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COMPANHIA DE SANEAMENTO DE MINAS GERAIS

DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DE ESTUDOS E PROJETOS

DVGC / DVPR / DVPP

VOLUME V - PROJETO BÁSICO

TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

DEZEMBRO/2011

Arquivo: Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

COMPANHIA DE SANEAMENTO DE MINAS GERAIS

DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DE ESTUDOS E PROJETOS


DPG / SPEG
DVGC/ DVPR / DVPP

CONTRATO:
RESUMO:

As “Diretrizes Para Elaboração de Estudos e Projetos” desenvolvidas pela DPG / SPEG têm como
objetivo específico fornecer às empresas projetistas, orientações e subsídios indispensáveis ao
desenvolvimento e apresentação de estudos e projetos, de acordo com os critérios e padrões de qualidade
exigidos pela COPASA. Sua apresentação é feita em 8 (oito) volumes, cada um deles correspondendo a um
tema específico, conforme indicado no Sumário em sequência.
Tais Diretrizes foram desenvolvidas em conformidade com o Planejamento Estratégico da empresa, visando
o permanente desenvolvimento empresarial e, consequentemente, a excelência operacional nos sistemas de
abastecimento de água e de esgotamento sanitário.
Este quinto Volume, em seu Tomo II, denominado “Projeto Básico – Sistema de Esgoto Sanitário – SES”
refere-se à apresentação das diretrizes relativas ao desenvolvimento de projetos de unidades de sistemas de
esgotamento sanitário, abrangendo os principais parâmetros, procedimentos e critérios técnicos para
elaboração e apresentação de um projeto de sistema completo de esgotamento sanitário.

01 12/2011 B Alterações no Item 5.1 DVPP/DVME


REV DATA TIPO DESCRIÇÃO POR VERIFICADO AUTORIZADO APROVADO
EMISSÕES
A - PARA APROVAÇÃO C - ORIGINAL
TIPOS
B - REVISÃO D - CÓPIA
PROJETISTA:
COMPANHIA DE SANEAMENTO DE MINAS GERAIS
Rua Mar de Espanha, 525 – Santo Antônio
30330-270 – Belo Horizonte – MG
Tel.: +31 3250.1133
EQUIPE TÉCNICA:
Gizelda de Melo Machado
Olavo Ianhez Junior
Rita de Cássia Mourthé de Alvim Andrade
Cícero Baptista Rezende
VOLUME:

VOLUME V – PROJETO BÁSICO


TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

REFERÊNCIA:
Dezembro/ 2011
Arquivo: Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc

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VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

SUMÁRIO

O conjunto de “Diretrizes para Elaboração de Estudos e Projetos” desenvolvidas pela DPG

/ SPEG é composto de 8 (oito) volumes, sendo o 5º Volume dividido em 2 (dois) tomos,

conforme especificado abaixo:

VOLUME I – DIRETRIZES GERAIS

VOLUME II – UTILIZAÇÃO DE PROJETOS PADRÕES

VOLUME III – LEVANTAMENTOS TOPOGRÁFICOS

VOLUME IV – LEVANTAMENTOS E PROJETOS GEOTECNICOS

VOLUME V – PROJETO BÁSICO

TOMO I – SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA - SAA

TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO - SES

VOLUME VI – PROJETO ELÉTRICO

VOLUME VII – PROJETO ESTRUTURAL

VOLUME VIII – ORÇAMENTO

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VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

INDICE

1 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................... 6

2 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 7

3 COMPONENTES DO PROJETO BÁSICO ......................................................................................... 9

4 PROJETO BÁSICO DE UM SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO ................................................. 12


4. 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 12
4. 2 DIRETRIZES GERAIS PARA DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS BÁSICOS ................. 15
4.2.1 Estudo Técnico Preliminar ................................................................................................................... 15
4.2.2 Alcance do Projeto e Etapalização de Sistemas.................................................................................. 16
4.2.3 Elementos para o Projeto .................................................................................................................... 16
5.3.3 Projetos de Unidades do Sistema........................................................................................................ 16

5 DIRETRIZES ESPECÍFICAS PARA OS PROJETOS POR TIPO DE UNIDADE ............................ 18


5.1 REDES COLETORAS, INTERCEPTORES E EMISSÁRIOS .................................................. 18
5.1.1 Redes Coletoras .................................................................................................................................. 20
5.1.2 Interceptores e Emissários .................................................................................................................. 20
5.2 ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS .................................................................................................... 20
5.3 ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS – ETE ............................................................ 24
5.3.1 Principais sistemas de tratamento de esgotos sanitários .................................................................... 25
5.3.1.1 Lagoas de estabilização e variações ................................................................................................................ 25
5.3.1.2 Disposição no solo ........................................................................................................................................... 26
5.3.1.3 Sistemas anaeróbios ........................................................................................................................................ 26
5.3.1.4 Lodos ativados ................................................................................................................................................. 26
5.3.1.5 Reatores aeróbios com biofilmes ...................................................................................................................... 26
5.3.2 Condições específicas para a elaboração dos projetos....................................................................... 26
5.3.2.1 Avaliação do estudo técnico preliminar (concepção do tratamento) .................................................................. 27
5.3.2.2 Localização da ETE.......................................................................................................................................... 27
5.3.2.3 Conceituação do tratamento ............................................................................................................................. 28
5.3.3 Parâmetros e critérios básicos de projeto ............................................................................................ 30
5.3.3.1 Tratamento preliminar....................................................................................................................................... 30
5.3.3.1.1 Gradeamento ........................................................................................................................ 30
5.3.3.1.2 Desarenadores ...................................................................................................................... 32
5.3.3.1.3 Medidor Parshall ................................................................................................................... 34
5.3.3.1.4 Caixa escumadora – removedora de gordura ....................................................................... 35
5.3.3.2 Tratamento em nível secundário....................................................................................................................... 36
5.3.3.2.1 Lagoas facultativas ................................................................................................................ 36
5.3.3.2.2 Lagoa anaeróbia seguida de lagoa facultativa ...................................................................... 38
5.3.3.2.3 Lagoas aeradas facultativas .................................................................................................. 40
5.3.3.2.4 Sistema de lagoas aeradas de mistura completa seguidas de lagoa de decantação ............ 41
5.3.3.2.5 Reator anaeróbio de manta de lodo – UASB ........................................................................ 43
5.3.3.2.6 Pós-tratamento de efluente de reator UASB por FBP de alta taxa. ...................................... 50
5.3.3.2.7 Decantadores secundários pós FBP ...................................................................................... 54
5.3.3.2.8 Pós-tratamento de efluente de reator UASB por reator de lodos ativados. ........................ 56
5.3.3.2.9 Pós-tratamento de efluente de reatores UASB por lagoas de estabilização. ....................... 59
5.3.3.2.10 Pós-tratamento de efluente de reatores UASB por disposição no solo. ............................. 61
5.3.4 Apresentação do Projeto de uma Estação de Tratamento de Esgotos - ETE ..................................... 62

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VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

ANEXO I – ESCOPOS BÁSICOS PARA ELABORAÇÃO DOS ESTUDOS TÉCNICOS PRELIMINARES


DE SISTEMAS DE ESGOTOS SANITÁRIOS (SES’S)
• Relatório de Diretrizes para Desenvolvimento de Projetos,
• Estudo de Alternativas de Implantação, Ampliação e Melhoria de Sistema,
• Estudo de Concepção de Sistema.
ANEXO II – TERMO DE REFERÊNCIA

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VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

1 APRESENTAÇÃO

O presente documento constitui-se num compêndio de diretrizes básicas pertinentes ao


desenvolvimento de Projetos Básicos de Sistemas de Esgotos Sanitários, contemplando o
conjunto de unidades constitutivas dos mesmos, a serem observadas nos contratos de
prestação de serviços firmados com a COPASA.

O documento trata especificamente de projetos básicos de sistemas de esgotos sanitários


compreendendo os projetos hidráulico-sanitários e os projetos complementares (arquitetônico e
de instalações prediais), não contemplando os procedimentos para elaboração de projetos
elétricos/de automação e estruturais, os quais são objetos de diretrizes específicas.

O trabalho foi contextualizado para a situação de desenvolvimento de projeto de um sistema


completo de esgotamento sanitário, podendo, no entanto, ser aplicado, naquilo que couber, em
casos de execução de projetos de unidades parciais e/ou isoladas.

Este compêndio de diretrizes visa disciplinar, orientar e padronizar os procedimentos de


elaboração de projetos, buscando otimização da qualidade exigida pela COPASA; não
devendo, entretanto, ser entendido como limitador ao emprego de novas tecnologias de
processos e materiais e da necessária criatividade inerente à engenharia.

Todas as diretrizes aqui apresentadas estão em conformidade com as Normas Técnicas da


ABNT e da COPASA, aplicáveis ao assunto.

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VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

2 INTRODUÇÃO

Conforme estabelecido na Lei Federal 8.666/93 define-se “Projeto Básico” como o conjunto de
elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra
ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas
indicações de estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o
adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento e que possibilite a avaliação
do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os
seguintes elementos:

a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão global da obra e identificar


todos os seus elementos constitutivos, com clareza;

b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a minimizar a


necessidade de reformulação ou de variantes durante as fases de elaboração do projeto
executivo e/ou de realização das obras e montagens;

c) identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e equipamentos a incorporar à


obra, bem como suas especificações que assegurem os melhores resultados para o
empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo para sua execução;

d) informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos construtivos, instalações


provisórias e condições organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para a
sua execução;

e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra, compreendendo a sua


programação, a estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados
necessários em cada caso; e

f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de serviços e


de fornecimentos propriamente avaliados.

Especificamente para o desenvolvimento de Projetos Básicos de Sistemas de Esgotos


Sanitários (SESs) para a COPASA, os Estudos Técnicos Preliminares deverão constar, em
função do porte e complexidade de cada projeto demandado, de um dos seguintes
documentos: Relatório de Diretrizes para Desenvolvimento do Projeto, Estudo de
Alternativas para Implantação, Ampliação ou Melhorias do Sistema e Estudo de

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Concepção do Sistema, a serem elaborados seguindo os escopos básicos constantes do


Anexo I, assim aplicáveis:

- Para situações de implantação, ampliação e melhorias de sistemas de esgotos


sanitários (SES’s) de pequeno porte e baixa complexidade, em que a concepção seja
claramente identificável sem necessidade de outros estudos complementares e/ou
estudo de alternativas, deverá ser elaborado um “Relatório de Diretrizes para
Desenvolvimento do Projeto”,
- Para situações de implantação, ampliação e melhorias de sistemas de esgotos
sanitários (SES’s), em que a concepção seja identificável, mas apresente a
necessidade de estudos complementares e/ou estudo de alternativas, deverá ser
elaborado um “Estudo de Alternativas para Implantação, Ampliação ou Melhorias
de Sistema”, e
- Para situações de implantação, ampliação e melhorias de sistemas de esgotos
sanitários (SES’s) de maior porte e complexidade, com múltiplas possibilidades de
alternativas para seu equacionamento, deverá ser elaborado um “Estudo de
Concepção do Sistema”.

Nos casos onde tem necessidade de elaboração de Estudo de Alternativas para


Implantação, Ampliação ou Melhoria de Sistemas ou de Estudo de Concepção do
Sistema, os mesmos devem ser desenvolvidos antes do projeto básico, juntamente com os
levantamentos topográficos e geotécnicos, tal que esses estudos venham, em etapa seguinte,
subsidiar a montagem final do escopo do projeto propriamente dito.

Quando já disponível qualquer um destes estudos (estudo de alternativas ou estudo de


concepção), a estruturação do projeto básico deverá tomá-lo como referência, procedendo-se
uma avaliação da necessidade de sua atualização em determinados aspectos, objetivando a
consolidação do escopo a ser projetado. Em qualquer caso, o projeto básico somente será
acionado após a elaboração do estudo preliminar cabível em cada caso, cuja definição estará
sujeita à prévia aprovação do Engenheiro Coordenador de Projetos da COPASA.

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3 COMPONENTES DO PROJETO BÁSICO

O Projeto Básico – PB – deverá ser constituído, no mínimo, pelos seguintes elementos:

- Memorial Descritivo e Justificativo, acompanhado das respectivas memórias de cálculo;


- Desenhos e demais peças gráficas;
- Especificações Técnicas das Obras, Materiais e Equipamentos;
- Orçamento conforme VOLUME VIII das Diretrizes para Elaboração de Estudos e
Projetos, acompanhado de seus anexos de quantificação dos serviços, composições de
custos, coleta de preços, etc;
- Resumo Técnico do Projeto.

Tais documentos, particularmente o Memorial Descritivo e Justificativo e o Resumo Técnico do


Projeto, devem apresentar ainda os seguintes complementos:

- estudos econômicos efetuados para o desenvolvimento do projeto, com avaliação dos


custos de implantação e das despesas operacionais, e o estudo de viabilidade
econômica do empreendimento, quando cabível;
- cronograma físico-financeiro de execução do empreendimento;
- elementos necessários à formulação, pela COPASA, dos pedidos de licenciamento
ambiental junto aos órgãos competentes ou à contratação/elaboração dos estudos
ambientais específicos requeridos; e
- documentos e informações necessárias ao encaminhamento de pedidos de
financiamento das obras junto aos agentes financeiros.

Em linhas gerais, cada um dos elementos do projeto, deve abranger:

Memorial Descritivo e Justificativo – Se para o Estudo Técnico Preliminar que antecede o


projeto for desenvolvido o documento “Estudo de Alternativas para Implantação, Ampliação
ou Melhorias do Sistema” ou “Estudo de Concepção do Sistema”, justificar no Memorial
Descritivo a escolha da solução proposta e apresentar, resumidamente, as alternativas
estudadas. Na sequência apresentar os descritivos relativos ao sistema existente
(levantamento e diagnóstico), aos elementos para o projeto e à descrição/justificativa das
partes constitutivas do sistema proposto, com inclusão das respectivas memórias de cálculo,
devidamente constituídas dos roteiros de cálculo, fórmulas utilizadas, parâmetros e dados de
entrada e respectivos resultados finais.

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Desenhos e demais peças gráficas – deverão ser apresentadas todas as peças gráficas
necessárias à elucidação do projeto do sistema como um todo e de cada unidade, em
particular, abrangendo, de forma geral, os seguintes itens:

• Topografia – cadastros, plantas, perfis e seções topográficas elaboradas


especificamente para o projeto;
• Planos gerais – constando de esquemas planialtimétricos gerais do sistema e
das plantas gerais da área de projeto com informações sobre zoneamento,
ocupação demográfica, disposição das unidades constitutivas do sistema;
fluxograma do sistema e/ou de processos, etc.;
• Estudos hidrológicos e geotécnicos – plantas de situação dos cursos d’água,
bacias e sub-bacias contribuintes, mapas de sondagens e perfis geológicos, etc.;
• Obras hidráulicas – plantas, cortes e elevações das unidades em geral,
abrangendo estruturas de elevatórias, unidades de tratamento e obras especiais
(sifões, travessias,etc.), inclusive detalhamento de sequências executivas
especiais;
• Edifícios e obras de arte – plantas, cortes e elevações das edificações, inclusive
projeto arquitetônico, a exemplo de fachadas e detalhamentos complementares
(esquadrias, acabamentos especificados, etc.) das elevatórias, estações de
tratamento, casas de operadores, etc.;
• Equipamentos – plantas, cortes e elevações de detalhamento das instalações
dos equipamentos previstos, de forma a mostrar a disposição e permitir a
instalação dos mesmos;
• Canalizações – desenhos detalhados das canalizações adjacentes às unidades,
a exemplo de estruturas de elevatórias, unidades de tratamento, etc..
• Redes coletoras – planta esquemática da rede, com a representação dos
coletores e poços de visita (existentes e a implantar) e plantas/perfis com seu
detalhamento complementar incluindo: indicação das cotas de terreno e dos
coletores, profundidade dos coletores junto aos PV’s, numeração, extensão,
diâmetro e declividade de cada trecho, tubos de queda, etc..
• Interceptores e Emissários – plantas e perfis das tubulações e demais desenhos
de detalhamentos das obras de arte especiais (sifões, travessias, etc.) e das
instalações de dispositivos especiais.
- Especificações Técnicas das Obras, Materiais e Equipamentos – as especificações
deverão caracterizar para os diversos serviços previstos, a sua forma de execução, e
para os materiais e equipamentos, as particularidades relacionadas ao seu uso no
projeto e as condições de fornecimento e qualidade exigidas. A terminologia de

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apresentação das especificações deve ser de conhecimento geral, sendo as


terminologias não convencionais devidas de explicação para seu pleno entendimento.
- Orçamento detalhado da obra – deverá ser preparado pelo projetista, constando dos
quantitativos e custos dos serviços, incluídas as desapropriações, despesas para
fornecimento de energia elétrica, etc., e os custos relativos ao
fornecimento/assentamento de todos os materiais e equipamentos necessários;
exigindo-se, ainda, a apresentação das composições de custos específicas e suas
respectivas regulamentações e dos memoriais de quantitativos dos serviços.
- Resumo Técnico do Projeto – será apresentado conforme modelo a ser apresentado
pela COPASA, devendo constar, quando requerido, do cronograma físico-financeiro de
execução das obras.

No Volume I – Diretrizes Gerais das “Diretrizes para Elaboração de Estudos e Projetos”


desenvolvidas pela DPG/SPEG, é apresentada a estrutura de montagem e os documentos
integrantes de um projeto, com a particularização da abrangência requerida para cada um dos
citados documentos, em termos de conteúdo; bem como a forma de apresentação de cada um
deles (memórias, desenhos, especificações e orçamentos).

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4 PROJETO BÁSICO DE UM SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

4. 1 INTRODUÇÃO

Um Sistema de Esgoto Sanitário completo, em linhas gerais, engloba as seguintes unidades


físicas:

- Ligações prediais;
- Redes coletoras;
- Interceptores;
- Emissários de esgoto bruto e/ou tratado;
- Estações elevatórias de alteamento e/ou reversão de bacias;
- Linhas de recalque;
- Estações de Tratamento de Esgoto – ETEs;

A composição de cada projeto depende de suas particularidades específicas, podendo vir a ser
integrado por uma ou mais unidades de cada tipo; além de apresentar para cada unidade tipo
constituinte uma gama de alternativas de concepção e detalhamento.

Para o desenvolvimento dos projetos destas diversas unidades constitutivas de um Sistema de


Esgoto Sanitário são válidas as Normas da ABNT aplicáveis a cada caso, em suas versões
mais recentes, a saber:

- NBR 9649/86 – Projeto de redes coletoras de esgoto sanitário;


- NBR 12207/92 – Projeto de interceptores de esgoto sanitário;
- NBR 12208/92 – Projeto de estações elevatórias de esgoto sanitário;
- NBR 12209/92 – Projeto de estações de tratamento de esgoto sanitário;
- NBR 10004/04 – Resíduos sólidos;
- NBR 5626/98 – Instalações prediais de água fria;
- NBR 8160/99 – Sistemas prediais de esgotos sanitários;
- NBR 10844/89 – Instalações prediais de água pluvial.

Além destas normas, no desenvolvimento dos projetos de Sistema de Esgoto Sanitário deverão
ser consideradas as Normas Técnicas da COPASA aplicáveis ao assunto, em vigor, a saber:

- Norma Técnica T.233/0 – Concepção para o Sistema de Esgotamento Sanitário;


- Norma Técnica T.234/0 – Projeto de Redes Coletoras, Interceptores e Emissários de
Esgotos Sanitários;

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- Norma Técnica T.235/0 – Projeto de Estações Elevatórias e Linhas de Recalque de


Esgotos Sanitários.

Tais normas técnicas, de maneira geral, estabelecem os critérios e parâmetros de


dimensionamento dos diversos tipos de unidades e de seus sistemas complementares, os
quais deverão ser normalmente utilizados nos dimensionamentos dos projetos; salvo em
situações particulares definidas pela COPASA.

Para o dimensionamento de unidades não cobertas pelas normas técnicas nacionais (a


exemplo de determinados sistemas de tratamento) deverão ser considerados os critérios e
parâmetros indicados em bibliografia especializada, devidamente justificados e previamente
aprovados pelo Engenheiro Coordenador de Projetos da COPASA.

De forma geral, conforme referenciado anteriormente, o projeto básico somente será


desenvolvido após a conclusão, ou a devida atualização, do Estudo Técnico Preliminar
requerido em cada caso, dentre os seguintes estudos:

- Relatório de Diretrizes para Desenvolvimento do Projeto;


- Estudo de Alternativas para Implantação, Ampliação ou Melhorias do Sistema;
- Estudo de Concepção do Sistema.

A identificação do estudo técnico preliminar requerido em cada caso se fará de acordo com as
particularidades de cada projeto demandado, devendo ser proposta pela Contratada e
previamente aprovada pelo Engenheiro Coordenador de Projetos da COPASA.

Tais estudos técnicos preliminares deverão ser desenvolvidos de acordo com seus respectivos
escopos básicos apresentados no Anexo I, guardadas as condições da amplitude da
abordagem requerida em cada caso e devendo ter, sempre, a seguinte estruturação básica:

- Coleta de dados e informações: abrangendo a caracterização da área em estudo


quanto ao meio físico (localização, acessos, clima, relevo e topografia, vegetação,
geologia e pedologia e hidrografia); quanto ao uso e ocupação do solo (características
urbanas, planos diretores/ urbanísticos e identificação de áreas protegidas
ambientalmente ou com restrições de ocupação); quanto à infra-estrutura urbana
(energia elétrica e sistemas de comunicação disponíveis) e quanto aos aspectos sócio-
econômicos (população, atividades econômicas, mercado de trabalho e mão de obra
disponível, materiais de construção e indicadores sócio-econômicos).

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VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

- Caracterização dos sistemas de saneamento existentes: abrangendo descrição sucinta


dos sistemas de drenagem urbana, de coleta e disposição de resíduos sólidos, de
abastecimento de água e de esgotamento sanitário.
- Levantamento do sistema existente de esgotos sanitários: compreendendo:

 descrição detalhada de todas as suas unidades componentes, com registro de


suas características principais e das condições de funcionamento, controle de
operação e manutenção, bem como de suas situações de conservação e
potencialidades de aproveitamento;
 diagnóstico do sistema existente, enfocando a verificação das capacidades das
unidades do sistema e as condições de otimização das mesmas, além das
possibilidades de aproveitamento das estruturas, edificações, instalações e
equipamentos existentes;

- Levantamento dos Estudos e Planos Existentes para a cidade/sistema: compreendendo


a identificação e análise de todos os estudos, projetos e planos existentes que
interfiram com o projeto/sistema em questão;
- Definição dos Elementos para o Projeto: abrangendo a definição da projeção
populacional a ser considerada, a delimitação da área de projeto e suas características
setoriais, a definição dos parâmetros e critérios de projeto e o cálculo final das
contribuições, por sub-bacia, no horizonte de projeto determinado.
- Estudo dos Corpos Receptores: enfocando a definição dos cursos d’água a serem
considerados como corpos receptores, respaldada em estudos hidrológicos, na
caracterização sanitária e ambiental das bacias envolvidas e em estudos de auto-
depuração; além de observadas a situação de disponibilização das áreas de interesse
para as unidades de tratamento e lançamento dos esgotos tratados;
- Formulação e montagem das alternativas de concepção: compreendendo, de acordo
com o tipo do estudo técnico preliminar em execução, os seguintes pontos: formulação
das alternativas de concepção do sistema e pré-dimensionamentos de todas as
unidades constitutivas, com a devida caracterização básica das concepções específicas
por unidade;
- Estimativas de custos e estudo econômico de alternativas: compreendendo, quando
cabível e segundo a natureza do estudo técnico preliminar em execução, a
quantificação dos serviços e materiais/equipamentos requeridos e seus custos de
implantação e o estudo econômico correspondente, computando-se os custos
operacionais dentro do alcance determinado para o sistema;

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 14


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

- Análise técnica, econômica e ambiental da concepção proposta: abrangendo, quando


cabível e segundo também a natureza do estudo técnico preliminar em execução, a
seleção da concepção escolhida, devidamente justificada.
- Estimativa dos serviços necessários para a elaboração do projeto, compreendendo a
identificação, a partir das Planilhas de Serviços e Custos da COPASA, de todos os
serviços necessários ao desenvolvimento do projeto, com respectivos quantitativos e
custos, abrangendo os levantamentos topográficos e geotécnicos, os projetos básico
(hidráulico/sanitário), elétrico e estrutural, e ainda os estudos ambientais requeridos
com base na legislação em vigor.
- Estimativa dos custos de implantação das obras: compreendendo, a partir da
concepção final determinada para o sistema e suas unidades constitutivas e com base
nas Planilhas de Serviços e Custos da COPASA e/ou curvas de custos, projetos
similares, etc., a estimativa dos custos das obras por unidade do sistema proposto, tal
que sejam insumos para a elaboração dos estudos de viabilidade econômica, quando
pertinentes de execução.

4. 2 DIRETRIZES GERAIS PARA DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS BÁSICOS

Apresentam-se, em sequência, algumas definições complementares já estabelecidas pela


equipe técnica da COPASA, a serem consideradas no desenvolvimento dos projetos de
sistemas de esgotos sanitários (SES), ainda que divergentes das normas técnicas da ABNT
referenciadas nas presentes diretrizes.

4.2.1 Estudo Técnico Preliminar

Em caso de Estudo Técnico Preliminar disponível, com execução defasada no tempo, o


trabalho deverá ser atualizado dando ênfase ao levantamento e revisão dos dados e
parâmetros diretamente norteadores do dimensionamento das unidades componentes do
sistema, tais como: projeção populacional, índice de atendimento, contribuição “per-capita”,
implantação de empreendimentos de porte na área, coeficientes de retorno e infiltração, cálculo
das contribuições, averiguação da ocupação e/ou restrição físico-territorial das áreas de
expansão e de previsão das unidades, entre outros.

Particularmente quanto ao estudo de projeção populacional torna-se imperativa a adoção, na


atualização de qualquer trabalho, do resultado censitário mais recente e dos estudos
demográficos desenvolvidos para a COPASA pela Fundação IPEAD – Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais.

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4.2.2 Alcance do Projeto e Etapalização de Sistemas

O alcance do projeto será definido, caso a caso, e devidamente justificado; entendendo-se


como necessária a sua compatibilização com o final do período de concessão do sistema e/ou
com as condições de otimização impostas pelo próprio aproveitamento das unidades dos
sistemas existentes.

Quando possível, o sistema deverá ser projetado para alcances de maior duração (usualmente
de 20 anos), procedendo-se a etapalização de suas unidades constitutivas, a exemplo das
ETEs que devem ser etapalizadas para atendimento inicial de um período mínimo de 5 (cinco)
anos, apenas ultrapassado em casos devidamente justificados.

Para as elevatórias deverá ser considerado o detalhamento das obras civis para atendimento
de final de plano, ficando a etapalização restrita à implantação gradativa dos conjuntos
elevatórios.

4.2.3 Elementos para o Projeto


Os sistemas de esgotos sanitários deverão ter seus elementos para o projeto assim definidos:

- a vazão de esgoto doméstico deve ser avaliada com base na média do consumo de
água micro medido, estabelecido nos Relatórios Gerenciais e Operacionais da COPASA
(IBG e IBO);
- a taxa de retorno a ser considerada será de 80 % (oitenta por cento);
- a vazão de infiltração deve ser calculada pela área de influência ou pela extensão da
rede com utilização de parâmetros estabelecidos em bibliografia especializada,
devidamente justificados; não devendo, entretanto, ultrapassar a 25% (vinte e cinco por
cento) da vazão média doméstica avaliada.

5.3.3 Projetos de Unidades do Sistema

Nas plantas de locação, indicar coordenadas geográficas e norte verdadeiro e amarrar a


unidade projetada a um ou mais pontos materializados. As dimensões e os ângulos devem ser
tantos que possibilitem boa leitura do projeto para implantação da unidade.

Para as redes coletoras utilizar diâmetro mínimo de 150 mm, em PVC; salvo em casos
especiais, devidamente justificados, a exemplo do adotado para Região Metropolitana de Belo
Horizonte, que tem previsto a utilização do diâmetro mínimo de 200 mm.

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 16


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

O projeto padrão de PV de Setor pode ser utilizado em pontos estratégicos, para receber
esgoto de setores ou bacias. Ele é dotado de cesto em aço inox ou aço carbono que recolhe
sólidos grosseiros, com o objetivo de diminuir manutenção nas redes e interceptores e
melhorar o desempenho das elevatórias à jusante. Outro objetivo é monitorar a qualidade do
esgoto lançado e conscientizar a população da necessidade de não jogar lixo na rede. É
importante realçar que a adoção desse tipo de PV requer manutenção programada que deve
ser fielmente seguida evitando entupimento da rede a montante uma vez que o cesto é fechado
em todos os lados. O PV de Setor deve ser instalado em locais definidos em projeto, de acordo
com a necessidade e após entendimentos entre empresa projetista e coordenador da
COPASA, em consonância com a área operacional.

Para interceptores de diâmetro ≥ 400 mm deverão ser incluídos poços de visita para descarga,
de maneira a permitir o esvaziamento da tubulação ou redução temporária de vazão, em caso
de manutenções corretivas no sistema. Os pontos serão definidos de acordo com o arranjo do
sistema projetado, preferencialmente na interseção entre interceptores e ao longo de grandes
extensões, em consonância com a equipe técnica da COPASA.

No dimensionamento de linhas de recalque será aceita a utilização da Fórmula de Hazen-


Willians, com os coeficientes “C” estabelecidos a partir de bibliografia especializada,
devidamente justificados.

As travessias e trechos especiais sob ferrovias e rodovias em redes coletoras, interceptores ou


linhas de recalque, por processos não destrutivos, deverão ter seus métodos construtivos
justificados por estudo técnico-econômico de alternativas.

Os projetos de reatores anaeróbios (UASB) deverão considerar o seu fechamento, com


sistema de coleta e queima de gases.

De forma geral, no desenvolvimento dos projetos básicos de sistemas de esgotos sanitários


(SES), deverá ser priorizada a utilização dos projetos padrões desenvolvidos pela COPASA. O
Volume II – Utilização dos Projetos Padrões das “Diretrizes para Elaboração de Estudos e
Projetos” desenvolvidos pela DPG / SPEG, deverá ser consultado para fins de conhecimento
da abrangência e forma de utilização.

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 17


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

5 DIRETRIZES ESPECÍFICAS PARA OS PROJETOS POR TIPO DE


UNIDADE

Em sequência, são apresentadas as diretrizes relativas ao desenvolvimento de projetos, de


forma particularizada, de cada uma das unidades constitutivas de um sistema de esgotamento
sanitário (SES), seguindo a estruturação de unidades previstas nas normas da ABNT
anteriormente citadas.

5.1 REDES COLETORAS, INTERCEPTORES E EMISSÁRIOS

Para o desenvolvimento de projetos básicos de redes coletoras, interceptores e emissários


deverão ser seguidas, na íntegra, as condições específicas constantes das Normas Técnicas
NBR 9649/86 da ABNT e T.234/_ da COPASA, além de orientações e instruções
complementares fornecidas pela área técnica da COPASA, através dos Engenheiros
Coordenadores de Projetos.

Se por imposição particular e específica de projeto houver a necessidade de não atendimento a


algum dos requisitos normalizados ou a outra qualquer norma de referência, o fato deverá ser
levado a conhecimento da equipe técnica da COPASA, para prévia aprovação.

De forma geral, o projeto de redes coletoras, interceptores e emissários deve apresentar:

- Mapa Chave com indicação do Sistema Existente;


- Mapa Chave com indicação do Sistema Proposto;
- Memorial Descritivo abrangendo todo o sistema, a caracterização da área de projeto e de
suas bacias e sub-bacias contribuintes, e os respectivos cálculos hidráulicos, com
apresentação das planilhas de dimensionamento;
- Planta em escala reduzida apresentando a distribuição espacial da população, dentro do
limite da área do projeto, para a situação atual e para o horizonte final do projeto;
- Planta em escala reduzida apresentando: limite da área de abrangência do projeto, bacias
e sub-bacias contribuintes e respectivos valores das contribuições (populações e vazões),
em conformidade com as planilhas de cálculo;
- Interferências (adutora, gasoduto, rede pluvial, cabo, galeria) em planta e perfil, a fim de
justificar degraus e/ou declividades;
- Projeto detalhado das travessias e trechos especiais, identificando o método construtivo,
contendo plantas, seção transversal e detalhes, e quando se tratar de transposição de
rodovias ou ferrovias, informar o quilômetro da via no local e as representações gráficas de

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 18


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

acordo com as Normas Técnicas do órgão concessionário em questão. Travessias e


trechos especiais devem ser contemplados no orçamento;
- Detalhamento das estruturas especiais requeridas (travessias de talvegues e cursos
d’água, trechos sob pilotis, etc.);
- Edificações a serem desapropriadas para a implantação, através de símbolos identificados
em legenda;
- Lançamentos a serem corrigidos depois da implantação do empreendimento, através de
símbolos identificados em legenda;
- Orçamento detalhado dos serviços/materiais (com as respectivas especificações
particulares), a ser revisto após a elaboração do projeto executivo;
- Projeto detalhado de estabilização e contenção das obras em áreas não urbanizadas. A
verificação da estabilidade do terreno deve ser bem avaliada para que o controle do
processo erosivo seja solução definitiva da obra. Existem vários métodos que proporcionam
melhores condições de estabilidade e contenção que devem ser detalhados e orçados para
cada caso, tais como:

• retaludamento e revegetação incorporando o sistema de contenção a soluções


paisagísticas;
• revestimento do terreno com materiais de maior resistência à erosão/abrasão (concreto
projetado, colchão reno);
• soluções como muros de gravidade (gabiões e muros de concreto simples e/ou
ciclópico), solo reforçado, cortinas atirantadas, entre outros;

- Projeto detalhado de via de acesso às unidades, quando localizadas fora de arruamento,


objetivando manutenção e operação, em casos específicos, após entendimentos entre
empresa projetista e coordenador da COPASA, em consonância com a área operacional;

- Dimensionamento e detalhamento das interligações necessárias para solucionar os


lançamentos de esgotos existentes na bacia, identificados a partir das informações obtidas
no cadastro da Copasa e que deverão ser confirmadas por levantamento topográfico.

No caso de interligação em rede ou interceptor existente, fazer verificação hidráulica em função


da nova vazão de contribuição, identificando os PVs (cota de terreno, profundidade, cota de
fundo, degrau) e os trechos a jusante (material, declividade, diâmetro). Apresentar estas
informações no Memorial Descritivo e, sempre que possível, o nome do interceptor e da ETE
que está recebendo a contribuição.

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 19


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

5.1.1 Redes Coletoras

O projeto de redes coletoras deve apresentar:

- Planta de lançamento e planta construtiva da rede coletora, na escala mínima de 1:2000,


com curvas de nível de metro em metro, representando:

 A identificação e nome dos logradouros;


 Os limites de projeto e das bacias e sub-bacias contribuintes;
 Rede coletora existente, com indicação dos PVs e representação da extensão dos
trechos, diâmetro, declividade, cotas de assentamento e material da tubulação;
 Rede coletora projetada (diferenciando-se as etapas construtivas), com
identificação/numeração dos PVs e representação da extensão dos trechos,
diâmetro, declividade, cotas de assentamento e material da tubulação, além das
respectivas relações de materiais;

- Perfis da rede coletora projetada por rua (não por sentido de fluxo) com representação dos
PVs, profundidades e cotas de lançamento, extensão, diâmetro e material por trecho e
interferências;

5.1.2 Interceptores e Emissários

- Memorial descritivo e justificativo, contendo as premissas para seu dimensionamento


(lançamento e carregamento das contribuições) e a definição dos diâmetros de seus
diversos trechos com respectivo material utilizado, levando-se em consideração os critérios
de economicidade, com apresentação das respectivas planilhas de cálculo;
- Detalhamento em planta e perfil do traçado e lançamento do interceptor, em escalas
adequadas (usualmente em escala horizontal de 1:1000 e vertical de 1:100), com indicação
do nome dos logradouros, do tipo de pavimentação, dos PVs ao longo da linha, das obras
especiais, profundidades e cotas de assentamento, identificação dos trechos com extensão,
material e declividade, perfil geotécnico em pontos intermediários, etc.);
- Descrições topográficas da faixa de domínio do interceptor/emissário;

5.2 ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS

Nas situações em que o projeto destas unidades apresentar intervenções com áreas de
preservação permanentes de proteção das margens de cursos d’água, deverão ser observados
os dispostos nos instrumentos ambientais legais em vigência, em especial – mas não
exclusivamente – os que se seguem:

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 20


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

- Portaria IEF n.º 02/2009 – Documento Autorizativo para Intervenção Ambiental;


- Resolução CONAMA n.º 303/2002 – Parâmetros, definições e limites de APP; e
- Resolução CONAMA n.º 369/2006 – Casos Excepcionais que possibilitam a intervenção
em APP.Estações elevatórias e linhas de recalque de esgotos sanitários

Para o desenvolvimento de projetos básicos de estações elevatórias e linhas de recalque de


esgotos sanitários deverão ser seguidas, na íntegra, as Normas Técnicas NBR 12.208/92 da
ABNT e T.235/0 da COPASA, além de orientações e instruções complementares fornecidas
pela área técnica da COPASA, através dos Engenheiros Coordenadores de Projetos.

Se por imposição particular e específica de projeto houver a necessidade de não atendimento a


algum dos requisitos normalizados ou a outra norma de referência, o fato deverá ser levado a
conhecimento da equipe técnica da COPASA, para prévia aprovação pelo Engenheiro
Coordenador de Projetos.

De forma geral, o projeto de uma estação elevatória de esgotos sanitários deve apresentar:

- Memorial descritivo e justificativo, contendo:


• o dimensionamento da elevatória e da respectiva linha de recalque, com base
nas vazões de projeto, através do cálculo das perdas de carga contínuas e
localizadas, nos barriletes e na linha de recalque, com respectiva definição das
alturas manométricas de início e de final de plano;
• a definição dos diâmetros e dos materiais das tubulações dos barriletes e da
linha de recalque, conforme estabelecido nas normas técnicas da ABNT e
devidamente fundamentado em critérios econômicos;
• a escolha do modelo e do número de conjuntos elevatórios a serem utilizados,
baseado em critérios econômicos, seguindo as recomendações das normas
técnicas da ABNT e COPASA, aplicáveis ao assunto;
• a representação das curvas características da bomba (desempenho,
rendimento, NPSH) e da folha de dimensões do conjunto elevatório, fornecidos
pelo Fabricante, bem como das curvas das bombas x sistemas com indicação
dos pontos de trabalho resultantes;
• o estudo dos efeitos dos transientes hidráulicos, com definição das pressões
transitórias máximas e mínimas, proteções necessárias e
seleção/dimensionamento do dispositivo de proteção mais adequado ao
sistema;

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 21


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

• o dimensionamento do poço de sucção, conforme normas específicas, e da sala


de bombas/equipamentos, dispondo da melhor forma os espaços e os arranjos
das tubulações e/ou equipamentos, para uma adequada operacionalização da
unidade;
• a definição dos sistemas de acionamento, medição e controle dos conjuntos
elevatórios, e de suas condições de automação;
• a definição de equipamentos para manutenção e serviços auxiliares, tais como:
monovias/talhas e trolleys ou pontes rolantes, etc.
- Projeto de movimentação de terra na área de interesse, com seções de terraplanagem e
definição dos volumes de corte e aterro, com definição, se for o caso, das jazidas de
empréstimo e das áreas de bota-fora, inclusive os levantamentos de campo necessários ao
desenvolvimento do detalhamento das medidas de proteção, tratamento e/ou recuperação
ambiental, eventualmente necessária para tais áreas;
- Projeto arquitetônico das edificações da unidade;
- Projeto detalhado da elevatória, incluído o poço de sucção, contendo plantas, cortes,
detalhes e relações de materiais, abrangendo os arranjos hidráulicos das tubulações e o
assentamento dos equipamentos;
- Projeto do sistema de água potável e das instalações sanitárias, quando pertinente;
- Projeto do sistema de esgotamento/extravasão da unidade, inclusive de sua linha de
recalque;
- Projeto de urbanização, drenagem pluvial e acesso à área da unidade;
- Projeto da linha de recalque, em planta e perfil, em escalas adequadas (usualmente em
escala horizontal de 1:2.000 e vertical de 1:200), com indicação do nome dos logradouros,
do tipo de pavimentação, das conexões requeridas, dos blocos de ancoragem e dos
equipamentos locados ao longo da linha (medidores de vazão, sistemas de proteção dos
transientes hidráulicos, etc.);
- Projeto detalhado das travessias, contendo plantas, seção transversal e detalhes, e quando
se tratar de transposição de rodovias ou ferrovias, contemplar o quilômetro da via no local e
as representações gráficas de acordo com as Normas Técnicas do órgão concessionário
em questão;
- Projeto detalhado das estruturas especiais requeridas, tais como caixas de aparelhos
(medidores, etc.), blocos de ancoragem, etc.;
- Descrição topográfica da(s) área(s) a ser(em) desapropriada(s) para a elevatória e
respectiva linha de recalque;
- Especificações técnicas dos serviços, materiais e equipamentos;
- Orçamento detalhado dos serviços/aquisições necessárias, o qual deverá ser revisto após a
elaboração do projeto executivo, quando cabível.

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 22


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Observações particulares quanto aos projetos de elevatória e linhas de recalque::

1 - Em caso de utilização de projeto padrão de elevatória de esgotos da COPASA, tem-se que


os projetos de detalhamento civil/hidráulico da unidade já se encontram disponíveis, sendo
necessário apenas o projeto de implantação da unidade no terreno e de suas interligações,
bem como o seu integral dimensionamento. Em relação ao orçamento há que se efetuar sua
adequação, contemplando o fornecimento do conjunto elevatório e do painel elétrico, (conforme
definido no projeto) e a revisão do item de urbanização, conforme o detalhamento proposto
para a unidade.

2 - Para dimensionamento das linhas de recalque de esgotos sanitários deve ser consultada a
NBR 12.215/1992 da ABNT.

Aspectos Relevantes nos Projetos de Elevatórias:

Particularmente sobre o desenvolvimento de projetos de estações elevatórias de esgotos


sanitários, algumas diretrizes constantes da Norma Técnica T.235/0 facultam opções à
projetista, que deverão ser discutidas e acordadas com a equipe técnica da COPASA,
destacando-se dentre elas:

- Dimensionamento do poço de sucção considerando a condição de permuta automática das


bombas.
- Número de conjuntos elevatórios:

A norma T.235/0, em seus itens 4.4.6.2 e 4.4.6.3, orienta o número de conjuntos a ser
adotado em projeto. Entretanto, as denominações “pequenas elevatórias” e “elevatórias
maiores” não têm classificação em conformidade com a Tabela 1, apresentada no item
4.1.1. Portanto, é requerido que a projetista apresente opções de (1 + 1 R) conjuntos e,
pelo menos de (2 + 1 R) conjuntos para as elevatórias não consideradas de grande
porte, para discussão e aprovação prévia da COPASA.

- Subdivisão do poço de sucção:

Na T.235/0, em seu item 4.4.4.4.7 tem-se: “Em poços de sucção de grandes dimensões
é conveniente a adoção de uma parede divisória entre as bombas, com comunicação
através de uma comporta. Nota: Este processo de duas células é conveniente para
limpeza e também quando se prevê instalação de futuras unidades de recalque”.

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 23


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

A solicitação de poços de sucção compartimentados tem-se verificado também no


desenvolvimento de projetos de pequeno porte, por solicitação da área operacional da
COPASA - Região Metropolitana. Portanto, recomenda-se o estabelecimento, em
reunião prévia e com registros em ata, da adoção ou não desta sistemática nos projetos
de pequeno porte.

- Medição de vazão.

Os critérios e equipamentos a serem empregados para as medições de vazão, se de


jusante e/ou de montante da elevatória, deverão ser discutidos com a Equipe Técnica
da COPASA e registrados em ata de reunião. Poderão ser usados medidores Parshall
e/ou medidores do tipo eletromagnético ou ultrassônico.

- Utilização de inversores de frequência

O emprego de inversores de frequência, nas partidas dos conjuntos de recalque,


possibilita a obtenção de maiores tempos de ciclo e redução do número de
religamentos. Quando da utilização deste dispositivo de partida e controle deverá ser
definida a redução ou não do volume do poço de sucção, devido à possível alteração da
correspondência biunívoca entre altura manométrica e vazão, em frequências
reduzidas. Logo, o emprego de inversores deverá ser analisado com a equipe técnica
da COPASA, para cada situação específica, em função do porte da unidade, das
especificidades do sistema em questão e dos custos envolvidos.

- Para elevatórias posicionadas em áreas urbanas e/ou próximas de áreas de ocupação,


deverá ser discutida com a equipe técnica da COPASA a adoção de medidas contra a
exalação de odores, tais como a utilização de: tampas com selo hídrico, exaustores eólicos,
desodorizadores, etc.
- Para as situações onde o fornecimento de energia elétrica apresenta histórico de
interrupções e/ou as condições ambientais locais não permitem o extravasamento dos
esgotos em caso de paralização da unidade, deverá ser discutida com a equipe técnica da
COPASA e registrada em ata de reunião, a definição sobre a adoção de poço pulmão ou
grupo gerador.

5.3 ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS – ETE

O nível do tratamento e a eficiência a ser obtida para o efluente tratado final estão diretamente
ligados à legislação específica, que prevê padrões de qualidade para o efluente e para o corpo

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 24


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

receptor; que são, portanto, duas condições a serem atendidas em um projeto de tratamento
de esgotos.

O Estudo Técnico Preliminar que antecede ao projeto deve abranger as definições e ditar
condições para os seguintes aspectos: impacto ambiental do lançamento no corpo receptor,
objetivos do tratamento e poluentes a serem removidos, nível do tratamento e eficiências
requeridas; seguindo basicamente, o estabelecido na Norma Técnica T.233/0 – da COPASA.

A adequação da qualidade do efluente tratado para lançamento em atendimento aos padrões


de qualidade e do corpo receptor está associada aos conceitos de nível de tratamento e
eficiência do tratamento.

Usualmente, o tratamento dos esgotos sanitários se classifica conforme os seguintes níveis:


- Preliminar;
- Primário;
- Secundário;
- Terciário.

O tratamento preliminar deve estar presente em todas as estações de tratamento de esgotos


sanitários em nível primário, secundário ou terciário.

Define-se o nível do tratamento de uma ETE pelo seu maior nível de remoção de poluentes.
Assim, uma ETE que apresente remoção de sólidos grosseiros (tratamento preliminar),
retenção de sólidos sedimentáveis (decantação primária – tratamento primário), transformação
da matéria orgânica (processos biológicos – tratamento secundário) é classificada como uma
ETE em nível secundário.

Uma ETE em nível secundário poderá ou não apresentar em seu fluxograma unidades do
tratamento em nível primário.

5.3.1 Principais sistemas de tratamento de esgotos sanitários

Na sequência são descritos os principais sistemas de tratamento de esgotos, em nível


secundário, a saber:

5.3.1.1 Lagoas de estabilização e variações

− Lagoa facultativa
− Lagoa anaeróbia seguida de lagoa facultativa
− Lagoa aerada facultativa

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 25


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

− Lagoa aerada de mistura completa seguida de lagoa de decantação


− Lagoa de alta taxa
− Lagoas de maturação

5.3.1.2 Disposição no solo

− Infiltração lenta
− Infiltração rápida
− Infiltração subsuperficial
− Escoamento superficial
− Terras úmidas construídas

5.3.1.3 Sistemas anaeróbios

− Filtro anaeróbio
− Reator anaeróbio de manta de lodo e fluxo ascendente – UASB
− Reator anaeróbio UASB seguido de pós-tratamento

5.3.1.4 Lodos ativados

− Lodos ativados convencional


− Lodos ativados por aeração prolongada
− Lodos ativados de fluxo intermitente
− Lodos ativados com remoção biológica de nitrogênio
− Lodos ativados com remoção biológica de nitrogênio e fósforo

5.3.1.5 Reatores aeróbios com biofilmes

− Filtro de baixa carga


− Filtro de alta carga
− Biofiltro aerado submerso
− Biodisco

5.3.2 Condições específicas para a elaboração dos projetos

A iniciação do desenvolvimento dos projetos de uma Estação de Tratamento de Esgotos – ETE


está vinculada aos seguintes elementos necessários:

− Estudo Técnico Preliminar, conforme estabelecido anteriormente, contendo a definição


do tratamento proposto, com respectivo estudo comparativo das soluções tecnicamente

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 26


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

possíveis, quando cabível, e as diretrizes para o dimensionamento das unidades


integrantes da alternativa escolhida;
− Levantamento topográfico planialtimétrico e cadastral da área da ETE e das faixas de
caminhamento da chegada do interceptor e do emissário do efluente tratado;
− Sondagens de reconhecimento da natureza do terreno e dos níveis do lençol freático na
área da ETE e do interceptor e emissário;
− Informações quanto à disponibilidade de energia elétrica.

5.3.2.1 Avaliação do estudo técnico preliminar (concepção do tratamento)

Na fase de projeto, se porventura certas características ou parâmetros previamente definidos


venham a ser modificados, com o surgimento de novas alternativas e tecnologias, ou surjam
dúvidas em relação às conclusões da concepção proposta, deve ser realizada uma reavaliação
ampla do estudo para otimização do sistema, dentro do mesmo padrão previsto na elaboração
da concepção.

5.3.2.2 Localização da ETE

Para a escolha do local adequado ao assentamento da ETE devem ser considerados:


− O custo e a facilidade de desapropriação do terreno;
− As condições topográficas e geotécnicas do terreno;
− A estabilidade contra erosão;
− O menor desnível geométrico médio relativamente ao lançamento no corpo receptor;
− O terreno situado em cota superior à da máxima inundação, se possível, caso contrário,
com possibilidade de proteção adequada;
− A possibilidade de acesso ininterrupto;
− A disponibilidade de área que satisfaça à necessidade presente e à expansão futura, e,
quando couber, à implantação de reserva legal;
− A facilidade de fornecimento de energia elétrica e água de serviço;
− O mínimo remanejamento de interferências;
− A menor movimentação de terra;
− A influência nas condições ambientais;
− O distanciamento com a mancha urbana de modo a evitar conflitos.

A definição do local onde se prevê a implantação da ETE deve ser acordada com a COPASA
(áreas de projeto, obra e operação), a Prefeitura Municipal e a Contratada. Esta ultima deverá,
ainda, pesquisar junto a todos os órgãos atuantes na região, se a área de implantação da obra
não sofrerá intervenções a curto ou em longo prazo.

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 27


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

A ocupação da área deverá respeitar as prescrições da Lei Estadual 14.309 de 19/06/2002


quanto à faixa de preservação permanente e área restritiva para reserva legal.

5.3.2.3 Conceituação do tratamento

A Estação de Tratamento dos Esgotos - ETE deverá cumprir dois objetivos principais: o de
remoção dos sólidos em suspensão e o de estabilização da matéria orgânica (DBO5). Para
atendimento aos parâmetros de lançamento tanto do efluente tratado, como também do corpo
receptor, tais objetivos poderão ser conseguidos com um sistema de tratamento em nível
secundário. Diversas modalidades de processos convencionais de tratamento de esgotos e
variações destes processos se prestam a atender os requisitos requeridos.

Em item anterior (de número 5.4.1), foram listados os principais sistemas de tratamento de
esgotos sanitários. Cada processo se acerca de características próprias que poderão constituir-
se em vantagens, desvantagens, uso imperativo, ou mesmo impedimento.

A escolha de um processo de tratamento a ser empregado está diretamente vinculada ao porte


da comunidade, à disponibilidade de áreas e suas condições topográficas, ao valor venal
destas áreas, à mão-de-obra disponível na região para operação e manutenção do sistema, à
disponibilidade de energia elétrica e seu valor tarifário, dentre outros.

As diretrizes sobre a conceituação de processos que se apresentam neste trabalho estão


bastante direcionadas para localidades de pequeno e médio portes, para as quais se excluem
os sistemas de lodos ativados, modalidade convencional, e outras derivações que requeiram o
emprego de uma fase de tratamento em nível primário independente, somente passíveis de
serem viáveis para grandes unidades. A inclusão de tratamento em nível primário,
decantadores primários, exige sistema de tratamento de lodo, normalmente digestores, de
elevada complexidade operacional.

Assim, do exposto, não são usualmente recomendadas as seguintes modalidades de


tratamento para sistemas direcionados para pequeno e médio portes.
− Lodos ativados convencional;
− Lodos ativados de fluxo intermitente, modalidade convencional;
− Lodos ativados com remoção biológica de nitrogênio;
− Lodos ativados com remoção biológica de nitrogênio e fósforo;
− Filtro de baixa taxa; e
− Biofiltro aerado submerso.

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As modalidades de tratamento embasadas na disposição no solo padecem de pouca


experiência em nosso país e, portanto, são ainda pouco difundidas e se dispõe de poucos
parâmetros específicos de projeto adaptados para nossa condição climática.

As lagoas de estabilização e variantes são unidades que atendem os requisitos e aliam


simplicidade operacional e pouco ou nenhum consumo energético. Apresentam como
desvantagem as grandes áreas requeridas para sua implantação.

Os reatores de manta de lodo e fluxo ascendente – reatores UASB usualmente não produzem
um efluente que atenda à maior parte dos padrões de lançamento. Portanto, deverão ser
considerados admitindo-se um pós-tratamento.

Assim exposto, a definição da modalidade de tratamento a ser empregada deverá ser cotejada
econômica e financeiramente contemplando, no mínimo, as seguintes alternativas:

− Lagoas de estabilização e suas variantes;


 Lagoa facultativa;
 Lagoa anaeróbia seguida de lagoa facultativa;
 Lagoa anaeróbia seguida de lagoa aerada facultativa;
 Lagoa aerada de mistura completa seguida de lagoa de decantação;

− Reatores UASB seguidos de pós-tratamentos


 UASB seguidos de filtros biológicos percoladores – filtros de alta taxa;
 UASB seguidos de lagoa facultativa ou outra modalidade;
 UASB seguidos de reator de lodos ativados, aeração convencional;
 UASB seguidos de disposição no solo.

− Reatores de lodos ativados, aeração prolongada;

Especificamente para pequenos aglomerados e/ou pequenas bacias de contribuição, isoladas


do plano de reunificação dos esgotos, poderá ser empregada a associação de tanques
sépticos seguidos de filtros anaeróbios. Ainda para este tipo de ocupação urbana, e não
havendo corpo receptor, o efluente tratado deverá ser disposto em sumidouros ou valas de
infiltração. Estas unidades a serem implantadas poderão ser moldadas “in-loco” ou adquiridas
pré-fabricadas; sendo que seus critérios e parâmetros de dimensionamento não serão
apresentados neste trabalho por serem, ampla e detalhadamente, apresentados na NBR
7229/1992 da ABNT, que deve ser seguida em tais projetos.

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 29


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5.3.3 Parâmetros e critérios básicos de projeto

Para o desenvolvimento de projetos de estações de tratamento de esgotos sanitários deve


prevalecer as condições exigíveis na Norma Técnica NBR 12209/92 da ABNT, aplicável aos
seguintes processos de tratamento:
a) separação de sólidos por meios físicos,
b) filtração biológica,
c) lodos ativados,
d) tratamento de lodo.

Nos itens seguintes são apresentadas súmulas dos conceitos, critérios e parâmetros de projeto
de algumas unidades constitutivas de uma ETE, em particular daquelas não contempladas pela
referida norma técnica da ABNT, a exemplo das lagoas de estabilização e dos reatores
anaeróbios.

5.3.3.1 Tratamento preliminar

O tratamento em nível preliminar consiste em remover os sólidos grosseiros, areia e gorduras


presentes no afluente bruto dos esgotos domésticos. São operações estritamente físicas, isto
é, sem o concurso de processos químicos ou biológicos.

Em linhas gerais, e na sequência, uma unidade de tratamento preliminar é composta por:

− Unidade de gradeamento;
− Caixas ou canais de sedimentação de areia;
− Medição de vazão e controle em canal aberto;
− Caixas escumadoras (flotação de gorduras).

A utilização de caixas escumadoras para remoção de material gorduroso não é prática usual
em projetos da COPASA. A sua aplicação deverá ser previamente discutida com a equipe
técnica das áreas de projeto e operação.

Para dimensionamento das unidades de gradeamento deverá ser consultada a NBR


12.208/1992 da ABNT; e para as unidades de sedimentação de areia deverá ser consultada a
NBR 12.209/1992 da ABNT.

5.3.3.1.1 Gradeamento

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 30


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

− Deverá ser de limpeza mecânica quando a vazão afluente final for igual ou superior a
250 L/s ou quando o volume de material a ser retido diariamente justifique este
equipamento;
− Quando a limpeza for mecanizada, recomenda-se a instalação de pelo menos duas
unidades em paralelo;
− A adoção de apenas uma unidade mecanizada implica na necessidade de canal
paralelo com grade de limpeza manual e com mesmo espaçamento entre barras;
− Antecedendo às grades mecanizadas deverá ser prevista a instalação de grade
grosseira, de limpeza manual, para proteção do equipamento;
− Classificação das grades segundo o espaçamento livre entre barras (a):

 grade grosseira ..................................................................................... a > 100 mm


 grade grossa .......................................................................... 40 mm < a ≤ 100 mm
 grade média ............................................................................. 20 mm < a ≤ 40 mm
 grade fina ................................................................................ 10 mm ≤ a ≤ 20 mm

− Critérios de dimensionamento

 a velocidade no canal de acesso à grade não deverá ser inferior a 0,40 m/s;
 a máxima velocidade, para a vazão afluente final, não deverá ultrapassar 1,20 m/s
(NBR 12.208 da ABNT);
 a perda de carga mínima a ser considerada será de:

• limpeza manual = 0,15 m


• limpeza mecânica = 0,10 m

 Para o caso de limpeza manual, a perda de carga deverá ser calculada para 50% de
obstrução da grade;

− Dimensões usuais das barras

 grades grossas/grosseiras: (3/8” x 2”) – (3/8” x 2 ½”) – (1/2” x 1 ½”) – (1/2” x 2”)
 grades médias: (5/16” x 2”) – (3/8” x 1 ½”) – (3/8” x 2”)
 grades finas: (1/4” x 1 ½”) – (5/16” x 1 ½”) – ( 3/8” x 1 ½”)

− Quantidade de material retido

A quantidade de material gradeado é influenciada pelas condições locais, hábitos da


população, época do ano etc. Dados apresentados por Schroepfer mostram a variação da

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 31


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quantidade de material retido em relação à abertura livre entre barras das grades, devendo ser
aplicada aos projetos onde não se tem pesquisa particular de dados:

Tabela 1 – Quantitativo de material retido conforme espaçamento livre das grades

Abertura livre (cm) Material retido (L/m³)

2,00 0,038
2,50 0,023
3,50 0,012
4,00 0,009

− Considerações gerais para projetos de gradeamento

• as grades de limpeza manual deverão ser assentadas em ângulo de 45º a 60º com
a horizontal;
• as grades de limpeza mecanizada deverão ser assentadas em ângulo de 60º a 90º
com a horizontal;
• as grades de limpeza manual não deverão ser chumbadas no canal. Deverão
apresentar encaixes que possibilitem sua retirada sem necessidade de interromper
o fluxo afluente;
• quando da utilização de grade de limpeza mecanizada, o projeto deverá ser
discutido com a equipe técnica da COPASA, para definição do modelo a ser
empregado;
• o material de confecção das grades deverá ser o aço carbono devidamente tratado
e pintado para trabalho imerso em esgoto. A utilização de aço inoxidável deverá
ser acordada com a equipe técnica da COPASA.

5.3.3.1.2 Desarenadores

− Deverá ser de limpeza mecânica quando a vazão afluente final for igual ou superior a
250 L/s ou quando o volume de material a ser retido diariamente justifique este
equipamento;
− Quando a unidade desarenadora for mecanizada, recomenda-se a instalação de pelo
menos duas unidades em paralelo;
− Para unidades de limpeza manual (canais desarenadores), recomenda-se a
implantação de duas unidades em paralelo, cada qual dimensionada para atendimento
da vazão máxima de final de plano;

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− Para pequenas comunidades, admite-se a implantação de um único canal desarenador


acompanhado de “by-pass” para utilização quando das necessárias limpezas;
− A velocidade nos canais desarenadores, de limpeza manual, deverá situar-se na faixa
de 0,30 m/s com ± 20%. Esta velocidade deverá ser verificada para a vazão mínima de
início de plano e máxima de final de plano;
− O controle das velocidades no interior dos canais desarenadores deverá ser efetuado
pela implantação de medidor de regime crítico à jusante, devendo para tal ser
empregado o Medidor Parshall. Para tanto a soleira do trecho convergente (também
chamado de crista do medidor) deverá ser assentado com rebaixo relativo à soleira dos
canais desarenadores. Este rebaixo é dado pela expressão de cálculo:

Qmínimo (H min imo − R )


=
Qmáximo (H máximo − R )

Onde:
R = rebaixo requerido (cm);
Hmínimo = altura da lâmina no interior do canal desarenador, ditado pela garganta do
medidor Parshall, a jusante, e para a vazão mínima de início de plano (cm);
Hmáximo = altura da lâmina no interior do canal desarenador, ditado pela garganta do
medidor Parshall, a jusante, e para a vazão máxima de final de plano (cm);
Qmínimo = vazão mínima de início de plano (L/s);
Qmáximo = vazão máxima de final de plano (L/s).

− Os canais desarenadores serão providos de rebaixo para depósito de areia. O volume a


ser considerado será para acúmulo de aproximados 10 dias. A limpeza terá a
frequência de sete dias, o que significa que cada canal deverá ser limpo quando o
depósito apresentar-se com 70% de seu volume tomado. Para o cálculo da produção de
areia admitir a taxa de 40 L/1000 m³ de esgoto afluente. A produção diária deverá ser
embasada na vazão média afluente;
− No depósito de areia devem ser projetados anteparos transversais removíveis.
Destinam-se a evitar que o espaço destinado ao depósito sirva para a corrente líquida
(aumentando a seção de escoamento e reduzindo a velocidade desejável). O número
de anteparos deverá ser estabelecido dividindo-se o comprimento total do canal pela
largura útil, tomando-se o número inteiro da divisão;
− A largura dos canais desarenadores será estabelecida visando à obtenção da
velocidade próxima de 0,30 m/s (com ± 20%). A expressão de cálculo é a seguinte:

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Qmáxima
B=
0,30 × (H máximo − R )

Onde:
B = largura do canal desarenador (m);
Qmáximo = vazão máxima afluente de final de plano (m³/s);
Hmáximo = altura da lâmina ditada pela equação do medidor Parshall e para a
vazão máxima de final de plano (m);
R = rebaixo estabelecido para assentamento da crista do medidor relativo ao fundo
do canal desarenador (m).

− Comprimento dos canais desarenadores. Já considerado um acréscimo de 50% para


compensar turbulências, adota-se para o comprimento das caixas de areia valor
correspondente a 22,50 da altura da lâmina. Assim, tem-se: L = 22,50 (H – R). Este
valor atende ao prescrito na NBR 12.209/2000, para remoção mínima de 95% em
massa das partículas com diâmetro igual ou superior a 0,20 mm (densidade de 2,65).
− A taxa de escoamento superficial, nos desarenadores tipo canais, deverá estar
compreendida entre 600 m³/m².d e 1.300 m³/m².d (conforme NBR 12.209);
− O emprego de caixas de areia com raspadores mecanizados e/ou aeradas deve ser
objeto de discussão com a equipe técnica da COPASA, para definição do tipo de
equipamento a ser empregado. Os projetos deverão ser desenvolvidos em atendimento
à utilização de equipamentos standard dos fabricantes.

5.3.3.1.3 Medidor Parshall

No tratamento preliminar, o medidor Parshall alia duas finalidades: a medição da vazão


afluente ao tratamento e o controle das velocidades no interior dos canais desarenadores.

O medidor Parshall, também conhecido por Calha Parshall, é um medidor de vazão para
canais abertos. É constituído de uma estrutura com paredes verticais, possuindo na entrada
um trecho convergente plano, um trecho contraído ou estrangulado em declive e seção
constante e, na saída, um trecho divergente em aclive. O trecho convergente de soleira plana,
também chamado de crista do medidor, produz um nível no líquido que está diretamente
relacionado com a vazão.

Com o auxílio de um medidor de nível externo adequado, podem-se obter correspondências da


altura com a vazão, com boa precisão. Através de observações e experiências, os resultados
obtidos correspondem à expressão do tipo:

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 34


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Q = KHn, onde:

K é uma constante que depende das dimensões da calha e ajuste da unidade de


engenharia;
n é um valor que difere ligeiramente de 3/2.
Observação: Tais coeficientes de dimensionamento do medidor Parshall, bem como os dados
dimensionais e as faixas de utilização por tamanho do medidor, são usualmente obtidas em
bibliografia técnica especializada.

Para a utilização dos medidores Parshall devem ser observadas as seguintes particularidades:
− Os medidores Parshall deverão ser adquiridos pré-fabricados para inserção no canal,
preferencialmente em FBPra de vidro;
− A instalação deverá priorizar o escoamento livre, pois assim é necessário apenas um
medidor de nível no trecho convergente;
− O medidor de nível a ser utilizado deverá ser, preferencialmente, o ultra-sônico,
precisão de ± 0,25% FE, com transmissão à distância através de sinal elétrico - sinal
analógico 4 -20 mA, com conversor para leitura direta (L/s) e totalização (m³);
− A escolha do medidor Parshall deverá atender às variações de mínima vazão de início
de plano e máxima vazão de final de plano. Deve-se priorizar o de menor garganta
(seção estrangulada) e que atenda à variação requerida.

5.3.3.1.4 Caixa escumadora – removedora de gordura

A inclusão de caixa removedora de gordura no tratamento preliminar deverá ser objeto de


discussão e anuência por parte da equipe técnica da COPASA, com registro em ata de
reunião. Esta unidade não tem sido usualmente empregada nos projetos elaborados para a
empresa.

Entretanto, com a difusão do emprego de reatores anaeróbios de manta de lodo – UASB, tem-
se observado uma série de problemas operacionais devido ao acúmulo de material gorduroso
nos separadores trifásicos – câmara de biogás. Portanto, nos projetos que requeiram a
inclusão desta unidade deverão ser observados os seguintes itens:

− Em conformidade com o porte do projeto poderão ser adotadas caixas escumadoras


com ou sem removedor mecanizado. O emprego de equipamento de retirada do
sobrenadante deverá ser autorizado pela equipe técnica da COPASA;
− As caixas poderão ter seção circular ou retangular, em planta.

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− Para caixas não equipadas com removedor mecanizado e sem insuflação de ar


comprimido, deverá ser priorizado o emprego de fundo em tronco de cone ou tronco
piramidal para diminuição de acúmulo de sedimentos;
− O volume da caixa de gordura deverá proporcionar tempo de detenção mínimo de 3
(três) minutos;
− A velocidade ascensional das partículas a ser considerada no dimensionamento será de
4 mm/s (24 cm/min), o que corresponde a uma taxa de aplicação de σ s =14,40 m³/m².h;

− A área superficial da caixa de gordura deverá ser determinada para a máxima vazão de
projeto:

A=
( h)
Qmáxima m
3

σs

− A altura da caixa será determinada de maneira a atender ao volume requerido para o


tempo de detenção mínimo de 3 minutos e a área que satisfaça a taxa de aplicação:

V
H=
A

− O volume de material graxo retido poderá ser avaliado arbitrando-se uma taxa média de
25 mg/L de esgoto afluente e uma densidade de 900 g/L.
− Ar comprimido. O emprego de ar comprimido nas caixas de gordura contribui para a
aceleração do processo, aumentando a eficiência. A quantidade de ar a ser aplicada,
geralmente, está compreendida entre 0,20 a 0,40 m³ de ar para cada m³ de esgoto
afluente.

5.3.3.2 Tratamento em nível secundário

5.3.3.2.1 Lagoas facultativas

Relação dimensional e número de unidades - A relação comprimento/largura e o número de


lagoas a serem empregadas, se única ou unidades em paralelo, estão diretamente
relacionadas com a condição do terreno e sua topografia. Caberá à projetista desenvolver
arranjo adequado às condições locais e que apresente a melhor otimização nos serviços de
terraplenagem;

Distanciamento da área urbana - Para as lagoas facultativas recomenda-se um distanciamento


mínimo de 300 metros de qualquer ocupação urbana. Deverá ser pesquisada a tendência da

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 36


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expansão urbana, com vista a assegurar este distanciamento mínimo durante a vida útil do
projeto;

− Parâmetros de dimensionamento - São dois os principais parâmetros de


dimensionamento de uma lagoa facultativa: a taxa de aplicação superficial e o tempo de
detenção hidráulica.
− Taxa de aplicação superficial: Para regiões com inverno e insolação moderados,
recomenda-se a taxa de aplicação superficial entre 120 a 240 kgDBO5/ha.d. A taxa
mais usualmente utilizada tem sido de 180 kgDBO5/ha.d. A avaliação da taxa adequada
poderá ser feita pela expressão de Mara e Pearson que relaciona a taxa de aplicação
com a temperatura média local:

L s = 50 × 1,072 T
Onde:
Ls = taxa de aplicação superficial (kgDBO5/ha.d;
T = temperatura média do ar, ºC.

− Tempo de detenção hidráulica: O tempo de detenção hidráulica requerido varia com as


condições climáticas local, notadamente a temperatura. Tempos de detenção hidráulica
variando de 15 a 45 dias são usualmente adotados;
− Profundidade da lagoa facultativa: Se estabelecidos o tempo de detenção hidráulica e a
taxa de aplicação superficial, fica determinada a profundidade da lagoa facultativa. No
entanto, é mais conveniente arbitrar-se uma profundidade e, com a área superficial
estabelecida, calcular-se o tempo de detenção e verificar seu ajuste dentro dos limites
citados. Para lagoas facultativas são adotadas profundidades que variam entre 1,50 m e
3,00 m. Uma boa sistemática de projeto é adotarem-se caixas de saída com comportas
vertentes e que possibilitem a variação de nível, por exemplo: de 1,80 m até 2,50 m.

Nota: As dimensões de comprimento e largura determinadas neste dimensionamento


são as de meia profundidade da lagoa.

Aspectos construtivos:

− A inclinação dos taludes interno e externo da conformação dos diques da lagoa deverá
ser objeto de estudo geotécnico, função das alturas e das características do terreno,
com base em ensaios de geotecnia;
− A área de pano de fundo das lagoas deverá ter seu terreno analisado quanto a
permeabilidade “in-situ” e de laboratório;

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 37


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− Não havendo material argiloso na área de projeto, deverá ser pesquisada jazida nas
imediações, com obtenção de amostras e ensaios;
− Deverá ser realizada análise econômico-comparativa entre alternativas de
impermeabilização por solo argiloso ou aplicação de manta de PEAD;
− Deverá ser considerada uma borda livre mínima de 0,50 m;
− Os taludes internos, na linha de contato com o nível d’água, devem ser protegidos
contra as ações das ondas e crescimento de vegetais. Recomenda-se a aplicação de
placa de concreto, levemente armada (tela fina), que deve se estender pelo menos 0,50
m para cima do nível máximo e 0,50 m para baixo do nível mínimo;
− Os taludes externos deverão ser gramados para evitar erosão;
− O coroamento dos taludes deverá apresentar largura mínima da ordem de 4,00 m para
possibilitar tráfego das equipes de manutenção. Deverá ter acabamento em lama
asfáltica, CBUQ ou outra pavimentação a ser acordada com a equipe técnica da
COPASA;
− Deverá ser previsto um mínimo de duas entradas na lagoa, adotando-se para unidades
maiores um distanciamento máximo de 50 m entre entradas. As entradas deverão ser
locadas no sentido da maior dimensão das lagoas e terem suas bocas de lançamento
posicionadas a 1/3 do comprimento. Os lançamentos deverão ser submersos;
− A caixa de saída deverá situar-se na extremidade oposta das entradas. Não deverá
posicionar-se alinhada com nenhuma das entradas. Deverá ser prevista placa defletora
até 30 cm abaixo do NA máximo, para evitar saída de material flutuante como algas,
escumas, etc.;
− É recomendável o emprego de comportas vertentes para variação de nível, executadas
em alumínio ou aço inoxidável;
− Não será necessária a adoção de descarga de fundo acoplada na caixa de saída, salvo
quando expressamente solicitado pela equipe técnica da COPASA;
− Antes do encaminhamento final do efluente tratado é necessária a medição de vazão, o
que poderá ser feita através de Medidor Parshall.

5.3.3.2.2 Lagoa anaeróbia seguida de lagoa facultativa

Relação dimensional e número de unidades - A relação comprimento/largura e o número de


lagoas a serem empregadas, se única ou unidades em paralelo, estão diretamente
relacionadas com a condição do terreno e sua topografia. Caberá à projetista desenvolver
arranjo adequado às condições locais e que apresente a melhor otimização nos serviços de
terraplenagem. Uma configuração bastante corriqueira para sistemas de menor porte é a
adoção de duas lagoas anaeróbias e uma única facultativa;

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 38


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Distanciamento da área urbana - Para as lagoas anaeróbias recomenda-se um distanciamento


mínimo de 500 metros de qualquer ocupação urbana. Deverá ser pesquisada a tendência da
expansão urbana, com vista a assegurar este distanciamento mínimo durante a vida útil do
projeto;

Parâmetros de dimensionamento - São dois os principais parâmetros de dimensionamento de


uma lagoa anaeróbia: o tempo de detenção hidráulica e a taxa de aplicação volumétrica.

− Tempo de detenção hidráulica: Varia de um mínimo de 3 (três) dias até o máximo 6


dias. Tempos menores que 3 (três) dias não garantem a manutenção de uma
população bacteriana estável e para tempos maiores que 6 (seis) dias a lagoa poderá
se comportar como facultativa. As lagoas anaeróbias têm de funcionar como lagoas
anaeróbias estritas, não podendo oscilar entre condições anaeróbias, facultativas e
aeróbias (Marcos Von Sperling). Portanto, no dimensionamento das lagoas anaeróbias
é necessário estudar a curva de projeção das vazões afluentes. Caso o
dimensionamento de final de plano não permita obter como limite máximo os 6 dias, em
início de plano, torna-se necessária a etapalização da unidade de tratamento. Outra
diretriz é implantar duas unidades paralelas e, em início de plano, operar uma das
unidades com vazão compatível como modalidade facultativa;
− Taxa de aplicação volumétrica: As taxas mais usualmente adotadas em nosso meio
estão na faixa de: Lv = 0,10 a 0,30 kgDBO5/m³.d;

− Profundidade: Deverá ser adotada profundidade elevada, entre 4 e 5 metros. Quando


não houver unidade de remoção de areia, a lagoa anaeróbia deve ser dotada e
profundidade adicional, pelo menos 0,50 m, junto à entrada, estendendo-se por pelo
menos 25% da área de fundo;
− Lagoa facultativa: A lagoa facultativa na sequência da lagoa anaeróbia poderá ser
dimensionada segundo o mesmo critério adotado para a lagoa facultativa estrita.
Recomenda-se a adoção de uma taxa de aplicação ligeiramente inferior. A matéria
orgânica de mais fácil estabilização é removida na lagoa anaeróbia. O remanescente da
matéria orgânica é de degradação mais difícil, de estabilização mais lenta. Valor de taxa
de aplicação de 150 kgDBO5/ha.d é bastante adequado para as nossas condições;
− A eficiência a ser considerada para a lagoa anaeróbia será de 50% na remoção da taxa
de DBO5.

Aspectos construtivos - Para as lagoas seriadas, anaeróbia seguida de facultativa, são


aplicadas as mesmas considerações atribuídas para a lagoa facultativa, às quais se acrescem:

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 39


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− A lagoa anaeróbia deverá, o quanto possível, ser dotada de uma distribuição do


efluente tendendo para um reator anaeróbio de manta de lodo. Quanto melhor a
distribuição maior, mais rápido o contato biomassa-esgoto;
− Havendo duas ou mais unidades de lagoa anaeróbia, o sistema deverá ser dotado de
caixa distribuidora de vazão que possibilite partições desiguais de vazão para uma e
outra lagoa. Em início de plano, poderá ocorrer que a operação das duas ou mais
lagoas anaeróbias não tenham substrato suficiente para tornarem-se estritamente
anaeróbias. Nesta situação alivia-se uma das unidades (que operará como facultativa) e
sobrecarrega(m)-se a(s) outra(s).

5.3.3.2.3 Lagoas aeradas facultativas

Relação dimensional e número de unidades - A relação comprimento/largura e o número de


lagoas a serem empregadas, se única ou unidades em paralelo, estão diretamente
relacionadas com a condição do terreno e sua topografia. Caberá à projetista desenvolver
arranjo adequado às condições locais e que apresente a melhor otimização nos serviços de
terraplenagem;

Distanciamento da área urbana - Para as lagoas aeradas facultativas recomenda-se um


distanciamento mínimo de 300 metros de qualquer ocupação urbana. Deverá ser pesquisada a
tendência da expansão urbana, com vista a assegurar este distanciamento mínimo durante a
vida útil do projeto;

Parâmetros de dimensionamento:

Tempo de detenção: t = 5 a 10 dias

Profundidade: h = 2,50 a 4,50 m.

Requisito de oxigênio.

− RO = a.Q.(S 0 − S ) / 1000 Onde:

RO = requisito de oxigênio (kgO2/d);


a = coeficiente, varia de 0,8 a 1,2 kgO2/kgDBO5;
Q = vazão afluente (m³/d);
S0 = concentração de DBO5 total (solúvel + particulada) afluente (g/m³);
S = concentração de DBO5 solúvel efluente (g/m³);

DBO solúvel efluente

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 40


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S0
− S= para K variando de 0,6 a 0,8 d-1 e temperatura de 20ºC
1 + K .t
− Para outras temperaturas, corrigir K pela expressão: K T = K 20 .θ T − 20

− Adotar θ = 1,035.

DBO particulada efluente

− A DBO particulada é causada pelos sólidos suspensos no meio líquido. A quantidade de


sólidos suspensos está diretamente relacionada com a densidade de potência
introduzida na lagoa e pode ser avaliada pela tabela 2, a seguir:

Tabela 2 – Concentração de sólidos que podem ser mantidos em suspensão, em função da


densidade de potência.
Densidade de potência (W/m³) SS (mg/L)
0,75 50
1,75 175
2,75 300

Estimada a concentração de SS no efluente, o valor esperado para a DBO particulada do


efluente pode ser calculada pela expressão:

− DBOparticulada = 0,3 a 0,4 mgDBO5/mgSS

Aspectos construtivos:

− Os aeradores devem ser distribuídos homogeneamente pela área da lagoa;


− Em lagoas pequenas deve-se prever um mínimo de 2 aeradores;
− Para lagoas predominantemente retangulares, pode-se ter um número maior de
aeradores na região próxima à entrada, onde a demanda de oxigênio é maior;
− Aeradores contíguos devem ter sentidos de rotação opostos;
− Para a obtenção de uma menor perda de sólidos no efluente, a região final da lagoa
poderá ficar sem aeradores.

5.3.3.2.4 Sistema de lagoas aeradas de mistura completa seguidas de lagoa de decantação

“As lagoas de mistura completa são essencialmente aeróbias. Os aeradores servem, não só
para garantir a oxigenação do meio, mas também, para manter os sólidos em suspensão
(biomassa) dispersos no meio líquido. A qualidade do efluente de uma lagoa aerada de mistura
completa não é adequada para lançamento direto, pelo fato de conter elevados teores de
sólidos em suspensão. Por esta razão, estas lagoas são normalmente seguidas por outras

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 41


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lagoas, onde a sedimentação e estabilização dos sólidos possam ocorrer. Tais lagoas são
denominadas de lagoas de decantação” (Marcos von Sperling).

Critérios de dimensionamento da lagoa aerada de mistura completa:

− Tempo de detenção: t = 2 a 4 d
− Profundidade: H = 2,5 a 4,5 m

Critérios de dimensionamento da lagoa de decantação:

− Volume destinado à clarificação:

• tempo de detenção: t ≥ 1 d
• profundidade: H ≥ 1,50 m

− Volume total da lagoa:

• tempo de detenção (final de plano): t ≤ 2 d


• profundidade: H ≥ 3,0 m

DBO solúvel efluente:

S0
− S= Onde:
1 + K ' . X v .t
K’ = coeficiente de remoção da DBO (mg/L)-1 (d-1). O valor de K’ está na faixa de 0,01
a 0,03 (mg/L)-1.d-1
XV = concentração de sólidos em suspensão voláteis (mg/L).
Y .(S 0 − S )
XV = Onde:
1 + K d .t
Y = coeficiente de produção celular (mgXV / mgDBO5);
Kd = coeficiente de decaimento bacteriano (d-1).

Tabela 3 – Valores dos coeficientes cinéticos


e estequiométricos (Metcalf & Eddy, 1991)
Coeficiente Unidade Faixa Valor típico

Y mgSSV/mgDBO5 0,4 – 0,8 0,6


-1
Kd d 0,03 – 0,08 0,06

DBO particulada efluente:

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 42


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− X V / X = 0,7 a 0,8
− Assim, a DBO particulada pode ser estimada também em função dos sólidos em
suspensão totais:
− DBOparticulada = 0,3 a 0,6 mgDBO5/mgSS.

Requisito de oxigênio na lagoa aerada:

− RO = a.Q.(S 0 − S ) / 1000 Onde:

RO = requisito de oxigênio (kgO2/d);


a = coeficiente, varia de 1,1 a 1,4 kgO2/kgDBO5;
Q = vazão afluente (m³/d);
S0 = concentração de DBO5 total (solúvel + particulada) afluente (g/m³);
S = concentração de DBO5 solúvel efluente (g/m³);

Aspectos construtivos - Para as lagoas seriadas, aerada de mistura completa seguida de lagoa
de decantação, são aplicadas as mesmas considerações atribuídas para a lagoa facultativa, às
quais se acrescem:

− Na lagoa aerada deverá ser previsto revestimento de fundo e taludes laterais de


maneira a evitar erosão pela ação dos aeradores;
− A mínima densidade de potência a ser considerada na lagoa aerada é de 3,0 W/m³;
− Para a lagoa de decantação deve ser previsto sistema de retirada de lodo acumulado,
de maneira contínua ou intermitente. Também deverá ser prevista a destinação final do
lodo: exportação para outras unidades, leitos de secagem, etc.

5.3.3.2.5 Reator anaeróbio de manta de lodo – UASB

Tratamento preliminar dos esgotos. “Os reatores anaeróbios de alta taxa são projetados com
volumes bem mais reduzidos que nos sistemas anaeróbios convencionais, razão pela qual a
entrada de sólidos não biodegradáveis no sistema é altamente prejudicial ao processo de
tratamento. A acumulação desse material no reator leva à formação de zonas mortas e de
caminhos preferenciais, diminuindo significativamente o volume de biomassa no sistema e a
eficiência do processo de tratamento. Dessa forma, o tratamento de esgotos através de
reatores de alta taxa só é possível, caso o fluxograma da estação de tratamento incorpore,
minimamente, unidades de tratamento preliminar (grades e caixas de areia), destinadas à
remoção dos sólidos grosseiros e dos sólidos inorgânicos sedimentáveis presentes nos
esgotos. Nos projetos mais recentes, tem-se considerado imprescindível a utilização de
dispositivo de remoção de sólidos com aberturas inferiores a 15 mm, e, algumas vezes, de

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 43


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dispositivo de remoção de gorduras, de modo a garantir melhores condições operacionais ao


reator” – (Carlos Augusto de Lemos Chernicharo)

Carga hidráulica volumétrica e tempo de detenção hidráulica:

Q
− CHV = Onde:
V
CHV = carga hidráulica volumétrica (m³/m³.d);
Q = vazão (m³/d);
V = volume total do reator (m³).
1 V
t= ou t= Onde;
CHV Q
t = tempo de detenção hidráulica (d).

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Tabela 4 – Tempos de detenção hidráulica para projeto de reatores UASB

Temperatura do esgoto Tempo de detenção hidráulica (h)


(ºC)
Para Qmédia Para Qmáxima
15 a 18 ≥ 10,0 ≥ 7,0
18 a 22 ≥ 8,0 ≥ 5,5
22 a 25 ≥ 7,0 ≥ 4,5
> 25 ≥ 6.0 ≥ 4,0
Fonte: Carlos Augusto de Lemos Chernicharo

Para projetos de reatores tratando esgotos domésticos, na faixa de temperatura na casa dos
20ºC, deve-se adotar tempos de detenção hidráulica na faixa de 8 a 10 horas, para a vazão
média. Para a vazão máxima, o tempo de detenção não deve ser inferior a 4 horas, e os picos
de vazão máxima não deverão prolongar por mais de 4 a 6 horas.

Carga orgânica volumétrica: A carga orgânica volumétrica é definida como a quantidade de


matéria orgânica aplicada diariamente por unidade de volume do reator.

Q × S0
− Cν = , onde:
V
Cν = carga orgânica volumétrica (kgDQO/m³.d);
Q = vazão afluente (m³/d);
S0 = concentração de substrato afluente (kgDQO/m³);
V = volume total do reator (m³),

Para reatores tratando esgoto doméstico, cuja concentração de matéria orgânica é considerada
bastante baixa, a carga orgânica volumétrica situa-se na faixa de 2,5 a 3,5 kg DQO/m³.d).

Velocidade superficial do fluxo: Define-se velocidade superficial do fluxo como a razão entre a
vazão afluente e a seção transversal do reator.

Q
− ν= Sendo:
A
ν = velocidade superficial do fluxo ou velocidade ascensional (m/h);

Q = vazão (m³/h);
A = área da seção transversal do reator (m²).

Para o tratamento de esgotos domésticos recomendam-se as seguintes velocidades


superficiais de fluxo:

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Tabela 5 – Velocidades superficiais recomendadas para o projeto de reatores


UASB, tratando esgotos domésticos.

Vazão afluente Velocidade superficial (m/h)

Vazão média 0,5 a 0,7


Vazão máxima ≤ 1,1
Picos temporários ≤ 1,5
Fonte: Carlos Augusto de Lemos Chernicharo

Altura do reator: Reatores UASB, tratando esgotos domésticos, desenvolvem


predominantemente lodo tipo floculento. As velocidades ascensionais impostas ao sistema
conduzem a reatores com alturas úteis entre 4.0 e 5,0 m, assim considerados:
− altura do compartimento de decantação: 1,5 a 2,0 m;
− altura do compartimento de digestão: 2,5 a 3,5 m.

Sistema de distribuição do afluente:

− o diâmetro dos tubos de distribuição deve proporcionar uma velocidade descendente do


esgoto inferior a 0,20 m/s. A experiência prática tem indicado que tubos de distribuição
com diâmetros de 75 mm e 100 mm atendem satisfatoriamente este requisito;
− os tubos de distribuição devem ser terminados em bocais, com diâmetros aproximados
de 40 a 50 mm, para proporcionarem aumento de velocidade junto ao lançamento e
evitarem deposição de material;
− as extremidades inferiores dos tubos de distribuição devem distar cerca de 10 a 20 cm
da laje de fundo dos reatores;
− a área de influência de cada distribuidor deve estar situada na faixa de 2,0 a 3,0 m².

Separador trifásico:

− A taxa de liberação do biogás deverá estar compreendida entre a mínima de 1,0


m³gás/m².h e máxima de 3.0 a 5.0 m³gás/m².h. O cálculo da taxa de liberação de biogás
é feito pela expressão:

Qbiogás
Kg = Onde:
Ai
Kg = taxa de liberação de biogás (m³/m².h);
Qbiogás = produção volumétrica de biogás (m³/h);
Ai = área da interface líquido-gás (m²).

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− a largura da parte superior do separador trifásico deve ser igual ou superior a 0,25 m;
− devem ser empregados materiais impermeáveis ao gás e resistentes à corrosão;
− os compartimentos de digestão e de decantação devem ser separados por defletores
para que os gases sejam direcionados para a câmara de gases e não para a de
decantação. Estes defletores deverão apresentar trespasse mínimo de 0,10m;
− as paredes do compartimento de decantação deverão apresentar inclinação mínima de
45º, ideal e mais recomendável de 50º;
− a profundidade mínima do compartimento de decantação deverá ser de 1,50 m, sendo
pelo menos 0,30 m com parede vertical;
− as taxas de aplicação superficial e tempos de detenção hidráulica no compartimento de
decantação deverão estar de acordo com a tabela 6, a seguir:

Tabela 6 – Taxas de aplicação superficial e tempos de detenção hidráulica no


compartimento de decantação

Taxa de aplicação superficial Tempo de detenção hidráulica


Vazão afluente
(m/h) (h)

Vazão média ≤ 0,8 ≥ 1,5


Vazão máxima ≤ 1,2 ≥ 1,0
Picos temporários ≤ 1,5 ≥ 0,6
Fonte: Carlos Augusto de Lemos Chernicharo

− as velocidades através das aberturas de passagem para a câmara de decantação


deverão situar-se conforme tabela 7, a seguir:

Tabela 7 – Velocidades através das aberturas de passagem para o decantador

Vazão afluente Velocidade (m/h)

Vazão média ≤ 2,5


Vazão máxima ≤ 4,0
Picos temporários < 5,5
Fonte: Carlos Augusto de
Lemos Chernicharo

− eficiências de reatores UASB:


(
E DQO = 100 × 1 − 0,68 × t −0,35 ) Onde:

EDQO = eficiência do reator UASB, em termos de remoção de DQO (%);


t = tempo de detenção hidráulica (h);
0,68 e 0,35 = constantes empíricas.

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(
E DBO = 100 × 1 − 0,70 × t −0,50 ) Onde:

EDBO = eficiência do reator UASB, em termos de remoção de DBO (%);


t = tempo de detenção hidráulica (h);
0,70 e 0,50 = constantes empíricas.

Na prática, para efeito de dimensionamento de unidades de pós-tratamento de reatores UASB


deve-se adotar a eficiência máxima de 70% na remoção de DBO e DQO.

Produção, coleta e destinação do biogás: A determinação da parcela de DQO convertida em


gás metano pode ser feita, como a seguir.

− DQOCH 4 = Q × (S 0 − S ) − Yobs × Q × S 0 Onde:

DQOCH4 = carga de DQO convertida em metano (kgDQOCH4/d);


Q = vazão do esgoto afluente (m³/d);
S0 = concentração de DQO afluente (kgDQO/m³);
S = concentração de DQO efluente (kgDQO/m³);
Yobs = coeficiente de produção de sólidos no sistema, em termos de DQO (0,11 a 0,23
kgDQOlodo/kgDQOaplicada). Na prática adotam-se valores compreendidos entre 0,15 e
0,18;

A conversão da massa de metano (kgDQOCH4/d) em produção volumétrica (m³CH4/d) pode


ser obtida pelas expressões:

DQOCH 4 P × K DQO
− QCH 4 = f (T ) = Onde:
f (T ) R × (273 + T )
QCH4 = produção volumétrica de metano (m³/d);
f(T) = fator de correção para a temperatura de operação do reator (kgDQO/m³;
P = pressão atmosférica (1 atm);
KDQO = DQO correspondente a um mol de CH4 (64 gDQO;mol);
R = constante dos gases (0,08206 atm.L/mol.K);
T = temperatura operacional do reator (ºC).

A produção volumétrica de biogás pode ser estimada, para o caso de tratamento de


esgotos domésticos, considerando o teor de metano no biogás como sendo de 70 a 80%.

QCH 4
Qbiogás =
0,70(0,80 )

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O biogás resultante do processo de digestão anaeróbia deverá ser coletado na parte


superior do separador trifásico e encaminhado para queimadores de gases. No caso de
unidades de maior porte, o sistema de coleta e transporte do biogás deve contemplar
dispositivos de segurança, como: válvula corta-chama, manômetro, válvula de alívio de
pressão e vácuo, tanque de pressurização e sedimentação, medidor de vazão e queimador.

Produção e retirada de escuma: A acumulação de escuma pode ocorrer no interior do


separador trifásico e na superfície do decantador. Para a retirada da escuma acumulada no
interior do separador trifásico, o projeto deverá prever canaletas de recolhimento e descarga,
afixadas na parte superior do separador. A produção no interior do decantador é considerada
pequena e, portanto, será considerada sua retirada juntamente com o efluente tratado. Para
tanto as canaletas de coleta do efluente não deverão possuir anteparo de sobrenadantes;

Produção, amostragem e retirada de lodo: A estimativa da produção de lodo em reatores UASB


pode ser feita através da seguinte equação:

− Plodo = Y × C DQO Onde:

Plodo = produção de sólidos no sistema (kgSST/d);


Y = coeficiente de sólidos no sistema (kgSST/kgDQOaplicada);
CDQO = carga de DQO aplicada ao sistema (kgDQO/d).

Os valores de Y, para esgotos domésticos, são da ordem de 0,10 a 0,20 kgSST/dgDQOapl.

A avaliação da produção volumétrica de lodo pode ser feita a partir da seguinte equação:

Plodo
− Vlodo = Onde:
γ × C lodo
Vlodo = volume de lodo (m³/d);
γ = massa específica do lodo (da ordem de 1020 a 1040 kg/m³);

Clodo = concentração do lodo (%) (da ordem de 3 a 5%).

Sistema de amostragem de lodo: Todo reator UASB deverá ser dotado de tubulações para
amostragem de lodo a profundidades variadas. As amostragens poderão ser a cada
aproximados 50 cm do fundo até a altura do defletor de gases;

Sistema de descarte de lodo: O descarte de lodo deverá ocorrer a duas profundidades


distintas: uma com tomada a 0,30 m do fundo e outra a cerca de 1,00 a 1,50 m do fundo. A
tubulação de descarte de lodo deverá apresentar diâmetro mínimo de 150 mm.

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5.3.3.2.6 Pós-tratamento de efluente de reator UASB por FBP de alta taxa.

O filtro biológico percolador – FBP constitui-se numa das variáveis de sistemas de reatores
aeróbios com biofilme. Nestas diretrizes serão apenas contemplados os critérios de
dimensionamento do Filtro Biológico Percolador de Alta Taxa, por ser a modalidade mais
amplamente empregada pela COPASA. Não se descarta a utilização de outras variantes do
processo, notadamente para pequenas unidades, sobretudo, pré-fabricadas. Um filtro biológico
percolador é consistido por um tanque preenchido com material de elevada permeabilidade
(pedras, ripas ou material plástico), sobre o qual os esgotos são lançados sob a forma de
aspersão, na camada superior. Os esgotos escoam (percolam) em direção ao dreno de fundo,
mantendo íntimo contato com o meio poroso. Este contato permite o surgimento de uma
película bacteriana fixa na superfície do enchimento poroso, denominada biofilme. O esgoto
passa sobre o biofilme, promovendo o contato entre o material orgânico e os microorganismos
aderidos. Os filtros biológicos são reatores aeróbios, pois o ar circula nos espaços vazios do
material de enchimento, fornecendo o oxigênio para a respiração dos microorganismos. A
aeração do meio é usualmente natural, sem qualquer equipamento. Na medida em que a
biomassa cresce na superfície do material de enchimento, os espaços vazios tendem a
diminuir e, consequentemente, a velocidade de escoamento aumenta. Ao atingir um
determinado valor, esta velocidade causa uma tensão de ruptura, desalojando parte do
material aderido. Assim, tem-se um processo natural de controle da população bacteriana. O
biofilme desalojado (lodo) deve ser removido nos decantadores secundários, como forma de
diminuir o nível de sólidos em suspensão no efluente final. O lodo não é suficientemente
estabilizado para ser encaminhado para um processo de desaguamento. Terá que ser enviado
para uma unidade de digestão (no caso retorna para o reator UASB).

Tipos de filtros biológicos percoladores - São classificados de acordo com a carga hidráulica ou
da carga orgânica aplicadas:
− filtro biológico de baixa taxa;
− filtro biológico de taxa intermediária;
− filtro biológico de alta taxa;
− filtro biológico de taxa super alta;
− filtro biológico grosseiro.

Critérios e parâmetros de projeto - Os critérios e parâmetros a seguir referidos são específicos


para os filtros biológicos de alta taxa e como pós-tratamento para reatores anaeróbios UASB.

− Taxa de aplicação superficial. A taxa de aplicação superficial refere-se à quantidade de


esgotos aplicados diariamente ao FBP, por unidade de área do meio suporte.

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 50


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Q
qs = Sendo:
A
qs = taxa de aplicação hidráulica superficial (m³/m².d);
Q = vazão média afluente ao FBP (m³/d);
A = área superficial do meio suporte (m²).

Tem-se observado que os FBP como pós-tratamento de reatores UASB, são capazes
de produzir efluentes que atendem aos padrões de lançamento estabelecidos pelos
órgãos ambientais, em termos de concentração de DBO e sólidos suspensos, quando
operados com taxas de aplicação superficial máximas da ordem de 20 a 30 m³/m².d. É
bastante usual a adoção da taxa de 18 m³/m².d.

− Carga orgânica volumétrica. A carga orgânica volumétrica refere-se à quantidade de


matéria orgânica aplicada diariamente ao filtro biológico, por unidade de volume do
meio suporte.

Q méd × S 0
Cν = Sendo:
V
C ν = carga orgânica volumétrica (kgDBO/m³.d);
Qméd = vazão média afluente ao FBP (m³/d);
S0 = concentração de DBO do esgoto afluente ao FBP (kgDBO/m³) = concentração do eflue
nte do reator UASB;
V = volume ocupado pelo meio suporte (material de enchimento).

Pesquisas realizadas, têm indicado que os FBP são capazes de produzir efluentes que
atendem aos padrões de lançamento estabelecidos pelos órgãos ambientais, em termos de
concentração de DBO, quando os mesmos são operados com cargas orgânicas
volumétricas máximas da ordem de 0,5 a 1,0 kgDBO/m³.d.

Sistema de distribuição: A eficiência do tratamento dos filtros, o crescimento do biofilme e a


eliminação da biomassa em excesso estão diretamente relacionados com uma distribuição
contínua e uniforme do afluente sobre a área superficial. A distribuição pode ser conseguida
por sistemas fixos ou rotatórios. Os sistemas fixos são passíveis de utilização em pequenas
unidades. Para médias e grandes unidades deverá ser utilizado o sistema rotatório de
distribuição;

Material de enchimento: O enchimento dos FBP é usualmente feito com brita gnáissica 4, com
diâmetro entre 5 e 8 cm, excluídas as pedras planas e chatas. A utilização de outro material

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 51


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

como pedregulho (seixo rolado), escória de alto forno ou módulos plásticos deverá ter
aprovação prévia por parte da equipe técnica da COPASA. Para o caso específico de serem
adotados módulos plásticos, deverão ser revistas a taxas de aplicação superficial e carga
orgânica volumétrica conforme o produto a ser adquirido. Quando da utilização de brita 4
gnáissica, a altura do enchimento não deverá ultrapassar 2,50 m (ideal 2,20 m) pela dificuldade
em estruturar a laje de sustentação (fundo falso);

Sistema de drenagem de fundo: O sistema de drenagem do FBP consiste de uma laje


perfurada (fundo falso) para sustentação do material de enchimento, uma laje de fundo,
propriamente dita, e canaletas de escoamento. A laje de fundo deverá apresentar panos com
declividade entre 1 e 5% para as canaletas de recolhimento. Estas deverão ser dimensionadas
para proporcionar uma velocidade mínima de 0,60 m/s, para a vazão média de alimentação do
FBP. O sistema de drenagem de fundo deverá apresentar aberturas para possibilitar a
inspeção e a eventual limpeza com jatos de água.

Ventilação: Os filtros biológicos percoladores são reatores aeróbios. Portanto, é importante que
sejam mantidas as condições aeróbias necessárias. Se projetadas passagem adequadas para
o ar, a diferença térmica entre o ar e o líquido é considerada suficiente para produzir a aeração
natural necessária. Para se ter uma aeração natural eficiente são adotados os seguintes
procedimentos de projeto;
− Deve-se prever poços de ventilação ao longo do perímetro do FBP. Pode-se adotar um
fosso contínuo, poços intercalados ou tubulação na linha periférica do material de
enchimento. Recomenda-se um mínimo de dois poços, nas extremidades do canal
central de drenagem. A área mínima de ventilação a ser conseguida pelos poços
deverá ser equivalente a 1% (recomendável adotar 5%) da superfície do FBP;
− A laje perfurada de sustentação do material de enchimento deverá apresentar área
vazada total equivalente a 15% da área superficial do FBP, no mínimo;
− Quando utilizadas grelhas de fechamento nos poços de ventilação, a área mínima livre
deverá ser de 1,00 m² para cada 250 m² de área superficial de FBP.

Eficiência de remoção de DBO em FBP: Os modelos matemáticos para avaliação da eficiência


de remoção de DBO em filtros biológicos aplicados ao pós-tratamento de reatores UASB são
ainda limitados. Na prática, tem-se verificado a obtenção de eficiência de até 65%. É usual
admitir eficiência entre 50 e 60% da remoção da DBO ou efluentes com concentração de 30
mgDBO/L, quanto tratando esgotos domésticos.

Produção de lodo: A avaliação da produção de lodo em FBP percoladores pode ser feita pela
equação:

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Plodo = Y × DBO removida Onde:


Plodo = produção de lodo no FBP (kgSST/d);
Y = coeficiente de produção de lodo no FBP (kgSST/kgDBOremovida);
DBOremovida = massa de DBO removida no FBP (kgDBO/d).
Valores de Y: 0,8 a 1,0 kgSST/kgDBOremovida
Relação SSV/SST: 0,75 a 0,85.

A avaliação da produção volumétrica, retirada dos decantadores secundários, pode ser feita
pela equação:

Plodo × E f
Vlodo = Sendo:
γ×C
Vlodo = volume de lodo (m³/d);
Plodo = produção de lodo no FBP (kgSST/d);
Ef = eficiência de sedimentação no decantador secundário (0,90 a 0,95);
γ = densidade do lodo (da ordem de 1.000 a 1.040 kg/m³);
C = concentração do lodo removido do decantador secundário (na faixa de 1 a 2%).

Estabilização do lodo do FBP: Devido ao trabalho com altas taxas, o lodo produzido no FBP
não se mostra adequado para envio aos leitos de secagem ou desaguamento mecânico.
Deverá ser estabilizado e, para tanto, encaminhado para os reatores UASB e posteriormente
descarregado juntamente com o lodo do reator. A avaliação volumétrica do lodo originário do
FBP, e descartado do UASB, pode ser obtida pela expressão:

Plodo × E f
Vlodo = × (1 − R × Pr ) Onde:
γ UASB × C UASB

V = volume de lodo a ser descarregado do reator UASB e procedente do FBP (m³/d);


Ef = eficiência de remoção do decantador secundário ( ≅ 0,95);
Plodo = produção de lodo no filtro biológico (kgSST/d);
R = relação SSV/SST do lodo produzido no FBP;
Pr = percentual de redução dos sólidos voláteis do lodo do FBP no reator UASB ( ≅ 0,20 );
γ UASB = densidade do lodo de descarte do UASB ( ≅ 1.020 kg/m³);
CUASB = concentração do lodo de descarte do UASB (3 a 4%).

Admitindo-se os parâmetros e taxas mais corriqueiras pode-se avaliar:

Plodo × 0,95 × (1 − 0,75 × 0,20 )


Vlodo = = Plodo × 0,02
1.020 × 0,04

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5.3.3.2.7 Decantadores secundários pós FBP

Critério de dimensionamento:

Os decantadores secundários pós filtros biológicos percoladores são dimensionados pela taxa
de aplicação superficial. A tabela 8 apresenta os valores recomendados para projeto.

Tabela 8 – Taxas de aplicação superficial para projeto de decantadores secundários após FBP

Taxa de aplicação superficial (m³/m².dia)


Nível de Tratamento
para Qmédia para Qmáxima
DBO = 20 a 30 mg/L – sem nitrificação 16 a 32 40 a 48
DBO ≤ 20 mg/L – com nitrificação 16 a 24 32 a 40

Usualmente, tem-se adotada a taxa de 24 m³/m².dia.

Aspectos construtivos:

• Os decantadores secundários podem ter sistemas de remoção do lodo mecanizado ou


por pressão hidrostática (carga hidráulica). Para pequenas comunidades poderá ser
adotado o sistema por pressão hidrostática – decantador tipo Dortmund. Para sistemas
maiores deverá ser adotada a unidade com raspador mecanizado, preferencialmente de
seção circular e com mecanismo de tração periférica;
• Os equipamentos de remoção de lodo deverão ser dotados de raspadores superficiais
para materiais flotados (remoção da escuma);
• A altura mínima do decantador, quando mecanizado, junto à parede lateral, deverá ser
de 2,00 m (conforme NBR 12.209);
• O dispositivo de remoção deverá apresentar velocidade periférica inferior a 40 mm/s
(conforme NBR 12.209);
• A taxa de escoamento, através do vertedor de saída do decantador, deve ser igual ou
inferior a 380 m³/m.d (conforme NBR 12.209);
• Os vertedores de saída deverão ser providos de anteparo para retenção da escuma;
• Quando do detalhamento do decantador, deverá ser consultado o catálogo de
fornecedor idôneo para adequação e compatibilização da estrutura com equipamento,
de maneira a ser adquirido produto standart;
• Para projeto de decantador com remoção de lodo por carga hidrostática, tipo Dortmund,
deverão ser observados:
• O formato em planta poderá ser circular ou quadrado com poço de lodo único tronco-
cônico ou tronco-piramidal de base menor também quadrada. As paredes inclinadas

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deverão apresentar relação 1,5 na vertical para 1,0 na horizontal. O diâmetro ou a


diagonal do quadrado não deverá ultrapassar 7,0 m;
• A lâmina de água acima do tronco de cone ou do tronco de pirâmide não deverá ser
inferior a 0,50 m;
• O volume do decantador a ser considerado será o compreendido entre o NA e o nível
ditado pelo terço superior do tronco de cone ou do tronco de pirâmide, ou seja, os
dois terços inferiores serão considerados depósito de lodo;
• A carga hidrostática mínima para a remoção do lodo deverá ser de 5 (cinco) vezes a
perda de carga na tubulação de retirada de lodo e não inferior a 1,0 m;
• A tubulação de retirada de lodo deverá permitir a inspeção visual da boca de saída;
• As válvulas a serem instaladas nas bocas de saída das tubulações de retirada de lodo
deverão ser adequadas para regulagem de fluxo (por exemplo, diafragma).
• O número de decantadores em paralelo deverá ser tal que otimize e compatibilize os
aspectos técnicos e econômicos em função das unidades de FBP que os precedem.
Um mínimo de duas unidades é recomendável. Para decantadores tipo Dortmund, para
os quais uma maior área repercute em maior profundidade, deverão ser analisados os
perfis geológicos do terreno e consideradas as dificuldades construtivas.

Considerações sobre lay-out: A adoção do número de unidades em paralelo que deverá


compor um lay-out para as diversas etapas do tratamento está relacionada ao porte do
sistema, à confiabilidade das unidades e à projeção populacional. Quanto ao porte do sistema
adotam-se unidades em paralelo visando à limitação das estruturas de concreto armado e
oferta de equipamentos padronizados pelos fabricantes. O estudo da projeção populacional
sinaliza a possibilidade de implantação do sistema por etapas, reduzindo os investimentos
numa primeira fase. A confiabilidade de uma unidade está diretamente ligada ao processo e ao
grau de mecanização que apresenta. A análise destas condicionantes será de
responsabilidade da projetista que deverá, com participação com técnicos da COPASA, definir
o melhor lay-out para a ETE. Cabe aqui orientar um sistema desejável para as interligações
entre unidades:

− Para até 3 (três) unidades em paralelo. Os efluentes de cada etapa do tratamento


deverão ser reunidos em caixa divisora de vazão e equipartidos para as unidades das
etapas subsequentes, possibilitando através de válvulas, comportas, etc. a retirada de
uma das unidades de operação para eventuais intervenções corretivas ou de
manutenção;
− Para número igual ou maior que 4 (quatro) pode-se proceder: os efluentes tratados dos
reatores UASB serão reunidos e divididos para os filtros biológicos percoladores.

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Sequencialmente e para cada filtro biológico será adotado um decantador secundário. A


necessidade de paralisação de um filtro biológico implica na ociosidade de um
decantador secundário também;
− A caixa de reunião dos efluentes dos reatores UASB deverá possibilitar o lançamento
direto no corpo receptor, sem o concurso do pós-tratamento (by-pass do pós-
tratamento).

5.3.3.2.8 Pós-tratamento de efluente de reator UASB por reator de lodos ativados.

Os reatores de lodos ativados empregados como pós-tratamento de reatores UASB constitui a


variante modalidade aeração convencional (idade do lodo convencional). A etapa primária do
tratamento é feita no reator anaeróbio UASB. Também o lodo aeróbio excedente, ainda não
estabilizado, é enviado para o reator anaeróbio. Portanto, esta configuração de tratamento
dispensa os decantadores primários e digestores de lodo, mesmo empregando a modalidade
aeração convencional.

Critérios e parâmetros de projeto do reator UASB: O envio de lodo aeróbio para estabilização
na câmara de reação do UASB acrescenta uma carga poluidora da ordem de 10% da carga do
esgoto bruto e acréscimo volumétrico bastante insignificante. Como os reatores UASB,
tratando esgotos domésticos, são dimensionados prioritariamente pelo tempo de detenção
hidráulica, não haverá mudança no critério de dimensionamento. Também é bom esclarecer
que, eventual e temporariamente, os reatores de lodos ativados poderão necessitar, para suas
atividades bacterianas, de um substrato mais rico em nutrientes. Neste caso será desviada
parte do esgoto bruto afluente diretamente para o reator de lodos ativados, diminuindo a carga
do reator UASB;

Critérios e parâmetros de projeto do reator de lodos ativados: O dimensionamento do reator de


lodos ativados como pós-tratamento de reatores UASB segue a mesma metodologia e
formulação do dimensionamento de um reator de lodos ativados convencional. Entretanto,
deve-se considerar valores menores de SSTA (X) para evitar tempos de detenção próximos ou
inferiores a 2 horas, sobretudo porque o coeficiente de produção celular (Y) é mais baixo,
dadas as características do afluente do UASB. Na sequência são apresentados os principais
parâmetros cinéticos e estequiométricos aplicados no dimensionamento do reator de lodos
ativados para pós-tratamento de reatores UASB.

- Tanque de aeração

− idade do lodo ( θ ) ............................................................................................... 6 a 10 d


− coeficiente de produção celular (Y) .................................. 0,50 a 0,60 mgSSV/mgDBOr

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− sólidos suspensos voláteis no reator – SSVTA (XV) ...................... 1.100 a 1.500 mg/L
− sólidos suspensos totais no reator – SSTA (X) ................................ 1.500 a 2.000 mg/L
− relação SSV/SS (XV / X) ............................................................................... 0,75 a 0,77
− Relação A/M ................................................................. 0,25 a 0,40 kgDBO/kgSSVTA.d

- Decantador secundário

− taxa de escoamento superficial (Q/A) .................................................... 24 a 36 m³/m².d


− taxa de aplicação de sólidos [(Q + Qr).X / A] ................................. 100 a 140 kgSS/m².d
− altura da parede lateral ....................................................................................... 3 a 4 m
− razão de recirculação ........................................................................................ 0,6 a 1,0
− concentração do lodo de recirculação ............................................... 3.000 a 5.000 mg/L

Aspectos construtivos: (segundo METCALF & EDDY, 1991; WEF/ASCE, 1992; VON
SPERLING, 1997).

− O comprimento e a largura do reator devem permitir uma distribuição homogênea dos


aeradores na superfície do tanque;
− Os reatores devem ser preferencialmente retangulares;
− A profundidade útil do reator encontra-se dentro da seguinte faixa: 3,0 a 4,50 m
(aeração mecânica) e 4,5 a 6,0 (ar difuso);
− A profundidade do reator deve ser estabelecida em conformidade com o aerador a ser
adotado (consultar catálogo do fabricante);
− A borda livre do reator deve ser em torno de 0,50 m;
− As dimensões em planta devem ser estabelecidas em função do regime hidráulico
selecionado, e devem ser compatíveis com as áreas de influência dos aeradores (zona
de aeração e zona de mistura completa);
− Para estação com vazão máxima superior a 250 L/s, deve-se ter mais de um reator;
− Usualmente os reatores são de concreto amado com paredes verticais mas, sempre
que possível, deve-se analisar a alternativa de tanques com paredes taludadas e
revestidas (paredes mais delgadas ou argamassa armada);
− Caso haja mais de uma unidade, podem-se utilizar paredes comuns entre as mesmas;
− Os aeradores de baixa rotação devem ser apoiados em passarelas. Os aeradores
mecânicos de alta rotação serão apoiados em flutuadores e ancorados nas paredes
laterais por cabos;
− Os aeradores mecânicos podem ter a capacidade de oxigenação controlada por meio
de variação da submergência do hélice (variação do nível do vertedor de saída ou do
eixo do aerador), da velocidade dos aeradores, ou por liga e desliga dos aeradores;

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 57


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

− A aeração por ar difuso pode ter a capacidade de oxigenação controlada por meio de
ajuste das válvulas de saída dos sopradores, das válvulas de entrada nos reatores ou
sopradores de velocidade variável;
− A entrada o afluente submersa evita o desprendimento do gás sulfídrico presente no
efluente do reator anaeróbio;
− A saída do reator deve ser por vertedores colocados na extremidade oposta à da
entrada. Deve permitir a regulagem de nível no interior do reator;
− Caso haja mais de uma unidade, os arranjos de entrada e saída devem permitir o
isolamento e uma unidade para eventual manutenção;
− Deve-se prever by-pass ao reator UASB, possibilitando a introdução de até cerca de
30% a 50% da vazão do esgoto bruto diretamente no tanque de aeração. Este by-pass
pode ser utilizado como medida de proteção ao reator UASB, bem como com o intuito
de fornecer maior quantidade de matéria orgânica ao sistema de lodos ativados
(eventual aumento da biomassa, aumento da capacidade de floculação ou fornecimento
de carbono orgânico para desnitrificação);
− Devem-se dar condições de quebra da escuma eventualmente formada, por meio de
mangueiras ou aspersores, e de encaminhamento da mesma para caixas de escuma ou
para os decantadores secundários;
− Deve-se prever a possibilidade de drenagem do tanque para eventual esvaziamento,
por meio de bombas ou por descargas de fundo;

Decantador retangular:
− A distribuição da vazão afluente deve ser homogênea, de forma a evitar velocidades
horizontais excessivas e curtos-circuitos hidráulicos;
− A profundidade útil do tanque deve situar-se entre 3.0 e 4,5 m;
− A relação comprimento / largura deve ser igual ou superior a 3,0;
− A relação comprimento / profundidade não deve exceder o valor de 10 a 15;
− Caso a largura de um tanque exceda 6 m, podem-se adotar coletores de lodo múltiplos,
de forma a permitir uma largura de até 24 m;
− O mecanismo coletor de lodo deve possuir uma elevada capacidade, de forma a evitar
caminhos preferenciais do líquido pelo lodo, devendo também ser robusto, de maneira a
transportar e remover lodos mais densos acumulados durante interrupções da
operação;
− Os mecanismos de remoção do lodo mais comuns são: raspador com ponte móvel,
raspador com correntes submersas e removedores por sucção. Os mecanismos de
raspagem transportam o lodo pra um ou mais poços na extremidade de entrada do
tanque.

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 58


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

Decantador circular
− A profundidade útil do tanque (parede lateral) deve situar-se entre 3,0 e 4,5 m;
− A relação diâmetro / profundidade lateral não deve exceder o valor de 10;
− A remoção do lodo pode ser por raspadores rotatórios, que dirigem o lodo para um poço
no centro do tanque, ou por mecanismos de sucção apoiados em pontes rotatórias;
− O fundo do tanque deve possuir uma declividade em torno de 1:12, no caso de remoção
do lodo por raspadores, ou ser aproximadamente plana, no caso de remoção por
sucção.

5.3.3.2.9 Pós-tratamento de efluente de reatores UASB por lagoas de estabilização.

As lagoas de estabilização representam uma alternativa bastante atraente para o pós-


tratamento de efluentes de reatores UASB, por manterem para o sistema todo a mesma
simplicidade conceitual inerente aos reatores anaeróbios. O emprego de lagoas de
estabilização pós reatores anaeróbios vem contribuir para a remoção adicional de DBO, para a
remoção de nutrientes e remoção de patogênicos. Para a remoção adicional de DBO as lagoas
facultativas apresentam bom desempenho. O dimensionamento da lagoa passa a ser para uma
carga da ordem de 20% a 40% da carga do esgoto bruto. Os sistemas de tratamento anaeróbio
são pouco removedores de nutrientes. Também as lagoas facultativas não são eficientes na
remoção de N e P. Caso a remoção destes nutrientes seja necessário poder-se-á empregar
outra modalidade de lagoa, de maturação ou polimento. Ainda, os reatores anaeróbios, pelos
baixos tempos de detenção hidráulica, apresentam baixa taxa de decaimento bacteriano
(remoção de patogênicos). Neste sentido, as lagoas de maturação podem contribuir
substancialmente.

Sobre as denominações: As lagoas fotossintéticas sempre foram largamente utilizadas como


pós-tratamento de lagoas anaeróbias, de menor eficiência que os atuais reatores anaeróbios
de manta de lodo. Dada à necessidade de complementar-se a remoção da DBO priorizava-se o
emprego de lagoas facultativas, estas dimensionadas com taxas mais conservadoras, sabido
que a DBO remanescente das lagoas anaeróbias apresenta maior grau de dificuldade para a
estabilização. Quando além da redução da carga orgânica buscava-se a redução de nutrientes
e patogênicos, as lagoas facultativas eram seguidas de lagoas denominadas de maturação. A
elevada eficiência dos reatores anaeróbios de manta de lodo – UASB, da ordem de até 80%,
caracterizam um efluente tratado de baixa concentração de DBO. De tal fato advém que o
dimensionamento do pós-tratamento por lagoa fotossintética tem seu tempo de detenção
mínimo determinado pela necessidade da remoção de patogênicos. Por este motivo, tem-se

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 59


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

adotado a nomenclatura “Lagoa de Polimento” para denominar as lagoas de pós-tratamento de


sistemas anaeróbios de alta eficiência.

Critérios para dimensionamento: A resolução CONAMA nº. 357, de 17/03/05 não explicita limite
para os coliformes dos efluentes tratados. No entanto, ela estabelece padrões de qualidade
para o corpo receptor, que são função da classe a que o mesmo pertence. Segundo a
resolução CONAMA n.º 357/05, os padrões de coliformes termotolerantes (em organismos por
100 mL) para os corpos d’água são:

Uso Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4


Recreação de contato primário Obs. 1 Obs. 1 Obs. 1 Obs. 1
Outros usos 200(2) 1.000(2) 4.000(2) -

Observações:

1. Os padrões de coliformes termotolerantes para águas destinadas à balneabilidade


(recreação de contato primário) são definidos pela Resolução CONAMA n.º 274/2000, e
classificados como “Excelente” (≤250/100mL em 80% das amostras das últimas cinco
semanas); “Muito Boa” (≤500/100mL em 80% das amostras das últimas cinco semanas); e
“Satisfatória” (≤1.000/100mL em 80% das amostras das últimas cinco semanas);

2. Os padrões de coliformes termotolerantes indicados referem-se a 80% ou mais de 6 (seis)


amostras coletadas em um ano, com frequência bimestral.

Tratando-se de efluente tratado a ser utilizado diretamente em irrigação irrestrita, para culturas
que possam apresentar risco de contaminação, os valores recomendados, segundo a
Organização Mundial de Saúde (WHO, 1989), são:

− Ovos de helmintos: 1 ovo/L


− Coliformes fecais: 1.000/100 ml.

Para atendimento aos padrões acima, são necessárias eficiências de remoção de coliformes
da ordem de 3 a 4 log (99,9 a 99,99%). Para a obtenção destas elevadas eficiências, as lagoas
de polimento devem apresentar uma das duas configurações:

− Células em série (preferencialmente 3 ou mais)


− Fluxo em pistão (percurso preferencialmente longitudinal, que pode ser obtido numa
lagoa com chicanas, que direcionam um percurso em zig-zag).

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 60


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

As lagoas de polimento são usualmente projetadas com reduzidas profundidades, de maneira a


maximizar os efeitos bactericidas da luz solar, bem como da fotossíntese, resultando na
elevação do pH. Valores comumente adotados vão de 0,80 m a 1,50 m.

− Tempo de detenção. O tempo de detenção mínimo numa lagoa de polimento deverá ser
de 3 (três) dias. Para lagoas seriadas, cada unidade deverá apresentar o tempo mínimo
de 3 dias. Exemplo: quatro lagoas iguais seriadas – tempo de detenção total de 12 dias.

Regime hidráulico e expressão de cálculo. Na prática o regime hidráulico de uma lagoa segue
o fluxo disperso. A contagem dos coliformes afluentes pode ser obtida pela expressão:

1
4a.e 2. d
N = N0 . a −a
, sendo:
(1 + a) .e2 2. d
− (1 − a ) .e
2 2. d

a = 1 + 4.K b .t.d

d=
(L B)
− 0,261 + 0,254.(L ) + 1,014.(L )
2

B B
N0 = contagem de coliformes no afluente (NMP/100 ml);
N = contagem de coliformes no efluente (NMP/100 ml);
Kb = coeficiente de decaimento bacteriano (0,3 a 0,8 d-1);
t = tempo de detenção (d);
d = número de dispersão;
L = comprimento da lagoa (m);
B = largura da lagoa (m);
n = número de divisórias internas na lagoa.

O cálculo da relação L/B para uma lagoa com divisórias internas (chicanas) pode ser
aproximado através de:

− Divisórias paralelas à largura B

L B
.(n + 1)
2
=
B L

− Divisórias paralelas ao comprimento L

L L
.(n + 1)
2
=
B B

5.3.3.2.10 Pós-tratamento de efluente de reatores UASB por disposição no solo.

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 61


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

Existem diversos métodos que utilizam o solo no tratamento e/ou disposição final de esgotos
sanitários. Dentre eles, podem ser citados:

− Infiltração rápida.
− Irrigação.
− Escoamento superficial.
− Infiltração subsuperficial.
− Filtros de areia.
− Valas de filtração.
− Terras úmidas ou alagados.

Critérios e parâmetros de projeto: Como já mencionado, quando da conceituação das


alternativas de pós-tratamento, as modalidades de tratamento embasadas na disposição no
solo padecem de pouca experiência em nosso país e, portanto, são ainda pouco difundidas e
se dispõe de poucos parâmetros específicos para nossa condição climática. Portanto, a adoção
de qualquer modalidade de pós-tratamento que inclua algum dos métodos de disposição no
solo deverá ser previamente acordada com a COPASA, bem como os parâmetros a serem
adotados. No Brasil, apenas o uso de valas de infiltração, para disposição no solo de efluentes
de sistemas de tratamento de esgotos, vem sendo orientado, desde 1963, por normas da
ABNT, sendo sua aplicação mais usual o destino de efluentes de tanques sépticos. Como
bibliografia a ser consultada pode ser citado o trabalho “Disposição de Esgotos no Solo”
(escoamento à superfície) – Wanderley da Silva Paganini – Fundo Editorial da AESABESP –
1997.

5.3.4 Apresentação do Projeto de uma Estação de Tratamento de Esgotos - ETE

De forma geral, o projeto de uma Estação de Tratamento de Esgotos Sanitários - ETE deverá
apresentar:

- Memorial descritivo e justificativo, contendo a definição da concepção do tipo de tratamento


a ser projetado, previamente discutida e aprovada pela COPASA, e os dimensionamentos
de todas as unidades componentes da ETE, incluindo as tubulações de interligação, as
instalações auxiliares, com a perfeita definição de todos os equipamentos e aparelhos
requeridos;
- Planta de situação e de locação da unidade, com definição da área a ser desapropriada,
devidamente amarrada aos marcos do levantamento topográficos;
- Projeto de movimentação de terra na área de interesse, com definição das seções de
terraplenagem e dos volumes de corte e aterro, com definição, quando for o caso, das

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 62


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

jazidas de empréstimo e das áreas de bota-fora, inclusive os levantamentos de campo


necessários ao desenvolvimento do detalhamento das medidas de proteção, tratamento
e/ou recuperação ambiental eventualmente necessárias para tais áreas;
- Projeto arquitetônico das edificações da unidade;
- Projeto detalhado das unidades da ETE, contendo plantas, cortes, detalhes e respectivas
relações de materiais;
- Desenho contendo o fluxograma de processo e o perfil hidráulico, com cotas topográficas;
- Dimensionamento das interligações, caixas de distribuição de vazão, medidores de vazão e
demais equipamentos essenciais ao funcionamento da unidade;
- Projeto detalhado das interligações contendo plantas, cortes e detalhes;
- Projeto detalhado do sistema de alimentação da água de serviço e das instalações
hidráulico-sanitárias das edificações;
- Projeto do sistema para esgotamento/extravasão das unidades da ETE;
- Projeto de urbanização, drenagem pluvial e acesso à área da unidade;
- Descrição topográfica da área a ser desapropriada para implantação da unidade;
- Especificações técnicas dos serviços, materiais e equipamentos;
- Orçamento detalhado dos serviços/aquisições necessárias, o qual deverá ser revisto após a
elaboração do projeto executivo.

Nos casos de definição pela utilização de um projeto padrão de ETE da COPASA ou projeto de
unidade de tratamento pré-fabricada, o projeto de sua instalação deve apresentar:

- Justificativa para a adoção do tipo de tratamento adotado;


- Planta de situação e de locação da unidade, com definição da área a ser desapropriada,
devidamente amarrada aos marcos do levantamento topográficos;
- Projeto de movimentação de terra na área de interesse, com definição das seções de
terraplenagem e dos volumes de bota-fora e empréstimo;
- Projeto de assentamento da unidade padrão ou pré-fabricada;
- Projeto do sistema de esgotamento/extravasão geral da ETE;
- Projeto de urbanização, drenagem pluvial e acesso à área da unidade;
- Adequação do perfil hidráulico às cotas de implantação no terreno;
- Descrição topográfica da área a ser desapropriada para implantação da unidade;
- Especificações técnicas dos serviços, materiais e equipamentos;
- Orçamento detalhado dos serviços/aquisições necessárias, o qual deverá ser revisto após a
elaboração do projeto executivo; contemplando, particularmente para os projetos padrões,
a revisão do item de urbanização (conforme a locação adotada no projeto) e eventuais

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 63


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

modificações necessárias ao assentamento do projeto padrão, bem como a adequação das


relações de materiais, quando requerido.

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 64


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

ANEXO I – ESCOPOS BÁSICOS PARA ELABORAÇÃO DOS ESTUDOS TÉCNICOS


PRELIMINARES DE SISTEMAS DE ESGOTOS SANITÁRIOS (SES’S)

• Relatório de Diretrizes para Desenvolvimento de Projetos,


• Estudo de Alternativas de Implantação, Ampliação e Melhoria de Sistema, e
• Estudo de Concepção de Sistema.

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 65


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

1 – INTRODUÇÃO

Apresentam-se em sequência, os escopos básicos a serem observados no desenvolvimento de


cada um dos Estudos Técnicos Preliminares de Sistemas de Esgotos Sanitários, previstos nas
“Diretrizes para Elaboração de Estudos e Projetos” desenvolvidas pela DPG/SPEG”, a saber:

• Relatório de Diretrizes para Desenvolvimento de Projetos,


• Estudo de Alternativas de Implantação, Ampliação e Melhoria de Sistema, e
• Estudo de Concepção de Sistema.

Tais trabalhos, a integrarem a documentação de determinado projeto, deverão ter sua


elaboração definida em função do tipo e porte do sistema em estudo e em particular das
condições que determinam a definição de sua concepção, conforme anteriormente
estabelecido neste volume, sendo editados de acordo com as instruções contidas no Volume I
– Diretrizes Gerais.

1.1 – Relatório de Diretrizes para Desenvolvimento do Projeto

Este relatório, a ser desenvolvimento para situações de implantação, ampliação e/ou melhorias
de sistemas de esgotos sanitários (SES’s) de pequeno porte e baixa complexidade, em que a
concepção do sistema proposto seja claramente identificável sem necessidade de outros
estudos complementares e/ou estudo de alternativas de solução, deverá ser editado em forma
de relatório e atender ao escopo mínimo a seguir registrado, apresentando:

- a caracterização geral da cidade e do sistema objeto dos estudos,


- a descrição dos sistemas de saneamento existentes, com ênfase para o sistema objeto dos
estudos, incluindo levantamento de dados dimensionais, condições de operação, estado de
conservação e condições de aproveitamento futuro das unidades,
- a apresentação dos elementos e parâmetros para o projeto, abrangendo: estudo
populacional, alcance do projeto, cotas per-capita e coeficientes de projeto, quadro de evolução
das vazões de contribuição e cargas orgânicas, etapallzação proposta, etc.,
- a descrição do(s) corpo(s) receptor(es) a ser(em) utilizado(s) no sistema, incluindo seus
dados de caracterização (vazões, níveis de cheia, velocidades, profundidades, classificação do
curso d’água, etc), fornecidos pela COPASA-DVHD e/ou resultado de estudo hidrológico
específico e pesquisas complementares,
- a descrição da concepção básica do projeto a ser desenvolvido com caracterização e pré-
dimensionamento de suas unidades constitutivas, previstas de aproveitamento e/ou de
implantação, em consonância com os dados levantados no local,

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 66


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

- o planejamento dos levantamentos topográficos necessários de execução para o perfeito


detalhamento do projeto,
- o planejamento dos levantamentos geotécnicos necessários para investigação e
caracterização do sub-solo nas áreas previstas para assentamento de unidades (ou eventual
apoio para escolha de locais de unidades de tratamento, elevatórias e outras unidades), e
- o planejamento dos serviços necessários para a elaboração do projeto de engenharia, com a
estimativa complementar dos mesmos e seus respectivos quantitativos e custos, com base na
Planilha de Serviços da COPASA; e apresentação de cronograma físico de desenvolvimento
das atividades previstas, e
- a estimativa dos custos de implantação das obras compreendendo, a partir da concepção
final determinada para o sistema e suas unidades constitutivas e com base nas Planilhas de
Serviços e Custos da COPASA e/ou curvas de custos, projetos similares, etc., tal que sejam
insumos para a elaboração dos estudos de viabilidade econômica, quando requeridos.
Este relatório deverá ser apresentado com memorial descritivo, justificativo e de cálculo,
acompanhado de desenhos ou croquis ilustrativos da concepção proposta para o sistema e
suas unidades; além de documentário fotográfico do sistema em estudo, com registro dos
pontos e questões de interesse ao projeto.

1.2 – Estudo de Alternativas de Implantação, Ampliação e Melhoria do Sistema

Este estudo de alternativas, a ser desenvolvido para situações de implantação, ampliação e


melhorias de sistemas de esgotos sanitários (SES’s) em que a concepção do sistema proposto
seja identificável, mas apresente a necessidade de outros estudos complementares e/ou
estudo de alternativas de solução, deverá ser editado em forma de relatório e atender ao
escopo mínimo a seguir registrado, apresentando:
- a caracterização da cidade de seus sistemas de saneamento existentes;
- Levantamento de dados
- a caracterização do sistema existente objeto dos estudos, a partir do levantamento de dados
do mesmo, com indicação de suas potencialidades de aproveitamento;
- a definição dos elementos e parâmetros para o projeto, compreendendo: estudo
populacional, alcance do projeto, cotas per-capita e coeficientes de projeto, quadro de
evolução das vazões de contribuição e cargas orgânicas, etapalização proposta, etc.,
- a estruturação das alternativas a serem estudadas para a solução do esgotamento sanitário
local, envolvendo as seguintes atividades:
- avaliação da necessidade de ampliação do atendimento com base nos elementos e
parâmetros de projeto e nas tendências de desenvolvimento da infra-estrutura urbana, ao longo
do tempo;

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 67


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

- seleção do(s) curso(s) d’água com possibilidades de aproveitamento como corpo(s)


receptor(es), e de suas condições para tal;
- escolha dos locais das unidades do sistema (unidades de tratamento, estações elevatórias,
entre outros) e definição de caminhamentos das interceptores, linhas de recalque, emissários,
etc., considerando as disponibilidades de áreas, condições topográficas, geotécnicas e
ambientais, condições e métodos construtivos requeridos, etc.,
- escolha do(s) processo(s) de tratamento a serem propostos, com a determinação da
tecnologia de tratamento mais apropriada, fundamentada em estudos técnicos;
- escolha das soluções de detalhamento (projeto) para todas as unidades integrantes do
sistema.
As alternativas propostas deverão ser exequíveis em termos técnicos e econômicos de
implantação, operação, manutenção e desempenho, processando-se a verificação das
condições topográficas locais, o reconhecimento expedito dos terrenos e do sub-solo e a
ocorrência de acidentes geográficos especiais, devendo para isso serem realizados os
levantamentos topográficos e geoténicos preliminares julgados necessários.
Este Estudo compreende ainda:
- a caracterização de cada uma das alternativas propostas, com fixação do alcance de projeto
(ano de inicio e final de plano) e das etapas de implantação do sistema, e o pré-
dimensionamento de suas unidades constitutivas,
- a elaboração das estimativas de custos das obras e de impactos ambientais decorrentes da
implantação, perda de processo e/ou desgaste ambiental, de cada alternativa, em
conformidade com o padrão COPASA, incluindo apresentação da metodologia utilizada e a
memória de cálculo dos quantitativos,
- a elaboração das estimativas dos custos operacionais das alternativas estudadas, para o
alcance de projeto definido;
- a avaliação técnico-econômica das alternativas, com base nas estimativas de custos de
implantação e operação no horizonte de alcance, convertidos a valor presente, e a análise
comparativa dos resultados obtidos com a seleção da alternativa mais favorável,
devidamente justificada;
- a estimativa complementar dos serviços necessários para a elaboração do projeto de
engenharia, incluídos os levantamentos topográficos e geotécnicos requeridos,
compreendendo o planejamento dos serviços com a estimativa dos quantitativos e custos
dos mesmos, com base na Planilha de Serviços da COPASA; e a apresentação de
cronograma físico de desenvolvimento das atividades.
O Estudo de Alternativas será editado em forma de relatório, contendo o memorial descritivo e
de cálculo com a apresentação de todos os cálculos, estudos e peças gráficas (desenhos,

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 68


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

croquis, esquemas, etc.) que tenham sido elaboradas para obtenção das definições propostas,
em todas as suas fases.

1.3 Estudo de Concepção de Sistema.

Este estudo de concepção, previsto de desenvolvimento para situações de implantação,


ampliação e melhorias de sistemas de esgotos sanitários (SES’s) de maior porte e
complexidade, com múltiplas possibilidades de alternativas para sua solução deverá ser
elaborado conforme definido no “Termo de Referência para Elaboração de Estudo de
Concepção de Sistema de Esgotos Sanitários (SES)” da COPASA, editado em 2009 e
transcrito a seguir.

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 69


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

ANEXO II - ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

TERMO DE REFERÊNCIA

1 OBJETIVO

O objetivo do presente Termo de Referência é estabelecer as diretrizes e condições mínimas a


serem observadas para a elaboração de Estudos de Concepção de Sistemas Públicos de
Esgotamento Sanitário, com amplitude suficiente para o desenvolvimento posterior do projeto
básico de todas ou qualquer das partes constituintes do sistema em estudo.

2 REFERÊNCIAS NORMATIVAS

Para o desenvolvimento dos trabalhos relativos ao presente Termo de Referência se aplicam,


em suas versões mais recentes, as seguintes Normas Técnicas da ABNT – Associação
Brasileira de Normas Técnicas, em vigor:
• NBR 9648/86 – Estudos de Concepção de Sistemas de Esgoto Sanitário,
• NBR 9649/86 – Projeto de Redes Coletoras de Esgoto Sanitário,
• NBR 12207/92 – Projeto de Interceptores de Esgoto Sanitário,
• NBR 12208/92 – Projeto de Estações Elevatórias de Esgoto Sanitário,
• NBR 12209/92 – Projeto de Estações de Tratamento de Esgoto Sanitário,
• NBR 9800/87 – Critérios para Lançamento de Efluentes Líquidos Industriais no Sistema
Coletor Público de Esgoto Sanitário
• NBR 7229/93 – Projeto, Construção e Operação de Sistemas de Tanques Sépticos.
Além dessas normas técnicas devem ser ainda considerados os seguintes documentos
normativos:
• Norma Técnica COPASA T 187/02 – Lançamento de Efluentes Líquidos de Industrias
na Rede Pública Coletora de Esgotos,
• Procedimentos e Normas Técnicas da COPASA para a execução de levantamentos
topográficos e geotécnicos, e
Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH-MG No. 01, de 05/maio/2008, que dispõe
sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento,
bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes e dá outras
providências.

3 ABRANGÊNCIA DO ESTUDO DE CONCEPÇÃO

Entende-se Estudo de Concepção de Sistema de Esgotamento Sanitário como sendo o estudo


de arranjos, sob o ponto de vista qualitativo e quantitativo, das diferentes partes de um sistema,

Volume V - Tomo II - Sistema de Esgoto Sanitário.doc 70


VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

organizados de modo a formar um todo integrado, para a escolha da melhor concepção do


ponto de vista técnico, econômico, e ambiental.
O Estudo de Concepção, quando se tratar de ampliação e/ou melhorias de sistemas,
envolvendo a introdução de novos equipamentos e/ou unidades, deverá analisar a viabilidade
das modificações propostas, bem como as influências dessas modificações nas demais
unidades integrantes do sistema.
A empresa contratada para execução dos trabalhos deverá analisar os dados disponíveis e
providenciar os dados complementares necessários ao estudo, tais como os levantamentos
topográficos, geotécnicos e cadastramentos, com base na avaliação da COPASA e de forma a
obter os insumos indispensáveis ao nível de detalhamento pretendido.
Para a elaboração de um Estudo de Concepção de Sistema de Esgotamento Sanitário devem
ser desenvolvidos, no mínimo, os seguintes itens:
• Caracterização da área em estudo,
• Caracterização dos sistemas de saneamento existentes,
• Levantamento dos planos, estudos e projetos existentes para a cidade e o sistema em
particular,
• Definição dos elementos para o estudo, compreendendo a caracterização da área de
projeto e as estimativas de populações e contribuições, com sua distribuição espacial,
• Estudo dos corpos receptores passíveis de utilização,
• Formulação e pré-dimensionamento das alternativas para o sistema,
• Elaboração das estimativas de custos e estudo econômico das alternativas propostas,
• Análise técnica, econômica e ambiental das alternativas propostas e seleção da
alternativa escolhida,
• Apresentação do Estudo de Concepção, e
• Estimativa dos serviços complementares necessários a elaboração dos projetos.

3.1 Caracterização da Área em Estudo

3.1.1 Quanto ao meio físico

• Localização:
--- indicar a micro-região a que pertence e dados de latitude e longitude, com apresentação de
planta da localidade dentro do Estado.
• Acessos:
--- apresentar as principais estradas de rodagem e ferrovias e informações sobre outras formas
de acesso disponíveis (navegação aérea ou fluvial, etc).
• Clima:

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VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

--- caracterizar o tipo de clima da região e fatores especiais que possam influenciá-lo, com
apresentação de temperaturas mínimas, médias e máximas, precipitações médias anuais,
precipitações intensas e de estiagens com respectivos períodos de ocorrência, direção
predominante dos ventos, etc.
• Relevo e topografia:
--- descrever as características do relevo local, com ênfase para os acidentes principais, faixa
de altitudes verificadas, cursos d’água e suas cotas de inundação, entre outros,
--- citar os levantamentos topográficos existentes e disponibilizados para os estudos e sua
possibilidade de utilização, bem como os levantamentos complementares executados na fase
de Estudo de Concepção.
• Vegetação:
--- descrever as características principais da vegetação local com destaque particularizado
para a cobertura vegetal das áreas de interesse do sistema em estudo.
• Geologia/Pedologia:
--- descrever as características geológicas locais, em particular aquelas que possam influir na
concepção do sistema em estudo,
--- citar os levantamentos geotécnicos existentes e disponibilizados para os estudos e sua
possibilidade de utilização, bem como os levantamentos complementares executados na fase
de Estudo de Concepção,
--- apresentar as características do solo local, quando disponíveis, a exemplo de classificação
textural e granulométrica, níveis do lençol freático, características de infiltração e resistência,
entre outras,
--- fazer avaliação das características geológicas das áreas de interesse para o sistema, com
abordagem particular das condições de implantação das unidades propostas.
• Hidrografia:
--- descrever as principais bacias hidrográficas nas quais se insere a área em estudo e os
cursos d’água locais com potencial para aproveitamento como corpo receptor dos efluentes de
unidades de tratamento,
--- apresentar as áreas de drenagem das bacias nos pontos de interesse, com respectivas
vazões mínimas (Q 7.10 = vazão mínima de sete dias de duração e dez anos de recorrência),
--- apresentar enquadramento dos cursos d’água cogitados como corpos receptores de
efluentes, com caracterização dos níveis de tratamento indicados para a ETE.

3.1.2 Quanto ao uso e ocupação do solo

• Características urbanas:

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--- descrever as características urbanas, com destaque para as tendências de ocupação


urbana e industrial, com caracterização das densidades demográficas atuais das diferentes
partes da cidade com características diferentes,
--- apresentar dados relativos a loteamentos aprovados pela Prefeitura, incremento de novas
construções nos últimos anos, logradouros pavimentados ou com plano de pavimentação e
respectivas indicações do tipo de pavimento, etc.
• Planos Diretores ou Urbanísticos:
--- levantar os planos diretores ou urbanísticos, as leis de uso de ocupação do solo e os planos
de implantação de obras públicas, se existentes, com avaliação de seus pontos principais de
interesse e do grau de obediência que vem recebendo, além de suas implicações no Estudo de
Concepção,
• Àreas protegidas ambientalmente ou com restrições a ocupação:
--- caracterizar as áreas protegidas ambientalmente (áreas de preservação permanente –
APPs) ou com restrições à ocupação, abrangendo em particular as áreas de interesse para a
implantação de unidades do sistema em estudo.

3.1.3 Quanto à infra-estrutura urbana

• Energia elétrica:
--- indicar a empresa concessionária dos serviços e características do sistema existente
(tensão, frequência, número de ligações por tipo de consumidor, sistema tarifário, etc), bem
como informações sobre as disponibilidades de atendimento para as novas demandas
requeridas no sistema de esgotos.
• Sistemas de comunicação
--- citar meios de comunicação disponíveis e respectivas empresas concessionárias, com
verificação particular da possibilidade de linhas privadas para telemetria/telecomando.

3.1.4 Quanto aos aspectos sociais e econômicos

• População:
--- pesquisar dados populacionais disponíveis da cidade e do município, e sua distribuição
espacial na área urbana e potenciais áreas de expansão, com abordagem da ocorrência,
quando significativa, da população flutuante.
• Atividades econômicas:
--- levantar ocorrência de unidades comerciais e industriais significativas na área de
abrangência do estudo,
--- classificar as unidades comerciais e industriais de acordo com Norma Técnica T187/07 da
COPASA, relativa ao lançamento de efluentes líquidos nas redes coletoras públicas.
• Mão de obra disponível e mercado de trabalho:

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--- caracterizar a disponibilidade local do mercado de trabalho e da mão de obra disponível, em


termos de empresas prestadoras de serviços na área de engenharia, geotecnia, topografia, etc.
• Materiais de construção:
--- caracterizar a disponibilidade local de materiais de construção, com enfoque para aqueles
requeridos pelo tipo e porte das obras futuras,
• Indicadores sócio-econômicos:
--- apresentar alguns indicadores sócio-econômicos da cidade, abrangendo, entre outros,
índice de desenvolvimento humano (IDH), distribuição de renda, indice de mortalidade infantil,
óbitos por doenças infecciosas e parasitárias (IBGE), etc.
Observação:
Eventualmente, a critério da COPASA, poderão ser dispensados de apresentação no relatório
do Estudo de Concepção os dados relativos a acessos, comunicação, mercado de trabalho e
materiais.

3.2 Caracterização dos sistemas de saneamento existentes

3.2.1 Sistema de Drenagem Urbana:

• apresentar descrição sucinta do sistema de drenagem urbana existente, ou em projeto, com


caracterização dos dispositivos que possam influir na concepção do sistema em estudo,
com anexação de planta com indicação das redes e estruturas principais.

3.2.2 Sistema de Coleta e Disposição de Resíduos Sólidos:

• descrever o sistema existente de coleta e disposição de resíduos sólidos, com indicação do


responsável pela gestão do sistema, da frequência e tipo de coleta, tipo de transporte e
disposição final, com anexação de mapa de localização das áreas de disposição em
utilização e suas situações face ao licenciamento ambiental (se licenciado ou não).

3.2.3 Sistema de Abastecimento de Água:

• descrever sumariamente o sistema existente, citando as principais características de suas


unidades constitutivas (mananciais utilizados, captações, elevatórias e adutoras, unidades
de tratamento, reservatórios, redes de distribuição),
• apresentar planta geral do sistema, com localização das unidades e pontos de lançamento
dos efluentes de unidades de tratamento, e indicação das áreas / setores atendidos e
expansões previstas,
• apresentar dados gerenciais do sistema, englobando população atendida, número de
ligações, índice de atendimento, vazões produzida, tratada e distribuída, entre outros.

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3.2.4 Sistema de Esgotamento Sanitário

• Levantamento e descrição do sistema existente:


Neste item deve ser apresentada, com base na avaliação dos estudos e projetos existentes e
em inspeção de campo, uma visualização completa do sistema existente, com apresentação de
planta geral e descrição de todas as suas unidades constitutivas, envolvendo:
o Ligações prediais,
o Redes coletoras,
o Interceptores e coletores tronco,
o Elevatórias e linhas de recalque,
o Estações de tratamento de esgotos
o Emissários, e
o Corpo receptor.
Para cada uma destas unidades deverão ser levantadas e descritas as suas características
principais, tais como: tipos, processos, equipamentos, capacidades, taxas de projeto, materiais,
diâmetros, potências, etc.
As descrições das diversas unidades devem ser acompanhadas de desenhos de cadastro e/ou
croquis que ilustrem de forma clara a sua configuração, e sejam insumos indispensáveis para
os estudos de avaliação e aproveitamento das mesmas.
Nesta fase deverão ser executados os cadastramentos necessários das unidades, com
abrangência tal que permita a avaliação das unidades existentes, a identificação das melhorias
requeridas e o arranjo das intervenções propostas, além de constituir-se insumo suficiente
para o detalhamento do futuro projeto.
De forma geral, as descrições devem apresentar informações sobre o suprimento de energia
elétrica das unidades, caracterizando o sistema de alimentação (subestação ou padrão de
entrada), tensões de fornecimento, dados dos equipamentos da SE, quadros de comando e
dispositivos de partida dos motores, sistema tarifário vigente, etc.
O levantamento e a descrição do sistema existente devem abranger as condições de
planejamento, de operação e de manutenção das diversas unidades, bem como os seus
estados de conservação e as suas condições de aproveitamento futuro na concepção do novo
sistema, conforme roteiro básico a seguir:
o Ligações prediais
-- indicar o número de ligações prediais, por tipo e porte de consumidor, bem como a existência
de padronização das mesmas.
o Redes coletoras, coletores tronco, interceptores e emissários
-- descrever a abrangência da rede coletora, caracterizando as diversas áreas e sub-bacias
atendidas,

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-- descrever, para cada sub-bacia, as unidades existentes com os tipos de tubulações


utilizadas e demais características cadastrais, incluindo-se todos os seus acessórios,
-- apresentar planta geral das unidades em escala adequada, com indicação de todas as
tubulações e seus principais acessórios, e todas as demais unidades integrantes do sistema
(elevatórias, tratamento, etc),
-- descrever as condições particulares de recebimento de efluentes industriais, de lançamento
nos corpos receptores e eventuais problemas deles decorrentes.
o Elevatórias (incluídas as linhas de recalque)
-- descrever, para cada elevatória e respectiva linha de recalque, o tipo e suas características
cadastrais, abrangendo inclusive todos os seus componentes acessórios,
-- apresentar informações relativas ao controle operacional de cada unidade, englobando:
vazões e pressões verificadas na operação isolada e em conjunto da bombas, níveis nos poços
de sucção, tempos de funcionamento, condições de NPSH, dispositivos de proteção anti-golpe
de aríete, etc.,
-- para as linhas de recalque apresentar resumo das características de cada unidade
abrangendo: destinação, cotas do ponto inicial e final, tubulações utilizadas com material,
diâmetro, tipo de junta, extensão, local de lançamento (passeio ou rua), estado de
conservação, etc
-- anexar as curvas características das bombas existentes e catálogos de eventuais
equipamentos especiais existentes e de interesse para os estudos,
-- avaliar as possibilidades de riscos de contaminação ambiental decorrentes da interrrupção
do fornecimento de energia.
o Estações de tratamento
-- descrever, para cada unidade, o tipo e as características cadastrais, abrangendo todas as
suas unidades constitutivas,
-- apresentar parâmetros operacionais de interesse, tais como: velocidades, taxas de operação,
tempos de detenção, perfil hidráulico, etc
-- caracterizar os produtos químicos utilizados no tratamento, com descrição de seus sistemas
de armazenagem, preparo e dosagem,
-- apresentar informações relativas ao controle operacional: vazões, cargas orgânicas,
eficiência obtida, dosagem de produtos químicos, parâmetros físico-químicos e bacteriológicos
do afluente e do efluente,
-- apresentar informações complementares sobre os sistemas de lançamento do efluente
líquido e de condicionamento e destinação final dos resíduos sólidos, abrangendo suas
características qualitativas e quantitativas e especificando sua situação ambiental.
o Corpos receptores

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-- descrever o tipo, a classe e as características principais de cada corpo receptor, com


caracterização das condições sanitárias e ambientais de cada um deles e respectivas bacias,
-- apresentar informações relativas às vazões e níveis máximos e mínimos verificados,
condições extremas de estiagem e de enchentes, qualidade da água “in natura” antes e após o
lançamento dos efluentes,
-- apresentar informações relativas às condições ambientais dos corpos receptores nos pontos
de lançamento, a exemplo de estado de conservação e condições da mata ciliar, cobertura
vegetal no entorno, estruturas e interferências em áreas de preservação permanente,
existência de unidades de conservação próximas, etc.
• Diagnóstico do sistema existente:
Em sequência, deve ser feito um diagnóstico completo das unidades do sistema, através de
cálculos de verificação de suas capacidades e condições de otimização, abordando inclusive
os aspectos de conservação, desempenho, dificuldades operacionais e a situação ambiental de
suas instalações.
Para cada unidade, em particular, o diagnóstico deve visar uma avaliação detalhada das
condições de reaproveitamento das estruturas, edificações e instalações/equipamentos
existentes, definindo as diretrizes das melhorias técnicas e ambientais requeridas para o
aproveitamento da unidade.
A recomendação para abandono de unidades do sistema existente deve ser devidamente
justificada, em termos técnicos e econômicos, bem como submetida á aprovação prévia da
COPASA.
O diagnóstico do sistema existente deve abranger ainda avaliações, devidamente justificadas,
sobre os seguintes itens:
- Caracterização dos esgotos bruto e tratado,
- Qualidade da água do corpo receptor,
- Nível de atendimento: áreas e populações atendidas com coleta e tratamento, por sub-
bacia de esgotamento,
- Número de ligações, vazões coletada e tratada, contribuição per-capita, taxas de
infiltração, etc
- Manejo dos lodos e demais resíduos gerados nas unidades de tratamento e estações
elevatórias.

3.3 Levantamento dos Estudos e Planos Existentes

Apresentar identificação e análise crítica, quando cabível, de todos os estudos, projetos e


planos existentes que interfiram com o estudo de concepção do sistema, tendo em vista
embasar os parâmetros, critérios e definições para montagem das alternativas a serem
propostas.

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Prioritariamente devem ser enfocados todos os estudos e projetos relativos ao sistema de


esgotamento sanitário e, em particular, a existência de Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano da Cidade, Lei de Uso e Ocupação do Solo e Planos Diretores Específicos do Comitê
da Bacia Hidrográfica.

3.4 Definição dos Elementos para o Estudo de Concepção

3.4.1 Estudo Populacional

• elaborar o estudo populacional, ano a ano, para um horizonte mínimo de 30 (trinta) anos,
mediante a aplicação de modelos matemáticos consistidos para a extrapolação das
tendências de crescimento no horizonte desejado, baseando-se no maior número de
elementos disponíveis, tais como:
o Censos demográficos oficiais do IBGE,
o Avaliação de estudos demográficos existentes,
o Contagem direta de edificações,
o Evolução de índices relativos a: número de habitações cadastradas na Prefeitura,
evolução de consumidores de serviços (energia elétrica, água, etc)
o Indicadores comerciais da COPASA (mapas de setores e rotas e boletins de leitura).
• considerar, quando necessário, no estudo populacional a existência de população flutuante
ou temporária, processando-se a sua avaliação, localização e evolução, ano a ano,
• apresentar o estudo populacional proposto à COPASA, antes do prosseguimento e
conclusão do Estudo de Concepção, com descrição e fundamentação dos dados e critérios
utilizados em sua elaboração, com a devida justificativa da projeção estabelecida.

3.4.2 Delimitação da Área de Projeto

• delimitar a área de projeto considerando a área urbana atual e futura, incluindo as áreas de
expansão, a partir das diretrizes da Prefeitura Municipal e com base nos planos diretores ou
urbanísticos disponíveis,
• apresentar para a área de projeto um descritivo das características atuais e tendências
futuras de ocupação, com definição das zonas segundo a natureza de sua ocupação
(residencial, comercial, industrial), compatíveis com a regulação urbana municipal (Lei de
Uso e Ocupação do Solo, etc.)
• apresentar a divisão da área de projeto em bacias e sub-bacias de esgotamento,
• definir o padrão de ocupação atual e futuro de cada uma das áreas e/ou sub-bacias, bem
como suas densidades demográficas em datas notáveis de projeto, atendendo as diretrizes
dos planos diretores ou regulações urbanísticas disponíveis,

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• para as áreas predominantemente comerciais ou industriais caracterizar a distribuição dos


contribuintes, com base nos levantamentos e pesquisas locais executadas para estes tipos
de consumidores.

3.4.3 Definição dos Parâmetros e Critérios de Projeto

• definir os parâmetros e critérios de projeto para o cálculo das vazões contribuintes, ano a
ano, devidamente fundamentados e justificados, abrangendo:
o Índice de atendimento,
o Cota per- capita líquida de água (excluídas as perdas físicas),
o Coeficiente de retorno água/esgoto,
o Coeficientes de variação de vazão (k1, K2 e K3)
o Taxa de infiltração,
o Cargas orgânicas, e
o Contribuições industriais, com respectivas avaliações das vazões de descarga e
composição do efluente.
Observação:
A definição da cota per-capita a ser utilizada deverá basear-se nos relatórios IBO e IBG da
COPASA, quando disponíveis; podendo ainda, nos casos devidos, serem avaliados de forma
setorial a partir dos mapas de setores e rotas e boletins de leitura – dados comerciais. Nos
casos em que não se dispuser de tais informações, a definição da cota per-capita deverá
basear-se em indicações bibliográficas, em dados de outras cidades de características
semelhantes, etc.
• definir o alcance do estudo das alternativas, buscando o melhor aproveitamento do sistema
existente e proposto, adotando-se dois critérios básicos:
o Em todos os casos estabelecer alternativas com alcance de 22 a 23 anos, sendo os 2
ou 3 primeiros anos destinados à elaboração dos estudos, projetos e obras, e
o Nos casos de aproveitamento de unidades existentes deverão ser ainda estudados
alcances intermediários (a princípio, não inferiores a 12 ou 13 anos e a serem
confirmados pela COPASA, caso a caso) determinados pelas condições de otimização
destas mesmas unidades.
• definir todos os demais critérios de projeto necessários ao estudo, abrangendo entre outros:
todos os parâmetros a serem considerados nos pré-dimensionamentos, tipos de materiais
das tubulações e de equipamentos de bombeamento, etc,

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3.4.4 Cálculo das Contribuições (Vazões e cargas orgânicas)

• apresentar o cálculo final das vazões de contribuição médias, máximas diárias e horárias,
ano a ano, por bacia ou sub-bacia, distribuído segundo a origem da contribuição:
doméstica, industrial e de infiltração,

• apresentar o cálculo cargas orgânica doméstica, industrial e total, afluente às unidades de


tratamento, ano a ano, separadas por bacia ou sub-bacia, quando for o caso.

3.5 Estudo de Corpos Receptores

3.5.1 Introdução

O estudo dos corpos receptores para o lançamento dos esgotos tratados será feito, em todos
os casos, a partir do Relatório de Definição de Corpo Receptor, demandado internamente na
COPASA durante a fase de Análise da Demanda de Projeto e a ser executado e fornecido pela
DVHD – COPASA, cabendo ao projetista sua complementação dentro das seguintes
orientações:

3.5.2 Cursos d’água superficiais


Os estudos dos corpos receptores devem contemplar, entre outros, os seguintes aspectos:
• estudos hidrológicos dos cursos d’água, nos pontos de interesse,
• caracterização sanitária e ambiental da bacia considerando suas condições de utilização
(disponibilidades e usos dos recursos hídricos na área de interesse), condições de
proteção, tendências de ocupação, impactos decorrentes do lançamento e possíveis
conflitos decorrentes do uso da água, etc
• compatibilização da utilização do curso d’água como corpo receptor com diretrizes
estabelecidas por Planos Diretores da Bacia Hidrográfica,
• avaliação das áreas de interesse para as unidades de tratamento e pontos de lançamento
do efluente tratado, do ponto de vista técnico e ambiental, com sua caracterização e estudo
de alternativas locacionais devidamente justificadas,
• definição dos processos de tratamento que possam ser empregados, com base na
legislação vigente referentes ao padrão de emissão do efluente, padrão de qualidade e
classificação do curso d’água.

3.5.3 Seleção dos Corpos Receptores

A partir destes elementos, deverá ser processada a seleção dos cursos d’água passíveis de
utilização como corpos receptores, acompanhada de uma análise preliminar dos principais
aspectos técnicos, econômicos e ambientais envolvidos em cada caso.

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Esta seleção objetivará subsidiar a formulação e apresentação das alternativas de tratamento e


lançamento factíveis para o sistema em estudo, com abordagem de suas vantagens e
desvantagens, devidamente justificadas, e a hierarquização das mesmas, segundo os
principais condicionantes considerados.

3.6 Formulação e Pré-dimensionamento das Alternativas

3.6.1 Formulação das Alternativas

A partir dos diagnósticos e demais estudos anteriores deverá ser feita a formulação final das
alternativas a serem estudadas, com a descrição de todas as unidades componentes do
sistema com enfoque dos aspectos locacionais, tecnológicos e operacionais.
Nas alternativas formuladas devem ser contempladas as situações de aproveitamento total ou
parcial de unidades/sistemas eventualmente existentes, baseando-se em estudos de
otimização de suas capacidades e condições operacionais.
Na formulação das alternativas deverá ser considerada, quando adequado, a etapalização de
sua implantação, prevendo-se a modulação de unidades de maior porte (elevatórias, ETE’s,
etc) e o estagiamento de obras de ampliação sistemática (redes coletoras) para todo o período
de projeto.
Ainda a formulação das alternativas devem ser considerados os aspectos principais relativos a:
• caracterização da ocupação urbana no entorno da ETE,
• geração de odores e direção predominante dos ventos,
• sistema de tratamento e destinação dos resíduos sólidos.

3.6.2 Pré-dimensionamento e Detalhamento das Alternativas


Os pré-dimensionamentos e detalhamentos das alternativas propostas devem ser elaborados
com base nas Normas Técnicas da ABNT e da COPASA, aplicáveis a cada caso, e serem
apresentados com os respectivos memoriais descritivos e de cálculo e os elementos gráficos
indispensáveis ao seu perfeito entendimento.
De forma geral, na apresentação dos pré-dimensionamentos e detalhamentos das alternativas
propostas e de suas unidades, a exemplo de elevatórias, ETE’s, etc., devem ser abordados
para cada caso, os seguintes aspectos:
• delimitação da área requerida pela unidade, com identificação das áreas para
desapropriação e de eventuais restrições institucionais, legais e ambientais para sua
utilização e avaliação das soluções necessárias, quando for o caso,

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• identificação das condições de suprimento de energia elétrica e de telefonia, nas áreas de


interesse, caracterizando os casos que venham requerer investimentos para tais
implantações, e
Estes pré-dimensionamentos devem abordar, no mínimo, para cada tipo de unidade os
seguintes itens:
• Ligações Prediais
-- definir sobre as possibilidades de aproveitamento das ligações prediais existentes, se
padronizadas ou não,
-- fazer estimativa do número de ligações prediais requeridas de implantação imediata e no
crescimento vegetativo.
• Rede Coletora
-- definição das bacias e sub-bacias de contribuição, com indicação do plano de escoamento
considerado,
-- estimativa, a nível de pré-dimensionamento, das redes previstas por sub-bacia, identificando-
se os diâmetros, materiais, extensões, etc
-- localização de obras especiais requeridas (travessias, etc), bem como das soluções
indicadas em cada caso.
• Coletor tronco, interceptor e emissário
-- avaliação das condições alternativas de traçado e definição final do traçado indicado,
- caracterização topográfica e geotécnica das faixas de interesse,
-- pré-dimensionamento hidráulico das unidades, identificando-se diâmetros, matérias,
extensões, declividades, profundidades, etc,
-- identificação de particularidades do traçado escolhido, a exemplo de: travessias de rios,
ferrovias e rodovias, faixas de servidão/desapropriação, áreas de proteção ambiental,
interferências com outras instalações de serviços, etc
• Elevatórias e linhas de recalque
-- localização e descrição das unidades, incluída a avaliação de alternativas de traçado para a
linha de recalque e sua definição final,
-- caracterização topográfica, batimétrica e geotécnica das áreas de interesse, com
identificação das cotas de inundação verificadas em cada caso,
-- arranjo locacional e arquitetônico da elevatória, com dimensões, etc
-- escolha do tipo de conjunto elevatório a ser utilizado e pré-dimensionamento dos mesmos,
com desenvolvimento do arranjo hidráulico proposto,
-- pré-dimensionamento hidráulico da linha de recalque (tubulações, peças e acessórios
requeridos), com atenção para a avaliação dos transientes hidráulicos e definição dos sistemas
de proteção requeridos,

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-- identificação de particularidades do traçado escolhido, a exemplo de: travessias de rios,


ferrovias e rodovias, faixas de servidão/desapropriação, áreas de proteção ambiental,
interferências com outras instalações de serviços, etc
• Estação de Tratamento de Esgoto
-- estudo de opções técnicas (processos de tratamento, produtos químicos a utilizar, sistemas
de dosagem, etc) e de opções locacionais de todas as suas unidades integrantes,
-- caracterização topográfica, batimétrica e geotécnica das áreas estudadas, com identificação
das cotas de inundação verificadas em cada caso,
-- determinação do grau de tratamento de esgoto em função dos padrões avaliados de emissão
e de qualidade do efluente, acompanhado de estudo de autodepuração do corpo receptor,

-- definição pela utilização de unidades padrões pré-fabricadas, com apresentação das


informações básicas dos padrões propostos (catálogos, especificações básicas, parâmetros de
dimensionamento, etc),
-- pré-dimensionamento hidráulico das unidades da ETE (incluídas todas as suas unidades
constitutivas) e seu arranjo locacional, considerando também as instalações de tratamento e
disposição final dos resíduos sólidos,
-- delimitação da área requerida pela unidade, com identificação das áreas para
desapropriação e de eventuais restrições institucionais, legais e ambientais para sua utilização,
-- identificação das condições de suprimento de energia elétrica e de telefonia, nas áreas de
interesse, caracterizando os casos que venham requerer investimentos para tais implantações,
-- estudo de áreas de empréstimo e bota-fora: localização, acesso, caracterização geotécnica,
desapropriação e considerações sobre a recuperação da área envolvida.

3.7 Estimativas de Custos e Estudo Econômico das Alternativas Propostas

As estimativas de custos das alternativas propostas, desenvolvidas para fins de análise


econômica, devem contemplar os custos de implantação (obras, desapropriações, extensões
de redes elétricas, investimentos ambientais, etc) e os custos de operação, ano a ano
(notadamente os gastos de energia elétrica e de produtos químicos).
As estimativas de custos das unidades deverão, preferencialmente, ser elaboradas a partir do
pré-dimensionamento das unidades do sistema, utilizando-se das planilhas de custos e
modelos de orçamento da COPASA, com separação dos itens relativos a serviços e
materiais/equipamentos, estes últimos orçados a partir de coleta de preços junto aos
fornecedores.
Em casos especiais, admitir-se-á a utilização de funções de custos de unidades, análogas ao
do sistema proposto e determinadas exclusivamente para as condições brasileiras, desde que
indicada a fonte, a forma de obtenção e comprovada a sua eficiência.

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A estimativa dos gastos de energia deve contemplar as perspectivas operacionais de cada


sistema proposto.
A partir destas estimativas de custos de implantação e operação das diversas alternativas será
processado o estudo comparativo econômico entre as mesmas, admitindo-se as seguintes
simplificações:
• diferentes concepções de uma parte ou unidade do sistema podem ser comparadas
economicamente em separado, e
• para a comparação econômica de alternativas ou de unidades não é necessário considerar
as condições comuns a todas elas.
Para o estudo econômico devem ser consideradas, a princípio, a ocorrência de duas situações
relativas ao desenvolvimento das alternativas, quais sejam:
• estudo econômico entre alternativas de mesmo alcance – neste caso deverá ser adotado o
critério comparativo dos custos totais, em valor presente, dos investimentos e das despesas
de exploração quantificadas, durante o período de alcance do projeto, adotando-se uma
taxa de desconto (ou de rentabilidade do capital) determinada pela COPASA e/ou agente
financeiro, e
• estudo econômico entre alternativas de alcance diferente – neste caso deverá ser adotado
o critério comparativo do custo marginal apurado para cada alternativa, que corresponde à
relação em valor presente do total dos investimentos e das despesas de exploração
quantificadas e do total do volume faturado, durante o período de alcance da cada
alternativa em particular, adotando-se uma taxa de desconto determinada pela COPASA
e/ou agente financeiro.

3.8 Análise Técnica, Econômica e Ambiental das Alternativas Propostas

As alternativas propostas deverão ser objetos de análise técnica, econômica e ambiental,


objetivando a seleção da alternativa mais favorável, cuja abrangência deve contemplar os
aspectos a seguir indicados.

3.8.1 Análise Técnica


A análise técnica deve considerar a compatibilidade entre: as tecnologias empregadas, a
flexibilidade operacional, a disponibilidade de equipe operacional compatível, a vulnerabilidade
do sistema ao longo do plano, o prazo previsto para implantação, entre outros aspectos
relevantes a serem identificados caso a caso.

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3.8.2 Análise econômica


A análise econômica deve abranger a hierarrquização dos resultados do estudo econômico das
alternativas, elaborado com base nas estimativas dos custos de implantação e de operação
anteriormente apurados.
Eventualmente, e desde que previamente acordado com a COPASA, tais estudos econômicos
poderão ter seus resultados avaliados sob o ponto de vista da vantagem econômica diferencial
entre as alternativas e seus requisitos de investimentos imediatos.

3.8.3 Análise Ambiental

A análise ambiental tem como objetivo identificar e avaliar os principais impactos inerentes a
cada alternativa estudada e que podem ocorrer em função das diversas ações previstas para a
implantação e operação do empreendimento em estudo.
A avaliação pretendida deve contemplar considerações sobre os seguintes aspectos principais:
• as justificativas das tecnologias sugeridas para cada unidade do sistema, e sua
compatibilidade com as exigências ambientais, incluída a verificação do atendimento aos
padrões de emissão e de qualidade do efluente previstos na legislação ambiental vigente,
• as alternativas locacionais das unidades consideradas na formulação do sistema proposto,
destacando-se a identificação dos locais e a legislação aplicável a cada situação,
• a avaliação geológica dos locais de interesse, em especial no caso de obras de terra, de
forma a demonstrar a viabilidade das concepções propostas e permitir uma estimativa de
custos mais confiável das obras,
• a caracterização das áreas a serem desapropriadas, enfatizando os casos de interferências
em áreas sob proteção ambiental e com infra-estrutura existente, necessidade de
supressão vegetal, alteração do regime hídrico, entre outros,
• a compatibilização do empreendimento com a legislação incidente: Municipal, Estadual e
Federal,
• a situação atual do licenciamento ambiental do sistema existente e a disponibilidade de
áreas licenciadas passíveis de serem utilizadas como áreas de empréstimo ou bota-fora,
Complementarmente a esta análise deve ser apresentado um documentário fotográfico de
caracterização das áreas contempladas nos estudos, de forma a registrar as particularidades
identificadas para cada situação.

3.8.4 Seleção e justificativa da alternativa escolhida.

Com base nas análises anteriores será definida a concepção mais adequada, a partir de um
estudo comparativo conjunto da viabilidade técnica, econômica, ambiental e institucional entre
as diversas alternativas estudadas, devidamente justificadas, mediante a apresentação do
conjunto de vantagens e desvantagens inerentes a cada aspecto em consideração.

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VOLUME V - TOMO II – SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO

A alternativa escolhida deverá ser apresentada de forma descritiva e resumida, de modo a


permitir seu perfeito entendimento e visualização, e fornecendo todos os elementos
indispensáveis à elaboração do projeto básico; além de constar de uma síntese final das
justificativas que recomendam a sua seleção.
Independente de eventuais simplificações admitidas no estudo econômico, a alternativa
selecionada deverá dispor das estimativas de custos de todas as suas unidades integrantes, de
forma permitir o conhecimento do custo total do empreendimento.

3.8.5 Apresentação do Estudo de Concepção

A apresentação final do Estudo de Concepção deve constituir-se, basicamente, dos seguintes


documentos:
• memorial descritivo e memória de cálculo,
• desenhos e demais peças gráficas (croquis, etc),
• estimativas de custos e estudos econômicos,
• anexos de documentos diversos utilizados como subsídios para os estudos.
O memorial descritivo e de cálculo deve apresentar todos os levantamentos, critérios e pré-
dimensionamentos desenvolvidos no Estudo de Concepção, com destaque para os elementos
de:
• caracterização da área em estudo, levantamentos e diagnóstico do sistema existente,
• definição dos elementos para o projeto (populações, parâmetros e contribuições
consideradas),
• descrição das alternativas propostas, com ênfase para a situação de etapalização do
empreendimento e abordagem dos aspectos ambientais envolvidos,
• estimativa dos custos e estudo econômico comparativo, e
• seleção final da alternativa escolhida e sua justificativa.
Os desenhos integrantes do Estudo de Concepção objetivam uma clara visualização das
alternativas estudadas e das soluções indicadas para cada unidade em particular, devendo
contemplar, no mínimo, os seguintes elementos:
• as plantas de indicação dos cursos d´água e da seleção dos corpos receptores
considerados,
• os esquemas gerais de identificação das alternativas gerados com base nas plantas
topográficas disponíveis,
• os desenhos específicos de caracterização das unidades propostas, com nivel de
detalhamento suficiente à adequada avaliação dos custos de implantação,

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• os desenhos relativos ao aproveitamento de unidades existentes, que baseados nos


cadastramentos efetuados devem caracterizar as melhorias propostas e sua viabilidade de
execução.
As escalas gráficas dos desenhos integrantes do Estudo de Concepção devem ser adequadas
à perfeita caracterização das alternativas propostas, considerando que:
• para os interceptores pré-dimensionados deverão ser apresentados desenhos em planta e
perfil – escala H 1:2000 e V 1:200, e
• para as unidades de tratamento deverão ser apresentadas plantas de locação em escala
adequada (1:500 ou 1:200), com respectivas seções de assentamento.
Todos os elementos gráficos deverão ser gerados de acordo com as Normas de Desenho em
Auto Cad ® da COPASA.
A elaboração e apresentação das estimativas de custos das unidades/alternativas deverão
obedecer a sistemática da COPASA para elaboração de orçamentos, incluindo a necessidade
de apresentação das metodologias aplicadas, memórias de cálculo e documentação de
cotações efetuadas junto a fornecedores.
Deverá ser também apresentado no relatório final, um Resumo do Estudo de Concepção em
texto conciso, e plantas esquemáticas principais (em papel A4 ou A3), que permita através de
rápida leitura o conhecimento das conclusões e a essência do conteúdo do referido estudo,
abordando:
• condições atuais do sistema existente,
• população a ser beneficiada e vazões de projeto, em inicio, meio e fim de plano,
• alternativas estudadas e seus custos estimados,
• -análise das alternativas e solução escolhida, com respectivas justificativas de ordem
técnica econômica e ambiental.

3.9 Estimativa dos serviços necessários a elaboração dos projetos.

Para a alternativa escolhida deverá ser apresentada, ao final do Estudo de Concepção, uma
estimativa dos serviços necessários à elaboração do projeto básico de engenharia,
subsequente.
Esta estimativa deverá ser editada em forma de planilha, com identificação de todos os
serviços e respectivos quantitativos, abrangendo os seguintes itens:
• levantamentos topográficos, inclusive cadastramentos complementares indispensáveis,
• levantamentos geotécnicos, incluindo as sondagens e testes,
• projeto básico hidráulico de todas as unidades componentes do sistema: rede coletora,
coletores tronco, interceptores, elevatórias e respectivas linhas de recalque, unidades de
tratamento, emissários,etc

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• projeto básico elétrico, constando das instalações de força, iluminação e automação, e


• estudos ambientais requeridos para o projeto com base na legislação em vigor.
Esta estimativa de serviços será elaborada a partir das Planilhas de Custos de Serviços da
COPASA, em sua edição mais recente.

5 Insumos para a elaboração do Estudo de Concepção


Conforme identificado no presente Termo de Referência são insumos indispensáveis para
elaboração de um Estudo de Concepção de Sistema de Esgotamento Sanitário, os seguintes:
• levantamentos topográficos complementares,
• levantamentos geoténicos, e
• cadastros do sistema existente.
Tais insumos indispensáveis são objetos de levantamento por parte da COPASA, caso a caso,
anteriormente à contratação de um Estudo de Concepção, tal que permita a definição pela
suficiência dos elementos disponíveis ou pela necessidade de sua complementação.
A complementação requerida objetiva basicamente disponibilizar para o Estudo de Concepção
os seguintes elementos mínimos:
• levantamentos topográficos das áreas de interesse, em escalas compatíveis com o grau de
detalhamento exigido, particularmente no que se refere ao levantamento de eixos ou faixas
para os interceptores (escala H 1:2000 e V 1:200) e de locação das unidades de tratamento
(em escala adequada ao porte das instalações),
• disponibilizar levantamentos geotécnicos (sondagens e testes) suficientes à uma avaliação
geológica das áreas de interesse, permitindo a caracterização dos tipos de fundações
requeridos, a definição da viabilidade e requisitos para as obras de terra, etc
• cadastros das unidades em condições tais que permitam a avaliação de suas
características atuais e suas condições de aproveitamento, bem como a indicação clara das
intervenções e melhorias requeridas para seu aproveitamento futuro.
Na eventualidade da necessidade de execução de tais serviços complementares, no todo ou
em parte, os mesmos serão identificados e quantificados pela COPASA para integrarem a
planilha de serviços objeto de contratação, sendo, contudo, remunerados pelas quantidades
efetivamente realizadas.
Estes serviços complementares serão executados durante o desenvolvimento do Estudo de
Concepção, sendo que especificamente para os levantamentos topográficos e geotécnicos
complementares a empresa contratada deverá apresentar, para prévia aprovação da COPASA,
um plano detalhado de identificação dos mesmos, constando: locais dos levantamentos,
discriminação dos itens e quantidades, etc.

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