRANSVERSAL
83
84 APÊNDICE B. PROPRIEDADES TÍPICAS DE MATERIAIS
B.2 Aços
Apresentam-se aqui Tabelas referentes a diversos aços divididos em Aço corbono, aço liga, aço
ferramenta (embora estejam sejam aços liga encontram-se em tabela separada) e aço inoxidável.
As tabelas são retiradas de [14].
Obs.: Embora os aços ferramenta sejam aços liga, por sua aplicação específica, optou-se por
apresentá-los em uma tabela à parte.
B.2. AÇOS 87
B.3 Alumínio
Uma das grandes vantagens do uso da dureza Brinell é a existência de correlações aproximadas
relacionando o valor de dureza com a tensão de resistência máxima à tração (Sut ) em aços.
Assim, para uma dureza Brinell HB especificada, o valor de Sut , dado em [MPa], pode ser
estimado por:
A expressão fornece uma aproximação grosseira da resistência de aços com baixa ou média
resistência, aplicada tanto a aços carbono como a aços liga.
Uma conversão aproximada entre durezas Brinell, Vickers, Rockwell B e Rockwell C para
aços, apresentando também a resistência máxima à tração, é mostrada na Tabela C.1.
91
92APÊNDICE C. RELAÇÕES APROXIMADAS DE DUREZA E TENSÃO MÁXIMA PARA AÇOS
Como referência básica para seleção de material, [10] apresenta uma lista de componentes
ou equipamentos mecânicos variados com indicação de alguns materiais que são comumente
empregados em sua construção. Os materiais podem ser os mais diversos possíveis, dependendo
fortemente do porte e tipo de aplicação do equipamento, assim esta relação tem o intuito apenas
de exemplificar com uma referência bastante grosseira. A seleção apropriada de materiais deve
ser feita com base na experiência e nas características desejadas em relação às diversas variáveis
de projeto, como custo, manutenção, desempenho estrutural, resistência à corrosão, peso e
diversos outros. Técnicas para a seleção de materiais são propostas por autores como [2].
95
96 APÊNDICE D. MATERIAIS PARA COMPONENTES DE MÁQUINA
Deflexão de Vigas
Diagramas de cortante e momento fletor e respectivas equações de deflexão para vigas elásticas
sob diversos tipos de carregamentos conforme apresentados por [5] e [6]. Para condições além
das mostradas neste texto, consultar [6]. O formato dos diagramas de esforços pode variar em
função das cargas aplicadas.
R1 = F
V =F
M1 = F l
M = F (x − l)
F x2
y= (x − 3l)
6EI
F l3
ymax = −
3EI
99
100 APÊNDICE E. DEFLEXÃO DE VIGAS
R1 = V = F
M1 = F a
MAB = F (x − a)
MBC = 0
F x2
yAB = (x − 3a)
6EI
F a2
yBC = (a − 3x)
6EI
F a2
ymax = (a − 3l)
6EI
R1 = wl
V = w(l − x)
wl2
M1 =
2
w
M = − (l − x)2
2
wx2
y= (4lx − x2 − 6l2 )
24EI
wl4
ymax = −
8EI
E.4. VIGA ENGASTADA COM MOMENTO CONCENTRADO 101
R1 = 0
V =0
M1 = M
M x2
y=
2EI
M l2
ymax =
2EI
Fb
R1 = VAB =
l
Fa
R2 = −VBC =
l
Fb
MAB = x
l
Fa
MBC = (l − x)
l
F bx 2
yAB = (x + b2 − l2 )
6EIl
F a(l − x) 2
yBC = (x + a2 − 2lx)
6EIl
102 APÊNDICE E. DEFLEXÃO DE VIGAS
wl
R1 = R2 =
2
wl
V = − wx
2
wx
M= (l − x)
2
wx
y= (2lx2 − x3 − l3 )
24EI
5wl4
ymax = −
384EI
MB
R1 = R2 =
l
MB
V =
l
MB
MAB = x
l
MB
MBC = (x − l)
l
MB x 2
yAB = (x + 3a2 − 6al + 2l2 )
6EIl
MB 3
yBC = [x − 3lx2 + x(2l2 + 3a2 ) − 3a2 l]
6EIl
E.8. VIGA BIAPOIADA COM FORÇAS GÊMEAS 103
R1 = R2 = F
VAB = F = −VCD
VBC = 0
MAB = F x
MBC = F a
MCD = F (l − x)
Fx 2
yAB = (x + 3a2 − 3la)
6EI
Fa
yBC = (3x2 + a2 − 3lx)
6EI
Fa
ymax = (4a2 − 3l2 )
24EI
F
R1 = a
l
F
R2 = (l + a)
l
Fa
VAB = −
l
VBC = F
Fa
MAB = − x
l
MBC = F (x − l − a)
F ax 2
yAB = (l − x2 )
6EIl
F (x − l)
yBC = [(x − l)2 − a(3x − l)]
6EI
F a2
yC = − (l + a)
3EI
104 APÊNDICE E. DEFLEXÃO DE VIGAS
Fb 2
R1 = (3l − b2 )
2l3
F a2
R2 = (3l − a)
2l3
Fb
M1 = 2 (l2 − b2 )
2l
VAB = R1
VBC = −R2
Fb 2
MAB = [b l − l3 + x(3l2 − b2 )]
2l3
F a2 2
MBC = (3l − 3lx − al + ax)
2l3
F bx2
yAB = 3
[3l(b2 − l2 ) + x(3l2 − b2 )]
12EIl
F (x − a)3
yBC = yAB −
6EI
3MB 2
R1 = 3
(l − b2 )
2l
R2 = −R1
3MB 2
V = 3
(l − b2 )
2l
MB
M1 = 2 (3b2 − l2 )
2l
MB 2 2 3 2 2
MAB = 2 3b − l + (l − b )x
2l l
2
3b − l2
3 2 2
MBC = MB + 3 (l − b )x − 1
2l2 2l
MB
θC = (3b − l)a
4EIl
E.12. VIGA ENGASTADA MAIS APOIO SIMPLES E CARGA DISTRIBUÍDA 105
5wl
R1 =
8
3wl
R2 =
8
wl2
M1 =
8
5wl
V = − wx
8
w
M = − (4x2 − 5lx + l2 )
8
wx2
y= (l − x)(2x − 3l)
48EI
F a2
R2 = (3b + a)
l3
F ab2
M1 =
l2
F a2 b
M2 =
l2
VAB = R1
VBC = −R2
F b2
MAB = 3 (x(3a + b) − al)
l
MBC = MAB − F (x − a)
F b2 x2
yAB = [x(3a + b) − 3al]
6EIl3
F a2 (l − x)2
yBC = [(l − x)(3b + a) − 3bl]
6EIl3
F b2
R1 = (3a + b)
l3
106 APÊNDICE E. DEFLEXÃO DE VIGAS
6MB
R1 = − a(l − a)
l3
R2 = −R1
6MB
V =− a(l − a)
l3
MB 2
M1 = − (l − 4al + 3a2 )
l2
MB
M2 = 2 (3a2 − 2al)
l
MB
Mmax = 3 (4al2 − 9a2 l + 6a3 )
l
MB
Mmin = 3 (4al2 − 9a2 l + 6a3 − l3 )
l
θ1 = θ2 = 0
wl
R1 = R2 =
2
wl2
M1 = M2 =
12
w
V = (l − 2x)
2
w
M= (6lx − 6x2 − l2 )
12
wx
y=− (l − x)2
24EI
wl4
ymax =−
384EI
APÊNDICE F
Os fatores propostos nos gráficos e tabelas a seguir são propostos por [18]. Os gráficos são
apresentados conforme adaptação de [5] e as interpolações conforme [14].
107
108 APÊNDICE F. FATORES DE CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES
2 3
d d d
kt ≈ 2, 9947 − 3, 4833 + 5, 8268 − 4, 1986
w w w
kt ≈ Ae(b(d/w))
Em que:
d/h A b
0,25 2,68750 -0,75128
0,50 2,46620 -0,77215
1,00 2,24000 -0,78739
1,50 2,02430 -0,80821
2,00 2,10560 -0,79878
∞ 1,80820 -0,66702
F.3. BARRA CHATA COM ENTALHES SOB TRAÇÃO OU COMPRESSÃO 109
2 3 4 5 6
d d d d d d
ktsA ≈ 3, 9702 − 9, 292 + 27, 159 + 30, 231 − 393, 19 + 650, 39 + 15, 451
D D D D D D
2 3 4 5
d d d d d
ktsB ≈ 3, 92150 − 24, 435 + 234, 06 − 1200, 5 + 3059, 5 − 3042.4
D D D D D
d
kt ≈ 1, 58990 − 0, 63550 log
D
F.12. BARRA REDONDA COM CANAL CIRCULAR SOB TRAÇÃO OU COMPRESSÃO117
F.15 Barra redonda com canal plano sob flexão e/ou tração
4F 32M
σ0 = 2
+
πd πd3
F.16. BARRA REDONDA COM CANAL PLANO SOB TORÇÃO 121
πA
Znet = (D4 − d4 )
32D
Valores de A estão listados na Tabela a seguir. Para uma barra sólida adote d = 0.
d/D
a/D 0,9 0,6 0,0
A kt A kt A kt
0,050 0,92 2,63 0,91 2,55 0,88 2,42
0,075 0,89 2,55 0,88 2,43 0,86 2,35
0,100 0,86 2,49 0,85 2,36 0,83 2,27
0,125 0,82 2,41 0,82 2,32 0,80 2,20
0,150 0,79 2,39 0,79 2,29 0,76 2,15
0,175 0,76 2,38 0,75 2,26 0,72 2,10
0,200 0,73 2,39 0,72 2,23 0,68 2,07
0,225 0,69 2,40 0,68 2,21 0,65 2,04
0,250 0,67 2,42 0,64 2,18 0,61 2,00
0,275 0,66 2,48 0,61 2,16 0,58 1,97
0,300 0,64 2,52 0,58 2,14 0,54 1,94
F.18. TUBO COM FURO TRANSVERSAL SOB TORÇÃO 123
A tensão máxima ocorre na parte interna do orifício, ligeiramente abaixo da superfície do eixo.
A tensão nominal de cisalhamento é τ0 = T D/2Jnet , em que Jn et é um valor reduzido do
segundo momento polar de área e é definido por:
πA(D4 − d4 )
Jnet =
32
d/D
a/D 0,9 0,8 0,6 0,4 0,0
A kts A kts A kts A kts A kts
0,050 0,96 1,78 - - - - - - 0,95 1,77
0,075 0,95 1,82 - - - - - - 0,93 1,71
0,100 0,94 1,76 0,93 1,74 0,92 1,72 0,92 1,70 0,92 1,68
0,125 0,91 1,76 0,91 1,74 0,90 1,70 0,90 1,67 0,89 1,64
0,150 0,90 1,77 0,89 1,75 0,87 1,69 0,87 1,65 0,87 1,62
0,175 0,89 1,81 0,88 1,76 0,87 1,69 0,86 1,64 0,85 1,60
0,200 0,88 1,96 0,86 1,79 0,85 1,70 0,84 1,63 0,83 1,58
0,250 0,87 2,00 0,82 1,86 0,81 1,72 0,80 1,63 0,79 1,54
0,300 0,80 2,18 0,78 1,97 0,77 1,76 0,75 1,63 0,74 1,51
0,350 0,77 2,41 0,75 2,09 0,72 1,81 0,69 1,63 0,68 1,47
0,400 0,72 2,67 0,71 2,25 0,68 1,89 0,64 1,63 0,63 1,44
124 APÊNDICE F. FATORES DE CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES
Tensão nominal σ0 = F/A, com A = (w − d)t. Quando existir folga, recomenda-se aumentar
kt de 35 a 50%.
APÊNDICE A
A.1 Viga
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
!
! UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
! Departamento de Engenharia Mecânica
!
! Programa para geração de geometria / malha em ! eixo de seção
! circular com escalonamentos externos usando o programa ANSYS.
! Buscam-se resultados referentes às análises de deflexões do
! eixo e resposta modal.
! Usa elementos do tipo BEAM com dois nós.
! Considera o eixo alinhado com a direção "X" e carregamentos
! nas direções "Y" e "Z" na construção do modelo.
! Para exibir os resultados o sistema de coordenadas é
! rotacionado 90 graus em torno de "Y", tornando o eixo alinhado
! com a direção "Z", conforme exercício resolvido em aula.
!
! Autor: Mariano Eduardo Moreno
! Maio / 2021
!
! Este programa foi criado como ferramenta de apoio
! e uso didático na disciplina:
! 59.010-0 PROJETO DE ELEMENTOS DE MÁQUINAS
! (DEMec/UFSCar)
!
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
! A interface utilizada pode ser acessada a partir de:
! ANSYS2020 R2 / Mechanical APDL Product Launcher 2020 R2
! Na janela devem estar as opções:
! Simulation environment: ANSYS
127
128 APÊNDICE A. PROGRAMA REFERENTE AO EXEMPLO DE APLICAÇÃO
D02 = 35
D03 = 30
D04 = 25
D05 = 21
D06 = 17
D07 = 16
R01 = D01/2
R02 = D02/2
R03 = D03/2
R04 = D04/2
R05 = D05/2
R06 = D06/2
R07 = D07/2
!
! Internos:
D08 = 31.8
D09 = 17.4
D10 = 12
D11 = 19.3
R08 = D08/2
R09 = D09/2
R10 = D10/2
R11 = D11/2
!
! Seleção do tipo de elemento:
! Elemento tipo viga BEAM188
et,1,beam188 ! atribuído como elemento "1"
! elemento viga com 6 gdl em cada nó:
! deslocamentos ux, uy, uz
! rotações rotx, roty, rotz
!
! Propriedades de material
! As propriedades a seguir relacionam-se ao material "1"
! mp,dens,1,7.85E-9 ! density [ton/mm^3] (propriedade não utilizada)
mp,ex,1,210E3 ! young modulus [MPa]
mp,nuxy,1,0.3 ! poisson [-]
!
! seções:
! seção tubular para o eixo
! tipo de seção: tubo circular (ctube)
! : cilíndrica (csolid)
! identificação: coord###
! em que ### é a coordenada axial em que a seção ocorre
! (identificação usada apenas para controle, a escolha da
! designação não tem regra obrigatória).
!
! trecho de 0 a L01 (trecho 1):
sectype,1,beam,ctube,coord000
secdata,R08,R01
sectype,2,beam,ctube,coord043a
130 APÊNDICE A. PROGRAMA REFERENTE AO EXEMPLO DE APLICAÇÃO
secdata,R11,R01
sectype,3,taper
secdata,1,0,0,0
secdata,2,L01,0,0
!
! trecho de L01 a L02 (trecho 2):
sectype,4,beam,ctube,coord043b
secdata,R11,R02
sectype,5,beam,ctube,coord049
secdata,R09,R02
sectype,6,taper
secdata,4,L01,0,0
secdata,5,L02,0,0
!
! trecho de L02 a L04 (trecho 3):
! usar a seção 5, já definida
!
! trecho de L04 a L05 (trecho 4):
sectype,7,beam,ctube,coord070
secdata,R10,R02
!
! trecho de L05 a L06 (trecho 5):
sectype,8,beam,ctube,coord083
secdata,R10,R03
!
! trecho de L06 a L07 (trecho 6):
sectype,9,beam,csolid,coord099
secdata,R03
!
! trecho de L07 a L09 (trecho 7):
sectype,10,beam,csolid,coord294
secdata,R04
!
! trecho de L09 a L10 (trecho 8):
sectype,11,beam,csolid,coord320
secdata,R05
!
! trecho de L10 a L11 (trecho 9):
sectype,12,beam,csolid,coord380a
secdata,R06
sectype,13,taper
secdata,11,L10,0,0
secdata,12,L11,0,0
!
! trecho de L11 a L12 (trecho 10):
sectype,14,beam,csolid,coord380b
secdata,R07
!
! Geometria:
! (a) Pontos:
A.1. VIGA 131
! sintaxe do comando:
! k,numeração de identificaçao, coord X, coord Y, coord Z
k,1,0,0,0 !k1
k,2,L01,0,0 !K2
K,3,L02,0,0 !K3
K,4,L03,0,0 !K4
K,5,L04,0,0 !K5
K,6,L05,0,0 !K6
K,7,L06,0,0 !K7
K,8,L07,0,0 !K8
K,9,L08,0,0 !K9
K,10,L09,0,0 !K10
K,11,L10,0,0 !K11
K,12,L11,0,0 !K12
K,13,L12,0,0 !K13
!
! (B) Linhas:
! sintaxe do comando:
! l,primeiro ponto, segundo ponto, numero de divisões da malha
l,1,2,8 !L1
l,2,3,3 !L2
l,3,4,4 !L3
l,4,5,4 !L4
l,5,6,4 !L5
l,6,7,6 !L6
l,7,8,30 !L7
l,8,9,6 !L8
l,9,10,4 !L9
l,10,11,10 !L10
l,11,12,6 !L11
l,12,13,4 !L12
!
! geração de malha:
! associação de tipo de elemento, tipo de material e seção
! para geração de malha no trecho 1:
! ajustar elemento tipo "1"
type,1
! ajustar material tipo "1"
mat,1
! ajustar seção "3"
secnum,3
!
! Gerar malha na linha:
! sintaxe do comando:
! LMESH, PRIMEIRA LINHA, ULTIMA LINHA, INCREMENTO
! Ex.:
! COMANDO: lmesh,1,1,1
! TRADUÇÃO: LMESH, A PARTIR DA LINHA 1, ATÉ A LINHA 1, DE 1 EM 1
lmesh,1,1,1
!
132 APÊNDICE A. PROGRAMA REFERENTE AO EXEMPLO DE APLICAÇÃO
A.2 Sólido
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
!
! UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
! Departamento de Engenharia Mecânica
!
! Programa para geração de geometria / malha em ! eixo de seção
! circular com escalonamentos externos usando o programa ANSYS.
! Buscam-se resultados referentes às análises de tensões do eixo.
! Usa elementos do tipo SOLID com 20 nós e malha mapeada.
! Considera o eixo alinhado com a direção "X" e carregamentos
! nas direções "Y" e "Z".
!
! Autor: Mariano Eduardo Moreno
! Março / 2022
!
! Este programa foi criado como ferramenta de apoio
! e uso didático na disciplina:
! 59.010-0 PROJETO DE ELEMENTOS DE MÁQUINAS
! (DEMec/UFSCar)
!
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
! SISTEMA de UNIDADES
! Massa: [ton]
! Comprimento: [mm]
! Tensão: [MPa]
! Tempo: [s]
! Força: [N]
! Energia: [N mm]
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
! PROGRAMA PRINCIPAL:
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
!
!/clear,start
! Alternar para o ambiente de pré-processamento:
/filname,eixo_elemaq_solid
/prep7
!
! PARâMETROS DE ENTRADA
! diâmetros externos e raios [mm]:
d1 = 45
d1 = d1/2
d2 = 35
d2 = d2/2
d3 = 30
d3 = d3/2
d4 = 25
d4 = d4/2
d5 = 21
A.2. SÓLIDO 137
d5 = d5/2
d6 = 17
d6 = d6/2
d7 = 12.6
d7 = d7/2
d8 = 16
d8 = d8/2
! diâmetros internos e raios[mm]:
d11 = 31.75
d11 = d11/2
d12 = 17.4
d12 = d12/2
d13 = 12
d13 = d13/2
!
! cotas axiais externas [mm]:
l1 = 43
l2 = 83
l3 = 294
l4 = 320
l5 = 360
l6 = 380
l7 = 384
l8 = 400
! cotas axiais internas [mm]:
l11 = 49.2
l12 = 70.4
l13 = 99
! cotas axiais do centro dos mancais [mm]:
l101 = 60
l102 = 310
! criacao da geometria:
! keypoints
k,1,0,d11,0
k,2,0,d1,0
k,3,l1,d1,0
k,4,l1,d2,0
k,5,l101,d2,0 !mancal fixo
k,6,l2,d2,0
k,7,l2,d3,0
k,8,l3,d3,0
k,9,l3,d4,0
k,10,l102,d4,0 !mancal livre
k,11,l4,d4,0
k,12,l4,d5,0
k,13,l5,d5,0
k,14,l6,d6,0
k,15,l6,d7,0
k,16,l7,d7,0
138 APÊNDICE A. PROGRAMA REFERENTE AO EXEMPLO DE APLICAÇÃO
k,17,l7,d8,0
k,18,l8,d8,0
k,19,l8,0,0
k,20,l102,0,0 !mancal livre
k,21,l13,0,0
k,22,l13,d13,0
k,23,l12,d13,0
k,24,l12,d12,0
k,25,l101,d12,0 !mancal fixo
k,26,l11,d12,0
! linhas
l,1,2,3 !l1
l,2,3, !l2
l,3,4,2 !l3
l,4,5, !l4
l,5,6,8 !l5
l,6,7,2 !l6
l,7,8,33 !l7
l,8,9,1 !l8
l,9,10,4 !l9
l,10,11,4 !l10
l,11,12,1 !l11
l,12,13, !l12
l,13,14, !l13
l,14,15,1 !l14
l,15,16,2 !l15
l,16,17,1 !l16
l,17,18, !l17
l,18,19,3 !l18
l,19,20, !l19
l,20,21,32 !l20
l,21,22,2 !l21
l,22,23,9 !l22
l,23,24,1 !l23
l,24,25,4 !l24
l,25,26, !l25
l,26,1, !l26
l,10,20,3 !l27
l,5,25,!l28
allsel,all
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
!
! propriedades de materiais
! (valores típicos de aço)
!
mp,ex,1,210E3 ! young modulus [MPa]
mp,nuxy,1,0.3 ! poisson [-]
mp,dens,1,7.85E-3 ! density [ton/mm^3]
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
!
! Elementos:
! 1: plano
! 2: sólido
! 3: viga rígida
!
et,1,183 ! solido plano 8 nós, auxiliar, não é necessário fazer escolhas das opções
et,2,186 ! solido 3d 20 nós, opções padrão adotadas
et,3,184,1,0 ! MPC - viga rígida para definir o centro dos mancais
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
!
! Malha plana auxiliar
!
type, 1 ! elemento tipo 1
mat,1 ! material 1
!
esize,3 ! referencia de tamanho global do elemento de 3 mm
mshape,0,2D ! malha plana com quadriláteros
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
!
! Malha 3D - rotação da malha plana em torno do eixo x
!
type,2 ! alternar para o elemento tipo 2
140 APÊNDICE A. PROGRAMA REFERENTE AO EXEMPLO DE APLICAÇÃO
j=0
*do,i,1,n_mancal,1
j = ndnext(j)
seq_mancal(i,2) = j
*enddo
allsel,all
A.2. SÓLIDO 141
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
!
! Condições de Contorno
!
! mancal fixo:
nsel,s,node,,1
d,all,ux,0,,,,uy,uz,
allsel,all
! mancal livre:
nsel,s,node,,2
d,all,uy,0,,,,uz,,
allsel,all
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
!
! Carregamentos
!
! criação de componentes para aplicação de carregamentos
! ligar nós a um ponto central para transferência de
! carregamento:
nsel,s,loc,x,0
*get,n_extrem,node,,count
*dim,seq_extrem,array,n_extrem,1
j=0
*do,i,1,n_extrem,1
j = ndnext(j)
seq_extrem(i) = j
*enddo
allsel,all
! nó representando a ferramenta recebe a designação 10000:
n,50000,0,0,0,0,0,0
! malha de elementos MPC ligando a ponta do eixo ao nó central
type,3
*do,i,1,n_extrem,1
e,50000,seq_extrem(i)
*enddo
142 APÊNDICE A. PROGRAMA REFERENTE AO EXEMPLO DE APLICAÇÃO
save
finish
!
!
allsel,all
nsel,s,node,,50000 ! ferramenta
nsel,a,node,,1 ! mancal fixo
nsel,a,node,,2 ! mancal livre
nsel,a,node,,50001 ! centro da polia
! Criar um sistema de coordenadas alinhado com o
! utilizado no exemplo resolvido nas notas de aula
local,11,cart,0,0,0,0,0,90
!
finish
!
! ambiente de pós-processamento
/post1
!
! Alinhar os resultados com o sistema de coordenadas
! utilizado no exemplo resolvido nas notas de aula
rsys,11
! listagem de resultados para os nós selecionados:
! (A) deslocamentos
prnsol,u,comp
! (B) rotações
prnsol,rot,comp
allsel,all
!
finish
144 APÊNDICE A. PROGRAMA REFERENTE AO EXEMPLO DE APLICAÇÃO
Referências Bibliográficas
[3] ASM, editor. Metals handbook, vol. 11: Failure analysis and prevention. ASM Internatio-
nal, Metals Park, 1986.
[4] J. G. Bralla, editor. Design for manufacturability handbook. McGraw-Hill Education, 1999.
[6] R. G. Budynas and A. M. Sadegh. Roark’s formulas for stress and strain. McGraw Hill,
New York, 9 edition, 2020.
[7] J.A. Collins, H.R. Busby, and G.H. Staab. Mechanical design of machine elements and
machines a failure prevention perspective. Wiley, New york, 2 edition, 2009.
[9] FAG. The design of rolling bearing mountings: design examples covering machines, vehicles
and equipment. Schaeffler Technologies, Schweinfurt, 2012.
[11] B.M. Klebanov, D.M. Barlam, and F.E. Nystrom. Machine elements: life and design.
CRC Press, 2008.
[12] R. L. Mott. Elementos de máquina em projetos mecânicos. Pearson, São Paulo, 5 edition,
2015.
145
146 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[18] W. D. Pilkey and D. F. Pilkey. Peterson’s stress concentration factors. John Wiley &
Sons, Hoboken, 3 edition, 2008.
[19] D. N. Reshetov, editor. Atlas de construção de máquinas. Hemus, São Paulo, 1979.
[20] SCHAEFFLER. INA-FAG rolling bearings catalogue HR1. Schaeffler Group Industrial,
2008.
[22] SKF. Rolamentos de esferas PUB BU/P1 10000/2 pt.br. Grupo SKF, 2015.
[23] Vedabrás. Vedabrás: manual prático de vedação. Retentores vedabrás, São Paulo, 2012.